UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÕES E ARTES Relatório Final da Iniciação Científica em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação PIBITI/CNPq/USP - Edital 2010/2011 Sistema de Gerenciamento e Disponibilização de Informações sobre Ação Educativa nos Museus Paulistanos Aluna: Raquel de Castro Dantas Cavalcante (No. USP: 5903292) Orientador: Prof. Dr. Ferdinando Martins São Paulo, 2011
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Sistema de Gerenciamento e Disponibilização de Informações ... · São Paulo, Museu Lasar Segall Ibram - Minc, Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Sacra, Museu Afro Brasil,
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÕES E ARTES
Relatório Final da Iniciação Científica em Desenvolvimento
Tecnológico e Inovação
PIBITI/CNPq/USP - Edital 2010/2011
Sistema de Gerenciamento e Disponibilização de Informações sobre Ação
Educativa nos Museus Paulistanos
Aluna: Raquel de Castro Dantas Cavalcante (No. USP: 5903292)
Orientador: Prof. Dr. Ferdinando Martins
São Paulo, 2011
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Raquel de Castro Dantas Cavalcante
Sistema de Gerenciamento e Disponibilização de Informações sobre Ação
Educativa nos Museus Paulistanos
Relatório Final da Iniciação Científica em
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação
PIBITI/CNPq/USP - Edital 2010/2011
São Paulo, 2011
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO: OBJETIVOS E ESTÁGIO ATUAL DA PESQUISA 7
2 O PAPEL DO MUSEUS HOJE: TEORIAS E PRÁTICAS 9
3 AS AÇÕES E MATERIAIS EDUCATIVOS DE MUSEUS PAULISTANOS: UM PANORAMA 12
3.1 MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 15
3.1.1 Atividades educativas para estudantes e professores 15
3.1.2 Atividades educativas para a inclusão cultural e social 16
3.1.3 Atividades educativas para famílias e grupos de amigos 16
3.1.4 Atividades educativas para estudantes e profissionais vinculados à arte 16
3.1.5 Atividades educativas para a terceira idade 16
3.1.6 Cursos pagos 17
3.1.7 Materiais educativos 17
3.1.8 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 19
3.2 MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA 19
3.2.1 Atividades educativas para estudantes e professores 19
3.2.2 Atividades educativas para a inclusão cultural e social 20
3.2.3 Atividades educativas para crianças e jovens 20
3.2.4 Palestras, seminários e cursos gratuitos 20
3.2.5 Materiais educativos 21
3.2.6 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 22
3.2.7 Mídias interativas do Museu da Língua Portuguesa 22
3.3 INSTITUTO ITAÚ CULTURAL 23
3.3.1 Atividades para alunos, professores e público em geral 23
3.3.2 Atividades para profissionais vinculados à arte 24
3.3.3 Materiais educativos 24
3.3.4 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 28
3.4 MUSEU AFRO BRASIL 29
3.4.1 Atividades educativas para alunos e público em geral 29
3.4.2 Atividades educativas para profissionais de educação 29
3.4.3 Atividades educativas para público especial 29
3.4.4 Materiais educativos 30
3.4.5 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 31
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3.5 MUSEU DO FUTEBOL 31
3.5.1 Atividades educativas para público em geral 31
3.5.2 Atividades educativas para estudantes 32
3.5.3 Atividades educativas para público especial 32
3.5.4 Materiais educativos 33
3.5.5 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 35
3.5.6 Mídias interativas do Museu do Futebol 35
3.6 PAÇO DAS ARTES 35
3.6.1 Atividades educativas para público em geral 35
3.6.2 Atividades educativas para crianças 36
3.6.3 Atividades educativas para alunos 36
3.6.4 Atividades educativas para professores 36
3.6.5 Atividades educativas para artistas 36
3.6.6 Materiais educativos 37
3.6.7 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 38
3.7 PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO 38
3.7.1 Atividades educativas para público em geral 38
3.7.2 Atividades educativas para professores 39
3.7.3 Atividades educativas para públicos especiais 40
3.7.4 Atividades educativas para a inclusão sociocultural 40
3.7.5 Atividades educativas para público interno 41
3.7.6 Materiais Educativos 41
3.7.7 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 45
3.8 MUSEU LASAR SEGALL 46
3.8.1 Atividades educativas para público escolar 46
3.8.2 Atividades educativas para professores 47
3.8.3 Atividades educativas para famílias 47
3.8.4 Atividades educativas para a inclusão sociocultural 47
3.8.5 Materiais educativos 48
3.8.6 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 49
3.9 MUSEU DE ARTE SACRA 50
3.9.1 Atividades educativas para público em geral 50
3.9.2 Materiais educativos 51
3.9.3 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 51
3.10 MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO 51
3.10.1 Atividades educativas para público em geral 51
5
3.10.2 Atividades educativas para famílias 52
3.10.3 Atividades educativas para professores 52
3.10.4 Atividades para universitários 52
3.10.5 Atividades educativas com escolas 53
3.10.6 Materiais educativos 53
3.10.7 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 55
3.11 MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO 56
3.11.1 Atividades educativas para o público geral 56
