SEQUÊNCIA DIDÁTICA: FÁBULA Elaborada por Vitor Lucas Maciel Oliveira CBC MATRIZ DE REFERÊNCIA I – PROCEDIMENTOS DE LEITURA D1 Identificar um tema ou o sentido global de um texto D5 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão II – IMPLICAÇÕES NO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO D6 Identificar o gênero de um texto III – RELAÇÃO ENTRE TEXTOS D20 Reconhecer diferentes formas de abordar uma informação ao comparar textos que tratam do mesmo tema IV – COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO D11 Reconhecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc D12 Estabelecer a relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto D15 Estabelecer as relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para sua continuidade D19 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que compõem a narrativa V – RELAÇÃO ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO D21 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações Tópicos e Subtópicos de Conteúdo Habilidades e detalhamento das habilidades 1. Contexto de produção, circulação e recepção de textos 1.0. Considerar os contextos de produção, circulação e recepção de textos, na compreensão e na produção textual, produtiva e autonomamente. 3. Organização temática 3.0. Construir coerência temática na compreensão e na produção de textos, produtiva e autonomamente. 4. Seleção lexical e efeitos de sentido 4.0. Usar, produtiva e autonomamente, a seleção lexical como estratégia de produção de sentido e focalização temática, na compreensão e na produção de textos. 7. Intertextualidade e metalinguagem 7.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de intertextualidade e metalinguagem na compreensão e na produção de textos. 8. Textualização do discurso narrativo (ficcional) 8.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de textualização do discurso narrativo, na compreensão e na produção de textos. 11. Textualização do discurso expositivo 11.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de textualização do discurso expositivo, na compreensão e na produção de textos. 12. Textualização do discurso argumentativo 12.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de textualização do discurso argumentativo, na compreensão e na produção de textos. 24. A frase na norma padrão 24.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, a frase padrão em contextos que a exijam.
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SEQUÊNCIA DIDÁTICA: FÁBULA Elaborada por Vitor Lucas Maciel Oliveira
CBC
MATRIZ DE REFERÊNCIA
I – PROCEDIMENTOS DE LEITURA
D1 Identificar um tema ou o sentido global de um texto
D5 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão
II – IMPLICAÇÕES NO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO
D6 Identificar o gênero de um texto
III – RELAÇÃO ENTRE TEXTOS
D20 Reconhecer diferentes formas de abordar uma informação ao comparar textos que tratam do mesmo tema
IV – COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO
D11 Reconhecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc
D12 Estabelecer a relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto
D15 Estabelecer as relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para sua continuidade
D19 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que compõem a narrativa
V – RELAÇÃO ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO
D21 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações
Tópicos e Subtópicos de Conteúdo
Habilidades e detalhamento das habilidades
1. Contexto de produção, circulação e recepção de textos
1.0. Considerar os contextos de produção, circulação e recepção de textos, na compreensão e na produção textual, produtiva e autonomamente.
3. Organização temática 3.0. Construir coerência temática na compreensão e na produção de textos, produtiva e autonomamente.
4. Seleção lexical e efeitos de sentido
4.0. Usar, produtiva e autonomamente, a seleção lexical como estratégia de produção de sentido e focalização temática, na compreensão e na produção de textos.
7. Intertextualidade e metalinguagem
7.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de intertextualidade e metalinguagem na compreensão e na produção de textos.
8. Textualização do discurso narrativo (ficcional)
8.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de textualização do discurso narrativo, na compreensão e na produção de textos.
11. Textualização do discurso expositivo
11.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de textualização do discurso expositivo, na compreensão e na produção de textos.
12. Textualização do discurso argumentativo
12.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, estratégias de textualização do discurso argumentativo, na compreensão e na produção de textos.
24. A frase na norma padrão 24.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente, a frase padrão em contextos que a exijam.
