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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 2 - Ano I - Belo Horizonte, junho de 2010 5 6 7 Página 3 A nálise de mais de 25 mil pacientes em trata- mento hemodialítico pelo SUS aponta que cerca de 30% dos pacientes renais brasileiros estão expostos a maiores riscos de infecção, in- ternação e morte. A desestruturação do sistema de saúde na atenção prestada a esses pacientes e o diagnóstico tardio são as principais causas. Foto: Bruna Carvalho PESQUISA Óleo de peixe pode ser eficaz na alergia alimentar ENSINO Seminário sobre Atenção Primária vai esclarecer dúvidas EMÉRITOS Professores da Medicina recebem o reconhecimento acadêmico Conduta inadequada prejudica tratamento de doentes renais
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Saúde Informa 02

Apr 03, 2016

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMGNº 2 - Ano I - Belo Horizonte, junho de 2010

5 6 7

Página 3

Análise de mais de 25 mil pacientes em trata-mento hemodialítico pelo SUS aponta que

cerca de 30% dos pacientes renais brasileiros estão expostos a maiores riscos de infecção, in-ternação e morte. A desestruturação do sistema de saúde na atenção prestada a esses pacientes e o diagnóstico tardio são as principais causas.

Foto: Bruna Carvalho

PESQUISA Óleo de peixe pode ser eficaz na alergia alimentar

ENSINO Seminário sobre Atenção Primária vai esclarecer dúvidas

EMÉRITOS Professores da Medicina recebem o reconhecimento acadêmico

Conduta inadequada prejudica tratamento de

doentes renais

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Pesquisas e memórias

A partir desta edi-ção, o Saúde In-

forma passa a ser dis-tribuído na Faculdade de Medicina sempre na segunda semana de cada mês.

Outra novidade é que nossos leitores também poderão ler o Saúde Informe pela internet. As edições anteriores já estão dis-poníveis no endereço eletrônico www.medi-cina.ufmg.br/saudein-forma.

Quanto ao con-teúdo, duas pesquisas desenvolvidas na Fa-culdade são destaque. Contribuindo como alerta ao atendimen-to à saúde em nosso país, a matéria de capa traz um estudo na área de Saúde Pública que analisa o tratamento dos doentes renais pelo SUS.

Já na área de Pa-tologia Geral, uma tese defendida divulga da-dos experimentais em modelo animal, reve-lando boa expectativa para pessoas alérgicas a ovalbumina, substância encontrada na clara do ovo.

Além dessas matérias, outra infor-mação de destaque é a realização do Semi-nário sobre Atenção Primária, no qual os debates deverão con-tribuir para a reforma curricular do curso de Medicina da instituição.

Boa Leitura.

Editorial Saúde do português

Letra Legível

Em 13 de abril último, entrou em vigor o novo Código de Ética Médica. Traz no-

vidade em seu capítulo 3 art. 11: “É vedado ao médico receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identi-ficação de seu número de registro no CRM ...” Alguns colegas certamente passarão a escrever em letra de forma ou voltarão à escola para treinar caligrafia.

Lembrei-me do caso do Dr. Paulo, resi-dente de Clínica Médica, meu colega de mora-dia estudantil, muito estudioso e dedicado em suas tarefas. Gabava-se de já estar compro-missado com os médicos de sua cidade natal, Pitangui, na criação de CTI, nos moldes do recém-montado no Hospital das Clínicas da UFMG.

Mais ainda: noiva apaixonada o esperava com um dote. Uma “terrinha”, “coisa pouca”, prometida pelo sogro ... Para depois do casa-mento, é claro. No segundo semestre daquele ano, o Paulo queixou-se de que as respostas às cartas de amor enviadas à noiva espaçavam-se (naquela época o uso da internet não estava tão disseminado).

Logo nas primeiras férias, ansioso pela falta de resposta, viajou para sua cidade para saber o que estava acontecendo. Bingo! A sua amada estava namorando o jovem farmacêuti-co do lugar, a quem sempre recorria para “tra-duzir” as suas cartas de amor.

