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outubro 2006 :: ano 3 :: nº 34 :: www.revistawebdesign.com.br
Reportagem: Conheça as transformações ocorridas no design para webEstudo de caso: A era dos sites como estratégia de brandingEspecial: Cobertura do Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital
R$ 8,90
9 7 7 1 8 0 6 0 0 9 0 0 9 43000
I SSN 1806 - 0099
E D I T O R A
DESIGNARTEAmpliando suas fontes de inspiração
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“Vamos lá, Picasso, essa tela é pra ontem!!!”
Nossa última reunião de pauta aqui na Arteccom foi bastante
rica e estimulante: falaríamos sobre arte nesta edição! É um assunto
interessante e essencial.
Como Carol ina Lesl ie, da AgênciaCl ick (página 39) , expl ica
bem que a arte não tem que agradar nenhum públ ico e a função
do designer é justamente encontrar soluções ou, s implesmente,
“agradar” este mesmo públ ico, por que design e arte estão tão
próximos, andam tão juntos? A ponto do designer, numa agência de
publicidade, ser chamado de “diretor de arte”? Na minha cabeça,
fico imaginando um diretor de arte mais ou menos assim:
- “Vamos lá, Picasso, essa tela é pra ontem, viu?”
Brincadeiras à parte, acho que um designer deve, ao invés de
se sentir um artista, conhecer muito de arte e interpretá-la como
formas de expressão. Um art i s ta , no seu momento de cr iação,
chora, ri, sofre, sente angústia e, finalmente, encontra uma maneira
de extravasar seus sentimentos, através de formas, cores, sons,
ocupação do espaço...
Um designer também pode chorar, sorrir, sofrer, se o objetivo
for encontrar soluções inovadoras para seus cl ientes. Ou seja, a
arte deve servir apenas como uma grande fonte de inspiração. E,
com esse objetivo, preparamos várias páginas para a sua imersão
no mundo da arte.
Boa leitura.
Editorial Equipe
Criação e edição
Produção gráfica
Distribuição
www.arteccom.com.br
www.prolgrafi ca.com.br
www.chinaglia.com.br
A Arteccom é uma empresa de design, especializada na criação de sites e responsável pelos seguintes projetos:Revista Webdesign :: www.arteccom.com.br/webdesignCurso Web para Designers :: www.arteccom.com.br/cursoEncontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontroPortal Banana Design :: www.bananadesign.com.brProjeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong
Adriana Melo
:: A
Art
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edit
ora.
Dire ção Geral Adriana [email protected]
Direção de RedaçãoLuis [email protected]
Criação e DiagramaçãoCamila [email protected] [email protected]
IlustraçãoBeto [email protected]
PublicidadeBruno Pettendorfer
Débora [email protected]
Gerência de TecnologiaFabio Pinheiro [email protected]
FinanceiroCristiane [email protected]
Atendimento e AssinaturasLuanna [email protected]
4 :: quem somos
9
Page 5
menu :: 5
apresentação
pág. 4 quem somos
pág. 5 menu
contato
pág. 6 emails
pág. 6 fale conosco
fique por den tro
pág. 8 métricas e mercado
pág. 10 direito na web
pág. 11 post-it
e-mais
pág. 38 debate: Adaptar-se
pág. 44 e-mais: Virais na web
pág. 48 especial: FIND
pág. 51 estudo de caso: Bicmusic
pág. 54 tecnologia na web: CSS Hacks
pág. 56 tutorial: Caminhando pelo HTML - Parte 5
com a palavra
pág. 58 mercado de trabalho: Cesar Paz
pág. 60 marketing: René de Paula Jr.
pág. 62 bula da Catunda: Marcela Catunda
pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer
portfólio
pág. 12 agência: Cappuccino/HZTA
pág. 18 freelancer: Renato Loose
matéria de capa
pág. 20 entrevista: Design e arte
pág. 28 reportagem: Design na web
Page 6
fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign
:: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
6 :: emails
Olá, pessoal da minha revista
predileta! Como acompanho
vocês há um bom tempo (desde
sua estréia, diga-se de passagem),
gostaria de sugerir um tópico
super importante e que a maioria
dos sites deve ter: a Política de
Privacidade. Como constituí-la,
que benefícios e qual segurança
ela fornece ao site. É isso.
Obrigada!Fernanda [email protected]
Ótima sugestão, tanto é que ela
se tornou tema da coluna “Direito
na web”. Vá até a página 10 e boa
leitura!
Direito na web Assunto: Política de privacidade
Direito na web Assunto: Flash, ActionScript...
Que tal uma reportagem a
respeito do que há de novo e
“realmente útil” no ActionScript
3.0 do Adobe Flash 9? Ou algo
do tipo “o que seria da web
sem o Adobe Flash”, quais suas
contribuições, seus problemas, seu
crescimento na utilização em web
sites, o que é viável e inviável.
Parabéns pelo canal aberto para
sugestões.Misael [email protected]
Oi, Misael.
Ótimas sugestões! Estes temas
são boas pautas para as seções
Tecnologia na Web e Tutorial.
Pensamos em procurar algum
profi ssional fera em ActionScript
para desenvolver um tutorial para a
revista. O que acha? Abraços!
Direito na web Assunto: Referências
Sugestão de pauta: a revista
digital internacional (feita por
brasileiros) IDEAFIXA (www.
ideafi xa.com). Se valer a pena,
entrem em contato! Obrigada.Janara [email protected]
Obrigado pela indicação,
Janara. Na verdade, já tínhamos
conhecimento do trabalho de
vocês, excelente por sinal! Em
setembro, lançamos uma nova
seção (Post-it) e colocamos a
Assunto: Acessibilidade
Gostaria de saber se em alguma
edição vocês já fi zeram matérias
sobre acessibilidade na web.
Estou fazendo meu trabalho de
conclusão do curso de Publicidade
e Propaganda e estou levantando
o máximo de informações
possíveis. Obrigado!Fernando [email protected]
Fizemos sim! A reportagem saiu
Gostei muito da Coleção Brasil
Design, mas tenho uma dúvida
em relação aos profi ssionais que
atuam no exterior. Levando em
consideração a difi culdade para
conseguir um visto de trabalho
permanente no exterior, gostaria
de saber como estes profi ssionais
conseguem a sua permanência
no exterior de forma legal,
para realizar trabalhos e se
estabelecerem em empresas sem
problemas com passaportes e
extradições de estrangeiros?Leandro [email protected]
Durante o workshop Conexão
(www.arteccom.com.br/conexao),
André Matarazzo respondeu
justamente esta questão. Segundo
ele, é bom sair do Brasil com o
visto resolvido. Se você puder
conseguir dupla cidadania, melhor
ainda. Geralmente, as grandes
agências procuram ajudar os
profi ssionais estrangeiros a resolver
este problema.
Direito na web Assunto: Trabalho no exterior
Sou do colégio FECAP e estou
produzindo um trabalho de
conclusão de curso. Gostaria de
saber se poderiam nos ajudar e
nos enviar os nomes das maiores
empresas presentes no mercado
de web. Obrigada.Janaina [email protected]
Como vai, Janaína? Sobre sua
dúvida: qual o segmento do
mercado web que você quer
informações (provedores de
hospedagem, agências interativas
etc.)? Se forem os provedores de
hospedagem, uma boa pedida
é acessar o site da Hostmapper
(www.hostmapper.com.br/ranking-
hospedagem-de-sites.html), que
aponta as 50 maiores empresas.
Sobre as agências, procure entrar
em contato com o pessoal da
AGADi (www.agadi.com.br) e
APADI (www.apadi.com.br).
Direito na web Assunto: Maiores empresas do mercado
na edição nº15, de março de 2005.
Uma boa pedida é acessar o site do
projeto do SERPRO, desenvolvido
justamente sobre esta área (http://
www.serpro.gov.br/acessibilidade).
IDEAFIXA como uma das principais
referências para o trabalho de
designers. Todo mês vamos incluir
alguma publicação que pode servir
como referência no trabalho criativo
de nossos leitores.
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Envie sugestões e críticas para [email protected]
8 :: métricas e mercado
Esse é o tempo, em termos de horas navegadas no domicílio,
dos usuários brasileiros. O Brasil é o primeiro colocado na cate-
goria, fi cando a frente de países como Japão, EUA e França.
Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)
20h39min
52%
... dos usuários corporativos serão depen-
dentes da prática de mobilidade para os
próximos dois anos, segundo previsão da
Associação Brasileira de e-business. O ce-
lular foi considerado o dispositivo móvel
mais adequado. Fonte: Associação Brasileira
de e-business (www.ebusinessbrasil.com.br)
Pesquisa aponta um aumento de 21% no número de in-
ternautas residenciais que acessaram sites de vídeos e
filmes em julho de 2006. Em junho, foram 3,4 milhões de
usuários únicos domiciliares. Segundo o Ibope, o maior
acesso à banda larga tem incentivado um maior consumo
de conteúdo áudio-visual.
Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)
Vídeos e filmes
Este foi o faturamento total do comércio eletrônico nacio-
nal, nos seis primeiros meses de 2006. O índice de cresci-
mento nominal foi de 79%. No mesmo período de 2005,
foram apurados 974 milhões.
Fonte: Web Shoppers – 14ª Edição (www.webshoppers.com.br)
R$ 1 bilhão e 750 milhões
Você utiliza CSS Hacks para a criação de um site?
Total de votos: 272
Sim - 64%
Não - 36%
acesse e participe!
www.arteccom.com.br/webdesign
Média Salarial Brasil - Agosto/2006Analista Júnior Desenvolvimento de Internet / Sistemas Web 2.455,00 (Fonte: 195 respondentes)
Analista Pleno Desenvolvimento de Internet / Sistemas Web 3.753,00 (Fonte: 329 respondentes)
Analista Sênior Desenvolvimento de Internet / Sistemas Web 4.830,00 (Fonte: 335 respondentes)
Analista Programador(a) Web 2.866,00 (Fonte: 223 respondentes)
Coordenador(a) de Projetos Web 5.852,00 (Fonte: 180 respondentes)
Editor/Produtor de Conteúdo Web 2.456,00 (Fonte: 40 respondentes)
Webdesigner Estagiário 584,00 (Fonte: 112 respondentes)
Webdesigner Trainee 1.418,00 (Fonte: 87 respondentes)
Webdesigner 2.303,00 (Fonte: 177 respondentes)
Web Development 3.422,00 (Fonte: 46 respondentes)
Webmaster 2.442,00 (Fonte: 183 respondentes)
Fonte: 20º Edição da Pesquisa Salarial Catho (www.catho.com.br)
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métricas e mercado :: 9
ViuIsso? Por Michel Lent Schwartzman - [email protected]
Site: www.viuisso.com.br
Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade
YouTube começa a reaver ‘dindim’
Páginas especiais para artistas como Paris Hilton e co-
merciais em vídeo são estratégias do maior site de vídeos do
mundo para tentar começar a equilibrar seus gastos de cerca
de US$ 1 mi mensais, só em tráfego de dados.
O site, inaugurado em fevereiro de 2005, é o maior fenô-
meno de audiência do mundo, servindo mais de 100 milhões
de vídeos por dia e efetivamente ameaça uma série de mode-
los já estabelecidos. A questão é ver em quanto tempo e de
que forma ele vai encontrar seu ponto de equilíbrio financeiro
e se tornar um verdadeiro negócio rentável.
Leia as notícias: http://www.techcrunch.com/2006/08/22/pa-
r is-hi lton-storms-youtube/ e http://www.bluebus.com.br/show.
php?p=1&id=71407.
Google’s Click-to-call: do search ao telefone em um click
Direto do blog do Marcelo Sant’Iago (http://poucas-e-
boas.blogspot.com): o novo sistema de ‘click-to-call’ que o
Google está apresentando e que deve estar disponível no
Brasil em breve. Ao pesquisar um assunto no Google e encon-
trar um anúncio pago com um ícone de telefone ao lado, será
possível clicar e receber uma ligação imediata do anunciante.
A junção “internet+telefone” seria risível e impensável oito
ou dez anos atrás. A maioria das conexões era discada e mui-
to pouca gente tinha celular. Hoje em dia faz todo sentido.
Teste o ‘click-to-call’ (http://tinyurl.com/zkpza).
MTV segue onda do YouTube e lança Overdrive?
Acho que não...
Notícia da Folha Onl ine
(http://www1.folha.uol.com.br/
folha/informatica/ult124u20504.
shtml) fala do lançamento do
MTV Overdrive (só para quem usa
Windows e tem o Window Media
Player - http://mtv.terra.com br/
mtvoverdrive/) no Brasil.
O site, que já existe nos Estados Unidos há um ano, se-
ria a resposta da MTV para o sucesso do YouTube que, recen-
temente, anunciou que pretende ter em seu acervo, todos os
videoclipes já feitos no mundo. Fui conferir o novo site e dei
de cara com problemas de configuração, DRMs, incompati-
bilidades com browser, Macintosh etc. Bater no YouTube já
saindo de cara com tantas restrições? I don’t think so...
FaleBenQ encerra concurso com 100 vídeos
O concurso ‘Fa leBenQ’
(www.falebenq.com.br), cria-
do pela 10’Minutos Interacti-
ve para a marca taiwanesa de
eletrônicos recém-chegada ao
Brasil, foi encerrado no final de
agosto contando com a parti-
cipação de mais de 100 vídeos criados por usuários com o
objetivo de ensinar a falar ‘BenQ’ (‘benquíu’). Desde vídeos
simples, criados com webcam, até animações elaboradas em
desenho animado participaram do projeto, em que os usuá-
rios colocavam suas criações no YouTube e então enviavam
os vídeos para o site FaleBenQ. Até a data, os vídeos já ha-
viam sido visualizados mais de 200 mil vezes.
Page 10
Gilberto Martins de Almeida
Advogado formado na PUC/RJ,
com Mestrado na USP e cursos
em Harvard e no M.I.T. Ex-
Gerente Jurídico da IBM, onde
trabalhou por 11 anos, no Brasil
e nos EUA. Sócio de Martins de
Almeida - Advogados, escritório
especializado.
Envie sua dúvida para:
[email protected]
Particularidades de uma Política de Privacidade
Em tempos de alto valor da “infor-
mação” (senha pessoal, dados cadastrais,
hábitos de navegação, compras efetuadas,
número de cartão de crédito etc.), é natural
que os proprietários de websites cada vez se
preocupem mais quanto a alegações de vio-
lação de privacidade, especialmente quando
elas são acompanhadas de pretensão de in-
denizações, enquadramento criminal, habe-
as data etc. O tema está em evidência não
apenas em razão do noticiário envolvendo a
Google (Orkut) e o Ministério Público.
Mas, afinal, o que vem a ser uma Po-
lítica de Privacidade? Legalmente, é uma
estipulação unilateral que funciona como
contrato de adesão para os que freqüen-
tem o website que a tenha adotado. Como
contrato de adesão, há uma parte em que
se tem liberdade para definir regras a se-
rem seguidas pelos visitantes, e há outra
parte em que o contrato não pode contra-
riar a lei sob pena de ser nulo.
A Política de Privacidade é composta
de quê? Isso depende, em primeiro lugar,
do tipo de website, público-alvo, objetivos
comerciais, necessidades de segurança,
dentre outros fatores a serem considera-
dos sob medida, caso a caso. Em assuntos
de direito de privacidade, a palavra-chave
é proporcionalidade. Portanto, essa “cus-
tomização” é fundamental, sob pena de
a omissão de um item, ou a incompatibi-
lidade de outro, fazerem ruir a Política. Ou
seja, desconfie de modelos pré-prontos.
À parte as adaptações individuais ne-
cessárias, o conteúdo básico de uma Política
de Privacidade pode incluir regras e avisos
10 :: direito na web
sobre quais informações serão compartilha-
das, qual a segurança contra invasões e apro-
priações indevidas, quais as áreas de acesso
restrito, quais as situações e os procedimentos
para liberar informações às autoridades, quais
conhecimentos e dados serão considerados
como segredos comerciais, qual será o esco-
po de atividades passíveis de monitoramento
eletrônico, além de, preferencialmente, um
campo em branco para o internauta clicar caso
aceite receber e-mail marketing.
E o que ela não deve conter? Regras
confl itantes com as do Termo de Uso ou com
outras normas ou práticas do site, informe
inverídico sobre sigilo ou sobre não uso co-
mercial de dados, promessa não cumprida de
monitoramento e de segurança são apenas
alguns exemplos do que, infelizmente, por
desconhecimento das implicações legais, ain-
da grassa no mercado.
Os benefícios que ela proporciona são,
em primeiro lugar, de evitar mal-entendidos
e expectativas equivocadas, ao esclarecer
claramente quais são as regras aplicáveis, e
em segundo lugar, de proteger a privacidade
do próprio site e das pessoas que o freqüen-
tam, na medida em que previne responsabili-
zação cível ou criminal. Terceiro, legitima, nas
condições que especifica, o uso de cookies,
web bugs, e envio de spam, contribuindo
para a sustentação comercial e econômica
do site, de forma legal.
Como se vê, Políticas de Privacidade
são tudo, menos “política”. No fundo, são
um equilíbrio entre direitos e interesses
opostos, que costuma servir bem quando o
trabalho é de alfaiataria.
Como constituí-la, que benefícios e qual segurança ela fornece ao site?
Fernanda Prevedello ([email protected] )
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A web 2.0 com a cara do Brasil!Os projetos brasileiros que
utilizam os conceitos de web
2.0, como Videolog.tv (www.
videolog.tv), Gazzag (www.
gazzag.com.br), Camiseteria
(www.camiseteria.com), Aprex
(www.aprex.com.br), entre
outros, estão fazendo sucesso
no exterior! Para se ter uma idéia, o tema foi analisado recentemente
por Richard MacManus (http://tinyurl.com/zukx3), consultor web e
colunista do site ZDNet (http://tinyurl.com/f329t).
Participe do Post-it! Envie sugestões para [email protected] .
Livro do mês“Ergodesign e Arquitetura da
Informação: trabalhando para o
usuário”
Autor: Luiz Agner
"A época de bibliografia brasileira
escassa na área de criação e
desenvolvimento de sites parece
ter chegado ao fim. Isso porque, nos últimos dois anos, uma
série de autores nacionais vem contribuindo para tornar esta
realidade diferente. Um deles é Luiz Agner, professor da
UniverCidade e PUC-Rio, em recente lançamento pela Quartet
Editora (www.quartet.com.br). Com uma linguagem simples e
objetiva, o livro apresenta uma série de questões envolvendo
Arquitetura da Informação, Ergodesign e Usabilidade,
mostrando como estes temas funcionam como ferramentas
estratégicas na construção de ambientes interativos. Como diz
Peter Morville, no texto de apresentação do livro: 'a educação
é a chave para o sucesso. Somente compartilhando o nosso
conhecimento, nós podemos ter a esperança de superar a
disciplina e de construir uma comunidade."