OUTRAS HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
1 Reconhecer o gênero Fábula e a situação de comunicação social em que é praticado;
2 Identificar a estrutura da sequência narrativa (situação inicial, conflito, resolução) e a relacione com a moral da fábula;
3 Desenvolver habilidades de produção criando personagens típicos de fábulas, utilizando o recurso de personificação
TEMPO ESTIMADO
12 aulas
ANO
6° ano
MATERIAL NECESSÁRIO
1 Cópias de fábulas em anexo; ou os livros originais;
2 Filme ―O cão e a raposa‖ – Walt Disney (sala de vídeo)
3 Laboratório de informática e/ou Biblioteca
4 Kraft e pinceis
Conhecimentos prévios
1ª aula
1 – Comece o trabalho, perguntando aos alunos de quais fábulas se lembram. Faça um levantamento
daquelas que foram citadas pelos alunos.
2 – Peça que os alunos recontem algumas das fábulas conhecidas por eles.
3 – Faça uma reflexão com os alunos sobre as características do gênero, a partir dos conhecimentos
deles. É provável que muitos digam que é uma história de animais que falam e que tem uma moral.
VOCÊ SABE DE ONDE VÊM AS FÁBULAS?
As fábulas não são textos que nasceram por acaso, sem nenhuma intenção, são criações muito
antigas, contadas às pessoas para transmitir-lhes ensinamentos, orientando-as a como melhor
pensarem e se comportarem na época e na sociedade em que viviam.
Há referências a elas em textos sumérios de 2000 a. c. e consta que eram conhecidas pelos
hindus e muito apreciadas pelos gregos. É grego o primeiro fabulista de renome: Esopo, escravo que
teria vivido em meados do século VI a. c.
Quem conta ou escreve uma fábula tem alguma intenção, seja de ensinar, aconselhar,
convencer, divertir, seja de criticar e, às vezes, até fazer alguém desistir de um propósito ruim ou que
não lhe era favorável.
As fábulas são narrativas curtas, se utilizam de animais como personagens, os quais assumem
características humanas representando certas atitudes e comportamentos próprios dos homens, com o
objetivo de passar uma de lição de vida.
O prestígio das fábulas nunca decaiu. No passado constituíam a literatura oral de muitos povos
(eram transmitidas, a princípio, de boca a boca, de geração em geração; em locais públicos, como
praças, festas populares ou salões de baile da época; só bem depois foram registradas por escrito).
No século XVII, escritores como La Fontaine, criaram novas fábulas ou recontaram antigas, em
versos ou em pequenos contos em prosa.
Monteiro Lobato, nos anos trinta, reescreveu muitas fábulas por meio da turma do Sítio do pica-
pau-amarelo. E, mais recentemente, inúmeros escritores se ocuparam da arte de atualizar essas
histórias para deleite de todos.
(In: Sete faces da fábula. Org. Márcia Kupstas,1. ed. São Paulo, Moderna, 1992).
Módulo I
2ª aula Situação inicial
Organização: coletiva
Recursos utilizados: cópias das fábulas (2 versões) e quadro ou Kraft
Escolha uma das fábulas mais conhecidas da turma e selecione outra versão mais simples para
comparação.
Faça o cotejamento entre as duas versões, analisando as implicações que as diferentes escolhas do
plano da expressão provocam no plano de conteúdo: dizer de outro jeito, às vezes é dizer outra coisa.
Vamos exemplificar, comparando a fábula ―O rato do campo e o rato da cidade‖ de Esopo com a versão
de Lobato ―O rato da cidade e o rato do campo‖. (texto integral no anexo). Atenção para as comparações
que estão em destaque no quadro a seguir.
O Rato do campo e o Rato da cidade
Um dia um rato do campo convidou o rato que morava na cidade para ir visitá-lo. O rato
da cidade foi, mas não gostou da comida simples que lhe foi oferecida. Chamou então o
rato do campo para acompanhá-lo na volta à cidade, prometendo mostrar-lhe o que era
uma "boa vida".
E lá se foi o rato do campo para a cidade, onde ele lhe foi apresentada uma despensa
repleta de iguarias como queijo, mel, cereais, figos e tâmaras.
Resolveram começar a comer, mas, mal haviam iniciado, a porta da despensa se abriu e
alguém entrou. Os dois ratinhos fugiram apavorados, e se esconderam no primeiro
buraco apertado que encontraram. Quando acharam que o perigo tinha passado, e iam
saindo do esconderijo, mais alguém entrou na despensa, e foi preciso fugir de novo. A
essas alturas, o ratinho do campo já estava muito assustado e decidiu voltar para casa,
onde podia comer em paz.
