FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGIGA SEXUALIDADE E DIVERSIDADE SEXUAL NA ESCOLA: EVITANDO PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÕES Autora Thelma Torres Siriani Disciplina/Área Gestão Escolar Escola de Implementação do Projeto e sua localização Colégio Est. Silvio Vidal-EFM. Rua Professor Geraldo Longo. Jardim São Jorge. Município do Colégio Paranavaí Núcleo Regional de Educação Paranavaí Professora Orientadora Profª Drª Eliane Rose Maio Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá Relação Interdisciplinar Não Resumo Esta Unidade Didática, intitulada “Sexualidade e diversidade sexual na escola: evitando preconceitos e discriminações”, apresenta como tema de pesquisa a “Diversidade sexual no ambiente escolar” e tem como objetivo geral, pesquisar sobre questões sobre sexualidade e diversidade sexual no ambiente escolar que prejudicam o processo ensino-aprendizagem. O intuito é esclarecer dúvidas e mitos sobre a sexualidade buscando solucionar preconceitos e discriminações em relação a isto e trabalhar principalmente a diversidade sexual mostrando a importância do respeito às diferenças para que possamos viver melhor e em harmonia. Nessa perspectiva, as principais ações serão: aplicação de um questionário para identificar os conhecimentos prévios dos/as profissionais da educação sobre a sexualidade e diversidade sexual, bem como verificação de preconceitos e discriminações; problematização destas questões e a partir dos conhecimentos prévios dos/as profissionais da educação inserir os conhecimentos científicos; Ofertar Curso de Extensão os/às profissionais da educação para discutir questões referentes à diversidade sexual na escola. Este material será desenvolvido em 8 encontros semanais. Cada encontro terá a duração de 4 horas, perfazendo um total de 32 horas de atividades presenciais e 08 horas de estudos à distância. Palavras-chave Sexualidade; Diversidade Sexual; reflexão; educadores. Formato do Material Didático Unidade Didática Público Alvo Educadores
38
Embed
Sexualidade e diversidade sexual na escola: evitando ... · Devido à importância que as temáticas sexualidade e diversidade sexual têm assumido na sociedade, torna-se imprescindível
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGIGA
SEXUALIDADE E DIVERSIDADE SEXUAL NA ESCOLA: EVITANDO
PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÕES
Autora Thelma Torres Siriani
Disciplina/Área Gestão Escolar
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Est. Silvio Vidal-EFM. Rua Professor Geraldo Longo. Jardim São Jorge.
Município do Colégio Paranavaí
Núcleo Regional de Educação Paranavaí
Professora Orientadora Profª Drª Eliane Rose Maio
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá
Relação Interdisciplinar Não
Resumo
Esta Unidade Didática, intitulada “Sexualidade e diversidade sexual na escola: evitando preconceitos e discriminações”, apresenta como tema de pesquisa a “Diversidade sexual no ambiente escolar” e tem como objetivo geral, pesquisar sobre questões sobre sexualidade e diversidade sexual no ambiente escolar que prejudicam o processo ensino-aprendizagem. O intuito é esclarecer dúvidas e mitos sobre a sexualidade buscando solucionar preconceitos e discriminações em relação a isto e trabalhar principalmente a diversidade sexual mostrando a importância do respeito às diferenças para que possamos viver melhor e em harmonia. Nessa perspectiva, as principais ações serão: aplicação de um questionário para identificar os conhecimentos prévios dos/as profissionais da educação sobre a sexualidade e diversidade sexual, bem como verificação de preconceitos e discriminações; problematização destas questões e a partir dos conhecimentos prévios dos/as profissionais da educação inserir os conhecimentos científicos; Ofertar Curso de Extensão os/às profissionais da educação para discutir questões referentes à diversidade sexual na escola. Este material será desenvolvido em 8 encontros semanais. Cada encontro terá a duração de 4 horas, perfazendo um total de 32 horas de atividades presenciais e 08 horas de estudos à distância.
Devido à importância que as temáticas sexualidade e diversidade sexual têm
assumido na sociedade, torna-se imprescindível discutir esse assunto na escola,
tendo em vista que por meio dela o/a educando/a confronta o seu conhecimento do
cotidiano com o conhecimento formal. Acreditando nisso elaborou-se essa Unidade
Didática, intitulada “Sexualidade e diversidade sexual na escola: evitando
preconceitos e discriminações”.
O presente material será desenvolvido com os/as educadores/as do Colégio
Estadual Silvio Vidal – EFM (Paranavaí-PR), tendo por objetivo pesquisar sobre
questões sobre sexualidade e diversidade sexual no ambiente escolar que
prejudicam o processo ensino-aprendizagem.
Pretende-se trabalhar de tal forma que a prática educacional seja dinâmica e
informativa, promovendo o efetivo exercício da cidadania, no resgate social e
humano dentro da escola, com reflexos na família e na sociedade.
Pretende-se ainda, refletir junto aos/às demais profissionais da educação
formas de conhecer e amenizar as dúvidas e dificuldades enfrentadas em relação à
sexualidade e discriminação, e dessa forma, nos prepararmos para auxiliar os/as
adolescentes que enfrentam dificuldades quanto às identidades de gênero e
sexuais.
A fim de atingir o principal objetivo, a Unidade Didática está estruturada, com
um texto referencial, abordando os principais conceitos e conteúdos da temática. E
as atividades práticas a serem desenvolvidas com os/as profissionais da escola,
organizadas em forma de oficinas numa perspectiva de interação e coletividade,
conforme descrito abaixo:
1ª Oficina: Abordará o “Conceito de gênero e sexualidade”, nas dimensões:
Social e Cultural, Biológica e Psicológica. A partir de leituras de textos, reflexões,
análise de imagens e filmes, Para essa oficina foram previstos 2 encontros de 04
horas, totalizando 08 horas de estudos.
2ª Oficina: Abordará a “Diversidade Sexual”, por meio de dinâmicas que
possibilitam a participação ativa dos/as cursistas, leituras, reflexões baseadas em
letras de música e filmes. Essa oficina terá 03 encontros de 04 horas, totalizando 12
horas de atividades direcionadas.
