Salvação Silvio Dutra Set/2016
Salvação
Silvio Dutra
Set/2016
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A474 Alves, Silvio Dutra Salvação./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 148p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Soteriologia. 3. Divindade. I. Título. CDD 230
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Sumário
1 - Salvação...............................................................
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2 - Jesus Não Veio Condenar, mas Salvar.
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3 - A Ilustração da Salvação em Cristo na Cura de Naamã......................................................
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4 - A Serpente de Bronze Levantada...........
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5 - Focalizando o Ponto Correto,
Principal e Vital.....................................................
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6 - “A salvação é do Senhor." (Jonas 2.9)....
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7 - O Ladrão Que Creu........................................
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8 - O Caminho da Salvação..............................
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9 - Uma Cura Tríplice para um Mal
Tríplice.......................................................................
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10 - Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no Reino de Deus? ..............................................
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11- Apenas um Caminho...................................
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12 - Salvos sem Merecimento.........................
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1 - Salvação
Quando a Bíblia fala na salvação do pecador o que está em foco é muito mais do que simples
livramento de perigos iminentes, pois é sobretudo a restauração do pecador caído para
que nele se cumpra o propósito eterno de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Jesus Cristo.
Somos a rigor salvos de nós mesmos, de nossa condição de miséria e de morte espiritual e
eterna.
Somos livrados de uma inclinação constante para o mal para nos inclinarmos para o bem e
para tudo o que se encontra na natureza de Deus.
Jesus nos livra do pecado; do consequente estado de morte espiritual que se transforma
em morte eterna quando morre o corpo; e da também consequente ira, da condenação , e do
juízo eternos de Deus; da servidão ao diabo; das enfermidades do corpo e da alma; da maldição
da Lei – mas além disso Ele nos purifica, santifica, nos reveste de Suas próprias virtudes,
nos reconcilia com Deus e nos torna seus filhos amados, e nos faz herdeiros juntamente com Ele
de toda a glória que Ele possui no céu.
Para este propósito, desde que houve a queda do primeiro casal no pecado, Deus sujeitou a
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criação à vaidade, ao vazio, à maldição de ter que enfrentar tantos males e tribulações. Pode
parecer um paradoxo, mas se não fosse por isto, jamais seríamos resgatados de nossa condição
de orgulho e rebelião contra a justiça e a santidade.
Necessitamos das tribulações para sermos tornados humildes e vermos o quanto dependemos da graça e da misericórdia de
Deus.
Para além das tribulações há os braços estendidos de um grande Pai de amor, que
deseja que estejamos conscientes de nossa plena aceitação por Ele, apesar de sermos
pecadores, por causa da visitação em juízo dos nossos pecados em Jesus.
Ele nos amou tanto que nos deu o Seu próprio Filho Unigênito, sem qualquer mancha ou
pecado, cheio de glória e majestade, para que pudesse morrer a nossa morte, e assim
tivéssemos acesso a tudo o que havíamos perdido por causa do pecado, e que Ele havia
planejado para nós, para toda a eternidade.
Daí ter sido anunciado pelo anjo à virgem Maria que aquele que nela seria gerado pelo Espírito
Santo era o eterno Yeshua (em hebraico), que significa o Salvador, ou Aquele que salva. No
texto original grego esta palavra foi
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transliterada para iesous, de onde também por transliteração vem o nosso Jesus em português.
Ele, que é o Grande Eu Sou (YWHW – hebraico) juntamente com o Pai e o Espírito Santo, tomou
este nome por causa do trabalho de livramento e restauração que Ele operaria em favor da
humanidade, pois a salvação inclui tanto uma coisa quanto outra.
Muitas são as operações que estão vinculadas à salvação que Jesus veio consumar. Antes de
tudo a eleição, depois a chamada, o convencimento do Espírito, a justificação, a
regeneração, a santificação e por fim a glorificação.
Que grande trabalho de paciência e sabedoria eterna está envolvido em tudo isto.
Quem seria suficiente para tanto – algum homem ou anjo?
A resposta óbvia é não. Senão somente Deus de Deus, feito perfeito homem, nascido em corpo
de homem, poderia realizar uma obra tão maravilhosa, celestial e espiritual.
Não temos um Salvador que foi estabelecido na hora da nossa emergência, mas Alguém que foi
designado para tal antes mesmo da fundação do mundo. Alguém que foi anunciado por muitas
profecias no Velho Testamento, e até mesmo
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nos dias anteriores a Moisés, como a promessa feita a Adão do descendente da mulher que
esmagaria a cabeça da serpente, e a feita a Abraão de abençoar no Seu descendente
(Cristo) todas as nações da Terra.
Outro ponto importante a ser considerado na salvação é que ela é segura e firme. Nada pode
apagá-la ou destruí-la. É uma obra de caráter eterno para adentrar a eternidade, assim como
é eterno o nosso Salvador e Senhor.
O crente está firmemente seguro na graça que lhe foi concedida em Jesus para nunca mais ser
daí removido de uma forma final. Ainda que caia será levantado pelo poder do Senhor, porque
tem prometido não lançar fora por motivo algum a qualquer que tenha sido salvo por Ele.
E de tantas que são as profecias que temos em relação a esta salvação no Velho Testamento,
não teríamos espaço suficiente para aqui enumerá-las, senão citar apenas algumas no
anexo em que apresentamos vários textos relativos a este assunto.
Cabe lembrar que todo o mobiliário do tabernáculo, o ofício dos sacerdotes, profetas e reis, os sacrifícios de animais do Velho
Testamento, tudo isto era uma figura, um tipo, do grande Salvador que se manifestaria ao
mundo na plenitude dos tempos.
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Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as seguintes palavras do texto
original:
1 – soterion (grego) – salvação;
2 – soteria (grego) – salvar;
3 – soter (grego) – salvador; e
4 – alguns textos do Velho Testamento sobre a salvação em Jesus; relativos ao assunto,
acessando o seguinte link:
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128478
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2 - Jesus Não Veio Condenar, mas Salvar
Marcos 2:17: Tendo Jesus ouvido isto,
respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar
justos, e sim pecadores.
João 12:47: Se alguém ouvir as minhas palavras
e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.
Dê a devida atenção a estas palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Até que Ele volte, a porta da salvação estará aberta para todo aquele que se arrepender dos seus pecados e buscar viver para Ele.
Amados leitores, nosso Senhor mesmo definiu a Sua principal missão em ter vindo a este mundo há cerca de 2.000 anos atrás, como sendo a de
salvar e não a de condenar pecadores.
Então, enquanto perdurar esse tempo de graça até que Ele volte, Deus está abrindo uma grande oportunidade para todas as pessoas que
queiram ser livradas da manifestação da ira vindoura, em forma de juízo de uma
condenação eterna, que há de vir sobre todos os que viveram neste mundo, sem terem se
convertido a Cristo.
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Por isso, queremos ser muito claros, sinceros e diretos em todas as mensagens transmitidas aos
amados leitores, mantendo o foco do evangelho que aponta somente para Jesus Cristo para que
sejamos salvos de tal condenação em razão do pecado.
É bom lembrar que um único pecado praticado ao longo de toda a vida já sujeita o seu praticante
à condenação eterna.
Portanto, não há um único justo, de si mesmo, pela sua própria justiça, diante de Deus.
Por isso Jesus morreu em nosso lugar na cruz, carregando sobre si toda a culpa dos nossos pecados.
Em suma, tudo o que se refere à necessidade de um viver reto, do dever de se guardar os mandamentos de Deus, e tudo o mais que se
refira à santificação de nossas vidas, somente pode ser praticado e vivido caso sejamos
convertidos a Cristo, e estando em comunhão com Ele, por meio do Espírito Santo.
Assim, se a Lei santa de Deus lhe condena justamente por causa do pecado, lembre que pela fé em Jesus, nos está sendo oferecida
gratuitamente a libertação de tal condenação, ao mesmo tempo que somos por Ele capacitados
a viver de modo aprovado pela justiça divina,
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pelo poder da graça de Jesus, mediante o trabalho do Espírito Santo em nossos corações.
Não há qualquer condenação no evangelho, porque Jesus, pelo evangelho que nos trouxe, ou
seja, por esta maravilhosa notícia, que é o significado desta palavra no original grego do
Novo Testamento, tem se oferecido para ser a nossa justiça, de modo que Deus possa se
agradar de nós e se reconciliar conosco.
A rejeição do evangelho. Desta oferta de justiça da pessoa de Jesus, tão graciosa, é que traz condenação.
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3 - A Ilustração da Salvação em Cristo na Cura de Naamã
Nós aprendemos do relato de II Reis 5, que os
dons de Deus não podem ser comprados pelo homem.
A Sua graça não pode ser vendida pelos Seus
ministros, porque eles têm recebido de graça da parte do Senhor os dons com os quais devem
servir aos homens.
O que foi recebido pela graça deve ser ministrado pela mesma graça.
É basicamente este ensino que nos é dado em quase tudo o que é narrado no quinto capítulo de
II Reis.
“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de
graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10.8).
Não é dito qual era o rei de Israel na época em
que Naamã foi curado da sua lepra, e não podemos fazer qualquer afirmação neste
sentido, porque o ministério de Eliseu foi extenso e durou cerca de cinquenta anos,
abrangendo os reinados de Jorão, Jeú e Jeoacaz, e nenhum destes reis andou nos caminhos do
Senhor, de modo que não ficassem sujeitados ao juízo determinado do Senhor de entregá-los nas
mãos da Síria, por causa do pecado de Israel, que
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nunca se desviou do pecado de adoração dos bezerros de ouro que havia sido introduzido por
Jeroboão desde a inauguração do Reino do Norte.
E nós vemos no primeiro versículo deste
capitulo que fora pela graça de Deus que Naamã, general da Síria obteve vitória sobre o próprio
povo de Israel, em razão de ter sido o instrumento escolhido do Senhor para castigar
o pecado de Israel. Na expressão que lemos no referido verso: “porque por ele o Senhor dera
livramento aos sírios”, a palavra usada para livramento no original hebraico é teshuah, que
significa vitória, livramento, socorro, salvação.
Sendo ele general do exército da Síria veio a obter com isto a reputação de ser um grande
homem diante do seu rei, e era muito respeitado por todos.
Apesar de ser leproso o Senhor fizera dele um valente na guerra (v 1b).
E do verso 2 nós depreendemos que havia sido
feito por Naamã mais do que uma investida sobre o território de Israel, e alguns israelitas haviam sido tomados para serem escravos na
Síria, e dentre estes Naamã colocou uma jovem israelita a serviço de sua esposa.
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A preocupação desta jovem com a saúde de Naamã dá testemunho do tratamento humano e
bondoso que ela recebia na sua casa, pois não somente se preocupou pelo bem estar dele
como disse à sua senhora que se ele procurasse o profeta que estava em Samaria, fazendo
referência a Eliseu, certamente seria curado da sua lepra (v. 2, 3).
Naamã reportou ao rei da Síria todas as palavras
da sua serva (v. 4), tendo obtido não apenas permissão do rei para ir a Israel como também
se dispôs a escrever uma carta ao rei de Israel (v. 5), na suposição de que ele saberia o que fazer
em relação à cura da sua lepra.
Os reis de Israel não tinham em alta estima o ministério dos profetas porque estes
protestavam contra os seus pecados, e do povo, mas seria de se esperar o contrário, porque
aqueles que falam da parte de Deus para o Seu próprio povo deveriam ser não apenas
estimados como também ouvidos e obedecidos.
Naamã estava tão esperançoso da sua cura, que
levou consigo, como forma de demonstrar sua gratidão ao profeta, ao qual esperava ser
enviado pelo rei de Israel, dez talentos de prata, e seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa (v.
5).
Para que se tenha uma ideia da riqueza que ele
pretendia dar ao profeta, um talento pesava
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cerca de 35 kg, então ele levava nada menos do que o valor em moedas que correspondiam a
350 kg de prata.
Como o siclo correspondia aproximadamente a 12 g, o valor em ouro que Naamã daria a Eliseu
seria equivalente a cerca de 72 kg de ouro.
Além disto lhe daria ainda dez mudas de roupa
novas.
Quando o rei de Israel leu a carta que lhe enviara o rei da Síria, que dizia: “Logo, em chegando a ti
esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures da sua lepra.”, ele rasgou
as suas vestes e pensou que ele estava procurando um pretexto para guerrear contra
ele.
Ele declarou que não era Deus para que pudesse fazê-lo, mas não havia nenhuma verdadeira
humildade e reconhecimento da parte dele nisto, da glória que é devida ao Senhor, porque
se tivesse de fato o verdadeiro temor de Deus ele saberia a quem deveria recorrer para que a cura
fosse efetuada.
Todavia, alguém na corte sabia o que fazer, apesar de o rei ímpio não sabê-lo, e o fato chegou
ao conhecimento de Eliseu, e não seria de se estranhar que ele tivesse enviado uma
mensagem ao rei de Israel repreendendo-o por
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ter rasgado as suas vestes, em vez de ter enviado Naamã a ele para que soubesse que os
verdadeiros profetas de Deus viviam em Israel (v. 8).
Iniciamos o comentário do quinto capítulo de II Reis afirmando que os dons de Deus são
gratuitos mas a concessão deles raramente deixa de colocar à prova a nossa fé.
O Senhor faz com isto que valorizemos estes
dons, que façamos aquilo que muitas vezes contraria a própria natureza como prova de
demonstração da nossa completa confiança nas Suas promessas.
E com Naamã a bênção seguiria a regra da
provação da fé, e não a exceção, do recebimento do dom e da misericórdia sem a necessidade do
concurso da fé.
Aquela cura ilustraria o modo da salvação
espiritual. Porque é por simplesmente confiar na Palavra de Deus no evangelho, e recebê-la
por graça e mediante a fé, que a cura do nosso espírito que se encontra morto, é efetuada, e por
nada mais.
O nome do Deus de Israel seria glorificado naquela cura, a ponto de vir a ser referida no
futuro pelo próprio Jesus, como prova da fé que se espera daqueles que se aproximam de Deus
(Lc 4.27).
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E não somente a fé de Naamã seria provada, como ele seria curado ao mesmo tempo de uma
religiosidade falsa, de orgulho, de presunção e de outras atitudes pecaminosas, quando tivesse
que reagir ao método que Eliseu lhe apresentou para ser curado, e a maneira como recepcionou
o general sírio, uma vez que este viera ter com profeta já com toda uma ideia preconcebida quanto ao modo como seria recebido e curado.
Jamais passou pela sua mente a possibilidade de
sequer o profeta vir à sua presença, e ainda lhe enviar um mensageiro lhe ordenando que
mergulhasse sete vezes no rio Jordão para que fosse purificado da sua lepra (v. 9 11).
A fé de Naamã não foi destruída com esta dura
prova, mas ela foi detida pela sua perplexidade e indignação.
Questionar os métodos de Deus nunca é bom para a nossa fé.
E de igual modo, o orgulho, a ira e a indignação
nos impedem de desfrutar das bênçãos do Senhor.
Mandar um leproso mergulhar num rio, e não
apenas uma vez, mas sete, não é um caminho lógico e natural para curar a lepra de alguém,
porque a água em vez de ajudar na cura, poderia, naquelas condições, até mesmo agravar a
doença pelo amolecimento das feridas.
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Por outro lado, Naamã esperava ser recebido como um general, mas na presença dos
ministros de Deus, quando estes estão a Seu serviço, todos os homens não são apenas iguais,
como aquele que deve ter a precedência da honra é aquele que está ministrando na
presença do Senhor, e não aquele que está buscando a bênção de Deus, através dos Seus ministros.
Naamã chegou até mesmo a desprezar por um
momento o país que o abençoaria, porque desdenhou as águas do Jordão comparando a
inferioridade da qualidade delas às dos rios da Síria.
Ele se deixou levar pela lógica e não pela fé,
porque se a cura demandaria um mergulho em um rio, porque não lhe foi pedido que o fizesse
em sua própria terra e em águas melhores?
Entretanto, o caminho da fé não é o caminho da lógica.
A vida será sempre dura e difícil para aquele que
não se submeter ao caminho estreito da obediência que nos é exigida pelo Senhor, para
um viver abençoado.
Na verdade há um grande perigo até mesmo de perdição eterna para aqueles que em vez de se
submeterem ao caminho de se obter a justiça de
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Deus, que é pela graça, mediante a fé, acabam nunca alcançando a salvação de suas almas por
tentarem estabelecer o seu próprio caminho ou aquele que receberam por tradição de seus pais,
e que seja diferente daquele que é estabelecido pelo Senhor na Sua Palavra.
A luta com Naamã era exatamente esta de abandonar o caminho da cura que ele havia
elaborado pela sua própria imaginação para acatar o que estava sendo proposto pelo profeta.
Ele havia inclusive decidido não se submeter à
palavra do profeta e retornar à sua terra, quando a Providência usou os próprios servos de Naamã
para considerar que nenhuma coisa difícil havia sido pedida a ele.
Era exatamente por não ter sido difícil que ele a
estava rejeitando.
Muitos deixam de ser abençoados pelo Senhor porque não admitem que seja realmente tão
fácil o caminho que Deus estabeleceu para recebermos coisas tão preciosas infinitas, como
a própria salvação das nossas almas, a saber, o único caminho da fé, e realmente da fé somente.
Nada além da fé, porque o que passa da fé
naquilo que é pedido por Deus para a nossa justificação e regeneração (novo nascimento) já
é desobediência e rebelião.
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A nós cumpre somente fazer o que Ele determinou e o resto Ele fará, para honrar a
nossa fé naquilo que a Sua boca tem proferido.
Deus tem afirmado na Bíblia que é o evangelho, a fé do evangelho, o Seu poder para a salvação de
todo aquele que nele crer.
Todavia, há passos a serem cumpridos por nós
para a confirmação dessa fé salvadora. Primeiro arrependimento, depois confiança total no
Senhor Jesus, e ainda um caminhar perseverante de degrau a degrau, no processo
da santificação.
Veja o caso de Naamã, que não poderia ter mergulhado menos do que sete vezes seguidas
no Jordão, porque seis vezes apesar de ser um número muito próximo de sete, não era ainda o
cumprimento do que fora ordenado.
É bem provável e quase certo que cada mergulho dado por ele não lhe trouxe nenhuma
evidência de melhora até que desse o sétimo.
É possível que tenha havido uma grande luta entre a sua mente racional e a obediência da fé,
porque não podemos descartar a possibilidade de ter pensado até mesmo que poderia estar
sendo zombado e ludibriado à medida que mergulhava e não obtinha qualquer evidência
de cura.
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Isto pode parecer um método cruel, mas o Senhor sabe muito bem o que cada um de nós
precisa para ser curado da lepra da incredulidade e do orgulho, de modo que
venhamos a andar humilde e obedientemente na Sua presença.
Tendo sido curado, Naamã voltou à presença de
Eliseu e pôs-se diante dele afirmando que agora sabia que o único e verdadeiro Deus era o de
Israel (v. 15) e instou que Eliseu recebesse como expressão da sua gratidão todos os presentes
que havia trazido consigo da Síria, mas o profeta recusou recebê-los e permaneceu firme na sua
decisão apesar de Naamã ter insistido com ele para que os recebesse (v. 15, 16).
Este testemunho da graça divina manifestado
na recusa do profeta de receber algo em troca pela cura, ainda que fosse em forma de gratidão,
reforçou em Naamã a certeza que havia somente um Deus verdadeiro, e que as nações
que têm muitos deuses, não servem a nenhum Deus verdadeiro.
Ele veio então a fazer uma outra declaração na presença de Eliseu que atestava a genuidade da
sua fé e conversão, porque se dispôs a levar da terra de Israel para a Síria, certamente para
construir um altar no qual pudesse oferecer sacrifícios Àquele que reconheceu como sendo
o único que era digno de recebê-los, porque
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estava determinado a nunca mais oferecer holocausto nem sacrifico a outros deuses, senão
somente ao Senhor (v. 17).
Ele foi sincero ainda diante de Eliseu ao lhe dizer, não para justificar o que teria que
continuar fazendo na Síria, mas para que fosse apresentado pelo profeta por ele em intercessão
ao Deus de Israel, o fato de ter que acompanhar o rei da Síria, na qualidade de um oficial do
reino, e não de um religioso devotado, nas ocasiões oficiais que ele tinha que comparecer
ao templo do deus sírio, Rimom.
Ele disse isto para demonstrar que não o faria para honrar o falso deus, pois sabia que só há um
único e verdadeiro Deus, a saber, o de Israel, mas faria por conta de sua obrigação de honrar
o rei de sua terra.
Assim, Naamã disse a Eliseu que esperava ser
perdoado pelo Senhor quanto a este constrangimento ao qual ele estaria obrigado a
fazer por conta do seu ofício.
O profeta, em sua sabedoria, não lhe impôs qualquer carga, nenhum tropeço àquele novo
convertido, dizendo-lhe apenas “vai em paz”, como a dizer, a paz do Senhor será contigo
apesar disto, pois, em sua experiência sabia a quantos constrangimentos muitos servos de
Deus estão expostos neste mundo.
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Nós pensamos por exemplo nos policiais que são obrigados a fazer segurança de casas
noturnas, sendo verdadeiros crentes.
Eles devem cumprir a sua função enquanto se guardam de se contaminar com o pecado do
ambiente, que por força das circunstâncias, são obrigados a vigiarem.
Como em toda conversão genuína o diabo nunca se dá por satisfeito, enquanto não
conseguir desviar o novo convertido da fé, quer pelos ataques diretos que faz contra eles em
relação aos mandamentos de Deus, arrazoando que os que servem ao Senhor não são em nada
diferentes dos que são do mundo, despertou a cobiça de Geazi, o moço de Eliseu.
Mas é possível Naamã tenha tido conhecimento
posteriormente que Geazi ficara leproso, e que fora dito por Deus pelo Seu profeta, que aquela
lepra de Geazi era a mesma que estava anteriormente nele, e que não estaria somente
em Geazi, mas em toda a sua descendência, de modo que o testemunho do profeta
permaneceria verdadeiro, pelo fato de ter dito a Naamã que não receberia nenhum dos seus
presentes porque esta era a vontade de Deus naquele caso.
Geazi mentiu em nome do próprio Eliseu, dizendo que por força das circunstâncias de
uma visita inesperada havia pedido a Naamã
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uma parte daqueles presentes que havia trazido com ele.