Lembrei de verso de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos:

“Todas as cartas de amor são ridículasNão seriam cartas de amor se não fossem ridículas.”

Acrescento: podem ser ridículas, mas

têm que ser legíveis.

Washington Cançado de Amorim

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Contribua para a ‘Saúde do Portu-guês’. Envie sua sugestão ou opinião para [email protected].

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Confira alguns dos lançamentos recentes escritos ou organizados por professores

da Faculdade de Medicina da UFMG.

Publicações

Urgência e Emergên-cia Pré-hospitalar

Saiu a segunda edição do livro, que é enriquecida por fluxo-gramas e protocolos de atendimento. O livro é direcionado aos profis-sionais de saúde que atu-am na fase pré-hospitalar

do atendimento de urgência. A organização é dos professores Maria do Carmo Barros de Melo, do Departamento de Pediatria, Tarcizo Afonso Nunes e Cláudio de Souza, ambos do Departamento de Cirurgia. Ed. Folium.

Semiologia da Criança e do Adolescente

Lançado no últi-mo 27 de maio, o livro pretende contribuir para que o atendimento pe-diátrico seja sempre re-alizado com qualidade e ética. A obra contém, também, um CD ROM

com as técnicas de exame físico. O livro foi editado pelos professores Maria Aparecida Martins, Maria Regina de Almeida Viana, Marcos Carvalho de Vasconcellos e Roberto Assis Ferreira, todos do Departamento de Pe-diatria. Ed. MedBook

Adesão ao tratamento antirretroviral no Brasil: coletânea de estudos do projeto ATAR

Organizado pelos professores do Pro-grama de Pós-Graduação em Saúde Pública Mark Drew Crosland Guimarães, Francisco de Assis Acurcio e Carla Jorge Machado, pes-quisadores do Grupo de Pesquisas em Epide-miologia e Avaliação em Saúde da Faculdade de Medicina, o livro propõe reflexão acerca do tratamento antirretroviral, sua complexidade, conseqüências e impactos. O lançamento será no VIII Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e AIDS, em Brasília, de 16 a 19 de junho de 2010. Ed. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais - Ministério da Saúde.

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Tratamento de doentes renais pode ser inadequado no Brasil

Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG aponta a desestruturação do sistema de saúde na atenção prestada a esses pacientes e o diagnóstico tardio como principais causas de conduta inadequada

Divulgação Científica

junho de 2010

Quase um terço, mais exatamente 31,25%, dos pacientes renais brasileiros estão ex-

postos a maiores riscos de infecção, interna-ção e inclusive de morte. Esta afirmação vem do resultado da dissertação de mestrado em Saúde Pública defendida na Faculdade de Me-dicina da UFMG pela dentista Gisele Mace-do. Para chegar a esse dado, ela analisou uma população de 25.557 pacientes que iniciaram tratamento hemodialítico entre 2000 e 2004, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo Gisele, 80% dos pacientes com doenças renais crônicas começam o tra-tamento com um tubo, o cateter, que deve ser de uso temporário. A recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-visa) é de que o prazo máximo para uso de “acesso de emergência” seja de 90 dias. Mas, apesar disso, “25% de todos os pacientes em tratamento com o cateter no Brasil estão em média permanecendo quatro meses com ele. Um mês a mais correndo riscos desnecessá-rios”, afirma a autora.

A pesquisadora avalia ainda que a mé-dia esconde uma realidade mais séria. “Foram observados casos extremos, em que o pacien-te chegou a ficar até quatro anos com o cate-ter”, alerta.

“O correto seria encaminhar esses pa-cientes rapidamente para a confecção de um acesso vascular permanente, chamado Fístula Artério-Venosa (FAV)”, esclarece a orienta-dora da pesquisa Mariângela Leal Cherchi-glia, doutora em saúde pública e professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social.