3ª Oficina: Tratará da “Homofobia e Bullying Homofóbico”. Para essa
oficina foram previstos 3 encontros de 04 horas, num total de 12 horas.
Atividades a Distância: Haverá ainda 08 horas de atividades a distância,
onde o/a educador/a cursista desenvolverá as ações e encaminhará para
apreciação, via email.
Para concluir, haverá as orientações metodológicas, já que esse material
didático pode constituir-se como um instrumento de pesquisa a professores/as da
Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná que também acreditam que a
sexualidade, as identidades de gênero e as identidades sexuais são questões que
precisam ser discutidas nas escolas, uma vez que estas temáticas carregam
preconceito e discriminação, contribuindo para o aumento da homofobia.
SEXUALIDADE E DIVERSIDADE SEXUAL NA ESCOLA: EVITANDO
PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÕES
1 TEXTO REFERENCIAL
Encontramos nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ,
2008), o estudo da sexualidade deve promover o conhecimento científico além do
senso comum, então é importante complementar o conhecimento também sobre a
sexualidade e diversidade sexual, tão necessário na atualidade, para que a inclusão
das pessoas com comportamentos sexuais diferentes dos padrões da
heterossexualidade sejam possíveis, sem atrapalhar a aprendizagem de quaisquer
educandos/as.
Quanto às relações de gênero, até pouco tempo atrás, pensava-se que o
modo de vida dos homens e das mulheres fossem apenas determinado por suas
características biológicas e que cada um/a tinha seu modo de pensar, sentir, agir,
dependendo do seu sexo (SANTOS, 2009). Mas as
mudanças ocorridas no processo histórico do mundo dos homens e no mundo das mulheres levou pesquisadores a elaborarem o conceito teórico de gênero para dar conta de explicar o universo da diferença entre os sexos. Falar de gênero é falar da relação entre homem e mulher; um não existe sem o outro (SANTOS, 2009, p. 8).
Dessa forma, é importante que os indivíduos entendam o conceito de gênero
e suas relações, para perceber que a vida das pessoas são organizadas a partir dos
costumes, das leis, das religiões e da maneira de organizar a vida familiar, política e
social. Não devemos negar as diferenças sexuais biológicas, mas distingui-las das
desigualdades, para que se possa superar, sem sermos oprimidos/as pelas
diferenças, sejam elas biológicas, étnicas ou sociais (HENRIQUES et.al., 2007).
Pois de acordo com Correa (2013) o conhecimento, o debate o espaço para
pensar, para compreender os processos de representações de gênero, são
importantes às/aos profissionais da educação, para que possam assim, prevenir ou
minimizar as prováveis sequelas às pessoas que sofrem com a discriminação de
gênero.
Junqueira (2007) completa ao afirmar que não é possível transformar a
sociedade somente a partir da escola ou eliminar delas todas as relações desiguais
de poder, no entanto, há a necessidade de promover o acolhimento à diferença, o
reconhecimento da diversidade sexual e a inclusão de todas as pessoas.
Para facilitar o entendimento, esse estudo está dividido em três tópicos. O
primeiro tópico aborda os conceitos de gênero, sexualidade e diversidade sexual; o
segundo traz considerações sobre a diversidade sexual na escola e a homofobia e o
terceiro apresenta conceitos e consequências da homofobia e bullying na escola,
temas que serão abordados nas Oficinas.
1.1 CONCEITUANDO GÊNERO, SEXUALIDADE E DIVERSIDADE SEXUAL
Gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e
não decorrência da anatomia de seus corpos. E identidade de gênero diz respeito à
percepção subjetiva de ser masculino ou feminino, conforme os atributos, os
comportamentos e os papéis convencionalmente estabelecidos para homens e
mulheres (HENRIQUES et al, 2007).
Já sexualidade, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS,
1975) é uma energia que encontra a sua expressão física, psicológica e social no
desejo de contato, ternura, amor e intimidade. A sexualidade influencia
pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a
saúde física e mental.
E diversidade sexual é o termo usado para designar as várias formas de
expressão da sexualidade humana. Sabendo que cada ser é único, devemos
reconhecer que cada um/a tem suas necessidades, sonhos e desejos diferentes,
isso também se aplica às escolhas sexuais (CARVALHO et al, 2004).
Diante dos conceitos apresentados, notamos a relação entre os conceitos e
também as diferenças, nesse contexto, para maisentendimento faremos uma breve
reflexão sobre cada conceito.
O conceito de gênero foi formulado por pesquisadoras norte-americanas, no
final da década de 70, que passaram a usar a categoria "gender" para falar das
origens exclusivamente sociais das identidades subjetivas de homens e mulheres
(MACÊDO, 2003). Ainda de acordo com a autora, no Brasil, esta nova conceituação
foi incorporada pela comunidade acadêmica no mesmo período, e a expressão
gênero começou a ser utilizada justamente para marcar que as diferenças entre
homens e mulheres não são apenas de ordem física, biológica.
Para Carvalho e Cavalan (2008) o conceito de gênero pode ser associado
com a discriminação feminina, com o movimento feminista, com a invisibilidade da
mulher na história, com a crítica à dicotomia entre os homens e mulheres, com as
relações de poder entre mulheres e homens, com as relações de poder entre
mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens.
Já, para Menegueti (2010), falar de relações de gênero é falar das
características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença
biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem
ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e
histórica. A noção de gênero, portanto, aponta para a dimensão das relações sociais
do feminino e do masculino. Conforme descreve Scott (1995, p. 106),
o gênero como elemento constitutivo das relações sociais, baseado nas diferenças perceptíveis entre os sexos e o gênero como forma básica de representar relações de poder em que as representações dominantes são apresentadas como naturais e inquestionáveis.
A autora ainda acredita que é importante ressaltar esta distinção de conceitos
biológico e cultural, tendo em vista, que não se trata de fenômeno puramente
biológico, já que se constatam muitas mudanças na definição do que é ser homem
ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e culturas.
