Página 1 04.08.2013 ISSN: 2236-8221 Edição n. 29 Vitória da Conquista, 28.02.2014 [email protected]http://www.marcadefantasia.com/o-corpo-e-discurso.htm O corpo é discurso Nesta edição, O Corpo é discurso apresenta o GPELD - Grupo de Pesquisa em Linguagem e Discurso. Além disso, O Corpo traz uma entrevista com Adilson Ventura, professor do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, um artigo de Karoline Machado e Regina Baracuhy, da Universidade Federal da Paraíba, um artigo de George Lima, da Universidade do Estado da Bahia, um artigo de Edgley Freire Tavares e Francisco Paulo da Silva, da Universidade do Estado do Rio Gran- de do Norte e notícias ligadas ao universo acadêmico e da Análise do Discurso, no Brasil. ISSN: 2236-8221 EXPEDIENTE DE O CORPO Editores Nilton Milanez Tyrone Chaves Filho Organizador Tyrone Chaves Filho Editoração eletrônica (MARCA DE FANTASIA) Henrique Magalhães CONSELHO EDITORIAL Dr. Elmo José dos Santos (UFBA) Dra. Flávia Zanutto (UEM) Dra. Ivânia Neves (UFPA) Dra. Ivone Tavares Lucena (UFPB) Dra. Mônica da Silva Cruz (UFMA) Dr. Nilton Milanez (UESB) Dra. Simone Hashiguti (UFU)) Jornal de popularização científica Acesse o site do Labedisco: www2.uesb.br/labedisco
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práticas diversas e dentro do próprio discurso. Os trabalhos que o Grupo de Pesquisa em Linguagem e Discurso de-
senvolve buscam as noções de discurso
e sua articulação com os conceitos de memória e identidades, escavam genea-
logias de discursos, avaliam a circula-
ção e as interpretações de certos dize-res, em diferentes perspectivas e mate-rialidades. A cidade, documentos ofici-
ais, artigos jornalísticos, propagandas, mapas são avaliados como produções
históricas e políticas, na medida em que a linguagem constitui práticas.
OBJETIVOS
O GPELD constitui-se em um espaço de estudos, elaboração de projetos de pes-
quisa e extensão universitária, com o
objetivo de promover o fortalecimento
do processo de ensino-aprendizagem
dos discentes e docentes. Objetiva, den-
tre outras coisas, estabelecer interlocu-
ção com outros pesquisadores e grupos
de pesquisa visando ao aprimoramento
dos interesses teóricos e metodológicos
do grupo. A principal linha de pesquisa –
Discurso, história e memória – tem co-
mo objetivo estudar processos de leitu-
ra que concebem o texto como um ele-
mento atravessado pela História, pelo
social, pelo ideológico, e vê o leitor como
um sujeito produtor de sentidos, instau-rado em um contexto também histórico,
social, ideológico.
AS REUNIÕES
As reuniões do grupo acontecem quin-zenalmente. Os textos são pré-
selecionados para leitura. Atualmente o
GPELD está lendo Arqueologia do Saber, de Michel Foucault.
PRODUÇÃO
Em 2012 o GPELD promoveu o I Seminá-
rio Linguagens, Discursos e Identida-
des, em âmbito nacional. O Seminário
contou com a presença das professo-ras Maria do Rosário Gregolin (UNESP),
na conferência de abertura, e Luzia Neide Coriolano (UEC), na segunda con-
ferência. Atualmente, o grupo está rea-
lizando o I Ciclo de Estudos do Discur-so: Foucault e a Arqueologia. O Grupo
realiza outras atividades como partici-
pação em congressos nacionais e in-
ternacionais, publicações em periódi-
cos, anais de congressos (conferir o
Currículo Lattes dos integrantes). Em
2013, o GPELD promoveu a publicação
do livro “Messias de papel: a constru-
ção discursiva da candidata Roseana
Sarney (2009-2010) pelos editoriais de
O Estado do Maranhão”, resultado da
dissertação de mestrado de um de
seus membros. Maiores informações
sobre o Grupo, acesse
gpeldufma.blogspot.com.br
*****
O GRUPO
O GPELD foi formado em 2008 e reúne
professores pesquisadores e alunos dos
cursos de Letras e Turismo de diversas
instituições. As atividades visam a levar os pesquisadores a debaterem temas
concernentes a suas áreas de atuação,
fomentar conhecimentos e divulgar re-
sultados entre a comunidade acadêmica.
As linhas de pesquisa são: a) ensino e aprendizagem de línguas; b) estudos lin-guísticos e culturais; c) literatura e ou-
tros saberes; d) discurso, história e me-
mória; e) patrimônio, cultura e represen-
tações identitárias. Um dos eixos temáti-cos do Grupo são as discussões sobre a
relação entre discursos e a construção das identidades locais, na atualidade. No GPELD, os processos discursivos que
instauram identidades são avaliados em lugares como o da cultura, em suas am-plas manifestações, patrimônio, educa-
ção, turismo, literatura, etc., pois se en-tende que os conceitos são formados por
Página 2 O Corpo
GPELD - Grupo de Pesquisa em
Linguagem e Discurso
HISTÓRICO
O Grupo de Pesquisa em Linguagem e
Discurso do Maranhão (GPELD), do Depar-tamento de Letras, da Universidade Fede-
ral do Maranhão é certificado pelo CNPq e integra o Núcleo de Estudos e Pesquisa
em Linguagem, Cultura e Identidade-
NEPLiCI. O GPELD é coordenado pelas professoras Ilza Galvão Cutrim (líder) e
Mônica da Silva Cruz. Os debates promo-vidos pelo Grupo objetivam verificar, na
relação entre língua, história e memória,
como os discursos e as identidades ir-rompem em diferentes épocas
(FOUCAULT, 2008), configurando olhares que se movimentam nas linhas sinuosas
da história, instaurando identidades e
silenciando memórias, pelo controle de sentidos e heterogeneidades que se ma-
terializam em várias e distintas vozes.
