Top Banner
“Escrever é traduzir. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional
182

Saramago, uma vida, uma obra

Apr 12, 2017

Download

Education

Isabel DA COSTA
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Saramago, uma vida, uma obra

“Escrever é traduzir.

Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria

língua. Transportamos o que vemos

e o que sentimos para um

código convencional de signos, a

escrita...”

Page 2: Saramago, uma vida, uma obra

“...e deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação

a responsabilidade de fazer chegar à

inteligência do leitor,

não tanto a integridade da experiência que nos

propusemos transmitir,...”

Page 3: Saramago, uma vida, uma obra

“...mas uma sombra,

ao menos,do que no fundo do

nosso espírito sabemos bem ser intraduzível,por exemplo...”

Page 4: Saramago, uma vida, uma obra

“...a emoção pura de um

encontro, o

deslumbramento de uma

descoberta,esse instante

fugaz de silêncio anterior àpalavra que vai ficar na memória como

o rasto de um sonho que o tempo não apagará por completo.”José Saramago

Page 5: Saramago, uma vida, uma obra

“Muito universo, muito espaço

sideral, mas o mundo

é mesmo

uma aldeia.”José Saramago

Page 6: Saramago, uma vida, uma obra

Estamos numa aldeia

chamada Azinhaga,

no Alentejo português,

a região sul do país onde se produzem azeitonas, cortiça

e trigo.

Page 7: Saramago, uma vida, uma obra

E nesta pequena aldeia,

modestas plantações

e criação de porcos é o que há para

ser feito.

Page 8: Saramago, uma vida, uma obra

Jerónimo e Josefa estão

particularmente felizes hoje, 16 de

novembro de 1922, pois é o dia que viu

nascer o seu mais novo neto,

a quem o destino conferiu o nome de

José Saramago.

Page 9: Saramago, uma vida, uma obra

Livros e letras não fazem parte da rotina deste

casal de camponeses,

bem como de tantos

outros vizinhos.As poucas palavras faladas lhes

servem aos propósitos, e o

seu mundo é o quintal

que em breves minutos

percorremos.

Page 10: Saramago, uma vida, uma obra

Na primavera de 1924,

os pais de Saramago,

Maria da Piedade e José de Sousa,abandonam o seio do campo e se

mudam para Lisboa,

onde ele conseguiuum novo trabalho como policial do

trânsito.

Page 11: Saramago, uma vida, uma obra

Em Lisboa, Maria da Piedade

passa a cuidar dos afazeres

domésticos, e se dedica aos

filhos, Francisco, de quatro anos,

e José Saramago, que conta com

dois anos de idade.

Page 12: Saramago, uma vida, uma obra

No mês de dezembro

do mesmo ano em que se mudam para

Lisboa, o filho mais velho

do casal, Francisco,com apenas quatro anos de idade,

morre de broncopneumonia.

Page 13: Saramago, uma vida, uma obra

Uma dor que Maria da Piedade

carregará pelo restante

dos seus dias.

Page 14: Saramago, uma vida, uma obra

Saramago passa afrequentar a escola

primária na capital, e já é fluente na leitura,

aos oito anos.

Page 15: Saramago, uma vida, uma obra

Sua mãe o envia nas férias para Azinhaga,

para o contato com o

campo e com os avós

maternos.

Page 16: Saramago, uma vida, uma obra

E nas temporadas que passa na aldeia dos avós,

o pequeno José sente-se feliz como um pássaro livre.

Page 17: Saramago, uma vida, uma obra

O contato com a Natureza – a inocência, cheia de beleza e serenidade, das

coisas puras.

Page 18: Saramago, uma vida, uma obra

Os peixes que, nadando velozes, mantêm-se,

por vezes, imóveis contra a força da corrente...

Page 19: Saramago, uma vida, uma obra

Anos mais tarde, recordará Saramago algumas lembranças do avô Jerónimo:...

Page 20: Saramago, uma vida, uma obra

“Recordo daquelas noites mornas de

Verão, quando dormíamos debaixo da figueira

grande, ouço-o falar da vida que teve,

das histórias e lendas

da sua infância distante.”

Page 21: Saramago, uma vida, uma obra

“Adormecíamos tarde,

bem enrolados nas mantas por

causa do fresco da madrugada...”