Nesse sentido, o conceito de gênero permite pensar nas diferenças sem
transformá-las em desigualdades, ou seja, sem que as diferenças sejam ponto de
partida para a discriminação. O fato de poder gerar um/a filho/a, por exemplo, não é
razão para que as mulheres sejam consideradas superiores ou inferiores aos
homens, apenas diferentes.
A esse respeito, Louro (2000) afirma que não é a presença do pênis ou da
vulva, determinada pelos pares de cromossomos, que faz com que uma pessoa seja
homem ou mulher. A identidade de gênero, portanto, está muito ligada a um sentir-
se homem e/ou mulher do que ao fato biológico supostamente natural que herdamos
geneticamente dos/as pais/mães.
Portanto a identidade de gênero não é um dado, mas sim o resultado de uma construção realizada pelo indivíduo relacionando-o com os elementos culturalmente disponíveis para ele. As maneiras de ser não estão prontas e acabadas no ser humano, não são dadas nem muito menos inatas: são construídas (RAMIRES, 2006, p. 71).
A identidade de gênero é a percepção subjetiva de ser masculino ou feminino,
com papéis convencionalmente estabelecidos para homens e mulheres, como por
exemplo, algumas pessoas sentem que sua identidade de gênero não corresponde
com seu sexo biológico, sendo identificadas como transexuais (PARKER, 1996).
Há também indivíduos em que a identidade de gênero não corresponde com
a norma social dos dois sexos: macho e fêmea, independente de terem ou não
concordância com o sexo biológico, é o caso dos/as homossexuais, que sentem
atração sexual e afetiva por pessoas do mesmo sexo e bissexuais, que sentem
atração sexual e afetiva por pessoas de ambos os sexos. Nesse caso exemplifica-se
a identidade sexual (MACÊDO, 2003).
1.1.2 Falando de Sexualidade
A sexualidade é definida pelas práticas erótico-sexuais nas quais as pessoas
se envolvem, bem como pelo desejo e atração que leva a sua expressão (ou não)
por meio de determinadas práticas. Muitas vezes é vista somente como “referência à
relação sexual, porém, ela inclui sentimentos, desejos, interpretações,
comportamentos, linguagens, crenças, identidades. É uma construção social,
histórica e cultural” (LONGARAY e RIBEIRO, 2000, p. 7).
É também representada por meio da reprodução e nesse sentido pela
formação de uma família constituída por um casal heterossexual. Se for uma
representação diferente dessa, a mesma será discriminada e vista com ‘outros
olhos’ pela sociedade. Nesse sentido
a sexualidade é um dispositivo histórico em forma de rede, em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências, encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas estratégias de saber e de poder (FOUCAULT, 2007, p. 116).
Ainda a respeito da sexualidade Louro (2000) apresenta que a mesma é uma
invenção produzida por meio de múltiplos discursos e práticas sociais que regulam,
instauram e normatizam os sujeitos e, muitas vezes, afirmam uma única e legítima
forma de viver a sexualidade, ou seja, a heterossexualidade.
No entanto, Grossi (1998) a define como um conjunto de sensações eróticas
físicas e psicológicas. São sensações prazerosas oriundas de todos os órgãos dos
sentidos e presentes em toda área física do corpo humano. A sexualidade se
manifesta em todas as fases da vida, da primeira infância até o final da vida.
A autora ainda relata que a sexualidade é apenas uma das variáveis que
configura a identidade de gênero e sexualidade é um conceito contemporâneo para
se referir ao campo das práticas e sentimentos ligados à atividade sexual dos
indivíduos (GROSSI, 1998).
Em concordância com esses aspectos apresentados sobre a sexualidade,
Abramovay, Castro e Silva (2004, p. 29) sintetizam da seguinte forma:
a sexualidade é uma das dimensões do ser humano que envolve gênero, identidade sexual, orientação sexual, erotismo, envolvimento emocional, amor e reprodução. É experimentadas ou expressas em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, atividades práticas, papéis e relacionamentos. Assim. É a própria vida.
Ou seja, é algo inerente ao ser humano, ocupa lugar importante na vida do
homem e da mulher, interpretada, pensada e vivida por diversos modos e, vista de
vários ângulos, por meio dos séculos.
1.1.3 Falando de Diversidade Sexual
A diversidade sexual sempre foi assunto polêmico para a sociedade, a
superação desse paradigma começou com a revolução sexual ocorrida entre as
décadas de 1960 a 1980, de classificação de homossexuais como doentes mentais,
feita pela associação psiquiátrica americana nos anos 70 e posteriormente pela
Organização Mundial de Saúde (SOUSA FILHO, 2009).
A palavra homossexualidade veio de ‘homossexualismo’ criado pelo médico húngaro Karoly Maria Benkert e introduzida na literatura técnica no ano de 1869, para caracterizar uma forma de comportamento ‘desviante’ e ‘perversa’ entre pessoas do mesmo sexo. O sufixo “ismo” se referia, na época, aos tipos específicos de doença. Só a partir de 1985 o Conselho Federal de Medicina (CFM) no Brasil anulou o parágrafo 302º do Código Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, desde 1948, catalogava o homossexualismo como desvio e transtorno sexual (FURLANI, 2007, p.153).
Portanto nos dias atuais não se usa a palavra homossexualismo e sim
homossexualidade, pois não se trata de doença ao nos referirmos à sexualidade das
pessoas que possuem desejo sexual por pessoas do mesmo sexo.
Na concepção de Monteoliva (1996) até recentemente a homossexualidade
era citada nos livros de psiquiatria como inversão sexual e considerada uma
perversão ou forma anormal de comportamento sexual. “A Associação Americana de
Psiquiatria retirou em 1973, a homossexualidade de seu ‘Manual de Diagnóstico’,
onde constava até então como uma doença mental” (MONTEOLIVA, 1996, p. 57).
Hoje, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2011) a origem
da homossexualidade é pesquisada pela medicina, genética, psicologia e
psicanálise, por ter sido avaliada como uma doença mental, cientistas passaram a
pesquisar sobre os possíveis fatores para tal comportamento, isto é, os
denominados desvios de personalidade.
