Rui Rangel. "Luís Filipe Vieira não gosta de futebol" RUI MIGUEL TOVAR (Texto) rui. [email protected]EDUARDO MARTINS (Fotografia) [email protected]Entrar na sua sede de campanha em Cam- polide com uma camisa verde e uma cane- ta verde não é problemático, nem pouco mais ou menos. "Francamente, não se preocupe com isso", responde-nos Rui Ran- gel enquanto mastiga uma sandes e bebe um sumo sem gás. 0 candidato às eleições presidenciais do Benfica éo dono da bola E diz de sua justiça. "Cuidado comigo", enquanto tem a bola do i sobre o pé esquer- do. "Fui extremo-esquerdo e ainda hoje jogo futebol de cinco todos os sábados no Casal Vistoso, nas Olaias, das llh às 13h. É sempre a andar, só se aceita uma para- gem, no máximo de dez minutos." Enquanto a máquina dispara o fotógra- fo e Rui Rangel dançam alegremente numa zona ampla, decorada com o sím- bolo do Benfica numa parede e com um póster de José Águas a levantar a Taça dos Campeões numa outra. "Querem ver como é? É assim." Ran- gel domina a bola e parte desafiador em direcção ao fotógrafo com dribles e mais dribles em passos curtos de corrida. Depois pára, bebe mais um pouco do sumo e recomeça a brincar com a bola, agora a dar toques com o pé esquerdo e também com o direito. Um, dois, três, quatro... "Esta bola é pesada." Cinco, seis e finito com a gravata vermelha a acom- panhar o ritmo. "Assim não dá, a bola nem salta." Lembramo-nos de Chalana, outro extre- mo-esquerdo, e Rui Rangel lança-nos um olhar matador. "O Chalana [olha para a frente como se estivesse a sonhar], que jogador. O que a malta se divertia a vê-lo a correr por aquele corredor esquerdo do meio-campo até à área contrária. As pes- soas levantavam-se uma a uma e parecia a hola, sabe? De repente todo o estádio estava de pé. Mesmo que não fosse golo." Enquanto dá mais toques, Rui Rangel fala do Benfica das finais europeias. "Esti- ve sempre lá, fui a Viena ver a final da Taça dos Campeões-90 com o Milan, fui a Estugarda ver os penáltis com o PSV Eindhoven em 1988, era o Benfica patro- cinado pela FNAC. Só não fui a Bruxelas ver a primeira mão da final da Taça UEFA- -83, mas estive na Luz para a decisão com o Anderlecht. Um jogo à tarde, estádio cheio, que pena aquele 1-1." Bem, chega de paródia e vamos ao que interessa, numa sala com uma mesa oval e oito cadeiras. A primeira fotografia à vista na sede de campanha éa da equipa invencível de 1973. 0 Rui Rangel é desse tempo? Nasci em Angola e vim com 18 anos, em 1974. Fui jogador de futebol no Benfica de Sá da Bandeira (hoje, Lubango). Por isso sou um presidente que gosta, sabe e sen- te o futebol. Acompanhei sempre o Benfi- ca de forma activa. O que recorda de Lisboa e da Luz? Lembro-me do antigo estádio. Ia para o Terceiro Anel, com as dificuldades que tinha na altura porque viemos, eu ea minha família, com uma mala de roupa de Ango- la para aqui. Tenho um pai com 88 anos e que é benfiquista de nascença, tal como toda a minha família, à excepção de um irmão meu que é do Sporting. Tenho um filho com 25 anos que é sócio do Benfica. Lembra-se da sua estreia na Luz? Ufff, lembro-me sim, de ver verdadeiros jogos da Taça dos Campeões, em que o Benfica tinha uma cultura de vitória e em que o estádio estava completamente cheio. Tenho uma vida pública ligada à cidada- nia e tenho uma vida pública ligada a ser sócio de bancada, sofredor. É esse o meu desígnio no Benfica, sempre, sempre a acompanhar o Benfica. Alguma vez chorou pelo Benfica? O meu filho chorava Lembro-me de sofrer, porque sou