Page 22: Saramago, uma vida, uma obra

As lembranças da pequena aldeia

e o tempo passado na companhia dos

avós – as grandes

referências morais e sentimentais na sua vida –

acompanharão o pequeno José

pelosanos e décadas

vindouros.

Page 23: Saramago, uma vida, uma obra

O tempo passa e transforma crianças

em jovens adultos.

Page 24: Saramago, uma vida, uma obra

Por falta de recursos,

Saramago não chega a concluir

o secundário,trocando os

estudos acadêmicos pelo

curso de serralharia

mecânica numa escola técnica de

Lisboa.

Page 25: Saramago, uma vida, uma obra

Aos dezenove anos passa a trabalhar

num hospital, fazendo a

manutenção do maquinário.Com o trabalho a

consumir as horas do dia, cultiva a

rotina de dedicar a noite à leitura.

Page 26: Saramago, uma vida, uma obra

Todas as noites, depois de jantar,

vai a pé, apesar da longa distância, até a biblioteca

pública de Lisboa, onde permanece

até a hora de fechar,

lendo tudo o que pode.

São estas leituras as suas aulas, o seu professor,o seu mestre...

Page 27: Saramago, uma vida, uma obra

“Como gostava de, um dia, começar a

escrever, afinal, ser um escritor! E ser escritor era

para o jovem José

uma reflexão sobre a vida

e os seus absurdos...”

Sobre esta fase, recordará anos mais tarde:...

Page 28: Saramago, uma vida, uma obra

“Guiado talvez pela

beleza da persistência, ainda

que trêmula,de uma daquelas estrelas que vira

no céu na casa do avô

Jerónimo e da avó Josefa, decidiu ser todo uma só vontade,

todo um atrevimento e

lançou-se no voo alto de

escrever...”

Page 29: Saramago, uma vida, uma obra

Em 1944, aos 22 anos

de idade, casa-se com a pintora Ilda

Reis,sendo que três anos mais tarde, em 1947, nasce

a filha, que recebe o nome Violante. Neste ano também

publica o seu primeiro

livro, ‘Terra do Pecado’.

Page 30: Saramago, uma vida, uma obra

José Saramago, Ilda Reis e a filha Violante, 1951

Page 31: Saramago, uma vida, uma obra

Pais e filhos – a convivência gera laços;

no entanto, o amor, a admiração e o carinho necessitam ser

construídos.

Page 32: Saramago, uma vida, uma obra

Leva tempo, atenção e cuidado arar a terra que fecunda

afeição e ternura, respeito e carinho.

Page 33: Saramago, uma vida, uma obra

Leva tempo, atenção e cuidado arar a terra que fecunda

afeição e ternura, respeito e carinho.

José Saramago e Violante

às margens do rio

Almonda Azinhaga,

1951

Page 34: Saramago, uma vida, uma obra

“A expressão vocabular humana

não sabe ainda e

provavelmente não o saberá

nunca,conhecer,

reconhecer e comunicartudo quanto é

humanamente experimentável

e sensível.”José Saramago

Page 35: Saramago, uma vida, uma obra

“A expressão vocabular humana

não sabe ainda e

provavelmente não o saberá

nunca,conhecer,

reconhecer e comunicartudo quanto é

humanamente experimentável

e sensível.”José Saramago

José Saramago e ViolanteAzinhaga,

1953

Page 36: Saramago, uma vida, uma obra

Embora tenha seu primeiro livro,

‘Terra do Pecado’, ignorado pela

crítica,Saramago continua a escrever, tendo diversos contos e

crônicas publicados em jornais e

revistas.

Page 37: Saramago, uma vida, uma obra

A sua paixão pela literatura leva-o

a conseguir posições

de certo destaque no meio editorial,

atuando comocolunista, revisor,

tradutor ecrítico literário.

Page 38: Saramago, uma vida, uma obra

Com aproximadamente quarenta anos de

idade, seu nome começa

a ser conhecido no

campo da literatura e

cultura em Portugal.

Page 39: Saramago, uma vida, uma obra

Saramago passa a ocupar diversas

funções, como coordenador do suplemento de cultura do jornal

‘Diário de Lisboa’, e diretor-adjunto do ‘Diário de Notícias’.

Page 40: Saramago, uma vida, uma obra

Em 1970, Saramago

e Ilda Reis se divorciam.