O Corpo entrevista Adilson Ventura
Adilson Ventura da Silva é professor
do curso de Letras e do Programa de
Pós-graduação em Linguística da Uni-
versidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, UESB, campus de Vitória da
Conquista, Bahia. Mineiro de Guaxupé,
Adilson é doutor em Linguística pela
Universidade Estadual de Campinas -
Unicamp, onde pesquisou “o sentido da
palavra poesia nas ciências da lingua-
gem”. Pesquisador da área de Semân-
tica e poeta nas horas vagas (nem tão
vagas assim), Adilson concedeu uma
pequena entrevista ao Corposso-
bre sua formação, e a poesia. Além
disso, trazemos, também, um poema
de sua autoria.
*****
O Corpo: Sabemos que no seu mes-
trado e depois no doutorado, o senhor
trabalhou com poesia dentro dos estu-
dos da linguagem. O senhor poderia
nos explicar como esses trabalhos se
desenvolveram?
Adilson Ventura: O que motivou estas
pesquisas foi uma questão posta pelo
semanticista Eduardo Guimarães em
uma aula em que ele retoma Ducrot
(linguista francês), para quem tudo na
língua é argumentação, menos a poe-
sia. Partindo disso, fui estudar o pen-
samento de Ducrot para tentar enten-
der o porquê dessa posição. Depois,
no doutorado, ampliei a questão, devi-
do a pouca produção de estudos lin-
guísticos envolvendo alguma questão
relacionada à Literatura. Assim fui
observar em alguns estudiosos da lin-
guagem o modo como tratam a poesia.
Este estudo mostrou uma grande diver-
gência, pois alguns estudiosos conside-
ram a poesia um lugar privilegiado para
os estudos linguísticos, enquanto ou-
tros não levam em conta a poesia. Este
estudo me permitiu observar que a
poesia é um lugar importante para es-
tudar a linguagem, além, é claro, de ter
me permitido trabalhar com duas coi-
sas que gosto ao mesmo tempo.
O Corpo: Como se dá o processo
criativo dos seus poemas? Racional e
meticuloso, como um linguista, ou, co-
mo os românticos, fruto da inspiração?
Adilson Ventura: Bom, quanto ao meu
processo criativo, costumo dizer que é
muito maluco. Ele começa com uma
inspiração, de preferência nos lugares
mais inusitados (por isso o hábito de
andar com um bloquinho e uma caneta).
Quando não tenho como anotar (como,
às vezes, em meio a uma aula), fico
repetindo e memorizando até poder
escrever. As inspirações geralmente
começam a partir de alguma imagem
que vejo ou senão com a combinação
de alguns sons.
O Corpo: Quais são as suas princi-
pais referências literárias brasileiras
e internacionais?
Adilson Ventura: Gosto muito de sem-
pre conhecer novos escritores (não no
sentido de serem novos, mas de que eu
ainda não conhecia). Mas sempre volto
a alguns autores, principalmente Carlos
Drummond de Andrade e, principalmen-
te, Fernando Pessoa.
O Corpo: Como o senhor visualiza o
panorama da poesia no Brasil hoje?
Adilson Ventura: Essa é uma questão
realmente complicada, pois, no Brasil,
temos vários e vários poetas novos.
Porém, há a necessidade de se ter mais
espaços para circulação de poesias e
assim se conquistar mais leitores o
que, por sua vez, criará mais espaço e
incentivo de mais bons poetas aparece-
rem. Ou seja, apesar de sempre surgir
muitos poetas, temos que quebrar este
círculo vicioso para que a poesia tenha
mais espaço.
*****
Página 3 O Corpo
“tudo na lín-
gua é argumen-tação, menos a
poesia”
Sinto-me caído em um sonho de Buñuel
com paisagens delirantes de Salvador Dali esqueço meu nome e grito contente com um transeunte cadáver
que recorta a minha sombra e derrete relógios
e destrói o tempo
Uma mariposa nasce e formigas constroem túneis
fico sem minha mão e brigo comigo ao ver
minhas atitudes meus desejos minha paralisia
Não suporto o desprezo mas corro para a rua e caio
minhas roupas foram jogadas fora e uma multidão se formou
Não quero mais nada repinto sons e as cores voltam
Acordei, é certo, mas o que vale tudo isso despisto meu desejo e componho uma canção
faço dessa religião um novo (des)compasso
O cansaço chegou: viva!
Mortos podres pobres mortos podres que invadem sonhos alheios
(des)enterraram uma caixa que estava bem Estacionada no fundo de um inconsciente bem (in)(e)estável
Coveiro distraído que não protege seus pertences
Resistência!
Gosto de palavras de ordem por sua específica (in)utilidade
e que fica ecoando em gritos em gritos em gritos...
não reconheço meu (auto)retrato elitizado
pois já não são meus olhos que sorriem
Te vi correndo na praia esperando a próxima onda
que se aproxima com a primavera entre os dentes
enchentes!
