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Sangue Medicina Xina

Feb 17, 2018

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  • 7/23/2019 Sangue Medicina Xina

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    Instituto Homeoptico Jacqueline Peker

    Acupuntura na modulao da produo sangunea

    Bruno Lapertosa Drummond

    Belo Horizonte-MG

    2009

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    Bruno Lapertosa Drummond

    Acupuntura na modulao da produo sangunea

    Orientadores: Durval Verosa Junior

    Leonardo Rocha Vianna

    Belo Horizonte, MG - 2009

    Monografia apresentada ao Instituto

    Homeoptico Jacqueline Peker,

    como requisito parcial para a

    obteno do ttulo especializao

    em acupuntura veterinria.

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    Agradecimentos

    Agradeo muito ao Durval pelos ensinamentos, incentivos, confiana e por

    ser um grande exemplo profissional. Aos meus pais pelo estmulo e

    incentivo, e a todos os amigos e colegas que acreditaram e confiaram no

    meu trabalho.

    Agradeo imensamente Mrcia Resende Fortini e professora Marlia

    Martins Melo, pela ajuda com os exames hematolgicos, sem os quais o

    presente trabalho no seria possvel, e professora Fabola Paes Leme

    pela ajuda com os resultados

    Agradeo Clnica Veterinria Animal Center, pelas amostras, e estrutura

    disponibilizada.

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    NDICE

    1. Introduo.............................................................................................................7

    2. Reviso de literatura..............................................................................................8

    2.1. Sangue............................................................................................................8

    2.1.1. Conceito .................................................................................................. 8

    2.1.2. Origem.....................................................................................................8

    2.1.3. Funo.....................................................................................................9

    2.1.4. Bao.......................................................................................................11

    2.2. Sangue na Medicina Tradicional Chinesa (Xue) ............................................. 12

    2.2.1. Conceito ................................................................................................12

    2.2.2. Origem................................................................................................... 12

    2.2.3. Funo................................................................................................... 14

    2.2.4. Padres de deficincia ...........................................................................14

    2.2.5. Pontos de influncia no sangue .............................................................15

    3. Hiptese ..............................................................................................................18

    4. Objetivo...............................................................................................................18

    5. Materiais e Mtodos............................................................................................ 18

    5.1. Animais.........................................................................................................18

    5.2. Tratamento................................................................................................... 18

    5.3. Coleta de material ........................................................................................ 19

    5.4. Anlises ........................................................................................................19

    5.5. Anlises estatsticas ...................................................................................... 19

    6. Resultados e discusso.........................................................................................20

    7. Concluso ............................................................................................................ 21

    8. Referncias bibliogrficas ....................................................................................22

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    ndice de figuras

    Figura 1 - Desenho esquemtico demonstrando a circulao sangunea esplnica...... 12

    Figura 2 - Formao do Xue segundo MTC (adaptado) ................................................ 13

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    RESUMO

    O presente trabalho avaliou laboratorialmente a resposta de parmetros

    hematolgicos (volume globular, valor total de eritrcitos, valor total de leuccitos,

    hemoglobina e protenas totais) de sete ces submetidos ao tratamento por

    acupuntura nos pontos San yin jiao (BP 6); Zu san li (E36); Tian Zhu (B10); Ge shu (B17);

    Gan shu (B18); Pi shu (B20); Xuan zhong (VB39); Qu quan (F8); Qu Chi (IG11); Qu Ze

    (Pe3); Bai Hui (VG20). Foram observados aumentos de 16,10% , 41,98%, 1,25%, 4,4% e

    2,7% nos valores mdios de eritrcitos, leuccitos, hemoglobina, volume globular e

    protena plasmtica total, respectivamente.

    ABSTRACT

    The present work evaluated, by laboratorial analysis, hematological parameters of

    seven dogs which underwent acupuncture treatment on points San yin jiao (Sp 6); Zu

    san li (S 36); Tian Zhu (B10); Ge shu (B17); Gan shu (B18); Pi shu (B20); Xuan zhong

    (GB39); Qu quan (L8); Qu Chi (LI11); Qu Ze (Pe3); Bai Hui (DM20). Increases of 16,10% ,

    41,98%, 1,25%, 4,4% e 2,7% were observed on values of red blood cells, white blood

    cells, hemoglobin, packed cell volume and total plasmatic proteins, respectively.