Além da demora no encaminhamento, as pesquisadoras afirmam também que há um número insuficiente de profissionais disponí-veis no SUS para fazer a FAV. E, ainda, que os próprios portadores das doenças renais não exigem esse encaminhamento dos médicos, pois desconhecem a necessidade. Por isto, “a divulgação ampla desse fato é muito impor-tante para que o cidadão possa exigir os seus direitos” afirma a autora.

A pesquisaOs números foram gerados a partir de

bases de dados desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa de Economia da Saúde, da Faculdade de Medicina da UFMG (GPES/UFMG), que reuniu informações do SUS.

“Utilizamos uma metodologia que trou-xe resultados que refletem a realidade do Brasil e não somente de Belo Horizonte ou de Minas Gerais. Foram identificadas ainda importantes variações entre as regiões do país”, afirma.

Mariângela Cherchiglia chama a aten-ção para o fato de que quase 70% dos aten-dimentos são feitos por clínicas privadas con-veniadas com o SUS. “Não podemos afirmar que há interesse financeiro dessas clínicas em manter o paciente usando o cateter. Na maio-ria das vezes, poderíamos classificar como um descuido”, afirma a professora.

A pesquisa teve a coorientação das pro-fessoras Eli Iola Gurgel Andrade, do Departa-mento de Medicina Preventiva e Social da Fa-culdade, e Eleonora Moreira Lima, pediatra do setor de hemodiálise do Hospital das Clínicas.

Melhor prevenir do que remediar

As doenças renais crônicas têm como causas a hi-pertensão arterial e o diabetes mellitus. Boa parte dos portadores dessas doenças já são atendidos pelos cen-tros de saúde, o que, para as pesquisado-ras, poderia ser uma forma de se evitar ou retardar a chegada do paciente renal à con-dição de doente ter-minal.

“A população frequenta os centros de saúde, mas, pelo que tudo indica os médicos não estão se lembrando de moni-torar o funcionamen-to dos rins”, alerta Mariângela. As pes-quisadoras defendem a criação de campa-nhas de incentivo ao monitoramento do funcionamento renal, tanto para pacientes quanto para pro-fissionais de saúde. Também sugerem a utilização do perío-do entre a entrada do paciente na clínica de diálise até o dia da confecção do acesso vascular permanente, a FAV, como indica-dor de qualidade que possibilite o monito-ramento desses ser-viços.

Cateter vascular Diálise Peritoneal HemodiáliseCateter vascular

Tubo inserido em um vaso sanguíneo no

pescoço ou na região abdominal de um paci-ente para possibilitar o processo de filtragem

sanguínea por meio de uma máquina de

hemodiálise

Diálise Peritoneal

Filtração artificial realizada por meio da injeção de

solução aquosa no organismo, usando um

cateter. Após um tempo, a solução é substituída por outra, retirando as toxinas

que seriam captadas pelos rins

Hemodiálise

É a filtração artificial do sangue usando máquinas e técnicas específicas. O paciente tem o auxílio de uma máquina com a

mesma capacidade de filtração do rim humano. O sangue sai pela

Fístula Artério-Venosa (FAV), passa pela máquina, é filtrado e volta para

o corpo livre de impurezas

Quando o rim para de funcionar existem três alternativas

Leia a matéria completa em www.medicina.ufmg.br.

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Anvisa

Nova norma deve auxiliar alimentação

de fenilcetonúricosCom a regra, pacientes da triagem neonatal saberão

qual o conteúdo de aminoácido nos alimentos

Nupad promove estágio em nutrição e

dietoterapia

A partir de agosto, pessoas com fenilcetonúria - doen-ça genética cujo tratamento prevê a restrição da in-

gestão do aminoácido chamado fenilalanina -, terão uma nova ferramenta para melhorar sua alimentação e a ade-são ao tratamento, evitando complicações como atraso no crescimento, convulsões e hiperatividade. Uma norma publicada em abril pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que todos os sites e serviços de atendimento ao consumidor (SAC) das empresas pro-dutoras de alimentos deverão informar a quantidade do aminoácido presente nos produtos. E as informações se-rão reunidas no site da Anvisa.