E em 1975, ao deixar afunção de

editorialista do jornal onde

trabalha,resolve dedicar-se exclusivamente

à literatura.

Page 41: Saramago, uma vida, uma obra

Em 1980, aos 58 anos de idade,

Saramago publica o seu segundo

romance, chamado“Levantado do Chão”.

Page 42: Saramago, uma vida, uma obra

Desta vez, a acolhida é

bem diferente; a obra é recebida com êxito, tanto

pela crítica, quanto pelo

público, em Portugal.

Page 43: Saramago, uma vida, uma obra

Aos sessenta e poucos

anos de idade Saramago dá início

a uma tardia e improvável carreira

literária.

Os livros que se seguem

nos anos seguintes são igualmente

aclamados pelo país afora.

Page 44: Saramago, uma vida, uma obra

Estamos em 1986, Saramago

encontra-se com 63 anos de

idade.Separado, com a

filha já adulta.Realizou o sonho de escrever e ser

lido.Com um sucesso considerável em Portugal , parece

um homem satisfeito com a

vida que lhe fora destinada.

Page 45: Saramago, uma vida, uma obra

“Aos 63 anos de idade, o que

um homem pode ainda esperar da

vida?...”afirmaria numa

entrevista, “Não muito...”.

Page 46: Saramago, uma vida, uma obra

Mas o futuro ainda lhe

reserva algumas

surpresas...

( fim da primeira parte desta

apresentação )

Page 47: Saramago, uma vida, uma obra

1986 - Sevilha, Espanha. Uma jornalista espanhola, nos seus

trinta e poucos anos, passeia por uma

livraria à procura de títulos interessantes.

Page 48: Saramago, uma vida, uma obra

Ao passar por uma estante que contém alguns livros separados

para serem devolvidos à editora, se depara com um

título que chama sua atenção.

Page 49: Saramago, uma vida, uma obra

Mesmo sem ter ouvido falar do autor,

ela resolve comprar o livro, sem poder imaginar

as consequências que tal decisão, aparentemente trivial, poderá ter.

Page 50: Saramago, uma vida, uma obra

Coincidências da vida, dirão alguns,enquanto outros atribuirão o

ocorrido ao destino, ao acaso, ao inevitável...

Page 51: Saramago, uma vida, uma obra

O livro se chama ‘Memorial do Convento’.E a jovem

jornalista que o

acaba de adquirir,

Pilar del Río.

Page 52: Saramago, uma vida, uma obra

Blimunda, a

protagonista de ‘Memorial do Convento’,

ocupa um lugar especial dentre

todos os personagens femininos

criados por Saramago.

Page 53: Saramago, uma vida, uma obra

Pilar gosta tanto do livro que compra vários exemplares para

presentear às melhores amigas, comentando sua

grande vontadede conhecer esse homem

capaz de tocar tanto

a alma feminina

através de Blimunda.

Page 54: Saramago, uma vida, uma obra

Ela procura outros livros de Saramago, e diante

da revelação e fascinação sentida

após cada leitura, resolve entrar em

contato com o autor.

Page 55: Saramago, uma vida, uma obra

Pilar recordará mais tarde: “Senti que tinha a

obrigação moral de dizer a José Saramago o que tinha experimentado. Um autor

só acaba a sua obra quando o livro é lido e

entendido. E eu queria

dizer-lhe: completou-se o ciclo, li-o e

entendi.”

Page 56: Saramago, uma vida, uma obra

Uma bela tarde, toca o

telefone na casa de

Saramago.Pilar se identifica, dizendo ser uma leitora

e admiradora.Conversam sobre os

livros de Saramago, sobre a literatura,

sobre a vida...

Page 57: Saramago, uma vida, uma obra

E ao fim da conversa,

combinam de se encontrar numa cafeteria

em Lisboa, para uma entrevista

que Pilar propõe realizar para

o jornal em que trabalha.

Page 58: Saramago, uma vida, uma obra

Por ocasião do encontro,

aproveitam para passear pela

cidade de Lisboa, e falam de quase

tudo.Depois, ela

retorna para Sevilha.

“Com uma estranha

paz.”

Page 59: Saramago, uma vida, uma obra

No dia seguinte, Saramago retribui a visita de Pilar a Lisboa, enviando-

lhe uma carta, acompanhada de rosas.

