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Página 1 04.08.2013 ISSN: 2236-8221 Edição n. 29 Vitória da Conquista, 28.02.2014 [email protected] http://www.marcadefantasia.com/o-corpo-e-discurso.htm O corpo é discurso Nesta edição, O Corpo é discurso apresenta o GPELD - Grupo de Pesquisa em Linguagem e Discurso. Além disso, O Corpo traz uma entrevista com Adilson Ventura, professor do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, um artigo de Karoline Machado e Regina Baracuhy, da Universidade Federal da Paraíba, um artigo de George Lima, da Universidade do Estado da Bahia, um artigo de Edgley Freire Tavares e Francisco Paulo da Silva, da Universidade do Estado do Rio Gran- de do Norte e notícias ligadas ao universo acadêmico e da Análise do Discurso, no Brasil. ISSN: 2236-8221 EXPEDIENTE DE O CORPO Editores Nilton Milanez Tyrone Chaves Filho Organizador Tyrone Chaves Filho Editoração eletrônica (MARCA DE FANTASIA) Henrique Magalhães CONSELHO EDITORIAL Dr. Elmo José dos Santos (UFBA) Dra. Flávia Zanutto (UEM) Dra. Ivânia Neves (UFPA) Dra. Ivone Tavares Lucena (UFPB) Dra. Mônica da Silva Cruz (UFMA) Dr. Nilton Milanez (UESB) Dra. Simone Hashiguti (UFU)) Jornal de popularização científica Acesse o site do Labedisco: www2.uesb.br/labedisco
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SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Apr 23, 2023

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Marcio Silva
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Page 1: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

O Corpo

Página 1

04.08.2013

ISSN: 2236-8221

Edição n. 29 Vitória da Conquista, 28.02.2014

[email protected] http://www.marcadefantasia.com/o-corpo-e-discurso.htm

O corpo é discurso

Nesta edição, O Corpo é discurso apresenta o GPELD - Grupo de Pesquisa em Linguagem

e Discurso. Além disso, O Corpo traz uma entrevista com Adilson Ventura, professor do

Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia, um artigo de Karoline Machado e Regina Baracuhy, da Universidade Federal da

Paraíba, um artigo de George Lima, da Universidade do Estado da Bahia, um artigo de

Edgley Freire Tavares e Francisco Paulo da Silva, da Universidade do Estado do Rio Gran-

de do Norte e notícias ligadas ao universo acadêmico e da Análise do Discurso, no Brasil.

ISSN: 2236-8221

EXPEDIENTE DE O CORPO

Editores

Nilton Milanez

Tyrone Chaves Filho

Organizador

Tyrone Chaves Filho

Editoração eletrônica

(MARCA DE FANTASIA)

Henrique Magalhães

CONSELHO EDITORIAL

Dr. Elmo José dos Santos

(UFBA)

Dra. Flávia Zanutto (UEM)

Dra. Ivânia Neves

(UFPA)

Dra. Ivone Tavares Lucena (UFPB)

Dra. Mônica da Silva Cruz

(UFMA)

Dr. Nilton Milanez

(UESB)

Dra. Simone Hashiguti

(UFU))

Jornal de popularização científica

Acesse o site do Labedisco: www2.uesb.br/labedisco

Page 2: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

práticas diversas e dentro do próprio discurso. Os trabalhos que o Grupo de Pesquisa em Linguagem e Discurso de-

senvolve buscam as noções de discurso

e sua articulação com os conceitos de memória e identidades, escavam genea-

logias de discursos, avaliam a circula-

ção e as interpretações de certos dize-res, em diferentes perspectivas e mate-rialidades. A cidade, documentos ofici-

ais, artigos jornalísticos, propagandas, mapas são avaliados como produções

históricas e políticas, na medida em que a linguagem constitui práticas.

OBJETIVOS

O GPELD constitui-se em um espaço de estudos, elaboração de projetos de pes-

quisa e extensão universitária, com o

objetivo de promover o fortalecimento

do processo de ensino-aprendizagem

dos discentes e docentes. Objetiva, den-

tre outras coisas, estabelecer interlocu-

ção com outros pesquisadores e grupos

de pesquisa visando ao aprimoramento

dos interesses teóricos e metodológicos

do grupo. A principal linha de pesquisa –

Discurso, história e memória – tem co-

mo objetivo estudar processos de leitu-

ra que concebem o texto como um ele-

mento atravessado pela História, pelo

social, pelo ideológico, e vê o leitor como

um sujeito produtor de sentidos, instau-rado em um contexto também histórico,

social, ideológico.

AS REUNIÕES

As reuniões do grupo acontecem quin-zenalmente. Os textos são pré-

selecionados para leitura. Atualmente o

GPELD está lendo Arqueologia do Saber, de Michel Foucault.

PRODUÇÃO

Em 2012 o GPELD promoveu o I Seminá-

rio Linguagens, Discursos e Identida-

des, em âmbito nacional. O Seminário

contou com a presença das professo-ras Maria do Rosário Gregolin (UNESP),

na conferência de abertura, e Luzia Neide Coriolano (UEC), na segunda con-

ferência. Atualmente, o grupo está rea-

lizando o I Ciclo de Estudos do Discur-so: Foucault e a Arqueologia. O Grupo

realiza outras atividades como partici-

pação em congressos nacionais e in-

ternacionais, publicações em periódi-

cos, anais de congressos (conferir o

Currículo Lattes dos integrantes). Em

2013, o GPELD promoveu a publicação

do livro “Messias de papel: a constru-

ção discursiva da candidata Roseana

Sarney (2009-2010) pelos editoriais de

O Estado do Maranhão”, resultado da

dissertação de mestrado de um de

seus membros. Maiores informações

sobre o Grupo, acesse

gpeldufma.blogspot.com.br

*****

O GRUPO

O GPELD foi formado em 2008 e reúne

professores pesquisadores e alunos dos

cursos de Letras e Turismo de diversas

instituições. As atividades visam a levar os pesquisadores a debaterem temas

concernentes a suas áreas de atuação,

fomentar conhecimentos e divulgar re-

sultados entre a comunidade acadêmica.