Ele somente não pediu tudo, provavelmente, para não levantar qualquer tipo de desconfiança
no general sírio.
Mas cobiçando herdar um dinheiro que o
próprio Deus havia recusado porque estava em jogo um bem muito mais precioso que era a
alma do próprio Naamã, Geazi acabou herdando a lepra de Naamã e é bem possível que tenha
ficado até mesmo sem os bens, porque certamente Eliseu deve ter determinado que
tudo fosse devolvido ao seu legítimo dono.
“Ajuntar tesouros com língua falsa é uma
vaidade fugitiva; aqueles que os buscam, buscam a morte.” (Pv 21.6).
Geazi cometeu o mesmo pecado de Ananias e Safira, que foi o de mentir em assuntos
envolvendo o nome de Deus, para obter vantagem pessoal, escondendo a sua própria
cobiça, e achou com isto um juízo de morte.
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4 - A Serpente de Bronze Levantada
Por Charles Haddon Spurgeon, traduzido e
adaptado por Silvio Dutra.
Pr Silvio Dutra
Porções das Escrituras lidas antes do Sermão: Números 21:4-9; João 3: 1-18.
Eu pensei que a melhor maneira que eu poderia expressar a minha gratidão a Deus, pelo sermão
de número 1.500 a que chegamos, seria pregar novamente Jesus Cristo, e apresentá-lo em um
sermão no qual o simples evangelho é exposto tão simples como o alfabeto de uma criança.
Espero completar a lista de 1500 sermões, com este que lhes prego agora, o Senhor me dará
uma palavra que vai ser mais abençoada do que qualquer outra que a precedeu, para a
conversão daqueles que a ouçam ou a leiam. Que aqueles que estão mergulhados nas trevas,
porque eles não entendem a gratuidade da salvação e o método fácil pelo qual pode ser
obtida, são trazidos à luz pela descoberta do caminho da paz por meio da fé em Cristo Jesus.
Desculpe este prelúdio, minha gratidão não iria deixar-me abster de expressá-la.
Passemos agora ao nosso texto e à serpente de bronze. Se você procurar no Evangelho de João,
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você vai notar que seu início contém uma espécie de lista ordenada de tipos tomados a
partir da Sagrada Escritura. Começa com a criação. Deus disse: "Haja luz", e João começa por
afirmar que Jesus, o Verbo eterno, é "a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem
ao mundo." Antes de concluir seu primeiro capítulo, João introduziu um tipo proporcionado por Abel, porque quando o Batista viu que
Jesus vinha para ele, disse: ". Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" E ele não
terminou o primeiro capítulo antes de nos lembrar da escada de Jacó, pois descobrimos
que nosso Senhor disse a Natanael: "vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do Homem". Quando chegamos ao terceiro capítulo, já temos avançado tão longe
como o fez Israel no deserto, e lemos as palavras de alegria, "E como Moisés levantou a serpente
no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. "
Vamos falar hoje sobre este ato de Moisés, para que todos nós, possamos contemplar a serpente de bronze e comprovar que a promessa é
verdadeira, "Qualquer um que for mordido e olhar para ela, viverá." Pode ser que vocês, que a
tenham olhado antes, obtenham um novo benefício ao olharem para ela novamente,
enquanto alguns que nunca voltaram seus olhos
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nessa direção, possam olhar firmemente o Salvador levantado, e poderem ser salvos do
veneno abrasador da serpente neste dia, desse veneno mortal do pecado que agora se
esconde em sua natureza, e que gera morte em suas almas. Que o Espírito Santo faça que esta
palavra seja eficaz para esse fim misericordioso.
I. Lhes convido para analisarem o tema, primeiro, vendo a PESSOA em perigo mortal,
para o qual a serpente de bronze foi feita e levantada. Nosso texto diz: "E quando alguma
serpente mordia alguém, olhava para a serpente de bronze, e vivia."
Notemos em primeiro lugar, que as serpentes abrasadoras chegaram em meio do
povo, porque esse povo tinha desprezado o caminho de Deus e do pão de Deus. "E o povo
ficou desanimado pelo caminho." Era o caminho de Deus, Ele o tinha escolhido para eles, e tinha
escolhido em sabedoria e misericórdia, mas eles murmuraram contra o caminho. Como
afirma um velho teólogo, "Era longo e solitário", mas mesmo assim, era o caminho de Deus e,
portanto, não era para ser desagradável: Sua coluna de fogo e de nuvem ia adiante deles,
e seus servos Moisés e Arão os levou como um rebanho, e deveriam haver-lhes seguido
alegremente. Cada passo de sua jornada tinha sido previa e corretamente ordenado, e
deveriam ter estado extremamente seguros de
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que esse desvio da terra de Edom, foi também ordenado corretamente.
Mas não, eles brigaram com o caminho de Deus e queriam seguir o seu próprio caminho. Esta é
uma das loucuras permanentes dos homens: não podem simplesmente esperar no Senhor e
seguirem o seu caminho, mas preferem uma vontade e um caminho próprios.
O povo também discutiu com o alimento de Deus. Ele lhes forneceu o melhor dos melhores,
porque "pão de nobres comeu o homem", mas se referiram ao maná com um título infamante,
que em hebraico contém um sentido de ridículo, e até mesmo em nossa tradução
transmite a ideia de desprezo. Eles disseram: "Nossa alma abomina este pão vil" como o
considerando inútil e útil apenas para inflá-los, porque era de fácil digestão, e não produzia
neles esse calor do sangue e a tendência às doenças que uma dieta mais pesada teria produzido.
Estando insatisfeitos com o seu Deus, eles discutiram com o pão que ele colocou em sua
mesa, embora superasse qualquer outro que o mortal, houvesse comido, antes ou depois.
Esta é a obra da insensatez do homem, seu coração se recusa a se alimentar da palavra de
Deus ou crer na verdade de Deus. O homem aprecia o alimento da carne e da razão carnal, os
alhos da tradição supersticiosa, e os pepinos da
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especulação. E não pode tolerar que sua mente se rebaixe para crer na Palavra de Deus, ou
aceitar uma verdade tão simples, tão adequada à capacidade de uma criança.
Muitas pessoas exigem algo mais profundo que
o divino, mais profundo do que o infinito, mais liberal do que a graça imerecida. Brigam com o
caminho de Deus, e com o pão de Deus, e por isso se apresentam entre eles as serpentes
ardentes da concupiscência maligna, e da soberba do pecado.
Eu poderia estar me dirigindo a algumas pessoas que até agora têm brigado com os
preceitos e doutrinas do Senhor, e eu afetuosamente quisera lhes advertir que sua
desobediência e presunção levarão ao pecado e ao desespero. Os rebelde contra Deus são
propensos a se tornarem cada vez piores. As modas e correntes do pensamento encorajam os vícios e os crimes do mundo. Se desejamos os
frutos do Egito, em breve teremos de enfrentar as cobras do Egito. A consequência natural de
nos voltarmos contra Deus, como serpentes, é encontrar serpentes que aparecem no nosso
caminho. Se abandonamos o Senhor em espírito ou na doutrina, a tentação porá uma emboscada
em nosso caminho e o pecado morderá nossos pés.
Eu lhes peço que observem cuidadosamente
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que aqueles para quem a serpente de bronze foi levantada especialmente, já haviam sido
mordidas pelas serpentes. O Senhor enviou serpentes abrasadoras àquelas pessoas, porém
não foi porque as serpentes estavam entre eles que ordenou o levantamento de uma serpente
de bronze, mas porque as cobras realmente lhes haviam mordido, o que O levou a prescrever um remédio. "E quem foi mordido e olhar para ela,
viverá." As únicas pessoas que realmente olharam e tiveram o beneficio da cura
maravilhosa levantado no meio do acampamento foram aqueles que haviam sido
mordidos pelas serpentes.
A noção comum é que a salvação é que a
salvação é para pessoas boas, que a salvação é para aqueles que lutam com a tentação, que a
salvação é para aqueles que estão espiritualmente saudáveis, mas quão diferente
é a palavra de Deus. O remédio de Deus para os enfermos e Sua saúde é para aqueles que sofrem
doenças. A graça de Deus dada por meio da expiação de nosso Senhor Jesus Cristo, é para os
homens que são efetiva e realmente culpados.
Não pregamos uma salvação sentimental de
uma culpa imaginária, mas um perdão real e verdadeiro de ofensas reais. Eu não me importo
nada com supostos pecadores, que nunca fizeram nada de errado, que são tão bons
interiormente que estão perfeitamente bem,
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não tenho nada a ver com vocês, porque eu sou enviado para pregar Cristo para aqueles que
estão cheios de pecado, e são dignos da ira eterna. A serpente de bronze era um remédio
para aqueles indivíduos que tinham sido realmente mordidos.
Que coisa terrível é ser mordido por uma cobra
peçonhenta! Ouso dizer que alguns de vocês se lembram do caso de Gurling, um dos guardiões dos répteis do zoológico. O incidente ocorreu
em outubro de 1852, e, portanto, alguns de vocês podem lembrar. Este homem infeliz estava
prestes a dizer adeus a um amigo que estava viajando para a Austrália, segundo o costume de
muitos, tinha de beber com o amigo. Ele bebia grandes quantidades de gin, mas
provavelmente teria ficado muito bravo se alguém tivesse dito que ele estava bêbado, no
entanto, razão e bom senso, obviamente, tinham sido submetidos. Ele retornou ao seu
posto no zoológico num estado de excitação. Alguns meses antes tinha visto uma exibição de
encantadores de serpentes, que ainda permaneciam em seu pobre
cérebro estupefato. Devia imitar os egípcios, e brincar com cobras. Primeiro tirou da sua gaiola
uma cobra venenosa de Marrocos, que colocou em volta do pescoço, e deixou-a enroscar-se
em seu corpo. Felizmente para ele, não acordou o suficiente para mordê-lo. O guarda
assistente gritou: "Por Deus, solte a cobra", mas
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o tolo respondeu: "Eu estou inspirado." Esta serpente letal estava um pouco letárgica por
causa do frio da noite anterior e, portanto, o imprudente a colocou em seu peito até que ela
se reanimou, e deslizou para baixo e sua cabeça saiu na parte traseira do seu colete. Ele tentou
segurá-la pela cauda para girá-la em torno de sua cabeça. Ele a segurou por um instante contra a sua face, e como o relâmpago, a cobra o
mordeu no meio dos olhos. O sangue correu em torrentes pelo seu rosto, e pediu ajuda, mas seu
companheiro fugiu horrorizado e, segundo declarou ao júri, não sabia quanto tempo esteve
ausente, porque ficou perplexo. Quando a ajuda chegou, Gurling estava sentado numa cadeira,
depois de ter colocado a serpente na gaiola. Ele disse: "Sou um homem morto". Eles o colocaram
numa carruagem e o levaram para o hospital. Primeiro perdeu a fala e só podia gemer, então a
visão lhe falhou, e perdeu a audição. Sua taxa de pulso diminuía gradualmente, e dentro de uma
hora a partir do momento que ele tinha sido mordido, era um cadáver. Só havia uma
pequena marca na ponta do seu nariz, mas o veneno se espalhara pelo seu corpo, e morreu.
Conto essa história para usá-la como uma
parábola e aprendam a não brincarem com o pecado, e também para apresentar vividamente
para vocês no que consiste ser mordido por uma cobra. Suponham que Gurling pudesse ter sido
curado se ele tivesse olhado para uma peça de
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bronze, não teria sido uma boa notícia para ele? Não havia nenhum remédio para essa pobre
criatura orgulhosa, porém há um remédio para vocês. Jesus Cristo foi levantado na cruz para
que os homens que foram mordidos pelas serpentes venenosas do pecado: não somente
para vocês que ainda estão brincando com a serpente, não somente para vocês que a têm abrigado em seus peitos, sentindo-a deslizar
sobre a sua pele, mas para vocês que foram realmente mordidos e estão mortalmente
feridos. Se alguém é mordido de tal forma, que se enferme pelo pecado, e sente o
mortífero veneno em seu sangue, Jesus está exposto hoje para ele. A graça soberana fornece
um remédio, mesmo para os casos considerados extremos.
A mordida da serpente era dolorosa. O texto
bíblico nos informa que essas cobras eram "abrasadoras", que pode se referir, talvez, à sua
cor, mas mais provavelmente se refere aos efeitos de queima de seu veneno. Esquentava e
acendia o sangue de tal forma que cada veia se tornava um rio fervente e crescido pela
angústia. Em alguns homens o veneno de víboras que chamamos de pecado, tem
inflamado suas mentes. Eles estão inquietos, insatisfeitos e cheios de medo e de ansiedade.
Escrevem sua própria condenação, eles têm certeza de que estão perdidos, e recusam todas
as boas notícias de esperança. Não conseguimos
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que prestem uma atenção calma e sóbria para a mensagem da graça. O pecado produz neles tal
terror, e eles se dão como mortos. Em sua própria compreensão são, como disse David,
"Deixados entre os mortos, como os mortos à espada que jazem no sepulcro, dos quais você
não se lembra agora." A serpente de bronze foi levantada para os homens mordidos pelas serpentes ardentes, e Jesus é pregado aos
homens envenenados de fato pelo pecado. Jesus morreu por aqueles que se encontram
totalmente desesperados: por aqueles que não conseguem pensar retamente, por aqueles
cujas mentes são agitadas de cima para baixo, por aqueles que já estão condenados. Foi pelos
tais que o Filho do homem foi levantado na cruz. Que coisa tão confortável é que possamos dizer-
lhes isso.
A picada dessas serpentes era, como eu lhes
disse, mortal. Os israelitas não poderiam ter qualquer dúvida sobre isso, porque em sua
própria presença "muita gente de Israel morreu." Viram morrer pelas picadas das
cobras, seus próprios amigos e até ajudaram a enterrá-los. Eles sabiam por que eles morreram
e tinham certeza de que era porque o veneno das cobras ardentes corria pelas suas veias. Eles não
tinham nenhuma desculpa para imaginarem que poderiam ser mordidos e ainda viverem.
Agora, sabemos que muitos têm perecido como
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resultado do pecado. Nós não temos nenhuma dúvida sobre o que o pecado vai fazer, pois a
palavra infalível nos ensina que "o salário do pecado é a morte", e também que "o pecado,
sendo consumado, gera a morte." Sabemos também que esta morte é uma miséria sem fim,
pois a Escritura descreve os perdidos como sendo lançados nas trevas exteriores ", onde o seu verme não morre e o fogo não se apaga".
Nosso Senhor fala dos condenados que irão para o castigo eterno, onde haverá choro e ranger de
dentes. Nós não temos nenhuma dúvida sobre isso, e a maioria daqueles que duvidam disso,
são aqueles que temem que será a sua própria porção, eles sabem vão descer à dor eterna e,
portanto, tentam fechar os olhos para a sua condenação inevitável.
Oh, quão terrível é encontrar bajuladores no púlpito para incentivar o seu amor ao pecado
tocando a mesma melodia. Nós não estamos em sua classe. Acreditamos no que o Senhor tem
dito com toda a solenidade de terror, e, conhecendo os terrores do Senhor, procuramos
persuadir os homens a fugirem disso.
Todavia era para os homens que tinham
experimentado a mordida mortal, para os homens sobre cujos rostos pálidos a morte
começou a colocar o seu selo, para os homens cujas veias estavam queimando com esse
terrível veneno da serpente. Foi para eles que
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Deus disse a Moisés, "Faça uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste, e qualquer
que tenha sido mordido e olhar para ela, viverá."
Não há nenhum limite fixado para o grau de envenenamento, não importa o quanto ele
tenha avançado, o remédio ainda teria poder. Se uma pessoa tivesse sido mordida um instante
antes, e ainda que tenha visto apenas algumas gotas brotando, e somente sentiu um pouco de
dor, poderia olhar e viver, e se tivesse esperado, infelizmente esperado, ainda por meia hora, e
fala lhe faltasse, e o pulso ficasse enfraquecido, mas se pudesse olhar, viveria imediatamente.
Não havia limites para o poder deste remédio divinamente ordenado.
A promessa não continha uma cláusula condicional: "Qualquer um que for mordido e
olhar para ela, viverá", e nosso texto nos diz que a promessa de Deus foi aplicada em cada caso,
sem exceção, pois lemos: "E quando uma serpente mordia alguém, olhava para a serpente
de bronze, e vivia ". Assim, então, eu descrevi a pessoa que estava em perigo mortal.
II. Em segundo lugar, consideremos o remédio fornecido para essa pessoa. Este era tão singular com efetivo. Foi puramente de origem divina, e
é claro que a sua invenção, e capacitação foram inteiramente de Deus.
Não havia remédio algum para as picadas das
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serpentes de fogo no deserto, exceto aquele que Deus havia fornecido, e à primeira vista, esse
remédio deve ter parecido loucura. Um simples olhar sobre a figura de uma serpente sobre uma
haste! Quão improvável era que funcionasse!
Como e por que meios poderia se efetuar uma cura por simplesmente olhar para uma peça de
bronze retorcida? Parecia, de fato, que era quase uma piada convidar os homens a olharem aquilo que tinha causado a sua desgraça. Por acaso se
poderia curar a mordida de uma cobra, olhando para uma serpente? Traria vida aquilo que
causou a morte? Porém, é nisto que residia a excelência do remédio, que era de origem
divina, pois quando Deus ordena uma cura, está obrigado, por esse mesmo fato, a colocar uma
força nela. Ele não conceberia um fracasso, ou prescreveria um escárnio. A nós sempre nos
bastará saber que Deus ordena um modo de bênção para nós, pois se Ele ordena, tem que se
cumprir o resultado prometido. Não necessitamos saber como funcionará,
basta-nos que a poderosa graça de Deus esteja empenhada em fazer o bem às nossas almas.
Este remédio particular de uma serpente levantada numa haste era muito instrutivo,
embora eu não ache que Israel teria entendido. Nós temos recebido o ensinamento de nosso
Senhor e sabemos o seu significado. Se tratava de uma serpente enrolada numa haste. E assim
como tomarias uma haste pontiaguda para
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perfurar a cabeça de uma cobra para matá-la, de igual modo a serpente de bronze foi mostrado
como estando morta e pendurada sem vida à vista de todos. Era a imagem de uma cobra
morta.
É a maravilha das maravilhas que o nosso Senhor Jesus Cristo se rebaixou ao ser
simbolizado por uma cobra morta. A instrução para nós, depois de ler o Evangelho de João, é esta: o nosso Senhor Jesus Cristo, em
humilhação infinita, se dignou a vir ao mundo, e concordou em se fazer maldição para nós. A
serpente de bronze não teria veneno em si, mas tomou a forma de uma serpente ardente. Cristo
não é um pecador, e não há pecado nele, mas a serpente de bronze tinha a forma de uma
serpente, e da mesma maneira, Jesus foi enviado por Deus "à semelhança da carne do
pecado". Ele veio sob a lei, e o pecado Lhe foi imputado, e, portanto, caiu sob a ira e maldição
de Deus por nossa causa. Em Cristo Jesus, se você olhar para a cruz, você vai ver que o pecado
é mortalmente ferido e pendurado como uma cobra morta, também ali a morte é vencida,
porque "Jesus Cristo ... aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade" : e ali também a
maldição é para sempre cancelada porque Ele a carregou, sendo "feito maldição por nós (porque
está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro)." Então, estas serpentes
são pendurados na cruz como um espetáculo
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para todos os espectadores, todas mortas por nosso Salvador agonizante. O pecado, a morte e
a maldição agora são como serpentes mortas.
Oh, que visão! Se pudessem vê-lo, que prazer lhes proporcionaria. Se os hebreus tivessem
compreendido o significado desta cobra morta pendurada numa haste, lhes
haveria profetizado o quadro glorioso a nossa fé contempla neste dia: Jesus sacrificado, e o
pecado, a morte e o inferno mortos nEle. Então o remédio que devia ser contemplado era
sumamente instrutivo, e sabemos que a instrução foi concebido para nos ser
comunicada.
E não se tratava apenas de se olhar para uma
serpente de bronze, porque era necessário ter fé que aquele remédio estranho provido por Deus,
seria realmente o suficiente para livrar da morte da picada mortal. Os que desconfiassem da eficácia do remédio, pela sua simplicidade, e
não olhassem para a serpente de bronze, morreriam. E assim, também morrerão
eternamente, todos aqueles, que estando feridos pela picada mortal do diabo e do pecado,
se recusam a olhar para o Cristo crucificado.
Assim, a instrução a ser comunicada aos pecadores, pela figura da serpente de bronze, é
a de que Deus os livra da morte por se ter fé, que simplesmente olharem para o Cristo que foi
levantado e morto na cruz, os salva da própria
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morte eterna deles, porque Ele destruiu o veneno do pecado, a maldição e perfurou a
cabeça da velha serpente, o diabo, quando morreu por nós na cruz.
Lembre-se que em todo o acampamento de
Israel não havia senão apenas um remédio para a picada de cobra, e que remédio era a serpente
de bronze, e só havia uma serpente de bronze, não duas. Israel não podia fazer outra. Se eles
fizessem uma segunda serpente, não teria nenhum efeito: havia uma cobra, e apenas uma,
a que foi erguida no centro do acampamento, de modo que se alguém foi mordido por uma cobra
poderia olhá-la e viver.
Há um Salvador e somente um. Não há outro
nome debaixo do céu dado entre os homens pelo qual possamos ser salvos. Toda a graça está
concentrada em Jesus, de quem, lemos: "aprouve ao Pai que, nele, residisse toda a plenitude." Cristo suportou a maldição e acabou
com a maldição, Cristo foi ferido no calcanhar pela velha serpente, mas esmagou a cabeça da
serpente: é somente Cristo que devemos olhar, se queremos viver. Oh pecador, olha para Jesus
na cruz, pois Ele é o único remédio para todas as formas de feridas envenenadas de pecado.
Havia apenas uma serpente curadora, e esta era resplandecente e brilhante. Era uma serpente
de bronze, e bronze é um metal brilhante. Foi
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um bronze forjado e, portanto, não estava obscurecido, e sempre que o sol brilhava,
refletia um brilho que vinha da serpente. Poderia ter sido uma cobra feita de madeira ou
qualquer outro metal, se Deus tivesse ordenado isso, mas ele ordenou que ela deveria ser de
bronze, para que estivesse cheia de brilho.