Moral
Mais vale uma vida modesta com paz e sossego que todo o luxo do mundo com perigos e preocupações.
12 – Releia as duas versões da fábula (a de Esopo e a de Monteiro Lobato), procurando observar
que, embora ambas apresentem as mesmas idéias, a segunda é mais detalhada. Compare, nas
duas versões, como são apresentados:
a) A personagem;__________________________________________________________________
b) O local;________________________________________________________________________
c) As ações da personagem;_________________________________________________________
d) A reação da raposa, quando percebe que as uvas estão altas;_____________________________
e) A reação da raposa, quando cai algo da árvore;________________________________________
f) A moral;_______________________________________________________________________
g) A fala da raposa.________________________________________________________________
13 – Assinale X nas principais mudanças encontradas nas fábulas de Esopo e de Monteiro Lobato:
( ) Esopo escreve de forma mais resumida, já Lobato procura ampliar um pouco mais as ideias da
fábula;
( ) O jeito de escrever de Lobato facilita compreender melhor a fábula, pois seu texto dá mais
detalhes sobre a história contada;
( ) Houve uma mudança de texto narrativo para texto poético;
( ) Aparecem mais adjetivos na versão de Lobato que descrevem a personagem e enriquecem o
enredo;
( ) Embora haja mudanças no jeito de contar de cada autor, os fatos narrados continuam os
mesmos.
14 – Quando Dona Benta, personagem de Monteiro Lobato, contou essa fábula a seus netos, Emília
comentou: ―Que coisa certa, vovó! Outro dia vi essa fábula em carne e osso. A filha do Elias Turco estava
sentada à porta da venda. Eu passei com meu vestidinho novo de pintas cor-de-rosa e ela fez um
muxoxo: ‗Não gosto de chita cor-de-rosa.‘ Uma semana depois, eu a encontrei toda importante num
vestido cor-de-rosa, igualzinho ao meu, namorando o filho do Quindó...‖.
(Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, v.3. p. 452.)
E você, já presenciou ou saberia dar outro exemplo de alguma situação semelhante à analisada na
fábula? Conte-a para seus colegas, dando seu ponto de vista.
Módulo IX
12ª aula AVALIAÇÃO FINAL
O professor deverá recolher as produções textuais quando os alunos finalizarem o Módulo VI para que
seja feita a correção final para a montagem do livro de Fábulas. Segue a sugestão de ficha de avaliação
quanto à estrutura textual. Vale lembrar também que os aspectos ortográficos e semânticos deverão ser
levados em conta.
Sugestão da ficha de avaliação:
Escreveu uma fábula com suas características?
A história contém título, situação inicial, complicação e situação final?
As idéias estão bem organizadas nos parágrafos?
Usou adequadamente o discurso direto e indireto?
A moral está adequada à história?
As palavras foram escritas de maneira correta?
E o sentido das palavras usadas? Está adequado com o objetivo da história?
Depois de fazer a avaliação o professor deverá entregar a redação ao aluno passar o texto a limpo.
ATENÇÃO PROFESSOR!
Sistematização do ensino de Pronomes
ANEXO 1
FÁBULAS QUE PERTENCEM À SEQUÊNCIA
TEXTO 1
A cigarra e a formiga (ESOPO)
No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma cigarra, faminta, lhes pediu
algo para comer. As formigas lhe disseram: ―Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento?‖.
A cigarra respondeu: ―Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente‖. E as formigas, rindo, disseram:
―Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no inverno‖.
Moral
A fábula mostra que não se deve negligenciar em nenhum trabalho, para evitar tristezas e perigos. Esopo: fábulas completas. Tradução de Neide Smolka. São Paulo, Moderna, 1994.
TEXTO 2
A cigarra e a formiga (versão de LA FONTAINE)
Depois de haver cantado durante todo o verão, quando se aproximava o inverno a cigarra se encontrou
em extrema penúria, por falta de provisões. Como nada lhe restasse, nem um pequeno verme ou algum
resto de mosca, e estando faminta, foi à procura da amiga, sua vizinha. Pediu-lhe que lhe emprestasse
alguns grãos, a fim de manter-se até que voltasse o estio.
