SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros AMÂNCIO FILHO, A., and MOREIRA, MCGB., orgs. Saúde, trabalho e formação profissiona l [online]. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1997. 138 p. ISBN 85-85471-04-2. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.Saúde, trabalho e formaçãoprofissional Antenor Amâncio Filho M. Cecilia G. B. Moreira
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Todos os direitos desta edição reservados àF U N D A Ç Ã O O S W A L D O CRUZ/ E DI T ORA
ISBN:85-85471-04-2
Capa, Projeto Gráfico e Editoração EletrônicaAngélica Mello
Imagem da CapaIlustração baseada no desenho "Proporções da figura(Galleria Dell 'Accademia, Veneza)
RevisãoFani Knoploch
DigitaçãoCenira Fernandes
Supervisão EditorialWalter Duarte
A P U BL I CAÇ ÃO D ESTE L I V RO É R E S U L T A D O DE TRABAL H O D EEDITORIAL Ε DE D I V U L G A Ç Ã O DA ESCOL A P OL I TÉ CN I CA DE SF U N D A Ç Ã O O S W A L D O C R U Z .
Catalogação-na-fonteCentro de Informação Científica e Tecnológica
voltada para a força de trabalho, bem como o princípio dde prestação de cuidados de saúde. Debateu-se, ainda, o
saúde, considerando, em primeiro lugar, que ele é parteportanto, compartilha características comuns com os demaé um serviço que se funda numa inter-relação pessoal paré fragmentado, ainda que integre os aspectos intelectual
lação de sua produção um de seus aspectos mais complexà intensa profissionalização e à exacerbada competitivida
produtivo atual?Ε o seminário prosseguiu instigante, discutindo
separa a técnica da sociedade, quanto aquela que as fupreensão do relacionamento entre ambas, que possuemmas se questionam permanentemente.
A s apresentações e os debates que se desenvotamente alimentaram pistas e apontaram possibilidades qSaúde Joaquim Venâncio vem implementando, servindo dno sentido de alterar o referencial tradicional da formaçãomodos encontrados pela Escola Politécnica de pensar-faze
Decorridos tantos anos do evento que hoje nos é livro, julgamos pertinente compartilhar com o leitor os (estória?) que sobrevivem à leviandade de nossa memória,suscetível aos modismos e novidades. E, ingenuidade seria pela certeza do ineditismo dos que foram autores e persoprimórdios de sua construção.
Contamos com a generosidade do leitor para com esta apresentação. Todavia, reconhecemos, essa generoexagerada, pois, afinal de contas, sempre resta a certezcompõem este livro, está salvaguardada a objetividade da
Quanto à sua paciência... não podemos abrir mão.esta apresentação, o prefácio, a introdução. Sem estes itenão poderia ser reconhecido como um livro... Paciência (oapresentação realizada a seis mãos, em que três personhistórico" pretendem sintetizar os fragmentos da me(ex)jovens, que, talvez por charme, ainda hoje se aprese
A Escola Politécnica tem a saúde como objeto-síntecomo especificidade de trabalho e, sem dúvida, o seminávante contribuição para se debater, de maneira compromeinstigando a construção/aproximação de confluências en
visando a formar pessoal de nível médio. Os textos destecrítico aspectos teóricos, ético-políticos e práticos desse pr
Organizado em forma de mesas-redondas seguidaabrangeu quatro grandes temas: " S a ú d e : concepções elações de Trabalho no Setor S a ú d e " , "Formação Profissipantes" e "A Questão Tecnológica e a Qualificação Prforam gravadas, transcritas e editadas pelos organizadores
já em formato de artigos, submetidos a cada um dos autodos ou supressões, e aprovação. Igual procedimento foi abates, com os organizadores assumindo a responsabilidinúmeras perguntas/comentários dos participantes do selacionadas com as temáticas do evento. Apenas o artigo
doso de Melo, falecido em 27/06/93, não foi revisado por
atenção para o fato de que, à exceção de um, os textosbibliográficas, tendo sido essa a opção dos próprios autore
Saúde e doença como expressão cultural, de Mariarepresentação social de saúde e de doença, "entendendoa idéia que fazemos a respeito de qualquer fato ocorrido
pelo indivíduo". As idéias, concepções ou representaçõe
imaginário social, elaboradas pela classe dominante, sãosegmento específico da sociedade. Essa reinterpretação, tos gerais das idéias dominantes, possui componentes econômicos, identificadores de determinado estrato social
enfrentar e a alterar o real. Isto porque a luta dos profission
da saúde pública aponta para um reordenamento da so
senta e discute um projeto incompleto de Sistema Único prática de saúde predominantemente privatista.
Alina Souza explicita dificuldades a serem superadas
consecução do sistema pretendido, "a profissionalização
avançar em duas direções: qualificar os trabalhadores e f
técnicos para ingressar no setor", criando compromisso e
sanitária desse contingente. Nesse horizonte, defende umaeducação e a saúde, para que, de modo conjunto, sejam pmetodologias para profissionalizar os trabalhadores e d
dológicos que possibilitem aos jovens da escola regular
profissionalização antes de integrar-se à força de trabalh
ensino/serviço, ensino/trabalho. Esse seria, pois, o 'desenh
escola técnica de saúde: "que recupere e legitime os quepreparação específica e que forme novos profissionais pa
vista as necessidades do Sistema Único de Saúde.
