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Slides sobre o romantismo poesia

Jan 19, 2017

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Antonio Marcos
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Estilo de Arte – séc. XVIII e XIX Valorizava o indivíduo; Dava rédea solta a imaginação; Exprimia sentimentos íntimos; Buscava as raízes dos diferentes povos; Retratava um espírito sentimental,

afetivo, apaixonado ( semelhante a música popular)

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Contexto Histórico Os inúmeros avanços tecnológicos

possibilitados pela Revolução Industrial transformaram a vida nas cidades e os costumes da população;

As máquinas substituíam trabalhadores , ao mesmo tempo em que baixavam os custos das mercadorias e aceleravam o ritmo na produção (Tempos modernos, 1936 – Charles Chaplin)

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O transporte era mais ágil e alguns produtos antes fabricados em casa (manteiga, pão e mesmo roupas) passaram a ser acessíveis para compra;

O trabalho em casa diminuía e uma pequena burguesia passou a contar com mais tempo para o lazer, o que levou a VALORIZAR A LEITURA E A EDUCAÇÃO.

Com isso, o escritor deixou de ser uma espécie de protegido de uma classe social interessada em sua arte e passou a ter suas obras circulando como mercadoria, que, se agradasse ao público, seria consumida da mesma liberdade que não era necessariamente verdadeira: O ARTISTA SE SENTIA LIVRE PARA ESCOLHER SOBRE O QUE ESCREVER.

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NO BRASIL: 1808: chegada da família real

Portuguesa, acompanhada por parte da Corte e do funcionalismo – acelerou o ritmo do progresso, inclusive intelectual do Rio de Janeiro.

Chegou logo após a Independência e prolongou-se até o final do século XIX. (inspirou a criação de obras voltadas para a história, a língua e a cultura nacionais)

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Do ponto de vista econômico, foi um período de desenvolvimento do comércio, da indústria e da agricultura.

Inauguração da primeira estrada de ferro (1845) por conta da importação de produtos manufaturados;

Reforma do ensino; Criação de escolas de nível superior

(Faculdade de Direito de São Paulo e Recife- 1827)

Importação de livros Criação de tipografias que permitiam a

edição de livros e jornais

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Criação da Companhia Dramática Nacional(1833)

Criação do Teatro Nacional (1834) Fundação do Instituto Histórico e

Geográfico (1838) Fundação do Conservatório Nacional (1854) Progresso nas áreas de educação e cultura A superioridade cultural saiu dos conventos

para ter nas atividades independentes de qualquer doutrina religiosa.

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Os escritores românticos brasileiros elegeram como tema de suas obras:Questões sociais e políticas,

Sofrimento amoroso, Religiosidade, Eventos históricos, Cotidiano popular. Cenário: natureza tropical Artistas plásticos: buscaram retratar fatos históricos,

empenhados na construção da identidade nacional. As produções musicais e teatrais tematizaram: o

amor, a liberdade, o nacionalismo, o folclore

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OBSERVAÇÃO: Ainda no ARCADISMO, Claudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga já antecipavam algumas tendências do ROMANTISMO, como nacionalismo, valorização da natureza.

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NA LITERATURA: O domínio da razão foi substituído pela

predominância da EMOÇÃO e da FANTASIA. Valorização do mistério e da subjetividade. Ele enxergava na natureza seu refúgio,

mostrando que não aprovava a sociedade urbana.

Sentimento nacionalista. Ligação entre o ESTADO DE ÂNIMO dos

personagens e a NATUREZA (Se o personagem se encontra triste, desiludido, o céu fica nublado, o tempo frio...)

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A escrita romântica O escritor romântico rejeitou formas fixas

de escrita,misturando gêneros e criando uma literatura de expressão mais livre.

Idealização dos personagens e valorização do amor.

O amor é visto como um sentimento capaz de transformar o mundo e também como objeto central da vida das pessoas.