As linhas de pesquisa são: a) ensino e aprendizagem de línguas; b) estudos lin-guísticos e culturais; c) literatura e ou-

tros saberes; d) discurso, história e me-

mória; e) patrimônio, cultura e represen-

tações identitárias. Um dos eixos temáti-cos do Grupo são as discussões sobre a

relação entre discursos e a construção das identidades locais, na atualidade. No GPELD, os processos discursivos que

instauram identidades são avaliados em lugares como o da cultura, em suas am-plas manifestações, patrimônio, educa-

ção, turismo, literatura, etc., pois se en-tende que os conceitos são formados por

Página 2 O Corpo

GPELD - Grupo de Pesquisa em

Linguagem e Discurso

HISTÓRICO

O Grupo de Pesquisa em Linguagem e

Discurso do Maranhão (GPELD), do Depar-tamento de Letras, da Universidade Fede-

ral do Maranhão é certificado pelo CNPq e integra o Núcleo de Estudos e Pesquisa

em Linguagem, Cultura e Identidade-

NEPLiCI. O GPELD é coordenado pelas professoras Ilza Galvão Cutrim (líder) e

Mônica da Silva Cruz. Os debates promo-vidos pelo Grupo objetivam verificar, na

relação entre língua, história e memória,

como os discursos e as identidades ir-rompem em diferentes épocas

(FOUCAULT, 2008), configurando olhares que se movimentam nas linhas sinuosas

da história, instaurando identidades e

silenciando memórias, pelo controle de sentidos e heterogeneidades que se ma-

terializam em várias e distintas vozes.

Page 3: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

O Corpo entrevista Adilson Ventura

Adilson Ventura da Silva é professor

do curso de Letras e do Programa de

Pós-graduação em Linguística da Uni-

versidade Estadual do Sudoeste da

Bahia, UESB, campus de Vitória da

Conquista, Bahia. Mineiro de Guaxupé,

Adilson é doutor em Linguística pela

Universidade Estadual de Campinas -

Unicamp, onde pesquisou “o sentido da

palavra poesia nas ciências da lingua-

gem”. Pesquisador da área de Semân-

tica e poeta nas horas vagas (nem tão

vagas assim), Adilson concedeu uma

pequena entrevista ao Corposso-

bre sua formação, e a poesia. Além

disso, trazemos, também, um poema

de sua autoria.

*****

O Corpo: Sabemos que no seu mes-

trado e depois no doutorado, o senhor

trabalhou com poesia dentro dos estu-

dos da linguagem. O senhor poderia

nos explicar como esses trabalhos se

desenvolveram?

Adilson Ventura: O que motivou estas

pesquisas foi uma questão posta pelo

semanticista Eduardo Guimarães em

uma aula em que ele retoma Ducrot

(linguista francês), para quem tudo na

língua é argumentação, menos a poe-

sia. Partindo disso, fui estudar o pen-

samento de Ducrot para tentar enten-

der o porquê dessa posição. Depois,

no doutorado, ampliei a questão, devi-

do a pouca produção de estudos lin-

guísticos envolvendo alguma questão

relacionada à Literatura. Assim fui

observar em alguns estudiosos da lin-

guagem o modo como tratam a poesia.

Este estudo mostrou uma grande diver-

gência, pois alguns estudiosos conside-

ram a poesia um lugar privilegiado para

os estudos linguísticos, enquanto ou-

tros não levam em conta a poesia. Este

estudo me permitiu observar que a

poesia é um lugar importante para es-

tudar a linguagem, além, é claro, de ter

me permitido trabalhar com duas coi-

sas que gosto ao mesmo tempo.

O Corpo: Como se dá o processo

criativo dos seus poemas? Racional e

meticuloso, como um linguista, ou, co-

mo os românticos, fruto da inspiração?

Adilson Ventura: Bom, quanto ao meu

processo criativo, costumo dizer que é

muito maluco. Ele começa com uma

inspiração, de preferência nos lugares

mais inusitados (por isso o hábito de

andar com um bloquinho e uma caneta).

Quando não tenho como anotar (como,

às vezes, em meio a uma aula), fico

repetindo e memorizando até poder

escrever. As inspirações geralmente

começam a partir de alguma imagem

que vejo ou senão com a combinação

de alguns sons.

O Corpo: Quais são as suas princi-

pais referências literárias brasileiras

e internacionais?

Adilson Ventura: Gosto muito de sem-

pre conhecer novos escritores (não no

sentido de serem novos, mas de que eu

ainda não conhecia). Mas sempre volto

a alguns autores, principalmente Carlos

Drummond de Andrade e, principalmen-

te, Fernando Pessoa.

O Corpo: Como o senhor visualiza o

panorama da poesia no Brasil hoje?

Adilson Ventura: Essa é uma questão

realmente complicada, pois, no Brasil,

temos vários e vários poetas novos.

Porém, há a necessidade de se ter mais

espaços para circulação de poesias e

assim se conquistar mais leitores o

que, por sua vez, criará mais espaço e

incentivo de mais bons poetas aparece-

rem. Ou seja, apesar de sempre surgir

muitos poetas, temos que quebrar este

círculo vicioso para que a poesia tenha

mais espaço.

*****

Página 3 O Corpo

“tudo na lín-

gua é argumen-tação, menos a

poesia”

Page 4: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Sinto-me caído em um sonho de Buñuel

com paisagens delirantes de Salvador Dali esqueço meu nome e grito contente com um transeunte cadáver

que recorta a minha sombra e derrete relógios

e destrói o tempo

Uma mariposa nasce e formigas constroem túneis

fico sem minha mão e brigo comigo ao ver

minhas atitudes meus desejos minha paralisia

Não suporto o desprezo mas corro para a rua e caio

minhas roupas foram jogadas fora e uma multidão se formou

Não quero mais nada repinto sons e as cores voltam

Acordei, é certo, mas o que vale tudo isso despisto meu desejo e componho uma canção

faço dessa religião um novo (des)compasso

O cansaço chegou: viva!

Mortos podres pobres mortos podres que invadem sonhos alheios

(des)enterraram uma caixa que estava bem Estacionada no fundo de um inconsciente bem (in)(e)estável

Coveiro distraído que não protege seus pertences

Resistência!

Gosto de palavras de ordem por sua específica (in)utilidade

e que fica ecoando em gritos em gritos em gritos...

não reconheço meu (auto)retrato elitizado

pois já não são meus olhos que sorriem

Te vi correndo na praia esperando a próxima onda

que se aproxima com a primavera entre os dentes

enchentes!

Cheio de esperanças vazias joguei fora meus sentimentos e rompi um lacre (in)desejável

e morri arrastado por um louco instável que se encontrou consigo mesmo

Uma música constante toca no ar

e perdi minha boca minha voz

Adilson Ventura, em 16/06/2011

Página 4 O Corpo

Page 5: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

CORPO, MEMÓRIA E IMAGEM: CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS PARA O SUEJEITO MULHER NO DISCURSO

TURÍSTICO OFICIAL BRASILEIRO

Karoline Machado¹

Regina Baracuhy²

Introdução

A identidade é uma construção discursiva, que adquire sentido por meio de sistemas simbólicos (WOODWARD,

2008). Então, nesse clima de Copa do Mun-

do no Brasil, muito se discute acerca des-

ses vários símbolos que compõem a identi-

dade do país. Seriam eles o futebol, o car-

naval, o samba e a bunda da brasileira?

