Relatório Final Projeto Agrisus: 648/09 Título da Pesquisa: Espécies de cobertura para áreas de milho destinadas à ensilagem para a Região Central de Minas Gerais Coordenador do Projeto: Silvino Guimarães Moreira Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei -UFSJ Programa Institucional de Bioengenharia- Campus Sete Lagoas Rodovia MG 424, km 65 - EMBRAPA - NIA - CEP: 35 701-970 - Sete Lagoas - MG – Brasil, Fone: 31 9986-0145 E-mail: http://www.ufsj.edu.br/[email protected]Local da Pesquisa: Fazenda Santo Antônio, Matozinhos, MG Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$11.900,00 Vigência do Projeto: 01/03/10 a 30/04/11 Sete Lagoas – MG Maio de 2011
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Silvino Guimarães Moreira Universidade Federal de São João ... · de São João Del Rei -UFSJ, E-mail- [email protected] ou [email protected]. Programa Bioengenharia,
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Relatório Final
Projeto Agrisus: 648/09
Título da Pesquisa: Espécies de cobertura para áreas de milho destinadas
à ensilagem para a Região Central de Minas Gerais
Coordenador do Projeto: Silvino Guimarães Moreira
Instituição: Universidade Federal de São João Del Rei -UFSJ
Programa Institucional de Bioengenharia- Campus Sete Lagoas
preta (Avena strigosa) e girassol (Helianthus annuus).
A dimensão de cada uma das parcelas foi de 7 x 20 m (140 m2). A dimensão de
sete metros correspondeu a 10 linhas de milho espaçadas de 0,70 m entre linhas, que é
o espaçamento adotado na fazenda. A distribuição das sementes das plantas de
cobertura foi realizada no dia 13 de março de 2010, de forma manual, a lanço. A fim de
aumentar o volume de sementes que seria aplicado por parcela, para buscar melhorar a
distribuição das sementes, foi misturada na quantidade de cada semente uma dosagem
fixa de areia (5 litros). Imediatamente após a distribuição sementes das plantas de
cobertura foi realizada uma incorporação com grade leve fechada. Na Figura 2 é
mostrada a situação da área no dia da semeadura das culturas de cobertura.
Figura 2. Situação da área no dia da semeadura das plantas de cobertura (13 de março de 2010).
Antes da semeadura das plantas de cobertura, a área foi subsolada a 25 cm, com
subsolador com rolo destorroador traseiro, com disco de corte na parte frontal e com
presença de cinco hastes, espaçadas a 40 cm. Essa operação é realizada anualmente
na fazenda, após a colheita da silagem, quando a colheita da silagem é realizada com
solo úmido, fato que também ocorreu nessa safra.
Antes da implantação do experimento (semeadura das espécies de cobertura)
foram retiradas amostras de terra para caracterização química. As análises de macro e
micronutrientes foram executadas utilizando-se os métodos e extratores de rotina,
conforme metodologias descritas em Silva (1999). Os resultados iniciais dos atributos
químicos do solo e dos teores de macro e micronutrientes das camadas de 0 a 20 cm e
20 a 40 cm são apresentados nas Tabelas 2 e 3. Após a colheita do milho, foram
retiradas novas amostras de terra em cada parcela, a fim de se verificar o efeito dos
diferentes tratamentos.
Tabela 2. Atributos químicos do solo e teores de macro e micronutrientes das camadas de 0 a 20 e 20 a
40 cm (ano agrícola 10/11).
Prof. pH P K S Ca Mg Al H+Al Sb t T m% V % MO cm H2O mg/dm3 cmolc/dm3 % 0-20 5,6 50,3 122,0 5,0 4,3 1,2 0,5 5,2 5,8 6,3 11,0 7,9 52,7 3,0 20-40 5,4 35,2 66,0 9,8 4,0 0,9 0,2 5,2 5,1 5,3 10,3 3,8 49,3 2,4
Tabela 3. Micronutrientes das camadas de 0 a 20 e 20 a 40 cm (ano agrícola 10/11).
Profundidade B Zn Cu Fe Mn
cm ____________________________ mg/dm3 __________________________
0-20 0,2 4,7 1,2 0 50,6
20-40 0 0 0 0 0
Quanto às plantas de cobertura, os parâmetros avaliados foram produção de
matéria seca (MS) das culturas de cobertura na época de pleno florescimento e
percentagem de cobertura vegetal após a roçada das culturas, além dos teores de
nutrientes na parte aérea das plantas de cobertura (que serão apresentados nesse
relatório). Nas plantas de cobertura foram determinadas as concentrações de C, N, P, K,
Mg, Ca, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn e calculados o acúmulo desses nutrientes.
A avaliação da produtividade de MS das plantas de cobertura foi realizada na
época de pleno florescimento (84 dias da semeadura das plantas de cobertura), dia 05
de junho de 2010. Para avaliação da produtividade de MS das plantas de cobertura, foi
utilizado um quadrado de dimensões de 0,5 m de lado, como mostrado na Figura 3.
Figura 3. Quadro de dimensão de 0,5 m de lado, utilizado na avaliação da produção de massa seca das
plantas de cobertura. Foto retirada após o corte das plantas de cobertura e retirada do material.
Cada avaliação de produção de MS foi feita em três pontos por parcela. As
plantas foram cortadas rente ao solo e imediatamente pesadas no campo. Das três
amostras retiradas, duas foram devolvidas à parcela após a pesagem e uma amostra foi
levada ao laboratório, a qual foi seca em estufa a 60oC, triturada e submetida à análise
química para determinação dos teores totais de nutrientes, segundo Malavolta et al.
(1997).
A percentagem de cobertura do solo foi realizada dia dezenove de julho de 2010,
após a roçada total das parcelas. Para determinação da cobertura do solo foi
empregada a metodologia utilizada por Sodré-Filho et al. (2004). Utilizou-se uma
moldura de madeira de 0,5 m de lado, com uma rede de linhas de náilon a cada 0,05 m.
Como a moldura foi construída com 10 divisões em cada lado, cada quadrado (dos 100
totais) representava a cobertura de 1%, conforme pode ser visto na Figura 4. Para cada
avaliação, utilizaram-se três subamostras por parcela. As avaliações foram feitas após a
roçada das plantas de cobertura, antes da semeadura do milho e após a colheita do
milho.
Figura 4. Quadro de dimensões de 0,5 metro de lado, dividido em 10 partes por lado, utilizado para
determinação da cobertura do solo.
Em função do atraso das chuvas no mês de outubro de 2010 e da alta
intensidade de chuvas no mês de novembro, conforme mencionado, a semeadura do
milho foi realizada apenas no dia 10 de dezembro de 2010. Todos os tratos culturais,
desde a pré-semeadura até a colheita, foram rigorosamente aqueles utilizados pelo
produtor no restante da gleba.
No mês de setembro de 2010 foi aplicado em toda a gleba 1 t/ha de gesso
agrícola, visando o fornecimento de enxofre. No mês de outubro de 2010, toda a gleba
foi dessecada utilizando-se Glifosato (1920 gramas/ha de ingrediente ativo). A razão
da dose elevada se deve ao fato da presença de grande quantidade de Panicum sp.
na gleba, como um todo (exceção do local do experimento, com as espécies de
cobertura).