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O amor é uma ilusão ou um sentimento que leva ao sofrimento, quando não correspondido;

Nos textos românticos, uma das figuras centrais é a do herói romântico, aquele que busca destemidamente a concretização de seus ideais tanto políticos quanto amoroso.

O período romântico é rico em gênero e produções. Na poesia, encontramos poemas de valorização extrema dos sentimentos e estados de alma e outros voltados para a busca da liberdade e a contestação social.

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Aspectos da poesia romântica no Brasil

Principal projeto dos escritores românticos REESCREVER OU CRIAR UMA NOVA HISTÓRIA PARA O BRASIL.

A literatura esteve presente nos principais meios de formação da opinião: nos jornais, nos púlpitos e nas tribunas políticas e era considerada o principal cimento para soldar as opiniões na construção da nacionalidade.

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A fim de concretizar esse projeto os escritores buscaram diferenciais tipicamente brasileiros.

As matas abundantes, os bosques brasileiros, passaram, no Romantismo, a se constituir um símbolo de nacionalidade.

A figura do indígena passou a ser modelo de coragem, retidão e respeito aos valores cristãos e à natureza.

Luis Gama e Castro Alves iniciaram a valorização de afrodescendentes, atuando contra a escravidão e recriando a imagem dos negros, vistos na poesia de ambos como fortes, valentes e obstinados na luta contra as injustiças.

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No século XIX, as mulheres leitoras, assim como havia acontecido na Europa, impulsionaram a venda de jornais.

Como produção literária do Romantismo foi bastante extensa, vamos examinar separadamente : A POESIA

A PROSA O TEATRO.

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POESIA ROMÂNTICA No caso da poesia, uma das maneiras de

estudar esses escritos de modo mais sistemático é dividi-los em gerações com características temáticas e estilos semelhantes.

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PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA:POESIA

NACIONALISTA OU INDIANISTA

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O marco inicial do Romantismo no Brasil: lançamento da revista Niterói, tendo como um dos responsáveis pela revista GONÇALVES DE MAGALHÃES, autor do livro de poemas:

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O poeta mais expressivo dessa primeira geração foi Gonçalves Dias:

Responsável pela construção da imagem do indígena como uma figura poética heroica e pela representação da natureza brasileira como exuberante e, ao mesmo tempo, acolhedora.

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Antônio Gonçalves DiasMaranhenseNasceu em 1823Filho de uma mestiça de negro e indígena com um comerciante português.Formou-se em Latim e Letras Clássicas na Universidade de Coimbra.Retornou ao Brasil em 1845Em 1846 foi morar no Rio de Janeiro, onde publicou seu primeiro livro de poemas “Primeiros Cantos”, depois “Segundos cantos”, “Sextilha de Frei Antão”...1846: Morreu aos 41 anos, vítima de um naufrágio do navio de Boulogne.

Sua poesia destaca-se pelo uso expressivo do ritmo

Em sua obra, o indígena está integrado a sua tribo, revelam-se os costumes e valores que lhes são adaptados ao sentimento de honra e virtude.

Nas obras do Romantismo o índio se comporta como um cavaleiro medieval, mas vem cercado de todo o exotismo de seu modo de vida.

A poesia se apresenta de modo particular na obra gonçalviana. Ela é, ao mesmo tempo: registro de ambiente, projeção de sentimentos, imagem maior, símbolo da pátria.

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Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.Em  cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar �sozinho, à noite� Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.   De Primeiros cantos (1847) 

Foi pela natureza que ele escolheu representar a saudade que sentia da terra natal, em seu exílio voluntário.

Ele demonstra em seu poema não apenas a chamada “inspiração romântica”, mas também seu trabalho racional de poeta, aliando ritmo, rimas e conteúdo num poema que resistiu ao tempo e que com vários outros dialoga,

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Representantes da 1ª geração:Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Teixeira e

Souza

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ULTRARROMÂNTICA OU BYRONIANA

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Influenciada pelo subjetivismo byroniano (A vida sedutora do poeta inglês Lord Byron, cujas aventuras incluíam viagens por lugares exóticos, amantes...)