A exposição do corpo seminu da

mulher está em evidência na mídia, seja na

televisão, internet e em revistas, jornais e

outdoors, encontramos em toda parte.

Podemos visualizá-lo em propagandas,

novelas, filmes e reportagens. Os meios de

comunicação de massa exercem uma fun-

ção central, no sentido de dar ainda mais

vazão aos discursos que repetem inces-

santemente essa adoração ao corpo.

As propagandas turísticas bra-

sileiras oficiais – cujo órgão do governo

responsável pela promoção, marketing e

apoio à comercialização dos destinos, ser-

viços e produtos turísticos do Brasil é a EMBRATUR – seguem a mesma tendência

de “espetacularização” do corpo propaga-

da pela mídia, principalmente nas campa-nhas que circularam nas décadas de 1970

e 1980, ou seja, mesmo com toda a diversi-

dade de imagens presentes nessas propa-

gandas, algumas regularidades discursivas chamam a atenção, e uma delas, senão a principal, diz respeito à superexposição da

imagem de corpos seminus de mulheres.

Dessa forma, ao fixar uma imagem estere-

otipada da mulher brasileira no discurso

turístico oficial, podemos dizer que a EM-

BRATUR contribuiu na construção de uma

identidade do Brasil e da brasileira pauta-

da em estereótipos e silenciamentos.

A Análise do Discurso (AD) é o

aporte utilizado para a fundamentação teórica deste texto, pois nos proporciona a

base para compreendermos “o modo como um objeto simbólico produz sentidos, não a

partir de um mero gesto de decodificação,

mas como um procedimento que desvenda

a historicidade contida na lingua-

gem” (FERREIRA, 2003, p. 202). Utilizamos

os Estudos Culturais para tratar da identi-

dade e o conceito de corpo enquanto su-

perfície de inscrição dos acontecimentos

(FOUCAULT, 2012).

Para a AD, os sentidos não es-

tão impregnados nas palavras, a transpa-

rência é um efeito de sentido, posto que os

sentidos são constitutivamente opacos

(PÊCHEUX & FUCHS, 1990). Desse modo, os

ruídos, as ambiguidades, as faltas, o duplo

sentido não são considerados “erros”, mas

inerentes à linguagem do sujeito. Vale res-

saltar que os sentidos jamais podem ser

apreendidos em sua totalidade, sempre

podem ser outros, sempre podem derivar,

porque são históricos. “Os sentidos nunca

se dão em definitivo; existem sempre aber-

turas por onde é possível o movimento da

contradição, do deslocamento e da polêmi-

ca” (GREGOLIN, 2001, p. 61).

Corpo, memória e imagem

Na terceira época da AD, Pêcheux

reformulou o conceito de Discurso para

estrutura (materialidade linguística) e

acontecimento (dimensão sócio-histórica)

(PÊCHEUX, 2012). Por isso, para analisar-mos um dado discurso, precisamos antes

compreender em que momento histórico,

ele teve as condições de possibilidade para

sua irrupção.

Para analisarmos o processo de construção identitária do sujeito mulher no

discurso da propaganda turística oficial, é

imprescindível recuperarmos os aconteci-

mentos que incidiram sobre o discurso turístico no momento de sua realização,

pois, durante mudanças econômicas e

sociais pode-se haver uma crise de identi-dade e, então, entra o papel das promo-

ções de marketing na construção de novas

identidades (WOODWARD, 2000).

Nosso recorte temporal é o do

final da década de 1970, porque foi um

período de profundas transformações sócio-históricas vivenciadas no Brasil, um

período de “crise de identidade”, como denominou Woodward, quando tivemos o fim da ditadura militar e da censura, as

eleições diretas, a abertura do comércio

aos produtos estrangeiros, o acesso à

internet; período que representou uma abertura e uma transformação social nos

modos de pensar e dizer a sexualidade da

mulher; e foi neste período também que o Brasil despontou como um dos principais

destinos de turismo sexual do mundo.

Desde o início, quando a EMBRA-TUR foi criada, em 1966, ano que marca

também o início da promoção turística

oficial do país e da preocupação de se construir uma identidade brasileira no

Página 5 O Corpo

1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Linguística (PROLING) da Universidade Federal da Paraíba. 2 Professora Doutora da Universidade Federal da Paraíba.

Page 6: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

exterior, houve um elemento que se so-bressaía no discurso das primeiras pro-

pagandas turísticas oficiais: o corpo da

mulher brasileira. Isso se deve ao fato da

EMBRATUR querer lançar ‘O Carnaval do

Brasil’ no exterior (ALFONSO, 2006).

Com o objetivo de ilustrarmos

as reflexões levantadas nesse texto, fa-

remos uma breve análise da figura 1, a

seguir. Essa propaganda da EMBRATUR

faz parte da campanha “Brasileiro: des-

cubra o Brasil”, veiculada na revista

Veja, ao longo do ano de 1976. Algumas

regularidades são perceptíveis nessa

campanha: deparamo-nos com imagens

de um país rico em diversidade natural e

cultural, e, em meio a imagens de pontos

turísticos brasileiros, surge o corpo

bronzeado e seminu de uma mulher, com

toda a sensualidade tropical, remetendo à

memória de enunciados extraídos de

discursos outros, do apelo sexual e do

convite à sedução. Seu rosto quase não é

visto, o destaque é o corpo. Essa materi-

alidade imagética se articula à materiali-

dade linguística, logo abaixo da imagem,

“Garota de Ipanema, Itapuã, Camboriú

e Guarapari”, ou seja, temos o corpo

enquanto objeto de representação

(FOUCAULT, 1999), simbolizando não só a

garota de Ipanema, mas as brasileiras

como um todo.

Os enunciados “Descubra o Bra-

sil”, acima, e “Descobrir o Brasil de re-

pente virou moda”, ao lado, remetem à

memória discursiva da descoberta do Bra-sil, do colonizador e do selvagem, do índio

nu, da índia como “objeto” dos seus coloni-zadores etc. Se por um lado, as imagens

adquirem legitimidade porque remetem a

uma memória histórica (WOODWARD,

2008); por outro lado reiteram estereóti-

pos e preconceitos, ratificando a constru-ção identitária da mulher como objeto de

consumo e do Brasil como o país do hedo-nismo, do turismo sexual.