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    1. INTRODUO

    O sangue, bem como o sistema hematolgico, essencial manuteno da vida.

    Circulando por todo o corpo, nutre, oxigena e faz o transporte de diversas substncias

    entre diferentes locais do corpo, mantendo a homeostase do organismo.

    cada vez mais frequente na clnica veterinria de pequenos animais a presena de

    pacientes com doenas sistmicas, hemoparasitos, neoplasias, bem como o aumento

    da casustica de indivduos idosos, que se tornam debilitados com maior frequncia.

    Molstias sistmicas iro, na maioria dos casos, afetar o sangue e os padres

    hematolgicos normais. Desta forma, a recuperao destas est associada ao retorno

    dos parmetros sanguneos fisiolgicos.

    A produo de sangue se d na medula ssea dos ossos longos, nos animais adultos, e

    ocorre de forma organizada, como uma cascata, onde se processa a tranformao e

    maturao dos diferentes tipos celulares, que podem se dar ao longo de dias. Frente a

    uma molstia, com consequente queda das concentraes celulares circulantes, o

    sistema hematolgico precisa se mobilizar e acelerar o processo de produo. Uma vez

    que o organismo se encontra debilitado, esta resposta pode se dar de forma mais

    lenta, ou at no ser processada.

    A produo de sangue sob a tica da medicina tradicional chinesa (MTC) se d em local

    e de forma diferente da ocidental. Criada e utilizada mundialmente a mais de 5000

    anos, esta possibilita alcanar resultados que a mais moderna medicina ocidental

    ainda no capaz.

    A medicina ocidental no possui ainda ferramentas confiveis e capazes de estimular a

    produo de sangue, assim como outras clulas do sistema hematolgico. A soluo

    mais utilizada atualmente baseia-se em transfuses de sangue e plasma. No entanto,

    por cuidar do indivduo como um todo, procurando sempre estabelecer o equilbrio do

    organismo, a MTC possui importante papel no tratamento, de patologias ainda sem

    tratamento adequado pela medicinal ocidental.

    O presente trabalho tem como objetivo esclarecer, se a estimulao de pontos

    especficos de acupuntura capaz de aumentar a concentrao de clulas sanguneas

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    circulantes, atuando potencialmente no tratamento auxiliar de muitas doenas

    comumente observadas na clnica veterinria.

    2. REVISO DE LITERATURA

    2.1. SANGUE

    2.1.1. CONCEITO

    O sangue um tecido vivo complexo e altamente diferenciado, que flui atravs de um

    sistema de artrias, veias e capilares chegando a todas as partes do corpo. Apresenta-

    se como um lquido vermelho, opaco, consistindo de vrias clulas suspensas em um

    complexo fluido de cor mbar conhecido como plasma (Guyton, A.C. et al., 2006).

    2.1.2. ORIGEM

    Clulas sangneas maduras so componentes transitrios do sangue, uma vez que

    cada uma destas possui um tempo de vida mdio diferente. Normalmente, os

    componentes so consumidos medida que participam na manuteno da

    homeostasia diariamente (Guyton, A.C. et al., 2006).

    A hematopoiese o sistema de produo das clulas sanguneas. A eritropoiese o

    sistema de produo de eritrcitos. Vrios componentes esto envolvidos na

    eritropoiese, entre elas, as clulas-tronco (stem cells), as clulas progenitoras e

    precursoras eritrides, algumas citocinas, o hormnio produzido nos rins e fgado,

    chamado eritropoietina, o ferro e algumas vitaminas. Na vida fetal, assim como as

    outras clulas do sangue so inicialmente produzidas em ilhas sanguneas do

    mesnquima associado ao saco vitelino. Posteriormente a atividade hematopoitica se

    generaliza no feto pelo bao, fgado, timo e linfonodos e, no tero final da vida fetal,

    exclusivamente na medula ssea. A hematopoiese extra-medular observada

    ocasionalmente na vida adulta de vrias espcies, normalmente no bao e em resposta

    a anemia grave, mielofibrose ou leucemia (Jain, N.C., 1993).