Que grande brilho há em nosso Senhor Jesus Cristo! Se simplesmente o expusermos em seu
próprio metal verdadeiro, é brilhante aos olhos dos homens. Se pregamos simplesmente o
evangelho, e não pensamos em decorá-lo com nosso pensamento filosófico, veremos que há
suficiente brilho em Cristo para captar o olho do pecador, e realmente chama a atenção de
milhares de pessoas. O Evangelho Eterno brilha de longe, na pessoa de Cristo. Assim como o
estandarte de bronze refletia a luz solar, assim também Jesus reflete o amor de Deus pelos
pecadores, e vendo-O, olham pela fé e vivem.
Além disso, este remédio era duradouro. Era uma serpente de bronze, e suponho que
permaneceu no meio do acampamento desde aquele dia. Foi inútil depois que Israel entrou
em Canaã, mas enquanto no deserto, provavelmente foi exibida no centro do
acampamento, perto da porta do tabernáculo, sobre um estandarte elevado. No alto e aberta a
todos os olhos, pendia essa imagem de uma serpente morta: a cura perpétua para o veneno
de serpentes. Se tivesse sido feita a partir de
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outros materiais, poderia ter-se quebrado, ou poderia ter sido destruída, mas uma serpente de
bronze duraria enquanto as serpentes abrasadoras importunassem o acampamento
no deserto. Quando um era mordido, ali estava a serpente de bronze para curá-lo.
Que conforto é este, que Jesus ainda salva
perpetuamente a todos os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para
interceder por eles. O ladrão moribundo viu o brilho da serpente de bronze, quando ele olhou
para Jesus pendurado ao seu lado, e foi salvo, e assim como você e eu podemos olhar e viver,
porque "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e pelos séculos dos séculos. "
"Minha cabeça desfalecida e meu coração fraco doente,
Ferido, todo machucado,
Eu sinto o aguilhão ardente de Satanás
Envenenado com o orgulho do inferno:
Mas se à beira da morte,
Dirijo meus olhos para o alto,
Eu vejo Jesus levantado,
E eu vivo por Ele, que morreu por mim. "
Espero que não obscurecer o meu tema com estas figuras. Eu não quero fazer isso,
mas apresentá-los claramente. Para todos os que sejam realmente culpados, para todos os
que foram mordidos pela serpente, o remédio
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certo é olhar para Jesus Cristo, que tomou sobre si os nossos pecados e morreu no lugar do
pecador ", “Aquele que não conheceu pecado, se fez pecado por nós, para que fôssemos
feitos justiça de Deus nele. " O único remédio de vocês está em Cristo e em nenhum outro lugar.
Olhem para Ele e sejam salvo.
III. Somos levados a considerar agora, em terceiro lugar, a aplicação do remédio ou o elo
entre o homem mordido pela serpente e a serpente de bronze iria curá-lo. Qual era o
vínculo? Era o tipo mais simples imaginável. A serpente de bronze poderia ser levada pela
ordem de Deus, aonde estava o enfermo pela picada, mas não foi assim.
O remédio poderia ter sido aplicado por fricção:
poderia se esperar que o mordido fizesse alguma forma de oração repetitiva, ou que o
sacerdote realizasse uma cerimônia, porém não havia nada disso, o enfermo somente deveria olhar.
Foi bom que a cura fosse tão simples, porque o perigo era generalizado. As picadas de cobras
foram dadas de diversas maneiras: um homem poderia estar recolhendo madeira, ou apenas
caminhando nos arredores, e era mordido. Mesmo agora, no deserto, as cobras são
perigosas. O Sr. Sibree comentou que uma ocasião ele viu o que parecia ser uma pedra
redonda, muito bem marcada. Ele estendeu a
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mão para pegá-la, quando, para seu horror, descobriu que era uma serpente viva que estava
enrolada.
Durante todo o dia, quando as serpentes abrasadoras foram enviadas entre eles, os
israelitas deviam ter estado em perigo. Em suas camas e quando comiam em suas tendas e
quando saíam, eles foram expostos ao perigo. Essas cobras são chamadas por Isaías "serpentes
voadoras", não porque elas realmente voem, mas porque eles se enrolam e, de repente,
saltam até alcançarem uma altura considerável, e um homem pode ser surpreendido e atacado a
perna enquanto ele ainda está além do alcance destes répteis malignos.
O que um homem deveria fazer? Não teria nada a fazer, senão ficar de fora da porta da sua tenda,
e olhar onde brilhava longe, o fulgor da serpente de bronze, e no momento que ele olhava ficava curado. Não teria que fazer nada, senão apenas
olhar, não era necessário nenhum sacerdote ou água santa ou de um abracadraba ou livro de
oração, ou qualquer outra coisa, exceto uma olhada.
Um bispo da Igreja Romana disse a um dos primeiros reformadores, quando ele pregou a
salvação pela fé simples: "Oh senhor abra este portão para o povo e nós estaremos arruinados."
E arruinados, estão, de fato, pois o negócio e o
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comércio do sacerdócio estariam acabados para sempre, se os homens simplesmente
confiassem em Jesus para viverem.
E é assim. Creiam nEle, pecadores, pois este é o
significado espiritual de olhar, e imediatamente o seu pecado é perdoado, e ainda mais, o seu
poder mortal deixa de operar dentro do seu espírito. Há vida em olhar para Jesus. Não é tão
simples?
Mas, por favor, note como era estritamente
pessoal. Um homem não poderia ser curado por qualquer coisa que alguém fizesse por ele. Se ele
foi mordido por uma cobra e se recusou a olhar para a serpente de bronze, e havia se recolhido
para a cama, nenhum médico poderia ajudá-lo.
Uma piedosa mãe poderia se ajoelhar e orar por ele, mas não adiantaria. As irmãs poderiam vir e
implorar-lhe, pastores poderiam ser chamados para orarem para que o homem pudesse viver,
mas morreria, apesar de suas orações, se não olhasse para a serpente de bronze.
Havia somente uma esperança para sua vida: deveria olhar a serpente de bronze. É
exatamente o mesmo com você. Alguns me escreveram me pedindo para orar por eles:
assim o tenho feito, porém não seria de nenhum uso a não ser que você mesmo creia em Jesus
Cristo. Não há sob as abóbadas do céu, nem no
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céu, nenhuma esperança para qualquer um de vocês, a menos que você creia em Jesus Cristo.
Seja você quem for, por mais mordido que esteja
pela serpente, e por mais que esteja próximo da morte, se olhar para o Salvador, viverá, mas se
não fizer isso, você deve ser condenado, tão certo como você vive. No último grande dia, vou
testemunhar contra você, porque lhe disse direta e claramente. "Aquele que crer e for
batizado será salvo, mas o que não crer será condenado." Não há nenhuma outra ajuda para
isso, você pode fazer o que quiser: unir-se à igreja que você escolher; tomar a Ceia do
Senhor, se batizar, aplicar-se severas penitências, ou entregar todos os seus bens para
sustento dos pobres, todavia você é um homem perdido a menos que você olhe para Jesus, pois
Ele é o único remédio, e até mesmo o próprio Jesus Cristo não pode salvá-lo, a menos que você
olhe para Ele. Não há nada em Sua morte que lhe salve, nada em sua vida que lhe salve, a menos
que você confie nEle. Se resume a isto: você deve olhar, e olhar para si mesmo.
Então, também, é muito instrutivo. O que
significa esse olhar? Isso significa o seguinte: a auto-ajuda deve ser abandonada e tem que se
confiar em Deus. O homem ferido diria:.! "Eu não devo ficar aqui olhando a minha ferida, porque
isso não me salvaria.
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Vejo onde a cobra me atacou, o sangue está fluindo, tingido de negro pelo veneno. Como
arde e incha. Meu coração desfalece. Mas todas essas considerações não me aliviarão. Devo
olhar para longe, a serpente de bronze que foi levantada. " É inútil olhar qualquer outro lugar,
exceto ao único remédio ordenado por Deus.
Os israelitas devem ter compreendido isto: que Deus requer que confiemos nele, e que
utilizemos este instrumento de salvação. Devemos fazer conforme o que nos ordene, e
confiar que Ele vai operar a nossa cura, e se não fizermos isso, nós morremos eternamente.
Esta forma de cura tinha a intenção de que magnificassem o amor de Deus, e atribuíssem a
sua saúde inteiramente à graça divina. A serpente de bronze não foi apenas uma figura,
como já comentei, que mostra que Deus tira o pecado ao aplicar a Sua ira em Seu Filho, senão
que foi uma demonstração do amor divino. E eu sei disso porque o próprio Jesus disse: "Como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado ...
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito"; afirmando
claramente que a morte de Cristo na cruz foi uma demonstração do amor de Deus aos
homens, e qualquer que olhar para esta exposição muito grande do amor de Deus ao
homem, isto é, Sua entrega de seu Filho
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unigênito para se tornar uma maldição, certamente viverá.
Agora, quando um homem era curado ao olhar para a serpente, não poderia dizer que ele
tinha curado a si mesmo, pois ele apenas olhou e não havia qualquer poder no seu próprio olhar. Um crente não pode reivindicar qualquer
mérito ou honra, por causa de sua fé. A fé é uma graça nega o ego, de maneira que nunca venha
a jactar-se. Onde está o grandioso crédito de crer simplesmente na verdade, e humildemente
confiar em Cristo para nos salvar? A fé glorifica a Deus, e assim nosso Senhor a tem escolhido
como o instrumento da nossa salvação.
Se um sacerdote tivesse se aproximado e tocado
o homem mordido, este poderia atribuir alguma honra ao sacerdote, mas como não havia
nenhum sacerdote envolvido no caso, como não havia necessidade de qualquer coisa exceto
olhar para a serpente de bronze, o homem era levado à conclusão de que o amor e o poder de
Deus lhe haviam curado.
Eu não sou salvo por qualquer coisa que tenha
feito, senão pelo que o Senhor fez. Deus quer que todos nós cheguemos a essa conclusão, todos
temos que confessar que se somos salvos, é pela graça gratuita, rica, soberana e imerecida,
mostrada na pessoa de Seu Filho amado.
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IV. Dê-me um momento quanto ao quarto tópico, que é A CURA EFETUADA. O texto nos
informa que "quando uma serpente mordia alguém, olhava para a serpente de bronze, e
vivia", ou seja, era curado imediatamente. Não teria que esperar cinco minutos ou cinco
segundos.
Caro ouvinte, você já ouviu isso antes? Se não tinha ouvido falar, poderia ficar surpreendido,
mas é verdade. Se você tem vivido no pecado mais negro possível, até este momento, mas se
você agora crer em Jesus Cristo será salvo antes de o relógio bater o seu próximo tic-tac. Isto é
realizado com a velocidade de um relâmpago, o perdão não é um trabalho de tempo. A
santificação requer uma vida inteira, mas a justificação não precisa mais do que de um
instante. Se você crê, você vive. Se você confiar em Cristo, seus pecados desaparecem, e você é
um homem salvo no instante em que crê.
"Oh", dirá alguém - "isso é uma maravilha." É
uma maravilha, e continuará sendo uma maravilha por toda a eternidade. Os milagres de
nosso Senhor quando estava na terra, foram em sua maioria instantâneos. Ele os tocava e os que
padeciam de febre eram capazes de se levantar e servirem-no. Nenhum médico poderia curar
uma febre dessa maneira, pois gera uma fraqueza quando o calor da febre diminuiu.
Jesus opera curas perfeitas, e quem nele crê,
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ainda que tenha crido um só minuto, é justificado de todos os seus pecados. Oh, a graça
incomparável de Deus!
Este remédio curava uma e outra vez. Muito possivelmente, depois que um homem tinha
sido curado, poderia voltar ao trabalho, e ser atacado por uma segunda serpente, pois
havia ninhadas delas em todos os lugares. O que deveria fazer? Bem, olhar novamente, e se ele
fosse ferido mil vezes, tinha que olhar mil vezes.
Você, querido filho de Deus, se tem
pecado contra a sua consciência, olhe para Jesus. A maneira mais saudável de viver onde
abundam as serpentes, é nunca tirar o olho da serpente de bronze. Ah, vocês víboras, podem
morder se quiserem, pois enquanto que meu olho estiver pregado na serpente de bronze, eu
desafio suas presas e seus sacos de veneno, pois tenho um remédio permanente operando dentro de mim. A tentação é vencida pelo
sangue de Jesus. "Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé."
Esta cura era universalmente eficaz para todos os que a usaram. Não houve nenhum caso em
todo o acampamento de Israel, de um homem que tivesse olhado a serpente de bronze e
tivesse morrido, e nunca haverá qualquer caso de um homem que olhe para Jesus, e permaneça
sob condenação. O crente deve ser salvo.
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Algumas das pessoas devem ter olhado a uma longa distância. A haste com a serpente de
bronze não poderia estar à mesma distância de todos, todavia, desde que pudessem vê-la,
curava a todos, tanto os que estavam perto quanto os que estavam longe.
Tampouco importava se os seus olhos eram fracos. Nem todos os olhos teriam a mesma capacidade de visão, mas se olharam, viveram.
Talvez o homem não podia discernir a forma da cobra quando olhava. "Ah", disse para si mesmo:
"Eu não posso discernir os contornos da serpente de bronze, mas eu posso ver o brilho do
metal", e viveu.
Oh, pobre alma, talvez não possas ver totalmente a Cristo, nem todas as suas belezas e
riquezas de Sua graça, mas se você pode ver que Ele se fez pecado por nós, viverás. Se você disser:
"Senhor, eu creio, ajuda minha incredulidade:" Sua fé lhe salvará, um pouco de fé vai lhe
proporcionará um grande Cristo, e você encontrará a vida eterna nEle.
Assim, tentei descrever a cura. Oh, que o Senhor
possa opera essa cura em cada pecador que nos ouve agora. Peço-lhe que o faça.
É um pensamento agradável que se olhassem
aquela serpente de bronze, sob qualquer tipo de luz, viviam. Muitos a contemplaram no brilho do
meio dia, e viam seus contornos reluzentes, e
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viviam, mas não me surpreenderia que alguns foram mordidos durante a noite, e a luz da lua
apareceu e olhavam para cima e viviam. Talvez fosse uma noite escura e tempestuosa, e não
havia nenhuma estrela visível. A tempestade ribombava nas alturas, e das nuvens se
desprendiam os relâmpagos. Pelo brilho desta luz repentina, o moribundo via a serpente de bronze, e pelo único instante em que a viu, vivia.
Da mesma forma, um pecador, se sua alma está envolvida na tempestade, e se a nuvem mostra
um único raio de luz, olhe para Jesus Cristo com a ajuda dos raios e viva.
V. Concluo com este último ponto de reflexão:
Há aqui uma lição para aqueles que amam o seu Senhor. O que devemos fazer? Devemos
imitamos Moisés, cuja responsabilidade era colocar a serpente de bronze em uma haste. É,
portanto, sua responsabilidade como a minha levantar o Evangelho de Jesus Cristo para que
todos possam vê-Lo. Tudo o que Moisés teria que fazer era colocar a serpente de bronze à
vista de todos. Ele não disse: "Aarão, traga o seu incensário, e traz contigo muitos sacerdotes, e
formem uma nuvem de incenso." Ele não disse: "Eu mesmo vou usar o meu traje de legislador, e
eu estarei lá." Não, Moisés não tinha nada a ver com o que era pomposo e cerimonial. Somente
tinha que mostrar a serpente de bronze e deixá-la descoberta e disponível ao olhar de todos. Ele
não disse: "Aarão traga aqui um manto de ouro e
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envolve a serpente em linho fino azul e escarlate." Um ato assim teria sido, certamente
contrário às suas ordens. Ele deveria manter a serpente descoberta. Seu poder estava em si, e
não o que a rodeava. O Senhor não lhe disse para pintar a haste e decorá-la com as cores do arco-
íris. Oh, não. Qualquer haste serviria. Os moribundos não necessitavam ver a haste, eles precisavam apenas de ver a serpente. Eu diria
que ele fez uma haste nítida, porque a obra de Deus deve ser feito com decência, mas ainda
assim, a serpente era tudo que eu tinha para ser olhado.
Isso é o que temos que fazer com nosso Senhor. Temos que pregamos a Cristo, ensiná-lo, e
torná-lo visível para todos. Não devemos Lhe ocultar com os nossos intentos de envolvê-lO
com a eloquência e o conhecimento. Temos que acabar com a haste polida da eloquência,
e aqueles pedaços de carmesim e azul, na forma de frases grandiosas e estrofes poéticas. Tudo
deve ser feito para que Cristo possa ser visto, e não deve ser tolerado nada que o oculte.
Moisés pode ir para casa e se deitar uma vez que a serpente está levantada. Tudo o que é
necessário é que a serpente de bronze esteja visível tanto de dia como de noite. O pregador
pode se ocultar a tal ponto que ninguém saiba quem ele é, pois, se expuser a Cristo, é melhor
que não se interponha.
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Agora, vocês, mestres, ensinem a Jesus a seus
filhos. Mostrem a eles a Cristo crucificado. Mantenham a Cristo diante deles. Vocês que são
jovens e intentam pregar, não tentem faze-Lo de maneira grandiosa. A verdadeira grandeza da
pregação consiste em que Cristo seja grandiosamente exibido nela. Não é necessária qualquer outra grandeza. Mantenham o ego em
segundo plano, porém coloquem Jesus Cristo no meio do povo, evidentemente crucificado entre
eles. Ninguém, senão Jesus. Ele deve ser a suma e a substância de todos os seus ensinamentos.
Alguns de vocês têm olhado a serpente de bronze, eu sei, e têm sido curados, porém, o que
têm feito com a serpente de bronze desde então? Não têm vindo à frente para confessarem
a sua fé e se juntar à igreja. Não têm falado com ninguém sobre a sua alma. Colocaram a
serpente de bronze em um baú e a esconderam. Isso é correto? Tirem-na e a coloquem numa
haste. Preguem a Cristo e Sua salvação. A intenção nunca foi que fosse tratado como uma
curiosidade de museu, o objetivo é que seja exibido nas ruas para que aqueles que têm sido
mordidos possam olhar para Ele.
"Mas eu não tenho uma haste adequada", diz
alguém. O melhor tipo de haste para mostrar Cristo, é a que seja muito alta, para que possam
vê-lO de longe. Exaltem a Jesus. Falem bem do
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Seu nome. Não conheço nenhuma outra virtude que possa estar na haste, senão a sua altura.
Quanto mais puderem falar em louvor do seu Senhor, quanto mais alto possam levantá-Lo,
será melhor. Levantem a Cristo de verdade.
"Oh", diz alguém: "mas eu não tenho uma haste longa." Então você tem que levantá-lo com o que
tiver, pois existem pessoas ao seu redor de baixa estatura que seriam capaz de vê-Lo através de
você.
Creio que lhes tenha falado uma vez do quadro que vi da serpente de bronze. Quero que os
professores da escola dominical ouçam isso. O artista representou todos os tipos de pessoas
reunidas em torno da haste, e quando olhavam, as horríveis serpentes se desprendiam de seus
braços, e viviam.
Havia tal multidão em torno da haste que uma mãe não pôde se aproximar dela. Ela estava
carregando um bebê que tinha sido mordido por uma cobra. Você pode ver os sinais azul do
veneno. Desde que não poderia chegar mais perto, a mãe segurava a criança no alto, e virou
a cabeça para que ele pudesse ver com seus olhos infantis a serpente de bronze e poderia viver.
Façam isso com as crianças pequenas a seu cuidado, vocês que são professores de escolas
dominicais. Mesmo que ainda sejam muito
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pequenos, orem para que olhem para Jesus Cristo e vivam, pois não há um limite de idade
estabelecido. Idosos mordidos por serpentes viriam cambaleando sobre suas muletas. "Eu
tenho 80 anos de idade", disse alguém, "mas eu olhei para a serpente de bronze, e estou curado."
Crianças pequenas foram levadas por suas mães, mas ainda não podiam falar claramente, e gritavam em sua linguagem infantil: ". Eu olho a
grande serpente e sou abençoado”
Todos as classes e gêneros, e personalidades e e disposições olharam e viveram. Quem quer
olhar para Jesus nesta boa hora? Oh almas queridas, querem ter vida ou não? Desprezarão
a Cristo e perecerão? Se assim for, seu sangue caia sobre as suas próprias vestes. Eu lhes tenho
falado do caminho da salvação de Deus, e vocês têm que se apegar a ele. Olhem para Jesus
imediatamente. Que Seu Espírito os conduza gentilmente a fazê-lo. Amém.
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5 - Focalizando o Ponto Correto, Principal e Vital
O apóstolo João destacou em seu evangelho nem tanto os milagres de cura de nosso Senhor Jesus
Cristo, conforme estes se acham registrados nos chamados evangelhos sinópticos, mas
concentrou sua narrativa especialmente naquelas coisas essenciais e indispensáveis à
nossa salvação, porque foi nisto também que nosso Senhor concentrou em Seu ministério
terreno todos os Seus esforços, porque afinal viera a este mundo com a missão de salvar
pecadores.
Daí lermos estas suas seguintes palavras em Jo 3.17 e 12.47:
“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (Jo 3.17)
“E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.” (Jo
12.47)
É importante se frisar que as passagens de Jo 3.1-21 e Jo 12.20-36 estão intimamente relacionadas,
porque na primeira, João destaca o ensino de Jesus sobre a salvação no discurso que fizera a
Nicodemos, e em Jo 12.20-36 temos, a
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reafirmação do ensino de Jo 3.1-21, quando ele estava em Jerusalém às portas da Sua
crucificação, que seria o ponto de partida para a salvação de pessoas em todas as partes do
mundo.
Nestas duas passagens citadas nosso Senhor destacou o modo pelo qual ocorreria tal
salvação e o que seria necessário fazer para alcançá-la, e além disso Ele citou qual é o
propósito de Deus na referida salvação, e no que ela consiste realmente.
Ora, se nosso Senhor definiu o que é e qual é o propósito e o modo da salvação, conforme isto
se encontra relacionado à Sua missão em relação a nós pecadores, faríamos bem, então,
em prol do destino eterno de nossas almas, concentrarmos a nossa atenção e esforços,
justamente em compreender tais palavras.