“Essas informações serão essenciais para os nutri-cionistas elaborarem, com segurança, a dieta dos quase 1,5 mil brasileiros fenilcetonúricos”, afirma Maria Cecí-lia Brito, diretora da Anvisa. Para a nutricionista Michelle Andrade, do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diag-nóstico (Nupad) - Órgão Complementar da Faculdade de Medicina que faz o diagnóstico e acompanhamento dos fenilcetonúricos em Minas -, a medida permitirá que as pessoas tenham mais confiança no conteúdo de proteína e fenilalanina dos alimentos. “Atualmente, restringimos muito o uso de produtos industrializados justamente por não podermos confiar na quantidade de proteína que está descrito nos rótulos. A medida pode permitir que essas pessoas diversifiquem mais o cardápio e fazer com que a adesão ao tratamento fique mais adequada”.

Mãe de uma criança de três anos com fenillceto-núria, Danielle Ayoub destaca que a medida vai facilitar a vida das mães que, como ela, têm poucas opções na hora de alimentar o filho. “Temos muitas dificuldades, pois a dieta é bem restrita - meu filho come, basicamente, le-gumes, verduras, frutas, arroz e receitas preparadas com a farinha especial. Quando compro algo industrializado, fico insegura de dar para meu filho e tenho de esperar a consulta com a nutricionista para tirar essas dúvidas”, destacou. “A nova medida vai ajudar bastante, pois, com as informações sobre a fenilalanina, teremos condições de avaliar o que a criança pode comer e em que quantida-de”, concluiu Danielle Ayoub.

Estimular a vivência profissional e o desenvolvimento de atividades lúdicas e educativas por meio do con-

tato com pacientes é um dos principais objetivos do está-gio curricular na disciplina Atividades Práticas Monitora-das, parceria entre o curso de graduação em Nutrição da UFMG e o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diag-nóstico da Faculdade de Medicina (Nupad).

Em maio, cinco estudantes do curso iniciaram o estágio, que já recebeu, desde 2008, mais de 40 alunos no Centro de Educação e Apoio Social (Ceaps).

O estágio tem a orientação da nutricionista Mi-chelle Andrade e mostra aos estudantes como inserir seus conhecimentos em saúde pública e dietoterapia para o pú-blico da triagem neonatal.

As atividades vão da discussão de textos sobre as doenças à participação em atividades promovidas para os familiares de pacientes em acompanhamento. “O estudan-

Ceaps

te pode ver a atuação do nutricionista em áreas específicas, incluindo o tratamento da fenilcetonúria e da fibrose cís-tica e, em doenças em que não há dietoterapia específica, a orientação também é importante para a manutenção do estado nutricional do paciente com alimentação saudá-vel”, explica Michelle.

Para a estudante Luísa Vilela, participante do pro-grama, as atividades são importantes para a formação pro-fissional, por envolver diversas áreas de atuação do nutri-cionista. “É essencial conhecer nosso campo profissional, como a vivência prática, que envolve o atendimento e a orientação nutricional”. Ela também destaca a possibilida-de de ação em termos de saúde coletiva.

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Óleo de peixe pode diminuir alergia à clara de ovoDados mostram que, em animais, a substância reduz reações alérgicas

Diarréia, inchaço e coceira na pele e até dor abdominal. Estes são alguns dos sintomas clássicos de quem apre-

senta hipersensibilidade a alguns tipos de alimentos, a cha-mada alergia alimentar. Entre as alergias alimentares está a sensibilidade excessiva à ovalbumina, presente na clara de ovo. Um estudo experimental, desenvolvido pela nutricionis-ta Olívia Gonçalves de Matos, como parte de sua dissertação de mestrado em Patologia Geral, pela Faculdade de Medici-na da UFMG, pode ser uma alternativa para quem tem essa alergia.