3.11.2 Atividades educativas para professores 57
3.11.3 Atividades educativas para crianças 57
3.11.4 Atividades educativas para o Setor de Psicologia da Polícia Militar do Estado de São Paulo 57
3.11.5 Materiais educativos 58
3.11.6 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 59
3.12 MUSEU DE ARTE BRASILEIRA DA FAAP 60
3.12.1 Atividades educativas para público geral 60
3.12.2 Materiais Educativos 60
3.12.3 Meios utilizados para divulgar as ações educativas 61
3.13 INSTITUTO TOMIE OHTAKE 61
3.13.1 Atividades educativas realizadas para público geral 61
3.13.2 Materiais Educativos 61
3.13.3 Meios utilizados para a divulgação das atividades educativas 62
3.14 MUSEU DA IMAGEM E DO SOM (MIS) 63
3.14.1 Atividades educativas realizadas para público geral 63
3.14.2 Atividades educativas realizadas para jovens 63
3.14.3 Atividades educativas para professores 64
3.14.4 Atividades educativas para público especial 64
3.14.5 Atividades educativas para inclusão sociocultural 64
3.14.6 Materiais educativos 64
3.14.7 Meios utilizados para divulgar as atividades educativas 66
3.15 MUSEU BRASILEIRO DE ESCULTURA 66
3.15.1 Atividades educativas para público geral 66
3.15.2 Atividades educativas para estudantes 66
3.15.3 Materiais Educativos 66
3.15.4 Meios utilizados para divulgar as atividades educativas 67
6
3.16 MUSEU DA CASA BRASILEIRA 67
3.16.1 Atividades educativas para o público geral 67
3.16.2 Atividades educativas para público especial 67
3.16.3 Atividades educativas para inclusão sociocultural 68
3.16.4 Atividades educativas para famílias 68
3.16.5 Atividades educativas para professores e alunos 68
3.16.6 Materiais educativos 68
3.16.7 Meios utilizados para divulgar as atividades educativas 69
3.17 CENTRO CULTURAL SÃO PAULO 70
3.18 CASA DAS ROSAS 72
3.19 BIENAL 72
4 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES : LANÇANDO AS BASES 73
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 75
5 BIBLIOGRAFIA 75
6 SITES CONSULTADOS E IMAGENS 76
6.1 SITES CONSULTADOS 76
6.2 IMAGENS 76
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1 INTRODUÇÃO: OBJETIVOS E ESTÁGIO ATUAL DA PESQUISA
Numa época em que os estatutos da arte e do artista são postos em questão a todo o
momento, pensar em museus como espaços “sacralizantes” de produções artísticas é sem
dúvida o resultando de uma reflexão superficial. Eles são fundamentais não apenas para
guardar nossas bases históricas, mas também para fundamentar e dar espaço a discursos,
delinear nossas identidades, incluir sócio culturalmente todas as classes sociais.
A presente pesquisa, cujo objetivo abarca a coleta, análise e sistematização de
materiais educativos de museus paulistanos, iniciada em setembro de 2010, tem o escopo de
trazer à tona informações sobre como e com que meios tais instituições têm buscado
promover o interesse do público pela cultura.
Primeiramente, foram pesquisados informações e materiais educativos das seguintes
instituições: Itaú Cultural, Museu da Língua Portuguesa, Museu de Arte Contemporânea de
São Paulo, Museu Lasar Segall Ibram - Minc, Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte
Sacra, Museu Afro Brasil, Museu do Futebol, Paço das Artes, Pinacoteca de São Paulo,
Museu de Arte Brasileira da FAAP, Instituto Tomie Ohtake, Museu da Imagem e do Som,
Museu Brasileiro de Escultura, Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Museu da Casa
Brasileira.
Friso aqui que embora algumas das instituições mencionadas não carreguem o termo
“museu” em sua denominação, encontram lugar nesta pesquisa por se tratarem de espaços
museográficos.
Foram também coletados alguns materiais educativos produzidos pelo Centro Cultural
São Paulo, pela Casa das Rosas e pela Bienal de Arte sem que houvesse a aplicação do
questionário com um representante do educativo. De qualquer maneira, as imagens destes
materiais constam aqui.
Pelo fato de a maioria das instituições pesquisadas até o momento terem seu trabalho
inserido no universo das artes (instituições que trabalham com acervos de outra natureza ainda
não foram incluídas), faço neste relatório reflexões que se inclinam às temáticas artística e
cultural. Todavia, creio que a coleta e análise de materiais educativos de instituições que não
abordam estes temas sejam também relevantes, podendo ser inseridos futuramente. Uma vez
desenvolvido o sistema de gerenciamento de informações sobre materiais educativos, será
necessária uma constante atualização do sistema, o que depende de pesquisadores dispostos a
dar esta continuidade.
8
Vale ressaltar que nem todas as instituições presentes nesta relação mostraram ter uma
produção consistente de materiais educativos. Mesmo assim, considero interessante esclarecer
quais as causas de tal característica, estabelecendo também um contraponto àquelas que, ao
contrário, possuem produções periódicas bem desenvolvidas.
Muitas destas instituições, além de realizarem trabalhos educativos de acesso gratuito
ao público geral, também fornecem cursos pagos e até mesmo de formação. Como pude
constatar que tais atividades e materiais, de um modo geral, são desenvolvidos por setores
independentes do educativo, esclareço que estes não são o foco da pesquisa, possuindo ênfase
reduzida.