Dando um efeito de fim

Como a representação da mu-lher nas campanhas remetia ao consumo

do sexo, então questionamos qual era o produto que a propaganda destinava-se a

vender: o destino turístico ou o sexo? No

caso do Brasil, esse discurso culminou

com o agravamento de outro segmento de

turismo, o turismo sexual, caracterizado

como crime.

No entanto, a regularização

discursiva “é sempre suscetível de ruir

sob o peso do acontecimento no-

vo” (GREGOLIN, 2001, p. 73) e, na contra-

mão de toda essa acentuada exposição do

corpo da mulher na mídia, hoje, utilizando-

se do discurso do politicamente correto,

os órgãos oficiais trabalham no reposicio-namento da imagem do Brasil, como forma de coibir esse tipo de crime, interditando o

corpo seminu no discurso turístico brasi-leiro e estabelecendo, assim, uma nova

ordem discursiva para o corpo do sujeito

mulher.

Referências

ALFONSO, Louise Prado. EMBRATUR: for-

madora de imagens da nação brasileira. 139f. Dissertação (Mestrado em Antropolo-

gia Social)-Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas, Unicamp, Campinas: SP, 2006.

FERREIRA, Maria Cristina Leandro. Nas

trilhas do discurso: a propósito de leitura, sentido e interpretação. In: ORLANDI, Eni

Puccinelli. (org.) A leitura e os leitores. 2

ed. Campinas, SP: Pontes, 2003. pp. 201-208.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder.

25 ed. São Paulo: Graal, 2012.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nasci-

mento da prisão. Tradução de Raquel Ra-

malhete. 20 ed. Petrópolis: Editora Vozes,

1999.

GREGOLIN, Maria do Rosário Valencise.

Sentido, sujeito e memória: com o que

sonha nossa vã autoria? In: GREGOLIN,

Maria do Rosário Valencise; BARONAS,

Roberto Leiser, (orgs.). Análise do dis-curso: as materialidades do sentido. São

Carlos, SP: Claraluz, 2001. pp. 60-78.

PÊCHEUX, Michel; FUCHS, C. A propósito da

análise automática do discurso: atualiza-ção e perspectivas (1975). In: GADET, Fran-

çoise; HAK, Tony. (orgs.). Por uma análise

automática do discurso: uma introdução

à obra de Michel Pêcheux. Tradução de

Bethania S. Marlani et al. Campinas, SP:

Editora da UNICAMP, 1990. pp. 163-171.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou

acontecimento. Tradução de Eni Puccinelli Orlandi. 6 ed. Campinas, SP: Pontes Edito-res, 2012.

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferen-ça: uma introdução teórica e conceitual. In:

SILVA, Tomaz Tadeu da (org.); HALL, Stuart;

WOODWARD, Kathryn. Identidade e

diferença: a perspectiva dos estudos cul-

turais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

Página 6 O Corpo

Page 7: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

George Lima¹

A pesquisa que originou este

texto visou compreender processos se-

mióticos entre linguagens, mais precisa-

mente entender a inter-relação entre o

poema dramático Morte e Vida Severina,

escrito por João Cabral de Melo Neto, e o

desenho animado homônimo, dirigido por

Afonso Serpa, o que configura este texto

como uma versão adaptada e resumida

das informações gerais que compõem a

investigação original.

Inicialmente na construção dessa

pesquisa, a intensão de nosso trabalho

fora entender processos tradutológicos

entre o poema dramático e o desenho ani-

mado. Entretanto, este objetivo inicial não

se tornou suficiente para suprir o fôlego

que fundamentava nossa inquietação pro-

vocada pela percepção dessas linguagens

ao compará-las, pois ainda existia a sensa-

ção de haver algum fator determinante

que afetava de forma singular a leitura de

cada obra; e que esse aspecto não se justi-

ficava apenas pela simples e tão só razão

de serem dois dispositivos diferentes

(literário-poético e fílmico-animado).

Levando em conta essa nossa

abordagem, aprofundamos nossas leituras

nas vertentes teóricas que fundamentam

todo o tratado metodológico desenvolvido

por Júlio Plaza (2010), mais precisamente

a Semiótica criada pelo cientista-lógico-

filosofo norte-americano Charles Sanders

Peirce (1839-1914), que, assim sendo, lapi-

daram nossos aparelhos perceptivos dian-

te das linguagens que nos propusemos

analisar. Tais estudos fizeram com que

obtivéssemos uma visão mais precisa so-

bre os motivos que nos deixaram inquietos

durante nossas observações iniciais e,

consequentemente, identificamos o fenô-

meno que nos propusemos analisar: a pre-

sença marcante e essencial dos signos que

representam a morte tanto no poema dra-

mático quanto no desenho animado.

Nesse processo analítico-

evolutivo, nasceu nossa proposta de traba-

lho monográfico, isto é, o objetivo que fun-

ciona como coluna vertebral desta pesqui-

sa é investigar em que medida os signos

que representam a morte no desenho ani-

mado Morte e Vida Severina modificam

os significados da morte em contraposição

ao poema dramático homônimo.

Morte e Vida Severina é uma

das obras mais conhecida de João Cabral

de Melo Neto, que conta o trajeto do prota-

gonista Severino. Este personagem é um

retirante que sai do interior de Pernambu-

co em busca de condições melhores de

vida e de morte na capital pernambucana

(Recife - PE), tendo como guia o rio Capi-

baribe. No percorrer dessa jornada, o reti-

rante se depara frequentemente com a

presença da morte. Esta aparição da mor-

te acontece de vários modos tanto no poe-

ma quanto no desenho animado, como foi

possível ver em nossas análises.

A morte foi e é um signo muito

utilizado em práticas artísticas durante a

história da arte nas diversas sociedades.

Conceitualmente, ela não se limita apenas

à ideia corriqueira de que é o fim da vida.

Nossa analise mostra esta evidência. Não é

por acaso que muitos estudiosos proferem

a ideia de que a morte se trata de um fe-

nômeno de caráter obscuro, tendo em

vista o tratamento altamente filosófico e

místico que é dado a ela, o que não é nosso

objetivo. Desse modo, inicialmente falamos

a respeito daquilo que está sendo levado

em conta no processo de representação

observado por nós, isto é, a morte enquan-

to fenômeno condicionado à percepção e à

utilização em dispositivos sígnicos.

Página 7 O Corpo

1 Graduando em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia.

Page 8: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Essa nossa preocupação em tra-

zer à tona a morte como objeto vulnerável

a representação antecedeu nossas anali-

ses, mostrando algumas características

fenomênicas que estiveram/estão/

estarão sujeitas a determinar os signos

que representam a morte no poema e,

também, no desenho animado em análise.

Tais observações cumpriram a necessida-

de de vermos essas características nas

dimensões qualitativa, existencial e cultu-

ral, que, assim sendo e em certa medida,

constituem a morte ipso facto.

Logo em seguida, no segundo

momento de nossa pesquisa, vimos de

maneira monádica como a morte de fato

foi representada no poema dramático e no

desenho animado, ou seja, considerando-

os singularmente em suas estruturas se-

mióticas, sem compará-los. Estas nossas

observações proporcionaram vermos o

modo como a morte (objeto representado)

mantém relação com os signos que a re-

presentam.

Mais precisamente, nossos exa-

mes contribuíram na constatação de que

os paradigmas representacionais que po-

tencializam o poema dramático cabralino

enquanto representamen da morte são

aspectos essencialmente e predominante-

mente icônicos e indiciais; embora haver

também uma constatação de representa-

ção simbólica. Estas observações mostram

que o poema tenta criar imagens a respei-

to da morte, valendo-se das relações de

semelhança e de conexões particulares

com aquilo que representa. Cabe aqui ci-

tarmos o visualismo como característica

estilística das obras produzidas por João

Cabral de Melo Neto, referenciado por

Braulio Tavares (apud MELO NETO, 2010, p.

7) e Massaud Moisés (2008, p. 321), e, tam-

bém, os aspectos pitorescos e imagéticos

mencionados por Alfredo Bosi (2006, p.

502), que em certa medida corroboram

com essas nossas observações.

Nas analises que fizemos do de-

senho animado, verificamos que a matriz

fundamentadora dos representamens da

morte é regida essencialmente por signos

simbólicos, isto é, foi evidenciado por nós

que os signos da morte no desenho anima-

do estão condicionados a agir segundo

regras interpretativas norteadas por valo-

res ideológicos. Isto foi comprovado pelo

modo como são encarnadas as cores

(preto e branco), os elementos usados na

personificação da morte, os fenômenos

culturais – cruz, ausência, alma, caveira,

esqueleto, entre outros –, o modo como

são montados os enquadramentos que

estruturam os cenários e as maneiras em

que as câmeras se movimentam e mantêm

determinados níveis do anglo observacio-

nal.

Como tínhamos examinado, tais

observações do poema e do desenho ani-

mado Morte e Vida Severina mostraram

que já nos paradigmas de representação

da morte há diferenças, modificando a

natureza dos signos icônicos e indiciais no

poema em signos regidos por signos habi-

tuais, convencionais e culturais no dese-

nho animado. Estas constatações funciona-

ram como informações cruciais no supri-

mento de nosso objetivo central no pre-

sente trabalho, pois, levando em conta a

premissa estipulada por Peirce (2010) de

que o significado é a característica objeti-

va do signo, pressupomos que os significa-

dos são modificados devido justamente ao

devir ou ação do signo.

Página 8 O Corpo

“Essa nossa preocupa-

ção em trazer à tona a morte como objeto

vulnerável a represen-tação antecedeu nos-

sas análises, mostran-do algumas caracterís-

ticas fenomênicas que

estive-ram/estão/estarão su-

jeitas a determinar os signos que represen-

tam a morte no poe-

ma e, também, no de-senho animado em

análise.”

Page 9: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Examinando os significados obje-

tivados pelos signos que representam a

morte, tanto no poema dramático como

também no desenho animado, percebe-

mos o modo como estas significações

estão condicionadas aos paradigmas de

representação da morte em cada uma

dessas linguagens, materializando, assim,

nosso pressuposto da premissa peirciana

apontado no parágrafo anterior.

Deste modo, considerando as

instâncias que compõem o método da

tradução intersemiótica, chegamos à

conclusão de que na medida em que a

versão áudio visual do poema cabralino

encarna em sua estrutura signos motiva-

dos por valores convencionais, predeter-

minados por um ou vários sistemas cultu-

rais, são modificados os significados

quando o comparamos com o poema dra-

mático cabralino, tendo em vista que o

poema possui natureza representativa

diversificada do desenho animado, isto é, o

poema apenas simula características e

aponta vertigens de existência da morte.

Futuros trabalhos como este

podem ser desenvolvidos no objetivo de

delinear se há ou não equivalência de sig-

nificação entre uma obra original e sua

recriação, pois, além de serem fenômenos

constantes nas práticas artísticas, possi-

bilitam categorizar os possíveis interpre-

tantes já predeterminados nos signos que

arquitetam o material em análise e, tam-

bém, delinear possíveis impactos causados

pelas linguagens em algum público vigente

(recepção das obras).

Referências:

ARIÈS, Philippe. História da morte no

Ocidente: da Idade Média aos nossos dias.

Tradução Priscila Viana de Siqueira. Ed.

Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

2012.

BOSI, Alfredo. João Cabral de Melo Neto. In:

História concisa da literatura brasilei-

ra. 43ª ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 502

-506.

BOWKER, John Westerdale. Os sentidos da

morte. Tradução I. F. L. Ferreira. São Pau-

lo: Paulus, 1955.

MARANHÃO, José Luiz de Souza. O que é

morte. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense,

2003. (Coleção primeiros passos, 150).

MARTIN, Marcel. A linguagem cinemato-

gráfica. São Paulo: Brasiliense, 2003.

MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida

Severina e outros poemas. Rio de Ja-

neiro: Objetiva, 2007.

MOISÉS, Massaud. João Cabral de Melo

Neto. In: História da literatura brasilei-

ra: volume III – Modernismo. 6ª ed. São

Paulo: Cultrix, 2008. p. 316-324.

MORTE E VIDA SEVERINA EM DESENHO

ANIMADO. Direção: Afonso Serpa. Produ-

ção: Alexandre Fishgold; Mario Lellis; Ro-

ger Burdino; Maurício Fonteles. Roteiro:

Afonso Serpa. OZI escola de informática,

2010. 1 DVD (56 min), son., color. Baseado

no poema dramático ―Morte e Vida

Severina‖ de João Cabral de Melo Neto.

PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica.

Tradução de José Teixeira Coelho Neto.

4ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

(Estudos; 46).

PLAZA, Julio. Tradução Intersemiótica.

2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

(Estudos; 93).

SANTAELLA, Lucia. Teoria geral dos sig-

nos: como as linguagens significam as

coisas. São Paulo: Cengage Learning,

2008.

Página 9 O Corpo

“o poema apenas

simula caracterís-

ticas e aponta ver-

tigens de existên-

cia da morte”

Page 10: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

DISCURSO, REGULARIDADE E EFEITO DE REAL EM UM FOLHETO DE LITERATURA DE CORDEL

Edgley Freire Tavares¹

Francisco Paulo da Silva²

Atualmente a prática de Análise

do Discurso vive, digamos, uma virada

semiológico histórica que representa um

esforço teórico em contemplar no gesto

descritivo-interpretativo materialidades

discursivas verbais e não verbais. Inserido

nesse contexto epistemológico, o GEDUERN

– Grupo de Estudos do Discurso da Univer-

sidade do Estado do Rio Grande do Norte

vem desenvolvendo reflexões em relação à

produção de uma memória discursiva so-

bre o passado da cidade de Mossoró, na-

quilo que podemos chamar de formação e

funcionamento de um Discurso da Resis-

tência. E isso, de um ponto de vista arque-

ogenealógico (FOUCAULT, 2007, 2008)

significa dizer que na cidade de Mossoró

um conjunto de enunciados tematiza a

passagem do cangaceiro Lampião, sua

invasão e o modo como a cidade o teria

combatido, no ano de 1927. Olhando para

esse arquivo de dizibilidades e visibilidades

nosso gesto de leitura procura entender

as correlações, as retomadas e transforma-

ções que essa narrativa vem apresentando,

sem perder de vista as determinações soci-

ais, culturais, econômicas e políticas impli-

cadas no funcionamento dessa discursivida-

de.

Do nosso lugar de pesquisa, a com-

preensão dessa produção discursiva só se

torna possível “colocando em jogo o estatu-

to social da memória como condição de seu

funcionamento discursivo.” (PÊCHEUX, 2011,

p.142). Assim, visando sempre dar ao traba-

lho de leitura o primado do interdiscurso,

nosso objetivo neste ensaio é problematizar

o modo como uma memória discursiva da

Resistência se materializa e que efeitos ela

produz num exemplar de literatura de cor-

del. Para tanto, enquanto fragmento dessa

discursividade, situemos inicialmente do

folheto de cordel a ser analisado, de autoria

de Antônio Francisco, a ilustração da capa,

E coloquemos uma questão: Que

regularidades discursivas podem ser

observadas na relação desse enunciado

da literatura de cordel com outras enun-

ciabilidades nessa formação discursiva e

quais os efeitos de tais correlações no

funcionamento de uma memória discursi-

va da Resistência de Mossoró ao bando

de Lampião? Em sua estrutura e aconte-

cimento, o cordel de Antônio Francisco só

pode ser percebido enquanto discurso

em sua relação com outros dizeres, já

ditos ou coisas a dizer. Ou seja, levando

em conta a heterogeneidade constitutiva

de todo discurso, já que “não há enuncia-

do em geral, enunciado livre, neutro e

independente; mas sempre um enunciado

fazendo parte de uma série ou de um

conjunto.” (FOUCAULT, 2007, p.112). Na

dispersão enunciativa que esse cordel

faz parte devemos notar uma ordem,

correlações, posicionamentos e trans-

formações, em uma palavra, descrever

no gesto de leitura aquilo que Michel Fou-

cault chama de regularidade discursiva,

uma tensão entre a repetição e a dife-

rença no funcionamento dos enunciados.

Duas coisas chamam a atenção

na ilustração na capa do folhetim: a pri-

Página 10 O Corpo

1 Doutorando em Estudos da Linguagem, pela Universidade Federal do Rio grande do Norte e professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

2 Doutor em Linguística pela Universida-de Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Professor da Universidade do Esta-do do Rio Grande do Norte.

Page 11: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

meira aparece no título por um trabalho na

sintaxe da língua, pois o sintagma nominal

O ataque de Mossoró inverte outro, que

por sua vez é central nessa discursividade:

o ataque de Lampião. Essa mudança no

núcleo do sintagma altera também a ideia

de agente que aparece no título e inscreve

no fio do discurso a historicidade do pre-

sente, a heterogeneidade de posiciona-

mentos em torno do acontecimento e o

deslocamento de já ditos construídos a

partir do fato de ter sido o bandido Lam-

pião que atacou a cidade no ano de 1927,

posição sustentada pela historiografia e

pelo poder público local.

Assim, do ponto de vista discursi-

vo, a determinação do núcleo do sintagma

funciona como um mecanismo linguístico-

discursivo que na historicidade desse

enunciado representa para nós um movi-

mento de ampliação e transformação, um

efeito de polissemia na produção memori-

alista da Resistência, algo que reforça a

glorificação da cidade em relação aos ban-

didos. Tal descontinuidade é reforçada na

ilustração pelo modo como a representa-

ção hegemônica da figura do cangaceiro e

da estética do cangaço (chapéu, vestimen-

ta, rifle, bornal e alpargatas típicos) dividir

espaço com a figura de um motoqueiro,

especificamente, um moto-taxi, que é uma

particularidade do transporte público des-

ta cidade do interior do Rio Grande do

Norte. Notemos que há uma tensão entre o

repetível e a ruptura determinado a rari-

dade desse enunciado em relação aos ou-

tros nessa FD. A capa do cordel, nesse

sentido, traz uma ruptura que se dá pelo

traço anedótico, pois a figura do motoquei-

ro só significa e causa humor relacionada

à atualidade mossoroense.

Em seu movimento discursivo, o

cordel analisado faz uma releitura do ata-

que de Lampião, utilizando símbolos e re-

presentações do presente, atualizando a

narrativa que tematiza Mossoró como ter-

ra da Resistência. Na leitura desses efeitos

de sentido possíveis consideramos o gêne-

ro como operador de memória e neste

cordel, a tensão entre passado e presente,

realidade e ficção que deixam entrever que

a memória não é um frasco sem exterior

(PÊCHEUX, 1999).

Todo o cordel retextualiza a me-

mória hegemônica da Resistência e seus

modos de tematizar a cidade, os bandidos,

o povo local e o próprio acontecimento. No

início, a narrativa do cordel mostra Lam-

pião no inferno, recebendo de lá um passe

para viajar a qualquer lugar. Lampião es-

colhe voltar para o Nordeste, seu xodó, e

dar um novo susto na cidade de Mossoró.

Vai encontrar uma Mossoró diferente, mo-

dernizada. Em um dos trechos do cordel

lemos: Lampião disse: - Maria, /Eu vou nem

que seja só. /Nem que eu perca o outro

olho, /Apanhe de fazer dó. /Só vou voltar

quando eu me vingar de Mossoró. Por ser

numa narrativa de cordel, essa volta de

Lampião a Mossoró centra-se em efeitos

de sentido humorísticos, que retomam e

deslocam outros efeitos produzidos por

outros discursos e práticas, mas mantém

uma vontade de verdade, representar

Lampião derrotado e enxotado pela cidade.