Até o momento, a solução existente para pacientes com esse tipo de hipersensibilidade é não ingerir o alimento que lhe faz mal. Porém estudos mostram que, principalmente pessoas com alergias múltiplas, por não ingerirem todos os nutrientes necessários, podem apresentar deficiências alimen-tares. “Como o óleo de peixe é antiinflamatório, decidimos investigar se ele poderia ser um aliado no tratamento da aler-gia”, relata a nutricionista.

Ela comparou a reação alérgica de camundongos ali-mentados com ração à base de óleo de soja - rico em ômega 6 - com a reação alérgica em animais que consumiram ração à base de óleo de peixe - rico em ômega 3 – ou, ainda, uma ração que continha uma mistura dos dois óleos.

ResultadosSegundo a pesquisadora, um parâmetro muito impor-

tante para a determinação desse tipo de alergia alimentar é o nível de uma proteína chamada imunoglobina E (IgE). Ela é produzida no organismo como resposta a uma agressão ex-terna produzida, por exemplo, por alguns tipos de proteínas alimentares.

Comparando com os animais que consumiram ração rica em óleo de soja, houve uma redução da taxa de IgE de aproximadamente 38% em relação aos animais alérgicos que

se alimentaram com ração rica em óleo de peixe. Nos que comeram ração com a mistura dos dois óleos a redução da proteína foi de 35%.

Outro parâmetro analisa-do foi a quantidade de eosinófilos no tecido intestinal, células que se apresentam em grandes quantida-des quando há uma reação alér-gica. Novamente o resultado foi positivo. Os animais que consumi-ram a ração rica em óleo de peixe apresentaram redução de 60% das células em relação aos alimentados com óleo de soja. Para os animais que se alimentaram com a ração que veio da mistura dos óleos, o índice foi 50% menor.

Divulgação Científica

Título: Efeito da ingestão dos óleos de soja e de peixe na alergia alimentar induzida experimen-talmente em camun-dongosAutor: Olívia Gonçal-ves de MatosNível: MestradoPrograma: Pós-Gra-duação em PatologiaÁrea de concentração: Patologia GeralOrientadora: Profes-sora Denise Carmona Cara Data da defesa: 30 de abril de 2010

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Nos dias 17 e 18 de junho, a Faculdade de Medicina realiza o seminário “O Profissional Médico e suas

Competências na Atenção Primária”. O evento, organiza-do pela Diretoria da Faculdade, Colegiado de Curso e pela Comissão de Sistematização da Reforma Curricular, con-tará com mesas-redondas, oficinas temáticas e plenárias.

Segundo a professora Cláudia Lindgren, coordena-dora do seminário, a expectativa é receber cerca de 250 participantes, entre estudantes e docentes da Faculdade de Medicina, profissionais da rede de saúde e técnicos da Se-cretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.

Para o professor Marco Antônio Rodrigues, pre-sidente da Comissão de Sistematização da Reforma Cur-ricular da Faculdade de Medicina, o seminário busca atingir dois objetivos principais. “As palestras e os debates devem trabalhar os conceitos de Atenção Primária, ajudando a esclarecer parte das dúvi-das teóricas sobre o tema. As oficinas, por sua vez, visam discutir de maneira prática o papel das Unidades Básicas de Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto importante cenário na formação médica. Assim, ampliaremos a discus-são sobre a inserção de estudantes e professores da Faculdade de Medicina nesse cenário, estrei-tando as relações entre a comunidade acadêmica e os funcionários da rede de saúde”, explica.

Ele ressalta ainda que a discussão do tema é crucial para a reforma curricular do curso de Medicina, que já está em fase avançada. “As Di-

Durante os 100 anos da Faculdade de Medicina da UFMG, diversas ações, inovações e egressos da insti-

tuição se tornaram parte da história que a constituiu. Mais do que isto, seu pionerismo em diversas áreas contribuiu para o desenvolvimento pleno da profissão médica e da promoção de saúde em Minas Gerais e no país.