Neste período, participei do VII Congresso de Estética e História da Arte, sob o título
“Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade no Ensino e Pesquisa da Arte e Cultura”. Além
desta atividade, também estive presente na apresentação do conteúdo das disciplinas entre
professores do novo curso de graduação da ECA-USP, chamado Educomunicação, assim
como na aula sobre Sociologia da Arte Contemporânea: Performances, Intervenções e Campo
Artístico, lecionada pelo meu orientador, o Professor Doutor Ferdinando Martins. Tais
atividades foram muito importantes para a minha pesquisa, pois me nortearam na construção
de um pensamento crítico diante dos resultados obtidos. Compreender a importância do
ensino da arte hoje, sobretudo quando pensado na conjuntura do discurso reformador da
educação, defensor da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade dos saberes, ampliou
minha visão sobre o tema. Hoje o considero ainda mais relevante.
A proposta de elaborar um sistema de gerenciamento de informações sobre Arte e
Educomunicação que dê subsídios para o trabalho de arte-educadores e pesquisadores dessas
duas áreas e que possibilite o aperfeiçoamento dos diversos profissionais que trabalham em
museus e espaços culturais da cidade de São Paulo implica na formação de um suporte virtual
consistente e disponível para o público externo e interno da Universidade de São Paulo. Além
disso, trata-se de uma ferramenta de especial interesse para os novos ingressantes e docentes
da Licenciatura em Educomunicação, cuja primeira turma inicia-se em 2011.
A segunda fase da minha pesquisa deu-se com a elaboração do sistema de
gerenciamento de informações sobre os materiais educativos. Neste período, foram
desenvolvidas páginas virtuais na rede social Stoa, disponíveis ao público interno e externo da
USP, com o conteúdo da presente pesquisa. O objetivo é de que estas formem um espaço
onde os internautas tenham acesso a imagens e informações sobre os materiais educativos de
museus presentes no acervo da Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP, além
de recursos educativos virtuais desenvolvidos pelas instituições culturais citadas. Em sua
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estrutura, a Stoa disponibiliza a tecnologia Wiki para o compartilhamento de pesquisa entre os
usuários, sendo esta a escolhida para realizar o presente trabalho.
Vale ressaltar que as páginas virtuais construídas nessa etapa da pesquisa tratam-se
apenas de uma estrutura inicial: o sistema encontra-se em fase de teste e sujeito a alterações.
A razão disso é o fato de que a seleção dos materiais educativos coletados (conjunto composto
pelos que estão presentes nesta pesquisa e os demais que já estavam sob o domínio da ECA) e
a organização de um espaço físico exclusivo para estes no acervo ainda não foram iniciadas.
Tal atividade será feita pela Biblioteca da ECA em conjunto com o Professor Doutor
Ferdinando Martins. É também importante frisar: embora o conteúdo do sistema venha a ser
alterado, o trabalho desenvolvido é antes de tudo um estudo exploratório da mecânica dos
recursos virtuais escolhidos.
Antes de iniciar o relatório sobre os materiais e atividades de cada instituição
entrevistada, farei uma breve explanação teórica sobre algumas questões concernentes ao
universo da arte, educação e museus. Esta parte tem como base a bibliografia sugerida pelo
orientador da pesquisa.
2 O PAPEL DO MUSEUS HOJE: TEORIAS E PRÁTICAS
Local destinado a preservar, estudar e apresentar ao público coleções de obras de arte,
de bens culturais, científicos ou técnicos (Larrousse, 1990), o museu tem um papel elementar
na preservação da memória e identidade das comunidades. A palavra, de origem latina
museum, remete a “templo das musas”. Tal significado, que nos leva à ideia mistificada de um
espaço elitista, próprio para “seres superiores”, deve hoje trazer outra conotação: é de suma
importância que os museus sejam abertos e acessíveis, compromissados em dialogar com o
público.
Em Inclusão Social e Cultural: Arte Contemporânea e Educação em Museu, Gabriela
Suzana Wilder nos mostra como o museu é importante para a integração dos indivíduos, em
especial os que pertencem a camadas sociais periféricas, auto-excludentes de espaços
culturais. Por meio de um programa realizado pelo Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo junto a alunos e professores de escolas públicas, a autora
evidencia como os espaços museológicos podem colaborar para a inclusão cultural e social
daqueles que, segundo a própria fala de um dos participantes, não os consideram como
“espaços nossos”.
10
Em que medida os museus demonstram de fato uma postura inclusiva? Serão eles
espaços de conscientização de cidadania, guardiões da nacionalidade e cultura, ou
fortalecedores de valores distintivos, a favor do lazer estético e intelectual de alguns
privilegiados? Para quebrar este paradigma é necessário enxergar a importância de ações
culturais que promovam a aproximação do público. Não se trata propriamente de uma
desmistificação do espaço museológico, mas sim de tornar-se significativo para a sociedade.
A razão pela qual os museus são tidos como espaços de elites intelectuais é calcada
numa complexidade de fatores. A queda de valores como abnegação e patriotismo, a ascensão
da ideologia individualista e hedonista (processo cujo marco foi o acontecimento conhecido
como Maio de 1968), conseqüências do desenvolvimento capitalista, culminou naquilo que
Zigmunt Bauman (2001) define como o esvaziamento do espaço público, a negação das
responsabilidades sociais.
O processo histórico da produção artística desencadeada pelas vanguardas modernas
experimentalistas do início do século XX, a qual paulatinamente distanciou-se do
compromisso com a mimesis do real (tornando-se de difícil decodificação para o grande
público), levou ao aumento, por parte dos museus, na distinção entre cultura de elite e cultura
popular. Na medida em que a sociedade não os vê como instituições que compartilham com
ela tecidos identitários, torna-se para si algo sem sentido ou função, espaço que não é seu.