Cheio de esperanças vazias joguei fora meus sentimentos e rompi um lacre (in)desejável
e morri arrastado por um louco instável que se encontrou consigo mesmo
Uma música constante toca no ar
e perdi minha boca minha voz
Adilson Ventura, em 16/06/2011
Página 4 O Corpo
CORPO, MEMÓRIA E IMAGEM: CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS PARA O SUEJEITO MULHER NO DISCURSO
TURÍSTICO OFICIAL BRASILEIRO
Karoline Machado¹
Regina Baracuhy²
Introdução
A identidade é uma construção discursiva, que adquire sentido por meio de sistemas simbólicos (WOODWARD,
2008). Então, nesse clima de Copa do Mun-
do no Brasil, muito se discute acerca des-
ses vários símbolos que compõem a identi-
dade do país. Seriam eles o futebol, o car-
naval, o samba e a bunda da brasileira?
A exposição do corpo seminu da
mulher está em evidência na mídia, seja na
televisão, internet e em revistas, jornais e
outdoors, encontramos em toda parte.
Podemos visualizá-lo em propagandas,
novelas, filmes e reportagens. Os meios de
comunicação de massa exercem uma fun-
ção central, no sentido de dar ainda mais
vazão aos discursos que repetem inces-
santemente essa adoração ao corpo.
As propagandas turísticas bra-
sileiras oficiais – cujo órgão do governo
responsável pela promoção, marketing e
apoio à comercialização dos destinos, ser-
viços e produtos turísticos do Brasil é a EMBRATUR – seguem a mesma tendência
de “espetacularização” do corpo propaga-
da pela mídia, principalmente nas campa-nhas que circularam nas décadas de 1970
e 1980, ou seja, mesmo com toda a diversi-
dade de imagens presentes nessas propa-
gandas, algumas regularidades discursivas chamam a atenção, e uma delas, senão a principal, diz respeito à superexposição da
imagem de corpos seminus de mulheres.
Dessa forma, ao fixar uma imagem estere-
otipada da mulher brasileira no discurso
turístico oficial, podemos dizer que a EM-
BRATUR contribuiu na construção de uma
identidade do Brasil e da brasileira pauta-
da em estereótipos e silenciamentos.
A Análise do Discurso (AD) é o
aporte utilizado para a fundamentação teórica deste texto, pois nos proporciona a
base para compreendermos “o modo como um objeto simbólico produz sentidos, não a
partir de um mero gesto de decodificação,
mas como um procedimento que desvenda
a historicidade contida na lingua-
gem” (FERREIRA, 2003, p. 202). Utilizamos
os Estudos Culturais para tratar da identi-
dade e o conceito de corpo enquanto su-
perfície de inscrição dos acontecimentos
(FOUCAULT, 2012).
Para a AD, os sentidos não es-
tão impregnados nas palavras, a transpa-
rência é um efeito de sentido, posto que os
sentidos são constitutivamente opacos
(PÊCHEUX & FUCHS, 1990). Desse modo, os
ruídos, as ambiguidades, as faltas, o duplo
sentido não são considerados “erros”, mas
inerentes à linguagem do sujeito. Vale res-
saltar que os sentidos jamais podem ser
apreendidos em sua totalidade, sempre
podem ser outros, sempre podem derivar,
porque são históricos. “Os sentidos nunca
se dão em definitivo; existem sempre aber-
turas por onde é possível o movimento da
contradição, do deslocamento e da polêmi-
ca” (GREGOLIN, 2001, p. 61).
Corpo, memória e imagem
Na terceira época da AD, Pêcheux
reformulou o conceito de Discurso para
estrutura (materialidade linguística) e
acontecimento (dimensão sócio-histórica)
(PÊCHEUX, 2012). Por isso, para analisar-mos um dado discurso, precisamos antes
compreender em que momento histórico,
ele teve as condições de possibilidade para
sua irrupção.
Para analisarmos o processo de construção identitária do sujeito mulher no
discurso da propaganda turística oficial, é
imprescindível recuperarmos os aconteci-
mentos que incidiram sobre o discurso turístico no momento de sua realização,
pois, durante mudanças econômicas e
sociais pode-se haver uma crise de identi-dade e, então, entra o papel das promo-
ções de marketing na construção de novas
identidades (WOODWARD, 2000).
Nosso recorte temporal é o do
final da década de 1970, porque foi um
período de profundas transformações sócio-históricas vivenciadas no Brasil, um
período de “crise de identidade”, como denominou Woodward, quando tivemos o fim da ditadura militar e da censura, as
eleições diretas, a abertura do comércio
aos produtos estrangeiros, o acesso à
internet; período que representou uma abertura e uma transformação social nos
modos de pensar e dizer a sexualidade da
mulher; e foi neste período também que o Brasil despontou como um dos principais
destinos de turismo sexual do mundo.
Desde o início, quando a EMBRA-TUR foi criada, em 1966, ano que marca
também o início da promoção turística
oficial do país e da preocupação de se construir uma identidade brasileira no
Página 5 O Corpo
1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Linguística (PROLING) da Universidade Federal da Paraíba. 2 Professora Doutora da Universidade Federal da Paraíba.
exterior, houve um elemento que se so-bressaía no discurso das primeiras pro-
pagandas turísticas oficiais: o corpo da
mulher brasileira. Isso se deve ao fato da
EMBRATUR querer lançar ‘O Carnaval do
Brasil’ no exterior (ALFONSO, 2006).