Page 60: Saramago, uma vida, uma obra

Caminhos que se entrecruzam, vidas prestes a se mudar para

sempre...

Page 61: Saramago, uma vida, uma obra

Coincidências da vida, dirão alguns.O destino, o acaso, o

inevitável, afirmarão outros...

Page 62: Saramago, uma vida, uma obra

Há quem afirme que as histórias de amor, todas elas, desde o início dos tempos, se

parecem, se repetem.

Page 63: Saramago, uma vida, uma obra

O que muda são os nomes, os detalhes, os corações...

Page 64: Saramago, uma vida, uma obra

As idas e vindas entre Sevilha e Lisboa, onde Pilar e

Saramago residem, respectivamente, passam a se

tornar cada vez mais frequentes.

Page 65: Saramago, uma vida, uma obra

Os 28 anos de vida que separam Pilar, com 34 anos, e Saramago, 63, se tornam um

mero detalhe diante do amor que sentem.

Page 66: Saramago, uma vida, uma obra

Em outubro de 1988 celebram o casamento.

Page 67: Saramago, uma vida, uma obra

Ao lado de Pilar, Saramago inicia o que chama de sua

‘segunda vida’.

Page 68: Saramago, uma vida, uma obra

Saramago observa que aos 63 anos, “quando já não se espera nada”,

encontrou “o que faltava para passar a ter tudo” – Pilar.

Page 69: Saramago, uma vida, uma obra

Ela, espanhola: sonhadora, lutadora, vive a batalha de

mudar o mundo; Ele, português: melancólico, sereno...

Page 70: Saramago, uma vida, uma obra

Uma combinação perfeita.

Page 71: Saramago, uma vida, uma obra

Os livros que Saramago

passa a escrever

desde então são

todos dedicados

a ela.

Page 72: Saramago, uma vida, uma obra

“A Pilar, os dias todos”“A Pilar,

até ao último instante...”

“A Pilar, minha casa”

Page 73: Saramago, uma vida, uma obra

Com a mudança para Lisboa, Pilar abandona a carreira jornalística

que exercia na televisão espanhola.

Page 74: Saramago, uma vida, uma obra

É a primeira leitora dos textos de Saramago, e a

tradutora das obras do marido para o

espanhol.

Page 75: Saramago, uma vida, uma obra

Em 1991, Saramago publica o livro

“O Evangelho segundo Jesus

Cristo”, onde conta a

história de Jesus de forma moderna, sob um

olhar narrativo que

humaniza Cristo.

Page 76: Saramago, uma vida, uma obra

Em 1992, a Secretaria

de Cultura de Portugal veta a

inscrição do livro na disputa do

Prêmio Literário Europeu,

por considerá-lo “ofensivo para o catolicismo do povo

português.”

Page 77: Saramago, uma vida, uma obra

Em reação a tal veto, que

considera censório, Saramago se muda

de Portugal,

passando a fixar residência na ilha de Lanzarote,

Ilhas Canárias.

Page 78: Saramago, uma vida, uma obra

E é em seu escritório em Lanzarote que Saramago

escreve um de seus romances mais conhecidos – “Ensaio sobre a

Cegueira”.

Page 79: Saramago, uma vida, uma obra

Escrito em 1995, próximo à virada do milênio, o romance aborda uma epidemia de cegueira repentina que acomete a inteira população de

uma cidade.

Page 80: Saramago, uma vida, uma obra

A cegueira como uma alegoria para o estado

de crise por que passa a atual sociedade,

onde, frequentemente, os limites entre civilização e barbárie

são rompidos. 

Page 81: Saramago, uma vida, uma obra

A cegueira como uma alegoria para o estado

de crise por que passa a atual sociedade,

...

A cegueira descrita no livro é uma “cegueira branca”, pastosa, como se alguém tivesse

mergulhado de olhos

abertos num “mar de leite”.

Page 82: Saramago, uma vida, uma obra

“Trevas brancas” a anuviar o

olhar daqueles

que, tendo olhos,

não conseguem

(ou se recusam a) enxergar.

Page 83: Saramago, uma vida, uma obra

Uma cegueira por vezes

associada ao avanço

irrefreado do consumismo e

do materialismo,que faz com

que os homens

percam a consciência

de si, se deformem,

se massifiquem

e se barbarizem.