Um exemplo muito interessante deste problema encontra-se na própria história
artística brasileira do início do século passado. Artistas e críticos defensores de uma produção
compromissada com a identidade nacional, construtora de um universo simbólico tipicamente
brasileiro e, sobretudo, dialógica com o público geral, mostravam-se avessos aos movimentos
de vanguarda que ocorriam no contexto europeu. Sobre o tema, é interessante observar o
posicionamento do artista moderno Cândido Portinari no seguinte texto:
“ (...) Nós devemos no Brasil acabar com o orgulho de fazer uma arte para meia
dúzia. O artista deve educar o povo mostrando-se acessível a esse público que tem medo da
arte pela ignorância, pela ausência de uma informação artística que deve começar nos
cursos primários. Os nossos artistas precisam deixar suas torres de marfim, devem exercer
uma forte ação social, interessando-se pela educação do povo brasileiro. Todos os homens de
espírito no Brasil vivem isoladamente sem sentimento de coletividade. Por isso são eles os
que têm menos força (...)
Cândido Portinari apud Chiarelli (2007, pág. 124)
11
Ora, se nesta chamada “torre de marfim”, artistas, intelectuais e personalidades de elite
se fecham num universo artístico “esclarecido” e ao mesmo tempo hermético para a grande
população, como e quais ferramentas devem ser utilizadas para abrir as portas dos
sempiternos “templos das musas”? É nesta lacuna que se insere o educomunicador.
A preocupação antes focada diretamente na produção artística (a exemplo do contexto
modernista brasileiro) migrou para a própria instituição do museu. Neste contexto, a
educomunicação (área interdisciplinar que integra conhecimentos de educação e ciências da
comunicação) é a ferramenta necessária para a formação mais democrática, atualizada e
inclusiva do público, onde espaço e acervo tornam-se atrativos e compreensíveis.
Segundo Ferdinando Martins (2010), em suas perspectivas metodológicas e
epistemológicas para uma licenciatura em Educomunicação, cabe ao educomunicador saber
que a modernidade promoveu o papel ativo do receptor da obra de arte, sendo sua
responsabilidade dominar os meios que possibilitem uma intermediação adequada. Trata-te de
um profissional que deve estar apto para discutir a questão da comunicação da arte e dos
espaços expositivos, bem como o caminho entre o trabalho criativo e o público com o qual
interage.
O estudo das artes, sempre posto em segundo plano em função da nossa estrutura
social cartesiana, fragmentadora dos saberes, é essencial para despertar sensibilidades e
desenvolver o pensamento crítico dos cidadãos. Sua compreensão implica na abertura do
indivíduo ao mundo em seu nível simbólico. Trata-se de discursos que precisam ser digeridos,
passíveis de serem absorvidos. Assim a sociedade poderá trilhar caminhos efetivamente
democráticos, em que saberes e ideias atingem todos os níveis sociais.
Gabriela Wilder frisa que “se a arte contemporânea elabora e dá formas às questões
relevantes para o ser humano na atualidade; se uma das características da atualidade é a
diversidade, enfatizada pelos meios de comunicação globais; se o mundo atual, submetido às
forças homogeneizadoras da globalização entra em choque, mais ou menos violento, com
culturas locais; se as sociedades submetidas a tantas forças contraditórias são forçadas a
constantes adaptações e a renovarem sua percepção do mundo; se para que essas renovações
aconteçam são necessários conhecimentos e informações constantemente atualizados, é
desejável que todos os membros da sociedade mantenham-se capazes de análises críticas bem
formadas” (2009, pág. 162).
Na medida em que se nega o acesso à arte e, portanto, a discursos divergentes da
cultura de massa (mass culture) ou da cultura média (mid culture), os cidadãos caem no
espaço comum e pasteurizado de produção artística, produto de uma indústria cultural
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preocupada, sobretudo, com o lucro. É relevante que ocorra uma reforma de pensamento, na
qual o saber da arte seja considerado tão importante quanto os outros saberes.
Edgar Morin (2009) mostra-nos que, para transformar as mentes, é necessário reformar
a educação. Em A cabeça bem feita: repesar a reforma para reformar o pensamento, o autor
frisa a necessidade de iniciar a revolução educacional nos primeiros anos do estudante.
Semelhantemente a Portinari, quando afirma que a “informação artística que deve começar
nos cursos primários”, Morin deixa claro que é na idade infantil que “devemos nos beneficiar
da maneira natural e espontaneamente complexa do espírito da criança, para desenvolver o
sentido das relações entre problemas e dados” (Morin apud Wilder, 2009). Evidentemente, tal
reforma implica na incorporação e valorização do ensino da arte desde os primeiros anos.
A proposta de reforma educativa depende da promoção do entendimento de que as
artes levam-nos à dimensão estética da existência e que elas nos ensinam a ver o mundo
esteticamente. Ela demonstraria, portanto, que em toda grande obra de cinema, de poesia, de
música, de pintura, de escultura, há um pensamento profundo sobre a condição humana
(Morin, 2009). Neste sentido vê-se como é importante que os museus tomem as rédeas da
educação, portando-se como lugares em que as diferenças se amenizam, conhecimentos são
compartilhados e linguagens entram em convergência formando malhas plenas de
significados.