A autora expõe que um dos grandes desafios de um
é trabalhar com a realidade da saúde, com "toda a prática
necess idade de sua revisão", sem perder a dimensão conhecimento, de modo a consubstanciar o ensino da co
equipe de trabalho nas especificidades de cada um dos cam
Ciência, tecnologia e qualificação profissional em sa
Marques, remete ao debate das implicações das novas tecn
balho, indicando mudanças que a sua incorporação e uti
visão social do trabalho e nas características da força de tra
Relata que a inexistência, no Brasil, de "estudos se
base empírica" restringe, obrigatoriamente, a possibilidad
como fora de nós, a-histórico, que nos prejudica como se
de mudar a realidade. Ε uma explicação bastante positivistaN a nossa sociedade capitalista, desigual, injusta e in
doença , têm-se que assumir as contradições geradas pelacas, políticas, sociais e ideológicas, que se expressam nassaúde e doença. Nessa sociedade contraditória, saúdeem primeira instância, como fatores de produção, e o s
zado de forma a tornar o indivíduo produtivo. Assim, crise depressiva ou algum outro problema de ordem eatestado médico num posto de saúde, para não tersalário, possivelmente não obterá o documento. Istodoença localizada no corpo. Certamente, dirão: "Vocproblema da sua cabeça, você tem que reagir".
A concepção de doença é a localizada no corpo, ue que se encontra vinculada à questão da produção. A m
parada de funcionamento do organismo, e a vida equivabom funcionamento de todos os órgãos do corpo. Grbiomédica reduz a doença e a saúde ao contorno biológic
sujeito de seu contexto integral de vida.Quando uma pessoa procura o médico, este não
ente ela vem, que problemas enfrenta. Importante étendida como uma especialidade, e o corpo doente é ed o en ç a , e não como espaço da vida. Em última instânsofisticando uma linha de especialização (e de fragm
doença por meio das mensagens infracorporais fornecidaseria o reverso, seria o corpo em perfeito funcionamenante, o importante é o cuidado médico fragmentado, tervir e consertar 'a máquina produtiva'.
constituem, portanto, uma interdependente e cotidiana
traduzida pela própria concepção da vida.A classe dominante possui uma dissimetria em rela
N ão sabe, nem tem necessidade e capacidade para conhese uma enfermeira, por exemplo, 'traduz' determinado
guagem coloquial, qualquer membro da classe média ou tender do que se está falando, porque a visão de mundo é
Essa dissimetria da linguagem pode ser considerada dominante, mas, para a classe trabalhadora, não se resumlinguagem. Há uma oposição de valores que está muito
vida, à própria expressão que a classe possui de saúde e do
A o mesmo tempo em que a classe trabalhadora usa
de doença, ela utiliza, ainda que erroneamente, exprespara falar sobre o assunto, de certa maneira copiando nome de remédio, repete nome de doenças e reinterpre
médico. Isso já foi observado e pesquisado também por BP or outro lado, essa classe tem um outro código de leitu
valores, de sua vida, e isso coloca os médicos em xe
doença é explicada por meio de condições existenciaisvenções sobrenaturais. Na verdade, quando está falandoestá se referindo a um conjunto de situações infelizes nmédico interessam, para diagnóstico, os sintomas que cquanto ente biofisiológico.
H á , pois, duas concepções em jogo: uma hegemque vem tentando se expressar. Muitas vezes, os médicos car a população para, pelo menos, entender e saber tra
basta educar a população neste sentido de intervenção.
dade diante do sistema médico é uma forma de resistêncao médico freqüentemente está dizendo alguma coisaA o solicitar um remédio, ela também está expressando
e de mediação. É dessa forma que exprime suas necesspotência. Mas, por outro lado, ela busca outros meios,
e as práticas terapêuticas religiosas. Para a população p
contradição entre ir ao médico e, logo em seguida, proacredita no médico, mas não totalmente, assim como ta
mente no padre ou na rezadeira. Ela combina as form
cia l is tas ' lhe dão respostas diferentes.
O que se observa nessas camadas populares é q
doença ao ponto de vista biomédico, mas têm uma conc
muito mais ampla. Relacionam a questão da infelicidade
ecologia ao se referirem ao ar impuro, à vala negra, às m
como ao mau-olhado, à 'coisa feita' ou a outras interferên
mentação, do salário, das condições de trabalho, e assim
ampliado de saúde transparece na fala de qualquer pessoa
A saúde coletiva enquanto conceito contraditó
O conceito de saúde coletiva (que hoje fundam
saúde) enfoca a saúde sob um prisma abrangente, que
mentação, condições de vida, indo ao encontro tan
v iv ida , da classe trabalhadora, como da fala mais organ
expressam o pensamento mais elaborado, via intelectua
chamar a atenção para alguma coisa que o sistema de saú
a doença é algo mais integral, dá em gente, e gente não émais que isso: é parte de um ecossistema integrado e umde contradições e possíveis consensos (Minayo, 1988).
O grande desafio da saúde coletiva é essa concepintegra as políticas sociais, as condições de vida e tambémqueza e a diversidade cultural.