A medicina atualmente considera a homossexualidade como um
comportamento diferente do indivíduo. Os geneticistas afirmam de acordo com Dias
(2000) que a homossexualidade provém de um estado de natureza, com origens
biológicas e não culturais. Para os psicólogos e psicanalistas, a questão ainda é
objeto de estudo, juntamente com a tentativa de compreensão da psique humana
(SILVA, 2006). Figueiró (2007, p. 31) acredita que
fatores de ordem hormonal ou genética podem se fazer presentes, em vários casos, mas não se pode crer na influência de fatores isolados e únicos. [...] O que a ciência afirma, seguramente, é que a homossexualidade é multideterminada e que a cultura, o relacionamento familiar e a história de vida de cada pessoa são fatores de peso. Essa multideterminação também se dá com a heterossexualidade e a bissexualidade.
Enfim, não se pode dizer que a homossexualidade, heterossexualidade e a
bissexualidade, são inatas. As três envolvem um processo de construção pessoal,
sob a influência do ambiente familiar, social e cultural, assim, como dos fatores
biológicos.
1.2 DIVERSIDADE SEXUAL NAS ESCOLAS
É nas esferas sociais que as relações humanas se estabelecem, reforçando
as desigualdades entre as pessoas, daí a necessidade de abordar as relações de
gêneros no espaço escolar.
Para Sayão (1997) dentre todas as diferenças presentes nos/as alunos/as,
algumas são mais visíveis e outras menos. Os/As educadores/as estão
acostumados/as a considerarem as diferenças de classes sociais, etnias, aparência
física, mas muitas ignoram uma das mais marcantes do ser humano: o ser homem
ou ser mulher. Trata-se de uma diferença radical, marcada no corpo ao longo do
desenvolvimento físico diferenciado de meninos e meninas.
Dentro da instituição escolar as diferenças e desigualdades sexuais e de
gênero se manifestam, é por meio da socialização que cada pessoa conhece o que
é social e culturalmente considerado ser homem e mulher numa determinada
sociedade (LOURO, 2000).
As preocupações em torno das sexualidades, das homossexualidades e das
identidades e expressões de gênero também não são novas no espaço escolar, para
Henriques et al (2007) a discussão começou na metade dos anos de 1980, quando o
Ministério da Educação e da Saúde, passou a estimular projetos de educação
sexual, contudo a temática era abordada em uma visão conservadora de educação
sexual.
Conforme observa Louro (2004) as políticas curriculares se tornaram na
época alvo de atenção dos setores conservadores da sociedade, na tentativa de
regular e orientar crianças e jovens dentro dos padrões que consideram moralmente
sãos.
O Ministério da Educação, em 1996, inclui a sexualidade como Tema
Transversal, nos Parâmetros Curriculares Nacionais, no entanto, o discurso
institucional que poderia ensejar o aprofundamento do debate em termos críticos e
inovadores sobre a diversidade sexual, simplesmente focou a preocupação no
combate a AIDS e DST. A esse respeito, Louro (2004, p. 36), declara que “[...] as
condições que possibilitaram a ampliação da discussão sobre sexualidade também
tiveram o efeito de aproximá-la das idéias de risco e ameaça, colocando em
segundo plano sua associação ao prazer e à vida”.
Atualmente, na área da educação, a implementação de ações com vistas à
promoção da equidade de gênero, identidade de gênero e orientação sexual e ao
enfrentamento ao sexismo1 e à homofobia encontra respaldo nas propostas de
ações governamentais relativas à educação, conscientização e mobilização contidas
no Programa Nacional de Direitos Humanos II (2002); Plano Nacional de Políticas
para Mulheres (2004); Programa Brasil sem Homofobia (2004) e no Plano Nacional
de Educação em Direitos Humanos (2006) “gestados a partir de lutas e
transformações que receberam maior impulso desde a promulgação da Constituição
Federal de 1988” (HENRIQUES et al, 2007, p. 22).
Sobre a diversidade sexual Jesus et al. (2006) acreditam que uma pessoa
pode ter uma identidade de gênero masculina, feminina, ambas ou nenhuma,
apresentar características fisiológicas do sexo oposto ao seu e, ainda assim, ser
hétero, homo, bi e/ou transexual. Ao contrário do que comumente se tende a crer,
pessoas transgêneras (travestis ou transexuais) não são necessariamente
homossexuais, assim como homens homossexuais não são forçosamente femininos
ou masculinos e tampouco mulheres lésbicas são necessariamente masculinas ou
masculinizadas.
Daí a necessidade de desconstruir, principalmente no espaço escolar,
pressupostos essencialistas arraigados em uma cultura conservadora, o grande
desafio é admitir que as fronteiras da identidade sexual vêm sendo constantemente
atravessadas e o que é ainda mais complicado perceber que pessoas vivem
exatamente na fronteira (LOURO, 2002).
A esse respeito Cavaleiro (2013, p. 167) reforça ser importante
desconstruir todas as formas de opressão e lutar contra a homogeneização proposta pelos modelos dominantes, que suprimem, das novas gerações, o direito de afirmar desejos fora do que se deriva da norma heterossexual, num processo educativo para o convívio e o respeito às diferenças, sem que estas sejam cristalizadas em desigualdades.
Ou seja, a educação na, para e pela diversidade diz respeito ao aprendizado
da convivência social pacífica, cidadã e democrática e possui um papel estratégico
na promoção da igualdade de oportunidades, na inclusão e na integração social. “[...]
Incluir o ‘outro’ e assegurar o seu pertencimento a todos os espaços sociais”
(JUNQUEIRA, 2006 apud FIGUEIRÓ, 2007, p. 41).
1 Termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que privilegiam entes de determinado gênero (ou
por extensão que privilegiam determinada orientação sexual) em detrimento dos entes de outro gênero (ou orientação sexual) (Diretrizes Curriculares de Gênero do Estado do Paraná, 2010).
Para Kamel (2008) sensibilizar os/as profissionais de educação sobre a
importância dessas discussões constitui um importante mecanismo de fortalecimento
da educação, tanto no âmbito da formação pessoal, como também social.