3 AS AÇÕES E MATERIAIS EDUCATIVOS DE MUSEUS PAULISTANOS:
UM PANORAMA
Para obter as informações sobre as ações e materiais educativos de cada uma das
instituições mencionadas, foi aplicado o seguinte questionário nas entrevistas com os setores
educativos:
1) Nome da instituição:
2) Localização da instituição e meios de contato:
3) Dias e horários de funcionamento e preço de entrada:
4) Há um departamento educativo na instituição?
( ) NÃO ( ) SIM
13
5) São proporcionadas atividades educativas ao público?
( ) NÃO ( ) SIM
Especificações:
6) Tais atividades contam em média com quantos participantes anualmente?
7) São produzidos e disponibilizados materiais com fins educativos?
( ) NÃO ( ) SIM
Especificações:
8) São proporcionados cursos de formação e/ou workshops ao público?
( ) NÃO ( ) SIM
Especificações:
9) Há um público-alvo específico para as ações educativas (atividades, produção material
e cursos/workshops)?
( ) NÃ O ( ) SIM
Especificações:
10) Nas ações educativas, qual a faixa etária média do público:
a) consumidor do material educativo:
b) participante das atividades educativas:
c) participante dos cursos e/ou workshops:
12) Há variação periódica na temática dos materiais educativos?
( ) NÃO ( ) SIM
Especificações:
13) Há variação periódica na temática das atividades educativas?
( ) NÃO ( ) SIM
Especificações:
14) Há variação periódica na temática dos cursos e/ou workshops?
( ) NÃO ( ) SIM
14
Especificações:
15) Há um trabalho voltado especificamente para acessibilidade de portadores de
deficiência?
( ) NÃO ( ) SIM
16) Quais os meios utilizados para divulgar as ações educativas ao público?
( ) internet
( ) revista
( ) jornal
( ) televisão
( ) rádio
( ) panfleto
( ) outro: _________________
17) Há parcerias para fins educacionais com outras instituições?
( ) NÃO ( ) SIM
18) Com relação à infraestrutura presente nos espaços de exposição, são disponibilizadas
quais tipos de mídia?
Sobre este questionário e a coleta de materiais, é importante fazer algumas ressalvas.
Primeiramente, na medida em que fazia sua aplicação, percebi que as questões concernentes
às quantidades de participantes em atividades educativas e/ou consumidores de materiais
educativos não eram muito relevantes. Por se tratarem de informações que não agregam muito
à presente pesquisa (que é de perfil mais qualitativo), e também pelo fato de algumas das
instituições não terem este tipo de informação de forma tão precisa, resolvi não mencioná-las
neste relatório.
Em segundo lugar, ao que tange à parte de coleta de materiais efetivamente, descobri a
existência de um problema relativo à catalogação destes no sistema da Biblioteca da Escola de
Comunicações e Artes da USP. Quando entrei em contato com meu orientador sobre o
assunto, fui informada de que os materiais acabam tendo de ser “desmembrados” quando
encaminhados para a Biblioteca. Em outras palavras, se um determinado conjunto é composto
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por apostilas, pôsteres, cds, etc., cada um destes objetos acaba tendo de ser separado e
distribuído, conforme a sua natureza, para outras áreas do acervo. Só desta maneira é que eles
podem ser catalogados.
As representantes dos Institutos Tomie Ohtake e Itaú Cultural, por exemplo, alegaram
que é comum o encaminhamento periódico, para universidades, escolas e demais instituições
de ensino, dos materiais educativos por eles produzidos. No entanto, fica incerta a garantia de
que estes materiais constam de maneira adequada no acervo da Biblioteca, dado que a
impossibilidade de catalogação pode culminar na devolução dos materiais.
A seguir, trarei as informações atreladas aos materiais coletados de cada uma das
instituições. Por serem muitas as informações disponibilizadas sobre o tema através da
aplicação do questionário, tais textos têm como objetivo principal evidenciar em que contexto
se insere (ou não) a produção e utilização dos materiais educativos coletados na pesquisa. Na
descrição das atividades, optei em todos os casos pela divisão das questões da maneira um
pouco mais abrangente daquela presente no questionário. São elas: as atividades realizadas
para cada tipo de público, a descrição dos materiais educativos e os meios para divulgação das
atividades educativas. Em alguns casos, haverá descrições do espaço expositivo, caso ele
apresente algum ponto destacável.
3.1 MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
O Museu de Arte contemporânea conta com uma Divisão Técnico-Científica de
Educação e Arte planeja, administra e executa atividades voltadas para o ensino na graduação,
pós-graduação e extensão universitária do Museu. Elabora e desenvolve projetos nas áreas
de Educação e Artes MAC USP, dirigidos à pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e
ensino superior e educação especial, de rede pública e particular e à comunidade em geral
interessada na área, assim como materiais de apoio relativo ao ensino e aprendizagem da arte.
3.1.1 Atividades educativas para estudantes e professores
Voltado para a recepção do acervo em si, o MAC realiza o programa Roteiros de
Visita, cujo objetivo é estimular a proximidade de professores e alunos com as obras do
acervo do MAC USP por meio de recursos que auxiliem no planejamento, no aproveitamento
e no desdobramento das visitas ao Museu. Para este trabalho são produzidos materiais
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didáticos, os quais servem para dar suporte e maior autonomia para os professores quando
percorrem as exposições com seus alunos.
