SEMENTE DE LINHAÇA COMO MATÉRIA-PRIMA PARA ATIVOS E EXCIPIENTES COSMÉTICOS Alexandra Hewlett Benvenuto 1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. Pollyana Mudrek 2 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. Daisy Janice Aguilar Netz 3 – Orientadora- Professora Doutora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. Contatos 1 [email protected]2 [email protected]3 [email protected]Resumo: O interesse nos benefícios do consumo alimentício e do uso de produtos cosméticos com propriedades funcionais tem aumentando nas últimas décadas, sendo este aspecto objeto de inúmeras pesquisas e de produtos de mercado. Neste trabalho, que utiliza metodologia classificada como qualitativa, descritiva e exploratória, constatou-se que a linhaça (Linum usitatissimum L.) tem sido considerada um ingrediente funcional de grande importância, por conter nutrientes funcionais como o ácido linolênico (ALA ou ω-3), lignana, como a secoisolariciresinol, e fibras, além dos compostos fenólicos, vitaminas, fucose, ramnose, minerais e ácido fítico. Dos derivados da semente se destacam o óleo comestível e óleo de uso industrial, utilizado na produção de tintas e vernizes, e também a farinha e o farelo, utilizados na alimentação humana e animal. Da extração do óleo se obtém como resíduo a torta, que pode ser utilizada como ração animal e como matéria prima para extração da mucilagem. Quanto à aplicação tópica, para fins cosméticos, os componentes do óleo e da mucilagem têm relevância em função dos benefícios que podem proporcionar na manutenção da homeostasia cutânea e no retardo do envelhecimento. O ácido fítico, encontrado na semente, é usado como despigmentante quando incluído em formulações cosméticas. O uso de ω-3 e ω-6 confere maciez e hidratação ao cabelo. Fucose, ramnose, xilose, galactose e o ácido galacturônico se acoplam a proteínas e lipídeos de membrana, formando glicoproteínas e glicolipídios,que atuam como receptores celulares, atuando como potentes antioxidantes, estimuladores de fibroblastos e inibidores das metaloproteinases. A presença de γ-tocoferol na linhaça favorece a capacidade protetora contra os radicais livres.
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SEMENTE DE LINHAÇA COMO MATÉRIA-PRIMA PARA ATIVOS E EXCIPIENTES COSMÉTICOS
Alexandra Hewlett Benvenuto1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina.
Pollyana Mudrek2 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina.
Daisy Janice Aguilar Netz3 – Orientadora- Professora Doutora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina.
O interesse nos benefícios do consumo alimentício e do uso de produtos cosméticos com propriedades funcionais tem aumentando nas últimas décadas, sendo este aspecto objeto de inúmeras pesquisas e de produtos de mercado. Neste trabalho, que utiliza metodologia classificada como qualitativa, descritiva e exploratória, constatou-se que a linhaça (Linum usitatissimum L.) tem sido considerada um ingrediente funcional de grande importância, por conter nutrientes funcionais como o ácido linolênico (ALA ou ω-3), lignana, como a secoisolariciresinol, e fibras, além dos compostos fenólicos, vitaminas, fucose, ramnose, minerais e ácido fítico. Dos derivados da semente se destacam o óleo comestível e óleo de uso industrial, utilizado na produção de tintas e vernizes, e também a farinha e o farelo, utilizados na alimentação humana e animal. Da extração do óleo se obtém como resíduo a torta, que pode ser utilizada como ração animal e como matéria prima para extração da mucilagem. Quanto à aplicação tópica, para fins cosméticos, os componentes do óleo e da mucilagem têm relevância em função dos benefícios que podem proporcionar na manutenção da homeostasia cutânea e no retardo do envelhecimento. O ácido fítico, encontrado na semente, é usado como despigmentante quando incluído em formulações cosméticas. O uso de ω-3 e ω-6 confere maciez e hidratação ao cabelo. Fucose, ramnose, xilose, galactose e o ácido galacturônico se acoplam a proteínas e lipídeos de membrana, formando glicoproteínas e glicolipídios,que atuam como receptores celulares, atuando como potentes antioxidantes, estimuladores de fibroblastos e inibidores das metaloproteinases. A presença de γ-tocoferol na linhaça favorece a capacidade protetora contra os radicais livres.
como o selênio. (WARRAND et al.,2004; PETERSZEGI et al., 2003; GALVÃO,
2008).
O tocoferol é produzido pelo organismo porem quando adicionado a cosméticos
potencializa seu efeito antioxidante localmente. A combinação de fucose, galactose e
acido galacturônico in vitro tem um potente efeito estimulador dos fibroblastos e
inibidor das metaloproteinases. O acido ferúlico interfere na melanogênese por quelar o
cobre necessário para a atividade da tirosinase.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em conta que a utilização da semente de linhaça vem ao encontro da crescente
tendência do mercado pelos produtos naturais e funcionais, esse estudo é alinhado com
esta tendência, visando proporcionar um panorama mais aprofundado no que toca a
importância deste material como matéria prima cosmética.
Com base no material pesquisado, pode-se constatar que os principais sub-produtos da
semente de linhaça, a saber o óleo e a mucilagem são potencialmente classificados
como promissores no emprego de formulações cosméticas tópicas , tanto como ativos,
quanto como excipiente (MACIEL, 2006; LOPES, 2009).
Assim, pode-se já visualizar possíveis desdobramentos deste estudo, com o emprego da
mucilagem in natura, talvez como máscara para o tratamento de manchas (por conter
ácido fítico, ácido ferúlico), para minimizar o antienvelhecimento (por conter açúcares
raros, compostos fenólicos, antioxidantes, fito estrógenos, selênio e outros minerais) em
cremes, e o óleo, pelo seu efeito hidratante e capacidade de reestruturador da barreira
córnea (por conter os ômegas 3 e 6 que inibiriam o TEWL).
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Veja modelo abaixo
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