__Eu lhe prometo, minha amiga __ disse a cigarra__ sob palavra, a pagar-lhe tudo, com juros, antes do
mês de agosto.
A formiga, que nunca empresta nada a ninguém e, por isso, consegue amealhar, perguntou à suplicante:
__Que fazias durante o verão?
__Passava cantando os dias e as noites __ respondeu a cigarra.
__Pois muito bem __ concluiu a formiga. Cantava? Pois dance agora! LA FONTAINE, Jean de. Fábulas de La Fontaine. Rio de Janeiro: Matos Peixoto, 1965.
TEXTO 3
A cigarra e a formiga (versão adaptada por Ruth Rocha)
A cigarra passou todo o verão cantando, enquanto a formiga juntava grãos.
Quando chegou o inverno, a cigarra veio à casa da formiga para pedir que lhe desse o que comer.
A formiga então perguntou a ela:
__E o que é que você fez durante todo o verão?
__Durante o verão eu cantei __ disse a cigarra.
E a formiga respondeu:
__Muito bem, pois agora dance! ROCHA, Ruth (Adap.). Fábulas de Esopo. São Paulo: Melhoramentos, 1986.
TEXTO 4
A raposa e o cacho de uvas
Uma raposa faminta, ao ver cachos de uva suspensos em uma parreira, quis pegá-los, mas não
conseguiu. Então, afastou-se dela, dizendo: ―Estão verdes‖.
Moral
Assim também, alguns homens, não conseguindo realizar seus negócios por incapacidade, acusam as
circunstâncias.
Esopo: fábulas completas. Tradução de Neide smolka. São Paulo, Moderna, 1994.
TEXTO 5
A raposa e as uvas
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisas de fazer
vir água na boca. Mas tão altos, que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho:
— Estão verdes - murmurou. — Uvas verdes, só para cachorros.
E foi-se.
Nisto, deu um vento e uma folha caiu.
A raposa, ouvindo o barulhinho, voltou depressa, e pôs-se a farejar.
Moral
Quem desdenha quer comprar.
Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1991.
ANEXO 2
FÁBULAS DE APOIO
O lobo e a cabra
Um lobo viu uma cabra pastando em cima de um rochedo escarpado e, como não tinha condições de
subir até lá, resolveu convencer a cabra a vir mais para baixo.
– Minha senhora, que perigo! – disse ele numa voz amistosa. – Não seja imprudente, desça daí! Aqui
embaixo está cheio de comida, uma comida muito mais gostosa.
Mas a cabra conhecia os truques do esperto lobo.
– Para o senhor, tanto faz se a relva que eu como é boa ou ruim! O que o senhor quer é me comer!
Moral: Cuidado quando um inimigo dá um conselho amigo.
A Tartaruga e a Águia
A tartaruga passava o tempo a lamentar-se por ser lenta e desajeitada. Como gostava de fazer
comparações, adorava a beleza e a ligeireza com que se moviam as aves. Não se conformava com a sua
sorte e chegava a ficar muito triste.
- Que chatice ter que me arrastar pelo solo, passo a passo e com esforço! Ah! Se eu pudesse voar, nem
que fosse apenas uma vez! dizia ele repetidamente, dia após dia.
Finalmente, num dia de outono, conseguiu convencer a águia a levá-la para um passeio pelas alturas.
Suavemente e com grande majestade, a águia e a tartaruga elevaram-se no céu, naquela tarde. O
animalzinho transbordava de felicidade, ao ver lá embaixo, tão longe, a terra e seus habitantes.
- Ah, que maravilha! Como estou feliz! Que inveja não devem sentir as outras tartarugas vendo-me voar
tão alto! Realmente, sou uma tartaruga única! exclamava ela, com a voz tremida pela emoção.
Mas tanto se cansou a águia de ouvir seus vaidosos argumentos, que decidiu soltá-la. A orgulhosa
tartaruga caiu como uma pedra, desde milhares de metros de altura, desfazendo-se em cacos ao chegar
no chão.
Algumas tartarugas que viram que viram sua vizinha cair, exclamaram cheias de pena:
- Pobrezinha! Estava tão segura aqui em baixo, na terra, e teve que procurar as alturas para perder-se.
Moral: Dura lição para quem se empenha em ir contra sua própria natureza. Não é melhor cada um
conformar-se com aquilo que é?