Na semeadura, utilizou-se o híbrido P3862 H (híbrido Bt da empresa Pionner),
no espaçamento de 0,7 m entre linhas, com 4,3 sementes por metro linear (61.400
sementes por hectare). As sementes utilizadas também foram tratadas industrialmente
com inseticidas (princípios ativos fripronil e tiametoxan). Além disso, foi realizado o
tratamento com o inseticida no sulco de semeadura (clorpirifos, na dosagem de 2 litros
de produto comercial por hectare).
A adubação de base foi realizada com 400 kg/ha de NPK 082016 (32 kg/ha de N,
80 kg/ha de P2O5 e 64 kg/ha de K2O). A adubação de cobertura foi realizada no estágio
V4 da cultura, com 400 kg/ha de NPK250025 (112,5 kg/ha de N e 112,5 kg/ha de K2O).
O adubo foi aplicado de forma enterrada (5 cm), com o cultivador de disco central no
meio das linhas de semeadura.
Antes da adubação de cobertura da cultura do milho, foi realizada o manejo
químico de ervas daninhas com herbicidas atrazina (125 gramas de princípio ativo/ha) e
tebotriona (76 gramas de princípio ativo/ha).
A colheita do milho foi realizada no dia 25 de março de 2011. Para determinação
da produtividade de matéria natural e matéria seca foram colhidas três fileiras centrais
de cada parcela, com três metros de comprimento. Para determinação dos teores de
nutrientes nas diferentes partes da planta (caule, folha e espiga) foram colhidas
separadamente cinco plantas por parcela. Após pesagem do material a campo, as
diferentes partes das plantas foram secadas em estufa e, posteriormente, moídas.
Posteriormente foram determinados os teores de todos os macronutrientes (C, N, P, K,
Mg, Ca e S) nas diferentes partes da planta (caule, folhas e espigas), conforme
Malavolta et al. (1997).
Para determinação das quantidades de matéria seca acumulada nas diferentes
partes das plantas por hectare baseou-se na produtividade de matéria natural, obtidas
após a pesagem das plantas das três fileiras de plantas, e na proporção de matéria seca
obtida de cada parte (folha, colmo e espiga), obtida pela pesagem das cinco plantas.
Após a colheita do milho foi realizada outra amostragem de solo. Durante as
amostragens de solo foram retiradas 10 subamostras, para compor uma amostra
composta. As profundidades de amostragem foram de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm. As
análises de solo foram executadas utilizando-se os métodos e extratores de rotina
mencionados em lvarez V. et al. (1999), conforme metodologias descritas em Silva
(1999).
Todos os dados obtidos foram submetidos a análises de variância e testes de
média para a comparação dos tratamentos com auxílio do programa estatístico Sisvar
(Ferreira, 2000).
3. Resultados e Discussão
Primeiramente são apresentados e discutidos os dados referentes às plantas de
cobertura. Posteriormente, os resultados referentes às concentrações de nutrientes nas
folhas de milho, teores acumulados nas diferentes partes da planta, bem como as
produtividades de matéria seca (MS) de milho e os teores de nutrientes no solo são
apresentados e discutidos.
3.1. Produção de matéria seca pela parte aérea das plantas de cobertura
Com a Região Central de Minas Gerais apresenta, de modo geral, as estações
outono-inverno (maio a setembro) com pouca intensidade de chuvas (Tabela 1), este é
um dos maiores gargalos para a germinação e desenvolvimento de plantas de cobertura
nessa época. No entanto, no ano de 2010, dois dias após a semeadura das plantas de
cobertura (13 de março) houve uma precipitação de 70 mm na área. Nos dias
posteriores à semeadura também ocorreram novas precipitações (Figura 1), totalizando
128 mm de chuva no mês de março.
Da semeadura das plantas de cobertura até a avaliação da produtividade de MS
houve 230 mm de chuva. Em função da presença dessa umidade no solo houve um
rápido desenvolvimento inicial da maioria das plantas de cobertura, como pode ser
verificado nas Figuras 5, 6 e 7.
Figura 5. Desenvolvimento da crotalária juncea, 20 dias após a semeadura.
Figura 6. Desenvolvimento do nabo forrageiro 20 dias após a semeadura.
Figura 7. Desenvolvimento da Brachiaria ruzziensis 20 dias após a semeadura.
A produtividade de MS da parte aérea das plantas de cobertura é apresentada na
Tabela 4. A quantidade de MS produzida é um importante fator para a manutenção e/ou
aumento do teor de matéria orgânica no solo (Sá, 1998). Os resíduos vegetais
constituem-se de restos de culturas remanescentes dos cultivos anteriores localizados
na superfície do solo (Bayer, 1992), e sua quantidade sobre o solo pode ser considerada
como uma síntese das adições e perdas ocorridas (Pavinato, 1993).
Tabela 4. Produtividade de matéria seca (MS) da parte aérea das plantas de cobertura.
Tratamentos Matéria seca
kg/ha
Girassol 10258 A
Milheto ADR 500 8603 AB
Nabo forrageiro 6749 BC
Crotalária juncea 5777 BCD
B. decumbens 4727 CDE
B. ruziziensis 3694 DE
Tremoço 3692 DE
Aveia 2802 DE
Pousio 2621 E *Médias seguidas de mesmas letras diferentes na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de significância.
As culturas de girassol, milheto, nabo forrageiro e crotalária apresentaram alta
produtividade de MS (Tabela 4), como também pode ser testemunhado pelo alto
desenvolvimento dessas culturas (Figuras 8 e 9). O nabo forrageiro apresentou
produtividade muito acima daquelas descritas por Derpsch & Calegari (1992) e Calegari
(1998) para o Estado do Paraná, que é de 3.000 kg ha-1 de MS da parte aérea (valores
descritos oscilando entre 2.000 e 6.000 kg ha-1 de MS no estádio de floração).
Entre as culturas com maior produtividades de MS, apenas a crotalária produziu
menos do que 6 t/ha de MS, que é descrita como a mínima quantidade de palha
necessária para a manutenção do SSD (Alvarenga et al., 2001).
Figura 8. Desenvolvimento das culturas do girassol e nabo forrageiro, próximo à época
de avaliação da produtividade de matéria seca.
Figura 9. Desenvolvimento das culturas do milheto e braquiária decumbens, próximo à
época de avaliação da produtividade de matéria seca.
A comparação direta dos dados obtidos nesse trabalho com os dados da literatura
se torna difícil, pois as produtividades dessas culturas variam com os fatores climáticos
e com as diferentes épocas de semeadura. Existem relatos de altas produtividade de
MS por plantas de cobertura obtidas em semeaduras de verão, o que é diferente da
proposta do trabalho atual, que é apenas cultivar uma planta de cobertura, após a
cultura principal (verão), a fim de se manter o solo coberto durante a maior parte do ano.
As diferenças de produtividades entre cultivos de verão e outono/inverno são
grandes, em função das diferenças entre as pluviosidades das duas épocas, como foi
relatado no estudo de Torres et al. (2008). Em cultivo de verão, em Uberaba, MG,
verificaram alta produção de MS de milheto (10,3 t/ha). Por outro lado, no cultivo de
safrinha (semeadura em abril), a produtividade foi de apenas 3,6 t/ha. Em outro trabalho
trabalho desenvolvido em Diamantina, MG, por Nunes et al. (2006), com espécies de
braquiária (B. decumbens e B. brizantha), panicum (P. maximum, cv. tanzânia e
mombaça) e leguminosas (crotalária, calopogônio, feijão guandu e mucuna preta),
verificaram que apenas as gramíneas apresentam produtividade acima de 6 t/ha de MS.
