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DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA E HISTOQUÍMICA DA ARBÓREA TRIPLARIS GARDENERIANA WEDD. – POLYGONACEAE MORPHOLOGICAL AND HISTO-CHEMICAL DESCRIPTION OF THE GARDENERIAN TRIPLARIS ARBORRAL WEDDING. - POLYGONACEAE JÉSSICA SILVA DOS REIS¹;JALES TEIXEIRA CHAVES FILHO¹; MARCOS ANTÔNIO PESQUERO¹; ¹Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Câmpus Morrinhos. Rua Quatorze, 327- Jardim América, 75650-000- Morrinhos, GO – Brasil.*[email protected] RESUMO A Triplaris gardneriana Wedd. (Pau-formiga) uma espécie da família Polygonaceae, encontrada naturalmente em formações naturais é uma planta que vem desempenhando um importante papel em projetos de reflorestamento e de preservação, sendo utilizada na construção civil, na produção de lenha e carvão, paisagismo urbano, recuperação de áreas degradadas, e na medicina popular. O objetivo deste trabalho foi descrever as características morfológicas de frutos e folhas da espécie arbórea Triplaris gardeneriana Wedd., bem como identificar os compostos de armazenamento nos aquênios da mesma. Os dados foram obtidos através de plantas cultivadas na Universidade Estadual de Goiás (UEG) -Câmpus Morrinhos e as análises realizadas no laboratório de Ecologia-UEG. Os resultados indicaram que o fruto é do tipo aquênio, sementes bitegumentadas, plântulas fanerocotiledonar com germinação epígea. As folhas são hipoestomáticas, com estômatos do tipo paracítico, mucronada, base obtusa, bordo inteiro. Observou-
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Sep 12, 2020

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DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA E HISTOQUÍMICA DA ARBÓREA TRIPLARIS

GARDENERIANA WEDD. – POLYGONACEAE

MORPHOLOGICAL AND HISTO-CHEMICAL DESCRIPTION OF THE

GARDENERIAN TRIPLARIS ARBORRAL WEDDING. - POLYGONACEAE

JÉSSICA SILVA DOS REIS¹;JALES TEIXEIRA CHAVES FILHO¹; MARCOS

ANTÔNIO PESQUERO¹;

¹Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Câmpus Morrinhos. Rua Quatorze, 327- Jardim

América, 75650-000- Morrinhos, GO – Brasil.*[email protected]

RESUMO

A Triplaris gardneriana Wedd. (Pau-formiga) uma espécie da família Polygonaceae, encontrada naturalmente em formações naturais é uma planta que vem desempenhando um importante papel em projetos de reflorestamento e de preservação, sendo utilizada na construção civil, na produção de lenha e carvão, paisagismo urbano, recuperação de áreas degradadas, e na medicina popular. O objetivo deste trabalho foi descrever as características morfológicas de frutos e folhas da espécie arbórea Triplaris gardeneriana Wedd., bem como identificar os compostos de armazenamento nos aquênios da mesma. Os dados foram obtidos através de plantas cultivadas na Universidade Estadual de Goiás (UEG) -Câmpus Morrinhos e as análises realizadas no laboratório de Ecologia-UEG. Os resultados indicaram que o fruto é do tipo aquênio, sementes bitegumentadas, plântulas fanerocotiledonar com germinação epígea. As folhas são hipoestomáticas, com estômatos do tipo paracítico, mucronada, base obtusa, bordo inteiro. Observou-se também que as sementes do pau-formiga não apresentam substância lipídica, tendo como composto de reserva o amido.

Palavras-chave: Morfologia. Aquênios. Biometria.

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ABSTRACT

He Triplaris gardneriana Wedd . (pau-formiga) a specie of the Polygonaceae family, found naturally in natural formations is a plant that has played an important role in reforestation projects and conservation and is used in construction, in the production of firewood and charcoal , urban landscaping, site restoration degraded , and in folk medicine. The objective of this study was to describe the morphological characteristics of fruits and leaves of the tree species Triplaris gardeneriana Wedd., as well as to identify the storage compounds of its achenes. Data was obtained by means of plants grown at the Universidade Estadual de Goiás-Morrinhos Campus and the analysis was made in the laboratory of Ecology-UEG. The results indicated that the fruit is of the achene type, bitegmic seeds, phanerocotylar seedlings with epigeal germination. The leaves are hypostomatic, with paracitic type stomata, mucroneded, obtuse base, whole edge. It was also noted that the ``pau-formiga´´ does not have lipid substance having as a reserve component starch.