uma pessoa sentimental. E quando as coisas não correm bem entris- tece-me sempre e apodera-se de mim uma revolta quando, por exemplo perdemos com o rival do Norte. E quando o Benfica não se bate como batia no tempo do Eusé- bio, do Chalana e do Veloso, com a garra e a mística benfiquista, dói e custa O Ben- fica pode ter uma dinâmica de vitória com um futebol mais sentido e mais aguerri- do, mesmo contra um Barcelona ou um Manchester. Falou no Barcelona. Foi ver esse jogo? Sim, claro. E como é que saiu? Vi o treinador [Jorge Jesus] dizer que tinha gostado muito de ver o Barcelona. Eu gos- tava de o ter visto a falar do Benfica. Ao contrário de aqui há uns anos, que estive- mos perto de liquidar o Barcelona [2005/06] e só não conseguimos por causa da arbi- tragem... aí sentiu-se a alma benfiquista. É preciso retomá-la. Trazer a cultura de vitórias é o quê? Em Freamunde poderia ter visto o jogo noutro lado, mas quis estar ao pé dos adep- tos. Houve um adepto que me disse que estava indeciso entre as candidaturas mas fez questão de me dar os parabéns por ter a coragem de ir a eleições contra alguém que está na estrutura há 12 anos. O Ben- fica não se discute há 12 anos. E tanto é assim que esta lista de Vieira nem sequer um programa apresentou aos sócios por- que estava convencida que ia novamente sozinha a votos. O Ben- fica faz negócios, mas o Benfica não é negócios. O Benfica são pessoas, o Benfica é a massa asso- ciativa mas está divor- ciado dela O Benfica está mais pobre e as pessoas que orbitam à volta do Benfica estão mais ricas. Quem são essas pes- soas? Quem está nos destinos
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Rui Rangel. Luís Filipe Vieira não gosta de futebol · Rui Rangel. "Luís Filipe Vieira não gosta de futebol" RUI MIGUEL TOVAR (Texto) rui. [email protected] EDUARDO MARTINS (Fotografia)
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Rui Rangel."Luís Filipe Vieira nãogosta de futebol"
ta verde não é problemático, nem poucomais ou menos. "Francamente, não se
preocupe com isso", responde-nos Rui Ran-
gel enquanto mastiga uma sandes e bebe
um sumo sem gás. 0 candidato às eleições
presidenciais do Benfica é o dono da bolaE diz de sua justiça. "Cuidado comigo",
enquanto tem a bola do i sobre o pé esquer-do. "Fui extremo-esquerdo e ainda hojejogo futebol de cinco todos os sábados no
Casal Vistoso, nas Olaias, das llh às 13h.
É sempre a andar, só se aceita uma para-gem, no máximo de dez minutos."
Enquanto a máquina dispara o fotógra-fo e Rui Rangel dançam alegrementenuma zona ampla, decorada com o sím-bolo do Benfica numa parede e com um
póster de José Águas a levantar a Taçados Campeões numa outra.
"Querem ver como é? É assim." Ran-
gel domina a bola e parte desafiador em
direcção ao fotógrafo com dribles e maisdribles em passos curtos de corrida.Depois pára, bebe mais um pouco do
sumo e recomeça a brincar com a bola,
agora a dar toques com o pé esquerdo e
também com o direito. Um, dois, três,
quatro... "Esta bola é pesada." Cinco, seis
e finito com a gravata vermelha a acom-
panhar o ritmo. "Assim não dá, a bolanem salta."
Lembramo-nos de Chalana, outro extre-
mo-esquerdo, e Rui Rangel lança-nos umolhar matador. "O Chalana [olha para a
frente como se estivesse a sonhar], quejogador. O que a malta se divertia a vê-lo
a correr por aquele corredor esquerdo do
meio-campo até à área contrária. As pes-soas levantavam-se uma a uma e pareciaa hola, sabe? De repente todo o estádio
estava de pé. Mesmo que não fosse golo."