No presente estudo, a produtividade de MS do girassol superou os 10000 kg.ha-1
e a do milheto chegou a quase 9000 kg.ha-1 (Tabela 4). A produtividade do girassol
nesse primeiro ano de estudo foi mais de 10 vezes superior à obtida por Carvalho et al.
(2008) (898 kg.ha-1) em Planaltina (DF). No mesmo estudo, o milheto produziu cerca de
25% da MS obtida no atual estudo, atingindo 2103 kg.ha-1. Isso mostra a importância
principalmente das condições climáticas para adequada produtividade dessas culturas.
No primeiro ano do presente estudo, as condições de umidade do solo foram bastante
favoráveis ao desenvolvimento das culturas, como pode ser observado na Figura 1.
Quando se compara a produtividade do milheto com outras obtidas na literatura,
nota-se que a produtividade de MS do milheto foi muito superior às descritas por Pitol et
al. (1996), de 4.000 a 5.000 kg ha-1, e a obtida por França e Madureira (1989), em área
de solo sob cerrado (4.500 kg ha-1 de MS). Por outro lado, Carvalho (2000) relatou
produção de MS superior a 10000 kg ha-1, em solo sob cerrado.
Com relação à crotalária, existem relatos na literatura, de produtividades de MS
entre 10.000 a 15.000 kg ha-1 (Wutke, 1993), mesmo não estando em seu florescimento
pleno. A menor produtividade dessa cultura (5777 kg ha-1) no presente estudo pode
está relacionado às condições climáticas no período em que foi cultivada, principalmente
aquelas referentes ao fotoperíodo desfavorável.
É importante ressaltar que nas parcelas com aveia e tremoço, grande parte da
MS foi composta de ervas daninhas, principalmente colonião (Panicum maximum), o
qual é muito comum nas áreas de milho que ficam em pousio na região. Isso ocorreu
devido ao baixo desenvolvimento inicial dessas culturas, como pode ser visto nas
Figuras 10 e 11. No presente estudo, as menores produtividade de MS foram obtidas
nas parcelas com aveia, tremoço e naquelas em pousio (Tabela 4).
Figura 10. Desenvolvimento da aveia preta, no mês de maio de 2010, com presença de ervas daninhas.
Figura 11. Desenvolvimento do tremoço, no mês de maio de 2010, com presença de ervas daninhas.
Nas parcelas em que houve pousio (ausência de cultura de cobertura), também
houve predominância de capim colonião. Dessa forma, a permanência do solo em
pousio ou com a semeadura de plantas de cobertura não adaptadas à região contribui
para maior infestação de plantas invasoras. A ausência de um volume adequado de
palhada sobre o solo pode acarretar em um aumento do banco de sementes de plantas
daninhas (Camargo & Piza, 2007).
Apesar de as produtividades das braquiárias do presente trabalho terem sido
intermediárias, estas também apresentam rápido desenvolvimento inicial e elevada
percentagem de cobertura do solo, não possibilitando o desenvolvimento de plantas
daninhas, conforme será discutido posteriormente. Plantas com rápido desenvolvimento
inicial são importantes para possibilitar a cobertura do solo o maior tempo possível,
evitando-se erosão. Além disso, essas espécies teriam maior capacidade para competir
com plantas daninhas, evitando seu desenvolvimento (Camargo & Piza, 2007). As
produtividades obtidas pelas braquiárias (B. decumbens e B. ruziziensis) foram
superiores à obtida pelo braquiarão (Brachiaria brizantha), no trabalho de Torres et al.
(2008) em condições de safrinha na região de Uberaba, MG (2,1 t/ha).
3.2. Percentagens de cobertura vegetal
As diferentes percentagens de cobertura vegetal, proporcionadas pelas plantas
de cobertura, após a roçada (Figura 12), desde o manejo das plantas de cobertura
(roçada) até a retirada das plantas de milho (após a colheita) são apresentadas na
Tabela 5.
Tabela 5. Percentagem de cobertura vegetal proporcionada pelas diferentes plantas de cobertura, após a roçada (Época 1), após a semeadura do milho (Época 2) e após a colheita do milho (Época 3).
Tratamentos Época 1 Época 1 Época 3
% Aveia 76,5 B 77,3 B 64,8 A B. decumbens 99,3 A 96,8 A 90,3 A B. ruziziensis 100,0 A 97,5 A 76,8 A Crotalária juncea 75,8 B 67,9 C 70,2 A Girassol 76,3 B 64,8 C 66,3 A Nabo forrageiro 86,4 A 49,3 D 56,0 A Milheto ADR 500 84,8 A 76,6 B 61,9 A Tremoço 67,0 B 69,8 C 71,7 A Pousio 89,7 A 80,3 B 70,9 A *Médias seguidas de mesmas letras diferentes na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de significância.
Houve diferença nas percentagens de cobertura das plantas de milho nas duas
primeiras amostragens. Na última amostragem, as avaliações foram prejudicadas pela
contaminação dos resíduos de silagem sob o solo. Após o corte manual das plantas de
milho, foi realizado o corte mecanizado do restante das plantas com a ensiladeira, a qual
perdeu resíduos de silagem sob o solo. Essas perdas de silagem não eram homogêneas
entre as diferentes parcelas, o que provocou prejuízos na última avaliação. Dessa forma,
no relatório serão discutidos os dados referentes às duas primeiras avaliações.
Nas duas primeiras avaliações, as culturas de B. decumbens e B. ruziziensis
apresentaram as maiores altas percentagens de cobertura do solo (Tabela 5), as quais
foram superiores às observadas para o girassol, o qual apresentou a maior
produtividade de MS (Tabela 4). Na segunda avaliação as percentagens de cobertura
proporcionada pelas braquiárias foram superiores às apresentadas por qualquer uma
das culturas, mostrando a importância das mesmas na manutenção da cobertura do
solo e de sua proteção quanto à erosão. Outro ponto importante relacionado às
braquiárias é o fato de as mesmas serem perenes, o que permite que as mesmas
rebrotem após a roçada, podendo continuar crescendo e produzindo massa, o que não
ocorre com grande parte das culturas utilizadas como plantas de cobertura.
Muito embora a percentagem de cobertura vegetal da área de pousio ter sido
semelhante à apresentada pelas braquiárias na primeira amostragem, ressalta que a
cobertura vegetal na área de pousio foi devido à presença de ervas daninhas.
Apesar de as percentagens de cobertura vegetal das parcelas com baixa
produtividade de MS (Tabela 4), como aveia e tremoço, terem sido semelhantes às das
parcelas com altas produtividades de MS, como crotalária e girassol, nota-se que boa
parte da cobertura vegetal das parcelas com aveia e tremoço também foi devido à
presença de ervas daninhas.
Nas parcelas com nabo forrageiro houve grande cobertura do solo na primeira
avaliação, semelhante às coberturas apresentadas pelas braquiárias. Por sua vez, na
segunda avaliação (após a semeadura do milho), boa parte da cultura da palhada do
nabo já havia se degradado, pois observou-se menos de 50% de cobertura do solo.