    A medula ssea ativa em todos os ossos esquelticos dos animais jovens

    denominada medula ssea vermelha. Nos adultos, a medula ssea vermelha est

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    restrita aos ossos chatos (vrtebras, esterno, costelas e coxal) e nas extremidades

    proximais do mero e fmur. Nos demais ossos a medula ssea se torna inativa e

    gordurosa, passando a ser chamada de medula ssea amarela (Guyton, A.C. et al.,

    2006; Jain, N.C., 1993).

    As clulas tronco hematopoiticas possuem a capacidade de auto-renovao e, atravs

    de divises e diferenciaes celulares, de formar populaes de clulas progenitoras

    comprometidas com as principais linhagens celulares mielides, eritrocitrias,

    megacariocticas e linfocitrias. As clulas progenitoras primordiais so pluripotentes,

    mas na medida em que ocorrem as divises e diferenciaes celulares, so formadas

    as clulas progenitoras tardias, comprometidas com uma, duas ou trs linhagens

    celulares. Fatores circulantes determinam a sntese e amadurecimento de clulas

    imaturas que, atravs de inmeras transformaes do origem s clulas sanguneas

    circulantes (Paes, P.R.O., 2007; Jain, N.C., 1993)

    2.1.3. FUNO

    Vrias funes do sangue se do nos capilares, onde o fluxo sanguneo diminui

    dramaticamente, permitindo uma difuso eficiente, assim transportando oxignio,

    glicose e outras molculas atravs da monocamada de clulas endoteliais que formam

    as finas paredes dos capilares (Guyton, A.C. et al., 2006)..

    O hematcrito ou volume globular a poro do sangue formada pelas clulas

    vermelhas. Determinar o hematcrito uma importante ferramenta diagnstica para

    avaliao do estado hematolgico do indivduo. Valores abaixo dos parmetros de

    referncia indicam a presena de anemia, uma reduo no nmero de eritrcitos

    circulantes. Valores elevados de hematcrito podem indicar um desbalano entre a

    produo e destruio de clulas vermelhas. A desidratao, que diminui o contedo

    de gua, e assim o volume do plasma sanguneo tambm resulta em valores de

    hematcrito acima dos parmetros normais(Guyton, A.C. et al., 2006; Jain, N.C., 1993).

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    Enquanto os componentes celulares e plasmticos do sangue so capazes de atuar

    sozinhos, eles frequentemente se juntam para realizar importantes funes que

    incluem transporte, imunidade, hemostasia e homeostasia.

    Transporte: Sangue carrega substncias importantes de uma rea do corpo para

    outra, incluindo oxignio, dixido de carbono, anticorpos, cidos e bases, ons,

    vitaminas, cofatores, hormnios, nutrientes, lipdios, gases, pigmentos, minerais e

    gua. Transporte uma das funes mais importantes do sangue, ainda o meio

    primrio de transporte a longa distncia no corpo. O sangue tambm transporta

    calor, e assim mantm a temperatura adequada de diferentes rgos e tecidos, e

    do corpo como um todo.

    Imunidade: O corpo continuamente invadido por microorganismos patognicosque penetram atravs de cortes na pele, mucosas e outros pontos de continuidade

    tecidual. Um sistema imune altamente sofisticado composto por diferentes

    linhagens celulares, chamadas de clulas brancas, foi desenvolvido para se opor a

    estes patgenos. Estas clulas so derivadas de precursores da medula ssea e

    transportadas ao seu local de ao pelo sangue. Os leuccitos esto envolvidos na

    batalha do corpo contra infeces por microorganismos. Enquanto a pele e as

    mucosas restringem fisicamente a entrada de agentes infecciosos, patgenos

    constantemente penetram estas barreiras. Leuccitos em conjunto com protenas

    plasmticas protegem continuamente o corpo contra micrbios nos tecidos e no

    sangue. Na maior parte dos casos, microorganismos so eficientemente eliminados

    por este sofisticado e elaborado sistema antimicrobiano no sangue.