Com o objetivo de ilustrarmos
as reflexões levantadas nesse texto, fa-
remos uma breve análise da figura 1, a
seguir. Essa propaganda da EMBRATUR
faz parte da campanha “Brasileiro: des-
cubra o Brasil”, veiculada na revista
Veja, ao longo do ano de 1976. Algumas
regularidades são perceptíveis nessa
campanha: deparamo-nos com imagens
de um país rico em diversidade natural e
cultural, e, em meio a imagens de pontos
turísticos brasileiros, surge o corpo
bronzeado e seminu de uma mulher, com
toda a sensualidade tropical, remetendo à
memória de enunciados extraídos de
discursos outros, do apelo sexual e do
convite à sedução. Seu rosto quase não é
visto, o destaque é o corpo. Essa materi-
alidade imagética se articula à materiali-
dade linguística, logo abaixo da imagem,
“Garota de Ipanema, Itapuã, Camboriú
e Guarapari”, ou seja, temos o corpo
enquanto objeto de representação
(FOUCAULT, 1999), simbolizando não só a
garota de Ipanema, mas as brasileiras
como um todo.
Os enunciados “Descubra o Bra-
sil”, acima, e “Descobrir o Brasil de re-
pente virou moda”, ao lado, remetem à
memória discursiva da descoberta do Bra-sil, do colonizador e do selvagem, do índio
nu, da índia como “objeto” dos seus coloni-zadores etc. Se por um lado, as imagens
adquirem legitimidade porque remetem a
uma memória histórica (WOODWARD,
2008); por outro lado reiteram estereóti-
pos e preconceitos, ratificando a constru-ção identitária da mulher como objeto de
consumo e do Brasil como o país do hedo-nismo, do turismo sexual.
Dando um efeito de fim
Como a representação da mu-lher nas campanhas remetia ao consumo
do sexo, então questionamos qual era o produto que a propaganda destinava-se a
vender: o destino turístico ou o sexo? No
caso do Brasil, esse discurso culminou
com o agravamento de outro segmento de
turismo, o turismo sexual, caracterizado
como crime.
No entanto, a regularização
discursiva “é sempre suscetível de ruir
sob o peso do acontecimento no-
vo” (GREGOLIN, 2001, p. 73) e, na contra-
mão de toda essa acentuada exposição do
corpo da mulher na mídia, hoje, utilizando-
se do discurso do politicamente correto,
os órgãos oficiais trabalham no reposicio-namento da imagem do Brasil, como forma de coibir esse tipo de crime, interditando o
corpo seminu no discurso turístico brasi-leiro e estabelecendo, assim, uma nova
ordem discursiva para o corpo do sujeito
mulher.
Referências
ALFONSO, Louise Prado. EMBRATUR: for-
madora de imagens da nação brasileira. 139f. Dissertação (Mestrado em Antropolo-
gia Social)-Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas, Unicamp, Campinas: SP, 2006.
FERREIRA, Maria Cristina Leandro. Nas
trilhas do discurso: a propósito de leitura, sentido e interpretação. In: ORLANDI, Eni
Puccinelli. (org.) A leitura e os leitores. 2
ed. Campinas, SP: Pontes, 2003. pp. 201-208.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder.
25 ed. São Paulo: Graal, 2012.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nasci-
mento da prisão. Tradução de Raquel Ra-
malhete. 20 ed. Petrópolis: Editora Vozes,
1999.
GREGOLIN, Maria do Rosário Valencise.
Sentido, sujeito e memória: com o que
sonha nossa vã autoria? In: GREGOLIN,
Maria do Rosário Valencise; BARONAS,
Roberto Leiser, (orgs.). Análise do dis-curso: as materialidades do sentido. São
Carlos, SP: Claraluz, 2001. pp. 60-78.
PÊCHEUX, Michel; FUCHS, C. A propósito da
análise automática do discurso: atualiza-ção e perspectivas (1975). In: GADET, Fran-
çoise; HAK, Tony. (orgs.). Por uma análise
automática do discurso: uma introdução
à obra de Michel Pêcheux. Tradução de
Bethania S. Marlani et al. Campinas, SP:
Editora da UNICAMP, 1990. pp. 163-171.
PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou
acontecimento. Tradução de Eni Puccinelli Orlandi. 6 ed. Campinas, SP: Pontes Edito-res, 2012.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferen-ça: uma introdução teórica e conceitual. In:
SILVA, Tomaz Tadeu da (org.); HALL, Stuart;
WOODWARD, Kathryn. Identidade e
diferença: a perspectiva dos estudos cul-
turais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
Página 6 O Corpo
SEMIOSES DA MORTE EM MORTE E VIDA SEVERINA
George Lima¹
A pesquisa que originou este
texto visou compreender processos se-
mióticos entre linguagens, mais precisa-
mente entender a inter-relação entre o
poema dramático Morte e Vida Severina,
escrito por João Cabral de Melo Neto, e o
desenho animado homônimo, dirigido por
Afonso Serpa, o que configura este texto
como uma versão adaptada e resumida
das informações gerais que compõem a
investigação original.
Inicialmente na construção dessa
pesquisa, a intensão de nosso trabalho
fora entender processos tradutológicos
entre o poema dramático e o desenho ani-
mado. Entretanto, este objetivo inicial não
se tornou suficiente para suprir o fôlego
que fundamentava nossa inquietação pro-
vocada pela percepção dessas linguagens
ao compará-las, pois ainda existia a sensa-
ção de haver algum fator determinante
que afetava de forma singular a leitura de
cada obra; e que esse aspecto não se justi-
ficava apenas pela simples e tão só razão
de serem dois dispositivos diferentes
(literário-poético e fílmico-animado).