Referências Bibliográficas
Boltanski, L. As Classes Sociais e o Corpo. Rio de Janeiro: G
Douglas, M. Pureza e Perigo. São Paulo: Perspectiva, 1970Hersl ish, C. Santé et Maladie. Paris: La Haye Mouton, 1983
Lévy-Strauss, C. Magia e religião. In: Antropologia Estrutur
Brasileiro, 1970.
Marx, Κ . A ideologia alemã. In: Obras Escolhidas. 2.ed. São P
Minayo, M. C. S. Uma concepção popular da etiologia. C
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Minayo, M. C. S. Representações da cura no catolicismo pMinayo, M. C. S. (Orgs.) Saúde e Doença: um olhar ant
E d. Fiocruz, 1994.
Sontag, S . A Doença como Metáfora.Rio de Janeiro: Graal,Thomaz, W. & Znarniecki, C. The polish peasant in Europa a
porque se lida com o vetor, com o vírus ou com o sistem
entre a população e o serviço de saúde se apresenta de foO que ocorreu de grave no Brasil foi um process
ao se restringir o âmbito do processo de saúde e doenou à restituição - da força de trabalho, e, principalmentda lucratividade do trabalho de prestação de cuidados se r uma forma de restabelecer a capacidade de trabalh
se tornou objeto de lucro, objeto de um processo espede crescimento, de acumulação capitalista, consubstaforma das empresas médicas.
São, portanto, dois processos simultâneos, o que que, na própria organização do sistema de saúde, não háda doença. Assim é que o empresário da saúde - ou aques egu r o - s a ú d e -, o sanitarista e o médico liberal - qudo subúrbio - vão expressar concepções bem distintassaúde e doença. Isso tem gerado e ampliado um sistema d
Mesmo admitindo que a questão das relaçõesserviços já esteja mais ou menos equacionada, temos
outras formas de desigualdade, e uma delas refere-se atuação da população da área rural do País é ainda correspondendo, em média, a menos de uma consulta/aurbana - onde se situam dois terços da população - esultas/ano por habitante. Ε evidente que essa média refl
des igualdades, pois certamente alguns segmentos dess
classes médias para cima, têm mais facilidade de acessoao médico mais ou menos quando querem. Ainda quefavelas freqüentemente busque a atenção médica, constamédia, esse acesso é muito precário. Na Baixada Flum
tempo de consulta é menor, e o conteúdo da consulta é
vai tomar esse remédio porque vai lhe fazer bem". Não mecanismo da doença e o mecanismo de atuação daquelelação muito mais assimétrica do que aquela com um paciente
H á ainda um diferencial de gastos em saúde. Emboraem saúde não chegue a cinqüenta dólares por habitantes/atrado nas regiões Sul e Sudeste, exatamente porque foi
atendimento hospitalar de natureza privada.Esse contexto é acrescido de um conjunto de de
formas de adoecer e de morrer. Desigualdades que gravidade, com maior freqüência, num maior grau de s
dominadas, para os segmentos mais pobres das classes
se dizer: "Pressão alta, infarto, câncer, isso é doença ddiarréia, de desidratação, de infecção respiratória agupulmão, de câncer de mama, de câncer de colo uterino,
morre por homicídio, de acidentes, de várias formas desive - mais do que o rico - de infarto, derrame, acidentenos rins, hipertensão. Isto significa que nas camadas macentram as doenças, como também se revestem de maiolarmente identificadas como 'doenças de rico'.
Esse conjunto de desigualdades reflete políticas ofialidade tiveram muito pouco de públicas, já que visaramtalecimento de um setor médico empresarial, cuja forma de de crescimento reforçaram uma concepção baseada no luc
tanto, de reprodução e ampliação das desigualdades sociacluir segmentos importantes da população brasileira do aces
melhores condições de nutrição, de saneamento, enfim
vida. É preciso que essas ações sejam conjuntas e, mais num direito de toda a população. Implica, portanto, a unserviço de saúde, rompendo com uma outra concepção, a
Quando se organizaram os institutos de aposentadforma de seguro social para a classe operária e vários outros sdo País, no sentido de dar maior garantia em situações
d o e n ç a , isso representou um avanço nos trinta primeRepresentou absorver conquistas extraordinárias das européia dos séculos dezoito e dezenove, mas que, numauma concepção restrita do direito social.
A idéia do seguro social é a de que o trabalhador parcela do seu salário para que, na aposentadoria, na docondições de se manter. Essa concepção do seguro, contuestão na força de trabalho. Se a pessoa estiver desempregtor informal da economia, não contribui para nenhuma foe, portanto, também não tem qualquer direito. Essa concesendo rompida segundo o conceito de universalizaçã
abrangente, é a forma da Seguridade Social entendida coma universalização do acesso. De acordo com esse conceito, nãinserido no mercado formal de trabalho para obter atendim
clusive certos direitos sociais, certos benefícios, como segse m nenhuma forma de subsistência tem garantido, pela receber pelo menos um salário mínimo para sua manutenç
Situo todo esse processo e essa formulação das podade dentro desse marco da universalização, do reconhece do direito social, do direito numa concepção mais ampla
fica em termos de formulação de alternativas para a melh
dade. Jogando com essas dificuldades, o setor privado ofe"Esse negócio de posto de saúde fica para os pobres; vovêem televisão colorida, têm uma alternativa melhor, uma fo
seu médico, por meio do seguro-saúde". P ropõe-se, assim, u
ciação de classes no acesso ao serviço de saúde.