Key - words: Morphology. Anatomy. Biometrics.

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INTRODUÇÃO

O bioma Cerrado apresenta a segunda maior biodiversidade do território brasileiro,

sendo o habitat de muitas espécies endêmicas de vegetais e animais 6. Segundo o MMA

(2006) 13, o Cerrado possui uma ampla extensão territorial que abriga ampla variedade de

heterogeneidade de ecossistemas e 5% da biodiversidade do planeta.

Essa alta diversidade e abundância biológica de espécies é apresentada pelos

diferentes tipos de fitofisionomias, além da rapidez com que o bioma está sendo destruído,

levou o Cerrado a ser incluído nas áreas prioritárias para conservação mundial os

“hotspots”, recebendo assim proteção da legislação ambiental 16. O que torna indiscutível a

necessidade de medidas eficazes que busquem a preservação e conservação do Cerrado 12.

Levando em consideração que atualmente o percentual de espécies ameaçadas de extinção

é maior que os recursos disponíveis para a sua conservação 15.

Para Pinheiro e Kury (2008) 17, a conservação do meio ambiente só ocorre quando

os componentes (ecossistemas, comunidades e espécies) estão em boas condições.

Portanto, para que seja possível o funcionamento adequado do ambiente é importante

primeiro identificar e entender os aspectos morfológicos e fisiológicos que influenciam no

comportamento e nas interações ecológicas de uma população para depois compreender o

funcionamento desses componentes e sucessivamente proteger e conservar um bioma.

Deste modo, quando se refere aos estudos botânicos, a descrição das estruturas

morfológicas de sementes e mudas, bem como os fatores histoquímicos (lipídios, amido,

carboidratos, aminoácidos e proteínas) apresentados pelos embriões, têm como função a

caracterização taxonômica e anatômica de uma família, gênero ou espécie. Araújo-Neto et.

al. (2002) ³ e Silva et. al. (2010) 18, destacam que essas informações contribuem também

com pesquisas de banco de germoplasma, identificação de espécies e regeneração natural

de áreas degradadas, além de permitirem a caracterização de plantas ainda na fase

vegetativa.

Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo descrever as características

morfológicas de mudas e aquênios, identificar os compostos de armazenamento em

diásporos de Triplaris gardneriana Wedd., bem como obter subsídios sobre os aspectos

fisiológicos das folhas da arbórea por meio de equações de regressão linear, das medidas

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biométricas do comprimento e largura das folhas da espécie, determinando uma estimativa

da área foliar, auxiliando na identificação botânica desta espécie.

MATERIAL E MÉTODOS

Segundo Lorenzi (2002) 8, a espécie T. gardneriana apresenta fruto do tipo

aquênio como diásporo (unidade de dispersão). O aquênio é caracterizado por ser um fruto

pequeno, indeiscente e seco, com apenas uma parede fina e adpressa 7, contendo uma única

semente em seu interior. Assim, ao longo deste trabalho será adotado o termo aquênio para

definir a unidade de dispersão da espécie.

As análises foram conduzidas no laboratório de Ecologia da Universidade Estadual

de Goiás (UEG)- Câmpus Morrinhos, sendo divididas em duas fases: a análise morfológica

dos aquênios e plantas em fase inicial de crescimento e a fase de identificação histoquímica

dos principais compostos de armazenamento das sementes.