Também para o público professor e infantil é realizado o programa Museu, Educação e
o Lúdico (MEL). Nele são criadas e a exploradas estratégias lúdicas no processo de ensino e
aprendizagem da arte durante visitas orientadas em exposições didáticas. Entre os objetivos
estão: desenvolver uma metodologia lúdica na educação em museu de arte para o público
infantil, visando a criação de experiências significativas; desenvolver curadorias e materiais
didático-lúdicos; resignificar para as crianças a experiência de uma visita a museu e dessa
forma estimular o desejo de voltar a este e a outros espaços culturais; ampliar, com qualidade,
o tempo de permanência ativa das crianças e de pré-adolescentes nas visitas orientadas;
desenvolver a formação de professores para o uso da metodologia proposta; fazer parcerias
com escolas públicas e promover itinerância das exposições já organizadas.
3.1.2 Atividades educativas para a inclusão cultural e social
Dentro deste mesmo setor existe o Programa Viva Arte!. Este é ligado ao propósito de
promover a inclusão cultural e social aproximando o museu das populações socialmente
excluídas do universo das Artes Visuais. Destinado ao público jovem e adulto com idade
aproximada entre 20 e 60 anos (já integrantes de instituições organizadas da sociedade civil,
como ONGs, OSCIPs, Associações e Centros Comunitários, etc.), seu objetivo é ampliar seu
repertório estético-cultural e contribuir para o desenvolvimento de atividades de geração de
renda.
3.1.3 Atividades educativas para famílias e grupos de amigos
Mais voltado para a recepção de visitas de família e grupos de amigos atua o programa
Interar-te. Seu objetivo é promover a integração entre crianças, jovens e seus acompanhantes
adultos através de atividades lúdicas motivadas pelas exposições em cartaz no MAC USP.
3.1.4 Atividades educativas para estudantes e profissionais vinculados à arte
Voltado para o público de estudantes, jovens artistas, arte-educadores e profissionais
de áreas afins, com experiência prévia em artes, o programa Poéticas Visuais em Interação
promove atividades diversas de ateliê de arte contemporânea a partir do acervo do MAC-USP,
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numa perspectiva interativa. Tal programa promove uma mostra de extroversão da produção
desse ateliê, a qual encerra a programação anual.
3.1.5 Atividades educativas para a terceira idade
O museu também realiza para este público um trabalho específico intitulado Lazer
com Arte para a Terceira Idade (LAPTI). Seu escopo é aproximar esse público da arte
moderna e contemporânea através, sobretudo, de atividades práticas em ateliê e visitas às
exposições do acervo do Museu. A partir da contextualização e de uma apreciação mais
acurada, obras e artistas selecionados tornam-se referenciais para a reinterpretação,
transformação e interação criativa que ajudam na construção das poéticas visuais de cada um
dos participantes.
3.1.6 Cursos pagos
Embora se trate de uma instituição pública, o museu disponibiliza a cada mês cursos
pagos para público diversos.
3.1.7 Materiais educativos
O MAC-USP concede em seu site a possibilidade de visitar virtualmente a coleção do
museu. Através do Acervo do MAC - on line, é possível conhecer obras e personagens da
Arte do século XX e XXI. Este acervo é parte do projeto Integrado de Pesquisa apoiado pelo
CNPq, de natureza multidisciplinar, envolvendo a História da Arte do século XX e XXI,
Museologia e Informática, visando de um lado um sistema de bases de dados e de outro
hipertextos na internet, dando visibilidade às obras da coleção do MAC USP.
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Imagem da página do Acervo do MAC – on line
(disponível no endereço http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/roteiro/fichas.asp)
Para o programa Roteiros de Visita, são disponibilizadas no site 50 fichas, cada qual
com informações sobre um artista vinculado à Arte Contemporânea (nacional e internacional)
e com obras presentes no acervo. Trata-se da seguinte relação: Josef Albers, Tarsila do
Amaral, Giacomo Balla, Antonio Bandeira, Max Bill, Umberto Boccioni, Geordes Braque,
Victos Brecheret, Alexandes Calder, Iberê Camargo, Flávio de Carvalho, Amilcar de Castro,
Leda Catunda, Marc Chagall, Christo Javacheff, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, Giorgio de
Chirico, Emiliano di Cavalcanti, Cesar Domela, Lucio Fontana, Iran do Espírito Santo,
Wassily Kadinsky, Fernand Léger, Nelson Leirner, Anita Malfatti, Henry Matisse, Cildo
Meileres, Joan Miró, Amadeo Modigliani, Henry Moore, Giorgio Morandi, Ismael Nery,
Tomie Ohtake, Hélio Oiticica, Francis Picabia, Pablo Picasso, Cândido Portinari, Nuno
Ramos, Robert Rauschenberg, José Resende, Kenny Scharf, Mira Schendel, Kurt Schwitters,
Lasar Segall, Ivan Serpa, Regina Silveira, Pierre Soulages, Alex Vallauri e Alfredo Volpi.
Tal material, além de trazer dados sobre cada um dos artistas e suas respectivas obras,
oferece também ao leitor (no caso, o professor) questões e sugestões de diálogo com os
alunos, viabilizando uma dinâmica educativa completa e autônoma.