Levando em conta essa nossa
abordagem, aprofundamos nossas leituras
nas vertentes teóricas que fundamentam
todo o tratado metodológico desenvolvido
por Júlio Plaza (2010), mais precisamente
a Semiótica criada pelo cientista-lógico-
filosofo norte-americano Charles Sanders
Peirce (1839-1914), que, assim sendo, lapi-
daram nossos aparelhos perceptivos dian-
te das linguagens que nos propusemos
analisar. Tais estudos fizeram com que
obtivéssemos uma visão mais precisa so-
bre os motivos que nos deixaram inquietos
durante nossas observações iniciais e,
consequentemente, identificamos o fenô-
meno que nos propusemos analisar: a pre-
sença marcante e essencial dos signos que
representam a morte tanto no poema dra-
mático quanto no desenho animado.
Nesse processo analítico-
evolutivo, nasceu nossa proposta de traba-
lho monográfico, isto é, o objetivo que fun-
ciona como coluna vertebral desta pesqui-
sa é investigar em que medida os signos
que representam a morte no desenho ani-
mado Morte e Vida Severina modificam
os significados da morte em contraposição
ao poema dramático homônimo.
Morte e Vida Severina é uma
das obras mais conhecida de João Cabral
de Melo Neto, que conta o trajeto do prota-
gonista Severino. Este personagem é um
retirante que sai do interior de Pernambu-
co em busca de condições melhores de
vida e de morte na capital pernambucana
(Recife - PE), tendo como guia o rio Capi-
baribe. No percorrer dessa jornada, o reti-
rante se depara frequentemente com a
presença da morte. Esta aparição da mor-
te acontece de vários modos tanto no poe-
ma quanto no desenho animado, como foi
possível ver em nossas análises.
A morte foi e é um signo muito
utilizado em práticas artísticas durante a
história da arte nas diversas sociedades.
Conceitualmente, ela não se limita apenas
à ideia corriqueira de que é o fim da vida.
Nossa analise mostra esta evidência. Não é
por acaso que muitos estudiosos proferem
a ideia de que a morte se trata de um fe-
nômeno de caráter obscuro, tendo em
vista o tratamento altamente filosófico e
místico que é dado a ela, o que não é nosso
objetivo. Desse modo, inicialmente falamos
a respeito daquilo que está sendo levado
em conta no processo de representação
observado por nós, isto é, a morte enquan-
to fenômeno condicionado à percepção e à
utilização em dispositivos sígnicos.
Página 7 O Corpo
1 Graduando em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia.
Essa nossa preocupação em tra-
zer à tona a morte como objeto vulnerável
a representação antecedeu nossas anali-
ses, mostrando algumas características
fenomênicas que estiveram/estão/
estarão sujeitas a determinar os signos
que representam a morte no poema e,
também, no desenho animado em análise.
Tais observações cumpriram a necessida-
de de vermos essas características nas
dimensões qualitativa, existencial e cultu-
ral, que, assim sendo e em certa medida,
constituem a morte ipso facto.
Logo em seguida, no segundo
momento de nossa pesquisa, vimos de
maneira monádica como a morte de fato
foi representada no poema dramático e no
desenho animado, ou seja, considerando-
os singularmente em suas estruturas se-
mióticas, sem compará-los. Estas nossas
observações proporcionaram vermos o
modo como a morte (objeto representado)
mantém relação com os signos que a re-
presentam.
Mais precisamente, nossos exa-
mes contribuíram na constatação de que
os paradigmas representacionais que po-
tencializam o poema dramático cabralino
enquanto representamen da morte são
aspectos essencialmente e predominante-
mente icônicos e indiciais; embora haver
também uma constatação de representa-
ção simbólica. Estas observações mostram
que o poema tenta criar imagens a respei-
to da morte, valendo-se das relações de
semelhança e de conexões particulares
com aquilo que representa. Cabe aqui ci-
tarmos o visualismo como característica
estilística das obras produzidas por João
Cabral de Melo Neto, referenciado por
Braulio Tavares (apud MELO NETO, 2010, p.
7) e Massaud Moisés (2008, p. 321), e, tam-
bém, os aspectos pitorescos e imagéticos
mencionados por Alfredo Bosi (2006, p.
502), que em certa medida corroboram
com essas nossas observações.
Nas analises que fizemos do de-
senho animado, verificamos que a matriz
fundamentadora dos representamens da
morte é regida essencialmente por signos
simbólicos, isto é, foi evidenciado por nós
que os signos da morte no desenho anima-
do estão condicionados a agir segundo
regras interpretativas norteadas por valo-
res ideológicos. Isto foi comprovado pelo
modo como são encarnadas as cores
(preto e branco), os elementos usados na
personificação da morte, os fenômenos
culturais – cruz, ausência, alma, caveira,
esqueleto, entre outros –, o modo como
são montados os enquadramentos que
estruturam os cenários e as maneiras em
que as câmeras se movimentam e mantêm
determinados níveis do anglo observacio-
nal.
Como tínhamos examinado, tais
observações do poema e do desenho ani-
mado Morte e Vida Severina mostraram
que já nos paradigmas de representação
da morte há diferenças, modificando a
natureza dos signos icônicos e indiciais no
poema em signos regidos por signos habi-
tuais, convencionais e culturais no dese-
nho animado. Estas constatações funciona-
ram como informações cruciais no supri-
mento de nosso objetivo central no pre-
sente trabalho, pois, levando em conta a
premissa estipulada por Peirce (2010) de
que o significado é a característica objeti-
va do signo, pressupomos que os significa-
dos são modificados devido justamente ao
devir ou ação do signo.