Page 84: Saramago, uma vida, uma obra

Uma cegueira

que promove a

ruptura com a nossa

própria essência –

a compaixão, o cuidado,

a solidarieda

de...

Page 85: Saramago, uma vida, uma obra

“Penso que estamos cegos,

José Saramago

Cegos que vêem,

Cegos que, vendo, não

vêem.”

Page 86: Saramago, uma vida, uma obra

“Se podes

olhar, vê.

Se podes

ver, repara”.

(epígrafe do livro “Ensaio sobre a

Cegueira”)

Page 87: Saramago, uma vida, uma obra

“Somos a memória

que temos e a

responsabilidade que

assumimos. Sem memória

não existimos,

sem responsabilidade talvez não mereçamos

existir.”José Saramago

Page 88: Saramago, uma vida, uma obra

1995 – Saramago recebe o Prêmio

Camões, o mais

importante da literatura da

língua portuguesa.

Page 89: Saramago, uma vida, uma obra

1998 – Recebe o Prêmio Nobel de

Literatura, tornando-se o primeiro autor

da língua portuguesa a

receber a homenagem.

Page 90: Saramago, uma vida, uma obra

1998 – Recebe o Prêmio Nobel de

Literatura, tornando-se o primeiro autor

da língua portuguesa a

receber a homenagem.

Page 91: Saramago, uma vida, uma obra

Saramago, aos 76 anos de idade, recebe o Prêmio

Nobel das mãos do rei da Suécia.

Estocolmo, 1998

Page 92: Saramago, uma vida, uma obra

Ao receber o prêmio, Saramago inicia seu discurso com uma homenagem

ao avô, o camponês Jerónimo Melrinho, o que também pode ser visto

como uma crítica à pompa das instituições literárias:...

Page 93: Saramago, uma vida, uma obra

“O homem mais sábio que conheci em

toda minha vida não sabia ler nem

escrever...”

Page 94: Saramago, uma vida, uma obra

E passa a discorrer sobre memórias de sua infância, suas fontes de inspiração e formação, e sobre

alguns de seus principais livros e personagens.

Page 95: Saramago, uma vida, uma obra

Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se

uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.

Page 96: Saramago, uma vida, uma obra

Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se

uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.

O público leitor de Saramago multiplica-se.Os livros são traduzidos em 42

línguas, publicados em 53 países, e vendem milhões

de exemplares mundo afora.

Page 97: Saramago, uma vida, uma obra

Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se uma nova fase na vida de

Saramago e Pilar.

O público leitor de Saramago multiplica-se.Os livros são traduzidos em 42

línguas, publicados em 53 países, e vendem milhões

de exemplares mundo afora.

Page 98: Saramago, uma vida, uma obra

Plateias numerosas, por vezes superiores

a mil pessoas, ouvem avidamente suas palavras.

Page 99: Saramago, uma vida, uma obra

“Acho que na sociedade actual nos falta filosofia...”

Page 100: Saramago, uma vida, uma obra

“Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar,

e parece-me que, sem idéias, não vamos a parte

nenhuma.”

Page 101: Saramago, uma vida, uma obra

“Falamos muito ao longo destes últimos anos dos direitos humanos; simplesmente deixamos de falar de

uma coisa muito simples,...”

Page 102: Saramago, uma vida, uma obra

“...que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro,...”

Page 103: Saramago, uma vida, uma obra

“...que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional.”

Page 104: Saramago, uma vida, uma obra

“...que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional.”

“O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas

cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa

perniciosa forma de

cegueira mental...”

Page 105: Saramago, uma vida, uma obra

“...que consiste em estar no

mundo e não ver o mundo ou só ver

dele o que, em cada

momento, for susceptível de

servir os nossos interesses.”

Page 106: Saramago, uma vida, uma obra

“Temos que acreditar nalguma coisa e, sobretudo, temos de ter

um sentimento de responsabilidade

colectiva, segundo o qual cada um de

nós será responsável por todos os outros.”

Page 107: Saramago, uma vida, uma obra

“A prioridade absoluta tem de

ser o ser humano.Acima dessa não

reconheço nenhuma outra

prioridade.”José Saramago

Page 108: Saramago, uma vida, uma obra

E fazendo uso do espaço, da

atenção e notoriedade

conferidos pelo prêmio Nobel,

Saramago denuncia as

injustiças sociais, e

defende com coração e alma as causas que

abraça:...