A São Paulo de meados do século XIX não passava de uma cidade pacata,sem as seduções da corte carioca. Suas noites frias, sua garoa constante, poucos atrativos culturais propiciavam o cultivo dos sentimentos que marcaram a geração ultrarromântica : O SPLEEN E O TÉDIO

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Mal do século: sentimento intenso de melancolia, de desagrado com a vida, de crença na morte como solução definitiva para os problemas

PRODUÇÕES DESSA GERAÇÃO:

Pessimista; Exageradamente

sentimental; Pouco conectados com a

realidade; Assuntos preferenciais:

A MORTE, O TÉDIO e a TRISTEZA;

Descrição exclusiva dos estados de alma individuais.

O poeta pretendia transmitir para o leitor toda comoção que ele sentiu no momento que compôs;

Varar madrugada bebendo e fumando charutos, entregando-se à boemia e ao cultivo de uma poesia profundamente sentimental era o costume dos jovens poetas da época

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Entre os principais poetas:Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes

Varela

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Álvares de AzevedoManuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852) nasceu em São Paulo no dia 12 de setembro. Filho do Doutor Inácio Manuel Alvares de Azevedo e Dona Luísa Azevedo, foi um filho dedicado a sua mãe e a sua irmã. Aos dois anos de idade, junto com sua família, muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1836 morre seu irmão mais novo, fato que o deixou bastante abalado. Foi aluno brilhante, estudou no colégio do professor Stoll, onde era constantemente elogiado. Em 1945 ingressou no Colégio Pedro II.Em 1848, Álvares de Azevedo volta para São Paulo, ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde passa a conviver com vários escritores românticos. Nessa época fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano; traduziu a obra Parisina, de Byron e o quinto ato de Otelo, de Shakespeare, entre outros trabalhos.Álvares de Azevedo vivia em meio a livros da faculdade e dedicado a escrever suas poesias. Toda sua obra poética foi escrita durante os quatro anos que cursou a faculdade. O sentimento de solidão e tristeza, refletidos em seus poemas, era de fato a saudade da família, que ficara no Rio de Janeiro.Álvares de Azevedo doente, abandona a faculdade. Vitimado por uma tuberculose e sofrendo com um tumor, é operado mas não resiste. Morre no dia 25 de abril de 1852, com apenas 21 anos.

Impasse entre a concepção amorosa romântica e a impossibilidade de realização desse amor no mundo terreno

Efeito irônico ( especialmente aqueles que contrapõem o sublime ao prosaico)

O sentido da vida (nascer, morrer, religião (batismo), política)

os valores tradicionais perdem seu tom sublime quando são postos em confronto com a necessidade cotidiana de dinheiro para superar os desafios da vida, inclusive o amor.

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Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um poeta, escritor e contista, da segunda

geração romântica brasileira. Suas poesias retratam o seu mundo interior. É conhecido como "o poeta da dúvida". Faz parte dos poetas que deixaram em segundo plano, os temas nacionalistas e indianistas, usados na primeira geração romântica, e mergulharam fundo em seu mundo interior. Seus poemas falam constantemente do tédio da vida, das frustrações amorosas e do sentimento de morte. A figura da mulher aparece em seus versos, ora como um anjo, ora como um ser fatal, mas sempre inacessível. Álvares de Azevedo é Patrono da cadeira nº 2, da Academia Brasileira de Letras.

Álvares de Azevedo deixa transparecer em seus textos, a marca de uma adolescência conflitante e dilacerada, representando a experiência mais dramática do Romantismo brasileiro. De todos os poetas de sua geração, é o que mais reflete a influência do poeta inglês Byron, criador de personagens sonhadores e aventureiros.