07/10 - Webmarketing (www.fiti.org.br)
12 a 15/10 - RDesign Lorena (www.fatea.br/rdesign/index.php)
28/10 - Intercon (www.imasters.com.br/intercon/2006)
18/11 - 11º EWD - POA (www.arteccom.com.br/encontro)
21/11 - 11º EWD - Curitiba (www.arteccom.com.br/encontro)
23/11 - 11º EWD - Brasília (www.arteccom.com.br/encontro)
25/11 - 11º EWD - São Paulo (www.arteccom.com.br/encontro)
Agenda de eventos
Dicas
post-it :: 11
Fique por dentro
das dicas, eventos,
livros e referência
s
que movimentam o mundo
do design na web
Peixe Grande entra na fase de votaçãoSe os políticos entram, neste mês, na reta final de suas campanhas
eleitorais, outubro representa também o início da corrida para as
agências e os profissionais freelancers buscarem votos que vão
garantir lugar na fase final do “III Concurso Peixe Grande”. Entre no
site www.arteccom.com.br/webdesign/peixegrande e confira quem
são os concorrentes nesta pescaria.
Referências criativasConhecer o trabalho de outros profissionais e agências é uma forma
de ficar atualizado sobre as novas tendências e as técnicas que
vêm sendo utilizadas no mercado. Confira alguns bons exemplos:
K2 Internet (www.k2.pl), Platinum FMD (www.platinumfmd.com.
br), Emil Kozak (www.emilkozak.com) e Glauco Diogenes (www.
glaucodiogenes.com.br). Conhece outras boas referências? Então,
mande um e-mail para [email protected] .
Banco de dados sobre o design brasileiroEssa vai para a lista de favoritos: o portal DesignBrasil (www.
designbrasil.org.br), uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, traz uma série de informações relevantes
para quem trabalha na área: agenda de eventos, artigos, banco de
profi ssionais, dicas etc.
Nova geração do design na webDando continuidade ao trabalho de divulgação da produção
universitária na área do design na web, indicamos a monografia “O
Ícone Interfacial: Estudo e Análise Conceitual e Tecnológica” (http://
tinyurl.com/fgv2r), apresentada por Eduardo Loureiro, na conclusão
do curso de Comunicação Social da Uni-BH. Se você possui ou
conhece algum trabalho acadêmico interessante, envie sua sugestão
para [email protected] .
Page 12
Segundo a Wikipédia, o cappuccino é uma bebida
de origem italiana. Sua fórmula apresenta os seguintes
e lementos : “1 /3 de ( ca fé ) e spresso , 1 /3 de l e i te
vaporizado e 1/3 de creme vaporizado do leite”. No Brasil,
a tradicional receita foi adaptada e o chocolate em pó
começou a fazer parte desta mistura.
Em 2006, foi a vez do mercado interativo experimentar
o sabor de uma nova receita, no qual design e tecnologia
surgem como os principais ingredientes responsáveis pela
geração de uma nova agência disposta a colocar seu nome
definitivamente na história da internet brasileira.
“A Cappuccino/HZTA (www.cappuccinohzta.com.
br) foi criada a partir da fusão entre empresas que já
atuavam no segmento: a Cappuccino, especial izada
na área de design, e a HZTA, focada em soluções para
web. Unidas, elas criaram uma agência de comunicação
digital, que alia os pontos fortes de ambas, oferecendo
ao mercado soluções digitais, com base em planejamento,
criação e tecnologia nesse setor”, explica Cláudio Roberto
Tucunduva, sócio da agência.
D e c a r a , o p r i m e i ro d e s a f i o s e r i a u n i f i c a r o
posicionamento das duas antigas empresas a uma nova
rea l idade. “Para que isso acontecesse, rea l izamos
diversas reuniões entre os departamentos para reforçar
o posicionamento da nova empresa e o redesenho dos
processos. A partir da fusão, o foco se tornou atender
de maneira mais personalizada clientes que enxergam
a internet como investimento, trabalhando sempre em
soluções específicas para as necessidades particulares de
cada cliente”, afirma Cláudio.
Investimento em pesquisa e tecnologia
Ass im como acontece em outros segmentos, a
concorrência na área de internet f ica a cada dia mais
acirrada e exige que as agências interativas procurem
aspectos que determinem um bom diferencial. Pensando
nisso, a Cappuccino/HZTA vem destinando recursos em
pesquisa e tecnologia.
“O objetivo é que o resultado de nosso trabalho possa ser
visualizado em qualquer tipo de mídia digital, ou seja, podemos
pensar em uma campanha com conteúdo para internet, celular,
palm, CD-ROM etc. Um outro diferencial é que atuamos
como o ‘braço digital’ de outras agências de publicidade e
comunicação que ainda não tem prática no desenvolvimento
de trabalhos para a internet”, revela Cláudio.
Além disso, o conhecimento e a experiência de
sua equipe na área de ilustrações se tornou uma ótima
oportunidade para a criação de uma unidade de negócios
exclusiva. “Assim, muitas de nossas criações digitais têm
um tom individualizado, pois suas ilustrações foram criadas
aqui. Vendemos também mais este serviço (ilustrações)
para as agências para ser usado em campanhas on-line ou
off-line”, aponta Leonardo Gibran, sócio da agência.
Localização estratégica
A Cappuccino/HZTA está localizada estrategicamente
em São Paulo, considerado o grande pólo urbano do Brasil
e o principal centro comercial de internet no país. “Não há
como negar que a cultura da internet (e das outras mídias
digitais) é difundida com maior força e penetração na
Grande SP, seja através da imprensa, de eventos e cursos
que acontecem freqüentemente e outros fatores em geral.
12 :: portfólio agência - cappuccino/hzta
o resultado da fusão entre design e tecnologia
Page 13
portfólio agência - cappuccino/hzta :: 13
Isso faz com que o mercado tenha conhecimento suficiente
para disponibilizar verbas para ações mais agressivas em
relação às soluções digitais”, analisam Anderson Bordim e
Vitor Elman, sócios da agência.
Porém, engana-se quem pensa que a área de atuação
da agência se restr in ja apenas a São Paulo. “Temos
também clientes de fora, que nos contataram em busca de
um diferencial e qualidade de trabalho, além de clientes
na Europa e EUA para os quais nossos preços ainda são
bastante viáveis”, acrescentam.
De olho no “banco de referências”
Arquitetura de informação passando pelo design
de interface. Estes são alguns dos principais temas em
pauta no processo de cr iação da Cappuccino/HZTA.
E para manter sua equipe atualizada com o que há de
mais moderno no mercado, a agência cr iou, em sua
intranet, um banco de dados para que os profissionais
possam cadastrar as principais referências de trabalho e
compartilharem o conhecimento.
“ P a s s a m o s u m a p a r t e d o t e m p o d e c r i a ç ã o
b u s c a n d o n o v a s t e n d ê n c i a s a t r a v é s d a i n t e r n e t .
Criamos um banco interno de sites favoritos, que vem
crescendo progressivamente. Através dessa ferramenta,
compartilhamos nosso conhecimento e nossas influências
entre toda a equipe. Nesse banco, temos referências do
que se está fazendo em todo o mundo, desde designers
australianos a poloneses. Assim, conseguimos ter um
panorama global, onde, às vezes, nem a l íngua é uma
barreira, pois o design e o conceito falam mais alto”,
apontam Anderson e Vitor.
Outra estratégia é o investimento em cursos de
aperfeiçoamento, conforme a área e a necessidade de cada
departamento. “Incentivamos o sentimento do desafio
criativo da operação, sem competitividade predatória,
dando liberdade de opinar nos processos de trabalho.
Apoiamos ainda a realização de atividades estimulantes
como shiatsu, happy hour e prática de esportes, como
futebol, boliche, kart, entre outros”, diz Cláudio.
Preparando-se para o futuro
A evolução nos meios de acesso à internet tem
permitido a util ização de novos recursos na criação e
desenvolvimento de interfaces digitais. Diante dos desafios
que estão por vir, a Cappuccino/HZTA estuda de que forma
pretende se inserir dentro deste contexto.
“As agências já começam a pensar em conteúdos
para criação digital não somente para a internet, mas para
outras mídias que começam a ser cada vez mais utilizadas
comercialmente, como palm, celular, entre outros. Além
disso, cada vez mais os clientes querem conhecer detalhes
sobre retorno do investimento feito, uma vez que com a
internet, o feedback do usuário e a medição dos resultados
das ações são imediatos”, afirma Cláudio.
Dentre os projetos futuros da agência, o especialista
aponta a evolução nas ações estratégicas da empresa e a
expansão de sua área de negócios. “Queremos trabalhar
cada vez mais com a inteligência do negócio voltada a
mídias on-line, focados no atendimento dos clientes como
contas, pensando sempre em vender não só ferramentas,
mas também planejamento estratégico das ações on-line,
adequando às realidades on-line e off-line de cada cliente.
Como metas para os próximos dois anos, pretendemos abrir
filiais no Sul e no Nordeste e melhorar a nossa captação de
projetos na Europa e nos EUA”, complementa.
“Criamos um banco interno de sites favoritos, que vem crescendo progressivamente. Através dessa
ferramenta, compartilhamos nosso conhecimento e nossas infl uências entre toda a equipe”
(Anderson Bordim e Vitor Elman)
Sócios da Cappuccino/HZTA reunidos
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14 :: portfólio agência - cappuccino/hzta
A oportunidade de desenvolver hotsites promocionais para o canal
Sony surgiu através da rede de contatos mantidos pela agência. Dentre os
trabalhos já realizados, um dos destaques foi o hotsite da promoção anual
direcionada aos chamados “fãs de carteirinha” do canal.
“Eles precisavam de um hotsite que interagisse com o usuário e tivesse
uma seqüência de atividades e/ou jogos que pudesse criar um ranking entre
os participantes. Ao final da promoção, os líderes do ranking ganhariam prê-
mios. Desenvolvemos todo o conceito da campanha. A home do site era um
braço com uma tatuagem do Sony e, ao fundo, um painel com várias fotos,
imãs e imagens de personagens das séries, como seria realmente um quarto
de um fã dos seriados”, relata Vitor Elman.
Segundo ele, a criação buscou algumas referências do canal, como as
“manchas” no contorno do site, além da própria linguagem moderna, dinâ-
mica e ousada. “O site procurou passar também a mesma atitude que o canal
tem na televisão. Conforme o usuário passa o mouse por cima da imagem do
braço tatuado, a pessoa (dona do braço) se movimenta e o fundo se altera,
dando uma idéia de um espaço maior. A leitura e a navegabilidade são fáceis.
A fonte seguiu a linha jovem, como se fosse ‘rabiscada’ ou escrita à mão.
A curiosidade é que o braço tatuado pertence a um dos nossos designers,
que inicialmente ‘posou’ só para a realização de um primeiro layout, mas o
resultado ficou tão bom que foi usado em definitivo”, revela.
Cases- Hotsite “Seriexpert 2005”Canal Sony
www.sonypictures.com.br/canalsony
Tecnologias utilizadas: Action Script, Flash e Photoshop
“As agências já começam a pensar em conteúdos
para criação digital não somente para a internet, mas
para outras mídias que começam a ser cada vez mais
utilizadas comercialmente, como palm, celular, entre
outros” (Cláudio Tucunduva)
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- Samba Comunicação
www.sambacom.com.br
Tecnologias utilizadas: Action Script, Flash, PHP e
Photoshop
- Shop Tour
www.shoptour.com.br
Tecnologias utilizadas: Flash, Illustrator, JavaScript e
Photoshop
A qualidade no trabalho e o pronto atendimento presta-
do mesmo em serviços menores foram aspectos fundamentais
para que a agência conquistasse, aos poucos, a confiança do
Shop Tour. “Quando eles sentiram a necessidade de que o site
fosse reformulado, e acompanhasse a mudança de estratégia
do canal, passaram para nós o briefing. Assim, o desafio era
desenvolver um novo conceito: o site deveria deixar de ser
somente um espaço corporativo e se tornar uma área comer-
cial, onde a programação da TV também poderia ser vista pelo
cliente, em qualquer hora ou local. E foi baseado nisso que
iniciamos a criação”, conta Vitor.
Dessa forma, foram feitos alguns estudos de combinação
cromática e tipografia para que fosse alcançada a identidade
visual desejada. “As cores são predominantemente as do canal,
porém foi adicionada uma paleta de cores de apoio com tons
mais sóbrios (muitos tons pastéis), que combinaram com o azul
tradicional do canal. Essas cores foram utilizadas para reforçar
a segmentação do site (automóveis, imóveis etc.). Sobre a tipo-
grafia, foi usada a fonte ‘Helvetica Condensed’ que dá peso à
leitura, sem serifa para colaborar com a idéia de modernidade
e requinte”, relata.
No final, diz Vitor, o site acaba funcionando como uma
“Central de Vídeos”. “Por isso, criamos ‘volumes’ dando a
impressão de tridimensionalidade e com várias opções de
controle para cada vídeo. O fato legal desse case é a idéia de
usar os vídeos integrados ao layout, que deu ao site uma idéia
bastante próxima do conceito do programa na televisão”.
Tendo como base o tema “Nossa pegada é outra”, o
desaf io deste case seria cr iar um site que apresentasse
os principais projetos da Samba Comunicação e passasse
o conceito da agência , com um v isual que remetesse a
idéia do “samba raiz”, com esti lo.
“O ponto de partida da criação foram algumas fotos
que i lustrariam um l ivro institucional da própria agência
(eram fotos artísticas da Escola de Samba Mangueira). Sur-
giu a idéia de usar as fotos compostas num layout com
‘rabiscos’ por cima das fotos, que se tratam na verdade
de animações, que dão uma idéia de ritmo e movimento às
imagens. Do caos dos rabiscos sai uma unidade visualmente
organizada e bonita, remetendo ao próprio conceito do
samba, que traz uma melodia em meio ao caos de tantos
instrumentos”, explica Vitor.
E as animações existentes dentro do site estão perfeitamente
integradas com o conceito defi nido no briefi ng. “A brincadeira
interessante é a interatividade das imagens, pois conforme se
mexe o mouse há a animação e a velocidade do movimento varia
conforme a velocidade do mouse, dando a idéia de que o usuário
comanda o ritmo do samba. Foi utilizada uma fonte mais séria
e elegante e com boa legibilidade para contrabalançar com os
outros elementos visuais do site. Outra curiosidade é que nossa
equipe criou o layout sem ter visto o livro institucional da agência
(que fi caria pronto um pouco depois). Quando fomos apresentá-lo,
a equipe da agência disse que o livro estava seguindo um layout
bastante similar, com a idéia dos rabiscos sobre a foto”.
portfólio agência - cappuccino/hzta :: 15
Page 18
se tudo. Placas, cores, arquitetura, grafites, stickers.
Um bom designer deve ser observador. Entender o que
acontece à sua volta, absorver e moldar à sua maneira de
trabalhar as imagens. Guardando mais fontes, a inspira-
ção pode vir de onde menos se espera, além de confe-
rir originalidade ao trabalho. Também retiro muitas
lições do cinema, em especial, o europeu”.
E analisando o portfólio de Renato, é possível
afi rmar que as ilustrações representam o seu dife-
rencial. Um exemplo está presente no site Milícia
Missões Urbanas (www.miliciavitoria.com). “A
intenção da imagem é mostrar que é possível
a convivência pacífi ca entre pessoas de dife-
rentes culturas. Como se trata de um ambiente
típico das grandes cidades, utilizei a imagem
distorcida de prédios e postes como forma de
representar o caos, a aglomeração e as fusões
tão comuns à vida urbana. Para as cores, pensei
em tons mais frios e desgastados, contrastando
levemente com o colorido dos personagens”.
Ou seja, este é um segmento com boas
oportunidades para os designers na web. “O
leque é amplo e pode, por exemplo, trazer para
rede um profi ssional que antes só trabalhava
com impresso. Para quem já está na internet,
as ilustrações podem valorizar ainda mais o
trabalho. Se o designer souber criar e mani-
pular bem uma imagem desenhada, ele ganha
em valorização e exclusividade de estilo”.
Desenhar sempre foi uma prática presente na vida de
Renato Loose e talvez seja um bom indício para explicar a sua
escolha pelo design. “A partir do momento em que comecei a
utilizar computadores, tive vontade de trazer os traçados para
o plano digital. Foi então que, por conta própria, comecei a
procurar e estudar quais seriam os melhores softwares para
trabalhar. Ao mesmo tempo, fui atrás de livros sobre design
para conhecer melhor a evolução dos processos de criação e
as escolas e correntes de maior importância”, revela.
Além do conhecimento autodidata, Renato buscou com-
pletar sua formação cursando Comunicação Social na Univer-
sidade Federal do Espírito Santo (UFES). “Ela me ajudou nos
processos de criação, afi nal, comunicação verbal e visual têm
sempre o mesmo objetivo: passar uma mensagem. Fiquei mais
objetivo e incisivo naquilo que me proponho a fazer. Aprendi
tendo contato com pessoas que já trabalhavam na área utili-
zando elementos que fazem parte tanto do ambiente visual,
quanto do escrito. Sem contar o fácil acesso a materiais como
livros para pesquisas de imagens e referências diversas”.
O resultado não poderia ter sido melhor: hoje ele conta
com uma boa base referencial e de infl uências para realizar seu
trabalho. “A base são os mangás. Depois vieram infl uências da
rua, do grafi te e dos stencils, assim como elementos da cultura
underground, especialmente a estética de tatuagens tradi-
cionais e suspensões. A partir de estudos mais aprofundados,
incluí elementos de décadas passadas - destaque para os anos
50 e 60 - e, de vez em quando, esbarro na pop art, inspirado
pelos trabalhos de Roy Liechtenstein”.
Outro caminho para buscar novas referências é aguçar
o instinto de observação. “Nas ruas, presto atenção em qua-
Para participar desta seção, cadastre seu portfólio no site da revista: www.revistawebdesign.com.br.
www.miliciavitoria.com“A parte vetorial foi desenvolvida no Flash MX. Para as cores e fi nalização, optei pelo Photoshop 7”
18 :: portfólio freelancer - Renato Loose
ILUSTRAÇÕES QUE MARCAM O ESTILO DE UM DESIGNERContato: [email protected]
Site: www.cafeina.info
Page 20
vai usar. E é aí que nos encaixamos na história, e passamos
a fazer parte dela.
Por outro lado, no que se entende por design hoje,
dentro de uma ótica artística, é plenamente possível
desenvolver projetos de utilização alternativa, que podem
ser altamente subjetivos e próximos até do antiuso. Nesse
cenário se enquadram os experimentalistas, que buscam
um tipo de reação mais sensorial, de semânticas totalmente
específicas, heterogêneas, dentro de universos distintos,
sejam eles culturais, comerciais, didáticos, humanistas,
matemáticos, psicológicos, estéticos.