No ano de 1969, por exemplo, o Hospital das Clí-nicas, que nesta época integrava a Faculdade, foi berço do primeiro Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Brasil, com seis leitos e uma pequena equipe de profissionais.

Idealizado por Mário Lopez, professor aposentado da Faculdade de Medicina, o espaço para tratamento de pacientes em estado grave foi inaugurado no Hospital das Clínicas da UFMG (HC) e logo se tornou referência para outros hospitais.

“Professores do país inteiro vieram estagiar no CTI para conhecer este tipo de tratamento e implementá-lo nos seus estados”, recorda João Mendes Álvares, professor apo-sentado do Departamento de Clínica Médica.

O professor, que à época da instalação do CTI tra-

junho de 20106

Pró-saúde

Faculdade promove seminário sobre Atenção PrimáriaDiscussões deverão esclarecer dúvidas teóricas sobre o tema

Berço do tratamento intensivo no BrasilCentenário

retrizes Curriculares Nacionais recomendam que o médi-co tenha formação generalista e seja capacitado a agir nos diferentes níveis de atenção à saúde. Em particular, que ele possa atuar de maneira competente e resolutiva na Aten-ção Primária, o que, sem dúvidas, é um grande desafio para todos nós”, pondera.

O professor assinala que também será necessá-ria uma pactuação com a Secretaria Municipal de Saúde, quando o processo de reforma curricular estiver conclu-ído. “Estamos expandindo significativamente a inserção dos estudantes nas Unidades Básicas de Saúde e no seu entorno. Hoje ela acontece apenas durante o Internato Rural e no 8º período. O plano é estendê-la a outros seis

períodos. Nesta nova perspectiva, trabalhar em conjunto e em harmonia com a Se-cretaria é zelar pelo suces-so de nosso projeto peda-gógico”, afirma.

balhava no HC como voluntário, foi convidado a integrar o projeto poucos meses depois, fazendo parte da segunda equipe de médicos. “O convite do Mário Lopez era, além da oportunidade de ser contratado, uma chance de trabalhar no lugar mais nobre do hospital. Me senti muito prestigiado”, revela.

Ele relembra que todas as rotinas de atendimento eram mimeografadas, a fim de padronizar os tratamentos. “Depois, em 1973, estas anotações se transformaram no ‘Manual de Tratamento Intensivo’, escrito pelo Mário Lo-pez. O primeiro livro brasileiro a tratar desta área”, afirma.

João Mendes conta que, devido à pequena disponi-bilidade de leitos, somente pacientes em estado muito gra-ve eram conduzidos ao CTI, onde ficavam isolados. “Os doentes não podiam ir acompanhados. Por isto, além do atendimento médico convencional, tentávamos oferecer um tratamento humanizado e amenizar uma situação que já era emocionalmente complicada”, explica.

Hoje o CTI do HC conta com 37 leitos, sendo 18 des-tinados a pacientes adultos e 19 ao atendimento pediátrico.

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Professor Emérito

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Quatro décadas de ensino reconhecidasRoberto Assis Ferreira

Em reconhecimento pela dedicação e contribuições prestadas à UFMG e às áreas da Medicina do Adoles-

cente e da Saúde Mental, o professor Roberto Assis Fer-reira, do Departamento de Pediatria, receberá o título de Professor Emérito no próximo dia 23 de junho, às 19h30, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina.

Roberto Assis Ferreira conta que, vindo de Calo-gi, Espírito Santo, para estudar em Belo Horizonte, teve muitas dúvidas ao escolher a profissão. “Eu não sabia exa-tamente o que cursar. Acabei me decidindo por Medicina por me interessar pelo grupo de Química da Faculdade”, afirma.