    Hemostasia: O corpo continuamente ameaado pelas consequncias de uma

    hemorragia, como resultado da mais incua injria tecidual. Mecanismos

    complexos e eficientes, fsico e celular, participam na hemostasia, com a finalidade

    de parar um sangramento aps a injria inicial, uma vez que a falha destes pode

    rapidamente levar a uma perda fatal de sangue. Alm de fisicamente evitar a perda

    de fluidos, as plaquetas liberam potentes cofatores durante a formao do tampo

    hemosttico, estes, por sua vez, iro promover a cicatrizao tecidual, prevenir

    futuras infeces e promover a vascularizao do novo tecido.

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    Homeostasia: um estado constante que proporciona um ambiente interno timo

    para a funo celular. Mantendo o pH, as concentraes inicas, osmolaridade,

    temperatura, suprimento de nutrientes, e integridade vascular, o sistema

    sanguneo tem papel crucial na preservao da homeostase. A homeostase o

    resultado da funo adequada dos sistemas de transporte, imunidade e

    hemostasia do sangue.

    2.1.4. BAO

    O bao um importante rgo na transformao e manuteno do sangue. Entre as

    suas principais funes esto a destruio e reciclagem de componentes sanguneos,

    liberao e armazenamento de clulas de defesa do organismo. O rgo ainda o

    segundo maior reservatrio de sangue e seus componentes no corpo, perdendo

    apenas para o sistema circulatrio em si (Guyton, A.C. et al., 2006).

    A figura 01 demonstra a diviso do bao em duas reas distintas para armazenamento

    do sangue. Os sinusides venosos se dilatam, assim como as outras partes do sistema

    venoso, e armazenam sangue. Na polpa, os capilares so to permeveis que o sangue,

    incluindo as clulas vermelhas, transita atravs das paredes dos capilares, em uma

    rede trabecular, que da origem polpa vermelha. As clulas vermelhas ficam presas

    pelas trabculas, enquanto o plasma flui em direo aos sinos venosos, e da para acirculao geral. Como consequncia, a polpa vermelha esplnica se torna um

    reservatrio especial, que contm grandes concentraes de clulas vermelhas.

    Estas,podem ser expelidas para a circulao geral, quando o sistema nervoso simptico

    estimulado, causando a contrao do bao e de suas veias. H tambm a chamada

    polpa branca, caracterizada por aglomerados de clulas brancas sanguneas (tambm

    chamados de ndulos / corpsculos de malpighy). Nestas, semelhante aos linfonodos,

    so produzidas clulas linfides que so parte importante do sistema imune (Guyton,

    A.C. et al., 2006).

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    2.2. SANGUE NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (XUE)

    2.2.1. CONCEITO

    Na Medicina Tradicional Chinesa MTC, Qi e sangue (Xue) so dois elementos clssicos

    bsicos de toda a atividade fisiolgica. Qi denota funo e auxilia na produo de

    sangue, enquanto sangue nutre os rgo que produzem Qi. Portanto, eles

    complementam um ao outro, e ao mesmo tempo so dependentes um do outro; so

    diferentes entre si, embora sejam inseparveis. Um antigo ditado chins diz: Qi o

    comandante de Xue. Aonde o Qi vai, Xue segue atrs. O Xue a me do Qi. Onde o Qi

    est, o sangue j est l (Macciocia, G., 2007).

    2.2.2. ORIGEM

    Segundo a MTC, o sangue produzido principalmente no trax, pela funo do Qi do

    pulmo e do bao, sendo tambm produzido pela medula ssea. A essncia dos

    alimentos (Gu Qi), derivada dos alimentos e das bebidas enviada para o pulmo pelo

    Qi do bao, onde atravs da ao do Qi deste rgo enviada ao corao. Esta ento

    transformada em Xue no trax, pela ao do corao (Xin) e pulmo (Fei) (Macciocia,

    G., 2007; Ross, J., 1994).

    De acordo com a medicina chinesa, h duas caractersticas importantes na fabricao

    do sangue. A transformao do Qi do alimento em sangue auxiliada pelo Qi original.