O designer que pára de olhar o mundo com o olhar difuso,
amplo, capaz de compreender várias realidades, corre o risco
de virar uma engrenagem na linha de produção de sites, no
melhor estilo “corte e costura” de HTML. Vai passar a apertar
um parafuso, ao invés de compreender toda a engrenagem.
E é por isso que devemos, além de estudar a história da arte,
fi rmar nossa posição como artistas designers - mentes capazes
de compreender as expressões artísticas não apenas como
uma superfi cialidade decorativa ou bela, e sim, uma interface
capaz de comunicar utilizando modelos não-usuais, linguagens
não-verbais, fora do “logos”, da razão cotidiana; capazes de
questionar o que não se quer questionado; de propor o que
não se quer proposto; de causar o estranhamento, dando lugar
ao controverso. Enfi m, capazes de compreender o mundo
pictórico muito além da forma.
Wd :: Ao longo do tempo, os movimentos artísticos
vêm exercendo uma grande influência na produção do
design. Em termos de internet, talvez um dos melhores
Nesta entrevista, Ronaldo Gazel, artista plástico,
designer e diretor de arte na BHTEC e:house (www.bhtec.
com.br), fala como as referências fora do mundo tecnológico
podem contribuir na construção de ambientes digitais mais
criativos e funcionais, além de ressaltar a importância da
história da arte como base para o trabalho do designer.
Wd :: Por que e como o conhecimento da história
da arte serve como base para trabalho de um designer
na internet?
Gazel :: A arte reflete o tempo em que é produzida.
Conhecer a história da arte, ainda que apenas alguns pontos
dela, é fundamental para entendermos os questionamentos
e paradigmas que permearam as épocas e as respostas
que o homem/artista deu (e ainda dá) a elas. Na verdade,
a história da arte, estando intimamente ligada à literatura,
à filosofia, à antropologia, à história, à religião, enfim, a
um sem-número de expressões humanas, acaba tendo
uma importância fundamental na vida de todas as pessoas.
Quanto mais longe da arte, mais perto do controle, do
sistema, do pensar “massificado”, pasteurizado.
É preciso entender a história do design, para ser um
designer mais completo, mais consciente, mais coerente. É
preciso saber como surgiu o movimento do design; saber
como o relacionamento dos objetos e do ser humano foi se
sofisticando com o passar do tempo. É importante porque
uma interface é uma superfície de trabalho, de uso. E é
por isso que somos designers da web, projetamos, como
um designer projeta um espremedor de suco, ou uma
cadeira, interfaces que um grupo de pessoas certamente
Design e arte são campos distintos do conhecimento humano. Porém, nada impede que
ambos sejam utilizados em harmonia para a construção de representações que ajudem a tornar
mais compreensíveis e sofisticados os objetos e a maneira na qual vivemos em sociedade.
20 :: entrevista - design e arte
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entrevista- design e arte :: 21
exemplos esteja no site das Havaianas (www.havaianas.
com.br) e algumas campanhas on-line da Coca-Cola na
França (www.coca-colablak.fr e http://secure.coca-cola.
fr). Quando a arte deve ser aplicada em benefício do
design na web?
Gazel :: A arte pode trazer enormes benefícios para o
design na web, sendo uma linguagem não-verbal, capaz de
despertar naquele que tem contato com ela, percepções e
diálogos muito mais sofisticados (ou simples, diretos!) do
que as narrativas e approachings das interfaces focadas em
percepções utilitárias puras. E o maior desses benefícios
se chama coerência estética. Essa coerência pode ser
percebida no excelente site das Havaianas, evidenciando o
fato de que a ousadia em termos de linguagem, da difusão
de valores semióticos sutis, fora do padrão midiático
tradicional de informação, dispostos juntos a uma feliz
combinação de fatores estéticos e expectativas sensoriais
(revertidas de alguma forma em resultados positivos),
transforma o lugar-comum dos pressupostos, das “doxas”
pictóricas, dos pré-conceitos estabelecidos todos os dias.
Por isso mesmo, sites como esse, que felizmente têm
surgido em número cada vez maior, fazem tanto sucesso:
eles mostram que o caminho da arte no design na web é
muito promissor, e dá resultados.
Wd :: Sobre a interação entre design e arte, podemos
afirmar que a principal diferença entre estes dois campos
do conhecimento seja o compromisso com o público, ou
seja, o designer tem compromisso com o público e o artista
vive sem a necessidade e a pressão de fazer concessões?
Gazel :: O perfil do artista hoje não pode ser traçado
de modo simples, porque na pós-modernidade - período
no qual vivemos, e que resgata todas as motivações e
contradições do passado recente (movimentos modernos)
em um timing assombrosamente rápido - há uma tal
especificidade de propostas, conceitos e estéticas que
permite ao artista, virtualmente, qualquer tipo de relação
com o público, inclusive compromisso e descompromisso.
Mesmo que uma proposta, em princípio, nos conduza
a uma percepção romantizada do artista, como se ele
não estivesse se importando para o público, não sofresse
qualquer tipo de pressão, isso na verdade pode mostrar
o contrário: a adequação do artista a nichos de mercado
preparados para receber/consumir as suas características
sui-generis, ou seja: para o artista, há um mercado em
qualquer situação. Veja que paradoxo, digamos quase
zen-budista: o artista busca gerar um reflexo altamente
pessoal; uma linguagem, uma “poiesis” própria, buscando
o coeficiente de “arte” em um trabalho artístico, seja ela
um vídeo, uma pintura, uma performance, um website
- linguagem essa que, apesar de desuniversalizada na
origem, tende a se comunicar com o senso-comum, tanto
na aceitação, quanto no estranhamento.
Já o designer normalmente trabalha com fins
utilitários extremamente bem definidos, e por isso a
pressão por coerência artística passa a ser mínima, em
favor de uma adequação máxima aos padrões estéticos
aceitos por um grupo majoritário - ou pseudomajoritário;
padrões estéticos que são verdadeiros “lugares comuns”.
Então, voltamos à história da “doxa”, do “ouvi dizer”, da
informação não-questionada e não-questionável. Quanto
menos vontade de reavaliar os valores e conceitos tidos
como inexoráveis, mais subvalorizada será a profissão de
design, pois a pressão que passa a se exercer sobre nós,
designers, acaba sendo a mesma que um carregador de
caixas: produção braçal, e não mental.
Wd :: A interação homem-computador é considerada
por especialistas mais fria e distante, além de criar um
sentimento individualista entre as pessoas. Buscar
referências nos movimentos artísticos pode ser um
caminho para proporcionar emoção e afinidade dentro
de um projeto digital?
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22 :: entrevista - design e arte
Gazel :: O cubismo representa o atonal, um universo
no qual o simbolismo é completamente descartado,
cujas formas não remetem ao mundo e a seus símbolos,
mas sim à personalidade pura do geométrico. Alexander
Calder (http://tinyurl.com/fbqu9), com seus mobiles, foi
o artista que mais conseguiu se aproximar desse ideal
cubista, na minha opinião: suas esculturas remetem a um
mundo absolutamente próprio, que não dá margens a
interpretações baseadas nas questões do cotidiano.
O site internacional da Leo Burnett, apesar de gerar
uma ótima sensação de profundidade, não tem uma
influência cubista acentuada, já que, cognitivamente, ele
é permeado por símbolos e letras, para a compreensão do
conteúdo. Um site genuinamente cubista haveria de ser
muito abstrato, com o mínimo de textos e imagens reais.
Ainda que fosse em uma camada específica da interface,
separando a arte cubista do conteúdo publicitário.
Wd :: Considerando o contexto político-econômico
atual, permeado por guerras, intolerância religiosa
e injustiças sociais, é possível imaginar um resgate de
conceitos aplicados pelo movimento Dadaísta como
referência para projetos interativos?
Gazel :: Se analisarmos bem, todos os períodos da
história foram permeados por esse tipo de acontecimento.
Sempre houve muitas guerras, muita intolerância - e
para cada época, uma contestação própria. Os artistas
modernistas eram naturalmente “engajados”.
Mas, nos dias de hoje, na dita pós-modernidade, tudo
é fragmentado - inclusive a crítica social. Encontram-se
vários exemplos de movimentos de caráter contestador
intrínseco, que fazem a crítica dentro de cenários
específicos, quase nunca universais. O artista pode não
falar da guerra como fez Picasso ao pintar “Guernica” -
até porque o impacto de uma pintura como guernica, nos
dias de hoje, seria outro (afinal, muita água passou desde
então) - mas ele critica a seu modo, uma crítica que se
desuniversalizou desde a pop art, mas que se mantém viva
em movimentos como o “sticker art” ou o “street bombing”
- a arte urbana que envolve tantos artistas de diferentes
áreas, que pintam, grafitam pela cidade, em superfícies
autorizadas (ou não!), levantando questões urbanas ou
simplesmente rasgando o cinza das ruas com cores vivas,
intensas, volumes e tipografias sui-generis.
Na internet, se houvesse um “street bombing”, seria
Gazel :: Um cão, um cavalo, um boi são incapazes de
realizar gestos e ações que não sejam voltadas para a sua
própria existência física, sua preservação. Já o ser humano
é capaz de observar, gestualizar, modificar a natureza
pelo simples prazer estético, pela necessidade natural de
mimese, sem qualquer relação com a sobrevivência.
Quando a interface digital (homem-computador)
passa a desconsiderar ações e reações menos utilitárias,
aumentando o caráter prático em detrimento do
sensorial, não-prático, corremos o risco de nos
robotizarmos, perdendo a habilidade de questionar, de
trocar pontos-de-vista, de negar o utilitário e promover o
puramente estético/existencial. Por isso, sim, é louvável
buscarmos referências nos movimentos artísticos para
criarmos interfaces um pouco mais humanas, que tornem
o ato de interagir um processo cada vez mais semelhante
ao agir natural do homem.
Wd :: No livro “Vanguarda Européia e Modernismo
Brasileiro”, Gilberto Mendonça Teles explica
que a técnica da pintura cubista procurava
“apresentar a realidade através de estruturas
geométricas, desmontando os objetos
para que, remontados pelo espectador,
deixasse transparecer uma estrutura
superior, a forma plástica essencial e
verdadeira da beleza”. De que forma
esta técnica pode ser utilizada
pelo design na web? O site
internacional da Leo Burnett
(www. leobur net t . com)
pode ser apontado como
um exemplo?
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entrevista - design e arte :: 23
algo como uma área completamente livre dentro das
interfaces (ou invadida!), que pudesse ser preenchida com
arte. E, de certa maneira, eles também escandalizam, ao
seu modo, como pretendiam os dadaístas. A diferença é
que o engajamento é desnecessário, o mais importante é
desenvolver a linguagem.
Quanto ao resgate do Dadaísmo em projetos
interativos, sim, é sempre uma ótima idéia! Afinal, Dadaísmo
é sempre bem-vindo em qualquer situação, justamente para
nos deslocar da linearidade dos ponteiros do relógio, do
logos, do racionalismo. Ele é um movimento absolutamente
atual, contestador em essência, e seus “jogos”, experiências
como o “cadáver delicioso” (http://tinyurl.com/mrbgf)
- espécie de colcha de retalhos de palavras, frases e
desenhos, ajudam-nos a reconstruir o pensar e o perceber.
Um “cadáver delicioso” é um ótimo ponto de partida para a
criação de um projeto interativo digital dadaísta.
Wd :: Acessando o site da agência Modernista!
(www.modernista.com), somos remetidos aos anos
20, período no qual o mundo assistiria ao ápice do
surrealismo (http://tinyurl.com/kurew), considerado
um dos últimos movimentos de arte moderna. Como a
aplicação do inconsciente pode ajudar no processo de
criação de uma interface digital?
Gazel :: Esse site da Modernista! é um bom exemplo
de como se comporta a arte nos dias de hoje, tanto no
meio internet, quanto em qualquer outro. É perfeitamente
possível voltar no tempo e fazer uma releitura dos valores
peculiares que formam o cerne de cada “manifesto” do
período moderno. A diferença é que, naquela época, havia
a nítida impressão de que o universalismo das propostas
poderia ser percebido e vivenciado como uma verdade, uma
razão, sem prever suas contradições, sua transformação em
outras verdades, tão efêmeras quanto o próprio homem.
No período da modernidade, havia uma visão
romantizada, de um mundo inteiro para ser conquistado
pela arte, ainda que por caminhos completamente
opostos, como os futuristas italianos, que traziam
o fascismo como uma grande virtude, um caminho;
e o cubismo, que desconsiderava qualquer valor do
mundo real, auto-suficiente em sua atonalidade. Eles
não poderiam existir sozinhos como verdade maior,
como comprovou o tempo, mas foram absolutamente
fundamentais, como todo movimento dentro da história.
E se descobriu, findando-se a modernidade, que nenhum
dos movimentos estava mais ou menos próximo de uma
“verdade” artística - justamente porque essa “verdade”,
ao ser encontrada, logo estaria superada.
Podemos, então, conhecendo as características, as
razões estéticas de cada movimento moderno, entender
suas circunstâncias, seus cenários - não simplesmente
reviver aquilo - mas criar uma relação entre uma questão
atual vista sob aquela ótica. Essa é a receita para se
beber da fonte moderna e criar algo novo. E é por isso
que não basta ter o conhecimento “dóxico”, superficial,
sensorial, sobre uma época (apesar disso ser fundamental),
entender sua picturalidade, suas formas, seu movimento,
sua disposição, seu equilíbrio. É preciso conhecer a história
da arte e ver que nenhum estilo surgiu ao acaso, mas sim
possuem origens claras - e desdobramentos que chegam
até os dias de hoje, conseqüentemente. A partir desse
estudo fica muito fácil associar um projeto conceitualizado
hoje a uma estética moderna, seja qual for o movimento:
cubismo, surrealismo, expressionismo etc.
No caso do surrealismo, é preciso mergulhar de cabeça
na psicanálise, e estar pronto para ir além da linguagem
comum, das percepções concretas, sensibilizando-se para
os reflexos do inconsciente como feedback emocional para
a interface - o que parece bem subjetivo, porém plenamente
possível com interesse e muito estudo.
Wd :: No livro “Iniciação à História da Arte”, da
Martins Fontes Editora, H.W.Janson e Anthony F.Janson
apontam que “ao contrário do Dadaísmo, a Pop Art não
é motivada pelo desespero ou animosidade contra a
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24 :: entrevista - design e arte
civilização atual; considera a cultura comercial sua matéria-
prima, uma fonte inesgotável de material pictórico, mais do
que um mal a ser combatido”. O uso da cultura de massa, tão
emanada pelos seguidores da Pop Art, é uma linha conceitual
que pode ajudar a aproximar os ambientes digitais de seu
público-alvo?
Gazel :: A Pop Art foi o último dos grandes movimentos
modernos, e sua contribuição mais importante para a história
da arte, ao meu ver, foi a mudança de percepção a respeito da
apropriação e transformação de “memes” coletivos, ícones de
massa, considerando uma “cultura pop”. A cultura pop, por
sua vez, surgiu graças aos métodos industriais de criação e
produção pictórica, a prevalescência da imagem de massa, em
detrimento do conteúdo (também de massa, no entanto, de
segunda ordem).
Os clássicos exemplos “lata de sopa campbells” e as
interferências na Marilyn Monroe e Mao Tse Tung demonstram isso
com perfeição. É o início da era do consumo de imagens, à maneira
industrial. Que vivemos até hoje, como num “pop” transgênico e
muito acelerado. Poderíamos incluir aqui o kitsch e o neopop, mas
seriam apenas categorizações para as transgenias diversas pelas
quais passa a Pop Art até hoje. Continuamos consumindo o pop,
construindo e desconstruindo sua forma e conteúdo de forma
compulsiva, caótica, de modo cada vez mais veloz. Os ícones pop
surgem e morrem quase no mesmo instante.
O que mais me atrai na Pop Art é sua possibilidade de
“cheating art”, ou seja, de fazer uma arte “trapaceando”, através
dos meios de massa - inclua-se nessa categoria o sampling e a
intervenção sobre todo tipo de imagem “lugar-comum”, desde
logotipos conhecidos por todo o mundo até personagens
(humanos ou não) pop extremamente regionalizados. A
identificação com os “memes” acaba por facilitar a transmissão
do que está agregado a ela - no caso, a arte. E é justamente nisso
que vejo a grande possibilidade de se trabalhar o pop dentro
dos ambientes digitais, aproveitar essa identificação quase
insuperável (felizmente, quase) para se fazer ouvir. Uma
espécie de comensalismo.
Wd :: Segundo a Wikipédia (http://tinyurl.
com/go7pj), o minimalismo representa uma
série de movimentos artísticos e culturais
ocorridos durante o século XX. Analisando
a parte conceitual do movimento (“jogo de
volumes e formas que esteja reduzido às suas
configurações não mais que essenciais as suas
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entrevista - design e arte :: 25
funções”), é certo dizer que a criação e o desenvolvimento
de sites focados na usabilidade segue a mesma linha de
pensamento?
Gazel :: De certa maneira sim, o movimento pró-
usabilidade busca enxergar e remover qualquer tipo
de ruído dentro da interface, com objetivo de chegar a
um coeficiente mínimo ideal de uso. É uma ótima causa.
O problema é que, assim como o próprio movimento
Minimalista (e todos os demais movimentos modernos),
o movimento pró-usabilidade, na minha percepção,
acaba por acreditar (pela força da doutrina e do hábito)
que só existe a realidade do uso, desconsiderando
o contraditório - que seria, nesse caso, a corrente
experimentalista, e que, na publicidade, poderíamos
encontrar dividida em vários sub-movimentos, sendo o
mais importante deles o da “inversão de expectativa”
- modo menos traumático de apresentar estéticas
pouco usuais a um público heterogêneo, abrangente,
valendo-se de um gradiente entre o antiuso e o próprio
uso, deixando o espectador/consumidor transtornado
sensorialmente, abalado por alguns instantes, para,
no melhor estilo catártico, trazê-lo de volta ao mundo
cartesiano. Pronto, fez-se a mágica.
O mundo está girando numa velocidade espantosa,
enquanto escrevo esse texto. Nós também, nossa
mente, nossos gostos, nossos paradigmas estão prontos
para mudança, a cada instante. Acreditar numa linha
unidirecional, em relação ao ideal do design na web, é
pura ilusão. É preciso considerar o antiuso, os reflexos da
própria frustração e a transformação que ela gera. Existem
também sites que não têm qualquer relação com uma boa
usabilidade (no sentido atual a que esse termo remete),
mas que usam a estética minimalista de modo primoroso,
cada qual a seu modo.
Wd :: A Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais
revela que “a liberdade de experimentação, o retorno
às intenções expressivas e o resgate da subjetividade”
são algumas das principais linhas de pensamento do
Neoconcretismo (http://tinyurl.com/gtnad). Diante de
sua experiência na área, você acredita que os projetos
experimentais on-line ainda são um campo pouco
explorado? Quais conceitos do Neoconcretismo poderiam
ser aplicados no design na web?