Nessa discussão, um desafio importante na defessaúde consiste em explicitar que não basta ser público, é p
tizado no sentido do acesso, do controle social, da f iscalele funcione no sentido da qualidade do atendimento, rec
mitam efetivamente tornar disponível o que há de mod
população. A percepção hoje é de que o serviço público,
cado de consumo de saúde, deve oferecer serviços quclasse média, a classe dominante, no sentido de fortale
serviço público de saúde. O desafio que se enfrenta é o
acesso para cerca de quarenta milhões de pessoas que h
margem do sistema oficial de saúde. São pessoas que têm
brevivência, que buscam soluções alternativas para seus pr
tros sistemas, como os vinculados às religiões ou as práticde resolver o problema do sofrimento que decorre da doen
de que isso é dever do Estado, mesmo porque nós coimpostos para ter esses direitos assegurados. O desafio éum ideal agindo contra a maré da desvalorização e dopois, freqüentemente, a ação passa a se dar desvinculadadesvirtuando-se totalmente a idéia de público e da Reform
A contradição que a Reforma Sanitária enfrenta cpequena participação dos movimentos populares, dos sin
cide com a própria crise, real ou fictícia, que o Estado braeconômicos positivos em relação ao crescimento do PIB etação, mas isso não se vem refletindo em melhoria da qupor exemplo, o peso da massa salarial no PIB representava 3
Então, há uma crise real e uma crise criada pelatradições estão passando pelo econômico, pelo político ena possibilidade de implantação de um sistema universal.
Quanto à formação dos que trabalham com sprincípio norteador que eles vão tratar com seres humfilosófico, isso significa colocar esta concepção no 'coraçPara isso, não basta incluir Antropologia e Sociologia com
currículos do médico e do pessoal técnico. Trata-se de funpor uma ideologia claramente 'humanística'.
A questão técnica é muita séria, mas, do meu pon
não for totalmente envolvido pelo humano será um técnnico de gente. Penso dessa maneira em relação à formaçtrabalha com a saúde.
sanitária em relação não apenas aos determinantes da saúao direito à saúde, à necessidade de fortalecer outro ti
saúde que nos dê mais qualidade, mais acesso etc.
Pode ser que os processos de decisão tenham sido mepodemos negar que, nos últimos dez anos, a chamada conscmuito no País, especialmente por meio dos movmovimentos sindicais. Um setor importante de resi
sistema de saúde era a área sindical, que tinha a sua coArgumentava-se: "Quando houver a unificação, vou atendido no hospital de Ipanema, que é do I N P S " . Nhouve enorme resistência à Lei Orgânica da Previdênciados os benefícios, pois os bancários não queriam se Naquele momento, a chamada solidariedade da classe o
balhadora, desapareceu. Era o bancário disputando codoviário urbano, que tinha menor salário e era mais doum precário hospital em Bonsucesso. Isso é para assinacial de superação de uma série de entraves à Reformataneamente ao desenvolvimento do próprio processo da
A construção e a superação das várias ideologiassendo e serão um movimento de luta política muito intensitaliano enfrenta dificuldades enormes, com o movimen
opondo à reforma. Isso sem mencionar que a aprovação Sanitária italiana ocorreu mediante uma grande coalizão e
Comunista e o Democrata Cristão. Do ponto de vista da
político por meio da ordenação legal, isto é, como se concomo se organiza o sistema, como se fortalece o poder partir de um acordo político entre os três grandes partidossindicais a eles vinculadas.
U m a das grandes carências da Reforma Sanitária es
força de trabalho em saúde. Entender a Reforma Sanitári
apenas como a simples reestruturação de serviços de sa
grande desafio esse campo de recursos humanos ou de pes
Em toda crítica à política de saúde do regime auto
educação dos profissionais de saúde só se modificaria qupendesse das condições de organização do mercado de
reuniões da Associação Brasileira de Educação Médica
vamente. Ao se procurar delinear o perfil do médico de
definição era dada pela forma de inserção no mercado d
de privatização, pelo crescimento da prática hospitalar
também o mesmo raciocínio aos demais profissionais
processo de divisão social e técnica do trabalho em sa
tos segmentos desse pessoal e qualificando ou superqualif
No âmbito da Reforma Sanitária, excetuando-se det
dem muito gerais, como, por exemplo, a necessidade de
no sentido de integrar ensino e serviço, penso que não secom clareza a proposta de formação do profissional de sa
um dos pontos mais graves de estrangulamento. Seria p
teúdo de conhecimentos técnicos que esse pessoal deve
por conhecimentos humanísticos, que, aliás, prefiro cham
com a saúde. Um aspecto importante, no caso dos médic
promisso para com o doente. Salvo exceções, atender queixa significa resolver o problema o mais rápido possíveadiante, para outro especialista. Aquele indivíduo não tem
no máximo sofre de pressão alta ou possui uma úlcera que
cações: a dicotomia entre saúde pública e assistência méelemento constitutivo das relações sociais.
