INTRODUÇÃO O sisal (Agave sisalana), é da família Agavaceae, e é uma planta grandemente utilizada para fins comerciais, sendo preferivelmente cultivado em regiões semi-áridas. No Brasil, aparecem como principais produtores, os estados da Paraíba e também é destaque na Bahia, especialmente na região chamada de sisaleira, onde está localizado o maior pólo produtor e industrial do sisal do mundo, que é a cidade de Conceição do Coité. Do sisal, utiliza-se principalmente a fibra das folhas que, após o beneficiamento, é destinada majoritariamente à indústria de cordoaria (cordas, cordéis, fios, tapetes etc). A cultura teve seu apogeu econômico durante a Crise do Petróleo nas décadas de 60 e 70. A utilização das fibras sintéticas, porém a necessidade de preservação da natureza e a forte pressão dos grupos ambientalistas vem contribuindo para o incremento da utilização de fios naturais. A Agave sisalana é uma planta originária do México. Os primeiros bulbilhos do sisal foram introduzidos na Bahia, em 1903, pelo Comendador Horácio Urpia Júnior nos municípios de Madre de Deus e Maragogipe, trazidos provavelmente da Flórida, através de uma firma americana, foi difundido inicialmente no estado da Paraíba e somente no final da década de 30 na Bahia. Atualmente o Brasil é o maior produtor de sisal do mundo e a Bahia é responsável por 80% da produção da fibra 3
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INTRODUÇÃO
O sisal (Agave sisalana), é da família Agavaceae, e é uma planta
grandemente utilizada para fins comerciais, sendo preferivelmente cultivado em
regiões semi-áridas. No Brasil, aparecem como principais produtores, os
estados da Paraíba e também é destaque na Bahia, especialmente na região
chamada de sisaleira, onde está localizado o maior pólo produtor e industrial do
sisal do mundo, que é a cidade de Conceição do Coité.
Do sisal, utiliza-se principalmente a fibra das folhas que, após o
beneficiamento, é destinada majoritariamente à indústria de cordoaria (cordas,
cordéis, fios, tapetes etc). A cultura teve seu apogeu econômico durante a
Crise do Petróleo nas décadas de 60 e 70. A utilização das fibras sintéticas,
porém a necessidade de preservação da natureza e a forte pressão dos grupos
ambientalistas vem contribuindo para o incremento da utilização de fios
naturais.
A Agave sisalana é uma planta originária do México. Os primeiros
bulbilhos do sisal foram introduzidos na Bahia, em 1903, pelo Comendador
Horácio Urpia Júnior nos municípios de Madre de Deus e Maragogipe, trazidos
provavelmente da Flórida, através de uma firma americana, foi difundido
inicialmente no estado da Paraíba e somente no final da década de 30 na
Bahia. Atualmente o Brasil é o maior produtor de sisal do mundo e a Bahia é
responsável por 80% da produção da fibra nacional.
A importância do sisal para a economia do setor agrícola nordestino
pode ser analisada sob diversos aspectos, merecendo destaque a geração de
renda e emprego para um contingente de aproximadamente 800 mil pessoas,
proporcionando divisas para os Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do
Norte (EMBRAPA 2006).
O ciclo de transformação do sisal em fios naturais tem início aos 3 anos
de vida da planta, ou quando suas folhas atingem até cerca de 140 cm de
comprimento que podem resultar em fibras de 90 a 120 cm. As fibras
representam apenas 4 a 5% da massa bruta da folha do sisal. As folhas são
cortadas a cada 6 meses durante toda vida útil da planta que é de 6/7 anos. Ao
final do período é gerada uma haste (inflorescência), a flecha, onde surgem as
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sementes de uma nova planta. Uma característica da família é que a planta
morre após gerar as sementes.
O sisal pode ser colhido durante todo o ano: para isto ser possível, não
são destacadas do caule as folhas mais novas.
É uma planta resistente á aridez e ao sol intenso do sertão nordestino. É
a fibra vegetal mais dura que existe. Os principais produtos são os fios
biodegradáveis utilizados em artesanato; no enfardamento de forragens;
cordas de várias utilidades, inclusive navais; torcidos, terminais e cordéis. O
sisal também é utilizado na produção de estofos; pasta para indústria de
celulose; produção de tequila; tapetes decorativos; remédios; biofertilizantes;
ração animal; adubo orgânico e sacarias. As fibras podem ser utilizadas
também na indústria automobilística, substituindo a fibra de vidro. Uma
fibra sintética demora até 150 anos para se decompor no solo, enquanto a fibra
do sisal, em meses, torna-se um fertilizante natural.