Esse fato pode está relacionado com a rápida degradação de palhadas com baixa
relação C:N, como o nabo.
Apesar de sua rápida degradação, observada após o manejo, o nabo tem a
vantagem de ser uma cultura de rápido desenvolvimento inicial na região,
desfavorecendo a germinação e crescimento de plantas daninhas. Nas parcelas com
nabo forrageiro houve grande supressão das plantas daninhas, devido ao seu alto
desenvolvimento desta cultura e, possivelmente, a algum efeito alelopático, ao contrário
do observado por Bolloer e Gamero (2002), que descreveram a ocorrência de uma
maior supressão de plantas daninhas exercida pela aveia preta em comparação ao nabo
forrageiro. Possivelmente isso ocorreu porque nas condições edafoclimáticas em que foi
realizado o trabalho de Boller e Gamero (2002), houve maior desenvolvimento da aveia
do que o observado na região de Sete Lagoas.
A manutenção da cobertura do solo é fundamental durante todo o ano,
principalmente no início do período chuvoso, pois na região são comuns precipitações
de intensidades elevadas que tornam a erosão hídrica bastante crítica. Assim, o cultivo
de plantas de cobertura adaptadas à condição local e que confiram altas produtividades
de MS e percentagens de cobertura vegetal do solo no outono inverno assume grande
importância. Talvez, uma alternativa a ser estudada possa ser a alternância entre os
anos de cultivos de plantas com rápido desenvolvimento inicial, com plantas que
apresentem alta percentagem de cobertura e maior permanência no solo, após seu
manejo. Por isso, há necessidade de continuidade do trabalho por longo período, a fim
de se buscar as melhores opções para a região. Na Figura 12 pode ser visualizada a
situação de cobertura do solo, após a roçada da parcela em que foi cultivado o milheto
ADR 500.
Figura 12. Situação de cobertura do solo, após a roçada da parcela em que foi cultivado o milheto
ADR 500.
3.3. Concentrações de macronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura
Na Tabela 6 são apresentadas as concentrações de macronutrientes na parte
aérea das plantas de cobertura e as respectivas relações C:N. No presente estudo, as
concentrações de Ca, P e S encontradas no nabo forrageiro foram superiores às
encontradas nas partes aéreas de todas as outras culturas. A cultura do nabo forrageiro
tem se destacado como recicladora, pelos elevados teores de nutrientes encontrados
em sua parte aérea (Calegari, 1990).
Tabela 6. Concentração de macronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura.
Pousio 84,6BC 1205E 48,7D 8,1C 8,2D 24,1C 7,2C *Médias seguidas de letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de significância.
No presente estudo, com exceção das quantidades de N acumuladas, de modo
geral, as quantidades de P, K, Ca, Mg e S foram maiores nas plantas que apresentaram
as maiores quantidades acumuladas de MS (Tabelas 4 e 7) - girassol, milheto e nabo.
Em trabalho desenvolvido por Carvalho et al. (2008), em Planaltina (DF), o nabo-
forrageiro apresentou os maiores teores (g/kg) e quantidades acumuladas (kg/ha) de P,
comparado a outras de plantas de cobertura, semelhante ao observado neste trabalho.
Em um experimento realizado no Município de Marechal Cândido Rondon, PR,
Crusciol et al. (2005) observaram que o nabo forrageiro, no estádio de pré-florescimento,
acumulou 57,2, 15,3, 85,7, 37,4, 12,5 e 14,0 kg.ha-1 de N, P, K, Ca, Mg e S,
respectivamente. De forma geral, as quantidades acumuladas foram muito inferiores às
obtidas nesse trabalho. Essas diferenças nas quantidades de nutrientes acumuladas
podem ser atribuídas às diferenças nas produtividades de MS. No trabalho de Crusciol et
al. (2005), a produtividade do nabo forrageiro foi inferior a 3 t/ha de MS, enquanto no
presente estudo, o nabo forrageiro produziu quase 7 t/ha de MS (Tabela 4).
Em condições de desenvolvimento favoráveis ao milheto, Torres et al. (2008)
obtiveram valores acumulados de N e P semelhantes ao observado nesse estudo.
Nestas mesmas condições, esses autores observaram teores acumulados de N e P nas
cultivares de crotalária juncea e aveia preta, inferiores aos obtidos nesse trabalho.
No presente trabalho, a maior quantidade de N foi acumulada pela crotálaria,
possivelmente devido à fixação simbiótica do N atmosférico. Por sua vez, a menor
quantidade foi acumulada pela aveia (Tabela 7), possivelmente devido a sua baixa
produtividade de MS (Tabela 4). No entanto, a aveia apresenta elevado potencial de
absorção e acumulação de N, alcançando quase 150 kg ha-1 (Heinzmann, 1985),
quando é cultivada em condições favoráveis ao seu desenvolvimento.
3.5. Concentração de micronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura.
Embora a avaliação dos micronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura
não estivesse inicialmente sido aprovada pela Fundação Agrisus, a mesma foi inclusa
nas avaliações, devido ao apoio laboratorial do Departamento de Ciência do Solo da
Universidade Federal de Lavras.
A concentração de micronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura é
apresentada na Tabela 8. O fato mais marcante dos dados é a concentração
extremamente elevada de Mn na parte aérea do tremoço, comparado aos demais
tratamentos (valor semelhante nas parcelas dos quatro blocos). Sabe-se que em
algumas leguminosas, possivelmente durante o estádio de enchimento de grãos, há
uma alta concentração de Mn na seiva do floema, o que está estreitamente
correlacionado com a ocorrência de sintomas da desordem denominada “semente
partida” em tremoço (Campbell e Nable, 1988). Existem poucas informações na
literatura relacionadas com a concentração de micronutrientes nessas plantas de
cobertura, sugerindo que o assunto merece ser investigado.
Tabela 8. Concentração de micronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura. Tratamento B Cu Fe Mn Zn ________________________________________ mg/kg _____________________________________
Aveia 13,2D 8,1 ABC 236,1A 267,5B 32,5A B. decumbens 15,6D 7,8 ABC 369,6A 335,2B 33,3A B. ruziziensis 18,1D 6,2 BC 377,7A 321,2B 34,9A Crotalária juncea 29,7ABC 6,6 BC 214,7A 216,1B 37,2A Girassol 33,2AB 10,3 AB 115,9A 227,5B 34,9A Nabo forrageiro 35,2A 3,8C 149,1A 385,3B 50,8A Milheto ADR 500 14,2D 8,5ABC 169,8A 239,4B 33,6A Tremoço 23,3BCD 6,6BC 223,4A 3204,6A 35,7A Pousio 20CD 12A 729,4A 496,9B 35,7A *Médias seguidas de letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5 % de significância.
Os teores dos demais nutrientes foram extremamente variáveis entre as culturas.
Se por um lado o maior teor de B foi observado na parte aérea do nabo forrageiro, a
cultura também apresentou a menor concentração de Cu.
3.6. Acúmulo de micronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura
As quantidades de micronutrientes acumuladas na parte aérea das plantas de
cobertura são apresentadas na Tabela 9. As maiores quantidades de B e Zn foram
acumuladas pelas culturas do girassol e nabo forrageiro, mostrando a importância
desses micronutrientes para essas culturas. O Girassol também acumulou a maior
quantidade de Cu na sua parte aérea. No caso do Mn, a quantidade acumulada pelo
tremoço foi quase 10 vezes maior do que a quantidade acumulada pela testemunha, o
que já era esperado, devido à alta concentração de Mn observada na parte aérea do
tremoço.