Educação e saúde são áreas que não se separam.grante das relações sociais, e, tanto na educação quanto
trabalho se dão em torno de práticas. As concepções oficiasentações desses fenômenos variam segundo as classes so
possuem uma representação mais ampla da saúde, enquaresponde a uma representação (ou conceituação) de saútada, pontual, centrada no modelo biomédico, que busca gum ponto ou órgão do corpo das pessoas.
Cecí l ia Minayo, no texto "Saúde e sociedade", faz
como prática social, fornecendo um histórico do surgimeações ou as políticas públicas de saúde inicialmente for
Estado sobre o meio ambiente. É a partir de dados de mode suas relações com as condições de vida e trabalho da
atributo exclusivo do homem. A vida está para além dpendência com outros seres, isto é, o mundo inanimado nele é parte da constituição do ser humano. Então, a vidada relação entre esse chamado 'mundo bruto' e os seresesgotamento desse 'mundo bruto' signif ica o esgotamentdições de vida não se restringem apenas ao âmbito do hvida e de saúde das espécies em geral e de um modo dplaneta como uma construção da vida.
A existência, por outro lado, é particularidade doconstró i , e o processo de produção e reprodução dess
de educação. A educação const i tu i-se nos processos pequitetam' sua existência, que, embora se construa enq
ou sobrepõe como forma única possível, como que icondições de v ida e saúde do próprio p laneta . V ida e
gadas: v ida é saúde , saúde é v ida ; v ida é educação , ed
é saúde, saúde é educação . Essa comp lex idade do quecação e existência é uma questão imperiosa para quem
Se, de um lado, o sentido, o porquê de cada ato es
há uma profusão infindável de tipos parciais ou autôno
modo, ele tem que percorrer um labirinto de serviços e ob
ali, ignorando a finalidade dessas intervenções executadas
disso, ainda é solicitado a colaborar.
O n d e está, nesse torvelinho, a direcionalidade saúde? Encontra-se profundamente dividida e fraturada,
do trabalhador como do consumidor. A vivência do consum
que é o aparato de assistência médica torna-se ainda m
em que se espera que ele preste informações, siga orde
se esforce em colaborar. Entretanto, seguramente, ele
para quê? Onde se quer chegar com toda essa paraferná
Nesse sentido, os serviços geram um enredo de alie
às situações clássicas abordadas por Marx no século pashoje já não são tão peculiares ao trabalhador produtivo.
Discussão fundamental a ser realizada em relação
do serviço. Afinal, o que é um serviço? Na definição genéré o efeito útil de alguma coisa, mercadoria ou trabalho. Εde bens ou da força de trabalho em seu aspecto de valor
idéia de serviço estava muito presa à de serviço pessoal: s
doméstica, de um advogado e assim por diante.
Em certa medida, os serviços de saúde parecem-s
soais, porque requerem uma íntima relação interpessoalsumo intenso de mercadorias, o que os situa numa dimen
serviço de saúde nunca resulta de uma aplicação de regra
medicina, que é totalmente distinto do pacto que se estab
Em outras palavras, não me parecem conflitantes aque uma delas, a de força de trabalho, preceda, esteja pquem esteja falando e intervindo em recursos humanos. tem sido esse. Dizer "vamos trabalhar com recursos humpromissos com as mudanças do setor" significa assumir u
as políticas de recursos humanos, com as polí ticas de saú dcompromisso pressupõe uma análise profunda do que questão da força de trabalho em saúde no País.
A formação de pessoal de nível técnico apresenta trapolam as preocupações debatidas atualmente, como, p
de integração entre ensino e serviço. As questões vinculadtema desta exposição, suscitam algumas outras, que conante do projeto de Reforma Sanitária e da conjuntura naci
Observamos avanços importantes do ponto de visinstituição do Sistema Único de Saúde de acordo com a
incluindo a formação de recursos humanos. A prerrogativnar essa formação acarreta uma série de conflitos, cuja resaprofundamento, principalmente com relação aos problepecial no âmbito da universidade. Como equacioná-la comuniversitária? Alguns setores da sociedade civil argumentdeve se envolver com educação, pois esta deveria ser uma a
educação. A corporação universitária defende também estA tramitação da Lei de Diretrizes e Bases da Educ
Nacional tem sido historicamente demorada em função d
por cento da força de trabalho empregada não posespecíf ica e exerce na prática direcionalidades técnicas.
cionais, como do movimento da Reforma Sanitária, queno ideário da universalidade, eqüidade e integralização demente, pressupõe assistência à saúde de qualidade. Esse
implica a formação adequada de todos os trabalhadoresitários ou não, para que se possam alcançar os objetivos d
Também é necessário pensar, prospectivamente, nna ampliação da oferta de profissionais devidamente prprofissionalização na área da saúde deve avançar em duasbalhadores e formar novas gerações de técnicos para ingre
Do ponto de vista educacional, esse panorama ap
As escolas técnicas na área da saúde devem buscar metozar trabalhadores que foram marginalizados do processlongo dos anos, muitos sem qualquer grau de escolaridadcessita desenvolver processos metodológicos para o continda escola regular, que podem iniciar seu processo de protegrar-se à força de trabalho.