Atualmente a Tanzânia, Quênia, Uganda (África Oriental) e Brasil, fazem
parte do maiores cultivadores de sisal do mundo. Também são de destaque os
países: Angola, México e Moçambique.
Este trabalho tem por objetivo revisar a cultura do sisal.
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1. O sisal no nordeste
A importância do sisal para a economia do setor agrícola nordestino pode
ser analisada sob diversos aspectos, merecendo destaque a geração de renda
e emprego para um contingente de aproximadamente 800 mil pessoas,
proporcionando divisas para os Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do
Norte. Na Bahia, maior produtor desta cultura, com mais de 95% da produção
da fibra nacional, o cultivo do sisal se estende por 75 municípios atingindo uma
área de 190 mil ha, em propriedades de pequeno porte, menores que 15ha,
nas quais predominam a mão-de-obra familiar, perfazendo uma população de
aproximadamente 700 mil pessoas que vivem, direta ou indiretamente, em
estreita relação com esta fibrosa.
Apesar de sua importância, o desempenho dessa cultura no Estado vem
sofrendo, nos últimos anos, declínio na área plantada e na produtividade
estando os principais fatores responsáveis por este declínio ligados
diretamente ao baixo valor pago pela fibra, à competição com os fios sintéticos,
ao alto custo de produção, a falta de máquinas modernas para a colheita, a
longos períodos de estiagem e sobretudo ao fato de ser aproveitado apenas 3
a 4% do total da planta, referentes à porção da fibra.
Mesmo diante destas dificuldades, é preciso se entender que o sisal
continua sendo uma das poucas opções econômicas para a região semi-árida
do Nordeste do Brasil e dificilmente uma outra cultura poderá ser mais rentável
economicamente e mais vantajosa para a área em questão, por isso e é
imprescindível garantir sua continuidade, realizar estudos e trabalhos capazes
de estimular a expansão e promover o progresso tecnológico.
Este Sistema de Produção reúne os conhecimentos gerados na
Embrapa ao longo de 20 anos de pesquisa e descreve de forma sucinta e
objetiva os segmentos da cadeia produtiva do sisal. Aborda ainda, o
aproveitamento dos resíduos oriundos do desfibramento, com ênfase na
utilização da mucilagem para alimentação animal.
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2. Importância econômica
O sisal (Agave sisalana) é a principal fonte de extração de fibras duras
vegetais do mundo. No Brasil, o seu cultivo ocupa uma extensa área de solos
pobres na região semi-árida dos Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do
Norte, em regiões com escassa ou nenhuma alternativa para exploração de
outras culturas.
A fibra do sisal beneficiada ou industrializada rende cerca de 80 milhões
de dólares em divisas para o Brasil, além de gerar, mais de meio milhão de
empregos diretos e indiretos por meio de sua cadeia produtiva, sendo o cultivo
dessa agavaceae um dos principais agentes de fixação do homem à região
semi-árida nordestina.
Apesar da sua relevância, tem-se constatado nos últimos anos, um
declínio contínuo desta cultura, expresso em reduções da área cultivada,
produção e produtividade. Vários fatores têm contribuído para esta decadência,
dentre os quais o baixo índice de aproveitamento da planta de sisal (somente
4% das folhas colhidas se convertem em produto vendável); a concorrência
com as fibras duras sintéticas; o elevado custo inicial para a produção da
monocultura sisaleira; a falta de variedades adaptadas às regiões produtoras; o
não aproveitamento dos resíduos do desfibramento, doenças e o manejo
deficitário da fertilidade dos solos.
Neste contexto, o desenvolvimento de novos sistemas de produção que
viabilizem a competição da fibra com os fios sintéticos, a redução de custos de
produção, o aproveitamento dos subprodutos do desfibramento e a maior
eficiência no processo de descorticamento, são fundamentais para elevar a
sustentabilidade da atividade sisaleira e promover a inclusão social das
comunidades que subsistem desta cultura.