Tabela 9. Acúmulo de micronutrientes na parte aérea das plantas de cobertura.
Aveia 2538,2 A1 5185,6 A 2804,8 A 10528,6 A B. decumbens 2724,2 A 5417,2 A 2876,1 A 11017,5 A B. ruziziensis 2264,6 A 4402,3 A 1728,4 A 8395,2 A Crotalária juncea 2314,8 A 4850,7 A 1545,7 A 8711,1 A Girassol 2671,8 A 5501,9 A 2370,4 A 10544,0 A Nabo forrageiro 3046,3 A 6431,6 A 3694,3 A 13172,2 A Milheto ADR 500 2243,9 A 4569,1 A 1978,2 A 8791,3 A Tremoço 3368,1 A 7244,9 A 2132,6 A 12745,6 A Pousio 2639,7 A 5572,0 A 2666,9 A 10878,6 A 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
Em outras regiões do país, há relatos de maiores produtividades de grãos de
milho, em cultivo após leguminosas. Em solos sob cerrado, em Selvíria (MS), os maiores
produtividades do milho foram obtidos quando o milho foi cultivado após a crotalária. A
maior produtividade do milho após a crotalária foi atribuída ao N residual deixado no solo
pela crotalária (Carvalho et al., 2004). Em Santa Maria (RS), o milho cultivado em
sucessão à aveia proporcionou o menor rendimento do que o milho em sucessão à
leguminosas (Gonçalves & Ceretta, 1999).
No presente estudo, a ausência de resposta do milho às culturas antecessoras
provavelmente foi devido às condições climáticas desfavoráveis ao cultivo do milho.
Inicialmente, houve um veranico no mês de outubro de 2010, o que atrasou a
semeadura do milho, a qual era planejada para novembro. No mês de novembro, o
excesso de chuva dificultou muito a semeadura, a qual foi realizada apenas no dia 10
de dezembro.
Apesar de o atraso de semeadura influenciar negativamente na produtividade, o
fator mais importante foi o veranico ocorrido entre os meses de janeiro e fevereiro de
2011. Entre os dias 17 de janeiro e 23 de fevereiro de 2011 houve apenas 6 mm de
chuvas, quando o milho se encontrava com menos de 40 dias de semeadura. Segundo
técnicos e produtores da região, esse foi um dos maiores veranicos já ocorridos na
região. Esse fato foi comprovado na própria propriedade em que o experimento foi
realizado, em função da perda de glebas inteiras de milho na fazenda, fato nunca antes
observado.
As parcelas do experimento foram profundamente afetadas pela falta de chuva.
Durante a colheita do experimento foram coletadas inúmeras plantas sem espigas,
independentemente do tratamento. Isso pode ser testemunhado também pela pequena
proporção da MS da espiga, comparadas com a MS total da planta. Enquanto é citado
na literatura que somente a MS dos grãos (espiga sem sabugo e palha) pode variar
entre 30 a 50% da MS total da planta (Ferreira, 2001), no atual estudo, a proporção da
espiga total (grãos, sabugo e palha) ficou bem abaixo de 30%. Deve ser ressaltado
também que muitas plantas apresentavam espigas sem grãos.
Com exceção das concentrações de N e S, as concentrações de macronutrientes
nas folhas de milho não variaram com as plantas de cobertura (Tabelas 11). No entanto,
mesmo para esses nutrientes, as variações foram pequenas, o que pode está
relacionado com as condições climáticas desfavoráveis ocorridas. No caso do N, as
diferenças entre a maior concentração (girassol) e a menor (tremoço) foi de apenas
0,4%. No caso do S, as diferenças foram ainda menores.
Tabela 11. Concentração de macronutrientes nas folhas das plantas de milho, em função das plantas de cobertura.
Aveia 21,1 AB 2,1 A 11,3 A 7,6 A 1,6 A 1,75 AB B. decumbens 21,3 AB 2,1 A 11,9 A 7,4 A 1,7 A 1,77 AB B. ruziziensis 20,9 AB 2,1 A 11,2 A 6,7 A 1,5 A 1,67 B Crotalária juncea 21,6 AB 2,2 A 10,5 A 7,6 A 1,8 A 1,72 AB Girassol 23,6 A 2,2 A 10,3 A 8,4 A 1,6 A 1,90 AB Nabo forrageiro 22,6 AB 2,2 A 11,8 A 8,3 A 1,8 A 2,00 A Milheto ADR 500 21,3 AB 2,3 A 10,5 A 7,7 A 1,7 A 1,82 AB Tremoço 19,6 B 2,4 A 9,5 A 7,8 A 1,8 A 1,80 AB Pousio 20,0 B 2,1 A 10,8 A 7,0 A 1,8 A 1,80 AB 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
Como os teores descritos acima são da planta em final de ciclo (colheita da
silagem), além de serem de todas as folhas das plantas (folhas novas, maduras e
velhas) não é possível compará-los diretamente com os teores considerados
adequados para o milho (coletados apenas na folha diagnóstica e colhidos na época do
florescimento). No entanto, é possível fazer algumas inferências. Com exceção das
concentrações foliares de N e K nas folhas, os teores de P, Ca, Mg e S estavam dentro
ou acima daqueles considerados adequados para o milho, conforme Coelho e França
(1999). Segundo esses autores, os teores adequados para a cultura do milho variam
de 27,5-32,5; 1,9-3,5; 17,5-29,7; 2,3-4; 1,5-4 e 1,5 a 2,1 g/ha, respectivamente N, P,
K, Ca, Mg e S.
As concentrações de macronutrientes nos colmos da planta de milho não
variaram com os tratamentos, com exceção do K (Tabela 12). Em plantas cultivadas
para silagem, o potássio pode ser extraído em maior quantidade do N, em função da
colheita de toda a parte aérea da planta, pois como a maior parte do elemento se
concentra nas folhas e colmo. Assim, plantas que tem capacidade de reciclar o potássio
das camadas mais profundas do solo e trazer para a superfície podem trazer
benefícios à cultura do milho, quando cultivadas em sucessão a esse cultura. No
presente estudo, as plantas de milho cultivadas após a B. decumbens mostraram
concentração superior aquelas cultivadas após o girassol, mesmo o girassol sendo a
cultura que produziu a maior quantidade de MS (Tabela 4).
Tabela 12. Concentração de macronutrientes nos colmos das plantas de milho, em função das plantas de cobertura.