Veja que na passagem de João 3.1-21, Nicodemos falou de Deus, dos milagres realizados por Jesus, e que entendia que por isso Ele era Mestre vindo
da parte de Deus, e que Deus era com Ele, Jesus, mas recebeu da parte de nosso Senhor a
afirmação de que ele, Nicodemos, não conhecia nem a Ele, nem ao Pai, nem ao reino de Deus,
apesar de tudo quanto havia afirmado, que poderia dar a impressão de que ele havia se
convertido de fato.
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Então nosso Senhor passou a instruir Nicodemos lhe dizendo que toda a possibilidade
de se conhecer de fato a Deus e entrar no Seu reino, decorre de uma experiência
transformadora de vida com o Espírito Santo.
E que o motivo de tal operação transformadora é o de revivificar nossos espíritos, para que
possamos responder ao amor de comunhão com Deus.
Assim, quando nosso Senhor disse que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê
não pereça mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16) tencionava nos ensinar que não é possível ter
qualquer comunhão com Deus sem que se tenha fé em Seu Filho Jesus Cristo.
E que o objetivo principal desta fé é nos gerar novas criaturas, com um espírito vivificado pelo
Espírito Santo, o qual possa responder ao amor de Deus, que se traduz principalmente em
comunhão, porque a comunhão é uma das partes principais da expressão do espírito
divino.
Somente no Espírito de Deus, que é um espírito vivo, residem em plenitude e perfeição todas as
faculdades essenciais do espírito, como as da comunhão, da intuição e da consciência, e estas
faculdades somente podem ser experimentadas
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por aqueles que tiverem seus espíritos revivificados pelo Espírito Santo, e daí ter nosso
Senhor proferido a Nicodemos que nos importa a nós pecadores, nascermos do Espírito Santo,
para que possamos entrar no reino de Deus.
Na passagem de Jo 12.24-26, nosso Senhor
definiu o resultado da salvação com as seguintes palavras:
“24 Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só;
mas se morrer, dá muito fruto.
25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem
neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
26 Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se
alguém me servir, o Pai o honrará.” (Jo 12.24-26)
Ele deixou claro que esta vida divina, que procede do céu, decorre de um processo de morte e ressurreição, e que demanda portanto a
morte do nosso ego pecaminoso, para vivermos pela vida do próprio Cristo.
E ainda, que tal renascimento espiritual tem por alvo nos conduzir a viver não mais
solitariamente, quanto a não termos comunhão real no espírito com Deus e com os que são
nascidos do Espírito, mas a vivermos num corpo
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do qual o próprio Cristo é a cabeça, a saber, a Sua Igreja.
Sem esta morte referida do ego, que Jesus chamou de “odiar a vida”, nada mais é do que o
ato de se aborrecer a própria vontade para que se possa fazer a de Deus, porque a palavra “vida”
no citado texto vem do original grego “psique”, que significa alma. Está em vista então não
vivermos pela alma mas pelo espírito revivificado pelo Espírito Santo.
Em suma, nosso Senhor quer nos ensinar que não é possível ter comunhão, intuição e
consciência espirituais plenas, divinas e verdadeiras, sem esta vida do Espírito Santo no
nosso espírito, e que não poderemos ter isto sem esta disposição de morrermos para a nossa
própria vontade pecaminosa, para praticarmos a vontade de Deus revelada na Sua Palavra.
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6 - “A salvação é do Senhor." (Jonas 2.9)
A salvação é obra de Deus. É somente ele que
vivifica a alma "morta em delitos e pecados", e é ele também que mantém a alma em sua vida espiritual.
Ele é tanto "Alfa e Ômega". "A salvação é do
Senhor". Se eu estou em oração, Deus me faz orar; se eu tenho graças, elas são dons de Deus
para mim, se eu mantenho uma vida coerente, é porque ele me sustenta com sua mão.
Eu não faço nada para a minha própria preservação, exceto o que Deus fez primeiro em
mim. Qualquer bem que eu tenha, vem somente do Senhor. Se eu peco, isto procede de mim, mas
quando ajo corretamente, isto vem de Deus, total e completamente.
Se eu tenho repelido um inimigo espiritual, é a força do Senhor que sustenta meu braço. Eu vivo
diante dos homens uma vida consagrada? Não sou eu, é Cristo que vive em mim.
Estou santificado? Eu não purifico a mim mesmo; é o Espírito Santo de Deus que me
santifica. Estou desmamado do mundo? Eu sou desmamado por Deus com aflições santificadas
para o meu bem.
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Eu cresço em conhecimento? O grande Instrutor me ensina. Todas as minhas joias
foram formadas pela arte celeste. Acho em Deus tudo o que eu necessito, mas acho em mim
mesmo nada além de pecado e miséria. "Somente ele é a minha rocha e a minha
salvação."
Eu me alimento da Palavra? Essa Palavra não seria comida para mim a menos que o Senhor a
fizesse alimento para a minha alma, e me ajudasse a alimentar-me dela. Eu vivo do maná
que cai do céu? O que é o maná, senão o próprio Jesus Cristo encarnado, cujo corpo e cujo sangue eu como e bebo? Estou continuamente
recebendo aumento de forças renovadas? Onde eu reúno minhas forças? O meu socorro vem
das colinas do céu: sem Jesus nada posso fazer. Como o ramo não pode dar fruto se não
permanecer na videira, não mais posso eu, se não permanecer nele. O que Jonas aprendeu no
grande abismo, deixe-me aprender em oração no meu quarto: "A salvação é do Senhor."
Texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
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7 - O Ladrão Que Creu
Por Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
“Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando
entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso” (Lucas 23:42, 43).
Faz algum tempo que preguei sobre a história
completa do ladrão moribundo. Não me proponho a fazer o mesmo no dia de hoje,
somente quero vê-lo desde um ponto de vista específico. A história da salvação do ladrão
agonizante é um exemplo notável do poder de salvação de Cristo, e de sua abundante
disposição para receber a todos que vêm a Ele, em qualquer condição em que possam estar. Não posso considerar este ato de graça como um
exemplo solitário, como tampouco a salvação de Zaqueu, a restauração de Pedro, ou o chamado
de Saulo, o perseguidor.
Em certo sentido, toda conversão é única: não há duas iguais, e contudo, qualquer conversão é um modelos de outras. O caso do ladrão
moribundo é muito mais semelhante à nossa conversão, do que diferente; de fato, seu caso se
pode considerar mais como típico do que como um fato extraordinário, e assim o considerarei
neste momento. Que o Espírito Santo fale por ele
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para alentar aqueles que estão à beira do desespero!
Recordem, amados amigos, que nosso Senhor Jesus, no momento que salvou a esse malfeitor,
estava em seu ponto mais baixo. Sua glória havia minguado no Getsêmani, e diante de Caifás,
Herodes e Pilatos; mas agora havia alcançado seu nível mais baixo. Despido de sua túnica, e cravado na cruz, a atrevida multidão zombava de
nosso Senhor que, agonizante, estava morrendo; então Ele “foi contado entre os
transgressores” e foi feito como escória de todas as coisas. Contudo, ainda nessa condição,
concluiu esse maravilhoso ato de graça. Vejam a maravilha produzida pelo Salvador despojado de
toda Sua glória, e pregado no madeiro em um espetáculo de vergonha, à beira da morte! Quão
certo é que pode fazer grandes maravilhas de misericórdia agora, visto que regressou a Sua
glória, e está assentado no trono de luz! “Pode salvar por completo aos que por meio dele se
achegam a Deus, posto que vive para sempre para interceder por eles”.
Se um Salvador agonizante salvou o ladrão, meu argumento é que Ele pode fazer ainda mais
agora que vive e reina. Todo poder no céu e na terra Lhe foi dado; pode algo no momento
presente se sobrepor ao poder de Sua graça? Não é somente a debilidade de nosso Salvador
que faz memorável a salvação do ladrão
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penitente; é o fato de que o malfeitor moribundo o viu diante de seus próprios olhos. Você pode se
pôr em seu lugar, e imaginar a alguém que está suspenso em agonia de uma cruz? Poderia
facilmente crer que era o Senhor da glória, e que logo iria a seu reino?
Não seria pouca a fé para que, em um momento assim, cresse em Jesus como Senhor e Rei. Se o apóstolo Paulo estivesse aqui, e quisesse
agregar um versículo ao Novo Testamento, ao capítulo onze do Livro de Hebreus, começaria
certamente seus exemplos de fé admirável com a fé deste ladrão, que creu em um Cristo
crucificado, ridicularizado e agonizante, e clamou a Ele como a alguém cujo reino viria
com certeza. A fé do ladrão foi ainda mais notável porque estava sob uma terrível dor, e
condenado a morrer. Não é fácil exercitar a paciência quando se é torturado por uma
angústia mortal. Nosso próprio descanso mental às vezes se vê perturbado pela dor do
corpo quando somos sujeitados por um sofrimento agudo, não é fácil mostrar essa fé
que cremos possuir em outras situações. Este homem, sofrendo como estava, e vendo ao
Salvador em um estado tão triste, contudo, ainda assim creu para a vida eterna. Fala aqui
uma fé que raramente se vê.
Recordem, também, que estava rodeado de zombadores. É fácil nadar com a corrente, mas é
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duro ir contra ela. Este homem ouviu os sacerdotes orgulhosos, quando ridicularizavam
ao Senhor, e a grande multidão do povo, todos a uma só voz, unirem-se no escárnio; seu
companheiro captou o espírito da hora e também zombou, e ele talvez tenha feito o
mesmo por um breve momento; mas pela graça de Deus foi transformado, e creu no Senhor Jesus apesar de todo seu desprezo. Sua fé não foi
afetada pelo que o cercava; ele, pelo contrário, ladrão agonizante como era, se reafirmou em
sua confiança. Como uma rocha saliente, colocada no meio da torrente de águas, declarou
a inocência do Cristo, de quem outros blasfemavam. Sua fé é digna de que a imitemos
em seus frutos. Nenhum outro membro de seu corpo estava livre exceto sua língua, e a utilizou
sabiamente para repreender a seu irmão malfeitor, e defender ao Seu Senhor. Sua fé
tornou manifesto um valente testemunho e uma confissão ousada. Não vou elogiar o ladrão,
ou a sua fé, mas a exaltar a glória dessa graça divina que deu ao ladrão uma fé assim, e logo
imerecidamente o salvou por seu meio. Estou ansioso de mostrar quão glorioso é o Salvador,
esse Salvador que salva de maneira completa, aquele que em um momento assim, pôde salvar
a esse homem, e dar-lhe uma fé tão grande, e tão perfeita e rapidamente prepará-lo para a
felicidade eterna. Vejam o poder desse Espírito que podia produzir tal fé em um solo tão pouco
promissor, e em um clima tão pouco propício.
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Entremos de imediato no centro do nosso sermão.
Primeiro, observem ao homem que foi o último companheiro de nosso Senhor na terra;
segundo, observem que esse mesmo homem foi o primeiro companheiro de nosso Senhor na
porta do paraíso; e terceiro, vejamos o sermão que nosso Senhor nos prega neste ato de graça. Oh, que o Espírito Santo abençoe este sermão do
princípio ao fim!
I. Com muito cuidado OBSERVEMOS QUE O LADRÃO CRUCIFICADO FOI O ÚLTIMO COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA
TERRA. Que triste companhia nosso Senhor selecionou quando esteve aqui. Não se juntou
com os religiosos fariseus nem com os filosóficos saduceus, senão que era conhecido
como o “amigo de publicanos e de pecadores”. Como me regozijo nisto! Me dá a segurança de
que Ele não recusará associar-se comigo. Quando o Senhor Jesus me fez seu amigo,
seguramente que não fez uma seleção que lhe trouxesse crédito. Crês que ganhou alguma
honra quando te fez seu amigo? Acaso ganhou algo por causa de nós alguma vez? Não, irmãos
meus; se Jesus não tivesse se inclinado tão baixo, talvez não teria vindo a mim; e se não tivesse
procurado ao mais indigno, não teria vindo a ti. Assim o sentes, e estás agradecido pois Ele veio
“não para chamar a justos, senão pecadores”.
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Como o Grande Médico, nosso Senhor passava muito tempo com os enfermos: se dirigia para
onde podia exercitar sua arte de curar.
Os sãos não necessitam de um médico: não
podem apreciá-lo, nem oferecem a oportunidade para que ele exercite sua
habilidade; por conseguinte, Ele não frequentou suas moradas. Sim, depois de tudo, nosso Senhor fez uma boa escolha quando te salvou e
quando me salvou; em nós encontrou abundante campo para a sua misericórdia e
graça. Houve suficiente espaço para que Seu amor pudesse trabalhar dentro dos terríveis
vazios de nossas necessidades e pecados; e ali Ele fez grandes coisas por nós, pelas quais nos
alegramos.
Para que não haja aqui alguém que se desespere e diga: “nunca se dignará a olhar para mim,” quero que estejam advertidos que o último
companheiro de Cristo na terra foi um pecador, e não um pecador comum. Havia transgredido
as leis do homem, pois era um ladrão. Alguém que se chama “bandido”; e suponho que
provavelmente esse era o caso. Os bandidos desses dias mesclam o assassinato com seus
roubos: era provavelmente um pirata armado contra o governo romano, fazendo disto um
pretexto para saquear se a ele fosse apresentada a oportunidade. Ao fim, foi feito prisioneiro e foi
condenado por um tribunal romano, que de
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forma geral, era usualmente justo, e neste caso, certamente o foi; pois o mesmo confessa a
justiça de sua condenação. O malfeitor que creu na cruz era um ladrão convicto, que havia
permanecido na cela dos condenados e logo sofreria a pena capital por seus crimes. Um
criminoso convicto era a última pessoa com a qual nosso Senhor teve que tratar nesta terra. Que amante das almas dos culpados é Ele! Como
se inclina até o mais baixo da humanidade! À este homem tão indigno, antes que deixasse a
vida, o Senhor da glória falou com graça incomparável, falou-lhe com palavras tão
maravilhosas como nunca se poderão superar ainda que procures em todas as Escrituras:
“Hoje estarás comigo no paraíso.”
Não creio que em nenhuma parte deste Tabernáculo se encontre alguém que tenha sido
convencido diante da lei, que nem sequer se possa culpar de uma transgressão contra a
honestidade comum; mas se houvesse uma pessoa assim entre os meus ouvintes, a
convidaria a que encontrar perdão e transformação em seu coração por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo. Podes chegar a Ele, quem quer que sejas; este homem o fez. Aqui há
um exemplo de alguém que havia chegado ao fundo da culpa, e que o reconheceu; não
procurou desculpas, nem buscou um manto para tapar seu pecado; estava nas mãos da
justiça, enfrentando sua sentença de morte, e
71
contudo creu em Jesus, e disse uma humilde oração para Ele, e ali mesmo foi salvo. Como é a
amostra assim é o todo. Jesus salva a outros do mesmo tipo. Por isso, deixem-me expor de
forma muito simples, de maneira que ninguém me interprete mal, nenhum de vocês está
excluído da infinita misericórdia de Cristo, por maior que seja a iniquidade de vocês: se creem em Jesus, Ele os salvará.
Este homem não somente era um pecador; era um pecador que apenas havia despertado. Não
creio que antes tivesse pensado seriamente no Senhor Jesus. De acordo com os outros
evangelistas, parece que se tinha unido com seu companheiro ladrão para zombar de Jesus: se
em realidade não utilizou palavras de opróbrio, no mínimo chegou a consentir com elas, de
maneira que o evangelista não lhe fez injustiça quando disse, “também os ladrões que estavam
crucificados com ele lhe injuriavam da mesma maneira”. Contudo, repentinamente, se
desperta a convicção de que o homem que está agonizando ao seu lado é algo mais que um
homem. Lê o título sobre a sua cabeça, e acertadamente crê: “Este é Jesus, o rei dos
judeus”. Ao crer-lhe assim, fez sua petição ao Messias, que havia encontrado havia pouco
tempo, e se encomenda em suas mãos. Querido leitor, vês esta verdade, que no momento em
que um homem sabe que Jesus é o Cristo de Deus pode pôr de imediato confiança Nele e ser
salvo? Um certo pregador, cujo evangelho era
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muito duvidoso, dizia: “vocês, que viveram no pecado por cinquenta anos, creem que em um
instante podem ser limpos pelo sangue de Jesus?” Respondo: “Sim, certamente cremos
que em um instante, por meio do precioso sangue de Jesus, a alma mais negra pode se
tornar branca. Certamente cremos que em um simples instante podem ser absolutamente perdoados os pecados de sessenta ou setenta
anos, e que a velha natureza, que ia se tornando cada vez pior, pode receber sua ferida de morte
em um instante, enquanto a vida eterna pode ser implantada de imediato na alma.” Assim foi
com este homem. Havia tocado no fundo, mas em um momento, se despertou a convicção de
que o Messias estava junto a ele, e crendo, o viu e viveu.
Assim que, meus irmãos, se vocês nunca tiveram uma convicção religiosa em suas vidas,
se viveram até agora uma vida totalmente ímpia, ainda assim, se neste exato momento creem que
o amado Filho de Deus veio ao mundo para salvar aos homens do pecado, e sinceramente
reconhecem seus pecados e confiam Nele, imediatamente serão salvos. Sim, enquanto
digo estas palavras, a obra da graça pode ser consumada pelo Ser glorioso que foi ao céu com
poder onipotente para salvar.
Desejo expor este caso de forma muito simples: este homem que foi o último companheiro de
Cristo sobre a terra, era um pecador na miséria.
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Seus pecados lhe haviam encurralado: agora tinha a recompensa por suas obras.
Constantemente encontro pessoas nesta condição: viveram uma vida de libertinagem,
excessos e descuidos, e começam a sentir que caem em seus corpos as chamas de fogo da
tempestade da ira; vivem em um inferno terreno, um prelúdio da condenação eterna. O remorso como uma áspide os picou,
convertendo seu sangue em fogo. Este homem estava neste terrível estado, e mais, estava no
extremo. Já não podia viver muito: a crucificação era inevitavelmente fatal; em pouco tempo as
pernas lhe romperiam para pôr fim a sua existência infeliz. Ele, pobre alma, não tinha de
vida senão um curto espaço do meio-dia ao pôr-do-sol; mas esse era o tempo suficiente para o
Salvador, que é poderoso para salvar. Alguns têm muito medo que as pessoas adiem o
momento de vir a Cristo se afirmamos isto. Não posso impedir o que os homens de má fé façam
com a verdade, mas eu vou proclamá-la de todas as maneiras. Se estão a uma hora de morrer,
creiam no Senhor Jesus Cristo, e serão salvos. Se não chegarem jamais a seus lares, porque
poderão morrer no caminho, se agora creem no Senhor, serão salvos de imediato. Olhando para
Jesus e confiando nele, Ele lhes dará um coração novo e um espírito reto, e tirará a mancha dos
vossos pecados. Esta é a glória da graça de Cristo. Como gostaria de enaltecer sua graça com uma
linguagem adequada! A última vez que foi visto
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na terra antes de morrer foi em companhia de um criminoso convicto, a quem falou da
maneira mais amorosa. Venham, oh culpados, e Ele os receberá com abundante graça!
Mais ainda, este homem a quem Cristo salvou no último momento era um homem que já não
podia realizar boas obras. Se a salvação fosse pelas boas obras, não poderia ter sido salvo; posto que estava atado de pés e mãos ao madeiro
de seu destino funesto. Tudo havia terminado para ele quanto a qualquer ato ou obra de
justiça. Poderia dizer uma ou duas boas palavras, mas isso era tudo; não podia executar nada bom;
se sua salvação tivesse dependido de uma vida ativa de serviço, certamente que nunca poderia
ter sido salvo. Como pecador que era, não podia exibir um arrependimento duradouro do
pecado, pois tinha curtíssimo tempo para viver. Não podia ter experimentado uma amarga
convicção de seus atos, que tivesse durado meses e anos, pois seu tempo estava medido em
instantes, e estava à beira da sepultura. Seu fim estava muito perto, e contudo, o Salvador o pôde
salvar, e o salvou tão perfeitamente que antes do pôr-do-sol, estava no paraíso com Cristo.
Este pecador, que não pude descrever com cores demasiadamente negras, foi um que creu
em Jesus, e confessou sua fé. Confiou no Senhor. Jesus era um homem, e assim ele lhe chamou;
mas também soube que era o Senhor, e assim
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lhe chamou e disse: “Senhor, lembra-te de mim”. Tinha tal confiança em Jesus que se tão
somente o Senhor pensasse nele, se tão-somente o recordasse quando chegasse ao seu
reino, isso seria o que pediria dele. Ah, meus queridos leitores! A inquietude que sinto por
alguns de vocês é que sabem tudo acerca do Senhor, e contudo não confiam nele. A confiança é o ato salvador. Há alguns anos
estavam no ponto de confiar realmente em Jesus, mas agora seguem tão distantes dele
como estavam então. Este homem não titubeou: se agarrou a essa única esperança. Não guardou
em sua mente a segurança no Senhor como Messias como uma crença seca, morta, senão
que a transformou em confiança e oração, “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no
teu reino”. Oh, que muitos de vocês possam confiar neste dia, na infinita misericórdia do
Senhor! Seriam salvos, estou seguro que seriam: se vocês, ao confiarem Nele não são
salvos, eu mesmo teria que renunciar a toda esperança. Isto é tudo o que nós temos feito:
temos visto, e temos vivido, e continuamos vivendo porque vemos ao Salvador vivente; oh,
que esta manhã, ao sentir o pecado, vejam a Jesus, confiando nele, e confessando essa
confiança! Reconhecendo que Ele é Senhor para a glória de Deus Pai, vocês devem e serão salvos.
Como consequência de ter esta fé que o salvou, este pobre homem disse uma oração humilde
76
porém apropriada, “Senhor, lembra-te de mim”. Isto não parece que seja pedir muito, mas como
ele o compreendeu, é tudo o que um coração ansioso poderia desejar. Ao pensar no reino,
tinha uma tão clara ideia da glória do Salvador, que sentiu que se o Senhor tão somente
pensasse nele, seu estado seria salvo. José na prisão, pediu ao copeiro do rei que se lembrasse dele quando o rei restaurasse seu posto; porém
o copeiro o esqueceu. Nosso José nunca esquece um pecador que clama a Ele dentro do mais
profundo calabouço; em seu reino recorda os lamentos e queixas dos pobres pecadores
oprimidos pelo sentimento de seu pecado. Não podes orar nesta manhã, e desta maneira
assegurar-te um lugar na memória do Senhor Jesus?
