Top Banner
7

Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

Jul 11, 2015

Download

Documents

Problemas geométricos colocados nos templos do Japão
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

5/11/2018 Sangaku: Desafios Matem ticos nos Templos do Jap o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/sangaku-desafios-matematicos-nos-templos-do-japao 1/7

. .

Page 2: Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

5/11/2018 Sangaku: Desafios Matem ticos nos Templos do Jap o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/sangaku-desafios-matematicos-nos-templos-do-japao 2/7

do pais e que,. aaafixar urna tibua num templo, anuneiavam

aos habitantes a chegada de urn mestre.

No texto queso si:lgu.e apresentamosralgunsexemplos de

s l 1 1 J g a k l l que envolvem essenciahnenteaplicacdes do teorema

de Pimgoras, semelhancas de trmngulose resolucao deequa-

~oode 1.Qe 2~Qb'l"allSe que, por Isso, podem serabcrdados

pOI alunos do 3 . < C !ciclo d o .ensino basico,

E import ante dizer que a Ialta de r I g o r nos enuncladosdos problemas .que se seguem edeliberadae jusfifica-se par

serem os SQ1lgukuessencialmen-re visuais e, em geral, ponco

mais iTIduirem do que 0desenho, 0 desafio, a oolUl;-ao e 0

nome db autor, Assim, ernbora.rrada seja afirznado, assume-

se que as figuras respeitam aquila que os olhos nos dtzem,

que as triangWos que aparentam serequilateros, isosceles au

rectangulos 0sa o realmente, que doiscirculos que se toeam

sao tangentes .._Apesar da deeisao que tomamos, eonsidera-

mas que, quando.se traba lhar com joveus estudantes, t,§mde

constar no enunciado tndos os dados completos.

E tambemassuandoque 0Jeitor re m conbecimentos ba-

sicos de gecmetrla e, pO I " isso, se omitein algumas justifica-

90e5 ,que.serao necessaries para alunos dos ensinos basico e

secunda rio.

Sob os tclhadQs de alguns temples budistas e xintoistas do

Japao pode:m ainda VeT-'SC exemplares de sl'lllgnku, labuas

de madeira pinradaacom eolcridosdesenhos geomi:hricos.

Neles errcontramcs problemas de geometria euclidiana nos

quais circulos,elipses, quad rados, cones, dlindros __se inter-

sectam. Alguns sao suficientemente simples para poderem

sec resolvidos pOl' alunos dosensinos basico e secundario e

pouco mais exigem do que 0 teorema de Pita.goras e casesde semelhanca de triangllios •.outros zequerem ferramentas

avan.;adas como mtegra.is, 5iries au transfurma¢es afins,

Os s « n g a J . . . " l t florescerarn no periodo Edo, nos seculos XVlI a

XIX.,altura em que -0 Japao auto-irnpos 0 isolamento em re-

la¢o ao Ocidente.Emm colocados nos temples tanto por

cidadaos comuns que: manifestavam aos deuses a. sua. gra-

tidfio pela ajuda concedida na resokl~o de urn problema

particularmente diffcil da vida real, como por maternaticos

consagrados que pretendiam lancar-um desafio aos S\2US pa-

res. Tambem os jovensaspirantes a matemsticos osafixavam,

exprimindo 0seu talento, desejosos de chamar a atm~o dos

mestres e de, assim, consegUirem. ser ocnvidados a ingres-

sar numa €Scolapara pross<'!5Uirem os.seus esrudos, Serv lam

ainda com o difusor de cenhecimentos e veicnlo de publii:::ida-

de das escoias qne.erwiavam representantes a s zonas remoras

--_____,./

Page 3: Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

5/11/2018 Sangaku: Desafios Matem ticos nos Templos do Jap o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/sangaku-desafios-matematicos-nos-templos-do-japao 3/7

'Figura I.P·ROBLEMA 1

Retac:idna-lra distanda dos pentoa de tang.encia da recta com

QS drculose os seus rates,

Resolu~1io

Sejam A e B os pontes de tangencia cia recta com es dr-cu:l:os,

C1 er} 0centro e 0-raio do circulo maiore C2 e r2 0 centro e 0

I I raio do circulo menor (figura 2).

I~

Tracemos 0se:g:mento que une cs centres dos deis circulos

e seja B' 0pe da perpendicular baixifda de C1para a paralela

a AB q:ue passa r=c2. (Deixa-se ao cu idade do leitorconcluir

que 0ponte de ta:ng€ncia dos dois ci:reu1ospertenee a C1Cz-)

Conside:remos otrian_gu1o, rectingulo, [C1lB'lcujos la-

dos medem (rl + '2), (fl - "(2)e A.B. Poraplica<;ao do teorema

de Pibigoras obtemos:

(T 1 + (2)2 =AB2 + C f t - T2)2

donrle

ou seja

PROBiLEMA.2

Relaeionar as raios dostres cfrculos,

Re,solut;ao

Sejam .4, Be C os pontes de tangencia da recta com os cfrcu-

105de raios rl, r2 e r3(figura 4)-

F i g u r a _ "

Aplicandoo resultado do problema 1 temos:

~ , ---:--= 2 . -2-

AB- =4T1'2, Ac =4f1r" e Be - = !l ;T2r~

ou:

AB = 2,ffli£ AC = 2 . J T - l i 3 e Be = 2.ft2T3.