Membro do Departamento de Pediatria desde feve-reiro de 1968, no qual foi chefe por dois mandatos, Ferreira optou pela especialização em Pediatria quando, ao preparar um grupo para atuar em cidades do interior, ele descobriu que nenhum dos demais participantes faria o atendimento de crianças. Então, ele se tornou o primeiro residente de Pediatria do Hospital das Clínicas.

Como docente, ele deu aulas na graduação e na pós-graduação na Faculdade por 41 anos até se aposentar, em 2009. “Sempre tive uma grande queda por ensinar. Me identifiquei mais com a carreira de professor”, explica Ro-berto. Assis Ferreira também supervisionou residentes no Hospital das Clínicas, e atualmente orienta mestrandos e doutorandos, como professor convidado do Departamen-to de Pediatria.

Um dos criadores da disciplina optativa Medicina do Adolescente e do curso de especialização na área, o professor conta que trabalhar com os adolescentes o fez despertar para a questão emocional dos pacientes, pelo próprio enfrentamento com as questões do adolescente. “Eu achei que a minha formação não me dava base para trabalhar com a questão emocional do adolescente, apenas com sua saúde física”, o que explica sua capacitação na área de saúde mental.

Em 2003, Assis criou o Núcleo de Investigação em Anorexia e Bulimia (NIAB), do Hospital das Clínicas, refe-rência do SUS nesta área. Também participou da implan-tação do Núcleo de Apoio Psicopedagógico dos Estudan-tes da Faculdade de Medicina (NAPEM), o qual coordena.

Homenageado em muitas ocasiões, Roberto Assis Ferreira afirma que o título de Professor Emérito o emocionou, e está muito orgulhoso de ter sido esco-lhido. “É bom ver que os 40 anos em que ensinei na Faculda-de foram reconhe-cidos”, afirma.

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Foto: Arquivo pessoal

Luiz Otávio Savassi Rocha

Eram outros tempos. Os portões das casas passa-

vam os dias destrancados e as-sistiam Luiz ir e voltar da es-cola, com seus sete irmãos. Frequentava o ensino públi-co, já que o pai não podia arcar com um colégio par-

ticular. Nem precisaria: era o melhor colé-

gio do Estado e nem cursinhos preparatórios foram necessá-rios: foi apro-

vado no vestibular da Faculdade de Medicina da UFMG.Agora, esta mesma Faculdade homenageia os pas-

sos dados, desde aqueles tempos, por Luiz Otávio Savassi Rocha, professor do Departamento de Clínica Médica, que recebe o título de Professor Emérito da Instituição, no dia 23 de junho de 2010.

Apaixonado pelos prédios antigos da Faculdade, Sa-vassi lamenta a demolição da construção inicial. “É uma pena que eu nem tenha estudado ali –eu tinha 12 anos quando o demoliram. Mas, até hoje, passeio em volta do Borges da Costa, admirando o que restou da antiga Medi-cina. É uma relíquia arquitetônica”, confessa.

Mas nem só de encantamento arquitetônico se constituiu sua trajetória na Faculdade. No terceiro ano da graduação, Savassi foi monitor de Anatomia Patológica a convite do professor Luigi Bogliolo, do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal (APM). Na forma-tura, recebeu o prêmio Oswaldo Cruz, oferecido aos alu-nos que obtiveram as melhores notas durante o curso.

Lecionou no APM por quatro anos e migrou para o Departamento de Clínica Médica. “Funcionei como um elo entre os departamentos. Coordenei as sessões anatomo-clínicas, nas quais os laudos de necropsia são comparados com os diagnósticos propostos anteriormente”, explica.

Da experiência na área, escreveu “Sessões anatomo-clínicas” ainda a ser publicado, e o livro biográfico “Vida e obra de Luigi Bogliolo”, lançado em 1992.

E do interesse em História da Medicina, estudou Guimarães Rosa, autor de diversos livros colecionados pelo professor. “Um deles tem dedicatória do próprio a meu pai”, conta.