Com o intuito de determinar as características morfológicas das estruturas internas

e externas dos diásporos da espécie T. gardneriana, foram utilizadas 50 aquênios

selecionados aleatoriamente de lotes coletados na zona urbana do município de Goiânia em

2014 em diferentes locais. Posteriormente os aquênios foram escarificados mecanicamente

com auxílio de lixa d'água e colocados em embebição em 30 ml de água destilada, em

câmara B.O.D em temperatura ambiente (24°C) por 24 horas sobre luminosidade

constante. Após a embebição, as amostras foram observadas com auxílio de lupa e

microscópio, para que fosse realizada a descrição da cor, textura e consistência dos

tegumentos, forma, dimensões, posição e forma do hilo, micrópila, rafe e embrião ou seja

cotilédones e eixo hipocótilo-radícula.

O desenvolvimento do embrião durante a fase de germinação, bem como a

utilização do material de reserva dos aquênios foi acompanhada durante 31 dias, onde os

resultados foram registrados por meio de fotografias microscópicas utilizando o

equipamento da marca Leica DM 500 com microcomputador acoplado. Após a

germinação, foi realizada a caracterização morfológicas de plântulas da espécie estudada

durante 83 dias.

Para a caracterização morfológica das plantas jovens foram selecionadas 50 plantas

germinadas em condições laboratoriais (temperatura ambiente e luz constante), sendo

posteriormente plantadas em sacos plásticos (15 cm de diâmetro e 15 cm de altura)

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contendo substrato orgânico. As mudas foram mantidas em sombreamento (50%) em área

da Universidade Estadual de Goiás (UEG)- Câmpus Morrinhos, recebendo irrigação

semanal (3 vezes) regular durante 3 anos, sendo correspondente ao período de 2012 à 2014

quando foram amostradas. Após esse período, as plantas foram amostradas aleatoriamente

para a avaliação da morfologia do limbo foliar, sendo que essa caracterização foi realizada

com o auxílio de chaves analíticas.

Para a determinação biométrica das plantas em fase inicial de crescimento foram

realizadas medidas do diâmetro com o auxílio de paquímetro e também a estimativa de

área foliar, que foi realizada por meio da obtenção da equação linear das folhas de T.

gardeneriana Wedd., usando a metodologia descrita por Benincasa (2003) 4. Assim foram

utilizadas folhas expandidas de 30 plantas jovens germinadas no laboratório de Ecologia da

UEG-Câmpus Morrinhos no ano de 2012.

Deste modo para obtenção das medidas lineares da lâmina foliar do ipê-amarelo

que é realizada por meio de medidas do maior comprimento e largura de cada folíolo, as

folhas selecionadas para o estudo no ano de 2014, três anos após a germinação foram

desenhadas “contornadas” de forma fidedigna em papel sulfite, recortadas e pesadas em

balança de precisão, sendo comparadas posteriormente com o peso de um quadrado de

papel sulfite de 5x5 que corresponde 25 cm², no qual sua massa será utilizada como fonte

de referência para o cálculo das áreas desconhecidas das folhas, através da relação da

massa e área.

Para a construção da equação da reta, foi utilizado as medidas biométricas das 150

folhas amostradas, na relação do resultado do comprimento e largura da folha e da sua área

obtida por meio da pesagem dos contornos foliares. Levando em consideração que o

produto resultante do comprimento e largura fornece um valor de área, que não

corresponde a figuras geométricas perfeitas, de modo que para a obtenção da área foliar,

deve ser usado um fator de correção ajustado segundo a estimativa da área foliar pelo

método dos contornos.

Para avaliar os compostos histoquímicos de reserva nos diásporos, foram utilizados 50

aquênios previamente coletados no município de Goiânia-GO no período de agosto a

setembro de 2014 e armazenados em geladeira a 5° C, no laboratório de Ecologia da

unidade universitária de Morrinhos-Goiás até o momento de sua manipulação.

Em função dos tecidos das partes analisadas apresentarem baixo teor de umidade, o

material vegetal para as observações histoquímicas de amido e lipídios foram embebidos

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em água durante 24 horas e depois mantidos em câmara termostática B.O.D. para depois

serem adotados os procedimentos metodológicos necessários. Após a embebição, o

material foi submetido ao corte anatômico realizado à mão livre utilizando lâmina de

barbear.