1.3 CONCEITUANDO HOMOFOBIA
O termo homofobia é um neologismo definido em 1972, por um psicólogo
chamado George Weinberg, que agrupou dois radicais gregos: homo: semelhante e
fobia: medo, para definir sentimentos negativos em relação a homossexuais e às
homossexualidades (JUNQUEIRA, 2007).
Homofobia diz respeito a valores, mecanismos de exclusão, disposições e estruturas hierarquizantes, relações de poder, sistemas de crenças e de representação, padrões relacionais e identitários, todos eles voltados a naturalizar, impor, sancionar e legitimar uma única sequência sexo-gênero-sexualidade, centrada na heterossexualidade e rigorosamente regulada pelas normas de gênero (JUNQUEIRA, 2007, p. 9).
Para Lanaspa e Galán (2005, p. 13) homofobia é a
aversão, rejeição ou temor, que pode chegar ao patológico, a gays e lésbicas, à homossexualidade ou às suas manifestações. A homofobia está relacionada com a rejeição geral que se tem aos chamados grupos
minoritários.
Já para Rios (2007) homofobia é a modalidade de preconceito e de
discriminação direcionada contra homossexuais. Sendo assim, caracteriza-se por
meio de toda atitude agressiva, que demonstre ódio, repulsa ou aversão que
acarreta exclusão a pessoas que não possuem comportamentos heterossexuais.
Vale ressaltar que
atualmente, o movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis e transexuais) também criou as alcunhas lesbofobia, bifobia e transfobia, referindo-se especificamente aos casos de violências contra lésbicas, violência contra pessoas bissexuais e violência contra transgêneros, respectivamente (SIGNORELLI E SIERRA, 2014, p. 57).
No entanto, ainda como apregoam Signorelli e Sierra (2014) é comum, tanto o
uso isolado de cada categoria, bem como somente a categoria homofobia, para se
referir as demais categorias.
1.3.1 Diversidade sexual na escola e homofobia: diagnóstico
No Brasil, as pesquisas que enfocam com profundidade o impacto da
discriminação de gênero na educação, nas premissas de Henriques et al (2007),
embora não sejam numerosos, têm alcançado um alto grau de qualidade e
respeitabilidade internacional e fornecem diagnósticos que apontam a escola
brasileira como um importante espaço de reprodução de modelos particularmente
autoritários, preconceituosos e discriminatórios em relação a mulheres e
homossexuais, entre outros grupos (LOURO, 2002).
A escola brasileira foi historicamente concebida e organizada segundo os
padrões considerados ‘normais’, ou seja, o/a adulto/a, masculino/a, branco/a,
heterossexual. Por isso, conforme observa Louro (2004) no ambiente escolar os
sujeitos que, por alguma razão ou circunstância, escapam da norma e promovem
descontinuidades na sequência sexo/gênero/sexualidade serão tomados como
minoria e serão colocados à margem das preocupações de um currículo ou de uma
educação que se pretenda para a maioria. Paradoxalmente, esses sujeitos
marginalizados continuam necessários, pois servem para circunscrever os contornos
daqueles que são considerados ‘normais’ e que, de fato, se constituem nos sujeitos
que importam.
Mesmo que a lei não mais criminalize a homossexualidade, ainda vigora um
forte preconceito contra as pessoas LGBT. A elas são associados comportamentos
de risco que as culpabilizam, por exemplo, em relação à Aids. Não por acaso, o
Brasil mantém-se, há vários anos, como um país com um dos mais altos índices de
assassinatos de natureza homofóbica (MOTT e CERQUEIRA, 2001).
Embora produza efeitos sobre todos/as os/as alunos/as, a homofobia incide
mais fortemente nas trajetórias educacionais e formativas e nas possibilidades de
inserção social de milhões de jovens LGBT, além disso, ela tende a privar cada um/a
desses/as jovens de direitos mais básicos, conforme cita Rangel (2004 apud
HENRIQUES et al, 2007, p. 24):
Afeta o seu bem-estar subjetivo
Produz insegurança, estigmatização, segregação e isolamento;
Enseja invisibilidade e visibilidade distorcida;
Conduz à maior vulnerabilidade (em relação a chantagens, assédios, abusos, Aids, Hepatite B e C, HPV, outras DST etc.);
Incide no padrão das relações sociais entre estudantes e destes/as com os/as profissionais da educação;
Afeta as expectativas quanto ao sucesso e ao rendimento escolar;
Tumultua o processo de configuração identitária e a construção da autoestima;
Dificulta a permanência na escola;
Prejudica o processo de inserção no mercado de trabalho;
Influencia a sua vida socioafetiva, entre outros.
Inegavelmente, os casos mais evidentes têm sido os vividos pelas travestis e
os/as transexuais, que têm suas possibilidades de inserção sociais seriamente
comprometidas, por, na maioria dos casos serem expulsos/as do convívio de
seus/suas familiares e amigos/as, por preconceito.
Com suas bases emocionais fragilizadas, eles/as, na escola, têm que
encontrar forças para lidar com o estigma e a discriminação sistemática e ostensiva
por parte de colegas, professores/as e servidores/as escolares. Não raro, enfrentam
obstáculos para se matricularem na rede pública, participarem das atividades
pedagógicas, terem suas identidades minimamente respeitadas, fazerem uso dos
espaços disponíveis na instituição escolar (banheiros, por exemplo) e conseguirem
preservar sua integridade física.
A escola e os/as profissionais da educação estão poucos/as preparados/as
para lidarem com a diversidade de gênero na prática educacional cotidiana das
relações escolares. Pois para Figueiró (2009, p. 142), a maioria dos/as
professores/as, reconhece a necessidade de reflexões a respeito da temática,
porém, sentem-se inseguros/as e até temerosos/as, diante dessa tarefa, tendo em
vista que no processo formativo não foram preparados/as para abordar tais
questões.
Além do despreparo, somos frutos de uma sociedade repressora em relação à sexualidade, acabamos carregando conosco, uma gama de tabus, preconceitos e sentimentos, muitas vezes, negativos, em relação ao sexo, o que acentua nossa dificuldade em falar abertamente sobre ele.