A busca de metodologias adequadas a essa situaçsamento educacional para a profissionalização no setor sprocesso educativo para qualificar os trabalhadores já ebalho precisa ser necessariamente diferente daquela quezação de leigos. Essa busca de metodologias suscita tam
própria compreensão do processo de Reforma Sanitária.A Reforma Sanitária, neste momento de processo
um novo presidente da República, pode vir a ser comprom
tados e atendidos. Este momento, portanto, nos coloc
opostas na concepção de formação de pessoal técnic
para a definição de políticas de formação desse conting
do s profissionais, que, em última instância, serão os atore
forma Sanitária. A aproximação entre educação e saúde a
mais por justaposição desses dois setores do que em virtude
da s estruturas educacional e de saúde e de como se elas se
contrar na saúde a tentativa de suprir deficiências da forma
ingressado na rede por meio do próprio serviço de saúde, a
(e se incumbindo) de responder pela qualificação desse tra
problemas, porque há limites na possibilidade de atuação
especificamente, do serviço. É uma questão nuclear para qu
pela educação, nem a saúde pela saúde. Maria Umbelina,
modificação dos paradigmas, traz um componente importa
se inclui o tema do mercado profissional como definidor das h
formar o profissional x,y ou z.
É importante indagar como acontece a articulação
profissional com o mercado de trabalho. Se a articulação cado o paradigma, algumas coisas têm que ser repensadastas habilitações profissionais existentes, das quais vinte e p
Tem-se que manter todas elas, acrescentar outras ou supri
da habilitação profissional no segundo grau é fundamental,
finir por onde caminhar. Alina Souza aborda o problema das
uma proposta para elas. Mas o que se está entendendo reapara a saúde? Como a discussão está articulada com o pe
uma formação em nível de segundo grau? Ε essa formaç
perceber de que forma se abrem ou se fecham in
política, que relação essa participação política tem co
balho, como o conhecimento da organização do trabal
Dadas as condições atuais do País, uma escola técnicaque, pelo menos, resgatar o social para os trabalhadores, foram marginalizadas do sistema educacional, até que seja pCuba, num determinado momento da revolução, fez umatingir determinado patamar, que está mudando neste m
terando, inclusive, a política e as exigências para a formaçã
Temos que pensar uma escola técnica para este Brtraditório, que tem patamares variados em função de descola técnica de saúde deve acolher essa discussão, bemretamente ligados à área educacional, para poder pro
última instância, são pessoas que compõem a chamada plação produtiva.
Não penso na escola básica de 'cuspe e giz', mas, si
pessoa que faz a seguinte pergunta: "Se passarmos da q
química do raio laser, qual a mudança qualitativa para a so
demos a escola básica ligada ao trabalho, não a ligação
imaginamos um curso de química que, de modo gradativo,
ciência química, mas que, ao mesmo tempo, forneça elem
divíduo para que ele possa fazer o recorte, possibilitando-lh
se r técnico em saúde, e não técnico em transporte.
Parece-me que a tese defendida hoje seria a de gara
básica profissionalizante em todos os campos de uma so
dos valores. Precisa também buscar um núcleo que organi
terminado campo. Isso é profundamente profissionalizante.
(Felizmente, há métodos para nos ajudar.) Por exemplo, umaparticipantes interessados diretamente no assunto, uma dnão a partir de um critério só, o econômico, por exemplo
conseqüências possíveis de uma solução técnica (ecológicaU m a tomada de decisão coletiva, com troca de argumencoerentes do ponto de vista técnico, mas também em facetem. Certamente, uma reflexão nesses termos é capaz de nos leação que seja capaz de equilibrar as exigências que nos vêm
Para que um debate como esse seja possível,
primeiro lugar, condições políticas mais amplas. Não vouparecem bastante claras. Mas há ainda uma exigência ligamentar dos diversos agentes. Ε uma ilusão - freqüentement
pensar que se pode garantir uma decisão democrática simsoas que nunca falaram em público, que nunca tiveram dir
que estão acostumadas a lidar com esse tipo de discurso (
N ão basta apenas dizer: "meus caros, a palavra está abertpreciso que as pessoas tenham a capacidade de saber defenchegamos ao problema da qualificação. A condição inicique os participantes tivessem qualificação técnica e sociopara não confundir esses domínios.
Numa sociedade moderna - nisso Weber tinha razão - ,leis autônomas. Isso é razoavelmente claro. O que não é óbdevamos abandonar a perspectiva de uma conciliação dialé
que Sherrine Maria faz de uma passagem de Lewis Carrol:
Não se pode acreditar em coisas impossíveis, diz Alic
Suponho que tens falta de treino, diz a Rainha (...)Aconteceu-me, algumas vezes, acreditar em seis cois
tes do pequeno almoço.
Penso que nada seria mais adequado a um livro s
mente um livro nascido na Escola Nacional de Saúde Públ
Edmar Terra Blois, o fundador desta casa (hoje, esttrada), costumava dizer: 'Vamos criar uma escola, com fapletava: 'Essa escola será tanto mais competente, quanto mversidade da Lap a . '
Ele se referia aos encontros no final da noite, entre
fos, vagabundos e, naturalmente, prostitutas, nos bares do
Ε Sávio Antunes - estamos devendo a ele a homencida e que ainda não veio - , companheiro de Blois, tamcasa e que tão profundamente marcou a nossa maneira ' Lá , os debates eram muito mais estimulantes do quFaculdade. '
Era a nossa escola no seu início, nos seus tempos hsoube tão bem captar e desenvolver. Livre, como deve ser t
pouco anárquica, como também deve ser, e com muita audá
" F a z frio aqui em Petrópolis. Depois do jantar e de upelos jardins de Turris Eburnea com Branca Maria e nossopara uma leitura mais atenta dos textos."