3. A planta
O sisal é uma planta de elevada complexidade morfofisiológica, sendo
uma monocotiledônea. Apresenta sistema radicular fibroso e em forma de tufo.
Possui dois tipos de raízes designadas por transportadoras e alimentadoras,
sendo as primeiras responsáveis pela fixação da planta ao solo.
Não tem caule e as folhas são destituídas de pecíolos, podendo chegar a
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quase dois metros de comprimento. Os estômatos são em criptas e no
parênquima esponjoso acham-se embebidas as fibras, mecânicas e as em
forma de fitas. As flores são hermafroditas e agrupadas em cachos. Os frutos
são cápsulas com três lóculos e as sementes são pretas com seis a sete
milímetros na maior dimensão.
Apresenta metabolismo fotossintético do tipo CAM, abrindo os
estômatos à noite, para não perder água via transpiração durante o dia e se
beneficiar do orvalho. É uma espécie que prefere locais de altitude e possui
elevada resistência à seca e ao estresse térmico, apresentando eficiência
transpiratória e gastando pouquíssima água para produzir fitomassa – menos
de 100g de água/g de fitomassa, contra quase dez vezes mais no caso do
algodão herbáceo. Necessita de precipitação pluvial de pelo menos
400mm/ano e temperaturas médias entre 20 e 28°C. Prefere solos com
elevados teores de cálcio, que não encharquem facilmente e que tenham boa
fertilidade natural.
Pertence à classe das monocotiledôneas, família Agavaceae, subfamília
Agavoidea e seu principal produto é a fibra tipo dura, com elevados teores de
celulose e lignina, que oferecem inúmeras aplicações. Trata-se de uma espécie
perene, plurianual, porém monocárpica, fenecendo depois do processo de
frutificação, que demora alguns anos para ocorrer e se completar. Existem
duas espécies no gênero Agave, de importância econômica: A. Sisalana, que
tem a Bahia como maior produtor mundial, e a A. fourcroydes, explorada no
México sob a denominação de henequém e cuja fibra é utilizada para a
fabricação de fios e cordas.
As folhas, com ápice ponteagudo crescem em torno de um bulbo
central, são rígidas, lisas, cor verde – lustrosa com 10cm. de largura e 1,5m. de
comprimento aproximadamente.
4. Cultivares
Dois genótipos são utilizados no cultivo de sisal no Nordeste brasileiro:
A. sisalana ou sisal comum, que é amplamente cultivado na região, e o Híbrido
11648, que foi desenvolvido na região Oeste da África (SOUZA SOBRINHO et
al.,1985).
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O comprimento da folha e a resistência da fibra, características
importantes para a indústria, são qualidades intrínsecas de A. sisalana. O
híbrido 11648, entretanto, é mais resistente à seca, o que permite colheita
durante todo o ano. No processo de desfibramento, o híbrido 11648, quando
comparado a A. sisalana, tem a desvantagem de exigir maior esforço do
operador da máquina desfibradora; esta desvantagem, no entanto, pode ser
superada com o uso de máquinas desfibradoras automáticas.
Desta forma, ao escolher o genótipo a ser plantado, o agricultor deverá
levar em consideração a disponibilidade do clone em sua região, os critérios de
qualidade da fibra exigidos pela indústria e o tipo de máquina desfibradora
existente na propriedade (BEZERRA et al., 1991; SILVA e BELTRAO, 1999)
A espécie mais cultivada é a Agave sisalana. Há em uso os híbridos-da-
Paraíba e híbrido-do-Rio-Grande-do-Norte, mais exigentes em solo/clima e que
produzem até 700 folhas no ciclo (6 a 8 anos), contra 180 a 240 folhas do
comum em 5 a 15 anos. O ciclo médio de vida do sisal comum é 8 anos, findos
os quais a planta entra em floração e morre sem frutificar. O híbrido frutifica.
5. Cadeia produtiva
O sisal é a principal fibra dura produzida no mundo, correspondendo a
aproximadamente 70% da produção comercial de todas as fibras desse tipo.
No Brasil, a agaveicultura se concentra em áreas de pequenos produtores, com
predomínio do trabalho familiar. Além de ser fonte de renda e emprego para
muitos trabalhadores, o sisal fixa o homem no semi-árido nordestino, onde, não
raro, é a única alternativa de cultivo com resultados econômicos satisfatórios
para comunidades e famílias inteiras.