Assim intentei descrever ao homem, e depois de ter feito o melhor que pude, falharei em meu propósito a menos que os faça ver que qualquer
coisa que este ladrão tenha sido, não é senão uma descrição do que vocês são. Especialmente
se foram grandes pecadores, e se viveram muito tempo sem se preocuparem pelas coisas
eternas, são como este malfeitor; e contudo, vocês, sim, vocês, podem fazer o que o ladrão
fez; podem crer que Jesus é o Cristo e encomendar suas almas em suas mãos, e Ele os
salvará tão seguramente como salvou ao bandido condenado. Jesus com graça abundante
disse: “Ao que vem a mim, de maneira alguma o
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lançarei fora”. Isto significa que se vocês vêm e confiam Nele, não importa o que sejam, Ele, por
nenhuma razão, e sob nenhum fundamento, nem circunstância, os lançará fora.
Compreendem esse pensamento? Sentem que lhes pertence, e que, se vão a Ele, encontrarão
vida eterna? Me regozijo se já percebem esta verdade.
Há poucas pessoas que tenham tanto trato com
almas abatidas e desesperadas como eu. Pobres rejeitados me escrevem continuamente.
Apenas sei o motivo. Não tenho um dom especial para consolar, mas com gosto me inclino a reconfortar aos afligidos, e parece que
eles sabem. Que alegria tenho quando vejo a um desalentado que encontrou a paz! Tive esta
alegria várias vezes durante a semana que acaba de terminar. Quanto desejo que alguns de vocês,
que têm o coração destroçado, porque não podem encontrar perdão, quisessem vir ao meu
Senhor, e confiar Nele, e descansar! Ele não disse: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu os aliviarei”? Venham e o ponham à prova, e o descanso será
de vocês.
II. Em segundo lugar, OBSERVEM QUE ESTE
HOMEM FOI O COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA PORTA DO PARAÍSO. Não vou
especular quanto ao lugar para onde foi nosso Senhor quando abandonou o corpo que estava
pregado na cruz. Por algumas Escrituras parece
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que desceu ao centro da terra, para que pudesse cumprir todas as coisas. Mas Ele atravessou
rapidamente as regiões dos mortos. Recordem que Ele morreu, talvez uma hora ou duas antes
do ladrão, e durante esse tempo a glória eterna brilhou através do mundo subterrâneo, e estava
fulgurando através das portas do paraíso justo quando o ladrão perdoado entrava no mundo eterno. Quem é este que entra pela porta de
pérolas ao mesmo tempo que o Rei da glória? Quem é este favorecido companheiro pelo
Redentor? É um mártir digno de honra? É um fiel apóstolo? É um patriarca, como Abraão; ou
um príncipe, como Davi? Não, nenhum deles. Vejam, e assombrem-se com a graça soberana!
O que entra pela porta do paraíso, com o Rei da glória, é um ladrão, que foi salvo em um decreto
de morte. Não é salvo de uma maneira inferior, nem é recebido na beatitude de um modo
secundário. Verdadeiramente, há últimos que serão primeiros!
Aqui gostaria que notassem a condescendência
da eleição de nosso Senhor. O camarada do Senhor da glória, por quem o querubim deixa
des lado sua espada de fogo, não é uma grande pessoa, senão um malfeitor recentemente
convertido. E por quê? Penso que o Salvador o tomou com Ele como um exemplo do que Ele
queria realizar. Parecia dizer a todos os poderes celestiais: “Trago um pecador comigo; é uma
amostra do restante”.
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Vocês não ouviram daquele que sonhou que estava em frente das portas do céu e enquanto
estava ali, ouviu uma música doce de um grupo de veneráveis pessoas que seguiam seu
caminho até a glória? Entraram pelas portas celestiais, e houve grande regozijo e
exclamações. Ao perguntar: “quem são estes?”, lhe foi dito que eles eram a boa companhia dos profetas. Suspirou e disse: “Ai! Não sou um
deles”. Esperou um pouco, e outro grupo de seres brilhantes se aproximou, e adentraram ao
céu com aleluias, e quando perguntou: “Quem são estes e de onde vêm?”, a resposta foi: “Este é
o glorioso grupo dos apóstolos”. Outra vez suspirou e disse: “Não posso entrar com eles”.
Então veio outro grupo de homens com túnicas brancas e levando palmas em suas mãos, esses
homens andaram em meio de grandes aclamações dentro da cidade dourada. Soube
então que era o nobre exército dos mártires; e outra vez chorou, e disse: “não posso entrar com
estes”. Ao final ouviu as vozes de muita gente, e viu uma multidão maior que avançava, entre os
quais percebeu a Raabe e Maria Madalena, Davi e Pedro, Manassés e Saulo de Tarso, e observou
especialmente ao ladrão, o que morreu à destra de Jesus. E foram se aproximando das portas
celestiais. Então ansiosamente perguntou: “quem são estes?” E lhe responderam: “esta é a
hoste de pecadores salvos pela graça”. Então se pôs extremamente contente, e disse: “eu posso
entrar com estes”. Ainda que pensou que não
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haveria aclamações quando esta multidão chegasse ante as portas e que entrariam no céu
sem cânticos; contudo, pareceu que se levantava um louvor sete vezes maior com
aleluias para o Senhor do amor; porque há alegria entre os anjos de Deus pelos pecadores
que se arrependem. Eu convido a qualquer pobre alma que não aspira servir a Cristo, nem sofrer por Ele todavia, que no entanto, venha à
companhia de Jesus com outros pecadores crentes, pois Ele nos abre uma porta diante de
nós.
Enquanto analisamos este texto, observem bem o bendito lugar ao qual o Senhor chamou a este penitente. Jesus disse: “Hoje estarás comigo no
paraíso”. Paraíso significa jardim, um jardim cheio de deleites. O jardim do Éden é o tipo do
céu. Sabemos que paraíso significa céu, pois o apóstolo nos fala de um homem que foi
arrebatado ao paraíso, e em seguida lhe chama o terceiro céu. Nosso Salvador levou este ladrão
agonizante ao paraíso de deleite infinito, e é para ai onde levará a todos nós, pecadores que
cremos nele. Se confiarmos nele, ao final estaremos com Ele no paraíso.
A seguinte palavra é ainda melhor. Notem a glória da sociedade na qual é introduzido este
pecador: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Sim o Senhor disse, “Hoje estarás comigo,” não
necessitamos que se agregue outra palavra;
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porque onde Ele está, é o céu para nós. Agregou a palavra “paraíso” para que ninguém se
perguntasse para onde iria. Pensa nele, alma desprovida de graça; vais a habitar com o Todo
Desejável para sempre. Vocês, pobres e necessitados, estarão com Ele em sua glória, em
sua felicidade, em sua perfeição. Onde Ele está, e como Ele é, ai estarão e serão vocês. O Senhor olha esta manhã para os seus olhos chorosos, e
diz: “Pobre pecador, tu estarás comigo um dia”. Penso ouvi-los dizer: “Senhor, essa é uma
felicidade demasiadamente grande para um pecador como eu”; porém responde: “Te amei
com um amor eterno, por conseguinte com misericórdia vou te atrair a mim, até que estejas
onde eu estou”. A ênfase do texto está na rapidez de tudo isto. “Em verdade te digo, hoje estarás
comigo no paraíso”. “Hoje”. Não permanecerás no purgatório por gerações, nem dormirás no
limbo por tantos anos; senão que estarás pronto de imediato para a alegria, e de imediato irá
desfrutá-la. O pecador já estava quase ante às portas do inferno, mas a misericórdia todo
poderosa o levantou, e o Senhor disse, “Hoje estarás comigo no paraíso”. Que mudança da
cruz à coroa, da angústia do Calvário à glória da Nova Jerusalém! Nessas poucas horas o
mendigo foi levado do esterco e foi posto entre príncipes. “Hoje estarás comigo no paraíso”.
Podem medir a mudança desse pecador, abominável em sua iniquidade quando o sol
estava no alto do meio-dia, a esse mesmo
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pecador, vestido de branco puro, e aceito no Amado, no paraíso de Deus, ao pôr-do-sol? Oh,
Salvador glorioso, que maravilhas podes fazer! Quão rapidamente podes realizá-las!
Por favor, estejam advertidos também, sobre a majestade da graça do Senhor neste texto. O
Salvador lhe disse? “em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso”. Nosso Senhor dá sua própria vontade como razão para salvar este
homem. “Te digo”. O disse quem reclama o direito de falar assim. É Ele quem terá
misericórdia de quem Ele quiser ter misericórdia, e terá compaixão de quem Ele
quiser ter compaixão. Fala com majestade, “Em verdade te digo”. Acaso não são palavras
imperiais? O Senhor é um Rei em cuja palavra há poder. O que Ele diz ninguém pode
contradizer. Ele, que tem as chaves do inferno e da morte te diz, “Te digo, hoje estarás comigo no
paraíso”. Quem impedirá o cumprimento de Sua Palavra?
Vejam a certeza disto. Diz: “em verdade”. Nosso bendito Senhor na cruz retomou sua antiga
maneira majestosa, quando dolorosamente volveu sua cabeça, e viu ao seu ladrão
convertido. Ele sempre inicia sua prédica com, “Em verdade, em verdade”; e agora que está
agonizando utiliza sua maneira favorita, e diz, “Em verdade”. Nosso Senhor não jurava; sua
mais forte asseveração era, “Em verdade, em
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verdade”. Para dar ao penitente a mais simples segurança, disse, “Em verdade te digo, hoje
estarás comigo no paraíso”. Nisto tinha uma segurança absolutamente indisputável que
ainda que tivesse que morrer, contudo viveria e se encontraria no paraíso com seu Senhor.
Desta maneira lhes mostrei que nosso Senhor
passou pela porta de pérolas em companhia de um a quem Ele mesmo havia garantido a entrada. Por que você e eu não haveríamos de
passar através dessa porta de pérolas a seu devido tempo, vestidos com Seu mérito, lavados
em Seu sangue, descansando em Seu poder? Em um destes dias os anjos dirão de ti e de mim,
“Quem é este que vem do deserto apoiando-se no Amado?” Os luminosos se assombrarão ao
ver a alguns de nós indo. Se viveste uma vida de pecado até agora, e contudo te arrependes e
entras no céu, que assombro haverá em cada rua dourada ao pensar que chegaste ali! Nos
primeiros anos da Igreja Cristã, Caio Mário Vitorino[1] se converteu; porém havia alcançado
uma idade tão avançada, e havia sido um tão grande pecador, que o pastor e a igreja
duvidaram dele. Deu contudo uma clara prova de haver experimentado a transformação
divina, e então houve grandes aclamações e muitos gritos de “Vitorino se converteu em
cristão!” Oh, que alguns de vocês grandes pecadores possam ser salvos! Com quanto gosto
me regozijaria por vocês! Por que não? Não seria
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para a glória de Deus? A salvação deste convicto assaltante de caminhos fez nosso Senhor ilustre
por Sua misericórdia ainda neste dia; Não faria o mesmo caso de vocês? Não exclamariam os
santos: “Aleluia! Aleluia!”, se ouvissem que alguns de vocês saíram da escuridão para a luz
admirável? Por que não seria assim? Creiam em Jesus e assim será.
III. Agora chego a meu terceiro e mais prático ponto: NOTEM DE TUDO ISTO, O SERMÃO DO SENHOR PARA NÓS.
O demônio quer pregar um pouco nesta manhã. Sim, Satanás pede para passar à frente e pregar-
lhes; mas não se pode permitir-lhe. Vai-te enganador! Contudo não me assombraria se ele
se aproximasse de alguns de vós quando termine o sermão, e lhes diga em voz baixa:
“Vejam que podem ser salvos no último momento. Adiem o arrependimento e a fé;
podem ser perdoados em seu leito de morte”. Senhores, vocês sabem quem é o que quer
arruinar-vos com esta sugestão. Aborreçam seu ensino enganador. Não sejam ingratos porque
Deus é bondoso. Não provoquem ao Senhor porque é paciente. Uma conduta assim seria
indigna e ingrata. Não corram um risco terrível simplesmente porque alguém escapou ao
perigo tremendo. O Senhor aceitará a todos os que se arrependam; mas como sabem vocês que
vão se arrepender? É verdade que um ladrão foi
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salvo, mas o outro se perdeu. Um é salvo, e portanto não podemos nos desesperar; o outro
está perdido, e portanto não podemos nos vangloriar. Queridos amigos, confio que vocês
não estão feitos de tão diabólica substância como para tirar da misericórdia de Deus um
argumento para continuar no pecado. Se vocês o fazem, somente lhes posso dizer que a vossa perdição será justa; a haverão atraído sobre
vocês mesmos.
Considerem agora o ensino de nosso Senhor; vejam a glória de Cristo na salvação. Está pronto
para salvar no último momento. Já estava morrendo; seu pé estava no umbral da casa do
Pai. Então chega este pobre pecador, ao final da noite, na undécima hora, e o Salvador sorri e
manifesta que não entrará se não for com este tardio vagabundo. Aí mesmo na porta declara
que esta alma que o busca entrará com Ele. Houve muito tempo para que Ele tivesse vindo
antes: vocês sabem como podemos dizer: “Esperaste até o último momento. Já me vou, e
não posso atender-te agora”. Nosso Senhor tinha as angústias da morte sobre Ele, e contudo
atende ao criminoso que perece, e lhe permite passar através do portal celestial em Sua
companhia. Jesus salva com muita facilidade aos pecadores pelos quais Ele morreu com tanta
dor. Jesus ama resgatar aos pecadores de sua queda no poço. Estarás muito feliz se fores salvo,
mas não estarás nem na metade de felicidade
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como Ele estará quando te salvar. Vejam quão terno Ele é!
“Sua mão nos leva ao trono,
Nenhum terror vistes à sua frente;
Nem raios para lançar nossas almas culpadas
Às ferozes chamas do inferno”.
Se achega a nós cheio de ternura, com lágrimas em seus olhos, misericórdia em suas mãos, e
amor em seu coração. Creiam que é um grande Salvador de grandes pecadores. Ouvi de alguém
que havia recebido grande misericórdia que dizia: “Ele é um grande perdoador;” e gostaria
que vocês dissessem o mesmo. Vocês verão suas transgressões apagadas, e os vossos pecados
perdoados de uma vez para sempre, se vocês confiam nele.
A seguinte doutrina que Cristo prega desta maravilhosa história é a fé que se apropria da
promessa. Este homem creu que Jesus era o Cristo. O que fez a seguir foi apropriar-se desse
Cristo. O ladrão lhe disse: “Senhor, lembra-te de mim”. Jesus poderia ter dito: “O que tenho eu
que ver contigo, e o que tens tu a ver comigo? O que tem que ver um ladrão com o Ser perfeito?”
Muitos de vocês, boas pessoas, tratam de afastarem-se tanto quanto possam dos que
erram e dos caídos. Poderiam contaminar sua
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inocência! A sociedade nos exige que não estejamos em términos de familiaridade com as
pessoas que ofenderam suas leis.
Não devemos ser vistos associados com eles,
porque cairíamos no descrédito. Bobagens infames! O que nos pode desacreditar,
pecadores como somos, tanto por natureza como pela prática? Se nos conhecemos diante de Deus, não estamos suficientemente
degradados em nós mesmos e por causa de nós mesmos? Depois de tudo, há alguém no mundo
que seja pior do que nós quando nos vemos no espelho fiel da Palavra?
Tão pronto como um homem crê que Jesus é o Cristo, que se firme Nele. No momento que
creias que Jesus é o Salvador, agarra-te a Ele como teu Salvador. Se me lembro bem,
Agostinho chamou a este ladrão “Latro Laudabilis et Mirabilis,” um ladrão para ser
louvado e admirado, que se atreveu, por assim dizer, a tomar para si ao Salvador como seu.
Nisto deve ser imitado. Toma ao Senhor para que seja teu, e o terás. Jesus é propriedade
comum de todos os pecadores que se atrevem a tomá-lo. Todo pecador que tem o desejo de fazê-
lo pode levar para sua casa ao Senhor. Ele veio ao mundo para salvar aos pecadores. Tomem-no
pela força, como os que roubam tomam seu despojo;porque o reino do céu sofre a violência
da fé que se atreve. Agarre-o, e Ele nunca se
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separará de ti. Se confias Nele, deve te salvar. Estejam advertidos sobre a doutrina da fé em
seu poder imediato.
“No momento que um pecador crê,
E confia em seu Deus crucificado,
Recebe de imediato seu perdão,
Redenção completa por Seu sangue”.
“Hoje estarás comigo no paraíso”. Assim que crê, Cristo sela sua fé com a segurança completa de que estará com Ele para sempre em sua
glória. Oh, queridos corações, se vocês creem nesta manhã, serão salvos nesta manhã! Que
Deus lhes conceda, por sua rica graça, que venha a salvação aqui, neste lugar, e de
imediato!
O seguinte é, a proximidade das coisas eternas. Pensem nisto por um minuto. O céu e o inferno não são lugares distantes. Podem estar no céu
antes de outro “tic” do relógio, está tão perto. Que possamos rasgar esse véu que nos separa do
desconhecido! Tudo está ali, e tudo perto. “Hoje,” disse o Senhor; no máximo de três ou
quatro horas, “estarás comigo no paraíso;” está tão perto. Um estadista nos deu a expressão de
estar “em uma distância medível”. Todos estamos dentro de uma distância medível do
céu e do inferno; se há alguma dificuldade em
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medir a distância, descanse em sua brevidade mais que em sua longitude.
“Um suave suspiro rompe as cadeias,
Apenas podemos dizer, se foi,
Antes que o espírito redimido,
Tome sua mansão próximo ao trono”.
Oh, que nós, no lugar de aceitar com leviandade estas coisas, porque parecem tão distantes, as
tomássemos solenemente em conta, pois estão tão próximas! Este mesmo dia, antes que se
ponha o sol, algum ouvinte, sentado neste lugar, pode ver em seu próprio espírito as realidades
do céu e do inferno. Tem ocorrido frequentemente nesta congregação tão grande,
que alguém de nossa audiência tenha morrido antes que chegasse o seguinte Domingo; pode
ocorrer esta semana. Pensem nisto, e que as coisas eternas lhes impressionem ainda mais
devido a sua proximidade.
Mais ainda, saibam que se creram em Jesus estão preparados para o céu. Pode ser que tenham que viver na terra por vinte, ou trinta,
ou quarenta anos para glorificar a Cristo; e, se assim é, agradeçam o privilégio; mas se não
vivem uma hora a mais, essa morte instantânea não alteraria o fato de que quem crê no Filho de
Deus está pronto para o céu. Seguramente se
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algo fosse necessário além da fé para nos tornarmos dignos do paraíso, o ladrão teria sido
retido um pouco mais de tempo aqui; mas não, ele está na manhã em sua natureza, ao meio-dia
entra no estado de graça, e ao anoitecer está no estado de glória. A pergunta nunca é, se um
arrependimento no leito de morte é aceito se é sincero. A pergunta é: É sincero? Se assim é, se o homem morre cinco minutos depois de seu
primeiro ato de fé, está tão seguro como se houvesse servido ao Senhor por cinquenta anos.
Se tua fé é verdadeira, se morres um momento depois que creste em Cristo, serás admitido no
paraíso, ainda que não tenha desfrutado de tempo para produzir boas obras e outras
evidências da graça. Ele que lê o coração lerá tua fé escrita nas tábuas de carne, e te aceitará por
meio de Jesus Cristo, ainda que nenhum ato de graça se tenha feito visível aos olhos dos
homens.
Concluo dizendo outra vez que este não é um caso excepcional. Comecei com isso, e com isso
quero terminar, por haver tantos falsos pregadores do evangelho, terrivelmente
temerosos de pregar a graça imerecida com plenitude. Li em algum lugar, e creio que é
verdadeiro, que alguns ministros pregam o evangelho da mesma maneira que os asnos
comem espinhos, ou seja, muito, mas muito cuidadosamente. Pelo contrário, eu pregarei
atrevidamente. Não tenho a menor apreensão
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acerca deste assunto. Se alguém de vocês faz mau uso do ensino da graça gratuita, não o
posso impedir. Aquele que será condenado pode arruinar-se por perverter o evangelho como por
outra coisa qualquer. Não posso impedir o que os corações baixos possam inventar; mas o meu
intuito é pregar o evangelho em toda a sua plenitude de graça, e assim o farei.
Se o ladrão foi um caso excepcional, e nosso Senhor não atua usualmente desta maneira,
haveria uma indicação de um fato tão importante. Teria sido posto um cerco de
proteção para esta exceção a todas as regras. Não teria dito o Salvador tranquilamente ao
moribundo: “És o único a quem tratarei desta maneira”? “Não o menciones, pois senão terei
muitos me assediando”. Se o Salvador quisesse que fosse um caso solitário, lhe teria dito em
baixa voz: “Não deixes que ninguém saiba; mas hoje estarás no reino comigo”. Não, nosso
Senhor falou abertamente, e os que estavam ao redor ouviram o que disse. Ademais, o inspirado
escritor o assentou assim. Se fosse um caso excepcional, não teria sido escrito na Palavra de
Deus. Os homens não publicam suas ações nos periódicos se sentem que ao registrá-las podem
conduzir outros a esperar o que não podem dar. O Salvador fez que esta maravilha da graça se
reportasse nas notícias diárias do evangelho, porque Ele quer repetir essa maravilha a cada
dia. O todo será igual a amostra, e por isto lhes
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põe frente à amostra a cada um de vocês. Ele é capaz de salvar por completo, pois salvou ao
ladrão que agonizava. O caso não teria sido exposto para alentar esperanças que Ele não
poderia cumprir. Todas as coisas escritas então, foram escritas para que aprendêssemos e não
para que nos desalentássemos. Por isso, lhes rogo, se alguns de vós todavia não estão confirmados no meu Senhor Jesus, venham e
confiem Nele agora. E então cantarão comigo:
“O ladrão agonizante se regozijou ao ver,
Essa fonte em seu dia,
E ali eu também, tão vil como ele,
Lavei todos os meus pecados.
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8- O Caminho da Salvação
Por Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado por Silvio Dutra.
“Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome,
dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” Atos 4.12
É uma circunstância muito feliz, quando os
servos de Deus estão preparados a transformar tudo por conta de seus ministérios. Neste
momento o Apóstolo Pedro foi chamado, perante os sacerdotes e Saduceus – Os chefes
dessa nação – para respondê-los por ter curado um homem que era coxo de nascença. Enquanto
considerava esse caso de cura, ou se eu posso usar a expressão, esse caso de salvação
temporal, o Apóstolo Pedro teve esse pensamento sugerido a ele. “Enquanto eu estou
levando em consideração a salvação desse homem da condição de coxo, Eu tenho uma
ótima oportunidade para mostrar a essas pessoas o caminho de salvação da alma, que de
outra forma não nos ouviriam”. Então ele prosseguiu do menor para o maior, da cura do
membro do homem para a cura da alma do homem. E tendo os informado uma vez que foi
pelo nome de Jesus Cristo que aquele homem impotente foi feito um homem inteiro, ele agora
anuncia aquela salvação – a grande salvação,
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deve ser trabalhada do mesmo modo. – “Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do
céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos”.
Que grande palavra é essa, a palavra salvação. Ela inclui a limpeza de nossa consciência de toda
culpa do passado e a libertação da nossa alma de toda aquela propensão ao mal que tão fortemente predominava em nós. Ela se
entende, na verdade, para a destruição de tudo o que Adão fez. Salvação é a total restauração do
homem de seu estado de caído. E ainda é algo a mais que isso, a Salvação de Deus determina
uma condição mais segura do que nós sentíamos antes – ela nos encontra quebrados
em pedaços pelos pecados do nosso primeiro pai – contaminados, sujos e amaldiçoados. Ela
primeiro cura nossas feridas, ela remove nossas doenças, ela leva embora nossa maldição; ela
coloca nossos pés sobre a Rocha, Jesus Cristo, e tendo feito isso, ela levanta nossa cabeça bem
mais alto sobre todos os principados e potestades, para sermos coroados para sempre
com Cristo, o Rei dos Céus! Algumas pessoas, quando elas usam a palavra, “salvação” não
entendem nada mais que livramento do Inferno e admissão no Céu. Agora, isso não é salvação –
essas duas coisas são efeitos da salvação! Nós fomos redimidos do inferno porque fomos
salvos e entramos no céu porque
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antecipadamente fomos salvos. Nosso estado eterno é o efeito da salvação em nossas vidas.
Salvação, é verdade, inclui tudo isso porque a salvação na verdade é a mãe dessas coisas e as
carrega no interior do seu coração, mas ainda assim é errado para nós pensar que essas coisas
são todo o significado da palavra. A Salvação começa com as pessoas vagueando como ovelhas. Ela nos acompanha nesse caminho
complexo. Ela coloca-nos nos ombros do pastor. Ela leva-nos para o aprisco. Ela reúne os amigos
e vizinhos. Ela se regozija conosco. Ela preserva-nos no aprisco por meio da vida! E então por
último ela nos traz para os pastos verdes do Paraíso – ao lado das águas tranquilas da
felicidade – onde descansamos para sempre na presença do Pastor Chefe, nunca mais seremos
perturbados.
Agora nosso texto nos fala que só há um único caminho de salvação. “Não há salvação em
nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12). Antes de tudo, eu introduzirei a Verdade
negativa que Deus ensina aqui, em outras palavras, não há salvação fora de Cristo. E então,
secundariamente, a verdade positiva que Deus infere, em outras palavras, há salvação em Jesus
Cristo pelo qual importa que sejamos salvos.
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I. Primeiro, então, UM FATO NEGATIVO, “Não há salvação em nenhum outro”. Você percebeu
a intolerância da Religião de Deus? Em tempos antigos o gentio, que tinha deuses diferentes,
respeitava os deuses do seu vizinho. Por exemplo, o rei do Egito confessaria que os
deuses de Nínive eram deuses verdadeiros e reais e o príncipe da Babilônia reconheceria que os deuses dos filisteus eram reais e
verdadeiros. Mas Jeová, o Deus de Israel, colocou como um de seus primeiros
Mandamentos, “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20.3). E ele não permitiria a eles
prestar o mais leve respeito a deuses de outras nações. “Mas derribareis os seus altares,
quebrareis as suas colunas e cortareis os seus postes-ídolos” (Êxodo 34.13). Todas as outras
nações eram tolerantes – uma com as outras – mas os judeus não poderiam ser. Uma parte de
sua religião era: “Ouve, Israel, O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Deuteronômio 6.4). E a
consequência dessa crença, de que havia só um Deus, e que esse Deus único era Jeová era que
eles sentiam a obrigação de chamar todos os outros deuses por apelidos, para cuspir em cima
deles, para tratá-los com ofensa e desprezo. Se você aplicar a um Bramam o conhecimento de
um caminho para a salvação, ele provavelmente te dirá que uma vez que as pessoas seguirem
suas religiões com convicções sinceras, serão indubitavelmente salvas. “Há”, ele diz, “ Os
Muçulmanos – se eles obedecerem Maomé e
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sinceramente acreditarem no que ele ensinou sem dúvidas – Alá ira glorificá-los no final”.
Então, o Bramam volta-se para o missionário Cristão e diz – “Qual a finalidade, de você trazer
seu cristianismo aqui para nos perturbar? Eu digo que nossa religião é totalmente capaz de
nos levar para o paraíso se nós formos fiéis a ela”. Agora só ouçam o texto – Quão intolerante é a religião Cristã – “Não há salvação em
nenhum outro”. O Bramam pode admitir que existe salvação em 50 religiões junto a sua, mas
nós não admitimos coisa semelhante! Não há salvação verdadeira fora de Jesus Cristo! Os
deuses dos gentios podem nos aproximar com falsa caridade e dizer-nos que todo homem pode
seguir as convicções da própria consciência e ser salvo. Nós respondemos – “Nada disso! Não
há salvação em nenhum outro – porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado
entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.”
Agora, o que vocês supõem ser a causa para essa intolerância – se eu posso usar essa palavra novamente? Eu acredito que é porque só existe
a verdade de Deus tanto para o Judeu como para o Cristão. Uns mil erros podem viver em paz uns
com outros, mas a verdade de Deus é o martelo que quebra todos esses erros em pedaços!
Milhares de religiões mentirosas podem dormir pacificamente em uma cama – mas em todo
lugar a religião cristã chega como a verdade de
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Deus. É como um tição e não tolera nada que é mais substancial que a madeira, como o feno e a
palha do erro carnal. Todos os deuses dos gentios e das outras religiões são nascidos no
inferno e, então, são filhos do mesmo pai, pareceria errado que eles deveriam cair,
reprovar e lutar! Mas a religião de Cristo é criatura de Deus – seu pedigree vem do alto e, então, uma vez que ela é empurrada em meio a
essa geração incrédula e rebelde, não há nenhuma paz, nem discussão, nem tratado –
pois é a Verdade de Deus, que não se pode permitir ser emparelhada com erro – ela ergue-
se sobre seus próprios direitos e declara ao erro que nele não há salvação – mas na verdade de
Deus, e na verdade de Deus somente, a salvação pode ser encontrada.
Novamente – e é porque nós temos o castigo de Deus. Seria impróprio para qualquer homem que tivesse declarado um credo de si próprio
declarar que todos os outros que não acreditam nisso devessem ser condenados. Seria uma
impressionante disposição de condenar e inveja cega que nos permitiria sorrir. Mas desde que a
religião de Cristo é revelada dos próprios céus – Deus que é o autor da própria Verdade – tem o
direito de anexar a essa verdade a terrível condição que, quem quer que seja rejeitar, irá
perecer sem misericórdia! E ele pode proclamar que separado de Cristo nenhum homem pode
ser salvo. Nós realmente não somos
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intolerantes com nós mesmos, mas ecoamos as Palavras dEle que fala dos Céus e que declara
que amaldiçoado é o homem que rejeita essa religião de Cristo, visto que não há salvação fora
dEle. “Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro
nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”
Agora, eu ouço uma ou duas pessoas dizendo, “Você imagina então, que ninguém pode ser
salvo separado de Cristo?” Eu respondo, eu não imagino, mas eu tenho aqui em meu texto
claramente ensinado! “Bem mas,” diz um, “Em relação a morte de crianças? Não morrem as
crianças sem um pecado real? Elas são salvas? E se são, como?” Eu respondo, elas são salvas, sem
dúvidas – todas as crianças morrendo na infância são levadas para o Terceiro Céu de
glória eternamente! Mas anote isso – nenhuma criança foi salva separada da morte de Cristo.
Jesus Cristo comprou com seu sangue todos os que morreram na infância. Elas são todas
regeneradas, não em pequena quantia, mas provavelmente no momento de suas mortes
uma maravilhosa mudança passa por suas vidas pela respiração do Espírito Santo. O sangue de
Jesus é aplicado, e eles são lavados de toda corrupção original que herdaram dos seus pais
– e dessa forma, lavados e purificados, eles entram no reino dos Céus. De outra forma,
amados, não estariam aptas a participar da
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canção eterna. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap
1.5c) Se as crianças não forem lavadas no sangue de Cristo, elas não podem participar da canção
universal que perpetuamente circunda o Trono de Deus! Nós acreditamos que elas todas são
salvas – cada uma delas sem exceção – mas não separadas do grande Sacrifício do Senhor Jesus Cristo.
Outros dizem, “Mas e os gentios? Eles não conhecem Cristo – alguns dos gentios são salvos?” Anotem, as Santas Escrituras dizem
alguma coisa concernente à salvação dos gentios, mas pouco. Há muitos textos nas
escrituras que nos levam a inferir que todos os gentios irão perecer. Mas há alguns outros
textos, que de outro modo, levam-nos a acreditar que alguns dos gentios, conduzidos
pelo Espírito secreto de Deus, estão procurando Ele no escuro. Pelo Seu Espírito eles se esforçam
a descobrir uma coisa que eles não poderiam descobrir na natureza. E pode ser que o Deus de
infinita Misericórdia que ama suas criaturas, esteja contente em fazer essas revelações em
seus próprios corações. Revelações misteriosas e secretas em relação às propriedades do Céu –
então mesmo eles podem ser feitos participantes do sangue de Jesus Cristo – sem
ter uma visão tão aberta como a que nós recebemos – sem comtemplar a Cruz
visivelmente elevada e Cristo exposto entre
101
eles. Foi observado que em muitas ilhas pagãs antes dos missionários estarem lá, havia um
forte desejo pela religião de Cristo. Nas Ilhas Sandwich, antes de nossos missionários irem
para lá, havia uma estranha comoção na mente daqueles pobres bárbaros. Eles não sabiam o
que era isso, mas eles tiveram um súbito descontentamento com a sua idolatria e depois tiveram um profundo desejo de algo maior,
melhor e mais puro do que qualquer coisa que eles tinham descoberto até então. E tão logo,
quando Jesus foi pregado eles com vontade largaram toda a sua idolatria e se colocaram
sobre Ele, para Ele ser a sua força e salvação deles! Agora nós acreditamos que isso foi o
trabalho do Espírito de Deus secretamente inclinando essas pobres criaturas a buscá-lo. E
nós não podemos dizer que em alguns locais isolados onde nós pensamos que o evangelho
nunca foi pregado, não pode haver algum panfleto isolado, algum capítulo da Bíblia,
algum verso solitário do Escrito sagrado lembrado o qual pode servir suficiente para
abrir olhos cegos e guiar esses pobres corações ignorantes aos pés da cruz de Cristo! Mas uma
coisa é certa – nenhum gentio, de qualquer forma moral – seja na velha filosofia ou no
tempo presente de seu barbarismo – jamais entrou ou poderia entrar no Reino dos Céus
separado do nome de Jesus Cristo “Não há salvação em nenhum outro” Um homem pode
procurá-lo e trabalhar de sua própria maneira,
102
mas não é possível encontrá-lo, “porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado
entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.”
Mas depois de tudo, meus queridos amigos, é
muito melhor – quando estamos lidando com esses assuntos – não falar de maneira
especulativa, mas falar pessoalmente a nós mesmos. E deixe-me agora te perguntar essa questão – Você já provou por experiência a
verdade desse grande fato negativo, que não há salvação em nenhum outro? Eu posso falar o
que eu sei e testificar o que eu tenho visto quando eu declaro solenemente na presença
dessa congregação que é mesmo assim! Uma vez eu pensei que havia salvação em boas obras
e eu trabalhei duro e diligentemente me esforcei para preservar um caráter de
integridade e sinceridade. Mas quando o espírito de Deus veio ao meu coração “reviveu o
pecado, e eu morri.”(Rm 7.9c) O que eu pensava ser bom, provou ser mal – De maneira que eu
pensava ser santo – eu me descobri como não santo. Eu descobri que minhas melhores ações
eram pecaminosas. Que minhas lágrimas a serem choradas e minhas muitas orações
precisavam do perdão de Deus! Eu descobri que eu estava buscando salvação pelas obras da lei –
que eu estava fazendo todas as minhas boas obras por um motivo egoísta – em outras
palavras salvar a mim mesmo e, então, elas não
103
poderiam ser aceitáveis a Deus. Eu descobri que eu não poderia ser salvo por boas obras por duas
razões muito boas. Primeiro, eu não tinha nenhuma, e segundo, se eu tivesse, elas não
poderiam me salvar! Foi depois disso que eu entendi que a salvação poderia ser obtida de
uma certa forma por reforma e de uma certa forma por confiar em Cristo. Então eu trabalhei duro novamente e pensei que se eu adicionasse
umas poucas orações aqui e ali, algumas lágrimas de penitência e algumas promessas de
melhora, tudo estaria bem. Mas depois de trabalhar por muitos dias enfadados, como um
cavalo cego trabalhando em um moinho, eu achei que não havia mais, mas ainda estava lá, a
maldição de Deus, pairando sobre mim. “Maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.” (Gl 3.10b). E ainda havia um vazio
doloroso em meu coração, que o mundo não poderia preencher – um vazio de agonia e
preocupação – em mim que estava dolorosamente perturbado porque eu não
conseguia alcançar o descanso que minha alma desejava! Você tentou desses dois modos chegar
ao Céu? Se você tentou, eu confio no Senhor, no Espírito Santo, que fez seu coração doente,
porque você nunca entraria no Reino do Céu pela porta correta até você primeiramente ser
levado a confessar que todas as outras portas estão barradas em seus dentes! Nenhum
homem virá até Deus pelo caminho estreito e
104
apertado até que ele tenha tentado todos os outros caminhos – e quando nós nos
descobrimos gastos, frustrados e derrotados – então pressionados por uma necessidade
dolorosa, nós nos entregamos à fonte aberta e nós nos lavamos e nos tornamos limpos.
Talvez tenhamos aqui alguns que estão
tentando ganhar a salvação por cerimônias. Você foi batizado na infância. Você toma regularmente a Ceia do Senhor. Você está
presente em sua igreja ou capela. E se você ficar sabendo de outras cerimônias você estará
presente nelas. Ah, meus queridos amigos, todas essas coisas são palha diante do vento na
questão da salvação! Elas não podem te ajudar a dar um passo em direção a aceitar a Pessoa de
Cristo. Construir sua casa com água é como construir sua salvação com pobres coisas como
essas. Elas são boas o bastante para você quando você é salvo, mas se você procura salvação
nelas, elas serão para você como poços sem água, nuvens sem chuva, árvores secas, duas
vezes mortas, arrancadas pelas raízes! Qualquer que seja seu caminho de salvação – porque há
milhares de invenções do homem pelas quais eles procuram se salvar! Qualquer que seja ele,
ouça a sentença de morte dela a partir desse versículo “Não há salvação em nenhum outro;
porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa
que sejamos salvos”
105
II. Agora, isso me leva ao FATO POSITIVO o qual é inferido no texto, em outras palavras, há
salvação em Jesus Cristo, certamente, quando eu faço esse enunciado, eu posso exclamar em
seguida a canção dos anjos e dizer “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os
homens, a quem ele quer bem.”(Lucas 2.14) Aqui há milhares de misericórdias unidas em uma, nesse doce, doce fato – que há salvação em Jesus
Cristo! Eu me esforçaria agora para dividir com qualquer alma aqui presente que mantém uma
dúvida em relação a sua salvação em Jesus Cristo. Eu queria destacar e dirigir a você
carinhosamente e seriamente, eu quero me esforçar para mostrar-lhe que você ainda pode
ser salvo e que em Cristo há salvação para você!
Eu conheço você pecador! Você tentou
encontrar o caminho para o Céu e o perdeu. Você realizou milhares de truques
deslumbrantes para enganar-se, e mesmo assim, nunca conseguiu uma base sólida de
conforto para os seus pobres pés cansados. E agora, cercados pelos seus pecados você não é
capaz de erguer os olhos. A culpa está como um fardo pesado em suas costas, e seus dedos estão
em seu lábios para você não ousar gritar por perdão. Você tem medo de falar sob pena de sua
própria boca que você deve ser condenado! Satanás murmura em seus ouvidos “Tudo está
sobre você – não há misericórdia para quem é como você – você está condenado e condenado
você deve ser! Cristo é capaz de salvar muitos,
106
mas não de salvar você.” Pobre alma! O que eu devo lhe dizer, além disso – venha comigo a cruz
de Cristo e você verá lá uma coisa que ira remover sua incredulidade! Você vê aquele
Homem pregado naquele madeiro? Você conhece Essa Personalidade? Ele está sem
mancha, ou defeito ou qualquer coisa assim. Ele não era ladrão para ter morrido uma morte criminosa – Ele não era um assassino nem um
criminoso para ele ter sido crucificado entre dois malfeitores. Não – Sua origem era pura,
sem um pecado. E Sua vida era Santa, sem uma falha! Da Sua boca procediam somente bênçãos.
Suas mãos eram cheias de boas ações e Seus pés eram rápidos em relação a atos de misericórdia.
Seu coração era branco, com Santidade! Não havia nada Nele que um homem poderia culpar.
Mesmo Seus inimigos, quando procuraram acusá-Lo, encontraram falsas testemunhas, e
mesmo delas “os depoimentos não eram coerentes”(Mc 14.56b). Você O vê morrendo?
Pecador, deve haver mérito na morte de um Homem como Aquele! Sem um pecado próprio,
quando ele é colocado para sofrer – deve ser pelos pecados de outros homens! Deus não iria
afligi-Lo e fazê-Lo sofrer se Ele não merecesse isso. Deus não é o tirano que esmagaria o
inocente! Ele não é alguém não Santo que puniria um homem justo. Ele sofreu, então,
pelos pecados de outros –
“por pecados não os seus,
107
ele morreu para expiação”
Pense na pureza de Cristo e então veja se não há
salvação Nele. Olhe agora para si mesmo, com toda a escuridão, e olhe para a Sua Brancura.
Olhe para si mesmo com toda a sua contaminação e olhe para a Sua Pureza. E você
olha para a Sua pureza como o Lírio e você vê o vermelho de Seu sangue transbordando, deixe esse murmúrio ser ouvido em seus ouvidos – Ele
é capaz de te salvar, pecador, na medida em que ele foi “tentado em todas as coisas, à nossa
semelhança” ainda Ele esteve “sem pecado” (Hb 4.15). Então o mérito de seu sangue deve ser
grande. Oh, que Deus nos ajude a crermos nEle!
Mas essa não é a coisa magnífica que deveria recomendá-lO a você. Lembre, Ele que morreu naquela cruz é nada menos que o eterno Filho
de Deus! Você vê Ele lá? Venha, torne seus olhos mais uma vez para Ele. Você vê suas mãos e pés
gotejando fluxos de sangue? Aquele Homem é o Deus todo-poderoso. Aquelas mãos que estão
pregadas na madeira são mãos que podem balançar o mundo! Naqueles pés que estão
furados, se Ele tiver vontade de colocá-los adiante, tem uma potência de força que pode
fazer as montanhas derreter abaixo de seus passos. Aquela cabeça, agora oprimida em
angústia e fraqueza, tem a sabedoria da Cabeça de Deus que com seu aceno pode fazer o
universo tremer. Ele que está pendurado
108
naquela cruz é Ele sem o qual nada do que foi feito existiria – por Ele todas as coisas consistem
– Produtor, Criador, Protetor, Deus da providência e Deus da Graça – Ele que morreu
por você é Deus sobre tudo, santificado para sempre. E agora, pecador, em um Salvador com
Esse há algum poder para salvar? Se ele fosse um mero homem, um Cristo Sociniano ou Ariano, eu não ofereceria minha confiança
Nele. Mas como Ele não é nenhum outro senão Deus, Ele mesmo, Encarnado em carne
humana, eu te suplico, lance-se nele -
“Ele é capaz, ele está disposto, sem mais dúvidas”
Ele é capaz de salvar totalmente, então venha a
Deus por Ele.
Você lembrará, novamente, como uma consolação a mais na sua fé, você pode acreditar
que Deus o Pai aceitou o Sacrifício de Cristo? È a fúria do Pai a maior causa que você tem para
tremer – o Pai está irado contra você, porque você pecou e ele prometeu com uma maldição
que Ele iria puni-lo por suas ofensas! Agora Jesus morreu em lugar de cada pecador que se
arrependeu ou mesmo irá se arrepender. Jesus Cristo foi colocado como seu substituto e seu
bode expiatório. Deus, o Pai, aceitou o Cristo em lugar de pecadores! Oh, isso não deveria levá-lo
a aceitá-lo. Se o Juiz aceitou o sacrifício,
109
certamente você pode aceitá-lo também! E se Ele está satisfeito – certamente você também
pode estar contente. Se o Credor escreveu um perdão da dívida livre e completo – você o pobre
devedor pode regozijar-se e acreditar que esse perdão da dívida é lhe satisfatório para porque é
satisfatório para Deus. Mas você pode me perguntar como eu sei que Deus aceitou a expiação de Cristo. Eu lembro a você que Jesus
ressuscitou dos mortos. Cristo foi colocado na prisão do túmulo depois que ele morreu, e lá Ele
esperou até Deus aceitar a expiação.