Página 8 O Corpo
“Essa nossa preocupa-
ção em trazer à tona a morte como objeto
vulnerável a represen-tação antecedeu nos-
sas análises, mostran-do algumas caracterís-
ticas fenomênicas que
estive-ram/estão/estarão su-
jeitas a determinar os signos que represen-
tam a morte no poe-
ma e, também, no de-senho animado em
análise.”
Examinando os significados obje-
tivados pelos signos que representam a
morte, tanto no poema dramático como
também no desenho animado, percebe-
mos o modo como estas significações
estão condicionadas aos paradigmas de
representação da morte em cada uma
dessas linguagens, materializando, assim,
nosso pressuposto da premissa peirciana
apontado no parágrafo anterior.
Deste modo, considerando as
instâncias que compõem o método da
tradução intersemiótica, chegamos à
conclusão de que na medida em que a
versão áudio visual do poema cabralino
encarna em sua estrutura signos motiva-
dos por valores convencionais, predeter-
minados por um ou vários sistemas cultu-
rais, são modificados os significados
quando o comparamos com o poema dra-
mático cabralino, tendo em vista que o
poema possui natureza representativa
diversificada do desenho animado, isto é, o
poema apenas simula características e
aponta vertigens de existência da morte.
Futuros trabalhos como este
podem ser desenvolvidos no objetivo de
delinear se há ou não equivalência de sig-
nificação entre uma obra original e sua
recriação, pois, além de serem fenômenos
constantes nas práticas artísticas, possi-
bilitam categorizar os possíveis interpre-
tantes já predeterminados nos signos que
arquitetam o material em análise e, tam-
bém, delinear possíveis impactos causados
pelas linguagens em algum público vigente
(recepção das obras).
Referências:
ARIÈS, Philippe. História da morte no
Ocidente: da Idade Média aos nossos dias.
Tradução Priscila Viana de Siqueira. Ed.
Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2012.
BOSI, Alfredo. João Cabral de Melo Neto. In:
História concisa da literatura brasilei-
ra. 43ª ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 502
-506.
BOWKER, John Westerdale. Os sentidos da
morte. Tradução I. F. L. Ferreira. São Pau-
lo: Paulus, 1955.
MARANHÃO, José Luiz de Souza. O que é
morte. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense,
2003. (Coleção primeiros passos, 150).
MARTIN, Marcel. A linguagem cinemato-
gráfica. São Paulo: Brasiliense, 2003.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida
Severina e outros poemas. Rio de Ja-
neiro: Objetiva, 2007.
MOISÉS, Massaud. João Cabral de Melo
Neto. In: História da literatura brasilei-
ra: volume III – Modernismo. 6ª ed. São
Paulo: Cultrix, 2008. p. 316-324.
MORTE E VIDA SEVERINA EM DESENHO
ANIMADO. Direção: Afonso Serpa. Produ-
ção: Alexandre Fishgold; Mario Lellis; Ro-
ger Burdino; Maurício Fonteles. Roteiro:
Afonso Serpa. OZI escola de informática,
2010. 1 DVD (56 min), son., color. Baseado
no poema dramático ―Morte e Vida
Severina‖ de João Cabral de Melo Neto.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica.
Tradução de José Teixeira Coelho Neto.
4ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
(Estudos; 46).
PLAZA, Julio. Tradução Intersemiótica.
2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
(Estudos; 93).
SANTAELLA, Lucia. Teoria geral dos sig-
nos: como as linguagens significam as
coisas. São Paulo: Cengage Learning,
2008.
Página 9 O Corpo
“o poema apenas
simula caracterís-
ticas e aponta ver-
tigens de existên-
cia da morte”
DISCURSO, REGULARIDADE E EFEITO DE REAL EM UM FOLHETO DE LITERATURA DE CORDEL
Edgley Freire Tavares¹
Francisco Paulo da Silva²
Atualmente a prática de Análise
do Discurso vive, digamos, uma virada
semiológico histórica que representa um
esforço teórico em contemplar no gesto
descritivo-interpretativo materialidades
discursivas verbais e não verbais. Inserido
nesse contexto epistemológico, o GEDUERN
– Grupo de Estudos do Discurso da Univer-
sidade do Estado do Rio Grande do Norte
vem desenvolvendo reflexões em relação à
produção de uma memória discursiva so-
bre o passado da cidade de Mossoró, na-
quilo que podemos chamar de formação e
funcionamento de um Discurso da Resis-
tência. E isso, de um ponto de vista arque-
ogenealógico (FOUCAULT, 2007, 2008)
significa dizer que na cidade de Mossoró
um conjunto de enunciados tematiza a
passagem do cangaceiro Lampião, sua
invasão e o modo como a cidade o teria
combatido, no ano de 1927. Olhando para
esse arquivo de dizibilidades e visibilidades
nosso gesto de leitura procura entender
as correlações, as retomadas e transforma-
ções que essa narrativa vem apresentando,
sem perder de vista as determinações soci-
ais, culturais, econômicas e políticas impli-
cadas no funcionamento dessa discursivida-
de.