Para testar a presença de amido nas sementes do pau-formiga, foi utilizada uma

técnica histoquímica de reativo de lugol descrita por Macêdo (1997) 10, a qual consiste na

colocação do material vegetal a ser analisado sobre uma lâmina de vidro, sendo

posteriormente adicionada uma gota de lugol e cobrir com uma lamínula, permanecendo-a

em repouso por 20 minutos ou até que o amido apresente uma coloração que pode variar

do azul a azul violácea.

Na identificação de lipídeos, assim como o de amido, foi selecionado aleatoriamente

um lote de 20 sementes, utilizando o método de sundan III proposto por Ventrella et al.

(2013) ²¹. Para realização do teste foi necessário o preparo da solução corante, em que 3g

do reagente sudan III ou IV, foi dissolvido em 100 mL de etanol 70%, no qual foi aquecido

até a ebulição, sendo mantida em repouso para o esfriamento da solução. Em seguida,

foram realizados cortes longitudinais e transversais dos frutos de T. gardneriana Wedd., os

quais foram colocados em placa de petri, forrada com papel de filtro de 9 cm de diâmetro

saturado com água destilada e colocado na solução de sudan recém-filtrada por 15 a 30

minutos, em recipiente fechado para evitar a evaporação do solvente e a formação de

precipitados. Em seguida os cortes foram lavados rapidamente em etanol 70% e depois em

água, para a montagem das lâminas. As lâminas montadas em meio hidratado, foram

colocadas em placas de petri forrada com papel filtro saturado com água, no qual foram

adicionadas gotas de sudan recém-filtrado sobre os cortes e tampando a placa por 30 a 60

minutos para evitar a evaporação do solvente. Posteriormente, foram lavados

delicadamente em uma placa de petri com água e secos em temperatura ambiente.

As análises de ambos os dados foram realizadas diariamente durante 31 dias e os

resultados foram registrados por meio de fotografias microscópicas utilizando o

equipamento da marca Leica DM 500 com microcomputador acoplado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A espécie T. gardneriana Wedd. apresenta fruto do tipo aquênio de formato

triangular, com epicarpo de coloração marrom, liso, glabro e brilhante (Figura 1-A). Os

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frutos são secos e indeiscentes, com endocarpo e pericarpo não suculento. A epiderme do

fruto dessa espécie é delgada, tendo sua semente aderida ao pericarpo delgado do fruto.

Foi observado que as sementes do pau-formiga (T. gardneriana) são

bitegumentadas, ou seja, seu envoltório é dividido em testa e tégmen (Figura 1-B,L). A

testa consiste na parte externa, sendo mais espessa e o tégmen pode ser visualizado abaixo

da testa, na parte mais interna de coloração marrom claro envolvendo o embrião. Deste

modo, o hilo não é desenvolvido, pois ocorre frequentemente em óvulos ategumentares,

que desenvolvem uma cicatriz localizada na região que separa os cotilédones das

eudicotiledôneas. Foi verificado que o fruto da T. gardneriana não possui rafe e nem

micrópila, pois a estrutura dispersora é um diásporo.

O embrião é cotiledonar, sendo os cotilédones de cor branca no início da

germinação e amarelo avermelhada próxima ao aparecimento do coleóptilo na superfície,

sendo disperso na parte central, tendo sua consistência membranosa (Figura 1-D,K,L). O

eixo embrionário é situado abaixo dos cotilédones, que consiste no hipocótilo e no

meristema apical da radícula (Figura 1-C).

Foi verificada a presença de endosperma ruminado como tecido de reserva que

desaparece completamente antes dos cotilédones soltarem dos tecidos tegumentares,

correspondente à evolução e o desenvolvimento da plântula, que ocorre de forma rápida

entre 4 a 6 dias (Figura 1-E,G,H,I,J,K,L). Foi observado o desaparecimento do

endosperma a partir do quarto dia (Figura 1-E,F), com o surgimento de pequenas fissuras

gelatinosas no corte transversal e horizontal. Nos dias que se sucederam (do quinto ao

nono) (Figuras 1-G,H,I,J,K), essa fissuras foram cada vez ficando maiores até o completo

desaparecimento da estrutura, dando espaço para a expansão do cotilédone. Appezzato-da-

Glória e Colaboradores (2013) ², afirmam que esse fator é proveniente do consumo do

endosperma pelo embrião ao longo do seu desenvolvimento, pois em sementes que

apresentam cotilédones volumosos o endosperma desempenha a função de acumular

reservas para o desenvolvimento do embrião.