Enquanto dá mais toques, Rui Rangelfala do Benfica das finais europeias. "Esti-
ve sempre lá, fui a Viena ver a final da
Taça dos Campeões-90 com o Milan, fui
a Estugarda ver os penáltis com o PSV
Eindhoven em 1988, era o Benfica patro-cinado pela FNAC. Só não fui a Bruxelas
ver a primeira mão da final da Taça UEFA-
-83, mas estive na Luz para a decisão como Anderlecht. Um jogo à tarde, estádio
cheio, que pena aquele 1-1."
Bem, chega de paródia e vamos ao queinteressa, numa sala com uma mesa oval
e oito cadeiras.
A primeira fotografia à vista na sede de
campanha é a da equipa invencível de
1973. 0 Rui Rangel é desse tempo?Nasci em Angola e vim com 18 anos, em1974. Fui jogador de futebol no Benfica deSá da Bandeira (hoje, Lubango). Por isso
sou um presidente que gosta, sabe e sen-
te o futebol. Acompanhei sempre o Benfi-
ca de forma activa.O que recorda de Lisboa e da Luz?Lembro-me do antigo estádio. Ia para o
Terceiro Anel, com as dificuldades quetinha na altura porque viemos, eu e a minha
família, com uma mala de roupa de Ango-la para aqui. Tenho um pai com 88 anos
e que é benfiquista de nascença, tal comotoda a minha família, à excepção de umirmão meu que é do Sporting. Tenho umfilho com 25 anos que é sócio do Benfica.Lembra-se da sua estreia na Luz?
Ufff, lembro-me sim, de ver verdadeiros
jogos da Taça dos Campeões, em que o
Benfica tinha uma cultura de vitória e em
que o estádio estava completamente cheio.
Tenho uma vida pública ligada à cidada-nia e tenho uma vida pública ligada a sersócio de bancada, sofredor. É esse o meu
desígnio no Benfica, sempre, sempre a
acompanhar o Benfica.
Alguma vez chorou pelo Benfica?O meu filho chorava Lembro-me de sofrer,
porque sou uma pessoa sentimental. E
quando as coisas não correm bem entris-
tece-me sempre e apodera-se de mim umarevolta quando, por exemplo perdemoscom o rival do Norte. E quando o Benficanão se bate como batia no tempo do Eusé-
bio, do Chalana e do Veloso, com a garrae a mística benfiquista, dói e custa O Ben-
fica pode ter uma dinâmica de vitória com
um futebol mais sentido e mais aguerri-do, mesmo contra um Barcelona ou umManchester.Falou no Barcelona. Foi ver esse jogo?Sim, claro.
E como é que saiu?
Vi o treinador [Jorge Jesus] dizer que tinha
gostado muito de ver o Barcelona. Eu gos-tava de o ter visto a falar do Benfica. Aocontrário de aqui há uns anos, que estive-
mos perto de liquidar o Barcelona [2005/06]e só não conseguimos por causa da arbi-
tragem... aí sentiu-se a alma benfiquista.É preciso retomá-la.Trazer a cultura de vitórias é o quê?Em Freamunde poderia ter visto o jogonoutro lado, mas quis estar ao pé dos adep-tos. Houve um adepto que me disse queestava indeciso entre as candidaturas masfez questão de me dar os parabéns por tera coragem de ir a eleições contra alguémque está na estrutura há 12 anos. O Ben-fica não se discute há 12 anos. E tanto é
assim que esta lista de Vieira nem sequerum programa apresentou aos sócios por-que estava convencida que ia novamente
sozinha a votos. O Ben-fica faz negócios, mas oBenfica não é negócios.O Benfica são pessoas,o Benfica é a massa asso-
ciativa mas está divor-ciado dela O Benfica está
mais pobre e as pessoas
que orbitam à volta do
Benfica estão mais ricas.
Quem são essas pes-soas?