E nesse sentido a diversidade sexual se torna um problema pedagógico e
curricular não apenas porque as crianças e os/as jovens, em uma sociedade
atravessada pela diferença, forçosamente interagem com o outro no próprio espaço
da escola, mas também porque a questão do/a outro/a e da diferença não pode
deixar de ser matéria de preocupação pedagógica e curricular. Mesmo quando
explicitamente ignorado e reprimido, pode explodir em conflitos e até mesmo
violência (SILVA e TAVARES, 2006).
Partindo dessa prerrogativa, discutir as identidades sexuais e de gênero no
âmbito escolar, possibilita problematizar as múltiplas formas de viver os prazeres e
desejos corporais. Tendo em vista, que no ambiente escolar por ser plurais pode
haver sujeitos homossexuais, bissexuais e transgêneros, que não se enquadram na
identidade sexual considerada como ‘normal’, sendo discriminados, e reproduzindo a
homofobia no contexto escolar.
1.3.2 Homofobia e Bullying no Ambiente Escolar
O ambiente escolar é um espaço propício para conflitos, pois pessoas com
contextos, visões e construções diferentes se encontram num único espaço,
gerando o atrito. Para Abramovay e Rua (2004 apud AZEVEDO, 2009), há alguns
fatores que contribuem para a proliferação da manifestação da violência na escola,
sendo elas exógenas, como a questão de gênero, relações raciais, família, mídia,
contexto sociais, e endógenas, como idade, série, sistema disciplinar e punitivo,
professores/as, qualidade do ensino, entre outras. As autoras acreditam que estas
características influenciam diretamente no cotidiano da escola, fazendo com que crie
uma espécie própria de violência, gerando assim um deslocamento do lugar da
escola nas representações sociais, obrigando a analisar este fenômeno numa ótica
transdisciplinar, multidimensional e pluricausal.
Ao apontarem seus pares como um objeto de desgosto ou um problema em
suas escolas, os/as alunos/as estão estabelecendo clivagens, linhas demarcatórias
que os separam de seus equivalentes. Mostram-se, assim, um tanto individualistas,
uma vez que não se reconhecem e nem aos demais, como parte de uma
comunidade responsável pelo seu crescimento não só intelectual, como social. Ao
invés disso, os/as colegas afiguram-se como “[...] diferentes, estranhos e até
ameaçadores, dando origem a sentimentos de repulsa em relação à própria escola e
aos outros alunos” (ABRAMOVAY et al 2009, p. 158).
Nesse contexto, os inúmeros conflitos nas relações sociais no espaço escolar,
podem ser considerados como bullying, palavra de origem norte-americana que não
tem tradução correspondente no português e pode ser entendido como
um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais (FANTE, 2005, p.28-29).
O bullying pode ser direto, sob a forma de ameaça e agressão ou indireto,
como no caso do isolamento de exclusão intencional de algumas atividades que o/a
aluno/a é submetido/a (OLWEUS, 1999).
Fante (2005) relata que o bullying provoca aos/às alunos/as perseguidos/as a
perda da autoestima e autoconfiança, retraimento, dificuldade de concentração,
fobia da escola, tentativas de suicídio, depressão, ansiedade, isolamento social e
timidez exagerada.
O bullying homofóbico se apresenta nas formas de injúrias verbais, gestos
obscenos, mímicas e difamações, isso sem considerar as formas mais sutis como
falta de cordialidade, a indiferença no convívio social, a ironia, a insinuação, o
sarcasmo, todos os casos em que a vítima tem dificuldade para provar
objetivamente que fora violentada em sua honra ou dignidade (MOTT, 2002).
A pesquisa “Juventude e Realidade”, realizada em 2004, pela UNESCO em
escolas de 14 capitais do Brasil, mostrou que o preconceito nas salas de aula ainda
incomoda, já que 25% dos/as alunos/as não gostariam de ter um/a homossexual.
bissexual e transexual entre os/as colegas de classe. Essa intolerância enfrentada
todos os dias por milhares de alunos e alunas homossexuais da rede de ensino,
resultam em violência escolar. Deve-se reconhecer que as ações de prevenção ao
bullying homofóbico precisam ser em parcerias entre família, escola e sociedade
para que alcance êxito e seja minimizado no ambiente escolar.
Para Monteiro (2006 apud AZEVEDO, 2009) a única maneira de combater
esse tipo de prática é a cooperação por parte de todos/as os/as envolvidos/as:
professores/as, funcionários/as, alunos/as e pais/mães; as estratégias utilizadas
devem ser definidas em cada escola, observando-se suas características e as de
sua população. O incentivo ao protagonismo dos/as alunos/as, permitindo sua
participação nas decisões e no desenvolvimento do projeto, é uma garantia ainda
maior de sucesso. Não há geralmente, necessidade de atuação de profissionais
especializados/as; a própria comunidade escolar pode identificar seus problemas e
apontar as melhores soluções. A receita é promover um ambiente escolar seguro e
sadio, onde haja amizade, solidariedade e respeito às características individuais de
cada um/a de seus/suas alunos/as. Felizmente, as iniciativas para instrução e
combate a essas práticas – bullying e homofobia – têm-se multiplicado em nosso
país.
Portanto, é importante reconhecer a importância de ações metodológicas que
possam ser implementadas nos sistemas de ensino a fim de prevenir o preconceito,
a discriminação e a violência homofóbica.
Levantando dados prévios sobre seu conhecimento a respeito da sexualidade
e diversidade sexual, bem como verificar preconceitos e discriminações.
QUENTIONÁRIO COM EDUCADORES/AS
1- Qual o seu conhecimento em relação à temática “Diversidade sexual no ambiente
escolar”? ( ) Nenhum ( ) Pouco ( ) Muito
2- Já participou de alguma atividade formativa relacionada à temática? Se sim
aponte qual foi, e em que ano. ( ) Não ( ) Sim __________________________
3- Você acha que essa temática é importante para suas funções profissionais?