A fibra do sisal, beneficiada ou industrializada, rende mais de 80 milhões
de dólares em divisas para o Brasil, além de gerar mais de meio milhão de
empregos na sua cadeia de serviços, que começa com as atividades de
manutenção das lavouras, colheita, desfibramento e beneficiamento da fibra e
termina de forma direta com uma industrialização bastante concreta, e a
confecção de artesanato.
Levando-se em consideração o grande número de trabalhadores
envolvidos nos processos produtivo e industrial da fibra do sisal, é fundamental
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a busca de alternativas que viabilizem a competição da fibra com os fios
sintéticos, que são os principais responsáveis pelo baixo preço do sisal no
mercado internacional, portanto a redução de custos de produção, o
aproveitamento dos subprodutos do desfibramento e a maior eficiência no
processo de descorticamento são pontos que devem ser enfocados em
primeiro plano para tornar a cultura mais atrativa ao produtor rural.
5.1 Clima
A temperatura de conforto para o sisal fica em torno de 25ºC (média), e
chuvas entre 1.000-1.500mm/ano bem distribuídas.
5.2 Solos
Os solos ideais são os que possuem textura média (areno-argiloso a
argilo-arenoso), rico em cálcio, magnésio e potássio, permeável, com boa
drenagem, boa fertilidade, livres de encharcamento, profundidade mínima de
0,5m., pH 5,5 a 6,0, declividade abaixo de 5%.
5.3 Plantio
Em terrenos planos, recomenda-se que as linhas de plantio sejam
orientadas no sentido norte-sul, a fim de evitar o sombreamento entre as
plantas. É aconselhável também, dividir a área em talhões de
aproximadamente 2 ha, com o objetivo de facilitar a operação de colheita e o
transporte das folhas.
O plantio das mudas poderá ser realizado em sulcos, com o auxílio de
um sulcador tratorizado, em solos que permitam o tráfego de máquinas. Em
terrenos com topografia acidentada, pode-se também plantar as mudas em
covas, com o uso de enxadas ou enxadões. Na região Nordeste, a época
adequada para o plantio é antes do início da estação chuvosa.
5.4 Preparo da área
Limpeza, queima, aração, gradagem, adubação.
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Aração: a trator ou animal, a uma profundidade de 20cm., cortando-se o
sentido das águas.
Gradagem: deve ser leve para nivelar o terreno e eliminar ervas daninhas.
6. Material para Plantio
O sisal é propagado assexuadamente por bulbilhos e rebentos. Os
bulbilhos são produzidos no escapo floral, após a queda das flores; os rebentos
se originam de rizomas subterrâneos emitidos pela planta-mãe. Normalmente,
os rebentos têm sido mais utilizados no plantio do sisal no Nordeste brasileiro
Caso sejam escolhido rebentos, como material para plantio, estes
devem ser selecionados levando-se em consideração os seguintes aspectos:
A planta-mãe deve ser sadia, ter adequado desenvolvimento
vegetativo e produtivo, assim como boas condições fitossanitárias;
Devem ser separados quanto à idade, tamanho e diâmetro do
bulbo;
Descartar os rebentos advindos de plantas-mãe no final de ciclo,
pois estes possuem menor longevidade;
Devem ser selecionados de acordo com a sua altura (40 a 50cm)
e número de folhas (entre 12 e 15).
Como dispensam enviveiramento, os rebentos são mais disponíveis
que os bubilhos, diminuindo despesas adicionais. Além disto, são resistentes
às intempéries climáticas, podendo ser arrancados e armazenados por alguns
dias em lugares frescos e abrigados do sol e do vento.
No caso de se optar por bulbilhos, como material para plantio, estes
deverão ser cultivados considerando os seguintes aspectos:
O viveiro deverá ser alocado em terreno fértil, de boa drenagem,
propício à irrigação e próximo da área de plantio definitivo;
Os bulbilhos selecionados deverão apresentar tamanho superior a
10cm, sendo, preferencialmente, isentos de espinho nos bordos laterais das
folhas;
A planta mãe deve ser produtiva, vigorosa e saudável.