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SHAREMAG
#01
LARGE SPACESJOO LEAL
PT - Maio/Junho 2009
FOTOGRAFIA ESTENOPEICA OLVIA DA SILVA RUI PINHEIRO ELISA PINHO
FERREIRA JOO LEAL JOS CARLOS MARQUES VIMUS 8 E MEIO MAFALDA MARTINS
MESTRADO RESPIGADORES LAB.65 NUVEM VOADORA INES GUEDES MANH MANH
JOANA BELEZA MARIANA MARQUES THE PORTUGALS CATARINA SOUSA VARAZIM
TEATRO PORTO RUBY RICARDO CAMPOS
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SHAREMAG
#01
E-mail: [email protected]
Internet: http://www.sharemag.blogspot.com
Responsvel: Jos Carlos Marques - www.josecarlosmarques.com
Design e Paginao: Jos Carlos Marques
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A realidade apenas uma, e devemos conciliar-nos: o Pixel chegou
para dominar, e por muito esforo que qualquer um desprenda, nenhum
indivduo pode evoluir sem se render, ou inteligentemente aliar,
existncia do mesmo. Habitmos na Era Digital. Vivemos numa
plataforma de nmeros e combinaes aritmticas que em vez de se
renderem aos hbitos antigos, desenvolvem interfaces e criam
caminhos mais simples que tentam alterar os hbitos dos antigos.
Na realidade, esses hbitos, as distncias e a forma que usamos
para transmitir, foram simplificados. O ser-humano no luta contra o
Pixel, porque o Pixel sabe economizar. E numa altura em que a crise
estravasa o campo financeiro para o dos valores morais, o dos
caminhos a seguir ou o da informao a seleccionar, qualquer
contribuio do que parece vir ajudar, uma mais valia que deve ser
tida em conta. Precisamos mais do Pixel do que ele de ns, e dessa
necessidade (fabricada) nascem presentemente, de uma forma cada vez
mais ligeira, novas ideias que nos permitem comunicar, mas tambm
imaginar e desenvolver.
O campo das Artes Visuais, que desde sempre se soube posicionar
na vanguarda daquilo que supostamente moderno, foi dos primeiros a
perceber a dimenso do Pixel, e foram desde muito cedo os artistas
aqueles que souberam dar utilidade s ferramentas digitais que lhes
iam sendo apresentadas.
Por outro lado, ao artista cabe compreender, interpretar e
materializar o tempo em que vive, e nesse seguimento faz todo o
sentido que o artista de hoje no s utilize o Pixel, mas tambm
recorra teoria que o justifica para sustentar a sua obra.
pois desta forma que surge esta nova publicao. Fazendo justia
relao que se estabeleceu entre o Homem e o Pixel, na Forma que
assume, e tentando de alguma maneira transmitir essa relao no seu
Contedo, pela ligao que o mesmo deve ter com mundo moderno, a
SHAREMAG recolhe-se em ninho no Universo Digital e assume o papel
de propagar, tornar pblico ou espalhar aquilo que o artista
desenvolve, aquilo que motiva o artista e as ferramentas que o
mesmo utiliza para trabalhar.
No fundo, com a SHAREMAG pretende-se criar uma plataforma que
acompanhe o mundo (digital) moderno, onde os intervinientes tenham
Espao e Autonomia para mostrarem o trabalho que desembrulham do seu
imaginrio real. Um espao que embora finito, seja aberto a todos os
que virem despertado o interesse; embora finito, consiga
libertar-se do limite de tempo; embora finito, saiba alimentar-se
daquilo que efmero, e procure no que efmero a matria que o permitir
tornar-se infinito.
Com os melhores cumprimentos.
NDICE:
Fotografia Estenopeica pag. 04
Olvia da Silva pag.06
Rui Pinheiro pag. 10
Foi Agora pag.14
Joo Leal pag. 16
Jos Carlos Marques pag. 20
VIMUS pag. 24
8 e meio pag. 28
Mulher de Emergncia pag. 30
Mestrado pag. 31
Respigadores pag. 32
Lab.65 pag. 34
Nuvem Voadora pag. 42
Cinema pag. 44
Msica pag. 46
Literatura pag. 48
Uma Leitura de... pag. 50
The Portugals pag. 54
Couchsurfing pag. 56
Varazim Teatro pag. 58
Porto Ruby pag. 60
Grita pag. 61
Manifesto de Simpatiapixel killed all the other starsPor Jos
Carlos Marques
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O dominio exercido pelo mercado da fotografia digital acaba
reduzindo o interesse de quantos dedicando o seu tempo e interesse
Fotografia, temos que reconhecer, estarem mal preparados para
desenvolverem produo interessante nas diversas reas deste suporte.
Os processos ditos
alternativos nunca foram estimulados pelos mais ligados ao
ensino das diversas especialidades e no que Fotografia Estenopeica
uns quantos apaixonados tendem a ser a voz que se quer fazer ouvir
no ensurdecedor meio fotogrfico.De Antnio Gonalves a Csar Cordeiro
vrias foram as iniciativas ligadas Fotografia Estenopeica
antecedendo o seu Dia Mundial, que acontece sempre no ltimo Domingo
de Abril. Um pouco por todo o lado, podemos encontrar vrias
referncias registadas nos eventos que a rede nos prope:
ANTNIO CAMPOS LEAL- A Magia Da Luz;- Jornadas Estenopeica;- Dia
Mundial da Fotografia Pinhole;- A Magia Da Luz.
JORGE PEREIRA E RUI CAMBRIA- Large Size Pinhole Photography.
CSAR CORDEIRO- Fotografia Estenopeica.
AUGUSTO LEMOS- Workshop Pinhole
IMAGERIE/CASA DE IMAGENS- Photography seen through a pinhole;-
Spontaneous Exhibition of Pinhole Pictures and Camera.
Em localidades que vo de Braga a Lagos passando pelas Caldas da
Rainha, Vale de Figueira (Santarm) e Lisboa, acreditando mesmo que
algumas outras localidades faam parte deste grupo mas que uma
divulgao deficiente obstou ao conhecimento da actividade
desenvolvida. Esta actividade que vem sendo desenvolvida j desde
alguns anos atrs pelo clube "Buraco de Agulha" no seio da
comunidade ligada ao Instituto Portugus de Fotografia, como
actividade extra-curricular e em iniciativa dinamizada por Antnio
Campos Leal. Formador no IPF tem estimulado e desafiado os
interessados para uma prtica mais intensa sendo ele mesmo produtor
apaixonado deste tipo de processo alternativo. Processo em anttese
ao processo digital, pela sua real aproximao aos velhos processos
fotogrficos, pela utilizao de suportes; papel fotogrfico e pelcula
uma porta perfeita para que os que desconhecendo o "Processo
Fotogrfico" anseiam conhecer uma tcnica que tem por base a razo
elementar da formao da imagem. Define-se como cmara estenopeica,
aquela que no possuindo nenhum elemento ptico, permite que se forme
uma imagem num plano colocado no trajecto interceptado por um
orifcio (estenopo), que substitui dessa forma o sistema ptico a que
estamos habituados e que correntemente designamos de objectivas.
Pensar-se que a objectiva essencial para a formao da imagem um
erro. Pela tcnica da Fotografia estenopeica possvel realizar
imagens que correspondem a um regresso aos incios da fotografia e
em que o esprito criativo ser propiciador de resultados deveras
interessantesDessa forma torna-se possvel um melhor entendimento do
processo, pois se a construo da prpria cmara trajecto de
aprendizagem, cabe pois aos praticantes percorrer diferentes
caminhos na concretizao de projectos diversos, onde o prprio
sistema digital pode ser includo. No deixa contudo de ser
desafiador construir, a partir de caixas comuns de utilizao
variada, latas de bolachas, de chocolates, de tabacos, de... de...
de... de qualquer coisa e pela aplicao de uma folha de alumnio
sobre a qual se faz um furo de agulha a que a colorao preta
transformar em utilizavel "camara obscura" e em que posteriormente
e pela colocao de papel
Fotografia Estenopeicaa propsito do dia mundialPor Antnio Campos
LealS
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fotogrfico, o do tempo da alqumia, permitir obter imagens de
valor nico. Muitos sculos passaram sobre as diversas descobertas
ligadas ao movimento da luz e da formao da imagem. Do sculo V a.C.
chegaram-nos os primeiros escritos que referem o estenopo e o seus
princpios bsicos. Dos chineses se pode referir a sua descoberta de
que a luz se propaga em linha recta. O filsofo chins Mo Ti mesmo o
primeiro a constatar que a luz reflectida de um objecto forma uma
imagem invertida sobre um plano ao atravessar um orifcio.Contudo, a
civilizao ocidental atravs de Aristteles, sc. IV a.C., na obra
"Problemas", livro XV, 6, questiona do seguinte modo: " Porqu
quando a luz atravessa um orifcio quadrado, como por exemplo atravs
de um trabalho de cestaria, no forma imagens quadradas?".
Aristteles levantou mais algumas questes sobre diversos fenmenos da
Luz que permaneceriam mais algum tempo sem resposta. Ser j no sec.
X d.C. que o mdico e matemtico rabe Ibn Al-Haitam (Albazen), atravs
de experimentaes, verificou a formao de imagens, e a linearidade do
trajecto da luz.Alguns projectos de autor reflectem o valor da
representao esttica que Fotografia Es tenope ica deve ser at r bu
ido. E , o entendimento de alguns na busca de uma definio to prxima
quanto possvel da imagem produzida com o melhor dos sistemas
pticos, no me parece ser o mais importante da Fotografia
Estenopeica. Caracteristicamente a imagem resultante da utilizao de
uma Cmara Estenopeica o seu aspecto pontilhista e a
existncia de uma profundidade de campo que se pode entender como
total.A prtica da Fotografia Estenopeica como rea de aco pedaggica
s por si razo importante para uma divulgao intensa pois associado
ao processo outras reas podem ser parceiras de estmulos vrios
resultando numa aprendizagem enriquecida com componentes muitas
vezes entediosas para os jovens.
Antnio Campos LealLisboa, Maio de 2009
ESPAOS A VISITAR NA REDE:
http://pinhole.no.sapo.pthttp://pinholeiro.blogspot.comhttp://www.pinhole.comhttp://www.pinholeday.org/
Exemplo de Caixas Estenopeicas (na pgina anterior)
Exemplo de Fotografia Estenopeica (em cima)
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PRESENTE NA CERIMNIA
PORTFLIO OLVIA DA SILVA
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As imagens da srie Presente na Cerimnia fazem parte do projecto
In&Out e pertencem coleco do Hospital de So Joo - Porto.
Existe uma diferena evidente entre o retrato dos trabalhadores
do hospital e o retrato pintado, sob pano de fundo, do monarca
Portugus, Joo VI. As pinturas da realeza transmitem a ideia de algo
etreo e apesar da pompa e cerimnia, esta pintura, em particular,
desagradvel e inbil. O pintor continua a mostrar-nos a presena
fsica e carnal desagradvel do rei. Contudo, ainda existe quem sinta
um pouco de admirao pelo fotgrafo em relao ao pintor e respectiva
natureza da imagem da monarquia. Olvia Da Silva reivindica esta
pintura para a fotografia.Olvia Da Silva ao dispr as pessoas ante
tal pintura, posiciona, de igual modo, a sua prpria arte em relao a
esta pintura histrica da realeza. Olvia Da Silva tem como objecto
de trabalho a tradio humanista e a sua fotografia foca-se nas
pessoas, ntima e no distante. O retrato insurge-se como uma forma
de demonstrar respeito por todas as pessoas que trabalham no
hospital desde as empregadas de limpeza, s cozinheiras e aos
mdicos. Atravs da sua fotografia as pessoas possuem uma presena e
vivacidade que supera e desafia a figura partiarcal que est por trs
delas. As pessoas esto antes da pintura em mais do que um
sentido.