Em alguns poemas, Álvares de Azevedo surpreende o leitor, pois além de poeta triste e sofredor, mostra-se irônico e com um grande senso de humor, como no trecho do poema "Lagartixa": "A lagartixa ao sol ardente vive,/ E fazendo verão o corpo espicha:/ O clarão de teus olhos me dá vida,/ Tu és o sol e eu sou a lagartixa".

Álvares de Azevedo encara a morte como solução de sua crise e de suas dores, como expressou no seu famoso poema "Se eu morresse amanhã": "Se eu morresse amanhã, viria ao menos/ Fechar meus olhos minha triste irmã;/ Minha mãe de saudades morreria/ Se eu morresse amanhã!".

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"Se Eu Morresse Amanhã!", escrita alguns dias antes de sua morte, foi lida, no dia de seu enterro, pelo escritor Joaquim Manuel de Macedo.

Álvares de Azevedo não teve nenhuma obra publicada em vida. O livro "Lira dos Vinte Anos", foi a única obra preparada pelo poeta.

Se Eu Morresse Amanhã!Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã!Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã!Que sol! que céu azul! que dove n'alva Acorda a natureza mais loucã!Não me batera tanto amor no peitoSe eu morresse amanhã!Mas essa dor da vida que devoraA ânsia de glória, o dolorido afã...A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã!

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CONDOREIRISMO O nome da ave lhe serviu de símbolo. Os poetas condoreiros buscavam uma

poesia que falasse mais alto e pudesse trazer ao centro da cena os temas políticos.

Influenciados pelas ideias do francês Victor Hugo, autos de grande ação política em seu país.

Na sociedade brasileira da década de 1860, a escravidão estava por toda parte.

Por outro lado, crescia o número de homens públicos que defendiam a libertação dos escravos e a Proclamação da República.

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CASTRO ALVESCastro Alves (1847-1871) foi um poeta brasileiro. O último grande poeta da terceira geração romântica no Brasil. Expressou em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo. Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproxima do realismo. Foi também o poeta do amor, sua poesia amorosa descreve a beleza e a sedução do corpo da mulher. É patrono da cadeira nº7 da Academia Brasileira de Letras.

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CASTRO ALVES Castro Alves (1847-1871) nasceu no município de Muritiba, Bahia, em 14 de março de 1847. Filho do médico Antônio José Alves, e também professor da Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro.

No ano de 1853, vai com sua família morar em Salvador. Estudou no colégio de Abílio César Borges, onde foi colega de Rui Barbosa, Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1859 perde sua mãe. Em 24 de janeiro de 1862 seu pai casa com Maria Rosário Guimarães e nesse mesmo ano foi morar no Recife. A capital pernambucana efervescia com os ideais abolicionistas e republicanos e Castro Alves recebe influências do líder estudantil Tobias Barreto.

Castro Alves publica em 1863, seu primeiro poema contra a escravidão "A Primavera", nesse mesmo ano conhece a atriz portuguesa Eugênia Câmara que se apresentava no Teatro Santa Isabel no Recife. Em 1864 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, onde participou ativamente da vida estudantil e literária, mas volta para a Bahia no mesmo ano e só retorna ao Recife em 1865, na companhia de Fagundes Varela, seu grande amigo.

Castro Alves inicia em 1866, um intenso caso de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele, e em 1867 partem para a Bahia, onde ela iria representar um drama em prosa, escrito por ele "O Gonzaga ou a Revolução de Minas". Em seguida Castro Alves parte para o Rio de Janeiro onde conhece Machado de Assis, que o ajuda a ingressar nos meios literários. Vai para São Paulo e ingressa no terceiro ano da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.

Em 1868 rompe com Eugênia. De férias, numa caçada nos bosques da Lapa fere o pé esquerdo, com um tiro de espingarda, resultando na amputação do pé. Em 1870 volta para Salvador onde publica "Espumas Flutuantes".