Isso é reforçado noutra passagem mos-

trando que, logo após entrarem na cidade,

ainda de madrugada, Lampião e seu bando

foram surpreendidos pela multidão que

participava do Carna-Ilha, evento de pré-

carnaval que se realiza na cidade. Aqui,

Lampião aparece perdido do restante do

bando: Chorou na Praça do CID, /Com sau-

dades de Maria. /A última vez que ele a

viu, / Maria Bonita ia, /Cantando ‘Che bom,

bom, bom’ /Numa banda da Bahia.

Página 11 O Corpo

“não há enunciado

em geral, enunciado

livre, neutro e inde-

pendente; mas sem-

pre um enunciado fa-

zendo parte de uma

série ou de um con-

junto.”

Page 12: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Como estas rupturas discursi-

vas na materialidade verbo imagética

desse cordel são possíveis? Trabalhemos

com duas hipóteses: Primeiro, que “a

determinação do gênero também faz

parte do regime de enunciabilida-

de.” (GREGOLIN, 2009, P.56), e que o

funcionamento da toda discursividade se

dá pela verossimilhança que produz efei-

tos de real na narrativa (BARTHES,

2004), e não um espelhamento, posto

que é crucial dissociar “o que é uma

representação e o que ela representa”.

(FOUCAULT, 2006, p.248). Assim, pensa-

mos nesses efeitos de real produzidos

pelo cordel como efeitos de sentido e que

essa descontinuidade no modo como o

cordel movimenta essa memória discur-

siva, sobretudo com traços anedóticos, é

um mecanismo de retextualização pró-

prio ao funcionamento discursivo da

memória, pois todo enunciado é sempre

a tensão entre um já construído (outras

práticas discursivas e não-discursivas) e a

forma de atualização dessa memória no fio

ou na estrutura do discurso. Para finalizar,

podemos apontar que o lugar desse cordel

dentro de uma FD da Resistência é o lugar

de um enunciado cujas astúcias evidenci-

am o mecanismo de repetição e diferença,

paráfrase e polissemia que vem ocorrendo

nas formas e materialidades de expressão

que se encarregam de autenticar diferen-

tes efeitos de real e certas verdades so-

bre o episódio da passagem do cangaço na

cidade de Mossoró.

REFERÊNCIAS

BARTHES, R. O rumor da língua. São Pau-

lo: Martins Fontes, 2004.

GREGOLIN, M.R. Linguagem e História: rela-

ções entre a linguística e a análise do dis-

curso. In: SANTOS, J.B.C. (org.). Sujeito e

subjetividades: discursividades contem-

porâneas. Uberlândia: EDUFU, 2009.

FRANCISCO, A. O ataque de Mossoró ao

bando de Lampião. Mossoró: Coleção

Queima Bucha de Cordel, S/D.

FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio

de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

_____. Nietzsche, a Genealogia e a História.

In: Ditos & Escritos II. Rio de Janeiro:

Forense Universitária, 2008.

_____. Isto não é um cachimbo. In: Ditos &

Escritos III. Rio de Janeiro: Forense Uni-

versitária, 2006.

PÊCHEUX, M. Leitura e memória: projeto de

pesquisa. In: ORLANDI, E. P. (org.). Análise

de discurso: Michel Pêcheux. Campinas/

SP: Pontes Editores, 2011.

_____. Papel da memória. In: ACHARD, P.

[et al.]. Papel da memória. Campina/SP:

Pontes, 1999.

Página 12 O Corpo

Page 13: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Página 13 O Corpo

Page 15: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Será realizado, no mês de março de 2014, o curso Cinema, Vídeo, Godard, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

- UESB. O evento é mais uma atividade do Labedisco - Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo. O curso em tela tem

como objetivo o estudo das articulações do dispositivo audiovisual a partir dos diálogos entre o cineasta Godard e os estu-

dos foucaultianos. Godard será estudado a partir de filmes selecionados e do livro “Cinema, Vídeo, Godard”, escrito por

Philippe Dubois, considerando-se as problematizações em “A ordem do discurso”, de Michel Foucault. Para tanto, serão

realizadas a releitura e discussão dessa obra. Serão, ao todo, sete encontros (carga horária de 30 horas). Em cada um

deles o seu ministrante trabalhará com um texto-base e um debatedor fará as considerações introdutórias sobre a expo-

sição, abrindo, depois, à intervenção do público com o intuito de ampliar os diálogos sobre os estudos discursivos na es-

teira foucaultiana. O curso acolhe estudantes de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado com pesquisas em desenvolvi-

mento. A atividade contempla as discussões do projeto “Memória e corpo no audiovisual” do Programa de Pós -Graduação

em Memória, Linguagem e Sociedade e do projeto “Corpo e processos de subjetivação em materialidades verbais e não -

verbais” do Programa de Pós-Graduação em Linguística, ambos na UESB. O curso está vinculado ao projeto de pesquisa

“Materialidades do corpo e do horror” e ao projeto de extensão “Materialidades do discurso fílmico, do corpo e do horror”.

Esta ação também faz parte do quadro de atividades no interior do Convênio de Intercâmbio entre a Sorbonne Nouvelle –

Paris III e a UESB/Vitória da Conquista.

Programação

I Encontro

Data 14/03/2014, sexta-feira

Local Labedisco

16h30 Exibição do filme Acossado, de Jean-Luc Godard, 1960

18h30 Apresentação e discussão de textos

Ministrante Msnda. Ceres Luz (PPGMLS/Capes)

Debatedora Cecília Barros-Cairo (PPGMLS/Capes)

Dialogador o público

Referências

DUBOIS, Philippe. Introdução. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 21-28.

DUBOIS, Philippe. Máquinas de Imagens: uma questão de linha geral. In:______. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004,

p. 31-68.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

Página 15 O Corpo

Cinema, Vídeo, Godard

Page 16: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

II Encontro

Data 17/04/2014, segunda-feira

Local Labedisco

16h30 Exibição de Carmen, de Jean-Luc Godard, 1983.

18h30 Apresentação e discussão de textos

Ministrante Msndo. Tyrone Coutinho Filho (PPGLin/Capes)

Debatedora Msnda. Jamille Santos (PPGLIN/UESB)

Dialogador o público

Ministrantes: Nilton Milanez e Ceres Luz (PPGMLS/Capes)

Dialogador: o público

Referências

DUBOIS, Philippe. Por uma estética da imagem de vídeo. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo:

Cosac Naify, 2004, p. 69-96.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

III Encontro

Data 08/04/2014 terça-feira

Local Labedisco

16h30 – Exibição de A Chinesa, de Jean-Luc Godard, 1967.