“Se Jesus nunca tivesse pagado a dívida Ele nunca teria sido libertado”
Cristo estaria no túmulo esse mesmo dia se Deus não tivesse aceitado Sua expiação para nossa justificação! Mas o Senhor olhou do Céu e
Ele avaliou o trabalho de Cristo e disse consigo Mesmo, “Muito Bom. É o suficiente.” E virando-
se para um anjo disse “Anjo, meu filho está confinado em uma prisão, um refém para meus
eleitos. Ele pagou o preço. Eu sei que ele não quebrará a prisão por si Mesmo – vá anjo, vá e
role aquela pedra da porta do sepulcro e O liberte.” Voou abaixo o anjo e rolou a pedra
pesada. E levantando das sombras da morte o Salvador viveu! “Ele morreu e ressuscitou para
nossa justificação.” Agora, pobre Alma, você entende que Deus aceitou a Cristo – Então
certamente, você pode aceitá-lo e crer nele!
110
Um outro argumento que talvez possa se aproximar de sua própria alma é esse – muitos
que foram salvos são tão desprezíveis como você, então, há salvação! “Não,” você diz,
“ninguém é tão desprezível como eu.” È uma misericórdia da qual você pensa desse modo, no
entanto é quase certo que outros que foram salvos foram tão imundos como você. Você foi um perseguidor? Sim, mas você não teve mais
sede de sangue do que Saul! E ainda aquele chefe de pecadores se tornou o chefe dos
santos! Você foi um praguejador? Você amaldiçoou o Todo-poderoso em Sua Face? Sim.
E tais foram alguns de nós que levantamos nossas vozes em oração e nos aproximamos de
Seu trono com aceitação. Você foi um bêbado? Sim, assim como muitos do povo de Deus foram
por muitos dias ou por muitos anos – mas eles abandonaram sua podridão e se voltaram ao
Senhor com pleno propósito de coração. No entanto é grande o seu pecado, eu te digo,
homem, mulher, alguns tão afundados no pecado como você foram salvos! E se ninguém
que foi salvo foi tão grande pecador como você, então uma razão muito maior porque Deus deve
te salvar – Ele pode ir além de tudo aquilo que ele mesmo já fez! O Senhor sempre se alegra em
fazer maravilhas. E se você permanece o chefe dos pecadores, um pouco a frente de todo o
resto, eu creio que Ele irá se alegrar em salvar você – que as maravilhas de Seu amor e de Sua
Graça podem ser mais notoriamente
111
conhecidas! Você ainda diz que é o chefe dos pecadores? Eu te digo que eu não acho isso. O
chefe dos pecadores foi salvo anos atrás – esse foi o Apóstolo Paulo – mas mesmo se você
excedesse-o – ainda aquela palavra vai um pouco além de você! “Por isso, também pode
salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus” (Hb 7.25a) Lembre, Pecador, se você não encontrar salvação em Cristo, será porque você
não procurou-o, porque ela certamente está lá. Se você irá perecer sem ser salvo pelo sangue de
Jesus Cristo, não será por ausência de poder no sangue para te salvar, mas completamente por
ausência de vontade de sua parte – que você não crerá nele, mas de forma libertina e intencional
rejeitou Seu sangue para sua própria destruição! Tome cuidado consigo mesmo,
porque certamente como não há salvação em nenhum outro, tão certamente há salvação
Nele.
Eu posso voltar-me a mim mesmo e lhe dizer que certamente deve haver salvação em Cristo
para você assim como eu encontrei salvação em Cristo para mim. Frequentemente eu tenho dito
que eu nunca vou duvidar da salvação de ninguém, enquanto eu posso, somente sabendo
que Cristo me aceitou. Oh, quão escuro era o meu desespero quando pela primeira vez eu
procurei seu Propiciatório! Eu pensava que se ele tivesse misericórdia do mundo todo, Ele
ainda nunca teria misericórdia de mim! Os
112
pecados da minha infância e adolescência me assombravam. Eu procurei me livrar deles um
por um, mas eu fui pego em uma rede de ferro de maus hábitos e eu não podia pôr fim neles.
Mesmo quando eu renunciava meu pecado a culpa ainda aderia em minhas roupas. Eu não
poderia tornar a mim mesmo limpo! Eu orei por três longos anos. Eu dobrei meus joelhos em vão, e procurei, mas não encontrei
misericórdia. Mas, no fim, abençoado por Seu nome, quando eu tinha desistido de toda
esperança e pensava que sua fúria rapidamente me destruiria e que a sepultura do inferno
abriria sua boca e me engoliria, no tempo em que eu cheguei ao meu limite Ele se manifestou
e me ensinou a me lançar simplesmente e completamente a Ele! Assim será com você –
somente confie Nele, porque há salvação Nele – descanse assegurado disso. Todavia, para
apressar sua diligência, Termino referindo que, se você não encontrar a salvação em Cristo,
lembre-se que você nunca irá encontrá-la em outro lugar. Que terrível coisa será se você
perder a salvação provida por Cristo. “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão
grande salvação?” (Hb 2.3a) Hoje, muito provavelmente, eu não estou falando para
muito dos mais rudes pecadores, ainda eu sei que estou falando para alguns dessa classe. Mas
sejamos nós rudes pecadores ou não – quão terrível coisa será para nós morrermos sem
primeiro ter encontrado interesse no Salvador.
113
Oh Pecador! Isso deveria te apressar em ir ao propiciatório. Lembre que se você não
encontrar misericórdia em Jesus você não encontrará em nenhum lugar mais. Se os
portões do céu nunca se abrirem para você, lembre que não há nenhum outro portão que
possa ser aberto para sua salvação! Se Cristo recusar você, você é recusado! Se seu sangue não for borrifado em você, você está perdido,
sem dúvida. Oh, se ele mantém você esperando um pouco, continue em oração. É digno esperar
por – especialmente quando você tem este pensamento mantendo-o esperando, ou seja
que não há esperança em nenhum outro, nenhum outro caminho, nenhuma outra
esperança, nenhuma outras base de confiança, nenhum outro refúgio. Lá eu vejo os portões do
céu, e se eu devo entrar, eu devo rastejar em minhas mãos e joelhos porque é um portão
baixo. Lá eu vejo, é estreito e apertado, eu devo deixar atrás de mim meus pecados, minha
justiça e meu orgulho e devo rastejar por aquela portinhola. Venha pecador, o que você diz? Você
vai além por esse portão apertado e estreito, ou você vai desprezar a vida eterna e arriscar a
felicidade eterna? Ou você vai passar humildemente esperando aquele que deu a si
mesmo por você, te aceitou e te salvou agora e eternamente.
Tomara que essas poucas palavras tenham poder para atrair alguns para Cristo e assim fico
114
contente. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31b) “porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”
Amém. Amém!
115
9 - Uma Cura Tríplice para um Mal
Tríplice
Existem três principais defeitos no homem desde a queda:
Há ignorância e cegueira.
Há rebelião na vontade e afeições.
E no que diz respeito à sua condição, em razão dos pecados da natureza e da vida, há a sujeição
a um estado amaldiçoado, sob a ira de Deus e à condenação eterna.
Agora, para responder a estes três grandes males, aquele que deve ser ordenado Salvador
deve fornecer remédios adequados para os mesmos. Por isso há um tríplice ofício em
Cristo, que é ordenado para salvar o homem, para curar esses três males citados.
Como somos ignorantes e cegos, ele é um profeta para nos instruir, para nos convencer do mau estado em que estamos, e, então, para nos
convencer do bem que ele designou para nós, e que tem feito por nós, para nos instruir em todas
as coisas para o nosso conforto eterno. Ele é um profeta que não somente nos ensina
externamente, mas o nosso homem interior. Ele abre o coração, ele ensina a fazer as coisas que
ele ensina. Os homens ensinam o que devemos
116
fazer, mas não podem nos capacitar interiormente a fazê-las. Ele é um profeta que
tanto nos ensina o que fazer, como também a amar e obedecer,etc.
E responde à rebelião e pecaminosidade de
nossas disposições, ele é um rei para dominar tudo o que está mal em nós, e também para
subjugar todos os poderes que se opõem em nós. Pouco a pouco ele vai subjugando todos os
inimigos debaixo de seus pés, e sob os nossos pés, também, dentro de pouco tempo.
Agora, como nós fomos amaldiçoados por causa
de nossa condição pecaminosa, por isso ele é um sacerdote para satisfazer à ira de Deus
contra nós. Ele foi feito maldição por nós, Gál 3.13. Ele se tornou um servo, para que, sendo
assim, ele pudesse morrer, e se submeter à morte de maldição na cruz, não somente uma
morte, mas uma morte amaldiçoada, e por isso o seu sangue pode ser uma expiação, e ele um
sacerdote. Assim, respondendo ao tríplice mal em nos, você pode ver aqui um tríplice ofício em
Cristo.
Tradução feita pelo Pr Silvio Dutra de parte de um texto de Richard Sibbes, em domínio
público.
117
10 - Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no Reino de Deus?
“Lucas 18:24 E Jesus, vendo-o assim triste, disse:
Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
Lucas 18:25 Porque é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.”
Nosso Senhor Jesus Cristo se referiu à riqueza de bens deste mundo como um fator não
impeditivo, mas gerador de grande dificuldade para a conversão que garante a entrada dos
pecadores no reino de Deus.
Percebemos que suas palavras não se referem à dificuldade de permanência dos ricos no reino,
mas à própria admissão deles.
E por que é difícil para eles tal ingresso, conforme pode ser constatado na experiência
real de suas vidas ao longo destes dois mil anos de Cristianismo?
Deus não ama aos ricos tanto quanto aos pobres de bens mundanos?
Deus fez uma prioridade pelos pobres, de modo a excluir a grande maioria dos ricos?
118
De modo nenhum!
O bom senso não o permita!
A dificuldade não está em Deus e nem sequer em sua boa vontade para salvar a qualquer que
vier a Cristo, mas nos próprios ricos.
A conversão requer arrependimento, humildade de espírito, confiança total em Cristo
e dependência total de Sua graça salvífica.
Reconhecimento da condição de miséria da nossa natureza terrena, que está morta em delitos e em pecados, e que está naturalmente
indisposta contra Deus, e em real estado de inimizade contra Ele.
Confessar a Jesus como Senhor e Salvador de sua vida, e suplicar-lhe humildemente que lhe
salve da condenação eterna.
Entristecer-se pelos pecados e buscar um viver santificado no Espírito Santo para a purificação da consciência e do coração, pela entrega total
de si mesmo à prática da justiça e das boas obras.
E uma vez convertido pelo Espírito, negar-se a si mesmo, carregar a cruz cotidianamente e dispor-se como uma criança a obedecer
fielmente todos os mandamentos de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme se encontram
registrados na Bíblia.
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É nisto tudo, basicamente, que reside a dificuldade dos que são ricos para serem salvos,
e nem tanto pelo fato propriamente dito de serem detentores de grandes riquezas.
120
11 - Apenas um Caminho
Por J. C. Ryle ((Texto original, traduzido,
reduzido e adaptado por Silvio Dutra)
“E em nenhum outro há salvação, porque
também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos
ser salvos” (Atos 4: 12)
Essas palavras são impressionantes, mas conseguem ser ainda mais, depois de
considerarmos quando e por quem foram pronunciadas.
Foi um cristão pobre e desamparado quem as falou, no meio de um perseguidor conselho
judaico. Essa foi uma verdadeira confissão a Cristo.
Tais palavras foram balbuciadas pelos lábios do apóstolo Pedro. Algumas semanas antes disso, esse mesmo homem abandonou Jesus e fugiu;
além de negá-lo três vezes. Há um novo espírito nele, agora. Ele se levanta corajosamente diante
de sacerdotes e saduceus, dizendo-lhes a verdade, “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós,
os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação,
porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual
devamos ser salvos”.
121
I. Primeiro, deixe-me apresentar a doutrina do texto.
Vamos nos certificar de que entendemos
corretamente o que o apóstolo Pedro quis dizer. Sobre Cristo, ele fala: “E em nenhum outro há
salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. O que significa
isso?
Ele quer dizer que ninguém pode ser salvo do pecado e da sua culpa, nem do poder e das
consequências que ele acarreta, a não ser por Jesus Cristo.
Ele quer dizer que ninguém pode ter paz com Deus Pai e obter perdão nesse mundo, a fim de escapar da ira que virá no porvir, o inferno, a não
ser através do resgate e da intercessão de Jesus Cristo.
A rica provisão de Deus para a salvação dos pecadores está em Cristo – e nele somente; assim como também apenas em Cristo as
misericórdias deDeus descem dos céus à Terra.
Apenas o sangue de Cristo pode nos limpar; apenas sua retidão pode nos prover e é mérito
apenas dele termos um lugar no céu. Judeus e gentios, educados ou não, reis e pobres, todos
devem ou ser salvos por Jesus ou
122
caminhar para a perdição eterna.
O apóstolo afirma enfaticamente: "porque também debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. Não há nenhuma outra pessoa
comissionada, selada e designada por Deus Pai para ser o Salvador dos pecadores, apenas
Cristo. As chaves para a vida e para a morte foram confiadas em Suas mãos, então todos os
que querem ser salvos, devem ir a Ele.
No dia em que veio o dilúvio sobre a terra, havia apenas um lugar seguro: a arca de Noé. Todos os
outros lugares ou dependências – montanhas, torres, árvores, jangadas, barcos – eram inúteis.
Da mesma forma, há apenas um esconderijo para onde o pecador que deseja escapar da fúria
de Deus deve ir: Cristo.
Havia apenas um homem para quem os egípcios
poderiam recorrer nos tempos de escassez: José. Era perda de tempo buscar qualquer outra
pessoa. Assim, também há apenas um para quem as almas famintas devem se dirigir, se não
quiserem ir para o inferno: Cristo.
Essa é a doutrina do texto. “Não há salvação, senão por Jesus Cristo. Nele há abundância
salvífica de tal forma que até para o pior dos pecadores há salvação, entretanto, fora dele,
não há salvação alguma”. Ela está em
123
perfeita harmonia com as próprias palavras de nosso Senhor em João, “Eu sou o caminho, e a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”
(João 14: 6). Paulo afirma o mesmo aos coríntios:
"Porque ninguém pode colocar outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." (I Co 3:11). João também afirma o
mesmo em sua primeira epístola: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida
eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de
Deus, não tem a vida” (I João 5: 11,12).
Todos esses textos chegam à mesma conclusão: não há salvação, a não ser por Jesus Cristo.
Lembre-se de que você deve entregar a salvação de sua alma a Cristo e apenas a Ele. Você deve se desfazer completamente de qualquer outra
esperança ou fé, você não pode descansar parcialmente nEle, fazer parcialmente o que
estiver ao seu alcance, frequentar parcialmente a igreja e parcialmente receber os sacramentos.
Para que você seja justificado,
Cristo deve ser tudo e único. Essa é a doutrina do texto.
Lembre-se de que o céu está à sua frente e que Cristo é a única porta pela qual você pode entrar.
124
O inferno está sob você e apenas Cristo pode libertá-lo dele, o diabo está a sua procura e
Cristo é o único refúgio contra sua ira e acusações. A lei está contra você e apenas Cristo
pode redimi-lo, o pecado lhe oprime e Cristo é o único que pode derrubá-lo. Essa é a doutrina do
texto.
II. Deixe-me mostrar, agora, algumas razões por
que a doutrina desse texto é correta.
Posso encurtar a segunda parte desse tratado
com um simples argumento:
“Deus diz assim”. “Um texto claro”, disse um
antigo sacerdote, “é tão bom quanto mil motivos”.
Mas não farei isso. Gostaria de me opor às objeções que estão dispostas a crescer em seus
corações contra essa doutrina, mostrando os firmes fundamentos nos quais ela se sustenta.
(1) Permita-me, então, dizer que a doutrina desse tratado é correta, porque homem é o que
o homem é.
O que o homem é? Existe uma resposta clara e devastadora, que envolve toda a raça humana: o homem é um ser pecador. Todos os filhos de
Adão, nascidos nesse mundo, seja lá qual for seu nome ou nação, estão corrompidos, são maus e
contaminados aos olhos de Deus. Seus
125
pensamentos, suas palavras, seus caminhos, suas ações, são sempre defeituosas e
imperfeitas.
Não há nenhum país sequer na face da Terra,
onde o pecado não reine? Não há um vale feliz ou uma ilha isolada onde a inocência possa ser
vista? Não há tribo alguma na terra onde, distante da civilização, do comércio, do dinheiro, das armas, do luxo e dos livros,
possamos encontrar ostentadas a decência e a pureza? Não, leitor, não há. Examine todas as
viagens que possa lembrar, de Colombo a Cook, e você verá a verdade no que estou dizendo. As
mais isoladas ilhas do oceano Pacífico - ilhas afastadas de todo o resto do mundo, ilhas cujos
habitantes desconheciam Roma e Paris, Londres e Jerusalém – foram encontradas
cheias de impurezas, crueldades de idolatrias. As pegadas do diabo foram rastreadas em todas
as costas. A veracidade do terceiro capítulo de Gênesis pode ser vista em todos os lugares. Os
bárbaros podiam ser ignorantes em tudo, mas nunca o foram quando o assunto em questão era
o pecado.
Há, entretanto, homens e mulheres no mundo que estão livres dessa natureza corrupta? Não houve almas aqui e acolá que viverem vidas sem
defeitos? Não houve alguns, alguns poucos, que fizeram tudo o que Deus ordenou e, portanto,
provaram que a perfeição é possível? Não, leitor,
126
não houve alma alguma assim. Observe todas as biografias e vidas dos cristãos mais santos,
perceba como os mais brilhantes dos filhos de Deus sempre tiveram uma noção profunda de
seus próprios defeitos e de sua natureza corrupta. Eles gemem, lamentam, suspiram e
choram pelas suas fraquezas, esse é o ponto comum entre eles. Patriarcas e apóstolos, pais e reformadores, episcopais e presbiterianos,
Lutero e Calvino, Knox e Bradford, Rutherford e Bispo Hall, Wesley e Whitefield, Martyn e
M’Cheyne, todos sofreram com seus próprios pecados. Quanto mais conhecimento eles
tinham, mais humildes e simples eram; quanto mais santos eram, mais pareciam se
desmerecer e glorificar-se em Cristo.
O que tudo isso pode provar? A meu ver, prova que a natureza humana é tão suja e corrupta que se dependesse dela, nenhum homem seria
salvo. A história da humanidade não tem esperança alguma sem um Salvador. É
necessário um Mediador, um redentor, um advogado, a fim de transformar tão pobres
pecadores em seres aceitáveis a Deus, e isso não podemos encontrar em lugar algum, exceto em
Jesus Cristo. O céu para o homem que não tem um Redentor, paz com Deus para o homem sem
um Intercessor, vida eterna para o homem sem um Salvador - resumindo, salvação sem Cristo -
tudo isso me parece completamente impossível.
127
Coloco esses pensamentos diante de vocês e peço-lhes para que os considerem. Sei que é
dificílimo compreender a pecaminosidade do pecado.
Dizer que somos todos pecadores, é uma coisa, mas ter uma ideia de como o pecado é visto por Deus, é outra bem diferente. O pecado já está tão
presente em nossa vida, que não nos permite vê-lo como é, não sentimos nossa própria
deformidade moral. Somos como aqueles animais em criação, vis e asquerosos a nosso
ver, mas não para eles mesmos. É da natureza deles serem repugnantes, por isso nem sequer
percebem. Nossa corrupção é uma parcela de nós mesmos e, quando muito, temos uma vaga
compreensão de sua intensidade.
Entretanto, disso podem estar certos, se pudessem observar suas vidas com os olhos dos
anjos que nunca caíram, jamais duvidariam, em momento algum, do que falo agora. Não é
possível que alguém, conhecendo a natureza corruptível do homem, não veja que a doutrina
aqui exposta é correta e verdadeira. Não há salvação, se não por Cristo.
(2) Deixe-me dizer algo mais: a doutrina do nosso texto é correta, porque Deus é o que é.
E o que é Deus? Essa é uma pergunta interessante. Sabemos algo de Seus atributos:
128
Ele não teve testemunha na criação e com misericórdia nos revelou muito a seu respeito
nas Escrituras. Sabemos que Deus é espírito – eterno, invisível e todo poderoso - o criador de
todas as coisas e preservador de tudo; ele é santo, justo e onisciente, infinito em
misericórdia, em sabedoria e em pureza.
Entretanto, como são baixas e simplórias nossas ideias, quando tentamos descrever a forma com
que acreditamos que Ele seja! Quantas palavras e expressões usamos, mas nem sequer
conseguimos descrevê-lo! Quantas coisas nossa língua fala sobre Ele, mas que nossa mente não
consegue compreender!
Vemos tão pouco nEele e conhecemos tão pouco dEle. Nossas palavras são tão vis e torpes, que não conseguimos transmitir ideia alguma
sobre Deus, que fez esse mundo grandioso do nada e para quem um dia é o mesmo que mil
anos, e mil anos, um dia! Nosso intelecto é tão fraco e inadequado para entendê-lo, porque Ele
é perfeito em todas as suas obras, perfeito no muito e no pouco, perfeito em dizer os dias e as
horas em que Júpiter, com todos os seus satélites, viajará ao redor do sol e perfeito ao
criar o menor dos insetos que se arrasta no nosso globo. Estamos tão ocupados que não
compreendemos o Ser que comanda tudo, no céu e na Terra, através da providência universal,
ordenando ascensão e queda de nações e
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dinastias, como Nínive e Cartago; ordenando a extensão exata com a qual homens como
Alexandre, Tarmelão e Napoleão poderiam expandir suas conquistas; ordenando os últimos
passos na vida do mais humilde cristão entre os povos; tudo isso ao mesmo tempo, sem parar,
perfeitamente. Tudo isso por Sua glória.
O cego não pode julgar as pinturas de Rubens ou Ticiano; o surdo não pode escutar as lindas
melodias de Handel; o groenlandês tem apenas uma noção do que é o clima nos trópicos; o
australiano selvagem tem uma concepção distante de locomotiva, logo, seja como for a sua
descrição, não há lugar na mente dos humanos para absorver essas coisas, eles não têm
inclinação para compreendê-las, não possuem dedos imaginários para agarrá-las. De igual
modo, as melhores e mais brilhantes ideias que o homem pode formar a respeito de Deus,
comparadas à realidade que um dia presenciaremos, são fracas e fantasiosas.