Mark Durden, Professor of Photography & European Centre for
Photographic Research (eCRP) Newport University
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O CERCO
PORTFLIO RUI PINHEIRO
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_A cidade insistes em perguntar._Vimos c trabalhar todos os dias
responder-te-o uns, e outros:_ Voltamos c para dormir._ Deve ser
para ali dizem, e uns erguem o brao obliquamente na direco de uma
incrustao de poliedros opacos, enquanto outros indicam para trs das
tuas costas o espectro de outras cspides.
In Italo Calvino, As Cidades Invisveis
Fosse o nosso outro tempo, mais distante e remoto, coincidente
com a origem de civilizaes como a Grega ou Romana e a nossa percepo
da urbe seria significativamente diferente daquela que as cidades
nossas contemporneas nos transmitem.Nessa, quase infinita, distncia
cronolgica que nos separa, a cidade actual impe um extenso conjunto
de problemticas que a antiguidade desconheceu.Inicialmente
limitadas, contguas, compactas e monocntricas e actualmente,
extensas, complexas, heterogneas e policntricas, as cidades so
geradoras de fenmenos to complexos de ordem social e geogrfica.
como a denominada suburbanizao. Viver no subrbio , em muitos casos
portugueses, como morar no andar debaixo da casa dos pais, o que
por si s acarreta coisas boas e ou t ra s menos boas , num mi s to
de encapsulamento e dependncia relativamente cidade ncora. Noutros
casos ser como viver numa casa pequena com toda a famlia, numerosa,
o grand ensemble.Quando os salpicos da periferia urbana vo mais
longe e esta se torna ainda mais difusa, entrando em contacto
directo com realidades onde a ruralidade se sobrepe, o cerco
adquire contornos mais evidentes e a osmose converte-se num
processo extremamente selectivo e de resposta a necessidades
prximas s primrias.Quem vive nessa representao social,
estigmatizada pelo pr-conceito, a que damos o nome de subrbio,
confronta-se diariamente com uma distncia sociolgica das vivncias
da cidade me que o segregou e de quem se desprendeu sem lhe ter
conhecido o cheiro ou o sabor do leite; Cresce, em muitos casos, da
obsolescncia das po l t i cas de p laneamento urbano apresentadas
ao longo da segunda metade do sculo XX em resposta s necessidades
de habitao que o Estado-Providncia quis colmatar. Ser o subrbio um
dormitrio excludo pela cidade me ou um enclave deserdado nascena?
semelhana de outros organismos vivos, a cidade tambm possui um
ciclo de vida prprio. Os movimentos pendulares efectuados por
aqueles que diariamente transitam entre as cidades satlite e a
nuclear, em contraponto com os que de l no chegaram a sair, pela
ruptura que defrontam com o meio social, ideolgico, escolar, tnico
e o mercado de emprego, acontecem desde a fase da vida em que a
cidade se estilhaou. Enquanto a conscincia de cidadania existe, as
famlias so ignoradas discriminadamente, com numerosos ncleos
familiares a partilharem espaos exguos, subjugando-se, muitas vezes
s diferenas. Estariam certamente confundidos os que misturaram
igualdade de direitos e deveres com outras igualdades, que afinal
eram
diferenas, e que integraram a lista dos que aguardaram durante
anos pelo direito habitao. Morar num estilhao de cidade
centrifugado e habitado por estranhas cspides ser certamente to
complexo como definir os dois lados do cerco que separa, pelo que
urge, cada vez mais, a aplicao de um modelo de integrao dos homens
para que se tornem cidados.
Raquel da Silva, 2009
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e mesmo que a noite estivesse de uma quentura nada habitual
ainda era dia quinze. Era necessrio comear os preparativos,
lembrou-se. Afinal, s faltavam seis noites. E ao pensar nisso
reparou nas ltimas camlias do ano que se exibiam em folhos
esqulidos e dbeis como que
tentando escapar ao protocolo natural. O problema, afinal de
contas, era precisamente esse: a mariquice determinista que as
coisas teimam em seguir. Ou, por outro lado, mais irritante e ainda
mais estpido: a tendncia irreverente que certos fenmenos tm para
fugir do plano que a razo humana lhes traou; seja por emoo ou por
comparao, seja por limitao ou amplitude desenfreada, ou
simplesmente por serem do contra, mas principalmente por sermos,
inevitvel e fatalmente idealistas. Absolutamente extenuante t e r
de apreender e s t e s d i s cur so s t o filosoficamente
complexos. Por assim dizer, o planeamento racional a que nos
sujeitamos, porque quase sempre falacioso, um monstro de canseiras
e frustraes. E dentro deste mesmo novelo de fibra densa,
conseguimos vislumbrar, ao longe e indistintamente, o absurdo da
sua essncia, a iluso e a inutilidade que o sustentam. O condicional
que existe sempre, a par das interjeies de surpresa, as exclamaes
de espanto, horror ou histeria perante situaes
"no programadas" ou "no imaginadas" ou, como gostamos de
apelidar no nosso handicap de entes planejadores, "nada normais",
so as provas mais clarividentes da asneirada. A 'ideia do normal' o
puto chato que reclama ateno continuamente e que nos obriga a uma r
e s p o n s a b i l i d a d e i d i o t a s o b r e u m a "nor mal
idade" fantasmagr ica . No assustador?! Cuidar de uma coisa
inexistente e acredita-la um privilgio do intelecto. Portanto, o
"normal" "normal" (s) ao homem. E, mesmo assim, c estava ele a
pensa-lo como pattico. Mas pensava-o, o que, numa perspectiva
subjectiva-idealista, capaz de bastar. Permitiu-se gargalhar. Somos
to parvos s vezes, por fora destas capacidades todas que
conseguimos aglutinar no miolo. indecente que com tantas palavras e
maneiras de as conectar que fomos adquirindo, s vezes nos sintamos
limitados em explicaes ou transmisso detalhada de actividade
cognitiva. Deus deve achar um insulto. Afinal, quando que nos vamos
chegar?As estrelas no cu pareciam purpurinas espalhadas
distraidamente por uma ninfa csmica. Fizera desenhos engraados e em
determinadas zonas parecia ter deixado tombar o frasco... E era a,
nesse nublado de brilho confuso, que se conseguia adivinhar o
magnfico dia seguinte. Era nessa magnitude visual que se entendia o
calor e a luz de um dia promissor. As probabilidades eram generosas
ao lado de uma Primavera bonita e doirada. Uma delcia para qualquer
apostador temeroso. E enquanto pensava nesta multiplicidade de
palermices, esticou-se o mximo que podia, at as omoplatas quase se
espalmarem na terra e a folga que ficava usualmente abaixo dos rins
cessar de existir. A barriga hoje um chibo fcil do whisky e a tosse
seca dos marlboros. No h pecados sem rasto, ainda assim. Um homem
no pode deslizar sem ser apanhado na teia universal do grande
julgamento. Mesmo sendo a pena irr isria como uma bela pana, ou a
impossibilidade de jogar tnis sem cuspir meio pulmo. Ai, ai...
Viv's suspiros! Viva a idade mal tratada! Viva a violncia endcrina!
Sou um fiel apologista da auto-destruio. Da minha auto-destruio,
atente-se bem palavra. No vou dizer s "pessoas normais" para se
embebedarem em fumaradas. A mais, refreio-lhes a vontade de se
armarem em pedagogas para com a minha triste pessoa. Se h coisinha
que me faz comicho a maneira como algumas pessoas se sentem vontade
para por as vrgulas, os pontos e os acentos, e muitas vezes usar o
back space sem meias medidas, na vida de outrm. Ei!! Voc sabe
corrigir!! Fantstico!! Sabia que quase todos os rbi tros actuais t
iveram medocres performances como jogadores? Seja do que for... E
se mudarmos de ngulo: j viu algum desportista habilidoso tornar-se
um fiscal de regras? Pois claro que no! J ganhou demasiado
Foi Agoraensaio sobre a primaveraPor Elisa Pinho Ferreira -
Imagem de Jos Carlos MarquesS
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graveto em anncios televisivos. E a triangulao: e se vier
refilar que a vida no um jogo, eu respondo-lhe que concordo, ( e o
cruzamento:) mas tambm no o domingo desportivo em que se aceitam
opinies e palpites de toda a gente. Alis, debates acesos entre
crticos, que na maior parte das vezes no tiveram qualquer
participao naqueles jogos em concreto. E golo!: Pior, sabe quem
acaba por ser mais vaiado no trmino de cada partida? Pois , a
retrica pode ser muito irnica. Ufa, cansa argumentar consigo! J
estou estourado, mas, triunfante, ainda consigo levar a mo ao bolso
e mostrar-lhe da beleza de um carto amarelo. Merda, acabei de ser
derrotado em plena compensao! Caramba, voc mesmo bom!! No no, no se
anime tanto, eu que sou francamente mau. E era sempre assim.
Imaginar o que diriam as pessoas, o que iria nas suas cabeas
enxutas, o que comentavam de cada vez que partia, fosse de um lado
ou do outro. Coisas. Diziam coisas, concerteza! No um comportamento
muito comum desaparecer no dia 20 e reaparecer no dia 21, passar um
meio ano numa metade do mundo e a outra meia parte na metade
respectiva. E ningum entendia. Na verdade, ningum perguntava. Um
poo to grande de mazelas e cicatrizes no pode ser abanado
abruptamente. Mais vale deixa-lo l. Estagnado. Devia ter alguma
coisa que ver com a morte da esposa. Coitadinha, festejava este ano
37 primaveras. Que parvoada to grande!!! "Queria dedicar esta msica
D. Elvira pelas suas 64 primaveras..." . Santssimo! a expresso mais
hedionda do cosmos! Traduzir aniversrios numa estao do ano! E se a
pobre celebrar em Janeiro e em Fevereiro pagar ao barqueiro, hem?!
Onde que fica a Primavera no meio desse dramalhete? Afinal so 64 ou
63 primaveras?? Parece-me pertinente levantar a questo. Pertinente
e pateta.
Era to linda. Linda mesmo. Um cabelo comprido e ondulado
matizado pelo sol, uns olhos verdes e translcidos como algumas
algas que aparecem no mar, uns lbios esculpidos a cinzel, um moreno
cigano incorrecto em raa e poca, um porte altivo, esbelto e
feminino. Todo o mundo me quis longe de ti. A terra conspirou
contra ns. s armas, s armas, vamos sair de Portugal!
No quero, dizias, o meu pas. s muito tradicionalista, tu.
Queixavam-se que no era para estarmos juntos, que "no era normal".
De que iramos falar? Que que possivelmente poderamos ter para
partilhar? Heris do Mar, tacanho povo, sofredor, habituado... E ela
comeou a ceder, a menosprezar-se, a achar que era de menos, a achar
que no tinha cultura
suficiente, que usava dum sotaque parolo e que no sabia conjugar
o verbo estar e o fazer em modo! E no sabes. E sim, tudo isso que
me faz perder o nervo contigo, tudo isso que me faz teimar no teu
amor, no nosso amor, na nossa Primavera. s armas, s armas, e quando
as baionetas de aviso falharam, e as adagas passaram tangente,
marchei contra os canhes deles. Mesmo sentindo a voz dos teus avs,
dos meus avs, do peso do esplendor de Portugal... Respeitei-te a
vontade mais do que respeito o meu bero e o meu sangue. Queres
ficar, achas que a tua super-birra vai dobrar a mentalidade de uma
nao? E achavas. E depois sofremos. Os meus pais no foram ver-nos
casar e eu chorei, tu choraste a seguir. A minha cidade no quis
mais saber de mim e eu chorei, tu choraste a seguir. E eu nem
percebia como que depois de se olhar para ti se conseguia ser
mau... E em casa vivamos. Tu e os teus cavalos, eu e os meus livros
"cheios de letras". s vezes eu tentava os cavalos e tu
ensinavas-me. s vezes tu tentavas ler e eu babava ao teu lado. Mas
tu tens razo, no temos que fugir. Hei-de amar-te em portugus, em
portugus de Portugal. Passar as Primaveras todas a desejar-te nua
ao Sol. Oh Ptria deixa-me s! Deixa-me passar o resto da vida a
choramingar e a ganir. Deixas-me co abandonado e esperas que te ame
ainda? Sozinho. E entre a bruma da memria ela martiriza-me em
socalcos. Ela vive ainda em mim, por muito Vergilista e pouco lcido
que isto deva soar. Se eu sempre fui o maluco, o irresponsvel, o
chanfrado de todo, agora posso pelo menos comportar-me como tal.
Depois disto tudo, no acredito que consigam de mais originalidade
em sinnimos. E a morte um absurdo, e a vida s tem um sentido, e e s
s a c a t r a f a d a t o d a d e q u e s t e s existencialistas
que nos provocam por serem inevitveis; e as tuas aparies, e os meus
degredos... Os meus degredos semestrais que ningum compreende... A
minha partida antes do equincio de Maro, o meu regresso depois do
Vero. Os meus constantes Outonos e Invernos, em Portugal ou abaixo
do Equador. No pode haver Primavera sem ti, muito menos em
Portugal. Portugal que te tratou to mal. Portugal que tu amavas
tanto em terra e em alma, e que depois te lixou. Eu at acho, do
fundo da minha autoridade acadmica, que tu me morreste de desgosto
prolongado. No por mim, que eu bem sei o que vai contigo! Por tudo
o resto que andava volta e que ns juramos que no nos ia atingir. E
fomos to fortes! E agora, hem? Tenho de ser forte sozinho??! No
quero. No vou. Vou chorar chuva, remoer nas fotografias lareira,
usar uma manta velha como eu estou, queixar-me do casal de jovens
vizinho que fala alto e ri-se a torto e a direito. Ter maravilhosos
tte-a-tetes com o teu cavalo, que ainda vivo e que eu estrago com
mimos, jogar xadrez com o nosso caseiro ao cair da noite (quando
estou aqui em Portugal). Era uma
pessoa simptica, o caseiro, nunca perguntava nada de muito
profundo e ele era-lhe grato por isso. Mas toda a gente via como em
cinco anos ele tinha envelhecido, como s em meia dcada toda a
cabeleira se tornou cal, e as vrtebras quebraram, e os olhos
desceram e as mos eram trmulas e inseguras.
Que foleirice de folhetim. A menina do povo e o fidalgo morgado;
quem j no est farto do enredo dicotmico? E l fomos ns contra a
muralha que se construiu descaradamente nossa frente, (qual novela
da globo), desarmados e crentes. Claro que demos logo com os cornos
na parede! Mas sempre nos levantamos. Beto, granito, madeira...?
Pfff !! Ns aceitamos qualquer coisa!! Da que fomos ganhando fora e
confiana, fomos ficando resistentes, somos invictos! E,
desgraadamente,.... Comemos a planear! Planemos tudo. Planemos
filhos, netos, jardins, quadros, um baloio no alpendre, planemos at
a minha morte antes da tua, porque eu sou mais velho, e era
"normal". E no meio das tuas palmadas e ralhos, havia o teu
"livra-te!".
Era mel... Eu acho que Deus sempre te prestou mais ateno e l te
fez a vontade. Porra, s mesmo autoritria! E planearam at vir a
mulher da fava, planearam at ao cu... E acertamos na mouche, no
foi? Percebe agora a tal treta do planeamento r a c i o n a l c o m
b a s e n u m a "normalidade" (ridcula) de que lhe falava h pouco?
Era tudo uma questo de estatstica e ns contornmos todas as
probabilidades.( Mas quem as faz?! Quem as define?) Como o facto de
ser dia 17, com 28 sombra, arrisca toda a minha credibilidade como
mrtir do frio e do recolhimento. Talvez devesse sair mais cedo este
ano, pensou... E ao fazer este rrw, esta analepse sistemtica da sua
desafortunada vida, s e n t i u u m a c a l m i a q u e j n o
experimentava h cinco anos certos. Sentiu-se estranhamente bem.
Velho, sim, acabado, cansado, mas bem. E no nano espao temporal que
leva um instante, o jardim pintou-se d'ouro. Fechei os olhos,
cruzei os braos debaixo da minha cabea pesada, senti o sol fazer
desenhos pontuais no escuro das minhas plpebras... Quando foi para
os abrir outra vez, ela apareceu-lhe. Leve, solta e branca, a danar
no meio do Sol. Estavam juntos.
hoje mesmo! Foi agora. De novo Primavera.
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LARGE SPACES
PORTFLIO JOO LEAL
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Tudo aqui depende do que no mostrado. O olhar, inevitavelmente,
varre a fotografia e aceitamos que, na sua crueza de imagem
fotogrfica, tem a fora da evidncia. A imagem deriva entre as
fronteiras da percepo, da figurao e do signo, mas no as omite e,
por isso nos apela e nos anima. Mas tem tambm a sua sombra e a
sombra , ao que se sabe, o indizvel, o que no sabemos traduzir nas
metforas de identificao. E o que aqui, nestas imagens de Joo Leal
no se mostra e nos prolonga o olhar no infinito da ausncia o
sentido oculto do que vemos.Olhamos esquinas, arestas agudas de um
qualquer lugar interior, cncavas e convexas o dentro e o fora do
que contornamos, - irrompendo de um soalho identificvel, numa
sobriedade de efeitos premonitria. Interrompem-se no alado
das paredes e ficamos apenas com a agressividade das linhas, o
fio da navalha.Quando as olhamos, colocamo-nos estritamente no
espelho do local do corte, simetricamente divididos, essa a inteno
do gume, da reduo da forma. A forma o que estas imagens nos repetem
e nos impem. Mostram o referente, mas no o nomeiam, porque sabemos,
sentimos, que esto armadilhadas com a incompletude. Como uma
estrita cortada a meio da pgina, h uma intencionalidade de dizer
que est para l do toque do olhar.Porque este modelo evoca a brecha
do nosso quotidiano, na sobremodernidade do nosso tempo, onde
seguimos de intervalo para intervalo, de um no lugar para outro no
lugar, sofrendo o esvaziamento de conscincia que nos vai oferecer a
nova solido ainda sem cdigo. com olhares
segundos e desviados que vemos e olhamos no magma da comunicao:
esta temvel conscincia actual de sermos um olhar.O que nos diz esta
sequncia de esquinas indecisas no seu progresso, que pode existir
um mundo para l do que reconhecemos mera altura dos olhos. O que
nos oferecem estas imagens a reconverso do olhar em olhar primeiro,
humanamente inquiridor e humanamente destinado a ensaios e erros.
Nestes objectos parciais insinuam-se os critrios do visvel que
fazem recuperar o valor do espao o espao que no est contaminado
pela irrealidade do virtual.
E, com isso, a liberdade de ser.
Maria do Carmo Sern,Maro de 2007
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Space One Down e Space One Up (nas pginas anteriores)
Space Three Up (ao lado)
Space Three Down
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Space Two Up
Space Two Down
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PATRIOTISMO
PORTFLIO JOS CARLOS MARQUES
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Patriotismo: s. m., amor ptria; qualidade de patriota.
Com o assumir das funes de treinador principal na Seleco
Nacional, em 2003, Luiz Felipe Scolari trouxe para Portugal o culto
largamente enraizado no seu pas de origem (o Brasil) pela Bandeira
e pela Ptria. Numa campanha que aspirava principalmente unio de
todos os portugueses por uma seleco que era afinal a nossa, o
tcnico conseguiu dar incio a um conjunto de operaes de marketing
pormenorizadamente estudadas, que tiveram o seu ponto mais alto na
chamada que fez aos portugueses durante o Campeonato Europeu de
2004, motivando-os a materializarem o seu apreo pelo Pas com a
utilizao da imagem portuguesa em todos os bens que posuam. A
resposta no se fez esperar, e o smbolo nacional cobriu janelas e
carros, espaos e pessoas.Fruto disto, ou talvez no, a verdade que a
Seleco Nacional conseguiu alcanar a final da competio, e no
rescaldo daquilo que havia acontecido, no faltaram os que
atribuiram o sucesso unio de um Pas que parecia ter despertado para
adoptar o Patriotismo no futebol.Quatro anos mais tarde, e dois
campeonatos depois, os resultados desportivos do conjunto que
formavam a nossa equipa pareciam indiciar um novo xito. E apesar de
se apoiar numa equipa relativamente nova, que tinha acabado uma
campanha com alguns tropees, nada parecia desmotivar o povo
portugus em relao aos resultados que podamos contrair.E s t a s r i
e d e i m a g e n s acompanha um pouco daquilo que se viveu no
nosso Pas nos dias que demarcaram os jogos da Seleco Portuguesa. M
o s t r a m o a fi n c o p e l a Bandeira, e a devoo pela Ptria. A
esperana de um povo apoiado na ideia que a manifestao fsica do
apreo p e l a S e l e c o , p o d i a transformar a estima no 12
jogador dentro de campo.Porm, aquilo para que muitos olham como um
sinal de Patriotismo, converteu-se em 2008 num negcio para outros
tantos. E na altura em que Portugal atravessava uma grave crise
financeira, o povo revelou que o Futebol era t a m b m u m l u g a
r d e entertenimento que os ajudava a encarar o dia-a-dia com um
sorriso na face.Confundindo Futebol com Religio, comprando a Ptria
em lojas chinesas, e vendendo a Bandeira em capas de cd's, os
portugueses resumiram uma campanha patritica de quatro anos a uma
simples s o l u o p a r a s a c i a r o contentamento.
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22
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A MATRIA
O vdeo musical como gnero criativo e de crescente importncia no
panorama audiovisual assume hoje um papel singular na cultura
contempornea. uma forma de expresso que
d outra dimenso msica.
Promove-a, mas amplia o seu espectro. Refora o nosso fascnio
pela msica e tudo o que a rodeia.Liga-nos ao produto musical com
uma alta carga de memorizao, mas acima de tudo recebemo-lo com
outro prazer. tambm uma forma independente de visualizao.As suas
formas e mtodos contm arte e engenho. So fruto de forte elaborao e
tm a capacidade de criar tendncias.Leva-nos a perguntar, quem as
ter criado?Podemos dizer que ter sido esta ltima pergunta que nos
insurgiu para um olhar mais atento por este gnero audiovisual.
Constatvamos que estas obras artsticas apresentavam todo um mundo
visual engenhoso e fascinante, e em tantos casos com uma
criatividade autoral marcada. Contudo, os seus autores permaneciam
e permanecem quase sempre ocultos na sua funo primordial, ou seja,
a divulgao da msica e dos seus intrpretes. E, mais ainda, no havia
em todo o mundo um evento que os pudesse
distinguir e premiar sem que a lgica musical mainstream tomasse
a primazia.Curiosamente, existe um outro gnero audiovisual como uma
caracterstica algo semelhante, isto , com um sentido promocional,
uma funo determinada: os filmes publicitrios. E, neste caso,
conhecido de todos o seu evento competitivo com os prmios/trofus de
referncia mundial: os Lees de Ouro do Festival de Cannes.Desde j,
convm no confundir com a Palma de Ouro do festival de cinema da
mesma cidade francesa, pois essa destina-se s obras
cinematogrficas.Porm, havia uma diferena em relao aos vdeos
musicais, mais particularmente com os de formato curto, os
videoclipes. Pois estes contm uma margem de liberdade para a criao.
No so determinados por uma linha narrativa, uma ideia objectiva
como os filmes publicitrios, j que estes so realizados tendo por
base uma mensagem muito precisa, e na maior parte das vezes em
concordncia com uma campanha mais larga aplicada a vrios media.
Inclusive nos casos dos videoclipes perfomativos, onde a imagem do
( s ) in tr pre te ( s ) toma uma determinao acentuadamente
promocional, existe sempre uma margem suficiente para explorao e
experimentao visual de raiz autoral do prprio realizador.Mesmo
assim, com esta possibilidade de expresso e criao artstica, era e
um facto a inexistncia a nvel mundial do evento competitivo de
referncia, credenciado e reputado, caracterizado por independncia
de julgamento e com base estritamente visual e no musical, que
pudesse internacionalmente fazer uma valorizao e distino meditica
da criatividade deste gnero. Embora, em abono da verdade, existam
eventos baseados em videoclipes, como o caso dos MTV Video Awards,
dos UK Music Video Awards, dos The Independent Music Video Festival
e muitos outros com conceitos mais latos de filme e vdeo. Mas
nenhum com as credenciais acima descritas.Por volta do ano de 2005,
tivemos ento o desplante de pensar que se poderia criar algo em
Portugal, no Norte de Portugal, na nossa prpria cidade, a Pvoa de
Varzim, um evento com um conceito pioneiro mesmo no contexto
mundial:
A FORMA
Um evento que atravs de competies internacionais (e nacionais)
promova e distinga os criadores visuais, permitindo assim
estabelecer um espao convivial e referencial para o conhecimento e
desfrute dos contedos tcnicos e estticos dos vdeos musicais. Um
evento semelhana de um festival de cinema, mas com uma clara
diferena em dois nveis:
ViMusum festival nico no mundoPor Hilrio Amorim e Marco Santos -
Imagens de Jos Carlos MarquesS
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Diferena ao nvel do contedo.Ou seja, trata-se de um festival que
pretende premiar a criao visual de obras audiovisuais com uma
temtica definida: a msica. Atravs de trs formatos ou gneros: o
Videoclipe, o Videoconcerto, e o Videodocumentrio musical,
oferece-se todo um universo visualmente criativo sobre a msica, de
curta ou longa durao, congregando ass im todos os produtos
videogrficos de temtica musical, que alm do conhecido teledisco
engloba os produtos habitualmente em DVD como concertos em vdeo e
documentrios musicais em vdeo.
Diferena ao nvel da forma de apresentao.Ou seja, em virtude da
caracterstica tecnolgica do gnero, a sua apresentao possibilita uma
maior versatilidade do que a habitual sala/auditrio. Pretende-se
assim fazer uso dos novos sistemas de apresentao vdeo e disp-los em
locais de fcil acesso pblico. De modo a tornar mais atractivo,
tecnologicamente fascinante e descontrada a envolvncia com um
pblico alargado. Sendo que a forma de desfrute tome uma postura de
descontraco pelo incremento disposio de visionamento para o pblico
em modernos e confortveis assentos de recosto.Com toda a conscincia
que a inteno de evento mundial obra herclea e at algo pretensiosa,
evidente que isso servia apenas como estmulo, pois sabamos que para
ter a veleidade de atingir essa dimenso s a mdio ou longo prazo. Em
2007 foi ento levada a ideia
prtica sob a designao e grafia de ViMus, porque sintetiza com as
letras iniciais os termos chave deste novo festival: o Vdeo
Musical. Trs c o m p e t i e s f o r a m p r o p o s t a s , u m
a
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Internacional, de Videoclipes, e duas Nacionais, de Videoclipes
e Videodocumentrios. Recebidos perto de 200 inscries para a comp.
Internacional de Videoclipes e mais de 80 para a
Nacional, foram ento escolhidos 95 e 36, respectivamente, para
se atribuir 6 prmios cada. Para surpresa nossa entre os
realizadores dos vdeos enviados para competio de produtoras
internacionais, constavam nomes como: Michel Gondry, Tim Burton,
Mike Mills, Claude Lelouch, Floria Sigismondi, Edouard Salier,
Pleix, Ace Norton, Patrick Daughters, Jonas Odell, Bill Plympton,
Chris Milk, entre muitos outros conhecidos do meio. J nesse ano,
uma ideia chave presidiu aos especiais da programao: comear por dar
a conhecer a realidade autoral desta rea do pas vizinho, para
depois no ano seguinte, se efectuar algo semelhante referente a
Frana. Assim sendo, fizemos uma retrospectiva dos documentrios
musicais do mestre Carlos Saura, iniciada na noite de abertura com
a apresentao do seu recente Fados, mais tarde exibido nas salas em
Portugal, mas tambm foi exibido uma mostra de autores de
videoclipes espanhis intitulada Eclectia, da qual um dos seus
comissrios artsticos veio a estar c presente para fazer parte do
jri das competies. Um outro seria o jornalista Nuno Galopim.
Contudo, foi com um carinho especial que, para presidir ao jri mas
sobretudo para se efectuar a primeira retrospectiva do pioneiro dos
videoclipes em Portugal, foi convidado o realizador Z Pinheiro,
apresentando o seu recente videodocumentrio sobre os Heris do Mar,
Brava Dana.Em 2008, a novidade seria o incio da c o m p e t i o I n
t e r n a c i o n a l d e Videodocumentrios. Dos 30 recebidos para
competio, seriam escolhidos 11, dos quais
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lembramos alguns ttulos: Heavy Metal in Baghdad, Sonic Youth,
Sleping Nights Awake, The Night James Brown Saved Boston, Rockin
Brooklyn, Dub Echos, etc, etc. Com o natural aumento das inscries
de vdeos para competies, a provenincia das mesmas, embora com
predominncia para a maioria dos pases ocidentais, era j da
Bielorrsia, frica do Sul, Brasil, Austrlia, Mxico, Colmbia, Polnia,
ndia, Iro, etc.Em relao aos Videoconcertos, sendo que o incio das
suas competies ficou estipulado para 2009, foi no ano passado
apresentada uma retrospectiva da mais criativa e aclamada srie
deste formato a nvel mundial chamada Freedom Now!. uma srie de
origem francesa, tal como francs o promissor realizador Edouard
Salier, do qual lhe dedicamos uma retrospectiva. Assim como foi
convidado o destacado realizador Rui de Brito a estar c presente
para apresentar a sua obra videogrfica em retrospectiva e para
presidir ao jri, sendo para este efeito acompanhado da jornalista
Ins Nadais e pelo produtor francs Stphane Jourdain.
Resumindo, no seu conjunto temtico e genrico (videoclipes,
videoconcertos e videodocumentrios) este festival configura um
conceito pioneiro, mesmo no contexto mundial, e moldado sob um
cariz singular, para lhe imprimir a definio identitria segundo
quatro termos chave: a imagem e a msica, o design e a
tecnologia.
Todas as imagens que acompanham o artigo foram
feitas durante a edio de 2008 do festival.
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O Clube de Cinema 8 e Meio nasceu de uma vontade antiga e
crescente de alguns professores do Departameento de Educao Artstica
e Tecnolgica da Escola Secundria Ea de Queirs (ESEQ) da Pvoa de
Varzim, que passou dos sonhos para a concretizao no ano lectivo de
2005/2006. Actualmente, este clube
garante uma programao estvel de exibio de um filme por semana,
no auditrio da ESEQ, correspondendo a necessidades pedaggicas
imanentes aos currculos nacionais. Preenche, ainda, a noite da
terceira sexta-feira de cada ms com um filme de culto, numa sesso
mais descontrada, aberta, tambm, ao pblico exterior escola.
Pontualmente, apresenta ciclos temt icos, debruando-se sobre temas
pertinentes, por vezes contextuados com a presena de personalidades
convidadas para debate. Promove, ainda, o nico concurso de vdeo
escolar do pas dedicado ao ensino secundrio, o Concurso de Vdeo
Escolar 8 e Meio, este ano na sua terceira edio.
3 EDIO DO CONCURSO DE VDEO ESCOLAR 8 E MEIOABERTO A TODOS OS
ALUNOS DO ENSINO SECUNDRIO
ENTREGA DE FILMES AT 31 DE AGOSTO DE 2009REGULAMENTO E FICHA DE
INSCRIO EM WWW.8EMEIO.NET
Adolescentes no fio da navalha, corpos presos por um fio no
limiar das incomprenses adultas, traficantes que em caves soturnas
revem os seus planos criminais e aspiram dar uso s suas falsas
armas de fogo, usando linguarejares exticos, peles tatudas de
irreverncia, jogadores de baseball que aspiram fazer os seus home
runs no infinito de um cu azul desenhado sobre as sossegadas casas
da periferia, relaes amorosas feitas e desfeitas de acordo com
aspiraes individuais, Ophelias trazidas vida em modernos milagres
tecnolgicos, tribos urbanas que controem para si prprias novas
identidades, velhos burgueses que disputam ve lho s t e r r i t r i
o s com su r prenden te s antagonistas, clssicos revisitados em
pungentes
fbulas ps-modernas, eis uma pequena amostra do que foi trazido
pelos participantes ao 2 Concurso de Video Escolar 8 e Meio. de um
cinema novo (ou renovado) que aqui falamos, um cinema feito margem
de todo e qualquer cnone estabelecido. Um cinema selvagem e
delicioso como quase sempre s as primeiras obras o podem ser,
porquanto ainda libertas de compromissos de toda a ordem. Cmaras de
filmar, mas tambm muito msculo e sangue, em teses de vida
verdadeiramente inconformistas.
SH
AR
EM
AG
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8 e meioclube de cinema + concursoPor Arnaldo Pedro - Imagens de
Jos Carlos Marques
CONTACTOS:
Clube de Cinema 8 e MeioEscola Secundria Ea de QueirsRua Dr.
Leonardo Coimbra4490-621 Pvoa de Varzim
Tel. 918904259 (Arnaldo Pedro)
Concurso 8 e Meio:www.8emeio.net
Blogue 8 e Meio: www.oitoemeio.blogspot.com
[email protected]
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A mais de meia centena de filmes concorrentes ao 2 Concurso de
Video Escolar 8 e Meio constituiu no seu conjunto um enorme fresco
de vitalidade adolescente, um documento a ser visionado por todos
os sociolgos de servio. A vida dos jovens oferece efectivamente
mais do que a mera possibilidade de realizao de uma curta-metragem.
um verdadeiro compndio do que est acontecer e do que muito
provavelmente ir desenrolar-se a seguir. E com manifesto optimismo
que se constata que a generosidade humana (no obstante o clima de
instabilidade que vivemos) no tem limites e que enquanto houver
jovens com vontade de sonhar, o nosso futuro colectivo estar mais
que assegurado. Esto pois de parabns os participantes, todos eles
desde j vencedores. Nesta nova edio - a terceira -, o Clube 8 e
Meio andar atentamente procura de novos protagonistas, de novas
histrias, porque a vida ser de facto aquilo que os nossos jovens
dela fizeram. E o Cinema iluminar as opes...
Todas as imagens que acompanham o artigo foram
feitas durante a edio de 2008 do festival.
Os vdeos da segunda edio do concurso 8 e maio encontram-se
disponveis para visualizao em www.vimeo.com/oitoemeio
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a mulher moderna levanta-se cedo, mas atrasa-se sempre.
maquilha-se e rodopia perfeita em sapatilhas o dia inteiro.
empenha-se naquele trabalho que faz de si a mulher realizada e
independente, que lhe permite conduzir-se em quatro-rodas-autnomas
nesse final de tarde s compras para chegar a casa e cozinhar um
delicioso jantar d e c o i s a s f r e s c a s e v e r d e s . a
m u l h e r moderna come fruta e no tem v i d a p a r a g i n s i o
s . a r r a n j a a s sobrancelhas e d e p i l a a s p e r n a s e
encravam-lhe os plos nas v i r i l h a s d a s t a n t a s depilaes
que faz. a casa da m u l h e r moderna um palacete onde gasta as
mos p o r q u e n o g a n h a o suficiente para pagar a uma
mulher-a-dias que lhe lave, limpe, seque e engome a vida. ainda
assim, a casa da mulher moderna est limpa, a moblia perfumada e as
roupas estendidas nos armrios ou noutro stio qualquer do seu
percurso de utilidade para seduzirem o corpo que as h-de vestir de
enfiada na manh seguinte. a mulher moderna incoerente e acredita no
prncipe-do-cavalo-branco. bonita, desejvel, romntica, criativa e
chega a casa e monta-o com requinte. h mulheres modernas que
confiam nos homens modernos, que continuam a dormir muito depois do
seu dia comear, mas que limpam a casa e arrumam a cozinha, pem a
roupa a lavar e a secar e adiantam o jantar. quando essa mulher
moderna chega a casa, o homem moderno recebe-a com um beijo, depois
das mensagens da manh e da tarde a lembrar que o amor existe. e por
muitas horas de trabalho, poucas horas de sono ou violentos
desarranjos hormonais, esta mulher moderna para o seu homem moderno
a mais bonita do mundo. a mulher moderna sabe que ser mulher hoje
viver num limbo. ser mulher educada por outras mulheres: crescer no
paradigma cristo da av-domstica a preparar o jantar, o banho e o
chinelo do av, e da me-independente a multiplicar-se entre o
emprego na rua e o
trabalho em casa. a mulher moderna sabe que ser mulher hoje
gerir a luta entre o que herdamos, o que biologicamente somos e o
que ambicionamos ser. algures na matemtica das horas entram os
filhos, que no podero tardar ou sujeitam-se a vir fora do
prazo-de-validade-dos-vulos-contados. mas antes disso a mulher
moderna precisa de renovar o conhecimento, estudar, ler todos os
livros de cabeceira e passar os olhos pelas reportagens que se
amontoam na casa-de-banho em risco srio de desactualizao. a mulher
moderna tem personalidade e opinio. viu a exposio do oliveira
centenrio em serralves, assistiu ao blindness no cinema, acompanhou
a vitria do obama nos estados unidos. alis, no s sabe que o obama
ganhou as eleies, como j pensou sobre isso e j fez piadas, porque a
mulher moderna tem sentido de humor. conhece duas cidades do mundo
por ano e visita sempre a famlia, que a mima muito. e onde se
encaixam aqui as garrafas de vinho que bebe a mulher moderna? a
mulher moderna tem peito para mais ou fgado para tanto e cura as
ressacas com gurosan e sumo de laranja natural. a mulher moderna
tem dias maus. em que montona com o raio, em que pragueja o tempo
todo, em que deseja at ter nascido com uma pila. mas vai sempre a
jogo. a mulher moderna uma jogadora agressiva, confundido os
adversrios: homens, mulheres e animais de estimao. o ser humano
complica, a mulher moderna complica ainda mais, mas age apenas de
acordo com o seu cdigo gentico, que tambm cinco mil vezes mais
complicado do que o homem moderno. mas pode ser o oposto de tudo
isto! a mulher moderna pode marimbar-se para os plos e assumir o
bigode, cagar pr casa em pantanas e ignorar o que dizem os outros.
a mulher moderna pode trocar a cidade pelo campo e acordar muito
cedo para regar os narcisos e recolher os ovos frescos do
galinheiro, de mp3 nas orelhas e disco externo de 500 gigas em
casa, enquanto deixa a canja a cozer para depois encomendar uma
camisola da la redoute pela internet.a mulher moderna busca
avidamente a vida moderna apenas porque quer e porque lhe apetece.
a mulher moderna sabe que primeira definio de modernidade foi
publicada em 1500 e que o que moderno agora, amanh j deixou de o
ser. a mulher moderna admite que o adjectivo aqui pouco ou nada
interessa e que o desafio maior da contemporaneidade , apenas,
poder optar e saber escolher. e que o mundo hoje , de facto, mais
certo, ainda que vivamos da esperana de que tudo volte a mudar de
novo.
Texto realizado a partir dos contributos do post
"mulher-de-emergncia", em www.diariodesombras.wordpress.com.
Mulher de Emergnciaensaio sobre a mulher modernaPor Mafalda
Martins - Ilustrao de Ricardo CamposS
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LILIANA NICOLAU:
O objectivo deste trabalho alertar as pessoas e
consciencializ-las para a violncia contra as mulheres. No importa
se as imagens foram encenadas, montadas ou se foi um crime
verdadeiro, mas sim a mensagem que chega at s pessoas, pois essa
aquela que define o realismo fotogrfico e a sua significao
socialmente crtica.
MESTRADO
Crime Scene, de Liliana Nicolau
Projecto desenvolvidos por Liliana Nicolau para o Mestrado em
Comunicao Audiovisual do Instituto Politcnico do Porto, durante um
seminrio com o fotgrafo Ingls John Goto.
Mais informaes sobre o curso em
http://www.dfcam.esmae.ipp.pt/
Mai
o/Ju
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2009
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Les Glaneurs et la Glaneuse (2000) - o filme com que Agns Varda,
apoiada no quadro de Millet sobre o mesmo tema, (re) interpreta o
termo glaneur, ento condenado ao esquecimento por circunstncias da
sua desadequao, no s transformaes dos hbitos sociais decorridos
desde o sculo XIX at ento, mas sim s searas propriamente ditas
(que, sobretudo em meio urbano, sofreram alteraes muito
significativas ) - inspira-nos.Le glaneur, el espigador, o
respigador; a origem do termo atribuido quele que recolhe o
sobrante de uma colheita, no impediu a sua adaptao urbe
contempornea pelo que, todos os que se apropriam das sobras doutrm
para proveito prprio, ainda hoje e sem que anacronismo algum tenham
emergido, respigam. Assente nessa apropriao do intil e no desafio
da sua converso em objectos utilitrios, a nossa actividade,
enquanto respigadores, resulta em intervenes sobre reas distintas
como a arquitectura, cenografia ou decorao.Materiais, mtodos,
tcnicas, conceitos, mecanismos, construes, objectos decrpitos,
abandonados ou em desuso so alvo preferencial do nosso exerccio
criativo e de profissionais de mrito reconhecido, de interminveis
reas do conhecimento que o nosso saber desconhece que,
pontualmente, convidamos a desafiar o engenho humano em parcerias
que se pretende que resultem em produtos exclusivos e de elevado
rigor intrinssecamente associado sua concepo.
A durabilidade dos bens de consumo est cada vez mais ameaada
pela celeridade com que novas e aliciantes propostas so diriamente
apresentadas. Prolong-la por mais tempo o propsito de
respigadores.
Respigadores. Reciclagem funcional de objectos.Raquel da Silva.
Porto. 1984. Frequenta o Mestrado integrado em Arquitectura e
Urbanismo.Pedro Vaz da Costa. Valpaos. 1974. Frequenta o Mestrado
integrado em Arquitectura e Urbanismo.
http://respigadores.wordpress.com
RESPIGADORESS
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Mai
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2009
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O projecto Lab.65 comeou a sua existncia numa galeria de
fotografia na Rua Mrtires da liberdade n 65, da o nome, e surgiu de
uma vontade de ter um espao dedicado fotografia, para mostrar,
provocar interesse e incentivar o gosto e o conhecimento acerca da
fotografia a r t s t i ca . En t re tan to e s ta s a sp i rae s
continuaram mas ganharam outra forma, fisicamente menos restrita
que o espao fsico galeria originava e abraando a virtualidade
global, substituindo a dita galeria pelo espao ciberntico.Podemos
afirmar que este projecto se encontra ligado a prioridades que vo
do desenvolver o gosto pessoal sobre a fotografia ao incremento do
mercado da fotografia artstica. Sendo um estmulo para os fotgrafos
no sentido de tornar visvel o seu trabalho e o comercializarem, e
um estmulo para o pblico poder aprofundar o conhecimento acerca do
que est a ser feito nesta rea bem como ter uma maior acessibilidade
na aquisio de obras relevantes no panorama fotogrfico. Cativar o
interesse do pblico pela fotografia enquanto arte, dando a conhecer
e aproximando o contacto entre artistas e gentes animadas por este
interesse especfico, enquadra-se no mbito da crescente afirmao da
Lab.65 desde 2007. Estes propsitos relacionam-se com a prpria
alterao do modus operandi da Lab.65 relacionado com o aonde e como
mostrar e provocar, tendo alterado o seu local de funcionamento,
fisicamente limitado a uma
galeria com exposies temporrias, para passar a um espao
ciberntico global.A alterao de facto significativa, pelo sentido da
audcia e da inovao, sendo que h projectos similares no estrangeiro
mas nenhum em Portugal e mesmo os que se aproximam no so idnticos.
E passo a explicar, ser audaz e inovar implica arriscar. Implica,
de algum modo, propor novidades, sair fora do modelo usual, do que
est pr-estabelecido, do tradicional. Ora os mecanismos habituais de
divulgao e visionamento das artes so as exposies, que acontecem
sobretudo nos museus e em galerias, que so locais fisicamente
concretos e que usam m e c a n i s m o s d e p r o j e c o e m o s
t r a condicionados a um local, e so tambm as edies de textos,
publicados em livros, catlogos, revistas jornais, tendendo cada vez
mais publicao online. Digamos que o projecto da Lab.65 audaz e
inovador porque junta estes dois mecanismos de projeco e informao.A
essncia do projecto est na sua participao online. A novidade o stio
Lab.65 se ter alargado a uma escala global na internet. l que se
pode visionar, consultar, conhecer mais, acompanhar. Para alm disso
e como complemento faz parte do projecto a realizao de diferentes
momentos expositivos temporrios de modo a dar a conhecer ao pblico
a mater ia l izao concreta dos t rabalhos fotogrficos que fazem
parte da La.65. As exposies acontecem por serem facilitadoras
de
LAB.65S
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Untitled #10, de Juao Corao
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um contacto mais pessoal que se pretende que tambm seja possvel.
Elas vo acontecendo em locais diversos, pelo pas fora e
possivelmente tambm fora de Portugal, tendo comeado a sua
itinerncia atravs da colaborao da FNAC nos espaos por esta
disponibilizados.A aposta da Lab.65 tem a ver com a vontade de
querer chegar a um nmero significativo de pessoas e de modo mais
consolidado, mesmo sem ser necessariamente presencial, cada um
pode, em sua casa ou qualquer outro lugar que lhe seja apropriado,
a qualquer hora que lhe seja conveniente, aceder ao site. Deste
modo o envolvimento vai acontecendo, pode-se ver quando se quer e
como se quer, todos os dias e em diferentes momentos, isto permite
estar sempre a par, tomar decises mais ponderadas e tranquilas e
consolidar os laos.Por tudo isto podemos dizer que a grande
finalidade do projecto Lab.65 per mite democratizar mais a
fotografia de autor, em termos de chegar ao conhecimento de muita
gente, que pode ver e ficar a saber o que se tem feito na
fotografia actual em Portugal, atravs do contacto com os trabalhos
de fotografia de alguns relevantes artistas, e em termos econmicos
torn-la mais acessvel, surge assim possvel a criao de uma coleco de
fotografia de autores portugueses contemporneos.E passo a falar
muito brevemente dos artistas. So ao todo 22, neste momento,
autores portugueses. Alexandre Delmar, Ana Luandina,
Dona de Casa, de Ana Luandina (ao lado)
Poas #1, de Alexandre Delmar (em baixo)
Mai
o/Ju
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2009
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ngela Ferreira, Carlos Czanne, Hugo Olim, Ins DOrey, Joo Leal,
Joo Margalha, Jos Carlos Nascimento, Joo Corao, Manuel Lus
Cochofel, Marcus Garcia Moreira, Margarida Paiva, Miguel Fukotomi,
Miguel Meira, Paula Abreu, Paulo Pimenta, Pedro Guimares, Pedro
Magalhes, Rita Castro Neves, Rui Pinheiro e Teresa S. Portanto para
j o projecto aposta sobretudo em dar a ver e a conhecer o que se
faz no pa s . E temos aqui uma se leco particularmente
interessante, muito heterognea, contudo para os referenciar de modo
mais sintetizado e fludo resolvi agrup-los. Os grupos em que os
pensei, jogando por um lado com conceitos e por outro com
elementos
f o r m a i s v i s v e i s n a s i m a g e n s s o
fundamentalmente trs:
1 - paisagistas-documentais, cujas imagens podem ser tomadas
como documentos, registos de situaes, objectos e realidade:
Alexandre Delmar; Carlos Czanne; Hugo Olim; Joo Margalha; Jos
Carlos Nascimento; Manuel Lus Cochofel; Miguel Fukotomi; Miguel
Meira; Paulo Pimenta; Pedro Guimares; Pedro Magalhes; Rita Castro
Neves; Rui Pinheiro.
2 - narrativas-pessoais, algumas de mbito mais potico e
emocional que outras, com relaes com o cinema e a literatura, a
fbula, as metforas visuais: Ana Luandina; Ins DOrey; ngela
Ferreira; Margarida Paiva; Teresa S.
3 - experimentalistas, num jogo de possibilidades tcnicas da
prpria fotografia que nos levam por vezes a pensar em que percebe
uma forte relao da fotografia com outras reas artsticas: Joo Leal;
Joo Corao; Marcus Garcia Moreira; Paula Abreu.
Podemos dizer que eles so um ncleo forte, no s porque muitos
deles tm j prmios no seu curriculum profissional, mas porque so
artistas dinmicos, que apresentam trabalho com conhecimento de
causa sobre o mundo actual e em especial no que se refere s artes
do nosso tempo. So rigorosos, tm viso, focam pontos relativos
cultura contempornea com os quais nos sentimos prximos. Como por
exemplo, a sociedade de consumo, os seus clichs, a solido, os
no-lugares e os espaos de vivncia urbana, entre tantos outros
conceitos caracterizadores do mundo em que vivemos. Todos eles so
diferentes, volto a repetir, abrangendo vrias temticas, tcnicas,
contedos tericos e valendo-
Jesus Loves America I, de Angela Mendes Ferreira (ao lado)
Piece 06, de Joo Leal (em baixo)
SH
AR
EM
AG
-
se de elementos formais que os distinguem, tais como no que se
refere ao trabalho com a luz, a cor, os focos, as linhas, as
perspectivas e os enquadramentos, presentes nas imagens fotogrficas
que nos apresentam. Uma coleco a no perder de vista.
OS PORTFLIOS COM IMAGENS DOS ARTISTAS QUE FAZEM PARTE DO
PROJECTO LAB.65 PODEM SER APRECIADOS EM WWW.LAB65.COM.
Ritz, de Carlos Cezzane
Untitled, de Manuel Lus Cochofel
-
Made In China #1, de Rui Pinheiro (ao lado)
Perdidos na Cidade, de Paulo Pimenta (em baixo)
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Untitled #2 (Night Windows, de Margarida Paiva (em cima)
Color Film n 2, de Paula Abreu (ao lado)
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Fim #15, de Marcus Garcia Moreira (ao lado)
Untitled #3, de Teresa S (em baixo)
-
Bristol, de Rita Castro Neves (em cima)
Sem Ttulo #1, de Miguel Fukotomi (ao lado)
-
UM MOTOR PARA AS ARTES
Pretende-se que funcione como um motor artstico. Que motive as
pessoas para as artes, tanto como produtoras como espectadoras.
esse o grande objectivo da Nuvem Voadora, uma associao cultural com
sede em Vila do Conde, mas com ambies alm-fronteiras.
A Nuvem Voadora Associao Cultural nasceu a 17 de Abril de 2008,
pela vontade de um grupo de nove amigos, com diferentes formaes e
sensibilidades. Pretende assumir-se como um plo dinamizador das
vrias artes, onde os seus colaboradores e associados encontrem um
espao de interveno, simultaneamente artstico, social e crtico. Ou
seja, um motor artstico que motive e apoie a produo e a procura,
nas vrias artes.A Queima do Judas 2009 um dos resultados recentes
do trabalho da Nuvem. Trata-se de um espectculo multidisciplinar,
que envolveu uma equipa de cerca de 200 pessoas, e que parte da
histria de um velho pescador, agora faroleiro, para fazer uma
viagem pela sua memria e pela sua terra, as Caxinas, em jeito de
homenagem a esta singular comunidade piscatria do Norte do pas. O
espectculo envolveu vrias associaes e instituies do concelho de
Vila do Conde e explorou as vertentes do teatro de rua, das artes
circenses, da msica, da dana, da fotografia, do vdeo ou da poesia.
Decorreu a 11 de Abril, em
Vila do Conde, e contou com cerca de 1500 espectadores. De
destacar tambm o plano de actividades que a Nuvem Voadora est a
desenvolver no Parque da Lavandeira, em Vila Nova de Gaia. J em
Maio decorre a oficina Palhao e tudo volta, seguindo-se, em Junho,
o atelier Escrever na paisagem e, em Julho, a actividade O lixo
tambm tem corao. Nota ainda para a Mostra de Artesanato
Contemporneo, que decorre tambm em Julho, e o espectculo de msica e
circo Irmos esferovite Banda de Palhaos, que acontece em
Setembro.Como momentos marcantes na histria ainda muito recente da
associao, h que destacar a interveno Nuvem Voadora, que decorreu em
Maio de 2008 e que marcou uma das primeiras actividades
desenvolvidas pelo grupo. Esta interveno/perfomance consistiu na
instalao de uma nuvem de bales brancos, presos por um fio ao
gradeamento da estao de Metro do Bolho, difundindo palavras soltas
de apoio manuteno deste histrico mercado da Baixa portuense.Tambm a
participao no festival E se esta rua fosse minha, promovido pelo
Plano b, na Rua Cndido dos Reis, no Porto, a 4 de Outubro de 2008,
constituiu um momento alto. Entre outras participaes, a associao
apresentou a instalao Entra em mim, um projecto fotogrfico onde os
perfis fotografados so depois recortados, ampliados e instalados
num espao
NUVEM VOADORA
SH
AR
EM
AG
42
Workshop de Circuit Bending dinamizado pela Nuvem Voadora em
2008. Fotografia de Margarida Ribeiro.
-
Entra em mim, projecto fotogrfico de Cesrio Alves, apresentado
no festival E se esta rua fosse minha, Outubro de 2008, Porto.
Fotografia de Paulo Pinho (ao lado).
Queima do Judas 2009, com direco artstica de Pedro Correia e
Paulina Almeida. Fotografia de Cesrio Alves (em baixo).
pblico, convidando-se os espectadores a entrar no negativo dos
retratos. Nota ainda, no mbito das oficinas, para o Workshop de
Circuit-bending, organizado pela Nuvem em Novembro de 2008 e que
permitiu que um conjunto de pessoas pudessem aprender a manipular
de forma intuitiva um conjunto de circuitos integrados de
brinquedos electrnicos emissores de som, aplicando dispositivos que
permitem distorcer/alterar os sons, resultando da interessantes
instrumentos de som.As colaboraes com o Parque do Museu de
Serralves que decorreram em 2008 repetir-se-o tambm em 2009, no
mbito das comemoraes dos Dias Mundiais da Criana e do Ambiente,
assinalados a 5 de Junho, com um conjunto de actividades de animao
de rua.Mas a Nuvem quer voar para longe e tem procurado marcar
presena em eventos internacionais, com destaque para o Festival de
Artes de Rua Animasannio, que decorreu em Benevento, Itlia, em
Julho de 2008.
Em www.nuvemvoadora.com possvel acompanhar em detalhe todas as
iniciativas promovidas e participadas pela associao, bem como
encontrar os contactos para o envio de propostas ou pedidos de
informaes.
Mai
o/Ju
nho
2009
-
THERE WILL BE BLOOD
Realizador: Paul Thomas Anderson
Ano: 2007
www.therewillbeblood.com
CINEMA
INS GUEDES RECOMENDA
There Will Be BloodRealizado em 2007 por Paul Thomas Anderson j
bem conhecido pelas brilhantes obras cinematogrficas Magnlia e
Punch Drunk Love este filme a convergncia de vrios elementos que o
tornam num filme nico e obrigatrio. Por um lado, a magnfica
fotografia que possui, por outro, a genialidade insupervel da
interpretao de Daniel Day-Lewis e depois, a fantstica banda sonora
que Jonny Greenwood to adequadamente criou. A histria de uma
fervorosa ambio por petrleo, que leva a que Plainview (Day-Lewis) e
seu filho (Dillon Fresier) partam para uma pequena cidade do Oeste.
Aqui comea um enredo de amor-dio, luta e degradao de princpios
morais. Para muitos, o filme de difcil digesto dada a sua
complexidade, negrido e pelos 159 minutos que o constituem.Porm,
There Will Be Blood ultrapassa o l i m i t e d a p e r f e i o , d
e v e n d o , indubitavelmente, ser considerado um grande clssico
do cinema.
Das Leben der AnderenVencedor de um Oscar em 2007 para melhor
filme estrangeiro, A vida dos outros retrata uma histria real do
dramtico sistema de espionagem existente na Alemanha Oriental
durante o perodo da Guerra Fria. Nos anos 80, o Ministro da Cultura
interessa-se por Christa (Volkmar Kleinert), actriz popular que tem
uma relao amorosa com Georg (Sebastian Koch), o mais conhecido
dramaturgo do pas. Com a suspeita dos dois serem infiis s ideias
comunistas, eles passam a espiados pelo Capito Gerd (Ulrich Mhe),
perito em vigilncia no Ministrio para a Segurana do Estado, que
fica fascinado pelas suas vidas e interaces. No entanto, o filme
acaba por ser a histria da sua vida.Florian Henckel von
Donnersmarck realiza uma obra excelente, onde temas delicados como
a traio, a lealdade, o abuso de poder e dilemas morais so uma
inevitvel regra. Absolutamente merecedor de um scar.
Sal o le 120 giornate di SodomaRealizado em 1975 e baseado na
obra Os 120 Dias de Sodoma do Marqus de Sade, este filme conta a
histria de quatro homens dos mais altos cargos do poder (poltico e
religioso) que raptam 18 jovens (9 rapazes e 9 raparigas), fazendo
deles prisioneiros num palcio perto de Marzabotto. Nesse local,
esses homens exploram sexualmente os jovens, violando-os,
torturando-os e mutilando-os.Pier Paolo Pasolini usa o livro de
Sade mas tambm a sua prpria vida como veculo de denncia da
crueldade do regime fascista. At hoje Sal um filme extremamente
perturbante e polmico, devido sua forte violncia grfica. H quem
apelide o filme de pornogrfico, no entanto este actua de forma
inversa a este gnero e representa a morte do sexo e a degradao da
pessoa, r e d u z i d a a c o r p o p a r a s e r
comercializado.Pasolini foi uma figura to controversa quanto a sua
obra e pouco antes da estreia deste filme acabaria por ser
assassinado.