Como

entao2.,jTlri =2 J 1 V 2 +2JTiT"3

1 1 1-=-.~+-~,ft2 . ji3JY1-

Page 4: Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

5/11/2018 Sangaku: Desafios Matem ticos nos Templos do Jap o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/sangaku-desafios-matematicos-nos-templos-do-japao 4/7

F i g u r< ) S

PROBl;EMA 3

Exprimir 0raio do cl:rculo em fun~.ao dos lados do triangulo.

Resolll~ao

Sejam x, 9 e z. es lades do triangulo,_ r 0 raio do ctreu-

10 eM, N e P :0.8 pbntosgi;>' tilhgencia· do cireulo com 0$

lados dotri~10, conlormea figura 6. Deixamos ao

cuidado do leiter justificar que AN ='l..iIIf·eBN --"BP.

"

Figura 6

Seja AN =A.M=1 1

e BN = BF =h. Podemos, assim, es-crever as comprimentos dos lades do tcian_gulo como

x = a+r, y =11 +r e z=tl+ b. Se.calculannos as valores de

,a = x - re b = - r nas duas primeiras condicaese substi-

tuirrnos na terce:im, temos, sucessivamenfe:

z =a+ u= x+y -2r

e.aexpressao qu.€'relaeicnao rare do clrculocomos lades do

triangulo e : :t+y-z:r =---"2'---.

Figura 7

PROBLEMA 4

Calcular 0raio do circuloa partir de.AC, Be e eM.

Resoh.!~io

Comecemos 'pOT traear [CE ] , diametro de extremes C e E e 0

trlangulo [BeE] (figuraS). Os triangulos [ACM] e [BCE ] sao

semelhantes poisi

- cAB =ct: B cangulos inscritos no mesmo areo)

-AMC=CBE=90Q

Figura B

Dasemclhailt;a d05 dois triangulos concluim.os que:

B t : CE

=CM A.C

ou seja

donde

BCxACT= -==--

2CM

Page 5: Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

5/11/2018 Sangaku: Desafios Matem ticos nos Templos do Jap o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/sangaku-desafios-matematicos-nos-templos-do-japao 5/7

- - _ - - -I' "1=- "

! " . - , . <'·T'::'r-."

Agura9

PROBLEMA S

Relacionar 0 lado do quadrado com 0 raio dos cirrulos

inscritus,

Resolus:i.o

Chamemos r ao raio do circuJo e a, bee a s medidas des

lados do triangulo [ABeL ordenadas pOT ordern crescente

(figura 10)..0 problema 4 garante-nos que o.raioda circun-

ferenda inscrita no triangulo e r = Q ' 1 - C ,

I ~

F ig ura 1 '0

Par outre lado, COmO AC = AD + DC, temos

a , 2 r = b, donder =9.

Da c:onjun~o dos dois valores obtidos para r concluimos

que IH~~'=9,all seja, que c'"2n.Aplicando 0 teorema de Pitagoras ao triangulo [ABCL. te-

mas c 2 = a 2+ 1 i l e, substituindo c pelo valor arras encontra-

do, obtemos a equa~o 4a2= a 2 +E f 2 cuja solueao posrtiva eb =..f3a.

Regressando a r =¥ e efcctuando sucessivamente as

substituicoes b = .j3a e n =~,emos:

v '3 a - £l v '3 - 1 ,j3- 1T - 2 = --2- ='--4_-c,

F ig ur a I I

PROBLEMA 6

Escrever os raios dos drculo como fun~o do lade do qua-

drado,

Resolus:aoSejam a, '] e '2respectivamente asmedidas do lado do qua-

drado e des raios dos circulos de centres C1.e C2 e tracemos

[C2MJ,segmento que passapor C1e intersecta o lado do qua-

drado no seu ponto medic M UustJ£icayaodeixada ao cuidado

do leiter). Tracemos tambem as segmentos [AC1 ] e [ACz] ,

Figura 12

Page 6: Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

5/11/2018 Sangaku: Desafios Matem ticos nos Templos do Jap o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/sangaku-desafios-matematicos-nos-templos-do-japao 6/7

a t:riangulo lAMCl ] e rectal1gulo de lades .AM=;,

C]-M =~.+"ie AC1= .111'l' Aplicando 0 teorema de ~ita-

gOl'as, terries:

~.-.-2 -.-2. --2ACt =C1M +AM

ou

Resolvendo em ordem a 'I . obtsmos a solu¢o;, (1

1'1=6 '

Cortsiderernos agora 0 tri§ngulo rectangulo [AC2MJ de

lados AM" = i; ACz. = .11·+ T2 . e e2M =a - r2, Aplicando 0

teorema de Pitagoras, ooncluimos que

(a + r2)2 = (a -1'2)2 + G ) 2donde

Resumlndo: os raios das circunferencias maier e menor

podem ser eseritos em iungao do lado do quadrado respec-

nvamentecamo:

II1" 1 =~ e

6

F l g > J r n 13

;PROBLEMA 7

Relacionar os raios des doiscireulos com 0do semfcirculo.

Resalu~ao

Sejam -h=CM a altura do trifutgulo [ABq r 0 raio do St7

micirculo, 50 raio do circulo de centro E, Fe G os pontes de

tangenoa de cada urn doscircalos com AC 'Iracamos os raios

[ E ' F l e I D G I (figura 14). .

E imediato conchiir 'Iue 0circulo tern raio= z ·

Figura 14

NQ triangulo IACM~ r"ectimgulo; -d e catetosAM = 5 : e

CM =h,a hipotenesa mede AC =viiI.+ ,2, No triangulo

[CDG~ rectangulo, tsmos CD=h- !~eG =~,Comoestes

dois hiSngulos sao semelhantes pois tern os angulas iguais,

podemos a6;rmarque:

CD DG=

ouse]a AC AM

,h -2 r

=.£.,fh2 + ,2 r

e, desenvolvendo e simplificando, chegamos aequas-ao:

31).lil-4~h =0 que admire como 501u. ;ao positiva:

411= -r3 .

Bfecruando a substituic;a.o Ii= j 'T em AC =Jh2 + r2 ., ob-

temos AC =~f,

Consideremos agora 0triAngulo r eEF ] em que E F = s

e CE =h-r-s = ir-T-s = jr.Os seus angulos sao

iguais aos do triangulo [ACMl pelo que, da semelhanca dos

dais triangulos, podemos concluir que:

CE BE-AC AM

donde

e,-resolvendo em ordema S" obtemcs sueesslvamente:

1 5

3r_.s= 35

1s= '8

Em resume, os raios dos circulos de centres DeE expTes-

sosem fun¢<io do raio do sernicirculo sao, respectivamente,

r 12 : e gr.

Page 7: Sangaku: Desafios Matemáticos nos Templos do Japão

5/11/2018 Sangaku: Desafios Matem ticos nos Templos do Jap o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/sangaku-desafios-matematicos-nos-templos-do-japao 7/7

Il'I

'I

i

'Ij

i

Termmamos com oerrunciadode u J J J ; - i i 4 n g n k u simples cuja re-

solUo;~9deixamosa ~arg'q:dQleitor,

F ig ura 1 5

PRO~'LEMA8

Escre;v~t 0a:qb d1:Llluad;ra.4oem fun~~b doraio dos circulos

(figura 15) .

Embora tenhasi(l_"Qre~eri(b noinicio, naQedemais realcar

qutYiJaqui inten~ion\lIfalta de dados nos anunciados dos.pro-

blemas nao.pcdeexistir em contexte de aprendizagem e-gue,

.relo menos.nesse case, as enunciados devern seI reescritos de

Figura 16

modo a confer todosos prcssupostos ..For exernplo, aorexto

tIp_proble-ma 4 qeveacre-s'centar-se- que ofriffi,nguloe rectan-

gulcrequeo.ctrculoe tangente 'a cada umdos seus tres.Iados,

Alemdes Iivros citados na bibliografi""h,leitot interessade

encontra rra.w_ebdiversos p:tQbl~inas,b;em:cdii;ib.fotcgrafias-de

snngahi. Urna palavra especial pata 0livre deFukagawae Re-

inman que,' alem dq :I;'levaqqrunnero deproblemas, preenche

boa parte das suas pagiftas com lpn3viagern fasci'nante.a his-

toriada matematica noJap50.

E U BUOGRA.FIA

(~)Capihiit;F r a n c i s c o Javier; Priiblem£is S a n Gaku, Cordoba,

2003.

(2) -Ful(?gawaiHid~to:sni, e Rothman; T6n1 : Si{r :tedMi l t twma-

t i c s : Iapariesl{Teinple 6 e O i 1 : l . c , t ; r y " I ' t ITIce . ton"New n~:tsey,Z008 ,

(3) Huvent, Gt: i~tyi $a:rj.gaku, L_eNJysteredes, £ 'mgf ir cs Gr I /mft -r i-

ques}aponiiises, Pari~"2dOB.

4 2 GAZETA DE MATEMATiCA' 1 65