Método: Apresentar um caso6 de discriminação no ambiente escolar, para o
posicionamento dos/as cursistas frente à situação apresentada.
6 Caso retirado da Unidade Didática da professora DELGADO, SUELI, F.B. Orientação sexual na
escola: um desafio pedagógico para professores e funcionários do ensino fundamental. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2012/2012_fecilcam_ped_pdp_sueli_de_fatima_borges_delgado.pdf
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Os/As cursistas divididos em cinco grupos receberão uma folha apresentando
duas situações de bullying que pode ocorrer no ambiente escolar, para que
analisem e se posicionem diante da situação. Após leitura e debate um dos
integrantes de cada grupo apresentarão aos demais grupos suas reflexões.
Caso: Um menino que apresentava estereótipos ditos femininos (jeito de
andar ou falar considerado mais próprio ao gênero feminino), mas que nunca se
declarou homossexual saiu da escola, pois não aguentava mais as gozações e
humilhações sofridas na sala de aula, no pátio, banheiro etc. Seu pai e sua mãe
foram algumas vezes reclamar na escola, mas a/o diretor/a dizia sempre que não
podia evitar esse tipo de atitude, pois a homossexualidade era mesmo um
‘problema’. Analisem: a atitude dos/as colegas; A atitude da direção da escola; A
atitude dos pais.
Para concluir as equipes de cursistas buscarão na internet relatos de
indivíduos que já passaram por situação de discriminação homofóbica. Cada
equipe selecionará uma situação e se posicionará diante da situação
apresentada.
Atividade 6: TEXTO: “Temos um problema em minha escola: um garoto
afeminado demais”. Vigilância de gênero, heteronormatividade e
heterossexismo no cotidiano escolar: notas sobre a Pedagogia de Armário7.
Método: Leitura coletiva do texto e discussão.
7 Texto de autoria de Rogério Diniz Junqueira, p. 192. Retirado do Livro Gênero, Direitos e
Diversidade Sexual: Trajetórias Escolares. Organizados por Eliane Rose Maio e Crishna Mirella de Andrade, 2013.
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Para fundamentar completar os debates dessa oficina os cursistas receberão
impresso o texto “Temos um problema em minha escola: um garoto
afeminado demais”. Vigilância de gênero, heteronormatividade e
heterossexismo no cotidiano escolar: notas sobre a Pedagogia de Armário.
Farão a leitura de forma coletiva, em círculo. Após leitura, serão debatidas as
questões: Por que as pessoas que não se comportam de acordo com o que
socialmente se espera de homens ou de mulheres são consideradas anormais?
Qual o papel da escola na promoção dos direitos sexuais das pessoas?
4ª ATIVIDADE A DISTÂNCIA
Vídeo complementar
. Para fechamento dessa etapa em casa, assista ao vídeo “Minha vida
Cor-de-rosa” (90 min.) direção: Alain Berliner, que apresenta a história do
garoto Ludovic, cuja identidade de gênero é feminina, que enfrenta diversos
problemas na relação com a sua família, amigos, escola e sociedade por
expressar genuinamente os sentimentos de querer ser menina.
Faça a reflexão: Como a escola pode transformar ou perpetuar
situações e comportamentos homofóbicos. Após leitura, faça uma resenha
ABRAMOVAY, M.; CUNHA, A. L.; CALAF, P. P. Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas. Brasília: Rede de Informação Tecnológica Latino-americana - RITLA, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF, 2009.
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G.; SILVA, L. B. da. Juventudes e sexualidade. Brasília: UNESCO, 2004. BRASIL. Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de direitos. Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e hepatites virais. Adolescentes e jovens para a educação entre pares. Gêneros-saúde e prevenção nas escolas. Vol. 07. Brasília, DF. 2011.
BRASIL, Saúde e Prevenção nas escolas. O Mito da Superioridade Masculina e a Luta da Mulher por seus Direitos. Guia de formação para os Profissionais de Saúde e de Educação, Saúde e Prevenção nas Escolas, Série Manuais nº 76. Brasília, Janeiro/2008 CAETANO, M.R.V. Côncavo e convexo. In: RIBEIRO, P.; SILVA, F. da; MAGALHÃES, J. C.; QUADRADO, R. P. (orgs). Educação e sexualidade: identidades, famílias, diversidade sexual, prazeres, desejos, preconceitos, homofobia, p.172-186. Rio Grande: FURG, 2008. CARVALHO, M.P. de. Quem são os meninos que fracassam na escola? Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas. V.34, nº 121, jan./abr.2004, p.38-52. CARVALHO, M.G.; CAVALAN, N.T. Refletindo Gênero na Escola. A Importância de repensar conceitos e preconceitos. Secretaria de Educação Continuada, alfabetização e diversidade. Brasília: Ministério da Educação, 2008. Disponível em http://www.portaldegenero.com.br/sites/default/files/material-de-apoio/G%26E1.pdf> Acesso em 16/05/2014. CAVALEIRO, M. C. Escola e sexualidades: Alguns apontamentos para reflexões. In: FIGUEIRÓ, M.N.D. (Org). Educação Sexual: Em busca de mudanças. Londrina: UEL, 2009. Cap. 7, p. 153-170.
CORREA, C. M. de A. Educação, Lei e Sexualidade: A importância da discussão sobre os padrões normativos do comportamento sexual e de gênero na escola. In: MAIO, E. R.; CORREA, C. M. A. (Orgs). Gênero, direitos e diversidade sexual: trajetórias escolares. Maringá: Eduem, 2013, p.43-53.
BASTOS, C.C.B; SOUZA, I.P. Homofobia: uma das faces do bullying. In: MAIO, E. R.; CORREA, C. M. A. (Orgs). Gênero, direitos e diversidade sexual: trajetórias escolares. Maringá: Eduem, 2013, p.141-151.
JUNQUEIRA, R.D.Temos um problema em minha escola: um garoto afeminado demais”. Vigilância de gênero, heteronormatividade e heterossexismo no cotidiano escolar: notas sobre a Pedagogia de Armário. In: MAIO, E. R.; CORREA, C. M. A. (Orgs). Gênero, direitos e diversidade sexual: trajetórias escolares. Maringá: Eduem, 2013, p.191-209.