Do nosso lugar de pesquisa, a com-
preensão dessa produção discursiva só se
torna possível “colocando em jogo o estatu-
to social da memória como condição de seu
funcionamento discursivo.” (PÊCHEUX, 2011,
p.142). Assim, visando sempre dar ao traba-
lho de leitura o primado do interdiscurso,
nosso objetivo neste ensaio é problematizar
o modo como uma memória discursiva da
Resistência se materializa e que efeitos ela
produz num exemplar de literatura de cor-
del. Para tanto, enquanto fragmento dessa
discursividade, situemos inicialmente do
folheto de cordel a ser analisado, de autoria
de Antônio Francisco, a ilustração da capa,
E coloquemos uma questão: Que
regularidades discursivas podem ser
observadas na relação desse enunciado
da literatura de cordel com outras enun-
ciabilidades nessa formação discursiva e
quais os efeitos de tais correlações no
funcionamento de uma memória discursi-
va da Resistência de Mossoró ao bando
de Lampião? Em sua estrutura e aconte-
cimento, o cordel de Antônio Francisco só
pode ser percebido enquanto discurso
em sua relação com outros dizeres, já
ditos ou coisas a dizer. Ou seja, levando
em conta a heterogeneidade constitutiva
de todo discurso, já que “não há enuncia-
do em geral, enunciado livre, neutro e
independente; mas sempre um enunciado
fazendo parte de uma série ou de um
conjunto.” (FOUCAULT, 2007, p.112). Na
dispersão enunciativa que esse cordel
faz parte devemos notar uma ordem,
correlações, posicionamentos e trans-
formações, em uma palavra, descrever
no gesto de leitura aquilo que Michel Fou-
cault chama de regularidade discursiva,
uma tensão entre a repetição e a dife-
rença no funcionamento dos enunciados.
Duas coisas chamam a atenção
na ilustração na capa do folhetim: a pri-
Página 10 O Corpo
1 Doutorando em Estudos da Linguagem, pela Universidade Federal do Rio grande do Norte e professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
2 Doutor em Linguística pela Universida-de Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Professor da Universidade do Esta-do do Rio Grande do Norte.
Será realizado, no mês de março de 2014, o curso Cinema, Vídeo, Godard, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
- UESB. O evento é mais uma atividade do Labedisco - Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo. O curso em tela tem
como objetivo o estudo das articulações do dispositivo audiovisual a partir dos diálogos entre o cineasta Godard e os estu-
dos foucaultianos. Godard será estudado a partir de filmes selecionados e do livro “Cinema, Vídeo, Godard”, escrito por
Philippe Dubois, considerando-se as problematizações em “A ordem do discurso”, de Michel Foucault. Para tanto, serão
realizadas a releitura e discussão dessa obra. Serão, ao todo, sete encontros (carga horária de 30 horas). Em cada um
deles o seu ministrante trabalhará com um texto-base e um debatedor fará as considerações introdutórias sobre a expo-
sição, abrindo, depois, à intervenção do público com o intuito de ampliar os diálogos sobre os estudos discursivos na es-
teira foucaultiana. O curso acolhe estudantes de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado com pesquisas em desenvolvi-
mento. A atividade contempla as discussões do projeto “Memória e corpo no audiovisual” do Programa de Pós -Graduação
em Memória, Linguagem e Sociedade e do projeto “Corpo e processos de subjetivação em materialidades verbais e não -
verbais” do Programa de Pós-Graduação em Linguística, ambos na UESB. O curso está vinculado ao projeto de pesquisa
“Materialidades do corpo e do horror” e ao projeto de extensão “Materialidades do discurso fílmico, do corpo e do horror”.
Esta ação também faz parte do quadro de atividades no interior do Convênio de Intercâmbio entre a Sorbonne Nouvelle –
Paris III e a UESB/Vitória da Conquista.
Programação
I Encontro
Data 14/03/2014, sexta-feira
Local Labedisco
16h30 Exibição do filme Acossado, de Jean-Luc Godard, 1960
18h30 Apresentação e discussão de textos
Ministrante Msnda. Ceres Luz (PPGMLS/Capes)
Debatedora Cecília Barros-Cairo (PPGMLS/Capes)
Dialogador o público
Referências
DUBOIS, Philippe. Introdução. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 21-28.
DUBOIS, Philippe. Máquinas de Imagens: uma questão de linha geral. In:______. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004,
p. 31-68.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
Página 15 O Corpo
Cinema, Vídeo, Godard
II Encontro
Data 17/04/2014, segunda-feira
Local Labedisco
16h30 Exibição de Carmen, de Jean-Luc Godard, 1983.
18h30 Apresentação e discussão de textos
Ministrante Msndo. Tyrone Coutinho Filho (PPGLin/Capes)
Debatedora Msnda. Jamille Santos (PPGLIN/UESB)
Dialogador o público
Ministrantes: Nilton Milanez e Ceres Luz (PPGMLS/Capes)
Dialogador: o público
Referências
DUBOIS, Philippe. Por uma estética da imagem de vídeo. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo:
Cosac Naify, 2004, p. 69-96.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
III Encontro
Data 08/04/2014 terça-feira
Local Labedisco
16h30 – Exibição de A Chinesa, de Jean-Luc Godard, 1967.
18h30 – Apresentação e discussão de textos
Ministrante Renata Maciel (PPGMLS/UESB)
Debatedor Ciro Prates (PPGMLS/Capes)
Dialogador o público
Referências
DUBOIS, Philippe. “O estado-vídeo”: uma forma que pensa. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 97-118.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
IV Encontro
Data 10/04/
Local Labedisco
16h30 – Exibição de O Desprezo, de Jean-Luc Godard, 1963.