A germinação, como descrita por Andrade et al. (2008) ¹, é um processo

caracterizado pelo rompimento do tecido tegumentar pela raiz primária. Em T.

gardneriana Wedd. esse fenômeno teve início sete dias após o inicio do processo

germinativo, em que as plântulas demostraram ser epígeas com cotilédones acima do nível

do solo e fanerocotiledonar com cotilédones foliáceos livres dos restos seminais (Figura 2-

B). As raízes primárias são glabras, de coloração branca e formato cilíndrico (Figura 2-A).

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Com o desenvolvimento do hipocótilo e apresentada coloração amarelo-avermelhado,

ocorre o aparecimento de dois cotilédones membranosos clorofilados, envoltos

parcialmente pelo tegumento, isto ocorre por volta do 14° dia (Figura 2-B).

Figura 1. Morfologia geral dos frutos da Triplaris gardneriana Wedd.: a (morfologia externa do fruto), b (tégmen = TG), c (eixo embrionário = EI, cotilédones = CT) , d (cotilédones = CT) , e (endosperma = EN), f (endosperma = EN), g (endosperma = EN, fissura gelatinosa = F), h (endosperma = EN, fissura gelatinosa = F), i (endosperma = EN, fissura gelatinosa = F), j (endosperma = EN, fissura gelatinosa = F), k (endosperma = EN, fissura gelatinosa = F, cotilédones = CT), l (tégmen = TG, cotilédone = CT).

Os cotilédones começam a se abrir ficando o tegumento fixo em uma das folhas

cotiledonares por volta de mais 6 dias depois caindo em seguida, jutamente com a abertura

total das folhas do cotilédone (Figura 2-C,D). Aproximadamente 33 dias após a

germinação, ocorre o aparecimento das primeiras folhas da planta jovem (eófilos) (Figura

2-E).

Aos 53 dias foi observado que as primeiras folhas são simples, membranosas,

peninérvias e que a plântula ainda apresenta os cotilédones (Figura 2-F). Os cotilédones

por sua vez ainda permanecem por mais um mês para depois cairem, resultando em ciclo

de 83 dias.

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Figura 2. Aspecto geral das plântulas da Triplaris gardneriana Wedd.: a (germinação das sementes do pau-formiga, ressaltando as raízes primárias logo após o processo germinativo), b (plântula epígea e fanerocotiledonar), c e d (desenvolvimento da plântula e expansão dos cotilédones), e (surgimento da primeira folha após 33 dias), f (características morfológicas da plântula com 53 dias após a germinação).

Com relação ao tipo estomático presente na espécie estudada, foi verificado que as

folhas são hipoestomáticas, com estômatos do tipo paracítico. Segundo Appezzato-da-

Gloria e Colaboradores (2013) ², os estômatos paracíticos apresentam duas células

subsidiárias com seu eixo longitudinal paralelo à fenda estomática, assim como foi

verificado na epiderme da folha do pau-formiga (Figura 3).

Os estômatos são responsáveis pela troca gasosa dos vegetais, sendo assim de

grande importância para a sobrevivência das plantas terrestres ¹¹, o que evidencia a

importância da descrição do tipo estomático de espécies endêmicas do cerrado.

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Figura 3. Corte paradérmico da face abaxial da epiderme da folha de Triplaris gardneriana Wedd. Ampliação de 400 vezes.

A descrição das características morfológicas de espécies fornecem dados biológicos

de grande importância para estudos que visem à taxonomia, favorecendo a identificação no

ambiente natural.

O formato do limbo foliar é uma das principais características analisadas para

descrição de espécies, devido à diversidade ou variação morfológica que ocorre entre

gêneros, famílias e espécies 20. Essa extraordinária variação também pode ocorrer em

plantas da mesma espécie, como foi verificado nas folhas de Triplaris gardneriana Wedd.,

amostradas após três anos.