DELGADO, SUELI, F.B. Orientação sexual na escola: um desafio pedagógico para professores e funcionários do ensino fundamental. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2012/2012_fecilcam_ped_pdp_sueli_de_fatima_borges_delgado.pdf
DIAS, M. B. União Homossexual: o preconceito e a justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000. KAMEL, L. Diversidade sexual nas escolas: o que os profissionais de educação precisam. Rio de Janeiro: ABIA, 2008. LANASPA, J.G.; GALÁN, J.I.P. Homofobia em Sistema educativo. 2005. In: LONGARAY, D.A; RIBEIRO, P. R. C. Problematizando a diversidade sexual na escola: um enfoque sobre homofobia. Rio Grande: FURG, 2008, p.55 - 82.
LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 8ª ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2007.
______. Pedagogias da sexualidade. In. LOURO, G. L.: O Corpo Educado. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, p.7 - 34.
______. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. Ed. rev. Campinas, SP: Verus, 2005.
FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Educação sexual no dia a dia. Londrina: Eduel, 2013.
FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Homossexualidade e Educação Sexual: construindo o respeito à diversidade. Londrina: Eduel, 2007.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade II: o uso dos prazeres. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edição Graal, 12 ed., 2007.
FURLANI, Jimena. Mitos e tabus da sexualidade humana: subsídios ao trabalho em educação sexual. 3. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
GROSSI, M.P; PORTO, R.M. Trinta anos de pesquisa sobre violência contra mulheres no Brasil. Sexualidade, Gênero e sociedade. Rio de Janeiro: Mulheres, 1998.
HENRIQUES, R. et. al. Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos. Cadernos SECAD, vol. 4. Brasília: 2007.
JESUS, B. de. at. al. Diversidade Sexual na Escola: uma metodologia de trabalho com adolescentes e jovens. São Paulo: ECCOS, 2006
JUNQUEIRA, R.D. O reconhecimento da diversidade sexual e a problematização da homofobia no contexto escolar. 2007. In: LONGARAY, D.A; RIBEIRO, P. R. C. Problematizando a diversidade sexual na escola: um enfoque sobre homofobia. Rio Grande: FURG, 2008, p.1-7.
JUNQUEIRA, R.D. O reconhecimento da diversidade sexual e a problematização da homofobia no contexto escolar. 2007. In: FIGUEIRÓ, M.N.D.(Org). Homossexualidade e Educação Sexual. Londrina: UEL, 2007. Cap. 2, p. 11-65.
LONGARAY, D. A.; RIBEIRO, P.C.; SILVA, F.F. Eu não suporto isso: Mulher com Mulher e Homem com Homem. Currículo sem Fronteiras, v.11, n.1, p.252-280, Jan/Jun 2011.
LONGARAY, D. A.; RIBEIRO, P.C.; SILVA, F.F. Problematizando os discursos científicos sobre a homossexualidade. VII ENPEC. Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Florianópolis, 2009. Disponível em: <http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/886.pdf>. Acesso em 17/08/2014.
LONGARAY, D. A.; RIBEIRO, P.C.; SILVA, F.F. A homossexualidade e a homofobia, no espaço escolar: analisando algumas estratégias de controle. In: MAIO, E.R.; CORREA, C.M.A. (Org). Gênero, direitos e diversidade sexual: trajetórias escolares. Maringá: Eduem, 2013. p.186-201.
MACÊDO, G.N.S. A construção da relação de gênero no discurso de homens e mulheres, dentro do contexto organizacional. Tese de mestrado em Psicologia Social, apresentado a Universidade Católica de Goiás. 2003. Disponível em:< http://www.ucg.br/ucg/katiamacedo/dissertacoes/pdf/Goiacira_ConstrucaoRelacaoGeneroHomemMulher.pdf>Acesso em 16/08/2014.
MENEGUETI, M.V.D. Sexualidade e Diversidade Sexual na escola: sem preconceitos e discriminações. 2011. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/educadores/pde. Acesso em: 15/06/2014.
MONTEIRO, M. Preconceito e Homofobia. 2006. Disponível em: <http://www.catedra.ucb.br/sites/100/122/00000558.doc>. Acesso em: 25/05/2014.
MONTEOLIVA, J.M. A sexualidade. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
MOTT, L. et. al . Causa mortis homofobia: violação dos direitos humanos e assassinato de homossexuais no Brasil. Ed. Grupo Gay da Bahia. Salvador: 2002
OLWEUS, D. Modelo do programa de combate ao Bullying do Professor Dan Olweus. Disponível em:
PARANÁ. Diretrizes curriculares de educação básica. Biologia. Curitiba: SEED, 2008.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento da Diversidade. Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual. Sexualidade. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Diversidades. Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual. – Curitiba: 2009.
RAMIRES, L. A Guia Diversidade Sexual na Escola: uma metodologia de trabalho com adolescentes e jovens. Corsa/Ecos, 2006.
SANTOS, L. R. Entendendo a construção social das diferenças de gênero. In: FIGUEIRÓ, M. N. D.(Org) Educação Sexual: Múltiplos temas, compromissos comum. Londrina: UEL, 2009, p. 8-21.
SAYÃO, R. Saber os problemas da informação sexual e o papel da escola. In: AQUINO, J. G. (Coord.). Sexualidade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus Editorial, 1997, p. 43-51.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, v.20, n.2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
SIGNORELLI, M.C; SIERRA, J.C.. Diversidade e educação: intersecções entre corpo, gênero e sexualidade, raça e etnia. Matinhos: UFPR Litoral, 2014.
SILVA, A.P. R; TAVARES, M.T. Adoção por Homossexuais no Brasil. 2006 Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/view/3832/2837>.Acesso em: 13/06/2014.
SOUSA FILHO, A. Teorias sobre a Gênese da Homossexualidade: ideologia, preconceito e fraude. In: JUNQUEIRA, R.D. (Org). Diversidade Sexual na Educação: Problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília: 2009, cap. 4, p. 95-123.