Depois de 40 anos lecionando na instituição, reco-nhece o papel ímpar a ser desempenhado pela Faculdade centenária. “No país, temos escolas de Medicina por todos os lados, com um número de vagas enorme. A parte que nos cabe é servir de exemplo, e continuar a melhorar o nosso curso, sempre”, reflete.

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Encontro Institucional Acontece

Promovido pela Seção de Recursos Huma-nos com o apoio da Diretoria da Facul-

dade de Medicina, a terceira edição do evento que reúne, anualmente, servidores, funcioná-rios e professores da Faculdade, acontecerá nos dias 14 e 21 de junho, das 8h às 16h, no Museu de História Natural da UFMG.

De acordo com Cleusa Maria dos San-tos, chefe da Seção de Recursos Humanos, o evento promove a aproximação dos funcioná-rios entre si e com a instituição. “O objetivo é buscar a integração dos funcionários”, diz. Ela conta que, durante o dia, atividades serão pro-movidas para estimular uma reflexão sobre va-lores e objetivos, além da possibilidade de cada um conhecer melhor a instituição, reforçando interesse, motivação e comprometimento ge-ral de cada um.

O diretor da Faculdade, professor Fran-cisco José Penna, destaca a importância da par-ticipação no evento. “É uma oportunidade de refletir sobre o que estamos desenvolvendo e de nosso potencial de desenvolver outras ativi-dades importantes para a Faculdade”, ressalta. Para garantir o funcionamento da Faculdade

durante os dias do evento, cada setor será di-vidido em dois grupos, e cada um participará da atividade em um dia diferente. Um ônibus levará os grupos até o Museu, onde todos par-ticiparão de café, almoço e lanche.

“Fica a sugestão para que os funcioná-rios vistam roupas confortáveis para participar das atividades”, recomenda Cleusa dos Santos, lembrando que o Encontro também tem a proposta de ser um dia longe do ambiente de trabalho, em que haja descontração e troca de boas ideias.

Convidada como consultora do evento, a psicóloga Terezinha Araújo, relembra as ou-tras duas edições, em que também participou: “A confraternização de todos num espaço ver-de, aconchegante, a possibilidade de conversas descontraídas debaixo da sombra das árvores e, principalmente, a possibilidade de refletir-mos juntos sobre a instituição, os problemas e sugestões para mudanças foi muito provei-toso”, conta.

Encontro Institucional acontece neste mês“De bem comigo, de bem com a vida, de bem com o trabalho” é o tema dessa

terceira edição

junho de 20108

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura (Reg. Prof. MG 04961JP) – Editora: Mariana Pires – Redação: Jornalistas: Marcus Vinícius dos Santos – Estagiários: Ennio Rodrigues, Estefânia Mesquita, Michelle Lessa, Leandro Perché e Renata Ferreira. Projeto Gráfico e Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga - Atendimento Publicitário: Janaína Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2 mil exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

Expediente

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SO

ExtensãoO X Curso Nacional de Fisiologia Cardiovas-cular Aplicada acon-tecerá no dia 19 de junho, promovido pelo Centro de Extensão da Faculdade de Medicina da UFMG e a Funda-ção Cardiovascular São Francisco de Assis, com apoio do Departa-mento de Cirurgia (CIR)

InfluenzaNos dias 18 e 19 de junho, o Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) re-aliza, em Brasília, o Curso de Formação de Multiplicadores para enfrentamento da possível segun-da onda da Influenza Pandêmica (H1N1) 2009 em parceria com as secretarias de Ges-tão do Trabalho e da Educação em Saúde e a Secretaria de Vi-gilância em Saúde, do Ministério da Saúde.

SamuA VII Semana Acadê-mica de Medicina de Urgência acontece en-tre os dias 21 e 24 de junho, na Faculdade de Medicina da UFMG. As inscrições podem ser feitas na página eletrônica da Fundep (www.fundep.ufmg.br).

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Mais informações: Seção de Recursos Humanos – 3409-9699.