Quem está nos destinos
do Benfica. A liderançade Vieira tem pessoasna comissão de honra
que apregoam muito,como Manuel Alegre, a
liberdade de ideias mas depois revêem-se
num candidato que se escusa a debater.Estava marcado um debate entre RuiGomes da Silva e o meu vice-presidente,Cunha Leal, mas foi recusado. O Benfica
continua a ser a marca mais poderosa em
Portugal. Sou benfiquista há mais de 27
anos, estou cansado de ver as pessoas ser-virem-se do Benfica. O que é preciso é ser-
vir o Benfica. Tenho uma cultura de hones-
tidade, 30 anos de debate público, não vimda Lua, não sou um extra-terrestre.Foi ver algum jogo que tenha ficado namemória?Os do campeonato, em que tudo ficavadecidido no último jogo. Era preciso cora-
gem para ir às Antas neste tipo de jogos.Sofreu com isso?
Só o normal. Tenho uma visão diferente:
os protagonistas são os jogadores, não os
presidentes. Os presidentes estão lá paraliderar e não podem ter discursos infla-matórios, discursos que potenciam vio-lência no futebol e noutras modalidades.Luís Filipe Vieira, como Pinto da Costa,têm responsabilidade por terem diaboli-zado o futebol e por terem criado uma lógi-
ca de discurso que não se vê em nenhumoutro país.Estava nos 7-1?
Sim.
E nos 6-3?
Também.Dois dias de chuva.De chuva e de sofrimento. A camisola doBenfica tem de ser sentida pelos jogado-res, mesmo que hoje jogue com 11 estran-
geiros. O Benfica passou do oito para o 80,o Benfica não pode ser uma plataformade compra e venda de jogadores. Tem de
se ir buscar nomes importantes na estru-tura do Benfica que foram maltratados e
corridos pelo clube, de Veloso, Mozer, Cha-
lana, Simões, Humberto... Hoje, em algu-mas modalidades, o Benfica tem treina-dores que não são do Benfica.É sabido que Jorge Jesus não é do Ben-fica. O que é que isso lhe diz?Se eu ganhar as eleições, será treinadordo Benfica. Mas um treinador do Benfica
tem de estar associado a cultura de vitó-
rias e de títulos, mas títulos permanentes.
Jesus e sportinguista mas vive muito o
Benfica. Agora esqueça Jorge Jesus. Se medisser que eu tenho um treinador de qua-lidade e benfiquista e outro com a mesma
qualidade mas que não é do Benfica, irei
sempre buscar o primeiro. É claro e ine-
quívoco.
Porquê a insistência em nomear o FC
Porto por rival do Norte?A expressão rival não se usa no contextode guerra, mas no sentido de liderança. Eneste momento, quer queiramos quer não,
quem tem inquietado o Benfica é o FC Por-to. A dimensão do Benfica tem de inver-ter isto. E é possível. Neste momento, o FC
Porto tem organização: não fica mal reco-nhecer isto. E o Benfica não tem. O presi-dente do Benfica não pode estar em Por-
tugal e amanhã em São Paulo a tratar dos
seus negócios e depois de amanhã em
Moçambique a tratar dos seus negócios.Tem de ser um presidente a tempo intei-
ro. Não se governa o Benfica nem por tele-
fone nem por ausências.
Ainda em relação ao FC Porto: o quepropõe para acabar com as trocas decomunicados?
Quero inaugurar uma cultura de presi-dentes que estejam na retaguarda, quenão sejam as figuras do futebol. Que não
"Vi Jesus dizer que tinha gostadomuito de ver o Barcelona. Eu gostavade o ter visto falar do Benfica"
"i ,:is I ; i!;pc Vieira c rm': ¦ <.;n ( V>síj
"Tenho uma cultura de honestidade,30 anos de debate público, não vimda Lua, não sou um ET"
Com uma bola nopé e o verbo na ponta da
língua, o juiz-desembargadordiz de sua justiça a uma
semana das eleiçõesno Benfica
tenham uma mensagem trauliteira, masuma de bem. Porque o Benfica deve estar
na linha de Borges Coutinho e CosmeDamião. Os presidentes assumem dema-siado protagonismo. Não contem comigo
para isso: estou a chegar ao futebol comuma vida limpa. Todas essas pessoas ati-
ram pedras umas às outras porque têmtelhados de vidro. O futebol é uma festa,
não é uma guerra, e há coisas muito mais
importantes na vida que o futebol. O paísatravessa uma crise grave, com um índi-
ce de desemprego elevadíssimo e pessoasa sofrerem na pele, brutalmente.E que medidas tem para não perderessa ligação com os sócios/adeptos?As medidas que tenho são muito impor-tantes [ajeita os óculos]. Tentar estabe-lecer com o Instituto de Emprego e For-
mação Profissional uma interface com o
Benfica no sentido de ver quem são os
benfiquistas desempregados deste país.O Benfica tem de ter uma cultura social,de responsabilidade social com a sua mas-
sa associativa Tentar ajudar a criar empre-gos para essas famílias e ajudar essas pes-soas. E isto vai ser feito. Nenhum sóciocairá comigo por ter dificuldades de pagarquotas. E esta liderança de Luís FilipeVieira não olha a isto nem nunca olhou.