-
PersonaElisabet (Liv Ullman) uma actriz de sucesso que deixa de
falar durante uma performance da pea Electra. A psiquiatra
recomenda que a enfermeira Alma (Bibi Andersson) tome conta da
actriz na sua casa de praia, para uma recuperao total. No decorrer
do filme observa-se uma crescente interaco constituda por palavras
de uma e expresses mudas de outra, levando a uma aproximao por
vezes doentia. Ao mesmo tempo, cresce uma tenso (sem abandono de
uma sensualidade imensa) que Bergman to eficazmente consegue
captar.No um filme fcil de compreender, antes pelo contrrio, a
interpretao de cada pessoa a palavra-chave para analisar a obra
talvez mais experimental de Ingmar Bergman que no pode passar ao
lado dos amantes de cinema.
Stanley KubrickNasceu em 1928, e fez este ano uma dcada que este
grande cineasta nos deixou. Porm, Kubrick permanece vivo por entre
todos aqueles para quem o cinema uma arte que deve ser sentida e
partilhada de modo intenso. Apesar de ter realizado poucos filmes,
facto que o prprio lamentava, quase todos eles so hoje considerados
marcos do cinema.O legado do nova-iorquino contm ttulos como o
anti-belicista Paths Of Glory, Lolita, a sua primeira obra de
grande oramento para um grande estdio, sobre um amor pedfilo, e o
talvez mais famoso 2001: A Space Odyssey, um ensaio colossal que
nos coloca questes existencialistas disfarado de fico cientfica.J
em Inglaterra, onde viveu o resto da sua vida, o cineasta
consolidaria o estatuto de autor, apresentando o muito controverso
A Clockwork Orange, que ele prprio mandou tirar dos circuitos
devido a ameaas de morte a si e sua famlia. Seguidamente realizou
um filme de poca Barry Lyndon para o qual mandou construir cmaras
com lentes originalmente feitas para a NASA. O prximo desafio do
mestre de cinema resultou num filme de terror psicolgico vagamente
baseado no livro The Shining, de Stephen King. Saltando de gnero
para gnero como era costume, presenteou-nos com o filme sobre a
guerra do Vietname Full Metal Jacket, um filme claramente dividido
em duas partes, o recrutamento e a misso j no terreno.Kubrick,
esteve uma dcada desaparecido, e voltaria
no final dos anos 90 com Eyes Wide Shut, um filme com o casal
Kidman Cruise, sobre o desejo, atraco e ciume. Muitas vezes
conotado como um control-freak, Stanley Kubrick era antes um
perfeccionista que queria a sua viso totalmente transposta na
tela.
PERSONA
Realizador: Ingmar Bergman
Ano: 1966
en.wikipedia.org/wiki/Persona_(film)
STANLEY KUBRICK
Eyes Wide Shut (1999); Full Metal Jacket (1987); The Shining
(1980); A Clockwork Orange (1971); 2001 - A Space Odissey
(1968)
www.kubrickfilms.warnerbros.com
-
ROBERT PLANTALISON KRAUSS
Maturidade
http://www.myspace.com/
officialrobertplantalisonkrauss
WHITEY
Energtico
http://www.myspace.com/
hellowhitey
MSICA
MANH MANH RECOMENDA
-
THE NEW MASTERSOUNDS
Aproximem-se
http://www.myspace.com/
newmastersounds
CUT COPY
Contagiante
http://www.myspace.com/
cutcopy
!
DISCOPHOENIX - WOLFGANG AMADEUS PHOENIX
bonito sim senhora.
http://www.myspace.com/
wearephoenix
-
O PROCESSO
Pormenor do manuscrito original de Franz Kafka
LITERATURA
JOANA BELEZA RECOMENDA
O Passeio e Outras Histrias, de Robert Walser | Traduo de
Fernanda Gil Costa | Granito - Editores e LivreirosPequeno livro de
quatro histrias, no se encontra facilmente em qualquer livraria e,
encontrando-o, poder passar despercebido de to pequeno e modesto
que (talvez como Walser sempre quis que os seus livros fossem).
Feito o aviso, o autor observa no ltimo dos textos: No jardim a luz
treme, o sossego sossega, e sem dvida admissvel que o palerma dum
pajem seja palerma na medida em que se encosta casa sonhador e uma
pequena mulher disfarada. Abre-se assim um passeio por esta
obra.
O Estrangeiro, de Albert Camus | Traduo de Antnio Quadros | Edio
Livros do Brasil LisboaH livros dos quais ningum esquece as
primeiras frases e este um deles: "Hoje, a me morreu. Ou talvez
ontem, no sei bem. Recebi um telegrama do asilo: Sua
me falecida. Enterro amanh. Sentidos psames. Isto no quer dizer
nada. Talvez tenha sido ontem." Enfim, um romance assombroso de to
estranho e absurdo, por vezes cmico, sempre no limite da
sensibilidade humana.
Ofcio Cantante - poesia completa de Herberto Helder | Assrio
& AlvimBastaria talvez dizer que "apenas" a poesia completa de
um dos maiores poetas portugueses, mas parece-me que aqui fica bem
o ltimo verso-poema do livro (pgina 618):
abrupto termo dito ltimo pesado poema do mundo
at novembro de 2008.
O Processo, de Franz Kafka | Traduo de lvaro Gonalves | Assrio
& AlvimNo ser por acaso que volta e meia se diz de um caso de
justia complexo que uma
espcie de "processo kafkiano". De facto, este livro abre-se num
dia da vida de Josef K., bancrio bem sucedido, que acorda e preso
no seu prprio quarto sem saber do que acusado ou quem o acusa.
Entra ento num processo misterioso cheio de perguntas e zero
respostas. De revoltado o pobre bancrio passa a resignado e acaba
por desejar a prpria execuo.
AUTORRobert Walser ou O elogio do minsculoRobert Walser (1878 -
1956), escritor suo de expresso alem, foi uma referncia literria
para autores como Musil, Kafka e Walter Benjamin. Permaneceu muitas
dcadas na sombra da literatura europeia, mas nos ltimos anos tem
ganho uma dimenso de culto ao mesmo tempo que as suas obras so
recuperadas e traduzidas (em Portugal a Relgio d'gua tem vindo a
publicar vrios livros). Observador por natureza, Walser levou uma
vida solitria e dos seus dias errantes nasceu uma estranha
-
ROBERT WALSER
(1878 - 1956)
en.wikipedia.org/wiki/Robert_Walser_(writer)
obra, presa s pequenas coisas do quotidiano, sobretudo as mais
banais, imperfeitas e falhadas. Walser nada tinha e nada queria e,
porventura, s assim se sentia livre para escrever. No final dos
anos 20 ingressou voluntariamente num sanatrio, numa altura em que
j quase s escrevia a lpis, com letras minsculas (muitas palavras
chegam a medir menos de c inco mil metros ) , e em qualquer
bocadinho de papel que encontrasse. Investigadores da sua obra
acreditam que muitos dos seus textos se tero perdido
irremediavelmente. De resto, Walser deixaria mesmo de escrever
pouco tempo depois de ser internado. Passou quase trinta anos nesse
estado, at que no dia de Natal de 1956 foi encontrado morto, na
neve, quando dava um dos seus habituais passeios solitrios. -
Relgio d'gua publicou O ajudante, Jakob Von Gunten, O Salteador, A
Rosa e Histrias de Amor.- Do alemo para espanhol foram traduzidos
trs volumes dos textos que Walser escreveu em pequenas folhas
soltas. A coleo chama-se Robert Walser Escrito a lpiz Microgramas
I, II e III Ediciones Siruela
OFCIO CANTANTEpoesia completa
Capa do livro de Herberto Helder, publicado pela Assrio &
Alvim
-
The Vagabond who withdraws himself to any extent from the life
of his day, who declines to conform to many of its arbitrary
conventions, escapes much of the fret and tear, the heart-aching
and the disillusionment that others share in. He retains freshness,
simplicity, joyfulness, not vouchsafed to those who stay at home
and never wander beyond the prescribed limits. He exhibits an
individuality which is more genuinely the legitimate expression of
his temperament. It is not warped, crossed, suppressed, as many
are. (Rickett 109)
Influenciado pelo experimentalismo sintctico dos poemas em prosa
cubistas de Gertrude Stein, pela espacializao grfica mallarmeana e
pela preciso e economia verbal dos Imagistes, a poesia de E.E.
Cummings resulta num constante estimular da linguagem pela
desconstruo de normas sintcticas, possibilitando a prolificao de
novos campos semnticos. Atravs de jogos de linguagem e da
experimentao tipogrfica, revela-se o lado ldico e pictrico de E. E.
Cummings (ressonncias da sua actividade como artista plstico),
realizado atravs da explorao espacial da mancha grfica na
folha.Somos confrontados com o uso de advrbios transformados em
substantivos, ou com o uso da forma tradicional do soneto, que,
combinado com a viso deliberadamente simples que o autor tenta
mostrar do Mundo, (exaltao daquilo que h de mais espontneo no
indivduo, rejeitando os colectivismos e o pensamento racionalista
quealiceram a sociedade tecnocrtica) do sua poesia um lugar na
histria da literatura universal.Paralelamente s tcnicas exploradas
no Modernismo literrio, que vo muitas vezes desembocar numa potica
da impessoalidade, a poesia de E. E. Cummings devedora de uma
tradio romntica - a exaltao das capacidades imaginativas do
indivduo e das aptides individuais da imaginao. Alis, em Cummings,
a herana romntica sente-se ao ponto de o individualismo se diluir,
por vezes, (tanto na sua vida, como na sua obra) no eremitismo. Tal
eremitismo emerge em diferentes manifestaes de um eu potico que se
revela frequentemente a d v e r s o a c o m p o r t a m e n t o s
estandardizados (a estagnao conformista de mostpeople, por oposio
ao dinamismo individualista de you and I), falsos herosmos e clichs
patriticos e religiosos.Em relao s estratgias de construo textuais,
Ceclia Rego Pinheiro, na
introduo a livrodepoemas (1999) salienta que se as tcnicas de
escrita modernistas se afirmam como estratgias de despersonalizao e
de ob j ec t i vao do con tedo po t i co, o experimentalismo
cummingsiano, enquanto expresso da viso orgnica do poeta prope-se a
re-categorizao do real e o alcance do seu sentido ltimo. O
poeta-profeta recupera, assim, o sentido original das palavras
(Pinheiro 17)E.E. Cummings parodia ainda o mundo literrio,
condenando tanto a moda das vanguardas cosmopolitas, como o
tradicionalismo puritano da poesia americana. neste seguimento que
surge a temtica do amor, plena de vitalidade e em oposio claramente
contrastante para com a esterilidadee o snobismo dos crculos
artsticos e i n t e l e c t u a i s d a p o c a . O t e r m o
espontaneidade surge associado a um individualismo que em Cummings
assume uma dimenso anti-colectivista, longe das restries das tbuas
de valores estticos dos seus contemporneos. Assim, o recurso ironia
e aocinismo constitui prtica recorrente na construo destes
poemas.Atravs da anlise de Anyone lived in a pretty how town,
inserido em 50 Poems (1940), procurarei evidenciar os aspectos
acima referidos, quer atravs de close reading, quer atravs de
dilogos intertextuais.