DUBOIS, Philippe. A paixão, a dor e a graça: notas sobre o cinema e o vídeo dos anos 1977-1987. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 137-176.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
V Encontro
Data 15/04/2014
Local Labedisco
16h30 – Exibição do filme Detetive, de Jean-Luc Godard, 1985.
Araújo Silva São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 177-250.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
VI Encontro
Data 17/04/2014
Local Labedisco
16h30 – Exibição do filme Duas ou três coisas que eu sei dela, de Jean-Luc Godard, 1966.
18h30 – Apresentação e discussão de textos
Ministrante Aliúd Almeida (Cinema/ IC)
Debatedor Daniel Teixeira (Direito/IC)
Dialogador o público
Referências DUBOIS, Philippe. Jean-Luc Godard: cinema e pintura, ida e volta. In:______. Cinema, vídeo, Godard. Trad. Mateus Araújo Silva. São
Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 251-258.
DUBOIS, Philippe. Jean-Luc Godard: Jean-Luc Godard e a parte maldita da escrita. In:______. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo:
Cosac Naify, 2004, p. 259-288.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
Página 17 O Corpo
VII Encontro
Data 22/04/2014
Local Labedisco
16h30 – Exibição do filme Uma mulher é uma mulher, de Jean-Luc Godard, 1961.
DUBOIS, Philippe. Os ensaios em vídeo de Jean-Luc Godard: o vídeo pensa o que o cinema cria. In:______. Cinema, vídeo, Godard.
Trad. Mateus Araújo Silva. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 289-312.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
Avaliação
O participante deve entregar relatório de cada encontro, baseado nos textos discutidos, bem como colaborar com os debates e d is-cussões ao final das exposições. Além disso, o participante deve prosseguir com comentários sobre os encontros na página do Labe-
disco no Facebook (facebook.com/labedisco), fomentando a discussão após o encontro. Os relatórios receberão parecer evidencian-
do os pontos discutidos.
Inscrições
As inscrições podem ser feitas até o dia 05/03/2014 pessoalmente ou pelo e-mail do Labedisco ([email protected]). Para
isto, requeremos para análise a submissão de: a) carta de interesse; b) projeto de pesquisa resumido sobre corpo e audiovisual (até
3 laudas); c) Lattes atualizado; d) histórico escolar. O curso é totalmente gratuito.
Acesse o vídeo de divulgação do evento: https://www.youtube.com/watch?v=m5ej33OWVaE
Leitura do livro “A ordem do discurso”, de Michel Foucault.
Leitura do livro “Cinema, Vídeo, Godard”, de Philippe Dubois.
Dica de O Corpo
Dica de O Corpo
Reunindo nove ensaios, este livro aborda a questão do vídeo, sua natureza de
imagem e seu lugar no mundo das produções visuais, particularmente em relação ao cinema. A primeira parte, "Vídeo e teoria das imagens", parte do vídeo para tentar abordá-lo em si mesmo, atribuindo-lhe um corpo estético específico, e considerando se ele pode ser uma arte em si, com linguagem
própria. "Vídeo e cinema" aprofunda a questão central da relação do vídeo com o cinema, abordando o imaginário cinematográfico como ponto de parti-da para as experiências em vídeo. Vários cineastas utilizaram o vídeo para suas pesquisas fílmicas, como Antonioni, Wim Wenders, Coppola, entre ou-
tros. Na terceira parte, "Jean-Luc Godard", a discussão centra-se a partir do exame detalhado do caso exemplar deste cineasta, que, como nenhum outro, problematizou com tanta insistência, profundidade e diversidade a "mutação
das imagens".
A aula inaugural, que Foucault pronunciou ao assumir a cátedra vacante no
Collège de France pela morte de Hyppolite, pode ser considerada um texto de ligação entre suas obras, datadas dos anos 60, como História da loucura, As palavras e as coisas, A arqueologia do saber, centradas predominantemente na análise das condições de possibilidade das ciências humanas, e as que se
seguiram a maio de 68, como Vigiar e punir, voltados ao exame da microfisica
do poder.
Foucault desvenda a relação entre as práticas discursivas e os poderes que as permeiam. Ao perceber os diversos procedimentos que cerceiam e con-
trolam os discursos da sociedade, o autor comprova que "o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas
aquilo pelo que se luta, o poder de queremos nos apoderar".
Na segunda parte do texto, Foucault anuncia a direção em que prosseguirá suas investigações no decorrer dos cursos no Collège de France, apontando para o que denomina o "conjunto crítico" e o "conjunto genealógico" e lança o projeto de estudo das interdições que atingem o discurso da sexualidade. A
este trabalho dedicará muitos anos, após a publicação do primeiro volume da História da sexualidade, em 1976: A vontade de saber (uso dos prazeres, vol.2,
O cuidado de si, vol, 3, ambos de 1984).
O Corpo é Discurso
é o primeiro jornal
eletrônico de
popularização
científica da Bahia.
Colaboradores
Popularização da Ciência
A pesquisa científica gera conhecimentos, tecnologias e inovações que benefi-
ciam toda a sociedade. No entanto, muitas pessoas não conseguem compreender a
linguagem utilizada pelos pesquisadores. Neste contexto, a grande mídia e as novas
tecnologias de comunicação cumprem o papel de facilitadores do acesso ao conhe-
cimento científico. Para contribuir com esse processo, em sintonia com o espírito
que anima o Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica do CNPq, criamos
esta seção no portal do CNPq. Seja bem-vindo ao nosso espaço de popularização da
ciência e aproveite para conhecer as pesquisas dos cientistas brasileiros e os bene-
fícios provenientes do desenvolvimento científico-tecnológico.