Repare que eu falei nisto e agora já ouviVieira a dizer que vai baixar as quotas.Há que tirar a Fundação do Benfica do
anonimato.Por falar em Luís Filipa Vieira insisten-
temente, que méritos vê...
... não falo insistentemente nem querofalar!Mas que mérito vê nos seus mandatos?Sou um homem de justiça, cultivo a fé e averdade. No seu primeiro mandato, o Ben-
fica vem do caos chamado Vale e Azeve-do. Mas as costas de Vale e Azevedo não
podem levar a que durante 12 anos se pas-se a vida a invocar as costas de Vale e Aze-vedo. E nem é Luís Filipe Vieira... quemcomeça a primeira recuperação de credi-
bilização do Benfica junto das instituiçõesfinanceiras e dos parceiros, é Manuel Vila-rinho. E isto está a ser branqueado. O Luís
Filipe Vieira tem o mérito de dar continui-dade, credibilizou e ajudou a criar o novoestádio. Estes são os méritos e ninguémlhos pode tirar. Nem eu o faço. Agora, Luís
Filipe Vieira não gosta de futebol.
Porquê?Não gosta, é público e notório. É como se
diz em direito, os factos públicos e notó-rios quase nem precisam de ser alegados,
quase nem precisam de evocação. Depois,
o Benfica tem uma dívida gigantesca. E
não teve os consequentes resultados des-
portivos, os títulos. Portanto há qualquercoisa aqui nesta gestão que não se perce-be. O Benfica tem contratualizados 95 joga-dores. Curiosamente, repare, disse que o
Sidnei estava desaproveitado - custou 5
ou 7 milhões. Ontem, por acaso, puseramo Sidnei a jogar. Disse que era preciso fazer-
-se uma interface entre a equipa B e ontem,curiosamente, a utilização de três ou qua-tro jovens da equipa B. Isto [dos 95 joga-dores] significa sabe o quê? Uma culturade empresários, de muitas comissões.
Diz, na sua carta presidencial, que ter-minará imediatamente a ligação contra-tual com todo e qualquer profissional
que tenha algum interesse no mercadode transferências, de passes de jogado-res. Quer dizer o quê?Não vou fulanizar. Na minha direcção estão
pessoas que conhecem a realidade inter-
na do Benfica. E essas pessoas estão per-feitamente identificadas. Outra coisa queé fundamental para nós e que criou a cul-
tura da perpetuação do poder. Vamos con-
vocar uma assembleia-geral para que os
sócios se pronunciem sobre a alteraçãodos estatutos. Não faz sentido que se exi-
ja mais para ser presidente do Benfica do
que para Presidente da República.Falava de jogadores que não são bem
aproveitados...O Sidnei, 7 milhões, está na equipa B. O
Jara custou 5 milhões e não se fixou. O
Urreta, que nem sequer está inscrito, oJúlio César... há muitos mais.