Page 109: Saramago, uma vida, uma obra

Os cuidados com a infância;

A educação de qualidade;

Os direitos dos povos nativos da América

Latina;O combate à

violência doméstica;

A luta pelo fim dos maus-tratos contra

animais;A questão dos

refugiados;O sofrimento do povo

palestino;dentre tantas outras.

Page 110: Saramago, uma vida, uma obra

Aos oitenta anos de idade,

guarda o vigor juvenil de se

revoltar contra toda injustiça, e não permite que

se morra nele o desejo de mudar o mundo.

O engajamento sempre em prol do

humanismo.

Page 111: Saramago, uma vida, uma obra

“Estou convencido de que é preciso continuar

a dizer não, mesmo que se

trate de uma voz pregando no deserto.”José

Saramago

Page 112: Saramago, uma vida, uma obra

“Estou convencido de que é preciso continuar

a dizer não, mesmo que se

trate de uma voz pregando no deserto.”José

Saramago

Em 2007, aos 85 anos, Saramago é agraciado com

o prêmio “Amigo das Crianças”, concedido pela fundação

‘Save the Children’.

Page 113: Saramago, uma vida, uma obra

Segundo a fundação, o prêmio é um reconhecimento ao grande

empenho na procura de “um mundo melhor em que todas as crianças

tenham esperança e oportunidades”,...

Page 114: Saramago, uma vida, uma obra

...salientando, ainda, o “compromisso ativo pela paz” e o

“apoio continuado às campanhas e projectos relacionados com a

infância e com os mais desfavorecidos”.

Page 115: Saramago, uma vida, uma obra

Dentre os livros de Saramago encontra-se

um dedicado ao público infantil – “A Maior Flor do Mundo”.

Page 116: Saramago, uma vida, uma obra

Foto tirada em novembro de 2005.

Page 117: Saramago, uma vida, uma obra

Pilar é uma companhia constante nos

intermináveis compromissos e viagens.

Page 118: Saramago, uma vida, uma obra

Igualmente defensora de inúmeras causas humanitárias, atua como

confidente, conselheira, tradutora e é quem organiza a agenda do marido.

Page 119: Saramago, uma vida, uma obra

Estão sempre juntos – em Lisboa e Lanzarote

ou pelo mundo – e de mãos dadas.

Page 120: Saramago, uma vida, uma obra

Estão sempre juntos – em Lisboa e Lanzarote

ou pelo mundo – e de mãos dadas.Um amor e uma admiração

singulares – a aura envolvente que raros casais

emitem...

Page 121: Saramago, uma vida, uma obra

“Pilar, se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de te conhecer, morreria

muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora.”José Saramago

Page 122: Saramago, uma vida, uma obra

“Pilar, se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de te conhecer, morreria

muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora.”José Saramago

Em meio às constantes viagens, é na residência

em Lanzarote, com vista para o mar, que

Saramago recompõe as energias e se restabelece.

Page 123: Saramago, uma vida, uma obra

E mesmo com a agenda corrida, ele reserva tempo para escrever ao menos duas páginas diárias – que totalizará um

livro ao fim de um ano, conforme observa.

Page 124: Saramago, uma vida, uma obra

Por diversas vezes,

Saramago e Pilar visitam o Brasil, onde

cultivam muitas

amizades.

Page 125: Saramago, uma vida, uma obra

Jorge Amado, Chico Buarque,

Leonardo Boff, Sebastião

Salgado, Lygia Fagundes Telles

Paulo Freire, Betinho, Frei Betto, entre

tantos outros.

Page 126: Saramago, uma vida, uma obra

A calorosa acolhida dos intelectuais brasileiros também se reflete na

relação de Saramago com o seu público leitor no país.

Page 127: Saramago, uma vida, uma obra

Certa vez, diante da cativa platéia e da efusão de beijos e abraços que se

seguiram, exclama:...

Page 128: Saramago, uma vida, uma obra

Certa vez, diante da cativa platéia e da efusão de beijos e abraços que se

seguiram, exclama:...

“Esta gente quer me matar de amor!”

Page 129: Saramago, uma vida, uma obra

Saramago também manifesta um carinho especial pelos

jovens e adolescentes.

Page 130: Saramago, uma vida, uma obra

Frequentemente aceita convites para visitar

escolas, proferir palestras e participar de debates.