A disponibilização gratuita de materiais virtuais, além de ser uma alternativa eficaz em
termos de disseminação de cultura, é também vantajosa em termos econômicos, pois a
instituição fica isenta da responsabilidade de imprimi-los. Esta é uma prática recorrente no
trabalho de outras instituições pesquisadas para este trabalho.
O museu produziu e continua a produzir uma série de materiais (catálogos, livros e
folders). Para que o público saiba desta produção é que existe o projeto Mapeamento. Nele,
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são reunidas e apresentadas todas as publicações sobre exposições e eventos do Museu em
ordem cronológica. Com esse mapeamento, o projeto procura facilitar consultas e pesquisas
sobre o MAC, sobre artistas, e movimentos artísticos, e também, resgatar e preservar esse
acervo bibliográfico.
Além da apresentação das publicações em forma panorâmica, existe a possibilidade de
acessar os dados de cada catálogo individualmente, com informações mais específicas sobre
eles, como a relação completa de artistas de exposições coletivas, de autor ou autores dos
textos críticos, fornecendo, ainda, o local e a data do evento, o número de páginas, o idioma
da publicação e a existência ou não de ilustrações coloridas ou em preto e branco.
Na entrevista realizada no Museu, foi concedido ao acervo da Biblioteca da Escola de
Comunicações e Artes o seguinte material:
Apostila para professor e apostila para aluno do programa
Museu, Educação e o Lúdico (MEL). Tema: Ciranda de formas: bichos
3.1.8 Meios utilizados para divulgar as ações educativas
Além do site da instituição e do envio de e-mails para cadastrados, periodicamente
suas atividades educativas encontram-se na programação do Guia da Folha. Para distribuição
ao público são também produzidas folders sobre o tema.
3.2 MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
3.2.1 Atividades educativas para estudantes e professores
O museu desenvolve ações com a Rede Pública de Ensino, tanto do Estado de São
Paulo, como a Secretaria de Educação da Cidade de São Paulo.
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No seu primeiro ano de funcionamento, a instituição recebeu aproximadamente 700
professores da Rede Estadual de Ensino em cursos de capacitação (8 horas/aula). Após os
cursos, os professores retornaram ao museu com seus alunos. Atualmente o museu participa
do projeto Cultura é Currículo da FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação do
Estado de São Paulo.
Com a Secretaria de Educação da Cidade de São Paulo é realizado o projeto O Centro
é uma Sala de Aula. Alunos das escolas da Subprefeitura da Sé têm aulas, uma vez por
semana, em espaços culturais da Cidade, tais como: Museu da Língua Portuguesa; Pinacoteca
do Estado; Arquivo Histórico Municipal; e Cemitério da Consolação.
3.2.2 Atividades educativas para a inclusão cultural e social
Semanalmente, o Museu acolhe visitas de grupos diferenciados, tais como jovens e
crianças em situação de risco que participam de projetos sociais e educacionais, grupos de
terceira idade, portadores de deficiências físicas e grupos monitorados pela Polícia Militar do
Estado de São Paulo.
Usualmente, essas visitas são solicitadas por Organizações Não Governamentais ou
Entidades Públicas e têm por objetivo permitir o acesso de um grupo social normalmente
impossibilitado de frequentar qualquer tipo de equipamento cultural. Nestes casos,
normalmente e mediante prévia solicitação encaminhada à instituição, os ingressos são
oferecidos gratuitamente aos interessados.
O museu está equipado de maneira a permitir o acesso de pessoas com limitação de
locomoção e dispõe de cadeiras de roda que podem ser utilizadas gratuitamente pelos
visitantes mediante simples solicitação a um dos funcionários no pátio de acesso, desde que as
mesmas estejam disponíveis.
3.2.3 Atividades educativas para crianças e jovens
Em alguns finais de semana, o museu realiza em seu espaço térreo, apresentações de
contadores de histórias e pequenos espetáculos teatrais e musicais. Voltadas para o público
infanto-juvenil, tais atividades valorizam a oralidade e são sempre oferecidas gratuitamente.
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3.2.4 Palestras, seminários e cursos gratuitos
O Museu oferece cursos gratuitos, tais como “ciclos de leitura”, ”oficina de escrita” e
“cursos de capacitação para contadores de histórias”. Essas atividades são sempre
coordenadas por profissionais muito capacitados e contratados especialmente pelo museu de
acordo com a temática do curso a ser oferecido. As atividades são realizadas nas salas de aula
ou no espaço digital do Museu.
A divulgação e as inscrições são feitas diretamente no museu e sua programação é
divulgada pelo Portal da Língua Portuguesa. Tratando-se de atividades com vagas limitadas
(em média 25 por curso), existe sempre algum processo de seleção sob a responsabilidade de
seus coordenadores.
A Instituição desenvolve palestras e seminários sempre com temáticas pertinentes à
Língua Portuguesa e à diversidade cultural de nosso país.
As programações são desenvolvidas diretamente pelo Museu ou em parceria com
outras importantes instituições culturais. Estas atividades também são oferecidas
gratuitamente aos interessados.
3.2.5 Materiais educativos
Além dessas atividades, o Serviço Educativo desenvolve diversos materiais de apoio à
visitação como, por exemplo, o Caderno Educativo que é oferecido gratuitamente a
professores com visitas agendadas ao museu.
No site do museu são disponibilizados textos sobre a língua portuguesa. Tratam-se de
reflexões e esclarecimentos sobre o tema.