18h30 – Apresentação e discussão de textos

Ministrante Renata Maciel (PPGMLS/UESB)

Debatedor Ciro Prates (PPGMLS/Capes)

Dialogador o público

Referências

DUBOIS, Philippe. “O estado-vídeo”: uma forma que pensa. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 97-118.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

IV Encontro

Data 10/04/

Local Labedisco

16h30 – Exibição de O Desprezo, de Jean-Luc Godard, 1963.

Página 16 O Corpo

Page 17: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

18h30 – Apresentação e discussão de textos

Ministrante Dndo. Ciro Prates (PPGMLS/Capes)

Debatedor Msndo. Tyrone Chaves Coutinho (PPGLIN/UESB)

Dialogador o público

Referências

DUBOIS, Philippe. A paixão, a dor e a graça: notas sobre o cinema e o vídeo dos anos 1977-1987. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 137-176.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

V Encontro

Data 15/04/2014

Local Labedisco

16h30 – Exibição do filme Detetive, de Jean-Luc Godard, 1985.

18h30 – Apresentação e discussão de textos

Ministrantes Dndo. Ciro Prates (PPGMLS/Capes)

Debatedora Msnda. Renata Maciel (PPGMLS/UESB)

Dialogador o público

Referências

DUBOIS, Philippe. Vídeo e cinema: interferências, transformações, incorporações. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus

Araújo Silva São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 177-250.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

VI Encontro

Data 17/04/2014

Local Labedisco

16h30 – Exibição do filme Duas ou três coisas que eu sei dela, de Jean-Luc Godard, 1966.

18h30 – Apresentação e discussão de textos

Ministrante Aliúd Almeida (Cinema/ IC)

Debatedor Daniel Teixeira (Direito/IC)

Dialogador o público

Referências DUBOIS, Philippe. Jean-Luc Godard: cinema e pintura, ida e volta. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São

Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 251-258.

DUBOIS, Philippe. Jean-Luc Godard: Jean-Luc Godard e a parte maldita da escrita. In:______. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo:

Cosac Naify, 2004, p. 259-288.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

Página 17 O Corpo

Page 18: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

VII Encontro

Data 22/04/2014

Local Labedisco

16h30 – Exibição do filme Uma mulher é uma mulher, de Jean-Luc Godard, 1961.

18h30 – Apresentação e discussão de textos

Ministrante Ueslei Pereira (História/ IC)

Debatedora Bianca Oliveira (Comunicação social/IC)

Dialogador o público

Referências

DUBOIS, Philippe. Os ensaios em vídeo de Jean-Luc Godard: o vídeo pensa o que o cinema cria. In:______. Cinema, vídeo, Godard.

Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 289-312.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

Avaliação

O participante deve entregar relatório de cada encontro, baseado nos textos discutidos, bem como colaborar com os debates e d is-cussões ao final das exposições. Além disso, o participante deve prosseguir com comentários sobre os encontros na página do Labe-

disco no Facebook (facebook.com/labedisco), fomentando a discussão após o encontro. Os relatórios receberão parecer evidencian-

do os pontos discutidos.

Inscrições

As inscrições podem ser feitas até o dia 05/03/2014 pessoalmente ou pelo e-mail do Labedisco ([email protected]). Para

isto, requeremos para análise a submissão de: a) carta de interesse; b) projeto de pesquisa resumido sobre corpo e audiovisual (até

3 laudas); c) Lattes atualizado; d) histórico escolar. O curso é totalmente gratuito.

Acesse o vídeo de divulgação do evento: https://www.youtube.com/watch?v=m5ej33OWVaE

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Page 19: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

Leitura do livro “A ordem do discurso”, de Michel Foucault.

Leitura do livro “Cinema, Vídeo, Godard”, de Philippe Dubois.

Dica de O Corpo

Dica de O Corpo

Reunindo nove ensaios, este livro aborda a questão do vídeo, sua natureza de

imagem e seu lugar no mundo das produções visuais, particularmente em relação ao cinema. A primeira parte, "Vídeo e teoria das imagens", parte do vídeo para tentar abordá-lo em si mesmo, atribuindo-lhe um corpo estético específico, e considerando se ele pode ser uma arte em si, com linguagem

própria. "Vídeo e cinema" aprofunda a questão central da relação do vídeo com o cinema, abordando o imaginário cinematográfico como ponto de parti-da para as experiências em vídeo. Vários cineastas utilizaram o vídeo para suas pesquisas fílmicas, como Antonioni, Wim Wenders, Coppola, entre ou-

tros. Na terceira parte, "Jean-Luc Godard", a discussão centra-se a partir do exame detalhado do caso exemplar deste cineasta, que, como nenhum outro, problematizou com tanta insistência, profundidade e diversidade a "mutação

das imagens".

A aula inaugural, que Foucault pronunciou ao assumir a cátedra vacante no

Collège de France pela morte de Hyppolite, pode ser considerada um texto de ligação entre suas obras, datadas dos anos 60, como História da loucura, As palavras e as coisas, A arqueologia do saber, centradas predominantemente na análise das condições de possibilidade das ciências humanas, e as que se

seguiram a maio de 68, como Vigiar e punir, voltados ao exame da microfisica

do poder.

Foucault desvenda a relação entre as práticas discursivas e os poderes que as permeiam. Ao perceber os diversos procedimentos que cerceiam e con-

trolam os discursos da sociedade, o autor comprova que "o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas

aquilo pelo que se luta, o poder de queremos nos apoderar".

Na segunda parte do texto, Foucault anuncia a direção em que prosseguirá suas investigações no decorrer dos cursos no Collège de France, apontando para o que denomina o "conjunto crítico" e o "conjunto genealógico" e lança o projeto de estudo das interdições que atingem o discurso da sexualidade. A

este trabalho dedicará muitos anos, após a publicação do primeiro volume da História da sexualidade, em 1976: A vontade de saber (uso dos prazeres, vol.2,

O cuidado de si, vol, 3, ambos de 1984).

Page 20: SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA

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é o primeiro jornal

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científica da Bahia.

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A pesquisa científica gera conhecimentos, tecnologias e inovações que benefi-

ciam toda a sociedade. No entanto, muitas pessoas não conseguem compreender a

linguagem utilizada pelos pesquisadores. Neste contexto, a grande mídia e as novas

tecnologias de comunicação cumprem o papel de facilitadores do acesso ao conhe-

cimento científico. Para contribuir com esse processo, em sintonia com o espírito

que anima o Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica do CNPq, criamos

esta seção no portal do CNPq. Seja bem-vindo ao nosso espaço de popularização da

ciência e aproveite para conhecer as pesquisas dos cientistas brasileiros e os bene-

fícios provenientes do desenvolvimento científico-tecnológico.