    Figura 1 - Desenho esquemtico demonstrando a circulao sangunea esplnica.

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    A outra se baseia no fato de

    nos rins (Shen) produz a me

    (Xue). Alm disso, o aspecto

    corao e pelo pulmo no

    estmago (Wei) no aquece

    relacionados ao sangue, sen

    bao o mantm dentro do

    (Macciocia, G., 2007; Ross, J.,

    Pode-se ento concluir que n

    O bao e o estmago

    O Qi do pulmo assuo corao: um exe

    movimentar;

    O Qi do alimento tr

    corao governa o san

    Figura 2 - Formao do Xue segund

    ue o aspecto Yin da essncia (Qi pr-natal), a

    dula ssea, a qual contribui para a produo

    ang da essncia ativa as transformaes execu

    aquecedor superior e pelo bao/pncreas (

    dor mdio Outros rgo tambm esto in

    do corao responsvel pelo movimento de

    vasos, enquanto fgado estoca e distribui

    1994).

    MTC:

    o a principal fonte de sangue;

    e papel importante ao impulsionar o Qi do aliplo do princpio geral de que o Qi faz o

    nsformado em sangue no corao: um aspect

    gue.

    MTC (adaptado)

    13

    mazenado

    do sangue

    tadas pelo

    Pi) e pelo

    imamente

    sangue; o

    o sangue

    ento parasangue se

    o de que o

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    2.2.3. FUNO

    O sangue na MTC possui trs funes primrias: nutrir, manter e umedecer estruturas

    como pele, plos, tendes, ossos, rgos, canais e qualquer outro tecido que dependa

    de nutrio (Macciocia, G., 2007; Macciocia, G., 1994; Ross, J., 1994).

    A principal funo nutrir o organismo, mas possui tambm a funo umedecedora,

    assegurando que os tecidos corpreos no desidratem.

    Por exemplo, o sangue do fgado umedece os olhos e os tendes, de maneira que os

    olhos possam ver adequadamente e os tendes tenham flexibilidade e sejam

    saudveis. O sangue do corao umedece a lngua.

    O sangue possui ainda outra funo muito importante, proporciona a fundao

    material para a mente (Shen). O sangue parte do Yin e abriga a mente, envolve-a

    permitindo que a floresa. Quando o sangue esta harmonizado, a mente possui uma

    residncia. Se o sangue est deficiente, a mente fica com a base abalada e se torna

    inquieta e infeliz. Isso pode se manifestar por inquietude e irritabilidade.

    2.2.4. PADRES DE DEFICINCIA

    So duas as condies patolgicas, ou desarmonias do sangue. A deficincia

    observada quando h insuficincia de sangue, decorrente de hemorragia ou baixa

    produo deste. geralmente uma condio crnica, pode cursar com anemia,

    embora esta no esteja sempre presente na MTC. Os sintomas caractersticos incluem

    insnia, palpitaes, tontura, pele seca, contratura de tendes e cabelos secos e sem

    vida. J a estagnao de sangue causada por uma obstruo do fluxo normal, ou por

    acmulo deste em uma rea. Normalmente decorrente de traumas, caracteriza-se por

    sinais como contuses, ndulos e inchaos dolorosos, cogulos de sangue e dor

    semelhante a facada sobre o ponto de estagnao (Macciocia, G., 2007; Macciocia, G.,

    1994; Ross, J., 1994).

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    2.2.5. PONTOS DE INFLUNCIA NO SANGUE

    Dentre vrios pontos utilizados na acupuntura para o estmulo da produo

    tratamento das patologias do sangue, podemos citar:

    San yin jiao (BP 6)

    Indicao: Fortalece e harmoniza o Yin dos Rins e do Fgado, fortalece

    Bao/Pncreas. Nutre o Yin

    Localizao: No aspecto medial do membro posterior, caudal ao osso tibial, 3 cun

    do malolo medial, em sentido proximal.

    Zu san li (E36)

    Indicao: Para fortalecer a funo do Bao/Pncreas e do Estmago, a formaoe a circulao do Qi e do sangue (Xue), com isto fortalecendo tanto a debilidadedigestiva quanto a fraqueza geral do corpo. Ponto de tonificao geral paraqualquer condio de deficincia.