A seguir os materiais coletados na entrevista com o setor educativo da instituição:
Material educativo Mundo Língua Palavra sobre o Museu da Língua Portuguesa
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Material educativo O Francês no Brasil em todos os sentidos, feito para a exposição temporária
Material educativo infantil para visita orientada
3.2.6 Meios utilizados para divulgar as ações educativas
Para divulgar as atividades educativas, a instituição conta com o site, além do envio
periódico de e-mails para o mailing de contatos cadastrados.
3.2.7 Mídias interativas do Museu da Língua Portuguesa
Como o Museu da Língua Portuguesa não conta com um acervo no sentido tradicional
da palavra, dado que seu objeto de estudo é o patrimônio intangível da língua, ele lança mão
de muitos recursos audiovisuais e mídias interativas. A razão disto está no seu objetivo de
estimular os sentidos de forma integrada (visão, audição e leitura), pois estes são os canais
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pelos quais a linguagem é construída. Com eles a instituição se destaca, se mostrando
referência neste perfil de espaço expositivo.
Em função deste diferencial, creio ser interessante fazer aqui uma breve descrição das
instalações. O museu conta com uma tela de 106m de extensão com projeções simultâneas de
filmes que mostram a língua portuguesa no cotidiano e na história de seus usuários (chamada
Grande Galeria). Palavras Cruzadas são totens dedicados às influências das línguas e dos
povos que contribuíram para formar o português falado no Brasil. Existe ainda um totem
dedicado ao português falado nos demais países lusófonos. Há também, com recursos
interativos, uma linha do tempo onde o visitante pode conhecer melhor a história da língua
portuguesa.
No Beco das Palavras há mesas com um jogo etimológico interativo que permite ao
visitante brincar com a criação de palavras, conhecendo suas origens e significados. Em Mapa
dos Falares: o visitante pode escolher uma localidade e apreciar (ver e ouvir), a partir de um
grande mapa do Brasil, depoimentos de diversas pessoas, verificando, assim, os diversos
“falares” do brasileiro.
No último andar, por fim, há a Praça da Língua, uma espécie de “planetário da língua”,
composto por imagens projetadas e áudio. Lá é projetada uma antologia da literatura criada
em língua portuguesa.
É interessante notar que, para participar no espaço da Praça da Língua, o visitante
assiste anteriormente no auditório a um vídeo com duração de 10 minutos sobre a língua
portuguesa. Após este tempo, a tela de projeção se eleva, revelando a Praça da Língua. Trata-
se de um exemplo claro em que o participante é convidado a sair do estado passivo e
efetivamente “imergir” na experiência audiovisual.
Os próprios elevadores de acesso ao museu também são espaços expositivos, pois
permitem uma visão total da escultura Árvore de Palavras, de 16m de altura. Nesta escultura o
visitante encontra palavras de idiomas que contribuíram para a formação do português e do
português falado no Brasil, palavras em português e a representação de objetos e animais.
Além disso, no interior dos elevadores, os visitantes podem ouvir uma espécie de mantra,
composto por Arnaldo Antunes, que repete as palavras “língua” e “palavra” em vários
idiomas.
3.3 INSTITUTO ITAÚ CULTURAL
3.3.1 Atividades para alunos, professores e público em geral
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O Itaú Cultural conta com uma equipe de educadores preparados para oferecer visitas
especiais às exposições, que podem ser agendadas para grupos e duram entre uma hora e meia
e duas horas. Os educadores recebem grupos a partir de seis anos de idade, inclusive público
especial. A instituição realiza, para cada exposição, uma abordagem diferenciada, não
seguindo um padrão pré-estabelecido de abordagem educativa.
3.3.2 Atividades para profissionais vinculados à arte
Desde 2007, o Itaú Cultural realiza o Rumos Itaú Cultural. Trata-se de um programa
de apoio à produção artística e intelectual sintonizado com a criatividade brasileira. Ele
colabora para o fomento e o desenvolvimento de centenas de obras e de artistas das mais
variadas expressões e regiões do país. O caráter nacional do programa mobiliza artistas,
especialistas, pesquisadores e instituições parceiras, que fazem da cultura uma linguagem
comum de fortalecimento da cidadania e das características múltiplas do povo brasileiro. Os
produtos gerados pelo programa são distribuídos gratuitamente a instituições culturais e
educacionais e disponibilizados para emissoras de TV parceiras e no site da instituição.
Aliado a este trabalho, o Instituto também conta com o Observatório Itaú Cultural.
Criado em 2006, tem com objetivo refletir sobre a cultura e subsidiar a elaboração de políticas
plurais ao setor, por meio do diálogo entre especialistas brasileiros e estrangeiros. O programa
realiza encontros, publicações e projetos, alguns em parceria com outras instituições. Sua
missão consiste em elaborar, organizar e difundir estatísticas da cultura; estudar as práticas
culturais; promover análises e identificar aberturas no funcionamento do setor no Brasil. A
iniciativa evidencia o interesse do instituto na pesquisa e no fomento à cultura, entendida
como uma dimensão central da sociedade.
3.3.3 Materiais educativos
O Itaú Cultural realiza e distribui gratuitamente (para instituições culturais e
formadores de opinião) produtos com conteúdo artístico, cultural e educativo. Esses materiais
têm caráter de formação e reflexão sobre a arte e a cultura brasileiras e, como desdobramento,
colaboram para a difusão e a democratização do acesso à cultura. São livros, DVDs, CDs,