Gazel :: Em se tratando de design na web comercial,
que precisa se ater a objetivos e regras já
muito bem estabelecidas pela publicidade
(ou pela gerência de TI), sim. É quando a
interface precisa ser o mais racional possível,
controlável, categorizada, sistemática. Isso
pode ser visto com mais intensidade nas
interfaces unicamente funcionais, que de tão
sistematizadas, acabam por virar “monstros”
de organização, desumanizando ao máximo a
linguagem entre o usuário e a interface.
A habilidade do designer em compreender
os princípios dos quais a interface pode - e
deve - se utilizar, sem se ater a regras gerais,
“doxas” incontestáveis, clichês pictóricos - que
normalmente nos levam a uma pasteurização das
interfaces - é que vai fazer a diferença na hora de
conceitualizar a proposta.
A partir do conceito certo, sem subestimar
e nem superestimar o público (e a própria
interface), encontraremos o caminho mais
interessante, mais adequado aos objetivos
(práticos e subjetivos) - pautando-se, dessa
forma, por diversos valores semióticos e também
por necessidades utilitárias, cada qual com sua
maneira de ser avaliada - ainda que o resultado
disso seja, esteticamente, um picturalismo
abstrato, uma subjetividade irritante (aos olhos do
ser cartesiano), contrária aos critérios universais de
avaliação atuais.
Se esse for o caminho encontrado, é preciso
encará-lo de forma corajosa. Isso porque nenhum
sistema de análise de interfaces que conheço
consegue sair da esfera racional, do empirismo
utilitário, até mesmo para lidar com os valores mais
sensoriais, menos racionais - quando tratam destes,
fazem-no de modo rasteiro.
Tenho em mente que devemos mudar nossa
opinião a cada instante, girar em torno da idéia
inicial pelo menos uma dezena de vezes antes de nos
definirmos pelo conceito final. Assim, por exemplo,
se optamos por usar a simplicidade da forma básica,
dos planos geométricos simples, podemos pesquisar o
cubismo ou o neoconcretismo. O importante é saber o
porquê da escolha.
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Radicado nos EUA, o carioca Nando Costa é criador
do projeto Brasil Inspired (www.brasilinspired.com), no
qual incentiva e divulga os trabalhos de design desen-
volvidos no país.
Apostando na experimentação, seu trabalho é um
bom exemplo de como tal conceito pode ajudar o de-
sign digital a se tornar mais criativo. Nesta entrevista,
ele fala sobre influências, cores, tipografia etc., além de
analisar os desafios existentes na caminhada do profis-
sional que vai para o exterior.
Wd :: Em entrevista para a revista Zupi (http://
tinyurl.com/mzpot), você confidenciou que tem “...tra-
balhado tanto nos últimos anos que quase sinto que
perdi um pouco da minha identidade”. Essa sensação
já passou? Quais fatores constroem ou desconstroem
a identidade e o estilo de um designer?
Nando :: Acho que esse efeito já passou. Devo ter
dito isso quando tinha a minha empresa (chamada Nakd),
no Rio de Janeiro. Naquela época, como atuava como
diretor de criação, a minha função, além designer, era
guiar o estúdio, os designers e animadores com quem eu
trabalhava, e também interagir com os clientes, pagar as
contas e até lidar com as burocracias.
No fim dos dois anos de minha experiência na Nakd,
eu e minha esposa (Linn Olofsdotter - www.olofsdotter.
com) estávamos esgotados e acho que isso nos afetou de-
mais, nos deixou sem inspiração. Mas depois tudo passou
e, hoje em dia, trabalhando como freelancer, me sinto
muito mais confiante e feliz com o que faço.
Sobre sua segunda pergunta, não sei exatamente
como responder, pois isso depende muito de uma pessoa
para outra. Não há regra. No meu caso, o fato de o meu
trabalho ter perdido força, eu imagino que deve ter sido
causado por cansaço, exaustão mesmo. Atualmente, con-
Page 27
entrevista - André Matarazzo :: 27
Page 28
28 :: design na web: construindo sua história
Arquitetura, escrita, pintura, utensílios domésticos, vestimentas. É através da descoberta e da
pesquisa de diversos objetos do passado que tornamos possível a reconstrução e o entendimento dos
fatos e dos acontecimentos da história.
Quando falamos de design na web, tratamos de um segmento que ainda engatinha para escrever
definitivamente suas páginas na história deste campo do conhecimento. No livro “Uma introdução à
história do design”, Rafael Cardoso aponta que “...talvez o maior desafio para o designer envolvido
com a rede seja de encontrar soluções que resistam, por sua qualidade e densidade, a essa proli-
feração tumorosa de informações parciais...”.
Diante disso, estudar os elementos que ajudaram a construir a prática do
design pode ser o primeiro passo para garantir um diferencial neste mercado.
“O conhecimento da história é uma das melhores formas de entrar em
contato com questões profundas como identidade, representação,
cultura. Acho que o designer, como todo criador, tem que
buscar o autoconhecimento. E, por trabalhar com a
coletividade, tem que buscar conhecer a socie-
dade também. A história é o autoconheci-
mento coletivo”, argumenta o escritor.
Design na web:construindo sua historia
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design na web: construindo sua história :: 29
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des30 :: design na web: construindo sua história
Da Revolução Industrial à Era da Informação
Quais características históricas poderiam nos ajudar a
entender a evolução do design? À primeira vista, os efei-
tos da industrialização em nossa sociedade são conside-
rados o grande marco para a transformação no modo de
produção do design, pois até então o ofício era realizado
de maneira artesanal.
“Não tínhamos design propriamente dito, tínhamos
artesanato que eventualmente poderia ser desenvolvido
com alguns padrões e repetições, mas não era regra.
Podemos dizer que o design viveu três fases distintas: na
primeira fase, seu empenho era em modular produtos para
serem seriados, ou seja, facilitar a produção. Na segunda
fase, o design tinha que construir valores simbólicos e
agregar valor ao produto. Nesse momento de sociedade
da informação no qual vivemos, parece que estamos vol-
tando um pouco no tempo. A grande quantidade de ferra-
mentas e tecnologias nos dá a oportunidade de construir
produtos para web que sejam quase artesanais. Embora
se use toda ciência de comunicação visual e se pense em
comunicar para a massa, cada projeto ganha uma atenção
quase artesanal”, analisa o designer Guilherme Marconi.
Levando em conta o peso que a Revolução Indus-
trial exerceu na forma como o design evoluiu ao longo do
tempo, é certo considerar que o surgimento da internet
representa também uma nova etapa em sua história?
“Ainda falta distância crítica para avaliar se o surgi-
mento da internet terá o mesmo peso histórico que teve
a industrialização. Afinal, quando falamos da chamada pri-
meira Revolução Industrial, estamos falando de um dos
acontecimentos mais transformadores em toda a história
da humanidade, de importância equivalente ao início da
agricultura ou das cidades há milhares de anos. Prefiro
pensar na internet como parte de um quadro maior, abran-
gendo a telefonia e a informatização - ou seja, o descola-
mento radical entre o tempo em que as informações são
transmitidas e o tempo em que as pessoas e as mercado-
rias são transportadas. Isto sim representa uma nova revo-
lução, a qual vem se adensando de maneira crítica desde
meados da década de 1980. Para o design, as plataformas
e programas de computador desenvolvidos desde então
me parecem tão importantes quanto à própria web, que
teria outra cara e estrutura se não fosse por eles”, explica
Rafael Cardoso, professor associado do Departamento de
Artes e Design da PUC-Rio.
Do HTML ao AJAX: como as tecnologias mudam a
história do design na web
Na busca por uma linha que norteie a prática do
design na internet, a grande dificuldade para se determi-
nar uma história envolve a escassez de registros e acervos
que produzam um espaço com material confiável de con-
sulta. São poucos, mas os exemplos existentes já ajudam
a traçar um perfil da área. Estamos falando do UOL Histó-
ria (saiba mais, na página 36) e do Internet Archive (www.
webarchive.org).
Apesar das dificuldades, o depoimento e a prática de
quem trabalha na área servem como um bom caminho para
analisarmos de que forma este segmento de mercado cresceu
e se transformou ao longo dos seus 11 anos de existência.
“A principal transformação no design para a web
é a busca de sua própria identidade. Desde o seu surgi-
mento, no final do século passado, a web é uma grande
tela em branco à procura de quem a preencha, tanto que
já foi considerada a maior exposição de arte interativa do
mundo. HTML, CSS, Flash, scripts, gerenciadores de con-
teúdo... Cada inovação abre um número enorme de possi-
bilidades, e a maior glória do designer é explorá-las inces-
santemente. A maior transformação provocada pela web
é a constante reinvenção de seus conteúdos e formatos,
além, é claro, da gigantesca democratização do acesso
aos meios de produção”, aponta Luli Radfahrer, professor-
doutor da ECA-USP.
Para Marcelo Gluz, gerente de criação na Globo.com,
a evolução do design sempre esteve vinculada às desco-
bertas tecnológicas. Principalmente quando estudamos as
transformações ocorridas nas tecnologias disponíveis para
o desenvolvimento de ambientes digitais. “A primeira é
o surgimento do CSS, que permite mudar o visual de um
site rapidamente, sem que se tenha que mexer nas estru-
Page 31
na busca por talentos :: 31
“O simples fato de a internet se utilizar de tabelas de
HTML, com ângulos retos e precisão numérica, traz
uma atmosfera ‘Bauhausiana’ ao design interativo”
Marcelo Gluz
design na web: construindo sua história :: 31
turas. O CSS também é importante quando se fala em deixar o usuário
personalizar seu espaço. Outro ponto que merece atenção é a possibi-
lidade de interagir com o dado sem mudar de página. A primeira tec-
nologia que possibilitou isso foi o Macromedia Flash e agora apareceu
o AJAX, tornando a experiência do usuário ainda mais fluida. Os sites
se parecem cada vez mais com softwares residentes no lado do cliente.
Já o aumento progressivo da banda não é um marco, mas um vetor que
aponta a direção das próximas mudanças. Cabe aos designers usarem a
banda com sabedoria, o que nem sempre ocorre”.
Bauhaus aplicada na web?
Analisando a história do design, é inegável o valor que os concei-
tos produzidos pela Bauhaus exerce nas diferentes gerações de profis-
sionais, por defender a funcionalidade no design, sendo a estética uma
conseqüência.
Tanto é que a influência da escola alemã parece se refletir em
determinados projetos de design para a web. “Todo bom design feito
após a Bauhaus traz forte influência dela. Ela rompeu com o Art Nou-
veau em busca de um design mais racionalista, onde a forma deve ser
fundamentada na função. Da mesma maneira, por sua natureza intera-
tiva, a web repele adornos supérfluos e exige grande esforço funcio-
nal. O simples fato de a internet se utilizar de tabelas de HTML, com
X
Relaciona-se especialmente com a 2ª Revolução Industrial em curso na Europa, com
a exploração de novos materiais e os avanços tecnológicos na área gráfi ca, como a
técnica da litografi a colorida que teve grande infl uência nos cartazes. Caracteriza-se
pelas formas orgânicas, valorização do trabalho artesanal, entre outros.
Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Art_nouveau)
Art Nouveau
ângulos retos e precisão numérica, traz uma atmosfera ‘Bauhausiana’
ao design interativo. Não me agrada a idéia de disfarçar as tabelas com
curvas. É preferível buscar soluções estéticas que assumam as caracte-
rísticas da mídia”, afirma Marcelo Gluz.
É justamente neste ponto que os especialistas ressaltam a impor-
tância de se trabalhar a funcionalidade e a estética como aliados em
um projeto de design. “A Bauhaus foi uma experiência histórica rica e
maravilhosa, de grande relevância para o contexto da Alemanha, nas
décadas de 1920 e 1930. É, ainda, uma lição importante de que é possí-
Page 32
32 :: design na web: construindo sua história
vel realizar grandes projetos com pouco mais do que pai-
xão e boas idéias. Infelizmente, a forma como o legado da
Bauhaus foi apropriado nos últimos 40, 50 anos tem sido
contra-producente para o design, especialmente no Bra-
sil. Essa idéia que as pessoas costumam fazer de funcio-
nalidade é inteiramente equivocada. ‘Função’ não existe,
pelo menos no sentido funcionalista, com F maiúsculo.
‘Função’ como contraposição à ‘Estética’ é um desastre
conceitual, que só tem prejudicado o design. Recomendo
aos designers que esqueçam tudo que acham que sabem
sobre a Bauhaus e retornem às fontes para ver o que ela
foi mesmo. Foi uma escola plural, antes de tudo, onde as
divergências e as dissidências eram respeitadas”, alerta
Rafael Cardoso.
Dessa forma, a dica é avaliar como os pontos posi-
tivos e negativos de cada conceito vão ser aplicados na
prática. “Usabilidade é a Bauhaus da web. Como a escola
alemã, ela tem seu lado positivo - colocou a forma a ser-
viço da função e eliminou efeitos sem significado apa-
rente. No entanto, tanto os axiomas da Bauhaus como
os princípios da usabilidade devem ser vistos como um
poste: servem de iluminação para quem está sóbrio, de
apoio para quem está bêbado. O apego excessivo à dita-
dura do funcional - representado por muitos portais de
serviços e por clientes e designers com preguiça criativa -
acaba por gerar um material monótono, rígido, estúpido.
E isso é o contrário do design”, orienta Luli Radfahrer.
Escola americana no design na web
Quando falamos do design brasileiro, a ESDI (Escola
Superior de Desenho Industrial) é um marco em nossa his-
tória, pois foi o primeiro curso de design em nível supe-
rior criado no país. Em termos de influência, os ideais
da Escola de Ulm foram considerados como o principal
modelo referencial para a ESDI.
Hoje, justamente pelo fato de a história do design na
web ainda ser um processo recente e em construção, as
opiniões sobre uma possível infl uência da escola americana
nos projetos brasileiros se tornam bastantes divergentes.
“Não acredito nisso, até porque não há uma ‘escola
americana’. NYU, CalArts e Berkeley são muito diferentes
entre si e têm em comum apenas o fato de estarem nos
Estados Unidos. Há coisas muito boas feitas no Reino Unido,
na Suécia, no Japão e no Brasil, sem influência de teórico
algum (senão o designer brasileiro não estaria tão ‘na moda’
em empresas estrangeiras). O que há é um mercado muito
grande e bastante capitalizado nos EUA, que torna as inicia-
tivas produzidas lá muito mais visíveis”, diz Luli.
Para Marcelo Gluz, existe um meio termo envol-
vendo esta questão. “Bebemos muito do que é produzido
nos EUA, mas não existe somente uma escola americana,
assim como nem todos faziam design funcionalista na Ale-
manha. Não acho que haja hoje uma grande revolução na
maneira de fazer, ensinar e compreender design como
houve naquela época, mas vejo a indústria americana pro-
curando novas maneiras o tempo todo. Acho muito inte-
ressante o conceito de projetar plataformas interativas em
vez de sites. O Google Maps (http://maps.google.com) e
o YouTube (www.youtube.com) são bons exemplos disso.
É possível consumir a ‘experiência YouTube’ de ver vídeos
em centenas de blogs mundo afora. Não só no site do You-
Tube. Outra manifestação importante do design americano
contemporâneo é o processo criativo baseado em proto-
tipação constante da IDEO (www.ideo.com). Ele cai como
uma luva em projetos de internet e favorece a inovação”.
Um ponto de vista interessante neste debate refere-
se às tecnologias envolvidas com o design na web.
“A escola americana é a grande influência quando se fala
em tecnologia, não só no Brasil como em vários lugares
“A escola americana é a grande infl uência quando se fala em tecnologia, não só no Brasil como em vários lugares do mundo. Mas vejo uma infl uência mais ligada aos conceitos de tecnologia do que propriamente ao design” André Nogueira
X
É considerada a mais signifi cativa tentativa de se restabelecer
uma ligação com a tradição do design alemão. Foi sucessora da
Bauhaus por seus métodos de ensino, disciplinas lecionadas, ideais
políticos e por também acreditar que o design tinha um importante
papel social a desempenhar.
Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Ulm)
Escola de Ulm
Page 33
ícones, quando usar? :: 33
Page 34
34 :: design na web: construindo sua história
X
Um jogo de computador e/ou videogame que permite a milhares
de jogadores criarem personagens em um mundo virtual dinâmico
ao mesmo tempo na internet.
Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/MMORPG)
MMORPG
do mundo. Mas vejo uma influência mais ligada aos con-
ceitos de tecnologia do que propriamente ao design.
Acho que o design interativo brasileiro já tem uma iden-
tidade própria bastante forte”, cita André Nogueira, dire-
tor de arte da Simples Consultoria.
O que determina os limites do design na web
Na evolução de sua história, o design na web encon-
tra alguns desafios para o seu desenvolvimento. O pri-
meiro deles seria a visão de que a interação homem-com-
putador é mais fria e distante, além de criar um senti-
mento mais individualista entre as pessoas.
Em comparação com as outras áreas de conhecimento
(design gráfi co e de produto), podemos considerar o pensa-
mento acima como uma das principais limitações (gerando
novos desafi os) para o exercício da prática na web?
“O computador, tal como conhecemos hoje, está
falido. Estamos a cada dia reinventando as tecnologias.
Parece que quase 90% da população possui celulares. O
número de pessoas com acesso à tecnologia é cada vez
maior e vertiginoso. E sabemos bem que quanto mais pes-
soas assimilam a tecnologia, novos conceitos surgem, bem
como novas tecnologias se desenvolvem. A cada dia que
passa, as pessoas têm mais experiência digital e os sites
vão deixando de ser aglomerados de botões frios para se
transformarem em parte da experiência simbólica das pes-
soas”, analisa Guilherme Marconi.
Assim, o designer precisará compreender muito bem
as transformações causadas pela inserção da tecnologia
no cotidiano de nossa sociedade para que os projetos na
área possam transpor os possíveis obstáculos existentes.
“Não sei se a interação humano-computador é mais
fria. Isto me parece bem discutível. Mais distanciada, tal-
vez, no sentido de ser algo que intermedia as relações
humanas, como o fazem também o telefone e a televisão
(tudo que é ‘tele-’, aliás, que vem do grego, para dis-
tante). Não vejo isto como algo específico à web. É um
fenômeno mais amplo da Era Industrial, com sua revolu-
ção nos transportes e na comunicação. Temos a ilusão de
que está tudo perto (imagens instantâneas do último con-
flito no Oriente Médio, por exemplo) e, ao mesmo tempo,
paradoxalmente, essa proximidade nos parece ilusória.
Você fala com alguém em outro continente pelo Skype,
com webcam, e parece que a pessoa está ali, mas não
está. Fica um vazio, que só pode ser suprido pelo tátil.
Temos aí um desafio imenso para o designer de web, não
é? Se você acrescenta a isto o fato que vivemos numa
sociedade onde todo mundo fecha os vidros ao parar no
sinal de trânsito, para afastar quem está perto, o desafio
para o design fica ainda maior”, aponta Rafael Cardoso.