    Localizao: 3 cun abaixo do ponto E35, cerca de um dgito de larguralateralmente crista tibial, na poro lateral ao msculo tibial cranial. tambmconhecido com Hou San Li

    Tian Zhu (B10)

    Indicao: Ponto d influncia da medula

    Localizao: No apecto dorsal do pescoo, na depresso da juno atlantoaxial,

    medial asa do atlas, no local do forame transverso onde emerge o nervo

    espinhal C1.

    Ge shu (B17)

    Indicao: Ponto de influncia do sangue. Fortalece o Sangue. Mantm o sangue

    nos vasos sanguneos. Doenas hemorrgicas crnicas e discrasias sanguneas.

    Localizao: Lateral borda caudal do processo espinhal da stima vrtebra

    torcica, ao longo da linha longitudinal dos tubrculos costais.

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    Gan shu (B18)

    Indicao: Ponto de associao do fgado. Fortalece o Qi e o Xue do Fgado.

    Problemas de Fgado

    Localizao: Lateral borda caudal do processo espinhal da dcima vrtebra

    torcica, ao longo da linha longitudinal dos tubrculos costais.

    Pi shu (B20)

    Indicao: Para promover as funes de transformao e transporte do

    Bao/Pncreas. Para reduzir a hemorragia e a produo de sangue pelo

    fortalecimento da funo do Bao/pncreas e do Estmago(quando associado ao

    E36). Ponto de associao do Bao.

    Localizao: Lateral borda caudal do processo espinhal da dcima segunda

    vrtebra torcica, ao longo da linha longitudinal dos tubrculos costais.

    Xuan zhong (VB39)

    Indicao: Ponto de influncia da medula.

    Localizao: A trs cun em sentido proximal ao malolo lateral ou 3/16 da

    distncia entre a articulao do tarso e a articulao da soldra, na borda da fbula,

    caudal ao tendo do msculo fibular.

    Qu quan (F8)

    Indicao: Ponto do tonificao do meridiano do Fgado

    Localizao: No aspecto medial da articulao da soldra, na depresso entre o

    cndilo medial do fmur e a insero do msculo semitendinoso.

    Qu Chi (IG11)

    Indicao: Ponto homeosttico e estimulador do sistema imunolgico. Importante

    ponto de tonificao geral.

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    Localizao: Na extremidade lateral da fossa cubital; quando a articulao do

    cotovelo fletida em ngulo reto, localiza-se no ponto mdio entre o tendo do

    bceps braquial e o epicndilo lateral do mero.

    Qu Ze (Pe3)

    Indicao: Ponto de tonificao do meridiano do Pericrdio, responsvel pela

    movimentao de energia no aquecedor superior, onde se d a formao do

    sangue.

    Localizao: Numa depresso na fossa cubital, medial ao tendo do bceps

    braquial e lateral ao redondo pronador.

    Bai Hui (VG20)

    Indicao: Acalma o Fgado, o Yang e a mente. Estabiliza o Yang ascendente.

    Localizao: Na linha mdia dorsal do crnio, na interseco da linha coronal

    proveniente dos dois lados da base rostral da orelha, na extremidade rostral da

    crista sagital externa.

    Desta forma, observamos que seja atravs da tica ocidental ou da MTC, diversas

    patologias possuem relao e causam alteraes no sistema hematolgico.

    Hemoparasitoses, assim como outras patologias diariamente diagnosticadas na clnica

    geral de pequenos animais levam a diminuio dos parmetros sanguneos fisiolgicos.

    Embora o tratamento de vrias destas doenas se baseie grandemente no suporte

    teraputico do paciente, so deficientes no mercado aloptico medicamentos que

    aumentam ou aceleram o processo de produo sangunea. No entanto, sob a tica da

    MTC, podemos modular este processo orgnico, auxiliando na recuperao de

    pacientes enfermos e convalescidos (Shoen, A., 2006; Deadman, P. et al.;

    Draehmpaelh, D., et al, 1994; Ross, J., 1994).