O cão, nosso querido Leão, morreu, como você seres mais inteligentes e afetuosos (razão e paixão) que c
vida. Procure por ele aí, tenho certeza de que se tornarão
" S ã o onze horas da noite. A essa hora, inexoravetraz o chá. Branca Maria, encantadora como sempre, vai tese que está escrevendo, O ensino nos tempos de Osda evocação, que ela sabe tão bem fazer, do Rio belle épo
A tese foi defendida e aprovada com láurea. Você tpação. Lembra-se?
Mas o meu egocentrismo não é absoluto. Passo encontas, o homenageado é você.
" É que estou tentando ver se essa coletânea podIX Conferência Nacional de Saúde. Por um motivo pessosobrinho caçula, Luiz Guilherme, para o lançamento, e paum evento inesquecível para ambos."
Mais tarde, você me diria que nem isso era fundam
época , você já estava muito mais próximo do Paraíso.
Meu irmãozinho, como eu aprendi com você nquando poderemos retomar as nossas conversas. De hom
preocupação com a platéia, fazendo a crítica da crítica. Laqueles que têm o forte sentimento da morte.
Senhor Presidente da Fiocruz, meu irmãozinho PauSenhor Diretor da Ensp, meu irmãozinho, muito ma
Joaquim Alberto Cardoso de Melo nasceu em Pirajua 26 de outubro de 1936. Estudos secundários, ele já noescreveu, no Liceu Pasteur. Curso de graduação em O don1961. Curso de Saúde Públ ica na Faculdade de Saúde 19 66 . Na mesma Faculdade, C urso de E ducação em S aúdFaculdade de Ciências M édicas da U niversidade de C amda Escola Nacional de Saúde Públ ica desde 1977, onde, ncias Sociais - área de Ed ucação - , ministrou cursos e orie
doutorado. Foi também, e com grande satisfação sua, Escola P oli técnica de S aúde Joaquim V enâncio.
Participou de bancas de exame, de comissões, da
e mesas-redondas.Em 1977, nos legou A Educação e as Práticas de Saúd
C o m Victor Val ia, publ icou, em 1987, Sem EducaçãRamos e Soares, Quem Educa Quem?, em 1989. Em 1990, terminados e ainda não publicados Trabalho, Educação euma sócio-antropologia das investigações de saúde, e jácação: razão e paixão, que sairia póstumo. Ainda em 19nação de Pós-Graduação o seu programa de pesquis
Tínhamos lido e nos encantado com os mesmos liVerne (a inesquecível figura do capitão Nemo, Phileas Fmais tarde imortalizados no cinema por David Niven e CTarzã (que, no nosso tempo, era representado no cinema
passando da fantasia à realidade, as viagens do capitãAmundsen ao Pólo Sul. E, voltando à fantasia, o eterno Sem livro ou no cinema, as histórias da Legião Estrangeira.
Ε os clássicos, aqueles que estudávamos no colégfrancês, latim e grego, e os que lemos por nossa conta.
Comentávamos a pedagogia daquele tempo. As hisprofessores. Ε o cinema, onde mesmo na matinê, só se enA s piadas da época, enfim, o mundo da nossa juventude.
Ε foi nessas conversas, leves e despretensiosas, mu
de André, Bianca e Júlio, com quem implicávamos, quemais amigos.
Encontro ainda, em Rouanet (Mal Estar na Mode
que teria sido muito bem-vinda se tivesse chegado àé p o c a . É a seguinte: "Obelix não respeitava as normaPetrônio e, normalmente, os bárbaros brasileiros não ccolunas sociais. Comum, aos bárbaros antigos e mod
robusta, saudável e, quase diria, metódica. Nossos bárbacitar o título de um romance de Stendhal, como um frígde declamar uma ode de Catulo."
N ós já tínhamos passado a fase da crítica, agora fazíC o m bom humor, era divertido.
N os uniu também, nessa época, o projeto educacio
nica de Saúde.
Homem de paixão, sabia se indignar, se irritava, vocife
integral à Escola Politécnica. Sorrindo, com uma express
que eles querem é a minha va g a ' .
Seus cursos de filosofia foram um sucesso. Ε jama
Jamais fez aquilo que se costuma chamar 'jogar para a pl
comum nos dias de hoje e que, em português claro, se cha
Cer ta vez, André Malhão, que era seu assistente, m
com os alunos O Nome da Rosa, de Umberto Eco. Amad
guntas e comentários sobre o período histórico correspond
a filosofia de Aristóteles. Acostumado a lidar com alunos
admirado com a competência dos meninos. Como o Qtente! Ε o André também.
T i n ha os seus métodos pedagógicos próprios. Algu
de ouvir suas aulas com a cabeça deitada na carteira, de o
menda, responderam que estavam prestando atenção
tou a cabeça na mesa , fechou os olhos e deu sua
deram: era desagradável.