Entretanto, leitor, isto, acredito, está muito claro: quanto mais calmamente um homem
pensa no que Deus realmente é, mais ele deve perceber a distância imensurável entre ele e
Deus; quanto mais ele medita, mais ele deve ver que há um abismo profundo entre ambos. Sua
consciência lhe dirá, caso ele a deixe falar, que Deus é perfeito, mas ele, não; que Deus é alto,
ele, baixo; que Deus é majestade gloriosa, ele,
130
um verme; e que se ele quiser apresentar-se diante de Deus no julgamento
confortavelmente, ele precisará de uma ajuda poderosa, caso contrário, não será salvo.
O que seria isso, senão a própria doutrina desse texto? O que seria isso, senão chegar à conclusão que lhes tenho lançado
insistentemente? Se temos que prestar contas com alguém como Deus, é melhor termos um
salvador poderoso! Para sermos entregues a um ser tão glorioso como Deus, devemos ter um
advogado e um amigo todo-poderoso ao nosso lado, que poderá nos defender de todas as
acusações a que nos submetam e advogar nossa causa com Deus em termos justos. Queremos
isso, nada mais que isso. Noções vagas de misericórdia jamais nos darão a verdadeira paz.
Um salvador, amigo e advogado como esse, não pode ser encontrado em mais ninguém, senão
em Jesus Cristo.
(3) Em terceiro lugar, deixe-me dizer-lhes que essa doutrina é correta, porque a Bíblia é o que ela é.
Na Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, há apenas uma descrição sobre a forma com que o homem
pode ser salvo. Ela é sempre a mesma: apenas pelo amor de nosso Senhor Jesus Cristo, pela fé
e não por boas obras ou merecimentos.
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Primeiro você a vê revelada vagamente, ela aparece meio enturvada em algumas promessa,
mas lá está.
Depois, ela aparecerá com mais clareza, é ensinada pelos figuras e símbolos da lei de
Moisés, o professor da antiga dispensação.
Você a terá ainda mais claramente depois. Os profetas viram por meio de visões o Redentor que estava por vir.
No final, você a tem de forma óbvia, na clareza do Novo Testamento: Cristo encarnado, crucificado, ressuscitado e pregado pelo
mundo.
Entretanto, uma corrente de ouro corre através de todo o livro: nenhuma salvação existe, exceto
por Jesus Cristo. As feridas na cabeça da serpente no dia da queda, as vestimentas de
nossos primeiros pais com peles, os sacrifícios de Noé, Abraão, Isaque e Jacó, a páscoa e todas
as particularidades das leis judaicas, o sumo sacerdote, o altar, a oferta diária do cordeiro, o
Santo dos santos onde só se entrava pelo sangue, o bode expiatório, as cidades de refúgio,
tudo isso prova a verdade descrita no texto, todos pregam alto e em bom som que a salvação
só acontece através de Jesus Cristo.
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Essa verdade, de fato, parece-me ser o grande objetivo da Bíblia e todas as outras partes e
porções das Escrituras servem justamente para ilustrá-la.
Não consigo ver o perdão de Deus nessas ideias,
a não ser por meio de uma conexão com essa verdade. Se soubesse de alguma alma que foi salva sem ter tido fé no Salvador, talvez deixasse
de falar com tanta certeza, mas quando vejo que a fé em Cristo – no Cristo crucificado – era um
dos distintivos na religião de todos os que foram para o céu; quando vejo Abel ganhando a Cristo
com seu sacrifício numa parte da Bíblia; os santos em glória numa visão de João se
regozijando em Cristo; um homem como Cornélio, devoto e temente a Deus, dava
esmolas e orava (não digo que por isso ele foi salvo, mas ordenou o envio de Pedro a fim de
escutar a respeito de Cristo); quando vejo todas essas coisas, sinto-me compelido a crer que a
doutrina desse texto é bíblica. Não há salvação, não há um caminho para o céu, exceto através
de Cristo Jesus.
Leitor, não sei como você utiliza a Bíblia, se você a lê ou não, se a lê por completo ou apenas
algumas partes, mas isso é certo: se você lê e acredita na Bíblia, você terá dificuldades em
escapar dessa doutrina.
133
Cristo é o caminho, o único caminho; Cristo é a verdade, a única verdade; Cristo é a vida, a única
vida.
Essas são as razões que confirmam a veracidade do que está escrito nesse texto. O que o homem
é, o que Deus é, o que a Bíblia é, tudo isso nos leva à mesma conclusão: não há salvação sem
Cristo. Agora deixo essas razões com você e passo adiante.
III. Em terceiro e último lugar, deixe-me mostrar as consequências que surgem junto com a doutrina.
Poucas partes desse assunto são mais importantes do que esta. A verdade que venho
dizendo nesse texto pesa tanto sobre a humanidade que seria muita presunção de
minha parte não comentá-la. Se Cristo é o único caminho para a salvação, como devemos nos
sentir em relação a tantas pessoas nesse mundo? Esse é o ponto sobre o qual agora
falarei.
A verdadeira caridade, para mim, é contar o máximo de verdades que pudermos. Não
acredito ser caridade esconder as consequências de um texto como esse e fechar
nossos olhos contra elas. Chamo seriamente todos àqueles que acreditam que a salvação
acontece apenas por meio de Cristo, o único
134
nome debaixo do céu pelo qual podemos ser salvos. Chamo todos vocês e peço-lhes para que
me escutem enquanto exponho todas as consequências que aparecem junto a esse texto.
De uma coisa estou certo, não temos mérito nenhum na salvação. Minha opinião é que o mais alto arcanjo – num grau bem distinto do
nosso, claro – deverá sua posição a Cristo e que tudo no céu, assim como tudo na terra, estará
em débito com o nome de Jesus.
Os Socinianos dizem que Cristo foi meramente
um homem e que seu sangue teve tanto valor quanto o de qualquer outro, que sua morte na
cruz não redimiu os pecados humanos e que fazer acontecer é o caminho para o céu, e não
crer. Essa crença é ruína para a alma humana. Parece-me atacar a raiz de todo o plano da
salvação que Deus revelou na Bíblia e praticamente anula a melhor e maior parte das Escrituras. Ela destrói o sacerdócio do Senhor
Jesus e tira-o de seu ofício, ela converte a lei de Moisés e as ordenanças em algo sem valor
algum. Faz parecer que o sacrifício de Caim era tão bom quanto o de Abel e deixa o homem à
deriva num mar de incerteza, ao tirar-lhe a obra já terminada do nosso divino Mediador.
Se você ama sua vida, tenha cuidado com a menor das tentativas em depreciar a Cristo, o
Seu ofício e Suas obras. O único nome pelo qual
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você pode ser salvo é o nome acima de todos os nomes, portanto, qualquer ataque contra Ele, é
um insulto ao Rei dos reis. A salvação da sua alma foi colocada em Cristo por Deus Pai, e em
nenhum outro. Se ele não fosse realmente Deus, jamais teria conseguido executá-la e não
haveria salvação alguma.
Outra consequência a ser aprendida do nosso texto é o grande erro cometido por aqueles que
adicionam qualquer característica a Cristo, como necessária à salvação.
É fácil professarmos nossa crença na Trindade e reverenciar nosso Senhor Jesus Cristo e, ainda assim, adicionar algo a Ele, deixando de lado
toda a doutrina do texto e negando-a de forma tão branda.
Todos que agem dessa forma me parecem declarar que a salvação não é encontrada
simples e unicamente em Cristo, parecem adicionar outros nomes ao nome de Jesus, pelos
quais homens devem ser salvos. Até mesmo o nome de suas denominações, tudo isso me
parece querer responder à pergunta, “O que devo fazer para ser salvo?”, não apenas com “Acredite no Senhor Jesus Cristo”, mas também
“venha e junte-se a nós”.
Peço para que os cristãos verdadeiros tomem cuidado com tal extremismo, não importa a
136
forma com que ele apareça. Dizendo isso, não serei mal interpretado. Quero que todos sejam
firmes em suas visões eclesiásticas e que estejam certos de sua precisão. Tudo o que peço
é que não ponham essas coisas no lugar de Cristo ou as coloque perto dEle ou fale delas
como algo necessário para a salvação. Por mais doce que nossas visões nos possam parecer, devemos tomar cuidado para não colocá-las
entre o pecador e o Salvador. Resumindo, tomemos cuidado para não adicionar algo à
doutrina do texto. No tocante aos assuntos da Palavra de Deus, é um grande pecado tanto
adicionarmos quanto retirarmos algo dela.
A última consequência a ser aprendida desse texto é o absurdo em supor que devemos nos satisfazer com o estado da alma humana, se ele
é apenas sincero.
Essa é uma heresia bem comum, na verdade, e uma contra a qual sempre devemos estar de
guarda. Há muitos que dizem, "não temos nada a ver com a opinião de terceiros. Eles podem
estar enganados, mas também é possível que estejam certos e nós, errados. Tudo isso soa
liberal e muito caridoso, da forma como as pessoas gostam de fantasiar suas visões.
Entretanto, visões como essas são completamente contraditórias à Bíblia, não
importa o que defendam. Não vejo na Bíblia
137
nenhuma história sequer falando que alguém foi ao céu simplesmente por ser sincero, ou foi
aceito por Deus apenas pela sua determinação em manter suas visões. Os sacerdotes de Baal
eram sinceros quando se cortavam com facas e lancetas até seu sangue jorrar, ainda assim,
Elias ordenou que fossem tratados como idólatras. Manassés, rei de Judá, foi, sem dúvida alguma, sincero quando queimou seus filhos no
fogo de Moloque, mas quem não sabe o quanto ele se culpou por isso? O apóstolo Paulo, quando
fariseu, era sincero ao destruir igrejas, mas quando abriu os olhos, lamentou tudo o que
havia feito.
Tenhamos cuidado ao aceitar que a sinceridade seja o indispensável e que não temos direito algum de falar do estado espiritual do homem,
simplesmente porque as opiniões defendidas por ele são sinceras. Se é esse o nosso
pensamento, então os sacrifícios Druídicos, o Carro do Krishna, o costume hindu de queimar
a viúva com os restos mortais de seu marido, os assassinatos sistemáticos dos malfeitores
Thugs indianos e as fogueiras de Smithfield poderiam ser defendidos, mas um pensamento
assim não vingará, ele não suportará os testes das Escrituras. Caso você concorde com esses
pensamentos, então aproveite para jogar fora sua Bíblia. Sinceridade não é Cristo, portanto,
sinceridade não pode perdoar os pecados.
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Tenho certeza de que essas consequências podem parecer desagradáveis para muitos de
vocês que me leem. Entretanto, digo-as de forma ponderada e deliberada. Afirmo
enfaticamente que uma religião sem Cristo, uma religião que O deixa de lado, uma religião
que adiciona algo a Ele, uma religião que coloca sinceridade no lugar dEle, é uma religião perigosa e deve ser evitada, porque é contrária à
doutrina de nosso texto.
Você pode até não gostar disso e sinto muito se esse for o caso. Você pode me considerar severo, avaro, cabeça-dura, intolerante e por aí vai, mas
não me importo, porque você não poderá dizer que a minha doutrina não é a da Palavra de Deus.
Essa doutrina é a crença de que Cristo é o único necessário para nossa salvação e, sem Ele, não
há salvação alguma.
É minha obrigação prestar depoimento contra o espírito dos dias em que vivemos e adverti-lo contra essa doença. Atualmente, não temo o
ateísmo tanto quanto temo o panteísmo. Não é o sistema que diz que nada é verdade, mas o que
diz que tudo é verdade; não é o sistema que diz que não há um salvador, mas o que diz que há
vários salvadores e muitos caminhos para obter a paz. É o sistema que é tão liberal, que não ousa
dizer que algo é falso, é o sistema que é tão caridoso, que aceitará a veracidade de tudo, é o
sistema que parece pronto a honrar outros tanto
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quanto o nosso Senhor Jesus Cristo, classificá-los todos iguais e esperar o bem de todos. É um
sistema tão escrupuloso quanto o sentimento dos outros, que nunca podemos dizer que está
errado; é um sistema tão liberal, que chama um homem de fanático, se ele disser "Sei que
minhas visões são corretas”. Esse é o sistema que tenho pavor hoje em dia. Esse é o sistema que desejo enfaticamente testificar contra e
denunciá-lo.
Que sistema é esse, senão o ato de curvar-se perante um ídolo chamado liberalismo? Que
sistema é esse, senão o sacrifício da verdade a fim de dar lugar à caridade? Tome cuidado com
isso, leitor, cuide para que a tórrida corrente da opinião pública não o leve embora. Se você
acredita na Bíblia ou for um consistente cristão, tome cuidado. Deus falou ou não conosco na
Bíblia? Ele nos mostrou o caminho para a salvação plena na Bíblia ou não? Ele nos
explicou o perigo de não andar por esse caminho ou não? Preparem suas mentes,
encarem essas perguntas e respondam-nas honestamente. Diga-nos que há outro livro
inspirado, fora a Bíblia, e assim entenderemos o que você quer dizer; diga-nos que a Bíblia não foi
inspirada, e assim saberemos onde lhe encontrar, mas admita que a Bíblia, por
completa, e nada mais que a Bíblia, é a palavra de Deus, e então não saberei dizer como você pode
escapar da doutrina desse texto. Que o Senhor o
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livre do liberalismo que afirma que todos estão corretos, da caridade que proíbe dizermos que
alguém está errado e da paz que é trazida às custas da verdade.
Falo por mim mesmo, não encontro descanso
entre um cristianismo categórico e uma infidelidade categórica, seja lá o que outros
pensem. Não encontro refúgio algum entre eles, nem mesmo casas capazes de abrigar minha
alma cansada. Posso ver consistência num infiel, mesmo tendo pena dele, assim como
também posso ver consistência no apoio à verdade evangélica, entre entretanto, não
consigo enxergar um meio-termo entre eles. E isso eu digo sem receio algum. Que eu seja chamado de conservador e severo, mas não
consigo escutar a voz de Deus fora da Bíblia e não consigo ver salvação para pecadores nela,
senão por meio de Jesus Cristo. No nosso Senhor, vejo abundância, mas fora dele, não. E
para aqueles que confessam uma religião em que Cristo não é tudo, tenho um palpite muito
desconfortável sobre sua segurança. Não digo, em momento algum, que nenhum deles está
salvo, mas afirmo que os que são salvos, assim o são pelas suas discordâncias quanto a seus
próprios princípios e apesar de seu sistema.
O homem que escreveu a famosa frase:
“Não pode estar errado, aquele cuja vida está na retidão”, foi um grande poeta, sem dúvida
alguma, mas também um grande infeliz.
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Deixe-me concluir com algumas palavras para nosso uso.
Primeiro de tudo, se não há salvação, senão por Jesus Cristo, certifique-se de que você se
interessa por ela. Não se contente em ouvir, aprovar, consentir com a verdade, mas parar
por aí. Busque ter um interesse pessoal nessa salvação, agarre-a na fé, pelo bem de sua alma; não descanse até que você sinta a paz com Deus,
oferecida por Jesus; não pare até que você seja de Cristo e Cristo seja seu. Se houvesse duas,
três ou até mais formas de se chegar ao céu, não haveria necessidade de pressionar tudo isso
sobre você. Entretanto, se há apenas um caminho, então você não deve ficar surpreso
quando digo, "certifique-se de que você está nele”.
Segundo, se não há salvação, exceto por meio de Cristo, pregue isso a todas as almas que ainda
não o conhecem como seu Salvador. Há milhares nessa condição miserável, milhares
em terras estranhas, milhares no seu próprio país, milhares que ainda não confiam em Cristo
Jesus. Se você for um verdadeiro cristão, você se entristecerá por elas, você orará por elas, você
trabalhará por elas, enquanto ainda há tempo. Você realmente acredita que Cristo é o único
caminho para o céu? Então viva conforme sua crença! Olhe para o seu círculo familiar e de
amizade, conte um por um e veja quantos ainda
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não estão em Cristo. Faça o bem para eles de alguma forma, aja como agiria um homem que
acredita que seus amigos estão em perigo.
Não se contente com o fato de serem dóceis e amáveis, gentis e bem-humorados, de boa
conduta moral e corteses, seja desprezível para com eles, até que se voltem a Cristo e confiem
Nele, porque é isso o que você deve fazer. Não deixe sozinho alguém que não tenha Cristo, caso
você tenha oportunidades de alcançá-lo. Sei que tudo isso pode parecer entusiástico e fanático,
quem dera houvesse mais disso no mundo, porque qualquer ação é melhor do que uma
indiferença silenciosa para com as almas alheias, como se todas estivessem no caminho
para o céu. Não vejo nada que prove tanto o quanto a nossa fé é fraca, quanto nossa
despreocupação com a condição espiritual daqueles que nos rodeiam.
Terceiro, se não há salvação, senão por Cristo, então amemos todos aqueles que verdadeiramente amam o Senhor Jesus e o
exaltam como seu Salvador.
Não se afaste ou olhe as pessoas com desprezo, simplesmente porque não concordam com tudo o que dizem. O homem pode ser um
presbiteriano escocês livre, ou independente, wesleyano, ou batista, ainda assim, amemo-los,
caso eles amem a Cristo e colocam-no no lugar
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merecido. Estamos a caminho de um lugar onde denominações, formas e estilos de igrejas já não
serão mais nada, porque Cristo será tudo; preparemo-nos logo para esse lugar, amando a
todos os que estão nesse mesmo caminho conosco.
Esta é a verdadeira caridade: acreditar em todas as coisas e ter esperança, contanto que estejam
conforme as doutrinas bíblicas e Cristo seja exaltado.
Cristo deve ser o único padrão pelo qual todas as opiniões são medidas.
Honremos todos os que o honram, mas não nos esqueçamos que o mesmo apóstolo Paulo que
escreveu sobre caridade, também disse, “Se alguém não ama o Senhor Jesus Cristo, seja
anátema.”. Se nossa caridade e generosidade são maiores do que aquela exposta na Bíblia,
então não valem nada.
Amor indiscriminado não é amor e uma aprovação indiscriminada a todas as religiões
não passa de outro nome para infidelidade. Estendamos nossa mão a todos aqueles que
amam o Senhor Jesus, mas tomemos cuidado ao irmos além dessa condição.
Por último, se não há salvação por outro meio, senão por Cristo, você não deve se surpreender
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se ministros do evangelho pregam muito sobre Ele. Não podemos dizer-lhe muito sobre o nome
que está acima de todos os nomes, você não escuta sobre Ele em demasia. Talvez você escute
muito sobre controvérsia em nossos sermões – pode ser que você escute muito sobre homens e
livros, obras e deveres, formas e cerimônias, sacramentos e ordenanças – mas há um assunto que nunca é demais explorar, e esse assunto é
Cristo.
Se estivermos cansados de pregar sobre Ele, então somos falsos ministros, se você está cansado de ouvir sobre Ele, então sua alma está
num estado péssimo de saúde. Quando pregamos sobre Cristo durante toda a nossa
vida, ainda assim parte de Sua excelência não terá sido dita! Quando você o vir face a face, no
dia de Sua segunda vinda, você verá que Ele é extraordinariamente mais do que o que seu
coração poderia imaginar.
Termino com as palavras de um escritor antigo, as quais subscrevo:
“Não conheço nenhuma religião verdadeira, a não ser o cristianismo, e nenhum cristianismo
verdadeiro, a não ser a doutrina de Cristo. A doutrina de Sua pessoa divina, de Sua obra
divina, de Sua retidão divina, de Seu espírito divino. Doutrina aceita apenas pelos que são
verdadeiramente Dele. Não conheço nenhum
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ministro fiel a Cristo, a não ser aqueles que fazem dEle o seu motivo para viver, o seu
chamado e sua razão para louvar, por causa de Sua graça e glória salvífica por amor aos
homens. Da mesma forma, não conheço nenhum cristão verdadeiro, que não seja aquele
unido a Cristo pela fé e pelo amor, para a glorificação do nome de Jesus Cristo, na beleza da santidade evangélica. Ministros e cristãos
com esse espírito foram, por muitos anos, meus irmãos e companheiros, e espero que seja
sempre assim, onde quer que a mão de Deus me guie".
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12 - Salvos sem Merecimento
Deus justifica por eleição e misericórdia.
“Terei misericórdia de quem quiser ter misericórdia”.
É preciso ter muito cuidado para não colocarmos o assunto da justificação em termos
de méritos pessoais ou da justiça própria.
Assim fazendo não incorreremos no erro do fariseu em relação ao publicano, na parábola citada por Jesus, o qual se considerava justo
diante de Deus, pelas obras que praticava.
Ao seu lado, um desprezado publicano, reconhecia-se pecador, e sequer ousava erguer os olhos para o céu, em arrependimento dos
seus pecados. Este foi justificado e não o outro.
A parábola dos trabalhadores na vinha também exemplifica a concessão da graça na mesma
medida salvadora, para todos os homens, independentemente dos seus méritos.
Pois todos receberam o mesmo salário, tanto os que trabalharam muitas horas quanto os que
trabalharam uma só hora.
A razão porque o Senhor “não desamparará o seu povo” como está afirmado em I Sm 12.22 está
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expressada aqui mais explicitamente, tanto quanto a declaração do Seu imutável amor.
Não é porque eles fossem menos pecadores do
que os outros, quer em natureza quer por praticá-lo; ou por causa de alguma qualidade
moral que se encontrasse neles; mas “porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.”, e “por causa do Seu grande nome”.
É da natureza terrena nos compararmos com outros e pensarmos que somos mais justos do que eles.
Mas aos olhos de Deus todos somos transgressores da sua lei e culpados.
Somente em Cristo e por meio de Cristo e por causa de Cristo, que podemos ser aceitos,
porque a nossa natureza terrena, seja ela qual for, a de um sincero Nicodemos, ou a de um
terrível malfeitor, está separada de Deus, em sua morte espiritual, e necessita de um novo
nascimento, que só pode ter aquele que for justificado pela fé.
A graça somente opera para o nosso bem porque é de fato um favor imerecido. De outra forma não operaria para nenhum de nós. Bem
faríamos em fazer sempre como o publicano, por maior que seja o grau de nossa santificação:
“Oh Deus sê compassivo a mim mísero
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pecador”, e também a dizer juntamente com Paulo, “Miserável homem que sou. Quem me
livrará do corpo desta morte ? Graças a Deus por Jesus Cristo.”.