O galo e a raposa
O galo cacarejava em cima de uma árvore. Vendo-o ali, a raposa tratou de bolar uma estratégia para que
ele descesse e fosse o prato principal de seu almoço.
-Você já ficou sabendo da grande novidade, galo? – perguntou a raposa.
-Não. Que novidade é essa?
-Acaba de ser assinada uma proclamação de paz entre todos os bichos da terra, da água e do ar. De
hoje em diante, ninguém persegue mais ninguém. No reino animal haverá apenas paz, harmonia e amor.
-Isso parece inacreditável! – comentou o galo.
-Vamos, desça da árvore que eu lhe darei mais detalhes sobre o assunto – disse a raposa.
O galo, que de bobo não tinha nada, desconfiou que tudo não passava de um estratagema da raposa.
Então, fingiu estar vendo alguém se aproximando.
-Quem vem lá? Quem vem lá? – perguntou a raposa curiosa.
-Uma matilha de cães de caça – respondeu o galo.
-Bem...nesse caso é melhor eu me apressar – desculpou-se a raposa.
-O que é isso, raposa? Você está com medo? Se a tal proclamação está mesmo em vigor, não há nada a
temer. Os cães de caça não vão atacá-la como costumava fazer.
-Talvez eles ainda não saibam da proclamação. Adeusinho!
E lá se foi a raposa, com toda a pressa, em busca de uma outra presa para o seu almoço.
Moral: é preciso ter cuidado com amizades repentinas.
Os viajantes e o urso
Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o
outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O
urso se aproximou dele e começou a cheirar as orelhas do homem, mas, convencido de que estava
morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
-O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
-Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os
amigos na hora do perigo.
Moral: a desgraça põe à prova a sinceridade da amizade.
A reunião geral dos ratos
Uma vez os ratos, que viviam com medo de um gato, resolveram fazer uma reunião para encontrar um
jeito de acabar com aquele eterno transtorno. Muitos planos foram discutidos e abandonados. No fim um
rato jovem levantou-se e deu a idéia de pendurar uma sineta no pescoço do gato; assim, sempre que o
gato chegasse perto eles ouviriam a sineta e poderiam fugir correndo. Todo mundo bateu palmas: o
problema estava resolvido. Vendo aquilo, um rato velho que tinha ficado o tempo todo calado levantou-se
de seu canto. O rato falou que o plano era muito inteligente, que com toda certeza as preocupações deles
tinham chegado ao fim. Só faltava uma coisa: quem ia pendurar a sineta no pescoço do gato?
Moral: Inventar é uma coisa, fazer é outra.
A lebre e a tartaruga
A lebre vivia a se gabar de que era o mais veloz de todos os animais. Até o dia em que encontrou a
tartaruga. – Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora – desafiou a
tartaruga.
A lebre caiu na gargalhada.
– Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!
– Por acaso você está com medo de perder? – perguntou a tartaruga.
– É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma corrida para você – respondeu a lebre.
No dia seguinte a raposa foi escolhida para ser a juíza da prova. Bastou dar o sinal da largada para a
lebre disparar na frente a toda velocidade. A tartaruga não se abalou e continuou na disputa. A lebre
estava tão certa da vitória que resolveu tirar uma soneca.
"Se aquela molenga passar na minha frente, é só correr um pouco que eu a ultrapasso" – pensou.
A lebre dormiu tanto que não percebeu quando a tartaruga, em sua marcha vagarosa e constante,
passou. Quando acordou, continuou a correr com ares de vencedora. Mas, para sua surpresa, a
tartaruga, que não descansara um só minuto, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar.
Desse dia em diante, a lebre tornou-se o alvo das chacotas da floresta.
Quando dizia que era o animal mais veloz, todos lembravam-na de uma certa tartaruga...
Moral: Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente.
Bom trabalho!
Referência Bibliográfica
BISOGNIN, T. R. Descoberta & construção: português. São Paulo: FTD, 1991.
CASTRO, M. C. Português: idéias & linguagens. São Paulo: Saraiva,1997.
LA FONTAINE. Fábulas de La Fontaine. Tradução Bocage. Rio de Janeiro: Brasil-
América, 1985.
MONTEIRO, Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1991.