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    3. HIPTESE

    O estmulo de pontos especficos de acupuntura aumentam os valores mdios de

    padres hematolgicos em ces.

    4. OBJETIVO

    Avaliar laboratorialmente os valores de volume globular, eritrcitos, leuccitos,

    hemoglobina e protenas totais em zero e 24 horas aps o tratamento de acupuntura.

    5. MATERIAIS E MTODOS

    5.1. ANIMAIS

    Sete ces de diferentes idades, de ambos os sexos, higidos foram selecionados para

    um ensaio terico-prtico. Os animais no tiveram sua rotina e ou tratamento

    alterados, ou sofreram quaisquer maltratos durante o estudo.

    5.2. TRATAMENTO

    Uma srie de 11 pontos de acupuntura foram selecionados objetivando a estimulao

    e tonificao do sangue, de acordo com a MTC. Os pontos foram estimulados

    bilateralmente com agulhas para acupuntura1, que permaneceram no local por 15

    minutos, sem manipulao extra, aps a insero das mesmas. O tratamento foi

    aplicado somente uma vez Todos os ces receberam o mesmo tratamento.

    Foram estimulados os seguintes pontos de acupuntura: San yin jiao (BP 6); Zu san

    li (E36); Tian Zhu (B10); Ge shu (B17); Gan shu (B18); Pi shu (B20); Xuan zhong(VB39); Qu quan (F8); Qu Chi (IG11); Qu Ze (Pe3); Bai Hui (VG20)

    1

    Agulhas Han Sol 0.25x30mm

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    5.3. COLETA DE MATERIAL

    Uma amostra de aproximadamente 2ml de sangue foi retirada imediatamente antes

    (tempo zero) e outra 24 horas depois(tempo um) dos animais receberem o

    tratamento.

    Realizou-se venopuno da veia ceflica dos animais, utilizando agulha hipodrmica e

    seringas de 3 ml2. Posteriormente, o sangue foi transferido para dois tubos, um

    contendo EDTA3 e um tubo tipo eppendorf4 de 0,5ml. O material permaneceu

    refrigerado at que fosse processado.

    5.4. ANLISES

    A amostra sangunea foi utilizada na determinao dos seguintes parmetros: volume

    globular (hematcrito), contagem de clulas vermelhas, contagem de clulas brancas,

    dosagem de hemoglobina e determinao da protena srica total.

    As contagens celulares foram processadas em um contador de clulas5, a partir da

    amostra de sangue com anticoagulante. Uma amostra deste foi utilizada para a

    determinao do volume globular, com o uso de tubos de microhematcrito e

    centrifugao destes por seis minutos6. A partir destes, o volume globular foi

    determinado, e o valor de protena srica total, obtido por refratometria7.

    O sangue acondicionado no eppendorf foi centrifugado a 3000 rpm8 por oito minutos,

    o soro foi ento separado, transferido para outro eppendorf e congelado, para

    posteriores anlises de eletroforese.

    5.5. ANLISES ESTATSTICAS

    Os dados foram analisados por teste de t student com significncia de p>0,05 no

    programa PRISMA.

    2

    Seringas BD Plastipak com agulha 0.70x25mm 22G3

    Monovette EDTA KE/1.2ml - Sarstedt4

    Eppendorf.5

    CELM CC-530 / DA-5006

    Centrfuga MicroSpin7

    Refratmetro manual mod.301 Ningbo Utech International Co. Ltd.8

    Centrfuga Excelsa Baby Mod.208N Fanen Ltda.

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    6. RESULTADOS E DISCUSSO

    Os resultados mdios obtidos a partir das anlises laboratoriais esto apresentados na

    tabela 01.

    Tabela 01 - Valores mdios e desvio padro de Eritrcitos, Leuccitos totais, Hemoglobina Volume

    Globular (VG) e Protena total srica, de ces submetidos acupuntura em dois tempos, T0 (antes do

    tratamento) e T1 (24 horas aps o tratamento).