O ápice da lâmina foliar do pau-formiga demostrou dois tipos morfológicos, tendo

uma frequência de aproximadamente 30% com formato mucronada e 70% cuspidado,

demonstrando que existe uma variação natural na morfologia de folhas de Triplaris

gardneriana, em que o tipo de ápice predominante foi o cuspidado. A base apresentou um

percentual de variação de 70% para base obtusa e 30% com base acunheada,

caracterizando assim a espécie com folhas de base obtusas. Bordo do tipo inteiro, ou seja,

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liso e sem nenhuma deformação na sua lâmina. Contudo, foi observado que dentro da

mesma planta pode ocorrer o aparecimento de limbo ondulado.

A área foliar é um dos principais parâmetros do crescimento vegetal, pela sua

relação com processos fisiológicos da planta 19. Moraes et. al., (2013) 14 afirma que a

estimativa ou medição da área foliar é considerada como um importante parâmetro para

compreender a interação da planta com os fatores ambienteis envolvidos, bem como a

evolução ecológica apresentada pela espécie.

A análise histoquímica dos tecidos da semente de T. gardneriana demonstrou a

ausência de substâncias lipídicas no endosperma (Figura 10) e também no eixo do embrião.

Segundo Dietrich e Ribeiro (2015) 5, algumas sementes possuem lipídios armazenados

com a função de contribuir no desenvolvimento do embrião durante a germinação, ou da

gema durante a brotação, sendo que a espécie estudada não demostrou tal comportamento.

Constatou-se assim, que o pau-formiga depende de outra fonte de energia e que os lipídios

não influenciam na sua atividade fisiológica da germinação.

Nos vegetais o lipídio e o amido encontrados nas sementes têm como principal

função o fornecimento de energia. Essas substâncias de reserva podem variar de uma

espécie para outra, tendo sua proporção conforme as necessidades metabólicas e

fisiológicas dos embriões ².

A caracterização desses compostos em plantas nativas pode contribuir para estudos

que visem o armazenamento em bancos de germoplasma e a viabilidade das sementes.

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Figura 4. Corte do endosperma da semente da espécie Triplaris gardneriana Wedd. conduzidas na Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus - Morrinhos, Goiás, observando a ausência de lipídios nas células. Ampliação de 1000 vezes.

Já buscando detectar a presença de amido nos tecidos das sementes do pau-formiga

(T. gardneriana) foi verificada a sua presença no endosperma e no eixo embrionário

(Figura 11). Determinando que a T. gardineriana utiliza como carboidrato de reserva na

sua fase inicial de desenvolvimento o amido, para realização das suas atividades

fisiológicas durante a germinação.

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Figura 5. Corte do endosperma da semente da espécie Triplaris gardneriana Wedd. conduzidas na Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus-Morrinhos, Goiás, observando a presença de amido nas células através do teste de lugol. Ampliação de 1000 vezes.

CONCLUSÃO

A caracterização morfológica dos diásporos de Triplaris gardneriana Wedd.

demonstrou que os aquênios são bitegumentados com endosperma ruminado e seu material

de reserva da semente, sendo o mesmo amiláceo. Foi evidenciado que o embrião é do tipo

maturo-eutrófico, onde a estrutura radicular e foliar já estão pré-formadas no diásporo, em

que o alongamento do embrião é sustentado pela mobilização de reservas situadas no

endosperma.

A germinação da espécie é do tipo epígea e fanerocotiledonar com cotilédones

membranosos fotossintetizantes. As folhas de plantas jovens são hipoestomáticas típica de

plantas mesofíticas, com estômatos do tipo paracítico, ápice mucronado, base obtusa e

bordo inteiro.

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A equação para a estimativa de área foliar através de medidas lineares apresentou

bom ajuste em relação aos dados reais, podendo substituir o uso de equipamentos para tal

finalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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15

Page 16: seer.pucgoias.edu.brseer.pucgoias.edu.br/.../review/6139-19048-1-RV.docx · Web viewLevando em consideração que atualmente o percentual de espécies ameaçadas de extinção é

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