Ou seja, como diz Luli Radfahrer, para se fazer coi-
sas para o século XXI, é necessário pensar como alguém
do século XXI. “A interação homem-máquina, por exem-
plo, não é mais fria como era. E não estou falando de
malucos que conversam com o carro para que a gasolina
não acabe, mas de situações bastante corriqueiras: você
recebe cartões virtuais, briga por MSN, gesticula falando
ao celular e se entristece ao receber um e-mail ruim. Em
comparação com as outras áreas, um blog é muito mais
quente que um jornal, o YouTube, muito melhor que a TV,
MMORPGs mais eficientes que fliperamas. É necessário
se livrar de preconceitos e abraçar as novas tecnologias
para se criar um design relevante”, ressalta.
Trabalhando com a interatividade
Em 2000, no livro “Projetando Websites”, Jakob Niel-
sen, considerado um dos gurus da usabilidade na web,
apontava que o “conteúdo era o rei”, em detrimento da
estética visual de um site. Nos dias atuais, a discussão
está mais focada no desenvolvimento de interfaces digi-
tais, onde o usuário e a sua interação nestes ambientes
passam a ser a grande prioridade para o sucesso de pro-
jetos nesta área.
Dessa forma, já não é mais um exagero afirmar que
o conceito de interatividade modifica profundamente a
prática do design na web. “Acredito que o ‘dado é o rei’,
justamente porque creio em design centrado no usuário.
O designer deve focar seus esforços em potencializar a
Page 35
design na web: construindo sua história :: 35
experiência do usuário em facilidade, rapidez e agradabilidade. Muitas
vezes, o designer precisa carregar mais a mão nos grafismos para vender
melhor o dado, mas normalmente os grafismos excessivos mais atrapalham
do que ajudam o usuário”, diz Marcelo Gluz.
Segundo o especialista, o que Nielsen não previa em 2000 era que o
entendimento do usuário sobre o que é a internet evoluísse e os dogmas pre-
cisariam acompanhar essas transformações. “O que era difícil em 2000, em
2006 pode ser fácil e em 2012 pode se tornar ridículo. Um sistema interativo
deve manter o usuário desafi ado para que não se torne monótono. Mas tam-
bém não deve ser um obstáculo entre o usuário e a informação. Esse impor-
tantíssimo equilíbrio depende do momento histórico e do nível social e etário
do usuário, e, portanto, não deve ser eternizado em dogmas de usabilidade”.
“O avanço tecnológico e o surgimento de serviços web2 customizáveis (como
o código-fonte do Google Earth, por exemplo) traz desafi os que vão além do
funcional, comercial, coletivo e HTML. Blogs e comunidades como o Orkut,
por exemplo, são lugares em que a questão da funcionalidade não faz mais
sentido - o indivíduo vai para lá se divertir, se surpreender, pesquisar, fuçar.
Isso faz com que o usuário se torne mais consciente dos recursos e opções,
o que muda completamente a relação do visitante com a interface, e, natural-
mente, o design”, complementa Luli Radfahrer.
“Design gráfico: uma história concisa”
Autor: Richard Hollis
Editora: Martins Fontes
Dicas de leitura:
“Uma introdução à história do design”
Autor: Rafael Cardoso
Editora: Edgard Blücher
“A principal transformação no design para a web é a busca
de sua própria identidade” Luli Radfahrer
Page 36
36 :: design na web: construindo sua história
Um acervo na história do design na web nacionalBate-papo: Márion Strecker, diretora de conteúdo do UOL
Nesta entrevista, conheça os principais aspectos envol-
vendo a evolução do design das páginas iniciais do portal,
além da importância do “UOL História” (http://sobre.uol.
com.br/historia).
Wd :: No Brasil, não temos um órgão ou entidade
que registre ofi cialmente a história da criação e o desen-
volvimento de sites. A própria produção bibliográfi ca na
área ainda é escassa. Dessa forma, como surgiu a idéia de
registrar a história do UOL e qual a sua importância?
Márion :: Criamos esse site porque achamos que, se
nós não fi zéssemos esse trabalho, ninguém faria e a história
se perderia. A cada aniversário do UOL, fazemos um balanço
do que foi realizado e atualizamos o site UOL História. Como
na internet não temos grandes limitações de espaço, pode-
mos nos dar ao luxo de escrever a história da internet e da
empresa e mantê-las publicadas, para informação do público.
Wd :: De 1995 aos dias atuais, quais foram as prin-
cipais transformações e marcos no design para web (por
exemplo, no início, o posicionamento do logotipo da
empresa apresentava um grande destaque e ocupava um
espaço muito maior do que o apresentado atualmente)?
Márion :: Quando foi ao ar, em abril de 1996, o UOL
tinha apenas oito canais e uma marca desconhecida. Por
isso, havia um logotipo grande na home page. Hoje, o UOL
tem mais de mil canais que disputam arduamente espaço na
primeira página do portal. Além disso, a marca UOL ficou
muito conhecida, por isso pudemos diminuir sua dimensão.
Primeiro tivemos de desenhar o site para o Mosaic, que
era o software navegador que as pessoas usavam em meados
dos anos 90. Depois, redesenhamos para Netscape e, mais
tarde, para Internet Explorer, o navegador que a Microsoft
resolveu instalar junto com o Windows e se tornou o mais
popular do planeta. Para atender ao maior público possível,
precisamos sempre estar atentos aos navegadores usados e
fazer com que nossas páginas funcionem bem em todos eles.
No começo do UOL, as pessoas usavam modem de
14.400 bits por segundo! Depois, vieram os modems de
28.800 bps, 56 kbps e nos últimos anos estamos vendo evo-
lução semelhante na velocidade chamada de “banda larga”.
No começo, desenhávamos as páginas sabendo que a
maior parte do público usava monitores confi gurados para
largura de 480 pixels. Hoje, a maioria ainda usa confi guração
de 800 pixels, mas uma boa parte já adotou confi guração de
1.024 pixels. Cada mudança dessas afeta profundamente o
desenho de um site.
Wd :: Considerando todas essas mudanças, é certo
afirmar que a evolução do design na web está direta-
mente atrelada à evolução tecnológica?
Márion :: Sim, o design na web depende direta-
mente das tecnologias disponíveis para a criação, da
velocidade das conexões e das características de har-
dware e software usados pelo grande público. Não
adianta nada fazermos páginas maravilhosas se elas não
puderem ser transmitidas rapidamente e visualizadas
corretamente pela maioria das pessoas.
É possível criar versões diferentes para velocidades e
para equipamentos diferentes. Fazer isto num site pequeno
é fácil. Fazer isto num portal do tamanho do UOL, com mais
de sete milhões de páginas diferentes e centenas de parcei-
ros de conteúdo, cada qual com sua marca e seu “look &
feel”, é muito mais complicado.
Wd :: Hoje, o conceito de Web 2.0 vem causando
uma grande discussão sobre a criação e o desenvol-
vimento de sites. Como o UOL interpreta toda essa
movimentação e quais modificações ela vem trazendo
para o design na web?
Márion :: Atrás do conceito de Web 2.0 estão os
recursos que permitem que o público interfira na maneira
de ver informações ou mesmo páginas na internet. É sen-
sacional. Já estamos usando esses recursos em alguns
dos nossos serviços interativos.
Wd :: O UOL já projeta que tipo de modificações o
futuro trará para as empresas que trabalham com servi-
ços de internet, principalmente no segmento de sites?
Márion :: Mais da metade dos nossos assinantes
já usa conexão em alta velocidade. Quase metade do
nosso público já possui monitor configurado em 1.024
pixels. Quando a grande maioria do público estiver
nessa nova situação, veremos um novo e grande salto
no design da internet. Já temos algumas amostras disso
aqui e ali, principalmente nos EUA. Parece inevitável
também que a web se torne cada vez mais multimídia,
com uso mais intenso de animações, áudios e vídeos,
além de mais interatividade.
Page 38
Analisando a comunicação visual utilizada pelos
supermercados, por exemplo, é possível descobrir o
perfi l de cliente que cada marca deseja atingir. Fazendo
um paralelo desta realidade com o mundo digital,
podemos dizer que o público-alvo é quem dita as
características de um site?
É preciso
ao usuário?
38 :: debate - adaptar-se
Page 39
debate - adaptar-se :: 39
:: Ana Starling
Designer e ilustradora - Estúdio Ana Starling
www.anastarling.com
“Fiquei imaginado os sites numa prateleira de supermer-
cado. A primeira impressão seria uma linha quase contínua,
de uma única cor, com alguns retângulos em proporções 3x4,
destoantes, que saltam aos olhos como um popup.
Essa linha de produtos diferentes, dispostos todos
juntos no mesmo espaço, vistos ao mesmo tempo. Nessa
rede, por natureza globalizada, a comunicação é comu-
mente homogênea. Parece mais difícil distinguir o
público específico ou o que, e como, ele
deve ser interpretado e representado
nesse meio. Talvez pela influência dos
recursos tecnológicos disponíveis, pela
maçante repetição estética originada por es-
ses recursos e pelo próprio meio, pela pouca
exploração do digital, que permite, cada vez
mais, a personalização e novos caminhos para
a comunicação.
Mas quem é esse público digital? O mesmo
dos supermercados? O que está no supermercado
está realmente direcionado para o seu público? Na
rede dos três W’s, os navegadores podem navegar
por oceanos mais distantes e traçar caminhos mais
longos, mais personalizados. Explorar o meio é per-
mitido, possível. Mas isso poderá surgir e acabar
submerso no meio ditatorial comercial.”
“Fiquei imaginado os sites numa prateleira de
supermercado. A primeira impressão seria uma
linha quase contínua, de uma única cor, com alguns
retângulos em proporções 3x4, destoantes, que
saltam aos olhos como um popup”“Antes de discutir o que pode influenciar a qualidade
de um site, temos que ter em mente o que é um bom site.
A meu ver, um site de qualidade é aquele que atende os
objetivos de negócios da empresa, às necessidades de
seus clientes e faz isso de uma maneira clara, simples e,
acima de tudo, agradável.
Um site projetado para meninas de 14 a 18 anos não
deve agradar a um executivo de 40. E isso é ótimo. Pode
ser que esse site também não agrade a quem o projetou e
isso faz parte do processo de design. Temos que lembrar
sempre que o público-alvo pode ser bem diferente de nós
e que algumas escolhas devem ser feitas de modo racional
e não emocional.
Muitos diretores de arte acreditam que o público-
alvo pode estragar seu layout, porque vêem seu trabalho
como arte, quando deveriam vê-lo como design. A arte é
uma forma de expressão que, em geral, tem mais valor se
não faz concessões a nenhum público. O design, pelo con-
trário, é uma ciência preocupada em encontrar soluções,
o que não pode ser feito sem se levar em conta às pessoas
e suas necessidades.”
:: Carolina Leslie
Arquiteta de informação na AgênciaClick
www.lulileslie.com
“Um site de qualidade é aquele que atende os
objetivos de negócios da empresa, às necessidades
de seus clientes e faz isso de uma maneira clara,
simples e, acima de tudo, agradável”
Page 40
“Sim e não. Explico: depende da intenção do designer, sua bagagem cultural, imagética e técnica, processo e prazo
de produção, remuneração etc. Interesses de ambas as partes, concomitantes ou não, também influenciam o resultado
final, para o bem ou para o mal.
Apenas definição de público-alvo é insuficiente para se começar a decidir. Precisamos de mais informações, dados
concretos, números. Você pode tomar a decisão de criar um layout extremamente leve e colorido (supondo que isso
agradará o ‘povão’), mas arbitrariamente o produz para uma resolução de tela de 1024x768 pixels. E aí, o porquê desta
decisão? Quais os impactos da mesma? Por que não? É correta? Virtualmente impossível de responder sem obter mais
informações.
Decisões como esta acontecem às dezenas em uma velocidade incrível quando se projeta algo para a internet.
Muitas vezes, o público-alvo nem sequer é o cliente do seu cliente, mas um misto das vontades pessoais dele com as
necessidades do mercado que ele quer (ou acredita) atuar. Misture isso com sua interpretação da situação e pronto:
você tem mais um projeto disponível para que o mundo todo acesse.
Esta analogia apresentada (supermercado) serve como faísca para iniciar discussões mais profundas que inde-
pendem bastante do tipo de trabalho visual em pauta: pode ser um cirurgião plástico ou um designer de interiores, no
final são seres humanos que tomam as decisões, algumas vezes baseadas em fatos concretos, noutras não, mas sempre
sujeitos a ‘errar’.”
:: Rhawbert Costa
Sócio da Nitrocorpz Design
www.nitrocorpz.com
“Você pode tomar a decisão de criar um layout extremamente leve e
colorido (supondo que isso agradará o ‘povão’), mas arbitrariamente o
produz para uma resolução de tela de 1024x768 pixels. E aí, o porquê
desta decisão?”
40 :: debate - adaptar-se
Page 41
“O público-alvo é sempre o principal ponto a ser considerado quando
se vai fazer qualquer comunicação, tanto on-line quanto off-line. Cada
segmento de mercado tem necessidades e aspirações diferentes e co-
nhecer esse perfil auxilia a agência ou o estúdio no direcionamento para
a comunicação de seu cliente.
Quando penso na criação de um website, isso não é diferente: sem-
pre levo em consideração quem está do outro lado da tela e um estudo
de seu perfil é essencial para que o usuário possa desfrutar ao máximo as
informações e os serviços disponíveis para ele no site.
Partindo desse ponto, parece claro dizer que o público-alvo dita o
caminho a ser seguido pela comunicação de um site. Isso seria trivial se
não estivéssemos falando de uma mídia tão dinâmica como a internet, no
qual podemos ir até o limite do que o usuário espera e surpreendê-lo com
algo a mais - e quase que, de maneira instantânea, analisar os resultados
positivos ou negativos.
Geralmente, essas inovações criam um novo hábito no consumidor
que estava acostumado apenas com o mesmo e acabam virando referência
para os próximos sites que vão ter o conteúdo semelhante ao seu. Elas
são responsáveis, em sua grande maioria, pelas novas tendências que são
seguidas por todos, mas só as que são assimiladas pela grande audiência
da internet se estabelecem como parte relevante nos sites comerciais.
Minha conclusão é que existe uma via de mão dupla, onde de um
lado estão designers e desenvolvedores criando e desenvolvendo novas
tecnologias e aplicações para a internet e do outro o público-alvo que, a
cada dia, usa a internet de maneira mais intensa e torna-se mais crítico em
relação ao que é útil e o que pode ser descartado nos sites.”
Rodrigo Manfredi
Diretor de arte da Submarino.com
www.rodrigomanfredi.com
“Quando penso na criação de um website, isso não é diferente:
sempre levo em consideração quem está do outro lado da tela e
um estudo de seu perfi l é essencial”
debate - adaptar-se :: 41
Page 42
Participação dos assinantesO público-alvo dita a qualidade do seu site?
Se você é assinante, participe desta seção pelo site www.arteccom.com.br/webdesign/clube
vencedor!
Paulo [email protected]
Não necessariamente. Por exemplo, um site com apelo popular não signifi ca que seja melhor ou pior em termos de qualidade. Para
um público “requintado”, a visão de um site como este é diferente da do público-alvo; o mesmo ocorreria se fosse ao contrário.
Aqui a qualidade se aplica a ambos, mas o que dita isso é ponto de vista de um público. Outro público, outro ponto de vista.
Julio [email protected]
Acredito que exerça uma certa influência, porém não será o público-alvo em si o fator determinante para a qualidade do
site. Um site de qualidade será sempre aquele que busque um diferencial, mesclando informação de forma clara e design
moderno e ousado.
Vânia [email protected]
Nosso “freguês” é o usuário e suas críticas, sugestões e comentários que norteiam o nosso trabalho. Obviamente buscamos
sempre surpreendê-los, antecipando suas necessidades e imprimindo um padrão de qualidade a altura do público-alvo.
Anderson [email protected]
A qualidade do site está diretamente relacionada com o grau de exigência do seu público-alvo. Isso acontece não só com
sites, mas com programas de televisão, estilos musicais, moda, arquitetura etc.
O autor da melhor resposta ganha prêmios.
Michel [email protected]
O público defi ne o fi m do site ou a “tribo” a qual ele pertence. A qualidade é atingida exatamente quando o site supre as
necessidades de seu público e só vai conseguir realmente atingir seus objetivos, isto é, ter acessos, quando for considerado
interessante por esse público.
participe e ganhe prêmios!
42 :: debate - adaptar-se
Page 43
e-mais - sites políticos :: 43
Page 44
44 :: e-mais - virais na web
Provavelmente, você recebeu no ano passado uma
imagem, onde o desafio era descobrir, dentre os diversos
objetos que a ornamentavam, referências a bandas de
pop/rock. Ou, ainda, foi estimulado pela indicação de
um amigo a entrar no site www.subservientchicken.com
e digitar ações para que uma galinha “louca” fizesse o que
você pedisse.
Cr iat iv idade e estratégia para d isseminar uma
i n f o r m a ç ã o , f u g i n d o d o f o r m a t o d e p ro p a g a n d a
tradicional. Os exemplos acima são alguns dos bons
casos de campanhas virais, que hoje se tornaram uma das
principais ferramentas para as grandes marcas espalharem
seus planos de comunicação ao mercado. Ou seja, elas
representam para a internet a tradução da velha tática do
boca-a-boca.
“Marketing viral é uma ferramenta de guerrilha e uma
forma de colocar uma marca na web como informação e
não como propaganda. É transformar o produto ou serviço
de uma empresa em um conteúdo divertido e inovador com
o objetivo de que o consumidor passe a mensagem para
frente. Gerar um boca-a-boca on-line”, explica Marcelo
Coelho, da Espalhe (www.espalhe.inf.br), agência de
marketing de guerrilha do Brasil. “A verdade é que ‘viral’
hoje é sinônimo de bom, de marcante, de web de primeira.
Sendo bom e marcante, a peça tem a capacidade de ser
passada para frente no boca-a-boca”, acrescenta André
Matarazzo, sócio da Gringo.nu (www.gringo.nu).
Virais como conseqüência da Web 2.0?
Analisando os recentes projetos lançados no mercado,
é possível afirmar que o atual conceito de participação
ativa dos usuários na evolução dos ambientes interativos
explique o crescimento das campanhas virais pela web e o
investimento de grandes marcas neste tipo de projeto?
P a r a R i c a rd o F i g u e i r a , d i re t o r d e c r i a ç ã o d a
A g ê n c i a C l i c k ( w w w. a g e n c i a c l i c k . c o m . b r ) , a l g u n s
pontos podem esclarecer melhor essa percepção sobre
participação interativa, viralidade e investimento. “O
primeiro deles é que o consumidor é, por natureza, um
formador de opinião. Alguém que, de alguma forma,
passa por experiências que lhe proporcionam vantagens,
benefícios ou não. É alguém que vive em redes sociais, seja
no trabalho, entre amigos de faculdade ou simplesmente
por af in idade de interesse. Trocando em miúdos, o
consumidor é alguém capaz de gerar o bom e velho boca-
a-boca, e a diferença é que a internet tornou-se uma
ferramenta de amplificação disso em larga escala, com uma
Virais na web:uma “nova” fórmula para se propagar informação?