Page 131: Saramago, uma vida, uma obra

“Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice

pode o que sabe.”José Saramago

Page 132: Saramago, uma vida, uma obra

Saramago, rodeado pela família – foto tirada em 1993, na varanda da casa de

Lanzarote.

Page 133: Saramago, uma vida, uma obra

A filha, Violante,

e o genro, Danilo;

os netos, Ana

e Tiago. Pilar e Juan Jose –

filho do primeiro casamento, (que segura o

cãozinho Camões).

Page 134: Saramago, uma vida, uma obra

Ao mesmo tempo

em que cultiva a conhecida

seriedade,

Saramago também nutre uma notória leveza e um bom-humor constante.

Page 135: Saramago, uma vida, uma obra

Certa vez, declara gostar da seção de quadrinhos dos jornais.“Confesso que

gosto muito do Calvin e do

Hobbes, do Snoopy,

do Garfield,...”

Page 136: Saramago, uma vida, uma obra

“...daquela Mafalda sábia e subversiva, de quem continuo a ser discípulo

fiel.”

Page 137: Saramago, uma vida, uma obra
Page 138: Saramago, uma vida, uma obra

José Saramago

mas cabe nela muito

mais do que somos

capazes de viver.”

“A vida é breve,

Page 139: Saramago, uma vida, uma obra

José Saramago

“Fugir da morte pode tornar-se

num modo de fugir da

vida.”

Page 140: Saramago, uma vida, uma obra

“O homem é o único

animal capaz de chorar.É diante do mar que o

riso e a lágrima

assumem uma

importância absoluta.”

E de sorrir.

Page 141: Saramago, uma vida, uma obra

“Dir-se-á que mais

profundamente a

assumiriam diante do universo,

mas esse, digo eu, está demasiado longe, fora do alcance

duma compreensão comum.”

Page 142: Saramago, uma vida, uma obra

“O mar é o universo

perto de nós.”José Saramago

Page 143: Saramago, uma vida, uma obra

Em 2007, Saramago é hospitalizado durante longos meses, devido a uma

grave doença respiratória.

Page 144: Saramago, uma vida, uma obra

Tão logo se recupera, conclui o livro “A Viagem do Elefante”,...

Page 145: Saramago, uma vida, uma obra

...e faz questão de viajar para o Brasil, aos 85 anos de idade, para o lançamento mundial da obra.

Page 146: Saramago, uma vida, uma obra

...e faz questão de viajar para o Brasil, aos 85 anos de idade, para o lançamento mundial da obra.

A escolha do Brasil para o lançamento

mundial é um presente ao carinho e

amizade dos brasileiros.

Page 147: Saramago, uma vida, uma obra

16 de novembro, 2008, aniversário

de 86 anos.

Page 148: Saramago, uma vida, uma obra

A notória lucidez e a

acuidade da sua reflexão

filosófica permanecem inabaláveis,

contrastando cada dia mais com a saúde

física debilitada.

Page 149: Saramago, uma vida, uma obra

“A vida é como uma vela

que vai ardendo,

quando chega ao fim lança uma chama mais forte

antes de se extinguir.”

Page 150: Saramago, uma vida, uma obra

“Creio que estou

no período da última

chama...”,afirma Saramago diante das crescentes limitações

impostas pela saúde frágil .

Page 151: Saramago, uma vida, uma obra

Janeiro de 2010 – Haiti é sacudido

por um forte tremor, que deixa

milhares de mortos, feridos e desabrigados.

Page 152: Saramago, uma vida, uma obra

Saramago, aos 87 anos de idade,

já não tem a força nem a saúde para

empreender viagem, de modo a levar a sua

solidariedade àqueles que sofrem.

Page 153: Saramago, uma vida, uma obra

Apesar da distância, desde a

ilha de Lanzarote, encontra

um meio de contribuir, e de lançar o seu

incansável apelo para a humanidade.

Page 154: Saramago, uma vida, uma obra

Ele convence sua editora a

publicar uma edição especial do livro “Jangada

de Pedra”, que terá a renda revertida

integralmente em prol do povo haitiano.

Page 155: Saramago, uma vida, uma obra

Mais que um gesto de ajuda,

um sopro de alento, nestes

dias de fria indiferença,nestes tempos tão

desprovidos de compaixão social e

caridade.