    T0 (antes do tratamento) T1(24 horas aps o tratamento) Diferena (%)

    Eritrcitos 7,39 1,41 a 8,58 1,38 a 16,10

    Leuccitos 13,10 3,40 a 18,60 4,32 a 41,98

    Hemoglobina 16,00 2,68 a 16,20 3,14 a 1,25

    Volume globular 45,00 8,07 a 47,00 9,36 a 4,44

    Protena total 7,20 0,69 a 7,40 0,66 a 2,77

    Letras minsculas diferentes na mesma linha indicam diferena estatstica (p0,05). * Teste T de Student

    A elevao observada no valor da contagem de eritrcitos, embora no tenha

    apresentado significncia estatstica, representa um aumento absoluto de 16,10%. Nofoi realizada a caracterizao morfolgica destas clulas, o que impediu que fosse

    verificada a origem das mesmas. Desta forma, o aumento na contagem celular

    provavelmente se deve liberaos de um pool de reserva celular, por contrao

    esplnica, j que sabe-se, que o processo de neoformao das clulas sangunea leva

    aproximadamente 72 horas. Assim, podemos inferir que esta elevao, em um perodo

    de apenas um dia foi estimulada pela acupuntura, e possuiria significncia clnica em

    um animal com uma baixa eritrocitria.

    A leucometria total foi o parmentro que obteve maior elevao no perodo a

    avaliado. A elevao representa um aumento de 41,98% no valor total mdio.

    Podemos interpretar tal dado como um aumento das clulas de defesa circulantes do

    organismo e consequente aumento da imunidade, fato bastante representativo em

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    animais que esto convalescidos, e principalmente, um grande aliado no suporte

    teraputico destes animais e na preveno de infeces secundrias.

    Os outros valores avaliados, hemoglobina, volume globular e protena plasmtica total

    apresentaram aumentos relativos de 1,25%, 4,4% e 2,7% respectivamente.

    Embora resultados obtidos no tenham apresentado diferena estatstica, deve ser

    levado em considerao a alta variabilidade dos parmentros avaliados e os altos

    valores dos desvios padres normalmente encontrados em avaliaes hematolgicas.

    Apesar disto, importante ressaltar que a elevao dos valores observadas em todos

    os parmetros avaliados clinicamente relevante, principalmente quando avaliada em

    animais convalescente.

    7. CONCLUSO

    Foram observados aumentos de 16,10% na contagem de eritrcitos e de 41,98% na

    leucometria comprovando que a acupuntura possui importante papel no tratamento,

    seja suporte ou no, de diversas molstias capazes de acometer o sistema

    hematolgico.

    Embora estudos mais profundos, necessitem ser conduzidos, devemos considerar aacupuntura, sempre que possvel, como um tratamento complementar, uma vez que

    esta potencial pode preencher lacunas ainda no sanadas pela medicinal ocidental.

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    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    DEADMAN, PETER; AL-KHAFAJI, MAZIN.; Some acupuncture points which treat

    disorders of blood. (Disponvel em www.acupuncture.com)

    DRAEHMPAEHL, DIRK; ZOHMANN, ANDREAS.;Acupuntura no co e no gato: princpios

    bsicos e prtica cientfica. So Paulo: Roca, 1994.

    GUYTON, A. C.; HALL, J. E.; Medical physiology 11th edition. Elsevier, 2006

    JAIN, NEMI C., Essentials of veterinary hematology. Malvern, Pennsylvania: Lea &

    Febiger, 1993

    MACCIOCIA, GIOVANNI.; Os fundamentos da medicina chinesa: um texto abrangente

    para cupunturistas e fitoterapeutas. So Paulo: Roca, 2007

    MACCIOCIA, GIOVANNI.; The practice of Chinese medicine. (online version) Churchill

    Livingstone, UK, 1994

    PAES, P. R. de O.;Avaliao dos eritrcitos. UFMG (apostila), Belo Horizonte, 2007

    ROSS, JEREMY;Zang Fu: sistemas de rgos e vsceras da medicina tradicional chinesa:

    funes, inter-relaes e padres de desarmonia na teoria e na prtica. So Paulo,

    Roca, 1994.

    SHOEN, ALLEN M;, Acupuntura veterinria: da arte antiga medicina moderna. So

    Paulo: Roca, 2006.