Page 45
e-mais - virais na web :: 45
dimensão e velocidade absurdas”, diz.
Outra questão envolve a transformação na forma
como a mensagem é transmitida. “Se antes a propaganda
era baseada em emissão e recepção, hoje ela não só pode
como deve transformar um receptor em também emissor.
Na minha opinião, essa é uma das grandes diferenças da
propaganda moderna para a propaganda tradicional, onde
a mensagem deve ter potencial de reação e o meio deve
permitir a sua redistribuição”, afirma.
A conseqüência desse cenário para quem trabalha com
ambientes digitais é um maior investimento das grandes
empresas em formatos de sites que vão além do tradicional
modelo institucional. “Muitos usuários procuram uma
relação mais emocional com a marca (e vice-versa), e esse
tipo de relação é mais fácil de ser construído através de
sites periféricos ao site ‘institucional’. É por isso que existe
tanto espaço para hotsites, campanhas menores, virais.
Hoje, as marcas usam vários canais on-line e não apenas o
seu .com.br”, aponta Matarazzo.
Trabalhando com os riscos
Os riscos envolvidos em campanhas virais são grandes,
pois seu sucesso dependerá exclusivamente de sua afinidade
com o público-alvo para espalhar seus objetivos, além da
necessidade de se passar uma espontaneidade. Dessa forma,
existe alguma forma para se medir os riscos antes de lançar
uma campanha desse tipo?
“O viral mais fácil é aquele que se espalha dentro
de um target determinado, por af in idade. Mas tem
também o v ira l que se espalha para todos os lados,
indeterminadamente. São as ‘grandes idéias’ da web que
todos sabemos e comentamos. Normalmente, o viral vem
acompanhado de riscos sim, e nem sempre mensuráveis.
Entendo que conceitualmente seja arriscado, mas em
compensação o projeto é mais barato (viral de verdade
se espalha sem comprar mídia, por exemplo, que é cara)
e o alcance do possível estrondo é fenomenal, fora que
quando algo cativa o usuário emocionalmente, o payback
de brand awareness é gigantesco. Em tudo na vida,
quanto maior o risco, maior possível o ganho envolvido”,
afirma André Matarazzo.
As etapas na criação de um viral
Segundo os especialistas, as etapas na hora de se
criar uma campanha viral pela web seguem a mesma
l inha ut i l i zada para outros t ipos de campanhas on-
line. “Definição, planejamento, criação e produção. A
viralização ocorre (ou não) uma vez que a campanha já
está no ar. Se o usuário se identificar, ela emplaca. Se não,
não decola. Na nossa experiência, não é recomendável se
confiar 100% no viral como estratégia de divulgação. É
necessário investir em formas tradicionais de divulgação,
pelo menos no começo da campanha”, aponta Michel Lent
Schwartzman, diretor geral da 10’Minutos Interactive
(www.10minutos.com.br).
Traçar o perfil do público-alvo também é um bom
caminho para se garantir o sucesso dessas campanhas.
“Primeiro de tudo, conhecer profundamente o público
primário a ser atingido, seus valores e seus hábitos com
os meios interativos. Após entender exatamente em quem
você vai provocar a ‘reação’, é imprescindível projetar o
tipo de ‘reação’ a ser provocada e, principalmente, qual
é a mensagem residual que ela vai transmitir. Por fim,
disponibilizar e desenvolver meios para que as pessoas
possam repassar as suas experiências ou convidar novos
participantes para a ação”, orienta Ricardo Figueira.
Fa lando no desenvolv imento de s i tes voltados
para campanha virais, colocar o termo “indique/envie
para um amigo” parece ter se tornado uma ferramenta
padrão. “Quanto mais fácil para o consumidor repassar a
mensagem, maior será o retorno, por isso a mecânica de
‘indique um amigo’ é tão popular. Mas, mesmo esta simples
mecânica, pode ser incrementada de alguma maneira. Um
exemplo é o ‘Share the Love!’, da Amazon: um esquema
X
Ou prazo para recuperação do capital. É um indicador voltado
à medida do tempo necessário para que um projeto recupere o
capital investido.
Fonte: USP (http://tinyurl.com/meojo)
Payback
X
Refere-se ao conhecimento que o público tem da marca.
Fonte: Revista FAE BUSINESS (http://tinyurl.com/lm72j)
Brand awareness
Page 46
para indicar o produto que você comprou, dando descontos
para amigos e comissão na venda para quem indicou. Tudo
isso por trás de uma bonita mensagem de ‘compartilhe o
amor”, cita Ricardo Cavallini, diretor de operações da Euro
RSCG 4D (www.eurorscg4d.com.br).
A tática é investir na curiosidade para que o usuário
fique tentado a descobrir a informação que se deseja
espalhar. “Geralmente, são sites simples, que visam sempre
a facilidade para o usuário transmitir a mensagem para
o seu grupo de influência. Mas isso não é uma regra. O
site www.oquetemnocopovermelho.com.br, por exemplo,
provoca o usuário a participar e descobrir o enigma. A
própria navegação do site é complicada para instigar a
ânsia do visitante pela descoberta. Hoje, para conquistar o
usuário, precisamos oferecer algo ousado e atraente para
que ele se sinta orgulhoso de ter achado aquele site e
recomende para todos os seus amigos. Uma grande forma
de fazer isso é permitir que o usuário participe. Deixe
que o internauta, por exemplo, produza um conteúdo
com a informação da sua empresa e possibilite que ele
distribua facilmente para os amigos. Métodos muito usados
ultimamente são o ‘Envie para um amigo’, a personalização
da mensagem e o RSS”, indica Marcelo Coelho.
46 :: e-mais - virais na web
Exemplos de campanhas virais
- Algoz - Fiat (www.algoz.com.br)
- Burger King - Subservient Chicken
(www.subservientchicken.com)
- Crossbar - Nike (http://tinyurl.com/lyxgy)
- “Do you see music?” - Virgin
(http://tinyurl.com/8ackj)
- Fale Benq (www.falebenq.com.br)
- Grocery Store Wars (www.storewars.org)
- Marc Ecko (www.stillfree.com)
- “Neither this site nor Mozilla is connected with
Microsoft” (www.ie7.com)
- Sith Sense (http://tinyurl.com/zx9cw)
- Spread Internet Explorer
(www.spreadinternetexplorer.com)
- Super Bonder Reality Test
(http://infectous.plugin.com.br/reality)
- Whopperettes (www.whopperettes.com)
Fontes: André Matarazzo, Marcelo Coelho, Michel Lent, Ricardo Cavallini
e Ricardo Figueira
Principais etapas na criação de virais
1) Identif icar um diferencial que irá viral izar o
produto;
2 ) Te r u m a i d é i a i n o v a d o r a e m c i m a d e s t e
diferencial;
3 ) Ident i f i car os d i sseminadores desta idé ia
na web: b logue i ros , jo rna l i s tas , usuár ios de
l i s tas de d iscussões ou usuár ios de redes de
relacionamento;
4) Traçar uma estratégia para a viralização da idéia:
onde atacaremos? Quais disseminadores tentaremos
conquistar primeiro?;
5) Soltar o viral.
Fonte: Marcelo Coelho
(Espalhe - www.espalhe.inf.br)
Dicas de leitura
- “O marketing depois
de amanhã”
(www.depoisdeamanha.com.br)
Autor: Ricardo Cavallini
Editora: Digerati Books
“Blog corporativo”
(www.blogcorporativo.net)
Autor: Fábio Cipriani
Editora: Novatec
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estudo de caso - Samambaia :: 47
Page 48
48 :: FIND
Se vocês me perguntarem qual foi a primeira im-
pressão que tive do Fórum Internacional de Design e
Tecnologia Digital - FIND, posso dizer que o evento foi
o mais legal que eu participei nos últimos anos. Isso por-
que todas as palestras tiveram um nível excelente, com
trabalhos extraordinários e diferentes pontos de vista.
Um bom exemplo disso foi o culto a simplicidade: do
“Less is more”, defendido pelos primeiros palestrantes,
versus o “Less is bore”, do Stefan Sagmeister.
Falando nele, considerei a sua presença a maior
“surpresa” do evento, pois muitos aqui no Brasi l não
conheciam seu trabalho, que é simplesmente genial e
inspirador. Stefan levou o público ao êxtase com seus
projetos experimentais supercriativos e loucos. Falou
da dificuldade em deter o crescimento de seu estúdio,
o que faz com que tenha liberdade para poder escolher
seus cl ientes e fazer apenas trabalhos interessantes.
Como o custo se mantém baixo e, para ele, “dinheiro
não é importante”, a Sagmeister Inc. pôde sair do con-
vencional.
Sagmeister causou polêmica ao afirmar outra coisa
que também concordo totalmente, mas que pode pa-
recer muito estranho vindo de um designer: nem todo
mundo precisa de uma marca. Reparei isso quando minha
mulher me pediu uma marca para a empresa de eventos
que ela estava abrindo, já com alguns clientes. Meu pon-
to é o seguinte: a marca é irrelevante neste momento.
Vai trazer zero clientes a mais. Precisamos pensar no que
realmente importa: o produto.
E foi isso que Stefan defendeu na mesa-redonda.
Recusou receber $ 20 mil de um cliente, afirmando que
ele não precisava de uma marca e bolou uma outra es-
O FIND na visão de um designerPor Felipe MemóriaDesigner da Globo.com e professor da PUC-Rio. Mediador da mesa-redonda realizada durante o evento.
Networking e visita aos estandes dos patrocinadores durante o coffee-break
Gui Borchert se preparando para sua palestra sobre criatividade e inspiração
Mais de 500 profi ssionais lotaram o Copacabana Palace para prestigiar o evento
PJ Pereira respondendo a pergunta de um participante on-line
Sagmeister se preparando para a mesa-redonda Inamoto apresentando um dos cases da AKQA
Page 49
FIND :: 49
tratégia para a empresa, dando gratuitamente idéias de
onde o dinheiro deveria ser realmente investido para
fazer o negócio andar. Sagmeister sai da mesmice e da
mediocridade. Virou ídolo e foi aplaudido de pé.
Já PJ Pereira e Rei Inamoto abriram o FIND com
uma apresentação bem feita e organizada, mostrando um
bom nível de entrosamento. A dupla da AKQA abordou
muitos conceitos do uso da internet como fonte de en-
tretenimento, como plataforma para jogos on-line.
Dentre os cases, destaque para as campanhas en-
volvendo games, que são um prato cheio para abordar a
questão da experiência do usuário. Os cases mostravam
integração do produto com celular e e-mail, idéias com
potencial de viralidade e principalmente possibilidade
de pessoas interagirem. O vídeo da campanha do X-Box
mostrou exatamente isso, com a multiplicação dos joga-
dores. O slogan genial do produto diz tudo: “X-Box live:
It’s good to play together”.
Outra visão importante, destacada por Rei, ressal-
tava como eles tomam extremo cuidado em não aplicar a
tecnologia simplesmente por ela existir, pelo desejo de
aplicá-la. Como prova disso, apresentaram um case da
Microsoft em que eles usaram um enorme e tradicional
GIF animado no fundo da página.
Em seguida, Gui Borchert foi dogmático em relação
à busca contínua pela excelência. Para isso, apresentou
cases interessantes da RGA, em que existiam limitações
de projeto, como: briefing simples demais, trabalhos que
poderiam não ser interessantes num primeiro momen-
to (como o cartão de natal da empresa e o Nike Run),
mas que tiveram um resultado surpreendente através de
abordagens diferentes e criativas.
Um ponto interessante de sua palestra, no qual me
identifiquei imediatamente, foi a força de vontade e a
quantidade de horas de trabalho. Tal posicionamento
causou até certa polêmica também na mesa-redonda.
O ponto principal, muito bem destacado pelo PJ no
debate, é o seguinte: por mais que você seja talentoso
e consiga fazer coisas sensacionais em oito horas diárias
de trabalho, sempre vai aparecer alguém tão talentoso
quanto você que trabalhe mais horas. E o mercado é as-
sim, competitivo. Não é realmente muito popular afirmar
isso, mas concordo totalmente que coisas extraordiná-
rias são pagas com olheiras.
Fotos: Odilon Jr. ([email protected] )
PJ Pereira, Adriana Melo, Gui Borchert, Stefan Sagmeister,
Rei Inamoto e Felipe Memória
Page 50
O gerenc iamento estratégico de uma marca,
também conhec ido pe lo nome de branding, vem
sofrendo profundas transformações diante do uso cada
vez maior da internet no cotidiano das pessoas.
Dessa fo rma , a s a ções on - l i ne se to r na ram
i m p o r t a n t e s f e r r a m e n t a s d e a p r o x i m a ç ã o e
re lac ionamento com o púb l i co -a lvo das grandes
empresas. Um exemplo recente desse cenário aparece
no hotsite da campanha BIC Music (www.bicmusic.com.
br), que apresenta o mundo musical como temática
para os novos isqueiros ilustrados da empresa.
“ O p ro j e t o é u m a a ç ã o 1 0 0 % d e b r a n d i n g ,
objetivando rejuvenescimento de marca e aproximação
com seu target. Além disso, a BIC decidiu lançar a
campanha de divulgação exclusivamente pela internet,
por se tratar de um tema musical e bastante vinculado
ao público jovem, que tem uma afinidade altíssima
com a internet”, explica Heloísa Ticianell i , gerente
de Marketing e Novos Negócios da EverMedia (www.
evermedia.com.br), responsável pelo planejamento e
criação da campanha.
Para sabermos mais detalhes do desenvolvimento
deste projeto, além de Heloísa, conversamos também
com Douglas Bocalão, coordenador de cr iação da
agência. Confira a seguir.
Wd :: Em termos de internet, já se tornou comum
no mercado in te r nac iona l a s g randes empresas
investirem no conceito de entretenimento na hora
de se cr iar e desenvolver campanhas interativas,
tendência que começa a vingar no Brasil. Quais são os
desafios na hora de se trabalhar com tais projetos?
Heloísa :: É uma forma de fazer uma aproximação da
empresa com o seu target, e não simplesmente vender
um produto. É achar pontos comportamentais do seu
público-alvo e criar uma aproximação fundamentada nos
seus hábitos e gostos a fim de fazer parte o maior tempo
possível não só da sua rotina, mas também do lazer.
Wd :: Falando na interface gráfica do hotsite,
vemos que os isqueiros personalizados da campanha
BIC Music receberam um destaque com as ilustrações
de cada estilo musical (Rock, Soul, Eletrônica, Hip Hop
e Pop Rock). De que forma vocês trabalharam a criação
destas ilustrações para que elas pudessem se encaixar
dentro do projeto gráfico?
Douglas : : Todas as i lustrações passam a idéia
de movimento, cores e da liberdade de expressar seu
próprio est i lo musical . A idéia pr incipal é que cada
50 :: estudo de caso - Bicmusic
A era dos sites como estratégia de branding
Branding xÉ o conjunto de ações ligadas à administração das marcas, nas
mais diversas áreas, com o objetivo de manter ou ampliar sua
posição no mercado e consolidá-la cada vez mais na mente dos
consumidores.
Fonte: Desafio21 (http://tinyurl.com/khgrb)
Page 51
Quais influências e como vocês definiram esta etapa
dentro do processo de criação?
Douglas :: Nossa principal influência foi a street
a r t ( a r t e d e r u a ) , o n d e a d i v e r s i d a d e d e c o re s e
de formas orgânicas é muito grande. A r iqueza de
deta lhes que podemos encontrar passeando pelas
r u a s é i m p re s s i o n a n t e . Vo c ê p o d e v e r c a r t a z e s ,
grafites, placas de trânsito e até sinalização de lojas
que podem inspirar e trazer aquele estalo que faltava
na criação de um site.
Wd : : A t ipograf ia do projeto é inspirada em
fontes fantasia e parece ter recebido um tratamento
especial . Como a sua escolha se insere dentro do
conceito geral do hotsite?
Douglas :: A tipografia também sofreu influência
da a r te de rua . Na ma ior ia dos t í tu los , ap l i camos
contornos caracter í s t icos de graf i t i smo, a lém das
cores fo r tes e marcantes . Ut i l i zamos a famí l i a de
fonte Bauhaus, que apesar de ser uma fonte clássica,
estudo de caso - Bicmusic :: 51
usuário possa olhar para o site e se identificar com ele.
Além disso, todos os estilos musicais trabalhados no
site têm características marcantes. Buscamos trazer uma
identidade forte também para o layout. Para chegarmos
neste resultado, a equipe saiu a campo para estudar
referências gráficas em casas noturnas, muros grafitados
e capas de disco. O mix de tudo isso resultou em formas
orgânicas, setas, curvas e cores harmoniosas.
Wd : : Vocês ut i l izaram muitas setas e traços
ornamentados para indicar as seções do hotsite e
orientar a navegação do usuário, além delas ilustrarem
a própria marca do projeto. Que tipo de estudos vocês
fizeram para definir o estilo gráfico a ser utilizado?
Douglas :: Faz parte da nossa metodologia o processo
de imersão, onde vamos buscar referências gráficas
mundiais, seja por meio de livros, revistas, observando as
pessoas na rua ou buscando sites pela internet.
Mas não podemos confundir imersão com meditação.
Apenas pensar no assunto não traz resultado, é preciso
muito esforço, rascunhos, estudo de cores, versões
preliminares, até alcançarmos o layout desejado.
Neste caso, definimos que as formas uti l izadas
no hotsite tinham que expressar movimento - um dos
elementos primordiais na música. Quisemos ambientar o
hotsite para trazer as mesmas sensações de uma balada.
Wd :: A combinação cromática do hotsite é puxada
para tons fortes, porém elas ficaram bem harmoniosas.
“A equipe saiu a campo para estudar referências gráficas em casas noturnas , muros grafitados e capas de disco” (Douglas Bocalão)
Page 52
Todos os 52 samples foram criados exclusivamente
para a BIC. O mixer é a sustentação do concurso cultural.
Quem gosta de música vai entrar no site, criar a sua,
divertir-se com os downloads e concorrerá a iPods. Os
vencedores ainda poderão ter suas músicas em MP3 no
seu próprio iPod.
Wd : : A inda sobre tecno log ia , a EverMed ia
c r i o u u m a v e r s ã o Wa p d o h o t s i t e . D i a n t e d a
experiência com este projeto, vocês poderiam citar
os principais desafios no desenvolvimento de sites
para dispositivos móveis?
D o u g l a s : : U m a d a s p r i n c i p a i s b a r re i r a s é a
d ivergência entre as tecnologias das operadoras e
www.bicmusic.com.br
transmite modernidade e se encaixa perfeitamente com
a comunicação criada para o site.