Page 156: Saramago, uma vida, uma obra

– Uma ‘Jangada de Pedra’a caminho do Haiti –

“Porque todos temos

uma obrigação.”José Saramago

Page 157: Saramago, uma vida, uma obra

Abril de 2010, a saúde física de Saramago

a tal ponto está debilitada que o seu médico

lhe impõe repouso absoluto.

Page 158: Saramago, uma vida, uma obra

O repouso absoluto, observa o médico,

abrange também a escrita, ou seja, Saramago deverá parar de escrever.

Page 159: Saramago, uma vida, uma obra

Diante da renúncia derradeira à escrita

que acaba de ser imposta ao esposo, Pilar sente que a recuperação será

um milagre.

Page 160: Saramago, uma vida, uma obra

“...enganadora é sim a luz do

dia, faz da vida uma

sobra apenas recortada,só a noite é

lúcida,porém o sono a vence,...”

Page 161: Saramago, uma vida, uma obra

“...talvez para nosso sossego e

descanso, paz à alma dos vivos.”

(em ‘O Ano da Morte

de Ricardo Reis’)

José Saramago

Page 162: Saramago, uma vida, uma obra

Mês de maio, 2010

Page 163: Saramago, uma vida, uma obra

Durante as últimas semanas, Saramago quase não fala, mas ri, e

segue rindo.

Page 164: Saramago, uma vida, uma obra

Embora participe dos jantares e cafés da manhã

que Pilar carinhosamente lhe prepara,...

Page 165: Saramago, uma vida, uma obra

...parece nutrir outras fomes e outras necessidades,

anseios que a este mundo já não mais pertencem.

Page 166: Saramago, uma vida, uma obra

Ele está aqui e não está, mas sorri.

Page 167: Saramago, uma vida, uma obra

Ele está aqui e não está, mas sorri.

“...o espírito não vai a lado nenhum sem as pernas do

corpo,

José Saramago(em ‘Todos os Nomes’)

e o corpo não seria capaz de

mover-se se lhe faltassem as

asas do espírito.”

Page 168: Saramago, uma vida, uma obra

No dia 18 de junho,

depois de uma noite serena

e tranquila,Saramago falece na sua residência

em Lanzarote, acompanhado de

Pilar e de sua família, “despedindo-se de

forma serena e plácida.”

Page 169: Saramago, uma vida, uma obra

Em se havendo outros mundos,

e havendo lá também

oprimidos e necessitados, estes ganharam

uma voz a defendê-los e

quem se importe com eles...

Page 170: Saramago, uma vida, uma obra

estes ganharam uma voz a

defendê-los e quem se importe

com eles...

E em se havendo outros mundos

ainda, talvez lá tenham se reencontrado o pequeno José

e os avós tão amados, Josefa e

Jerónimo.

Page 171: Saramago, uma vida, uma obra

“Dentro de nós há uma coisa que

não tem nome,essa coisa é

o que somos.” José Saramago

Page 172: Saramago, uma vida, uma obra

Segundo o amigo e teólogo

Leonardo Boff,Saramago cultivava

“a espiritualidade como sentimento

do mistério do mundo, ,

da profundidade humana

e do amor aos oprimidos.”

Page 173: Saramago, uma vida, uma obra

Leonardo Boff descreve a tarde

que ele e a esposa, Márcia,

passaram na companhia de Saramago e

Pilar como “um festim

de espiritualidade”.

Page 174: Saramago, uma vida, uma obra

“Ganhamos um amigo

e a fé me diz que ele agora

mergulhou naquele Mistério

de amor que sempre buscou.”

Leonardo Boff

Page 175: Saramago, uma vida, uma obra
Page 176: Saramago, uma vida, uma obra
Page 177: Saramago, uma vida, uma obra

“Quando me for deste mundo, partirão duas

pessoas.José Saramago

Sairei, de mão dada, com essa criança que fui”.

Page 178: Saramago, uma vida, uma obra
Page 179: Saramago, uma vida, uma obra

Formatação: [email protected]

Tema musical:Primeira Parte: ‘Illumination’, White StonesSegunda Parte: ‘Moment musical n.3’, Schubert

Page 180: Saramago, uma vida, uma obra

Obrigado, Saramago.

Page 181: Saramago, uma vida, uma obra
Page 182: Saramago, uma vida, uma obra