Uma Leitura de...anyone lived in a pretty how townPor Mariana
MarquesS
HA
RE
MA
G
50
anyone lived in a pretty how town(with up so floating many bells
down)spring summer autumn winterhe sang his didn't he danced his
did
Women and men(both little and small)cared for anyone not at
allthey sowed their isn't they reaped their samesun moon stars
rain
children guessed(but only a fewand down they forgot as up they
grewautumn winter spring summer)that noone loved him more by
more
when by now and tree by leafshe laughed his joy she cried his
griefbird by snow and stir by stillanyone's any was all to her
someones married their everyoneslaughed their cryings and did
their dance(sleep wake hope and then)theysaid their nevers they
slept their dream
stars rain sun moon(and only the snow can begin to explainhow
children are apt to forget to rememberwith up so floating many
bells down)
-
anyone lived in a pretty how town
O primeiro verso de anyone lived in a pretty how town sugere
logo um travalnguas. De facto, verifica-se o uso de uma sintaxe
paralelstica, da rima, do refro e de fonemas onomatopeicos. Mas
para alm das caractersticas ldicas da composio do poema, anyone
lived in a pretty how town construdo com vocbulos e ritmos que
evidenciam complexas impresses sensoriais no discurso voyeurista do
sujeito potico. dada ao leitor uma viso ironicamente estereotipada
dos vrios ciclos que formam existncia humana. Estes mesmos ciclos
rodopiamao longo das nove quadras que constituem o poema, formando
a narrativa de toda uma vida facilmente resumvel e da tambm a
ironia do poema. Um dos ngulos possveis de ler este poema ,
precisamente, a sua narratividade A monotonia do quotidiano e a
certeza da morte emergem em correlao com as quatro estaes do ano
spring summer autumn winter e as respectivas transformaes fsicas
dadas na Natureza nestes quatro perodos. O nascimento, crescimento
e declnio do homem so apresentados no movimento dos sinos e na
rotatividade cclica das estaes do ano elementos logo presentes na
primeira estrofe. Na segunda estrofe, inicia-se uma exposio mais
concreta da comunidade onde o indivduo, anyone" personagem central
do poema, est inserido: Women and men (both little and small) .
Aqui, os adjectivos tm uma conotao sarcstica, na medida em que
ambos convergem para a pequenez da ortodoxia e do conservadorismo
das prticas sociais convencionadas por esta mesma comunidade, num
regime de repetio e regularidade: they sowed their isnt they reaped
their same.Os sinos (with up so floating many bells down)
comummente detm a funo de anunciar os eventos de uma pequena
comunidade. Mas, dada a irregularidade rtmica e mtrica dos versos,
sugerem tambm, atravs destes, a libertao destas mesmas prticas: he
sang his didnt he danced his did. Deste modo, os sinos so aqui
smbolo de ambivalncia. Por sua vez, o vocbulo spring, que carrega
tradicionalmente uma polarizao positiva , ainda na primeira
estrofe, tornado
ambivalente. Ao constituir o nico monosslabo do terceiro verso,
carrega o sema do isolamento, anunciando assim o tema da morte. Na
sexta estrofe, este tema surge de forma mais explcita. A morte
assoma associada ao vocbulo snow que, por conseguinte, surge
enquanto metfora da estao do ano associada mesma, - o Inverno -
acarretando consigo o espectro da solido:
No verso oitavo, constitudo pelos monosslabos sun moon stars
rain, est acentuado o sentimento de solido do sujeito potico, pois
a sua transio para a summer season no interessa de todo comunidade:
Women and man (both little and small/cared for anyone at all.
Apenas as crianas so capazes de entrever que uma figura feminina
(implcita) - noone- se apaixonara por anyone. Aqui, introduzida a
temtica blakeana da passagem da Inocncia para a Experincia. As
crianas, quando crescerem, esquecer-se-o do que entreviram,
perdendo os seus dotes e iniciando-se assim o ciclo da decadncia
presente na terceira estrofe:
A repetio constante do ciclo das estaes atravessa todo o poema.
dentro deste ciclo que se desenvolve um outro igualmente demarcado
no tempo, previsvel, o dos homens. As caractersticas formais da
terceira estrofe demonstram-no, no s semanticamente, mas tambm no
ritmo. A decadncia do amadurecimento (re) inicia-se num verso dcimo
que, ritmicamente, se desenha num tetrmetro jmbico. No verso
seguinte, onde so convocadas as quatro estaes do ano, d-se uma
mudana para um tetrmetro trocaico a mera nomeao das estaes pressupe
uma continuidade em cadeia, conduzida pela sua repetio. O verso
seguinte, no qual se inicia um novo flego, d-se como que um
regresso ao Outono, reiniciando-se um novo ciclo, o do amor. Por um
lado, dado aqui mais um passo para a degradao da Inocncia, por
outro, desponta o nico foco de novidade numa existncia previsvel
que redunda em Experincia (ou a ideia que a comunidade em questo
tem desta). Restam a anyone menos anos de vida e, do mesmo modo,
d-se no ritmo do verso doze o regresso ao jambo do verso 10, desta
feita com menos um p, numa relao directa e intencional entre o
ritmo e a semntica, trao, alis, recorrente de todo o poema.O verso
23, how children are apt to forget to remember, composto, por sua
vez, por trs unidades rtmicas: dois dctilos e um anapesto, o que
provoca um
stars rain sun moon(and only the snow can begin to explainhow
children are apt to forget to rememberwith up so floating many
bells down)
(CP 515)
stars rain sun moon(and only the snow can begin to explainhow
children are apt to forget to rememberwith up so floating many
bells down)
one day anyone died i guess(and noone stooped to kiss his
face)busy folk buried them side by sidelittle by little and was by
was
all by all and deep by deepand more by more they dream their
sleepnoone and anyone earth by aprilwish by spirit and if by
yes.
Women and men(both dong and ding)summer autumn winter
springreaped their sowing and went their camesun moon stars
rain
(CP 515)
children guessed (but only a fewand down they forgot as up they
grewautumn winter spring summer)that noone loved him more by
more
(CP 29)
Mai
o/Ju
nho
2009
-
SH
AR
EM
AG
movimento descendente seguido de um curto movimento ascendente,
evidenciando mais uma vez uma natureza cclica pontuada pela
inevitabilidade do crescimento.A ambivalncia preside ao longo de
todo o poema, na medida em que, por um lado, o sujeito potico
critica o comportamento da comunidade (estrofe 5), por outro,
apresenta esse mesmo comportamento como uma fatalidade incontornvel
(estrofe 6):
Cummings parodia aqui a passividade da comunidade em questo.
Estamos perante um ciclo que tido em conta pelos habitantes da
cidade como orgnico e, por i s s o m e s m o , i n e v i t v e l (
o q u e o s l e v a desculpabilizao), quando na realidade mero
produto de uma construo social de cariz puritano (fruto do
auto-engano e da mentira). Ao contrrio da Natureza, o ser humano no
respeita os ciclos, sendo impossvel a combinao de stars rain sun
moon." no indivduo que reside a capacidade de contrariar ou pelo
menos atenuar este ciclo de decadncia:" The individual is
necessarily set against society and against other people as members
of society. It is in the individual's unique responses that the
value of life inheres." (Clark 37). A expresso "Bird by snow" na
quarta estrofe surge enquanto antinomia paradigmtica. John B. Lord
afirma no seu ensaio:
"Bird by snow" may be rewritten as "animate and inanimate, life
and death, action and rest, color and whiteness, summer and winter,
sound and silence", If we re-arrange this list as follows, we get
complementary sets opposite each other:"Animate, life, action,
color, summer, and sound," the bird-opposite" inanimate, death,
rest, whiteness, winter, and silence," the snow." (Lord, 71)
Bird by snow consiste numa combinao desviante do ingls-padro. A
construo do poema essencialmente regida por dois tipos de deslocao
sintctica. Ambas so construes estruturalmente binrias. A primeira
frmula, formada pela associao noortodoxa de duas expresses
recorrentes na norma lingustica do ingls-padro, verificase na
oitava estrofe, no verso all by all and deep by deep (a by a and b
by b). A segunda, por sua vez tem o mesmo tipo de associao binria,
mas construda com locues onde a norma lingustica , por assim dizer,
deformada. Isto verificvel, por exemplo, na mesma estrofe, no
verso: wish by spirit and if by yes (c by d and e by f).
Acerca disto, o crtico Norman Friedman, no ensaio Diction, Voice
and Tone: The Poetic Language of E. E. Cummings, comenta:
Each poem controls the meanings of its words to suit its own
ends; the poet selects, from among the available alternatives
suggested by history, those meanings which he wishes a given word
to carry in a poem and subordinates or excludes, by means of the
total linguistic structure and dramatic situation informing the
poem, the other possibilities as irrelevant or even as damaging to
his effect. (Friedman 1038)
No poema the Cambridge ladies who live in furnished souls,
inserido no volume Tulips & Chimneys (1922), Cummings explora
contedos (num outro tipo de composio potica) que entram em dilogo
com a temtica de anyone lived in a pretty how town. Em ambos os
poemas, postulada a crtica a uma sociedade assente em moldes
puritanos. Na ptica de E. E. Cummings, a tbua de valores ortodoxos
praticada pela Amrica puritana leva represso de impulsos intrnsecos
natureza humana e, por isso mesmo, vitais. Em the Cambridge ladies
who live in furnished souls, Cummings faz tambm uma breve referncia
ao universo literrio de New England, evocando o poeta americano
Henry Wadsworth Longfellow, que residiu durante alguns anos em
Cambridge, terra natal de E. E. Cummings. Esta figura emblemtica do
sculo XIX, embora apreciado no seu tempo, foi posteriormente
criticado por imitar o estilo europeu, assim como por cons t ru i r
um t ipo de e sc r i ta d i recc ionado intencionalmente para as
massas. Neste poema, reconhece-se mais uma vez a ironia e o
sarcasmo no modo como o autor veicula os seus ataques:
O sujeito potico revela a contradio existente entre os actos e
as palavras das "cambridge ladies". As mesmas no parecem conseguir
(ou querer) combinar o seu credo, o protestantismo, com o mundo que
as rodeia. A crtica do sujeito potico direcciona-se para o mundo
"artificial"criado por estas mulheres. As mesmas no foram
confrontadas com o mundo exterior (ou, pura e simplesmente, evitam
tal conflito) e, por conseguinte, no questionam ou desafiam a
sociedade e religio ortodoxas que as enclausuram e que, ao mesmo
tempo (e por isso mesmo), as conforta. "Christ" e "Longfellow"
someones married their everyoneslaughed their cryings and did
their dance(sleep wake hope and then) theysaid their nevers they
slept their dream
stars rain sun moon(and only the snow can begin to explainHow
children are apt to forget to rememberWith up so floating many
bells down
(CP 515)
the Cambridge ladies who live in furnished soulsare unbeautiful
and have comfortable minds(also, with the church's protestant
blessingsdaughters, unscented shapeless spirited)they believe in
Christ and Longfellow, both dead,are invariably interested in so
many thingsatthe present writing one still findsdelighted fingers
knitting for the is it Poles?perhaps. While permanent faces coyly
bandyscandal of Mrs. N and Professor D.... the Cambridge ladies do
not care, aboveCambridge if sometimes in its box ofsky lavender and
cornerless, themoon rattles like a fragment of angry candy
(CP 115)
-
constituem figuras emblemticas para estas mulheres, pois so
figuras icnicas socialmente aceites e moralmente incontestveis.
Alis, constituem smbolos que colaboram na construo permanncia do
status quo cultural dominante em New England e, em certa medida,
por toda a Amrica:
"Cummings had earlier taken aim at the remnants of the
nineteenth century in his disparaging remarks concerning "the
cambridge ladies who live in furnished souls" and "who believe in
Christ and Longfellow, both dead." However, the later poem attacks
not merely fossilized New England Brahminism but the principles
governing American Letters in the nineteenth century: the mixture
of aesthetics idealism and cultural conservatism that came to be
known as the "genteel tradition." (Cox, 212)
A ttulo de exemplo, um poema de H. W. Longfellow, Song onde o
fechamento e a passividade social criticados por Cummings ao lo