Wd :: O hotsite foi projetado para resoluções de
tela acima de 1024x768 pixels. Por que vocês adotaram
este padrão, já que as estatíst icas no Brasi l a inda
apontam um certo equilíbrio nesta área?
Douglas :: Na verdade, o hotsite prioriza a resolução
1024, mas também atende a 800x600. O usuário tem
uma experiência maior com a resolução 1024, já que
visualiza mais elementos na tela. Porém, a navegabilidade
continua sem nenhum comprometimento em 800x600.
Mas acreditamos que a tendência seja a resolução 1024.
Wd : : Um dos destaques do pro jeto está na
disponibilidade da ferramenta BIC Web Mixer, no qual
o produtor musical Veiga criou, com exclusividade, os
52 samples disponíveis por lá. Como surgiu a idéia de
criar um mixer on-l ine e que tipo de tecnologia foi
utilizada para que ele pudesse se tornar funcional?
Heloísa :: A BIC está lançando uma série limitada
temática de música. A EverMedia ficou responsável por
toda estratégia exclusivamente on-line. A idéia foi criar
uma experiência inovadora para quem aprecia música e, a
partir daí, surgiu a idéia do BIC Web Mixer. A ferramenta
foi toda desenvolvida em Flash 7.0 e ASP.
52 :: estudo de caso - Bicmusic
Page 53
Tecnologia na web :: 53estudo de caso - Bicmusic :: 53
“Nossa principal inf luência foi a street art (arte de rua), onde a diversidade de cores e de formas orgânicas é muito grande” (Douglas Bocalão)
das diferentes plataformas dos aparelhos. Podemos
comparar a atual fase dos dispositivos móveis com a
época em que o Netscape ainda brigava com o Internet
Explorer e os designers quebravam a cabeça para criar
sites compatíveis com os dois browsers. O mais sensato
a fazer é seguir os padrões de desenvolvimento da W3C
(The World Wide Web Consortium - www.w3.org) e criar
wapsites simples, com navegação objetiva e fácil.
W d : : A s s i m c o m o a c a m p a n h a , a s u a
divulgação será feita especificamente em mídia on-
l ine e focada em portais voltados para o público
jovem (Vírgula, Jovem Pan e MTV). Quais fatores
influenciaram nesta decisão?
Heloísa : : A campanha está focada no públ ico
j ovem, po i s é o que tem ma io r a f i n idade com a
música. Por sua vez, é quem passa mais tempo na
web. O Bras i l está entre os pa íses que mais
gastam tempo na web e esse índice vem
crescendo signif icat ivamente. Por esta
razão, veio a escolha do invest imento
exclusivo neste canal e nos portais com
perfis jovem e musical.
Wapsite da BIC Music xNo wapsite desenvolvido pela Evermedia para a BIC Music,
o internauta pode acessar a página por meio do browser
do celular e fazer o download de 15 ringtones (toques para
celular), escolhendo a música e o formato que preferir. Além
disso, as músicas produzidas pelo próprio usuário poderão ser
baixadas, via cabo, para os celulares compatíveis com MP3.
Page 54
Tecnologia na web
Reúna um grupo de desenvolvedores web em uma mes-
ma sala e faça a seguinte pergunta: “quem nunca precisou
utilizar CSS Hacks para garantir uma boa renderização nos
mais diversos navegadores de internet, por favor, levante a
mão?”. Certamente, uma minoria vai conseguir se destacar
dentro do grupo.
“Todos nós, envolvidos com desenvolvimento, já passa-
mos pela frustrante - ou para muitos, já esperada - experiên-
cia de constatarmos que nosso layout visualizado com preci-
são e perfeição em um navegador X, mostra-se totalmente
‘quebrado’ e irreconhecível no navegador Y. Inconsistências
desta ordem devem-se ao fato de um mesmo código ser tra-
tado de modo diferente por diferentes navegadores. E isto
não é exclusividade das CSS. Qualquer código ou script a ser
interpretado no lado do cliente, obviamente dependerá do
dispositivo que o usuário estiver usando”, relata Mauricio
Samy Silva (www.maujor.com/blog).
Então, como poderíamos definir os CSS Hacks? “São
códigos CSS que se aproveitam de uma determinada falha
(ou falta de suporte a algum recurso) em um determinado
browser para fazer com que alguma propriedade CSS seja
aplicada exclusivamente para aquele browser ou em qualquer
um exceto aquele. Ou seja, funcionam mais ou menos como
‘fi ltros’ detectores de browsers. Um fi ltro não confi ável a lon-
go prazo, já que mudanças no código do browser podem fa-
zer com que um ou mais hacks deixem de funcionar”, explica
o desenvolvedor web Bruno Torres (http://brunotorres.net).
Erros mais comuns de renderização
Entendido o conceito da aplicação de CSS Hacks, pode-
mos apontar algumas das principais falhas na interpretação
dos navegadores que obrigam os desenvolvedores a utilizá-
los. “Sem dúvida, o erro mais comum é o de Box Model. Re-
sumidamente, é um bug de cálculo de largura de elementos.
As versões 5 e 6 (dependendo do DOCTYPE) do Internet
Explorer calculam a largura dos elementos diferente de bro-
wsers como Konqueror, Mozilla, Opera e Safari (KMOS). Esse
problema só era resolvido com o uso de CSS Hacks”, afi rma
Diego Eis, criador do Tableless (www.tableless.com.br).
Outro muito comum envolve o modo de compatibilida-
de defi nido (quirks ou strict mode). “Um dos mais comuns, e
que pode ser facilmente evitado, é colocar, inadvertidamen-
te, o IE6 para trabalhar em modo de compatibilidade (quirks
mode), o que faz com que tenha os mesmos problemas na
interpretação do Box Model que o IE5.x/Win tem. Isso acon-
tece quando se coloca uma linha em branco, um comentário,
ou uma declaração XML antes do DOCTYPE. E muita gente,
sem saber porque está tendo problemas, acaba se valendo
de hacks para que sua página seja exibida de forma correta
no IE6”, alerta Bruno Torres.
IE: trabalhe com comentários condicionais
Segundo os especialistas consultados pela reportagem,
quando falamos de interpretação de CSS para o Internet Ex-
plorer, uma boa pedida é se aprofundar no assunto “comen-
tários condicionais”.
“O Internet Explorer é a principal fonte de problemas
para os desenvolvedores, no que se refere à falhas de inter-
pretação de estilos CSS. Hoje sabemos da existência de uma
funcionalidade do Internet Explorer, desde a versão 5 (para
Windows), que permite enviar determinado código apenas
para este browser, inclusive com a possibilidade de enviar
apenas para versões específi cas. São os comentários con-
dicionais, comentários HTML que são interpretados apenas
pelo Internet Explorer. Tudo que estiver dentro de um comen-
tário desse tipo será ignorado por qualquer browser, já que
é, efetivamente, um comentário, mas será interpretado pelo
IE. É isso que devemos usar, já que é uma funcionalidade do-
cumentada pela Microsoft e funciona a contento, sem causar
maiores problemas”, orienta Bruno.
CSS Hacks: em busca da renderização igualitária nos navegadores
54 :: Tecnologia na web
Page 55
nível avançado
Tecnologia na web :: 55
Versão 7 do IE trará boas notícias?
Em breve, a Microsoft vai lançar no mercado a versão 7
do Internet Explorer e promete melhorar a interpretação do
CSS em seu navegador (http://tinyurl.com/9wev8). “O IE 7,
para citar alguns avanços, virá com suporte mais robusto para
seletores CSS2, restabeleceu o elemento HTML como a raiz
do documento (acabou com a entidade superior ao HTML),
não mais reconhece o hack underscore e corrigiu o bug da
double margin”, cita Maurício Samy.
“Se o IE7 for tudo isso que estão falando, muitos de nos-
sos problemas estarão resolvidos. Poderemos desenvolver
com mais tranqüilidade e teremos mais recursos para utilizar
em nossos projetos. A vida do desenvolvedor se tornará mais
fácil. Tomara. Caso contrário, o IE7 será um novo fantasma,
um novo problema”, analisa Diego Eis.
No entanto, a grande esperança reside no trabalho cole-
tivo incessante de pesquisadores pelo mundo. “Hoje em dia,
após alguns anos de uso massivo do CSS, com diversos desen-
volvedores ao redor do mundo pesquisando comportamentos,
buscando formas de contornar falhas de maneira ‘lícita’, ou
seja, sem o uso de hacks, temos cada vez menos que recorrer
a estes para resolver nossos problemas”, fi naliza Bruno.
Referências on-line
- Box Model Hackhttp://www.maujor.com/tutorial/boxmodelhack.php
- Comentários Condicionaiswww.maujor.com/tutorial/condcom.php
- IE7 and IE7http://meyerweb.com/eric/thoughts/2005/10/17/ie7-and-ie7/
- O que é Quirks Mode?http://www.revolucao.etc.br/archives/o-que-e-quirks-mode/
- O que são, para que servem e exemplos de CSS
Hackshttp://www.tableless.com.br/csshacks
- Pandora’s Box (Model) of CSS Hacks And Other
Good Intentionshttp://tantek.com/log/2005/11.html#d26t1820
- Position Is Everythinghttp://www.positioniseverything.net/index.php
- Quirks Modehttp://www.quirksmode.org
- Vídeo-tutorial sobre CSS Hackshttp://www.tableless.com.br/videotutorial/videotutorial2/
Fontes: Bruno Torres, Diego Eis e Maurício Samy
Livros
- “CSS Hacks & Filters” Autor: Joseph W. Lowery (http://tinyurl.com/z7x5t)
- “Eric Meyer on CSS”Autor: Eric Meyer (http://tinyurl.com/l2rho)
Fontes: Bruno Torres e Maurício Samy
Page 56
Caminhando pelo HTML - Parte 5Caminhando pelo HTML - Parte 5Elcio FerreiraDesenvolvedor e instrutor na Visie Padrões Webhttp://visie.com.br/
Em nosso singelo tutorial do mês passado, escreve-
mos a arquivo HTML muito simples, para demonstrar como
é simples a l inguagem HTML. Este mês, vamos tornar as
coisas divertidas, relacionando nosso arquivo HMTL com
outros arquivos. Isto é o que torna a web especial, a ca-
pacidade de relacionar documentos. Para começar, vamos
falar da forma básica e essencial de relacionar documentos
HTML: a tag A. Você vai se lembrar que, mês passado,
construímos um trecho de código assim:<ul>
<li>Home</li>
<li>Produtos</li>
<li>Serviços</li>
<li>Trabalhe conosco</li>
<li>Sobre</li>
</ul>
Essa lista será o menu de nosso site. Para isso, será pre-
ciso que, ao clicar, nosso feliz visitante seja enviado a uma
nova página. Você provavelmente sabe como se faz isso:<ul>
<li><a href=”home.html”>Home</a></li>
<li><a href=”produtos.html”>Produtos</a></li>
<li><a href=”servicos.html”>Serviços</a></li>
<li><a href=”trabalhe.html”>Trabalhe conosco</a></li>
<li><a href=”sobre.html”>Sobre</a></li>
</ul>
Simples, não? Talvez simples demais. Podemos aproveitar esse
trecho de código para acrescentar informações adicionais a respeito
da página para qual linkamos. Por exemplo:<li><a href=”sobre.html” title=”Saiba mais sobre a Florentina
Móveis e sua fundadora, Florentina Maria”>Sobre</a></li>
Agora temos uma indicação mais clara do que este link
nos trará. A este tipo de “informação sobre a informação” os
eruditos da web chamam de metainformação.
Há mais de uma utilidade para essa metainformação.
A mais conhecida é o fato de que o navegador exibe esse
texto numa tooltip quando o usuário passa o mouse sobre
o link. Entre outras utilidades está o fato de que robôs de
busca, como, por exemplo, o Google, entendem e indexam o
conteúdo da tag title.
Se você percebeu bem, para tornar nosso HTML rico, útil
e interessante, fizemos duas coisas. Primeiro o relacionamos
com outros documentos, através da tag link. Em seguida, ofe-
recemos informações adicionais a respeito dos outros docu-
mentos, através do atributo title. Vamos fazer a mesma coisa
agora, usando outra tag do HTML. Dentro da seção HEAD de
nossa página, vamos inserir:<link href=”florentina.xml” />
<link href=”florentina.css” />
<link href=”florentina2.css” />
<link href=”print.css” />
Com isso, relacionamos nosso documento a quatro outros,
um arquivo RSS e três arquivos CSS. Mas isso não basta. É preci-
so dizer ao navegador o que fazer com esses documentos e de
que tipo eles são. Fazemos isso com os atributos rel e type:<link rel=”alternate” type=”application/rss+xml”
href=”florentina.xml” />
<link rel=”stylesheet” type=”text/css” href=”florentina.
css” />
<link rel=”alternate stylesheet” type=”text/css”
href=”florentina2.css” />
<link rel=”stylesheet” type=”text/css” href=”print.css”
/>
Com isso, estamos dizendo ao navegador que o pri-
meiro arquivo é um formato alternativo de nosso conteúdo
(alternate), e que ele é do tipo application/rss+xml, ou seja,
que é um arquivo RSS. Na segunda linha, dizemos ao nave-
gador que estamos relacionando uma folha de estilo (sty-
lesheet) e que é do tipo text/css, ou seja, um arquivo CSS.
A terceira e quarta linhas também são do tipo CSS, mas a
terceira apresenta uma folha de estilo alternativa (alternate
stylesheet). Isso fará com que o navegador não carregue
essa folha de esti lo a não ser que o usuário peça. Ainda
podemos melhorar isso:<link title=”Feed RSS da Florentina Móveis” rel=”alternate”
type=”application/rss+xml” href=”florentina.xml” />
<link title=”Estilo CSS padrão”
rel=”stylesheet” type=”text/css” href=”florentina.css” />
<link title=”Estilo CSS alternativo”
rel=”alternate stylesheet” type=”text/css”
href=”florentina2.css” />
<link title=”CSS de impressão” media=”print”
rel=”stylesheet” type=”text/css” href=”print.css” />
O navegador agora sabe que o título de nosso Feed é
“Feed RSS da Florentina Móveis”. Sabe também os títulos das
nossas folhas de estilo. Assim, pode mostrar esse menu:
56 :: tutorial
Page 57
Isso permite ao nosso usuário escolher com que estilo verá
a página. Você deve ter notado também que o link “CSS de im-
pressão” não aparece na lista. Isso se deve ao atributo media. O
navegador detecta corretamente o tipo de media de cada arquivo
css através desse atributo. Ele exibe então na lista aqueles cujo
media for screen (tela) ou all (tudo). O valor default de media é
all, então, se você não especifi car um valor para media, seu CSS
será exibido em todas as medias. Note no código que, para o
último link, estamos colocando media=”print”. Isso faz com que
este CSS seja usado quando o usuário imprimir a página. Assim,
posso ter uma “versão de impressão”, em que eu escondo menus,
publicidades, fundos coloridos, mudo a fonte etc. E que funciona
automaticamente, basta o usuário imprimir a página.
Por fi m, é importante dizer que ultimamente têm se trabalhado
muito em novas maneiras de se inserir metainformação em uma pági-
na. Uma das novidades de nossos dias é o fato de você poder inserir,
por exemplo, a seguinte tag META no HEAD de sua página:<meta name=”ICBM” content=”-23.626508,-46.639688” />
Dessa forma, o navegador, se suportar este recurso, sabe
as coordenadas geográficas de sua casa, empresa, ou seja, lá
de onde for o site. Quer ver funcionando? Uma das maneiras de
se usar isso é através de uma extensão para Firefox, chamada
GeoURL. Você pode baixá-la em http://tinyurl.com/fqpbq e, em
seguida, acessar qualquer site com essa tag META. Por exem-
plo, o nosso: http://visie.com.br. Ao fazê-lo, você deve ver um
pequeno globo colorido em sua barra de status. Assim, você
pode saber onde fica nosso escritório. Clique nele com o botão
direito do mouse e divirta-se:
Outro exemplo desse esforço de inserir metainformações
são os microformatos. Microformatos são pequenos trechos de
HTML comum, escritos seguindo regras específi cas, geralmente
contendo nomes de classe específi cos, que, devido a essas regras,
carrega mais metainformações que o simples HTML. Para explorar
isso melhor, sugiro que você baixe a extensão Tails Export para
Firefox (http://tinyurl.com/gfl h2).
Infelizmente, a Tails Export está disponível apenas para
Windows. Mas há uma série de outras ferramentas capazes de
lidar com microformatos que você pode usar. Por exemplo, para o
microformato hCard você encontra uma extensa lista em: http://
tinyurl.com/e5yvk.
De posse da Tails Export, entre no site do Tantek Çelik (http://
tantek.com) e dê uma olhada na barra de status do navegador. Lá
você pode, por exemplo, exportar as informações de contato dele
para um vcard. O formato de arquivo vcard é entendido por aplica-
ções como o Outlook. Assim, ao entrar no site do Tantek, você pode
adicioná-lo aos seus contatos do Outlook com dois cliques. Como
ele fez isso? Dê uma olhada nesse trecho de código:<div class=”item vcard” id=”livebait”>
<a href=”http://flickr.com/photos/tantek/
187850720/”><img
src=”http://static.flickr.com/74/187850720_fce42bc7e2_
t.jpg” alt=”photo of
restaurant entrance” class=”photo” /></a>
< a h r e f = ” h t t p : / / l o c a l . y a h o o . c o m /
details?id=11054799” class=”url fn org”>
Live Bait</a>
<div class=”tel”>+1 (212) 3539100</div>
<div class=”adr”>
<div class=”streetaddress”>14 East 23rd St.</div>
<span class=”locality”>New York</span>
<span class=”region”>NY</span>,
<span class=”postalcode”>10010</span>
</div>
</div>
Há um atributo class para cada um dos valores que será
exportado no vcard. E pronto, simples assim. O resto é com o
navegador. Para saber mais sobre as classes possíveis e outros
microformatos, acesse o site ofi cial do projeto: http://microfor-
mats.org. Com isso, nosso HTML já é rico e poderoso, altamente
relacionado com outros documentos na web. E não deixou de ser
uma linguagem muito simples. Praticamente todo o resto que fa-
ríamos para transformar nosso código em um site apresentável
será feito com outras duas linguagens: CSS e Javascript. Sim, isso
já é outra história.
tutorial :: 57
Page 58
- Oi, cara, tudo bom? Recebi teu portfólio, achei bem legal.
- Pô, valeu.
- Como é mesmo o teu nome?
- Koruja.
- Coruja?
- É Koruja, com K.
- Não, cara, teu nome, teu nome de batismo...
- Pode me chamar de Koruja, todo mundo me conhece por Koruja.
- Como assim, Koruja?
- Koruja, pô!