Mas falou de bons negócios. Entre eles,Javi Garcia e Witsel?O Witsel... diz-se que foi pago em duas
prestações. Entraram primeiro 20 milhões
e vão entrar depois mais 20. Mas é pre-ciso saber quanto é que entra nos cofresdo Benfica. Se são mesmo os 40 milhões,
que tipo de comissões são pagas, comosão pagas. Portanto, a cláusula de resci-são não foi batida. Agora, pergunta-me,foi um bom negócio? Seguramente foi. O
Javi, 20 milhões? Aí já tenho dúvidas de
que tenha sido um bom negócio. Reco-
nheço que houve valorizações, a transfe-rência de Fábio Coentrão... O problemaé: esses bons negócios trouxeram títulosao Benfica? Não. Trouxeram mais dinhei-ro ao Benfica? Como, se temos uma dívi-da brutal? Como, se por exemplo StarsFund, o fundo de investimento, é prati-camente sustentado pela quotização dos
sócios da Red Pass? Ou seja, bons negó-cios, dinheiro que entrou... atenuou-se o
passivo? Atenuou-se a dívida? Isso fezcom que se comprassem jogadores e tives-
se uma equipa líder do campeonato?Repare no que fez o rival do Norte. Não
gosto de falar nisso, mas tem de ser. Dizia-
se que se vendia o Hulk e o Moutinho.
Veja lá se foram vendidos os dois! Foi só
um e por acaso já nem se dá pela falta,
porque há o James. E o Moutinho, quepara mim era muito mais importante do
que o Hulk, ficou lá O Benfica são os títu-los. Luís Filipe Vieira está a construir o
museu do Benfica, eu serei o líder do Ben-fica que vai pôr lá os títulos e encher aque-le museu com as taças do Benfica. Mas é
preciso emagrecer o Benfica. Nos seus
quadros intermédios há vencimentos queandam na casa dos 15, 20 e 30 mil euros.Intermédios é o quê?Directores disto, directores daquilo e etc.É preciso avaliar criteriosamente com base
na auditoria.Falava de Vale e Azevedo, cuja bandei-ra eleitoral era o regresso dos jogos àtarde. Isso é uma utopia?Não é uma utopia Honra seja feita, o Luís
Filipe Vieira já realizou alguns jogos den-tro desse princípio. Era desejável, mas tudoisto tem de ser articulado com os contra-tos televisivos, no sentido de salvaguardaros interesses financeiros do Benfica.A Sport TV está no caminho, não é?
Não sei em que estado está a Sport TV -não é assunto meu nem me interessa Inte-ressa-me é que o Benfica não tem de estaramarrado a nenhuma estrutura despor-tiva, não tem de estar amarrado à SportTV. Não conheço o contrato, preciso de oconhecer. Os direitos televisivos andavam
na casa dos 8 milhões, a oferta agora é de
22,5 milhões, mas evidentemente que oBenfica tem hipótese de um melhor pre-ço. Preciso de conhecer o contrato com a
Olivedesportos. Preciso de saber seja foraminiciadas negociações, que tipo de nego-ciações. Veja que foi o Benfica que, comaquela decisão de ir procurar soluções até
a nível de plataformas internacionais, con-tribuiu mais para que houvesse um melho-ramento dos contratos televisivos do FCPorto e do Sporting, ao não acautelar os
seus próprios direitos.
O que fará se não for vantajoso?Há plataformas internacionais. O Benficatem grandeza suficiente, é uma marcaprestigiada para ir à procura de parceriasinternacionais, sempre na lógica do melhor
preço para o Benfica. E é preciso discutirhoje a Benfica TV. Toda a gente reconhe-ce que a Benfica TV nem sequer tem tidouma cultura de dinamização junto dos
sócios, de ter os sócios ligados ao Benficaatravés do seu funcionamento. Precisa deser muito melhorada, muito aperfeiçoa-da. Com todo o respeito por muitos dos
profissionais que lá estão.
Extremo-esquerdo no Benfica deLubango, o candidato às eleições
presidenciais não se deixa intimidar
com o desafio lançado pelo i. Coma bola nos pés, Rangel dá um, dois,
três, quatro toques com o péesquerdo e também com o direito.
"Ainda hoje jogo todos os sábados,das 11h às 13h, nas Olaias"