Aveia 7,5 A 0,8 A 6,8 AB 3,4 A 1,4 A 0,8 A B. decumbens 7,6 A 0,9 A 8,1 A 3,2 A 1,4 A 0,7 A B. ruziziensis 7,8 A 1,0 A 7,7 AB 3,2 A 1,4 A 0,7 A Crotalária juncea 8,6 A 1,0 A 6,0 AB 3,5 A 1,5 A 0,7 A Girassol 6,9 A 0,9 A 5,3 B 3,5 A 1,3 A 0,7 A Nabo forrageiro 7,7 A 1,0 A 7,7 AB 3,5 A 1,5 A 0,7 A Milheto ADR 500 7,8 A 1,0 A 6,5 AB 3,5 A 1,4 A 0,7 A Tremoço 8,4 A 1,1 A 6,1 AB 3,7 A 1,4 A 0,7 A Pousio 8,4 A 0,9 A 6,0 AB 3,5 A 1,5 A 0,7 A 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
Somente as concentrações de N e S nas espigas das plantas de milho variaram
com os tratamentos (Tabela 13). As plantas de milho cultivadas após a crotalária
apresentaram maior concentração de N nas espigas do que as plantas cultivadas sob a
aveia. Mesmo que essa maior concentração de N não tenha influenciado de forma
significativa a produção final de MS do milho (Tabela 10), o dado é importante, por
mostrar que em condições climáticas mais adequadas há potencial de maior
fornecimento de N às plantas de milho, quando as mesmas são cultivadas após a
crotalária. Vale ressaltar que a resposta da cultura do milho ao nitrogênio é muito alta.
Tabela 13. Concentração de macronutrientes nas espigas das plantas de milho, em função das plantas de cobertura.
Aveia 9,7 B 2,7 A 9,9 A 1,4 A 1,5 A 1,2 A B. decumbens 12,7 AB 3,0 A 10,8 A 1,3 A 1,6 A 1,2 A B. ruziziensis 12,4 AB 2,7 A 10,6 A 1,2 A 1,4 A 1,2 A Crotalária juncea 13,1 A 2,6 A 10,2 A 1,4 A 1,4 A 1,2 A Girassol 11,5 AB 2,3 A 8,9 A 1,4 A 1,4 A 1,0 B Nabo forrageiro 11,3 AB 2,9 A 9,4 A 1,3 A 1,7 A 1,2 A Milheto ADR 500 11,6 AB 2,4 A 9,5 A 1,3 A 1,5 A 1,1 B Tremoço 11,3 AB 2,1 A 9,2 A 1,4 A 1,4 A 1,0 B Pousio 10,6 AB 2,5 A 8,8 A 1,2 A 1,5 A 1,0 B 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
As quantidades acumuladas de macronutrientes nas folhas da planta de milho
apresentaram variação apenas para o P e o Ca (Tabela 14). Apesar de o tremoço ter
sido uma das culturas que apresentou as menores produtividades de MS (Tabela 4), foi
a aquela que proporciou à cultura do milho acumular a maior quantidade de P e Ca.
Por outro lado, as plantas de milho cultivadas em sucessão à B. decumbens e milheto
foram apresentaram as menores quantidades acumuladas de P e Ca, respectivamente.
Tabela 14. Quantidades de macronutrientes acumuladas nas folhas das plantas de milho, em função das plantas de cobertura.
Tratamentos N P K Ca Mg S ___________________________________________kg/ha ______________________________
Aveia 53,9 A 5,2 AB 29,3 A 19,6 AB 4,2 A 4,5 A B. decumbens 58,9 A 5,5 AB 33,2 A 19,8 AB 4,6 A 4,8 A B. ruziziensis 47,9 A 4,8 B 25,9 A 15,2 B 3,4 A 3,8 A Crotalária juncea 51,0 A 5,2 AB 24,8 A 17,6 AB 4,4 A 4,0 A Girassol 64,4 A 5,8 AB 28,5 A 21,5 AB 4,4 A 5,1 A Nabo forrageiro 68,5 A 6,6 AA 36,2 A 25,2 AB 5,5 A 6,1 A Milheto ADR 500 48,2 A 5,2 AB 24,1 A 17,8 B 3,8 A 4,2 A Tremoço 68,2 A 7,9 A 32,0 A 26,0 A 5,8 A 6,1 A Pousio 52,8 A 5,5 AB 28,6 A 18,8 AB 4,9 A 4,8 A 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
Da mesma forma ao que foi observado para as quantidades acumuladas de
nutrientes nas folhas das plantas de milho, apenas o P e o Ca acumulados nos colmos
das plantas de milho foram modificados pelas plantas de cobertura (Tabela 15). Apesar
de o tremoço ter sido uma das culturas que apresentou as menores produtividades de
MS (Tabela 4), foi a cultura que proporciou ao milho acumular a maior quantidade de P
e Ca nos colmos. Por outro lado, as plantas de milho cultivadas em sucessão à B.
decumbens e milheto apresentaram menores teores acumulados de Ca nos colmos do
que aquelas cultivadas após o tremoço. Os menores de P nos colmos foram
observados naquelas parcelas com B. decumbens e nas parcelas de pousio.
Tabela 15. Quantidades de macronutrientes acumuladas nos colmos das plantas de milho, em função das plantas de cobertura.
Aveia 37,4 A 4,1 B 34,1 A 17,6 AB 7,1 A 3,8 A B. decumbens 41,9 A 4,7 AB 45,7 A 17,1 AB 7,5 A 3,6 A B. ruziziensis 35,0 A 4,1 B 33,3 A 13,8 B 6,0 A 2,9 A Crotalária juncea 42,5 A 5,2 AB 28,8 A 16,7AB 7,5 A 3,4 A Girassol 38,7 A 5,1 AB 30,6 A 18,4 AB 7,2 A 4,1 A Nabo forrageiro 49,7 A 6,1 AB 50,3 A 22,4 AB 9,5 A 4,7 A Milheto ADR 500 36,2 A 4,3 AB 29,6 A 15,9 B 6,0 A 3,2 A Tremoço 60,1 A 7,6 A 44,5 A 26,4 A 9,9 A 5,2 A Pousio 46,3 A 5,0 B 32,7 A 19,2 AB 8,3 A 3,9 A 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
As quantidades acumuladas dos macronutrientes nas espigas das plantas de
milho não foram afetadas pelas plantas de cobertura, cultivadas anteriormente à cultura
do milho (Tabela 16). Acredita-se que a pouca variação ocorrida nas quantidades
acumuladas de nutrientes nas diferentes partes das plantas de milho, em função da
cultura anterior estejam relacionadas com os problemas climáticos durante a safra do
milho.
Tabela 16. Quantidades de macronutrientes acumuladas nas espigas das plantas de
Aveia 27,8 A 8,7 A 27,5 A 3,7 A 4,5 A 3,2 A B. decumbens 36,1 A 9,0 A 30,4 A 3,7 A 4,7 A 3,5 A B. ruziziensis 21,7 A 4,7 A 18,4 A 2,2 A 2,5 A 2,1 A Crotalária juncea 20,9 A 4,0 A 16,1 A 2,2 A 2,3 A 1,8 A Girassol 29,0 A 6,1 A 21,0 A 2,8 A 3,5 A 2,5 A Nabo forrageiro 41,9 A 11,7 A 34,0 A 4,3 A 6,7 A 4,2 A Milheto ADR 500 22,4 A 4,9 A 17,9 A 2,6 A 3,0 A 2,2 A Tremoço 24,5 A 4,5 A 19,8 A 2,9 A 3,1 A 2,2 A Pousio 28,0 A 6,9 A 23,4 A 3,0 A 4,2 A 2,8 A 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
As quantidades totais acumuladas de N, P, K e Mg na parte aérea das plantas de
milho não variaram com as plantas de cobertura, com exceção do Ca e S (Tabela 17).
Acredita-se que essa baixa variação ocorrida possa está relacionada com a pouca
variação nas concentrações foliares de nutrientes nas diferentes partes das plantas de
milho (Tabelas 11, 12 e 13) e na ausência de resposta na produtividade de MS das
plantas de milho (Tabela 10).