Então tá, né. Resolvi não lutar contra a natureza, me condicionar ao nível de interlocução
imposto e quem sabe, com sorte, descobrir que tipo de Koruja era aquela.
- Ahmmm, ok, Koruja... Onde você já trabalhou?
- Em lugar nenhum.
- Como? Mas e o teu portfólio?
- Ah, eu fi z a maioria das coisas em casa, vagabundeando. Fiz uns freelas também.
Puxa, me comovi com tamanha honestidade! Naquele instante, entendi que o lado do meu
cérebro que funcionava não era o mesmo lado do cérebro do Koruja e que, embora ele falasse
um idioma que se aproximava muito do meu, o diálogo não iria rolar.
Não sei exatamente por que, além do desespero por qualquer profi ssional que conhecesse
um pouco de Photoshop e soubesse copiar algumas linhas de HTML, resolvi, naquele verão de
1998, rasgar todos os manuais de recursos humanos e dar uma chance para o Koruja!
- Muito bem, Koruja. Você pode começar amanhã um “estágio” de um mês...
- Bacana, onde é meu ninho?
Hoje, inverno de 2006, aquele Koruja não teria chance. O desenvolvimento de soluções para
o ambiente de internet amadureceu. As agências digitais cresceram e criaram novas competên-
cias e metodologias. Um “web tudinho” que fazia projeto de interface, criação, direção de arte,
webdesign e programava HTML foi substituído por cinco especialistas nas estruturas maiores e
por dois ou três nas menores. A especialização permitiu a produção de projetos web em escala
e uma profi ssionalização das estruturas de desenvolvimento.
Hoje, para fazer parte dos principais “times” de soluções de internet no país, vários crité-
rios passam a ser fundamentais no processo de seleção e manutenção de talentos por parte das
empresas que se tornaram players do setor. Na AG2, empresa que ajudei a criar e dirijo até hoje,
valorizamos, cada vez mais, nos nossos profi ssionais, as seguintes características:
58 :: mercado de trabalho
Guilhermo ReisEspecialista em Arquitetura de Informação e Usabilidade. É autor do Kit de Conhecimento sobre AI
(http://tinyurl.com/p4j6w). Atualmente, é responsável por coordenar projetos e manutenções nos
websites do Banco Real.
[email protected]
Cesar PazEngenheiro com pós-graduação em marketing e comércio exterior. Diretor Presidente da AG2 - Agência
de Inteligência Digital. Fundador e diretor da AGADi (Associação Gaúcha das Agências Digitais) e APADi
(Associação Paulista das Agências Digitais). Colunista do jornal Propaganda e Marketing e do site Webinsider.
[email protected]
Koruja!
Page 59
1. Motivação pessoal: o profissional precisa ter ânimo, energia, inquietação, capacidade de indignação e
espírito empreendedor.
2. Trabalho em equipe: pobre do cara que não sabe compartilhar informações. São valorizados apenas
aqueles que sabem motivar, incentivar os colegas, planejar e organizar os processos e ter sinergia na construção
de objetivos com o grupo.
3. Gestão: a capacidade natural de relacionamento com as pessoas e habilidades no gerenciamento de proces-
sos e recursos são fundamentais para dar conta da dinâmica dos diferentes tipos de projetos web.
4. Visão positiva: não vejo chance para talentos que têm na “difi culdade” e nos “problemas” a sua matéria-prima.
Ter visão positiva de si próprio, da sociedade e da empresa em que trabalha é condição para a evolução profi ssional.
5. Fazer acontecer: apenas alguns profissionais têm uma enorme capacidade de realização, outros se per-
dem em processos, fórmulas, manuais e questões técnicas. A capacidade de “fazer acontecer” pressupõe que o
profissional tenha entendimento de prioridades, iniciativa, persistência, determinação, performance e compro-
misso com o negócio.
O Koruja se mostrou um bom profi ssional e era um cara supercriativo, e nos ajudou bastante. Não sei se tem a
ver com o “nome”, mas sempre foi um grande parceiro das madrugadas de trabalho. Preferia produzir à noite! Ficou
conosco quase dois anos e depois foi trabalhar com vídeo.
Eu continuei tendo que desesperadamente identifi car, contratar e reter talentos. O fato é que mesmo sabendo
que nem tudo no mundo é resultado de racionalidade, tratei de reconstruir pacientemente todos os manuais de re-
cursos humanos que eu mesmo havia rasgado no início da internet. Passei a ser muito mais científi co na busca e na
retenção dos melhores profi ssionais.
mercado de trabalho :: 59
“É preciso criar as casas, os prédios, as praças e principalmente as placas
de sinalização.”
"Um `web tudinho´ que fazia projeto de interface, criação, direção de arte, webdesign e programava HTML foi substituído por cinco especialistas nas estruturas maiores e por dois ou três nas menores."
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Page 60
Vocês me conhecem, eu não sou de botar a boca no trombone à toa, no máximo um
manifesto aqui e uns podcasts ali, mas chega uma hora que temos que tomar posição.
E é imbuído do senso de dever que digo: arredemos pé das nossas posições. Estamos
entrincheirados demais.
Estou falando sério. Outro dia acompanhei de perto um site novo ser metralhado por
todos os lados: desenvolvedores fuzilando a compatibilidade com browsers, designers
estapeando a usabilidade, criativos bombardeando o coitado do logotipo. O episódio só
não foi trágico porque o dono do site tinha um bom-humor e à prova de balas.
Nem adianta pensar em desarmamento. Cada lado al i (engenheiros, designers,
marketeiros, etc) demorou anos pra conseguir seu arsenal: estudaram, praticaram, se
aprimoraram, se organizaram... e se engessaram.
Se ao menos o confronto fosse bonito, algo como uma bela roda de capoeira... mas
nunca é: cada um fica na sua trincheira jogando farpas e insultos de lá pra cá. Enquanto isso,
felizes da vida, passam ao largo os verdadeiros inovadores, os visionários, aqueles que ao
invés de defender territórios desbravam novos mundos.
OK, basta de alegorias e metáforas. Já deve ter dado para entender. Eu estou cutucando
os donos-da-verdade de plantão, aqueles profissionais que sobem no banquinho para... (que
outra palavra eu uso? Ai ai ai...) ditar (ufa!) regras a torto e a direito.
Abaixo os banquinhos. Abaixo quem se julga acima. Abaixo as opiniões incontestáveis.
Abaixo o absolutismo.
Absolutismo nunca fez sentido, e na internet faz menos ainda.
Suponhamos que você faça um site para a sua agência. A agência quer se posicionar
junto ao mercado como criativa e antenada com o state-of-the-art em novas mídias, e para
isso faz um site multimídia, inovador e irreverente. Pronto, o site está no ar.
Começa o tiroteio: xiitas vão chiar (xiitas chiam by default) que o site não é tableless,
não é W3C-compliant e que não roda no Opera pra Linux. Alguns puristas vão achar que
o site é banda-intensiva e exclui propositalmente quem tem banda estreita e máquinas
antigas. Outra ala vai apontar seus canhões contra o fato de que a mudança do logo foi
meramente cosmética, enquanto chovem flechas de quem diz que aquela é uma sub-utilização
dos recursos novos do flash XYZ.
Nessa hora eu bato o pé duas vezes: em primeiro lugar, desçamos do banquinho. Se a
agência escolheu uma linha X de comunicação com seu target e esse target por acaso não
te inclui, ela deve saber o que faz. Se a agência quer ser vista dessa maneira e não de outra,
idem. Não há uma solução de comunicação que seja universal, há sempre escolhas a se fazer.
Manifesto antibanquinho
60 :: marketing
René de Paula Jr.Diretor de produtos do Yahoo Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências
e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.
com”, portal focado no mundo on-line, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de
profissionais da á[email protected]
(Esse banquinho aí do teu lado... não, não, aquele ali. Me empresta? Coisa rápida, é só para fazer um manifesto.)
Caríssimos, do alto desse banquinho quarenta anos vos contemplam, e é alçado a esta altura imerecida que proclamo: abaixo os banquinhos.
(Pronto, aqui está teu banquinho. Não pretendo usá-lo de novo, obrigado)
Page 61
"Abaixo os banquinhos. Abaixo quem se julga acima. Abaixo as opiniões incontestáveis. Abaixo o absolutismo."
Se ela errou o tiro, que aprenda com as conseqüências.
Em segundo lugar: se a agência foi capaz de produzir aquela comunicação e não outra, isso diz muito
dela, sobretudo sobre seus méritos e... limitações.
Para exemplificar melhor suponhamos outro cenário: uma agência mediana encomenda seu site a um
terceiro e o resultado é algo absolutamente arrasador e genial, muito acima da cultura digital da própria
agência, um site impecável, revolucionário, trendsetter. Isso não seria propaganda enganosa, mostrar uma
fachada que não corresponde ao que ela é capaz de pensar e realizar?
Ou alguma ética estranha diz que um site impecável ,mas irreal é preferível a um site “pecador”
mas verossímil?
Pecado por pecado, meus blogs pessoais são forrados de pecadilhos técnicos. Nem poderia ser
diferente, porque não sou técnico.
Meu podcast vai ao ar do jeito que eu gravo, sem edição ou cortes. Nem poderia ser diferente, porque
não sou locutor nem apresentador.
As milhares de fotos que eu publico não têm retoques, além de Levels e Crop.
Eu não quero criar uma ficção de mim mesmo, e não tenho o menor pudor quanto a imperfeições.
Nossas deficiências são tão nossas quanto as nossas qualidades, e mesmo que eu tenha minhas certezas,
elas são inseparáveis da minha história, da minha perspectiva, do lugar onde estou sentado. Minha opinião
é absolutamente parcial. Toda opinião é.
Quer pensar outside the box e inovar? Saia da trincheira. E não é nenhum banquinho que vai te
tirar do buraco :)
marketing :: 61
Page 62
Marcela CatundaTrabalhou na TV Globo, TV Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e SBT. Foi redatora da DM9DDB e
Supervisora de Criação de Mídia Interativa da Publicis Salles Norton.
É sócia do site Banheiro Feminino, está no Orkut e trabalha como autônoma.
blog - http://pirei.catunda.org
[email protected]
E se eu chamasse Catundo?O que seria de Catunda, se Catundo fosse?
Já me peguei pensando na frase acima. Em muitos anos trabalhando não foram poucas às
vezes que imaginei como seria minha vida profissional se eu fosse um Catundo.
Meus pais só tiveram fi lhas, mas me lembro até hoje da preocupação do velho em nos ensinar
a trocar pneus, entender de cebolões e nos preparar para uma vida independente. Repeti a
quarta série do primário e como castigo (ou prêmio) tive que trabalhar um ano para aprender
a gostar da escola e dar valor pros estudos. Ledo engano, me apaixonei foi por trabalhar e não
parei mais. Foram anos trabalhando e estudando até que fi cou só o trabalho. A gente tá sempre
aprendendo e estudar também nunca é demais. Pensando bem, valeu a lição.
Escolhi a TV bem cedo e fiquei nela por longos quatorze anos. É muito tempo quando na
época, fazendo as contas, não somamos mais de trinta poucos. Nesse tempo, vi assistentes
virarem braços direitos de diretores, diretores propriamente ditos, editores chefes, gerentes
de programação... E eu quase na mesma. Mas, e seu chamasse Catundo, será que eu teria me
tornado um respeitado profissional de TV? Hum...
Confesso que quando migrei pra internet me senti bem mais confortável com esse assunto.
Mas será que se eu chamasse Catundo eu seria um bem sucedido cidadão ponto com? A
ausência total da TPM teria me ajudado a galgar um lugar no pico do universo www? Hum...
E eu escutaria:
- Bonita camisa, Seu Catundo.
- Boa jogada, Catundo. Tacada de mestre. Deixe-me segurar seu charuto! (sai fora).
- Seu Catundo, reunião na sala 14 com aquela gostosa do RH.
- Seu Catundo, sua esposa na linha 2. (que estranho)
- Seu Catundo, sua braguilha está aberta. (cruzes)
Mas o que me diverte não é só pensar no sucesso financeiro que eu teria se Catundo eu
fosse, mas também no dia-a-dia profissional.
Receberia Catundo, em seu e-mail, as fotos das últimas beldades da Playboy e Sexy
enviadas pelos amigos? Sim e seriam consumidas nisso boas horas de trabalho, muito bem
gastas por sinal.
Perderia Catundo mais outras boas horas de seu dia mergulhando no infinito de uma
boa olhada nos atributos físicos de suas colegas de trabalho? É lógico que sim e por que
diabos não?
É notória a capacidade feminina de se apegar aos detalhes, mínimos que sejam, podem
apostar: as mulheres tudo vêem, tudo memorizam, tudo relembram e depois “algumas vezes”
jogamos isso na cara dos seres masculinos. Mas e Catundo? Catundo, como portador de um
cromossomo y no lugar de um dos x perderia a capacidade de fazer mais de uma coisa ao
mesmo tempo? Catundo, ao tentar fazer a barba atendendo a um telefonema, perderia ¼ do
sangue de seu corpo? Não. Definitivamente não quero fazer a barba.
Na vida prática, preencher um gênero masculino no lugar do feminino nos formulários
62 :: bula da Catunda
Page 63
bula da Catunda :: 63
"A ausência total da TPM teria me ajudado a galgar um lugar no pico do universo www? Hum... "
por aí me faria abrir mão de algo que muito me anima: minha suscetibilidade ao mundo invisível. A crença em
quiromantes, tarólogas e astrólogas poderia ser sensivelmente reduzida. Eu, enquanto Catunda, sucumbo sem
pestanejar a uma bola de cristal e um baralhinho enfeitado, se rolar um incenso e uma toalha colorida então,
acredito até que sou a reencarnação de uma jabuticabeira. Fazer o quê?
Mas, voltando ao mundo real, se é que ele existe - ser um Catundo poderia tornar-se determinante na hora
de receber um cheque de um pagamento atrasado, por exemplo, ou de colocar o “tal” na mesa e falar com
voz grossa (sem parecer ataque de mulherzinha) que não dá mais pra trabalhar desse jeito. Já dou risada só de
pensar. Seria tão divertido. Eu poderia apresentar o Aprendiz. Será?
A viagem de ser um Catundo é a mesma de ser um orangotango. Tudo seria diferente se num dia treze
de sessenta e poucos eu tivesse usado uma fita azul no lugar de um lacinho cor-de-rosa. Eu poderia ser um
halterofilista, um surfista, um guitarrista... Mas não sou. Eu sou a Marcela, sou mulher, adoro meu trabalho e
sonho com um mundo melhor (para todos os gêneros) mesmo não sendo miss.
Page 64
Para que, afinal, seu cliente precisa de um website?
Já faz algum tempo que a época dos “geninhos” fazedores de sites acabou, uma época em
que o importante era “estar” na web, o que quer que isso signifi casse. Com ela, também acabou
a época dos “achismos” e dos chutadores, o que garantiu, para muitas empresas sérias, verbas
signifi cativamente maiores para o desenvolvimento de ações digitais.
À medida que o mercado de comunicação digital evolui, mais e mais pessoas começam
a usar com galhardia termos antes reservados aos mascadores de bits e outros sujeitos de
óculos esquisitos e cortes de cabelo improváveis. Já não se fala mais em portais, a onda
agora é fazer com que as campanhas de comunicação sejam “virais”, criem comunidades,
usem blogs e, para os mais versados nas artes mercadocibernéticas, usem características
colaborativas de Web2 etc etc etc.
No entanto, a busca por efi ciência não parece ser uma prioridade hoje em dia. Dos dois
lados do balcão de negociações, nada é menos sexy que se falar em taxas de conversão ou
sucesso de operações. É um raciocínio torto, para se dizer o mínimo. Pois se qualquer profi ssional
de comunicação se apressa em defender a importância da área digital para a fi delização de um
público, por que a maioria deles continua a se comportar como adolescentes mimados que
detestam uma planilha de Excel?
É triste reconhecer, mas muitos profi ssionais de design digital não sabem/querem/gostam
de ler um Briefi ng, um relatório de pesquisa ou um planejamento estratégico de seus clientes.
Em português, isso quer dizer que esses profi ssionais não são capazes de identifi car claramente
quais são os objetivos da comunicação. Aí, como diz aquela velha expressão, “se não sabes
aonde vais, por que teimas em correr?”.
Muitos se defendem argumentando que seus clientes são incapazes de elaborar um plano
mínimo, e que mudam de idéia de acordo com o que está na moda ou que foi mostrado pela
concorrência, sem ao menos considerar se a solução proposta é boa para eles. Pode até ser
verdade, mas de qualquer maneira, é o cliente quem contrata seus serviços e, para citar outras duas
velhas expressões, “o freguês tem sempre razão” e “a corda sempre rompe do lado mais fraco”.
Se a vida é dura e noção é um artigo em falta entre os profi ssionais de marketing, o que
se deve fazer? Para começar, levar a sério a idéia de ser parceiro de seu cliente. Isso signifi ca
ter um interesse real por suas conquistas e colaborar efetivamente para que ele as conquiste.
Caso contrário, o designer se comporta como um pintor ou pedreiro: faz exclusivamente o que
é mandado, dane-se se não der certo. Agindo assim, não é de se esperar que ganhe mal.
Falando o óbvio, clientes trabalham para empresas e, portanto, devem visar lucro em suas
operações. Para isso, é preciso identifi car um objetivo para a ação digital e uma estimativa de
recursos para viabilizá-la a contento. Um blog corporativo, por exemplo, deve ter de dois a cinco
Luli RadfahrerPhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de
propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor
Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/
design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País.
64 :: webdesign
[email protected]
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"É triste reconhecer, mas muitos profi ssionais de design digital não sabem/querem/gostam de ler um Briefi ng, um relatório de pesquisa ou um planejamento estratégico de seus clientes. "
posts por dia. Isso signifi ca de 10 a 25 posts por semana, ou 500 a mil e poucos posts por ano. O cliente é capaz
de arcar com isso? Não? Então não arrisque, pois a coisa pode fi car feia.
O mesmo raciocínio se aplica a outras áreas. Para que se quer o website? Para aumentar reconhecimento de
marca? Para dar maiores informações sobre produtos e serviços? Para Vender on-line? Para dirigir a atenção para
outros canais de vendas (como concessionárias em websites de automóveis, por exemplo)? Para prestar serviços
ao consumidor? Para cortar custos? Para aumentar a fi delidade à marca? Para ações promocionais?
Para cada uma dessas perguntas há uma resposta clara, direta e efi ciente. Ela não passa por CSS ou AJAX,
mas consegue estabelecer uma meta – e, o que é melhor, mensurá-la. Isso serve para justifi car verbas para o
desenvolvimento de novas ações e a contratação de seus futuros serviços, mesmo que eles não sejam os mais
baratos ou mais rápidos do mercado.
Me parece uma boa recompensa para a árdua tarefa de ler algumas páginas de planejamento, mas eu
posso estar enganado.
webdesign :: 65
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Capoeirista passarinho
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