Mas o seu êxito fica claro nas homenagens que re
E, especialmente, no carinhoso cordel escrito para ele pel
Ruzia e Rozângela. Não resisto a transcrever algumas passa
Filosofar, eis a questão
Com seu cigarro no dedoElegante pareceuMas depois fumou um gizΕ ninguém o entendeu
Pelo seu jeito disciplinadoUma discussão surgiuMas foi o maior baratoQuando na aula ele latiu
Com seu jeito rude
C o n h e c i três pessoas que se comportaram com a mante da morte.
Meu pai, grande clínico e professor, quando alguncuravam atenuar o seu prognóstico, dizia no tom habituaprendeu comigo, e não foi isso que eu te ensinei.'
Foi sereno, nada de ordens, façam isso ou façam também. Lembro-me da serenidade que havia em seus olh
pois da saída de uma visita que falara, durante horas, s' Isso não me interessa mais, prefiro ler as histórias do Pato
A mãe da Bianca, dona Mercedes. Mais jovem do qlamentos e, principalmente, nenhum teatro. Lembro-me Bar, poucos dias antes de sua morte. Como as dores fossesobre a mesa. Quando viu que tínhamos percebido, sorriu retomou a conversa. Nenhuma explicação, não havia nepretensamente heróico. Simplesmente retomou a conve
Petrônio e Eunice.
A terceira pessoa foi Joaquim Alberto. Conhececomo que cresceu, e muito. Ganhou mais segurança no tura, e até no trajar.
Acredito que tenha atingido uma dimensão do hum
Conseguido o encontro consigo mesmo, a sua individualiharmonia da paixão e razão.
Difícil exprimir isso em palavras.
Nessa época, conversávamos sobre a busca da indivser capaz de ouvir o seu coração, de olhar de frente os fan
tro de nós. Sem medo. O encontro da liberdade. Só a parp az de deixar ao mundo a sua mensagem, clara e sem men
N a d a de bom nessa imortalidade, a vida só é fascine a morte. Só há vida porque existe a morte.
Passo a palavra ao mestre Jorge Luis Borges, o imor
em 1949, em tradução livre de Ludovicus Tertius Cuanaba
" E m Londres, nos primeiros dias de junho de 1929taphilus, de Esmirna, ofereceu à princesa de Lucinge os
menor (1715-1720) da llíada de Pope. A princesa os adq
cou com ele algumas palavras. Era, disse-nos ela, um hom
de pele cinzenta e barba cinzenta, com o olhar singularcom fluidez e ignorância, em várias línguas; em poucos mao inglês e do inglês a uma enigmática mistura do espanhtuguês de Macau. Em outubro, um passageiro de Z e u s info
taphilus havia morrido ao regressar à Esmirna e que fora en
último tomo da llíada, foi encontrado o manuscrito que se
Leio apenas algumas passagens mais significativascia à história:
"Me disse ele que, a partir da outra margem do rio
Imortais. (...) Não me lembro se alguma vez acreditei mesmo assim me dediquei com afinco a buscá-la. Flavio,cedeu duzentos homens para a tarefa. (...) Partimos de Arido deserto. Atravessamos o país dos trogloditas, que dfazem uso das palavras. (...) A todos nós parecia inconcbárbaras, onde a terra gera tais monstros, pudesse estar sit
D e p o i s de longas marchas, vi o que, sem dúvida Imortais. (...) Junto a ela, homens de pele cinzenta, bar
Corredores sem saída, janelas inalcançáveis. Um
para um poço. (...) Quem ouve com atenção o meu rel
um homem da tribo me seguiu como um cão até a ba
noite me dispus a ensiná-lo a reconhecer e, quem
palavras. (...) A humildade e a miséria do troglodita meimagem de Argos, o velho cão moribundo da Odissé ia , e
de Argos e procurei ensiná-lo. Fracassei e tornei a fracas
e eu pertencêssemos a universos distintos, pensei que
• Estado sem Cidadãos: seguridade social na América Latina• Saúde e Povos Indígenas. Ricardo Santos & Carlos E. A. Co• Saúde e Doença: um olhar antropológico. Paulo César
Souza Minayo (Orgs.), 1994.174p.• Principais Mosquitos de Importância Sanitária no Brasil.
Ricardo Lourenço de Oliveira, 1994.174p.
• Filosofia, História e Sociologia das Ciências I: abordage
Portocarrero (Org.), 1994. 268p.• Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica. Paulo Amarante
• O Controle da Esquistossomose. Segundo relatório do CO M S , 1994.110p.
• Vigilância Alimentar e Nutricional: limitações e interfac
Inês Rugani R. de Castro, 1995.108p.• Hanseníase: representações sobre a doença. Lenita B. L• Oswaldo Cruz: a construção de um mito na ciência brasile
• A Responsabilidade pela Saúde: aspectos jurídicos: Hélio• Sistemas de Saúde: continuidades e mudanças. Paulo
• Tópicos em Malacologia Médica. Frederico Simões Barb
•Agir Comunicativo e Planejamento Social: uma crítica ao
cisco Javier Uribe Rivera, 1995. 213p.
• Metamorfoses do Corpo: uma pedagogia freudiana. Sherrine
• Política de Saúde: o público e o privado. Catalina Eibens