Tabela 17. Acúmulo de macronutrientes na parte aérea (total) da planta de milho, em
função das plantas de cobertura.
Tratamentos N P K Ca Mg S _________________________________________________ kg/ha _______________________________________________
Aveia 119,2 A 18,1 A 90,9 A 40,8 AB 15,7 A 11,5 AB B. decumbens 136,9 A 19,2 A 109,3A 40,6 AB 16,8 A 11,9 AB B. ruziziensis 104,6 A 13,7 A 77,6 A 31,2 B 12,0 A 8,8 B Crotalária juncea 114,4 A 14,5 A 69,7 A 36,5 AB 14,1 A 9,2 AB Girassol 132,1 A 17,0 A 80,2 A 42,7 AB 15,1 A 11,7 AB Nabo forrageiro 160,2 A 24,4 A 120,5 A 51,9 A 21,7 A 15,0 A Milheto ADR 500 106,7 A 14,4 A 71,6 A 36,3AB 12,8 A 9,6 AB Tremoço 152,8 A 20,0 A 96,3 A 55,3 A 18,8 A 13,5 AB Pousio 127,1 A 17,4 A 84,8 A 41,0 AB 17,3 A 11,4 AB 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
Com exceção do K e Mg, as quantidades acumuladas de N, P, K, Ca e Mg
observadas nesse experimento são semelhantes às descritas por Coelho e França
(1995), respectivamente, de 115, 15, 169, 35 e 26 kg/ha para produtividade de MS da
parte aérea do milho de 11,6 t/ha.
5. Atributos químicos do solo e teores de macronutrientes em função das diferentes plantas de cobertura
Os atributos químicos do solo e teores de macronutrientes das camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, após a colheita do
milho praticamente não variaram em função das plantas de cobertura (Tabelas 18 e 19). As mudanças observadas foram
pequenas, como esperado, uma vez que o tempo de experimentação é pequeno. Com exceção dos teores de K e Al da camada
de 0 a 10 cm, os demais atributos e teores de nutrientes não variaram com os tratamentos.
Tabela 18. Atributos químicos do solo e teores de macronutrientes da camada de 0 a 10 cm, em função das plantas de cobertura,
Aveia 5,4 A 4,8 A 4,6 A 61,8 A 152,5 B 6,7 A 4,9 A 0,7 A 0,4 B 16,5 A 35,0 A
B. decumbens 5,3 A 4,7 A 4,5 A 63,8 A 208,5 A 7,4 A 4,6 A 0,5 A 0,5 B 16,4 A 34,5 A
B. ruziziensis 5,2 A 4,7 A 4,7 A 58,9 A 197,0 A 6,6 A 3,8 A 0,5 A 0,5 B 15,2 A 31,5 A
Crotalária juncea 5,3 A 4,7 A 4,5 A 55,0 A 167,0 B 7,8 A 3,9 A 0,4 A 0,6 B 15,1 A 31,8 A
Girassol 5,3 A 4,7 A 4,7 A 57,4 A 198,0 A 5,3 A 4,7 A 0,6 A 0,4 B 16,5 A 35,0 A
Nabo forrageiro 5,3 A 4,7 A 4,7 A 67,3 A 256,5 A 5,5 A 4,5 A 0,5 A 0,5 B 16,8 A 34,0 A
Milheto ADR 500 5,3 A 4,7 A 4,5 A 67,1 A 211,8 A 6,4 A 3,8 A 0,5 A 0,5 B 15,5 A 31,0 A
Tremoço 5,4 A 4,9 A 4,8 A 58,6 A 235,3 A 7,2 A 5,8 A 0,6 A 0,4 B 16,6 A 42,0 A
Pousio 4,9 A 4,5 A 4,5 A 67,5 A 153,0 B 12,7 A 3,0 A 0,4 A 0,9 A 15,1 A 25,0 A 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
Um dos dados que chamou atenção foi o maior teor de alumínio trocável na área de pousio, comparado às áreas com as
plantas de cobertura. Apesar de já ser conhecido na literatura que algumas plantas de cobertura tem capacidade de aumentar o
pH do solo e, dessa forma, reduzir os teores de Al trocável, acredita-se que ainda é cedo para se chegar a esse resultado, pois
até o momento foi feito apenas um cultivo. Assim, trata-se de um dado para ser acompanhado na próxima safra.
Tabela 19. Atributos químicos do solo e teores de macronutrientes da camada de 10 a 20 cm, em função das plantas de cobertura,
Aveia 5,3 A 4,7 A 3,9 A 44,8 A 132,5 A 9,7 A 4,3 A 0,7 A 0,6 A 15,2 A 34,8 A B. decumbens 5,2 A 4,6 A 4,1 A 56,2 A 156,5 A 8,1 A 3,8 A 0,5 A 0,6 A 14,8 A 32,3 A B. ruziziensis 5,2 A 4,7 A 4,0 A 58,0 A 136,8 A 10,4 A 3,2 A 0,5 A 0,6 A 13,8 A 29,0 A Crotalária juncea 5,3 A 4,8 A 4,0 A 51,7 A 149,5 A 11,7 A 3,9 A 0,4 A 0,8 A 14,0 A 33,8 A Girassol 5,4 A 4,7 A 4,2 A 63,5 A 159,8 A 8,2 A 4,1 A 0,6 A 0,5 A 15,2 A 33,3 A Nabo forrageiro 5,1 A 4,6 A 4,2 A 58,1 A 158,5 A 9,4 A 3,7 A 0,5 A 0,7 A 14,9 A 30,3 A
Milheto ADR 500 5,1 A 4,6 A 4,1 A 59,9 A 172,0 A 12,0 A 3,0 A 0,4 A 0,6 A 14,3 A 27,0 A
Tremoço 5,5 A 5,0 A 4,2 A 50,1 A 155,5 A 10,3 A 5,1 A 0,5 A 0,4 A 14,9 A 40,3 A Pousio 4,9 A 4,5 A 4,2 A 64,1 A 154,0 A 18,1 A 2,3 A 0,3 A 1,1 A 13,6 A 22,3 A 1 Médias seguidas das mesmas letras, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância.
Como as análises de terra foram feitas nas camadas de 0 a 10 e 10 a 20 cm de forma separada, há dificuldades de se
fazer comparações diretas com os teores críticos descritos pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais -
CFSEMG (1999), uma vez que os teores descritos pela CFSEMG (1999) são para a camada de 0 a 20 cm.
Antes da semeadura do milho os valores de saturação por bases observados nas camadas de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm do
solo foram de 53 e 49%, respectivamente (Tabela 2). Nas análises das amostras de solo das camadas de 0 a 10 e 10 a 20 cm,
realizadas após a colheita do milho, foram observados valores bem inferiores aos descritos na Tabela 2. No entanto, como o solo
apresenta alta CTC, mesmo quando somente 30% da CTC é composta por bases (V% aproximadamente de 30), o solo pode
apresentar teores adequados de nutrientes. De qualquer forma, outras análises da área serão realizadas para avaliar necessidade
ou não de correção da acidez.
Na atual situação, os teores de K se apresentaram dentro da Classe de Níveis
Muito Bons (classe acima do nível de teores bons, descritos pela CFSEMG (1999)).
Essa classe compreende os teores de K acima de 120 mg/dm3. Os teores de fósforo
(determinação por Mehlich 1) encontrados nas duas camadas (0 a 10 e 10 e 20 cm)
foram superiores aos descritos pela CFSEMG (1999), como muito bons (acima de 18
mg/dm3 para solos argilosos).
Com exceção dos teores de Ca da camada de 10 a 20 cm da área de pousio,
que se apresentaram dentro da Classe de Níveis Médios (entre 1,21 a 2,4 cmolc/dm3),
todos os demais teores estavam dentro da Classe de Níveis Bons (2,41 a 4,0
cmolc/dm3) ou da Classe de Níveis Muito Bons (>4,0 cmolc/dm
3). No caso dos teores de
Mg das camadas de 0 a 10 e 10 a 20 cm, de modo geral, todos ficaram próximos dos
descritos como médios pela CFSEMG (1999) (teores entre 0,46 a 0,9 cmolc/dm3).
Quanto aos teores de alumínio trocáveis da camada de 0 a 10 cm, com poucas
exceções, todos estavam dentro dos níveis considerados baixos pela CFSEMG (1999)
(0,2 a 0,5 cmolc/dm3). Por sua vez, os teores de alumínio trocável da camada de 10 a 20
cm se enquadraram dentro de níveis considerados médios pela CFSEMG (1999) (0,51 a
1 cmolc/dm3). Dessa forma, acredita-se que mesmo os solos tenham apresentado baixos
valores de V%, os mesmos dispunham de nutrientes em quantidades adequadas para
suprir a cultura do milho. No entanto, a condição de fertilidade deverá ser reavaliada a
fim de tomar as medidas necessárias de correção da acidez.
6. Conclusões e considerações
No primeiro ano de estudos foi possível observar que boa parte das culturas de
B. decumbens, B. ruziziensis) apresentaram bom desenvolvimento vegetativo nas
condições da região. Há necessidade da continuidade de estudos, a fim de se observar
o comportamento das culturas ao longo dos anos.
Nessa primeira etapa de trabalho não foram observados respostas na
produtividade de matéria seca da parte aérea do milho para silagem devido às diferentes
plantas de cobertura. A falta de resposta foi atribuída à falta de condições de umidade
adequadas para cultivo do milho, devido ao veranico ocorrido.
7. Descrição das dificuldades e medidas corretivas.
A proposta inicial do trabalho seria efetuar o pagamento a terceiros para efetuar as
análises de solo e planta. Posteriormente, planejou-se efetuar as análises nos
laboratórios que seriam montados nas instalações da Universidade Federal de São João
Del Rei - UFSJ– Campus Sete Lagoas. No entanto, houve atraso na implantação dos
laboratórios na UFSJ–Campus Sete Lagoas e não mais foi possível executar as análises
nesse local.
Com o apoio do Dr. A.E. Furtini Neto, as primeiras análises referentes às plantas de
cobertura foram realizadas no Departamento de Ciência do Solo da Universidade
Federal de Lavras (DCS- UFLA). Em função da necessidade de maior urgência na
liberação dos resultados das análises de solo e da parte aérea das plantas de milho
para entrega do relatório, as últimas análises foram realizadas no Laboratório CAMPO -
Análises Agrícolas e Ambientais, em Paracatu, MG.
Houve dificuldades na realização nas análises físicas do solo, as quais ainda estão
sendo realizadas em Laboratórios da Embrapa – Milho e Sorgo. No entanto, houve
atrasos que não puderam ser contornados, em função da reforma atual de toda a
estrutura laboratorial da unidade.
8. Relatório Prático:
O trabalho foi realizado com os objetivos principais de se estudar as melhores
opções de culturas de outono – inverno para serem implantadas após a colheita de
lavouras de milho para silagem na Região Central de Minas gerais. Buscou-se avaliar
principalmente o efeito dessas culturas na produtividade da planta inteira de milho. O
trabalho foi realizado na Fazenda Santo Antônio, no Município de em Matozinhos – MG.
Foram estudadas oito espécies de cobertura: Nabo Forrageiro, Milheto ADR 500,
Brachiaria ruzziziensis e B. decumbens, Crotalaria juncea, Tremoço, Aveia Preta e
Girassol, além de uma área de pousio. Nesse primeiro ano de estudos a maior parte das
culturas de cobertura apresentou bom desenvolvimento vegetativo nas condições da
região, sendo a maior produtividade de matéria seca (MS) obtida pelo girassol e a maior
percentagem de cobertura vegetal proporcionada pelas braquiárias. No entanto, nesse
primeiro ano de estudos, a produtividade da parte aérea do milho não foi influenciada
pelas plantas de cobertura. A falta de resposta pode ser atribuída à falta de condições
de umidade adequadas para cultivo do milho, devido ao veranico ocorrido, o qual foi
considerado um dos maiores dos últimos anos. Por isso, os estudos continuam no
próximo ano, a fim de se observar o comportamento das plantas de cobertura ao longo
dos anos.
9. Compensações Oferecidas à Fundação Agrisus:
Serão apresentados no mínimo quatro (4) resumos expandidos em congressos
com dados do primeiro ano do trabalho. Com os dados gerados no segundo será
possível a publicação dos dados na forma de artigo científico. A partir do segundo ano
será possível também a publicação de um boletim técnico com o resumo das
informações mais importantes obtidas. Esse boletim será direcionado a produtores
rurais. Em todas as publicações, o nome da Fundação Agrisus aparecerá como
instituição fomentadora do trabalho.
10. Demostração Financeira dos Recursos da Fundação Agrisus:
Demonstração de gastos do Projeto Agrisus 648/09
Itens valor
a) Gastos com Combustível 1- Combustível (março de 2010): viagens para implantação do experimento R$ 47.99
3- Combustível: 30 litros de gasolina a R$2,65 (Junho de 2011) R$ 79.50
Referente a três viagens à Fazenda Santo Antônio para visita experimento
3- Combustível: 30 litros de gasolina a R$2,75 R$ 82.50
Referente a três viagens à Fazenda Santo Antônio para visita experimento
Dias das visitas ao experimento: 10/12/2010, 07/01/2011 e 11/02/2011
4- Combustível: 20 litros de gasolina a R$2,85 R$ 57.00
Referente a duas viagens à Fazenda Santo Antônio
Dia 18/03/2011: Avaliação ponto de colheita
Dia 25/03/2011: Corte e colheita das plantas de milho
Combustível: 20 litros de gasolina a R$2,95 R$ 59.00
Referente a duas viagens à Fazenda Santo Antônio
Dia 01/04/2011: Retirada das amostras de solo
Dia 09/04/2011: Avaliações finais e semeadura das plantas cobertura
Subtotal com gastos com combustível R$ 325.99
B) Serviços terceirizados:
Serviços terceirizados: implantação do experimento: março 2010 R$ 525.00 Serviços terceirizados: mão de obra na colheita (corte, pesagem das plantas) R$ 525.00
Subtotal com serviços terceirizados R$ 1.050.00
C) Bolsa de iniciação: 12 meses x R$360,00 R$ 4.320.00 D) Prestação de serviços: análise de solos e folhas (nota fiscal com a FEALQ) R$ 5.112.00
Total geral dos gastos R$ 10.807.99
11. Referências bibliográficas
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