Antônio Frederico de Castro Alves morreu em Salvador no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose.

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Navio NegreiroCastro Alves (1847 — 1871)

I'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta. 

'Stamos em pleno mar... Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro... 

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas... 

Donde vem? onde vai?  Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam,  Galopam, voam, mas não deixam traço. 

Bem feliz quem ali pode nest'hora Sentir deste painel a majestade! Embaixo — o mar em cima — o firmamento... E no mar e no céu — a imensidade! 

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! Que música suave ao longe soa! Meu Deus! como é sublime um canto ardente Pelas vagas sem fim boiando à toa! 

Homens do mar! ó rudes marinheiros, Tostados pelo sol dos quatro mundos! Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos! 

Esperai! esperai! deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, E o vento, que nas cordas assobia... .......................................................... 

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Por que foges assim, barco ligeiro? Por que foges do pávido poeta? Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar — doudo cometa! 

Albatroz!  Albatroz! águia do oceano, Tu que dormes das nuvens entre as gazas, Sacode as penas, Leviathan do espaço, Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas. 

II     

Que importa do nauta o berço, Donde é filho, qual seu lar? Ama a cadência do verso Que lhe ensina o velho mar! Cantai! que a morte é divina! Resvala o brigue à bolina Como golfinho veloz. Presa ao mastro da mezena Saudosa bandeira acena As vagas que deixa após. 

 Do Espanhol as cantilenas Requebradas de langor, Lembram as moças morenas, As andaluzas em flor! Da Itália o filho indolente Canta Veneza dormente, — Terra de amor e traição, Ou do golfo no regaço Relembra os versos de Tasso, Junto às lavas do vulcão! 

O Inglês — marinheiro frio, Que ao nascer no mar se achou, (Porque a Inglaterra é um navio, Que Deus na Mancha ancorou), Rijo entoa pátrias glórias, Lembrando, orgulhoso, histórias De Nelson e de Aboukir.. . O Francês — predestinado — Canta os louros do passado E os loureiros do porvir! 

Os marinheiros Helenos, Que a vaga jônia criou, Belos piratas morenos Do mar que Ulisses cortou, Homens que Fídias talhara, Vão cantando em noite clara Versos que Homero gemeu ... Nautas de todas as plagas, Vós sabeis achar nas vagas As melodias do céu! ...  

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III     

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano Como o teu mergulhar no brigue voador! Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror! 

  IV

      Era um sonho dantesco... o tombadilho  Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite...  Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, suspendendo às tetas  Magras crianças, cujas bocas pretas  Rega o sangue das mães:  Outras moças, mas nuas e espantadas,  No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! 

E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente  Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala,  Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... 

Presa nos elos de uma só cadeia,  A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece,  Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! 

No entanto o capitão manda a manobra, E após fitando o céu que se desdobra, Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..." 

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . E da ronda fantástica a serpente           Faz doudas espirais... Qual um sonho dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam!           E ri-se Satanás!...   

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V     

Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! 

Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são?   Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... 

São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . 

São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, N'alma — lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael. 

São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, N'alma — lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael. 

Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus ... ... Adeus, ó choça do monte, ... Adeus, palmeiras da fonte!... ... Adeus, amores... adeus!... 

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Depois, o areal extenso... Depois, o oceano de pó. Depois no horizonte imenso Desertos... desertos só... E a fome, o cansaço, a sede... Ai! quanto infeliz que cede, E cai p'ra não mais s'erguer!... Vaga um lugar na cadeia, Mas o chacal sobre a areia Acha um corpo que roer. 

Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d'amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar... 

Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm'lo de maldade, Nem são livres p'ra morrer. . Prende-os a mesma corrente — Férrea, lúgubre serpente — Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoute... Irrisão!... 

Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! ...

 Esta, que é a parte mais comovente e

intensa do poema "Navio Negreiro" vai aqui declamada com brilhantismo por Paulo Autran para o seu deleite

VI        

Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 

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Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares!