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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS
HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PEDAGOGIA
ROSILENE LEITE DA SILVA SOUZA
Avaliação mediadora: seus limites e possibilidades na concepção
de
graduandos do Curso de Pedagogia
Rondonópolis/MT 2019
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PEDAGOGIA
ROSILENE LEITE DA SILVA SOUZA
Avaliação mediadora: seus limites e possibilidades na concepção
de
graduandos do Curso de Pedagogia
Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) apresentado ao Departamento
de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais – Campus
Universitário de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato
Grosso, como requisito parcial para obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Profa. Dra. Érika Virgílio
R. da Cunha.
Rondonópolis (MT) - 2019
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Avaliação mediadora: seus limites e possibilidades na concepção
de
graduandos do Curso de Pedagogia
Rosilene Leite da Silva Souza
Rondonópolis (MT) - 2019
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ROSILENE LEITE DA SILVA SOUZA
Avaliação mediadora: seus limites e possibilidades na concepção
de
graduandos do Curso de Pedagogia
Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) apresentado ao Departamento
de Educação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais – Campus
Universitário de Rondonópolis -MT da Universidade Federal de Mato
Grosso, como requisito parcial para obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia, sob orientação da Profa. Dra. Érika
Virgílio R. da Cunha.
_________________________________________________________ Profa.
Dra. Érika Virgílio Rodrigues da Cunha (UFMT – Orientadora)
_______________________________________________
Profa. Dra. Rosana Maria Martins (UFMT)
_______________________________________________ Profa. Mestre
Thaís Silva Verão Theodoro (SEDUC-MT)
Aprovado em:___/___/___
Rondonópolis (MT).
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu esposo Genezio, pelo apoio e
incentivo a
continuar mesmo nos momentos de maiores dificuldades;
Aos meus filhos Luiz Fernando, Eduardo, Leonardo e Thaíssa,
que
compreenderam os momentos que não estive presente no
convívio;
À minha cunhada, Aline Fernanda de Souza, que foi a grande
incentivadora
para que eu fizesse faculdade. Sempre ajudando minha família em
vários momentos
difíceis que passamos durante a graduação.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida e saúde, que
me
sustentou a terminar esse trabalho.
É chegada a hora de agradecer todas as pessoas que fizeram parte
da
minha vida acadêmica, que direta ou indiretamente contribuíram
para que eu
chegasse até aqui. Minha orientadora, Profa. Érika R. Virgílio
da Cunha, pelos
ensinamentos, conselhos e paciência durante a escrita desse
trabalho.
Agradeço toda minha turma de Pedagogia, em especial minhas
amigas Flávia
G. Pereira e Eliane Cristina F.de Sousa, pelo companheirismo e
apoio no decorrer
do Curso.
Não poderia deixar de mencionar os professores doutores do
Departamento
de Educação e do Curso de Pedagogia pelos ensinamentos e
aprendizagens no
decorrer do curso e dentre eles cito: o professor Dr. Ademar de
Lima Carvalho, a
Dra. Sandra Franciscatto Bertoldo, a Dra. Elni Elisa Willms, a
Dra. Sílvia Pilegi, o Dr.
Marlon Dantas Trevisan, a Dra. Lindalva Novaes Garske, a Dra.
Merilin Baldan e a
Dra. Rosana Maria Martins.
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“O caminho para o desenvolvimento é uma educação igualitária,
que acolha os filhos dessa geração em conflito e projete essa
geração no futuro, conscientes do seu papel numa possível
transformação”.
Jussara Hoffmann (2014)
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RESUMO
Esta pesquisa foi realizada na forma de Trabalho de Conclusão do
Curso de Pedagogia, na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC), e tem como tema a avaliação mediadora. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa que envolveu levantamento bibliográfico de
livros sobre o tema da avaliação na Biblioteca da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus de Rondonópolis, e de artigos
científicos sobre avaliação mediadora disponíveis na página
eletrônica Scielo Scientific Electronic Library Online
(http://www.scielo.org/php/index.php), além da realização de
entrevista semiestruturada com dois graduandos do 4º ano do Curso
de Graduação em Pedagogia do mesmo Campus. O foco na avaliação
mediadora foi definido por conta de meu interesse neste tema, sendo
que o tema avaliação foi estudado na disciplina “Currículo e
Avaliação” e também na disciplina de “Didática”. Outras disciplinas
do curso também problematizaram a avaliação, uma vez que esta é
considerada como um desafio a ser enfrentado nas escolas com vistas
a superar as práticas classificatórias excludentes. Sendo assim,
aprofundar os estudos sobre avaliação me auxiliará como futura
professora de crianças pequenas, visto que, em momentos do Estágio
Supervisionado em uma experiência com o PIBID na escola, pude
sentir a complexidade do trabalho docente. Diante disso, a questão
que levou a este estudo foi: quais concepções de avaliação da
aprendizagem têm os graduandos do quarto ano de Pedagogia da UFMT?
Para sua realização foi definido o objetivo geral de compreender
quais concepções de avaliação da aprendizagem têm os graduandos do
quarto ano de Pedagogia da UFMT, a fim de problematizar os limites
e possibilidades da avaliação como mediação. Já os objetivos
específicos deste estudo foram: realizar levantamento de obras e
autores lidos no curso de Pedagogia e também de outros autores que
tratem da avaliação da aprendizagem; identificar e discutir as
concepções de avaliação da aprendizagem de graduandos do 4º ano do
Curso de Pedagogia da UFMT e compreender os limites e as
possibilidades da avaliação na visão dos graduandos, além de
discutir a importância da avaliação mediadora. Os autores que deram
embasamento teórico ao Trabalho de Conclusão de Curso foram:
Jussara Hoffmann, Carlos Cipriano Luckesi, Maria da Graça Nicoletti
Mizukami, Celso dos S. Vasconcellos, dentre outros. Nem todos os
autores estudados usam a expressão “avaliação mediadora”, mas, de
algum modo, discutem a função da avaliação na garantia da
aprendizagem, aproximando a discussão do papel mediador da
avaliação no processo ensino-aprendizagem. Na entrevista com os
graduandos, a concepção de avaliação mediadora foi apresentada de
diferentes modos e dentre elas cito: como uma maneira de conhecer
as capacidades e habilidades das crianças, mas também com o papel
de favorecer a aprendizagem a partir de uma intervenção individual
diferenciada. O desafio de romper com práticas classificatórias
(tradicionais) é perceptível na visão de uma graduanda. Considero,
no entanto, que a visão crítica dos graduandos sobre a avaliação,
seus limites e possibilidades que também busquei discutir neste
trabalho, são o resultado de uma formação crítica no Curso de
Pedagogia da UFMT, Câmpus de Rondonópolis, que pode, ainda que
lentamente, mudar o cenário da avaliação nas escolas.
Palavras-chave: Avaliação mediadora. Ensino-aprendizagem.
Concepções de graduandos de Pedagogia.
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SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO................................................................................................10
2.
METODOLOGIA..............................................................................................17
3. A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA LITERATURA EDUCACIONAL - O
QUE DIZEM AUTORES ESTUDADOS NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM
PEDAGOGIA...................................................................................................21
4. O QUE PENSAM GRADUANDOS DE PEDAGOGIA SOBRE A AVALIAÇÃO
DA
APRENDIZAGEM......................................................................................27
4.1. DIFERENTES CONCEPÇÕES DE
AVALIAÇÃO.........................................28
5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS............................................................................36
REFERÊNCIAS.....................................................................................................41
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10
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa foi realizada como parte da disciplina de Trabalho
de
Conclusão de Curso (TCC), de caráter obrigatório para o término
do Curso de
Graduação em Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus de
Rondonópolis, e tem como tema a percepção de graduandos da
Pedagogia sobre a
avaliação mediadora no processo de ensino aprendizagem nos anos
iniciais do
ensino fundamental. Considerei este tema importante porque a
avaliação continua
desafiando as escolas em relação ao seu papel de incluir ou
excluir, garantir
aprendizagens ou negligenciar as possibilidades de orientar as
crianças. Acredito
que o tema não seja relevante apenas para mim, porque até mesmo
na sala de aula
do Curso de Pedagogia sempre notei o incômodo de muitos colegas
sobre dilemas e
preocupações com a avaliação. Já que tive a oportunidade de
participar de um
processo avaliativo dentro da escola durante o estágio, pude
pensar no desafio de
trabalhar com esta discussão no Trabalho de Conclusão de Curso,
acreditando que
esta discussão não só me ajudaria, mas poderia também ajudar
outros graduandos.
A pesquisa que apresento aqui foi orientada pela Professora
Doutora Érika
Virgílio Rodrigues da Cunha e trata-se de uma pesquisa
qualitativa, que tem como
principal referencial teórico autores do campo da educação que
discutem em livros e
artigos científicos o tema da avaliação. Optei por realizar a
pesquisa com dois
graduandos do quarto ano do Curso de Pedagogia da UFMT, já com
alguma
experiência de avaliação em sala de aula, pois trabalharam em
escolas enquanto
cursavam a graduação em Pedagogia.
Meu interesse pelo tema se deu a partir da minha participação do
projeto
(PIBID) Programa de Bolsa de Iniciação Docente, oferecido pela
UFMT. O projeto foi
realizado em uma escola municipal com alunos dos anos iniciais,
sendo que o foco
era trabalhar com os alunos materiais manipulativos nas áreas de
matemática e
ciências da natureza, dando suporte à aprendizagem. No ambiente
escolar, foi
possível verificar de perto os dramas que os alunos enfrentavam
diante de uma
avaliação em sala de aula. Seus medos e angústias eram visíveis
durante a
realização de uma prova. No curso de Pedagogia, esta questão do
medo também foi
discutida e muitos graduandas relataram como sofreram durante
toda a vida escolar
com a avaliação e ainda sofriam na universidade.
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Sendo assim, faz-se necessário estudar o tema da avaliação, pois
se as
crianças se sentem aflitas na escola por causa da avaliação e
isso marca sua
formação, essa prática ainda desafia os professores. É, ainda,
muito importante
levantar, estudar e apresentar alguns conceitos de avaliação
para melhor
compreensão de suas implicações no processo de ensino, como uma
prática
necessária ao trabalho pedagógico de ensinar, mas que pode
perder o sentido se
não for consciente e didaticamente organizada. Vale lembrar que
a avaliação que
acompanhei na escola durante a experiência no PIBID foi
realizada com alunos do
2º ano do ensino fundamental foi pelo Sistema de Avaliação do
Ensino Municipal
(SAEM). Para melhor esclarecer sobre o principal objetivo do
SAEM, o site1 da
Prefeitura de Rondonópolis apresenta que:
O Saem tem o objetivo de avaliar e monitorar o processo de
ensino/aprendizagem dos estudantes, detalhando quais as habilidades
alcançadas avaliando sistematicamente, de modo a obter dados e/ou
informações que revelem os pontos fortes e fracos do ensino da
rede, identificando, com isso, o rendimento escolar dos alunos.
Essa avaliação é organizada pela Secretaria Municipal de
Educação
(SEMED) de Rondonópolis (MT), portanto, é externa para as
escolas, e engloba
disciplinas que são consideradas as principais para a Rede
Municipal de Ensino,
como Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História,
Ciências e Produção
Textual, divididas em duas modalidades Ciências Humanas e
Naturais e Exatas.
Do meu ponto de vista, esse tipo de avaliação passa a ser
questionável
porque pode prejudicar o desempenho do aluno, principalmente nos
anos iniciais
quando ainda são crianças pequenas. Algumas crianças não têm o
tempo
necessário para sua finalização, sem contar no cansaço físico e
mental, gerando,
assim, um desgaste emocional durante a realização da prova.
Lembro-me que, no
dia da realização dessas avaliações, alguns alunos não tiveram
tempo necessário
para terminar os exercícios, tendo que entregar as provas
incompletas, pois não era
apenas uma prova de uma disciplina e sim várias no mesmo dia. As
avaliações
externas, como o SAEM, geram uma pressão sobre o aluno quanto a
um
desempenho ideal e, com isso, podem ser prejudiciais para o seu
modo de pensar e
agir como estudante.
1 Disponível em:
http://www.rondonopolis.mt.gov.br/?pg=noticia&intNotID=42417.
Acesso em: 02/10/2018.
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As avaliações externas são usadas hoje como um instrumento
de
levantamento de dados a aprendizagem dos alunos e, diante dos
resultados de tal
diagnóstico, a equipe escolar poderá se reunir para traçar
estratégias que
possibilitem as mudanças necessárias no processo de ensino. Com
isso, o
desenvolvimento positivo na aprendizagem do aluno pode
acontecer. Ela pode ser
positiva se a escola tiver as condições para analisar e agir
visando a aprendizagem
de todas as crianças. Caso contrário, se torna apenas
classificatória e excludente.
Esse tipo de avaliação externa não acompanha o aluno de forma
individual,
esse papel cabe a avaliação interna da escola, que possibilita
ao professor ter esse
acompanhamento individualmente, para ter a compreensão das reais
dificuldades de
cada aluno, e, assim, definir as práticas pedagógicas
necessárias para cada
situação.
Sempre acreditei, enquanto graduanda e mãe, que a participação
dos pais
no processo de aprendizagem da criança é de suma importância,
tendo a
responsabilidade de orientar a criança na realização das
atividades para casa
propostas pelo professor e o compromisso de acompanhar e
incentivar os filhos no
decorrer de todo ano letivo. Consequentemente, isso faz com que
o aluno se sinta
confiante, motivado e seguro no momento da realização de uma
prova. E ainda que
o apoio da família seja um importante estímulo para os estudos,
nem sempre pais ou
avós (responsáveis pela criança) frequentaram a escola por muito
tempo ou são
escolarizados, o que diminui as chances desse apoio em casa. O
trabalho do
professor ao avaliar as crianças se torna ainda mais exigente
quando a criança não
encontra esse apoio na família.
Diante dessa perspectiva, Hoffmann (2017, p. 37) ressalta que
“É
compromisso dos pais acompanhar o processo vivido pelos filhos,
dialogar com a
escola, assumir o que lhe é de responsabilidade [...]”.
Sinceramente, isso é tão raro
nos dias de hoje, pois quanto mais o tempo passa, menor é o
tempo que os pais
disponibilizam para os filhos e menos ainda para a vida escolar
dos mesmos. As
responsabilidades no trabalho, além dos afazeres domésticos que
as mães têm
ocupando praticamente o dia todo. Logo, fica difícil esse
acompanhamento.
É entendido que para a maioria das famílias da classe
trabalhadora a vida
não é nada fácil, a necessidade de prover o sustento da família
é a prioridade.
Nessa perspectiva e considerando as dificuldades enfrentadas
pela maioria das
famílias da escola pública, o mais importante é que os pais
possam, ao menos,
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13
apoiar os filhos nos estudos, incentivando e apoiando, mostrando
interesse, se não
podem fazer um acompanhamento mais de perto dos filhos. Cabe,
portanto, a
organização escolar criar situações que possibilitem a
comunicação entre pais e
escola. Neste sentido, para Hoffmann (2017, p. 37).
[...] é compromisso da escola, compreender e assumir os
compromissos e limites de cada parte, bem como é competência do
sistema educacional, ao instituir uma escola obrigatória e de
direito de todas as crianças e jovens, provê-la de recursos humanos
e materiais necessários oriundos dos impostos cobrados a toda a
sociedade. (HOFFMANN, 2017, p. 37).
Nesse sentido, a luta por uma escola democrática e igualitária
para todos é
de suma importância e ela passa pelo papel que a escola tem com
uma avaliação
adequada, justa e pedagogicamente coerente. A luta por uma
escola democrática só
se faz com a participação da equipe escolar, que é composta por:
diretor;
coordenador; secretaria; merendeiras; vigia; apoio
administrativo e, família. Essa luta
somente acontece se a escola envolver os pais ou responsáveis na
discussão da
formação das crianças. No entanto, o papel pedagógico desta
formação na escola é
do professor e da equipe gestora e, por isso, a avaliação sempre
tem que estar no
centro das discussões na escola.
Em relação a avaliação mediadora, entendo ser aquela que o
professor
realiza visando orientar o aluno sobre sua aprendizagem, sobre
como pode aprender
melhor, ou seja, no decorrer das atividades diárias o professor
pode fazer com que o
aluno reflita com relação ao conteúdo que está aprendendo por
meio de uma
orientação mais assídua do professor. No curso de formação em
Pedagogia, o
estudo sobre avaliação não foi aprofundado com a mesma
intensidade de outras
discussões, devido à complexidade de focos e de temas num tempo
muito curto de
formação. O foco do curso é habilitar o professor da educação
infantil, do ensino
fundamental em todas as áreas do conhecimento, também para atuar
como gestor
escolar e pesquisador em educação. Nesse caso, Pedagogia é um
curso em que há
muito o que aprender para o tempo de formação. Ainda que a
avaliação atravesse
todas as instâncias da escola e muitos textos críticos tenham
sido estudados,
considero que esta questão deveria estar presente em todos os
anos do curso.
Por isso a importância da formação continuada para o professor
iniciante,
pois é indicado que o professor deve permanecer em constante
processo de
desenvolvimento e aprendizagem, sempre atualizado, para que
possa fazer o
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melhor para seus alunos na sala de aula. Para Luckesi (2011a), o
educador é o líder
da prática pedagógica. Logo, defendo esse tipo de avaliação que
é de suma
importância, pois tem o aluno como protagonista no processo de
aprendizagem e o
professor como mediador do ensino.
Diante da perspectiva da avaliação mediadora, o papel do
professor é o de
saber as reais dificuldades de cada aluno de acordo com sua
individualidade, pois
cada aluno possui o seu tempo para a construção do conhecimento.
Hoffmann
(2014, p. 76-77) ressalta que “A avaliação mediadora exige a
observação individual
de cada aluno, ao seu momento no processo de construção do
conhecimento [...]”.
Por esse motivo, o professor precisa estar em alerta e atento a
cada sujeito
individualmente e, com isso, criar estratégias, atividade e
orientações que melhor
promovam a aprendizagem e a autonomia do aluno.
Podemos afirmar que, em média, os professores trabalham com
aproximadamente 30 alunos em sala de aula ou mais, com
diferentes culturas e
níveis de conhecimento, ainda tendo que seguir o programa
curricular com metas e
prazos definidos. Como o professor terá condições para avaliar
cada aluno
individualmente? São muitos os obstáculos para que isso ocorra
e, sendo assim, se
torna mais fácil e prático fazer esse acompanhamento de uma
forma superficial. O
resultado de um acompanhamento superficial, no entanto, não será
positivo, o que
me faz pensar em como a avaliação mediadora exige que o
professor tenha
condições de trabalho, como, por exemplo, e dentre outras
questões, que a classe
não seja numerosa para as intervenções serem produtivas, já que
a avaliação
mediadora é aquela que permite intervenções adequadas para todas
as crianças.
Avaliação mediadora é feita durante todo o processo de ensino
para garantir
a aprendizagem do aluno individualmente. O que a diferencia dos
demais tipos de
avaliação é a possibilidade de o professor fazer orientações
claras e pontuais para
as crianças sobre as atividades em sala de aula, também propondo
atividades
variadas e as estimulando em seu trabalho de aprender. Já se
tratando da avaliação
externa, é um tipo de avaliação realizada com intuito de
diagnosticar se o ensino-
aprendizagem está ocorrendo de forma significativa e, por isso,
avalia o
desempenho do aluno e também avalia o ensino que o professor
realiza. Um dos
problemas desse tipo de avaliação é que, muitas vezes, não são
consideradas as
condições diferenciadas em que as escolas atuam (corpo docente
efetivo ou
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15
contratado, regiões violentas das cidades, comunidades em
situações não dignas de
vida).
Em se tratando da avaliação mediadora, acredito que sua
importância para
as escolas e para os futuros Pedagogos é inquestionável. Cada
vez mais se discute
que as crianças estão saindo da escola sem aprender o que se
considera desejado
para seu letramento, sua formação para participar como cidadão
participativo e
responsável. Muito se fala e se pesquisa a precariedade da
alfabetização das
crianças e como os jovens estão chegando no ensino médio sem o
domínio da
escrita. A avaliação não tem o poder mágico de resolver muitos
dos problemas da
escola, mas ela é, para o Pedagogo, algo que o diferencia em seu
trabalho como um
educador, que busca garantir as condições de aprendizagem de
todas as crianças.
Se em muitas situações da vida ou de trabalho avaliamos as
decisões que devemos
tomar e como devemos agir, no caso do Pedagogo (e do professor
em geral) a
avaliação faz parte do processo educativo em que ele envolve o
aluno como pessoa
responsável com sua educação.
Diante deste breve cenário, é que pergunto, portanto: que
concepções de
avaliação têm os alunos de Pedagogia? Que tipo de avaliação
corroboram? Essa
pesquisa aborda um pouco sobre esse assunto com futuros
Pedagogos em
formação. A partir da coleta de dados realizada com os mesmos,
que são meus
colegas de Curso, pretendi ter a compreensão de como pensam
avaliação, neste
momento em que se formam na graduação, como professores.
Nessa perspectiva, a questão de pesquisa foi: quais concepções
de avaliação
da aprendizagem têm os graduandos do 4º ano do Curso de
Graduação em
Pedagogia da UFMT, do Câmpus de Rondonópolis da UFMT, para
problematizar
limites e possibilidades da avaliação como mediação. O estudo
reafirma a
importância do ato de avaliar, a partir da concepção da mediação
do professor
durante o processo de aprendizagem do aluno. Esse trabalho
também acaba
discutindo, de alguma maneira, concepções de avaliação que se
fazem presentes no
curso de Pedagogia, em relação aos autores estudados que abordam
o tema e que
foram lidos em determinadas disciplinas (Currículo e avaliação e
Didática, por
exemplo) e sobretudo quais concepções dos graduandos de
Pedagogia possuem
sobre avaliação da aprendizagem. É válido dizer que essa
pesquisa poderá de certa
forma ser um instrumento de reflexão sobre avaliação na formação
de professores,
pois os sujeitos aqui antes referidos estão no Curso para serem
educadores de
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16
crianças nas escolas. Ainda vale lembrar aqui, que os
graduandos, no presente
momento são atuantes em sala de aula como contratados
temporários de redes
municipais de ensino de municípios da região Sudoeste de Mato
Grosso, portanto, já
possuem uma iniciação prática sobre avaliação, para além da
experiência teórica e
prática que os estágios proporcionam.
Pretendo aqui defender que avaliação mediadora parte do
pressuposto da
mediação do professor e do aluno como centro do processo ensino
aprendizagem.
São vários os instrumentos didáticos metodológicos que ajudam na
construção do
conhecimento do aluno, cabe ao educador realizar pesquisas de
diferentes
estratégias que melhor promova o ensino aprendizagem. Por esse
motivo é
importante que o professor além de ser o mediador, seja também
um pesquisador
dos conhecimentos com os quais trabalha, alguém que gosta de
conhecer e estudar.
Este estudo, portanto, objetiva compreender quais concepções de
avaliação
da aprendizagem têm os graduandos do 4º ano do Curso de
Graduação em
Pedagogia da UFMT, do Câmpus de Rondonópolis da UFMT, para
problematizar
limites e possibilidades da avaliação como mediação. Para sua
realização foram
definidos como objetivos específicos:
1. Realizar levantamento de obras e autores lidos no curso de
Pedagogia
e também de outros autores que tratem da avaliação da
aprendizagem;
2. Identificar e discutir as concepções de avaliação da
aprendizagem de
graduandos do 4º ano do Curso de Pedagogia da UFMT;
3. Compreender os limites e as possibilidades da avaliação na
visão dos
graduandos e discutir a importância da avaliação mediadora.
Este Trabalho de Conclusão de Curso está organizado em 4
capítulos. Após
a Introdução, a Metodologia discorre como foi pensada e
realizada a pesquisa. O
Capítulo 2 tem o título “A avaliação da aprendizagem na
literatura educacional: o
que dizem autores estudados no Curso de Graduação em Pedagogia”
e discute as
obras e autores lidos no Curso de Pedagogia e outros autores que
tratam da
avaliação da aprendizagem. O Capítulo 3 “O que pensam graduandos
de Pedagogia
sobre a avaliação da aprendizagem” apresenta uma discussão sobre
as concepções
de avaliação da aprendizagem de graduandos do 4º ano do Curso de
Pedagogia da
UFMT, com base nos autores que discute sobre o tema. Por fim,
nas Considerações
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17
Finais, busco responder o objetivo geral de minha pesquisa,
retomando questões
importantes das percepções dos entrevistados e minha reflexão
diante de tudo que
foi escrito nesse trabalho que é concluído ao final do Curso de
Pedagogia, sempre
com base em autores aqui referenciados. A seguir, portanto,
apresento a pesquisa
que desenvolvi, iniciando pela metodologia.
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2 METODOLOGIA
Esse Trabalho de Conclusão de Curso é baseado na abordagem
de
pesquisa qualitativa. A principal característica da pesquisa
qualitativa de acordo com
Suassuna (2008, p. 349).
o pesquisador coloca interrogações que vão sendo discutidas
durante o próprio curso da investigação. Ele formula e reformula
hipóteses, tentando compreender as mediações e correlações entre os
múltiplos objetos de reflexão e análise. Assim, as hipóteses deixam
de ter um papel comprobatório para servir de balizas no
confronto com a realidade estudada. (SUASSUNA, 2008, p. 349)
Nesta parte do trabalho, apresento algumas informações
importantes da
metodologia da pesquisa, que se referem a como os procedimentos
de pesquisa
foram realizados a cada momento do estudo.
É muito forte a ideia de que a avaliação tem o papel de medir
conhecimentos
e que a reprovação e o fracasso escolar são naturalizados como
um caminho para
as crianças que não aprendem o esperado. Optei em pesquisar
sobre um assunto
que ainda me deixava dúvidas e por entender que muitas questões
podem ser
analisadas com mais aprofundamento, pela importância que tem no
trabalho do
professor, como por exemplo: quais as finalidades e intenções da
avaliação no
processo da aprendizagem nos anos iniciais, se aprender é um
direito que todas as
crianças devem ter? Como havia estudado avaliação com a
Professora Érika Virgílio
Rodrigues da Cunha, logo quis que ela fosse minha orientadora na
realização dessa
pesquisa. Assim que entrei em contato com ela para fazer o
pedido, ainda em 2017,
aceitou prontamente e fiquei muito feliz por isso.
Logo tive a primeira orientação: realizar uma pesquisa
bibliográfica, um
levantamento das obras na Biblioteca da UFMT e de artigos na
página eletrônica
Scielo Scientific Electronic Library Online2 sobre o tema
proposto fazendo leituras e
as anotações. De acordo com Andrade (2006), a pesquisa
bibliográfica permite a
revisão da literatura referente ao tema da pesquisa. Para a
realização deste trabalho
inicial, num dia após a aula fui à Biblioteca da UFMT, onde pude
iniciar a busca na
estante que possui todos os livros sobre avaliação. Feito este
trabalho, passei para
as buscas no site da própria Biblioteca e pude verificar que
haviam várias obras que
não se encontravam na estante. No começo, o interesse da
pesquisa era encontrar
autores que escreviam sobre o tema avaliação mediadora, mas nem
todos se
2 http://www.scielo.org/php/index.php
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referiam à avaliação dessa maneira. Assim, comecei a pesquisar
sobre avaliação da
aprendizagem e logo encontrei vários autores que escrevem sobre
o tema usando
também outros conceitos: avaliação democrática, avaliação
formativa, avaliação
diagnóstica, avaliação processual etc. No acervo da biblioteca
pude encontrar livros
dos seguintes autores que discutem avaliação: Jussara Hoffmann
(2003, 2007,
2014, 2017); Carlos Cipriano Luckesi (2011); Celso dos S.
Vasconcellos, Philippe
Perrenoud (1999) Pedro Demo (1991), dentre outros. Algumas obras
que julgo
importantes para a leitura sobre avaliação e que não encontrei
na biblioteca, resolvi
comprar para meu acervo pessoal. Dessa forma, também ficou
melhor no momento
da escrita, pois pude recorrer a elas sempre que necessário.
Já na página eletrônica Scielo Scientific Electronic Library
Online3, fiz o
levantamento utilizando meu computador pessoal (notebook).
Confesso que sobre o
tema avaliação não pude encontrar quase nada e, dessa forma, fui
tentando
diversas palavras-chave para encontrar artigos do meu interesse.
Os artigos
encontrados foram baixados em uma pasta na área de trabalho do
meu computador,
salvos em uma pasta específica para consulta posterior.
A cada obra, artigo ou texto lido fui fichando aqueles que me
interessavam e
retirando as citações e referências daqueles que peguei
emprestados na Biblioteca.
Isso tornou mais fácil o momento da escrita do trabalho. Na
página eletrônica Scielo
Scientific Electronic Library Online pude perceber que não há
muitos artigos
publicados que tratam sobre o tema da avaliação mediadora,
especificamente, mas
há muitos artigos sobre avaliação.
No decorrer da escrita da parte teórica do TCC, que era a da
leitura dos
autores e artigos, o trabalho foi-se desenvolvendo
continuamente, de acordo com
minhas possibilidades de tempo e condições psicológicas
necessárias para
continuar a escrever. Falo isso, porque não foi nada fácil fazer
o Trabalho de
Conclusão de Curso no último da Pedagogia, com todas as
atividades e exigências
que são colocadas para nós. Ao final do ano de 2018, prometi a
mim mesma que
terminaria a escrita deste trabalho, entretanto, como não
poderia prever o que
aconteceria no decorrer de minha vida, além da correria com o
Curso, muitos
problemas familiares surgiram e tiraram o foco que era a escrita
do TCC, porém, não
3 http://www.scielo.org/php/index.php
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me deixei abater, escrevia sempre que podia, com a certeza de
que terminaria no
momento certo.
Em 2018, na primeira reunião com a orientadora, com posse do
pré-projeto
elaborado na disciplina de TCC, avaliamos que seria interessante
também realizar
uma pesquisa com alunos do 4º ano do Curso de Pedagogia da UFMT,
que já
tivessem estudado as concepções da avaliação no decorrer do
curso, portanto, que
possuíssem alguma experiência de avaliação em sala de aula. Eu
poderia conhecer
as reflexões sobre a avaliação da aprendizagem das crianças de
graduandos que
vivenciam práticas de avaliação em escolas no momento em que
estudam o tema
com autores críticos.
Definimos adotar como procedimento de pesquisa a entrevista
semiestruturada para estudar as reflexões dos graduandos.
Andrade (2006, p. 151)
esclarece que “O tipo de entrevista padronizada ou estruturada
se baseia nos
formulários. Elabora-se o formulário que conterá o número e o
teor de perguntas de
acordo com o material que se pretende coletar”. Logo, o
formulário foi elaborado
com base nos estudos realizados sobre avaliação da aprendizagem
durante o curso,
analisando com a orientadora quais aspectos da avaliação nos
interessava saber na
conversa com os graduandos. Decidimos que seria uma entrevista
semiestruturada,
pois era importante ter um roteiro em mãos para conversar com os
colegas, mas
também tentar ouvir e registrar tudo neste momento da
entrevista.
Com a escrita deste trabalho e as leituras em andamento, entrei
em contato
com dois alunos do Curso de Pedagogia da UFMT, que queríamos que
fizessem
parte dessa pesquisa para fazer o convite e, assim que feito,
prontamente
aceitaram. Pensamos em um graduando e uma graduanda que tiveram
mais
experiências docentes, mas nesta escolha não houve preocupação
com o gênero
dos participantes.
Com o instrumento de pesquisa e outros documentos necessários
para que
a entrevista fosse realizada (autorização expressa de ambos os
colegas), marquei
com o primeiro participante depois da aula na universidade,
durante um dia da
semana. A entrevista foi realizada com o uso do gravador do meu
celular. Pude
gravar as respostas com as próprias palavras do
entrevistado.
Como o colega ainda não havia tido contato com o instrumento de
pesquisa,
dei a ele (em mãos) uma cópia para que tivesse conhecimento das
perguntas a
serem respondidas ou comentadas na nossa conversa. Contudo, a
entrevista se deu
-
21
tranquilamente, com bastante disposição da parte dele, e de
maneira satisfatória
para ambas as partes, como pudemos comentar ao fim da conversa.
Ele foi muito
atencioso nas respostas, me fez pensar que a entrevista é uma
ótima maneira de
fazer pesquisa.
Para continuar a parte de levantamento dos dados, entrei em
contato com
minha segunda participante para marcarmos a entrevista. Ao nos
reunirmos, já com
o instrumento de pesquisa em mãos, ao ter conhecimento das
perguntas (pois
procedi do mesmo modo que na primeira entrevista com o outro
colega), a
participante me disse que seria melhor responder o instrumento
de pesquisa e
enviá-lo por e-mail para mim. Não encontrei nenhum problema com
este pedido da
colega, mas cheguei a pensar, a princípio, que poderia ser
insegurança da
participante. Entendi isso como natural, pois ao responder
determinada pergunta
sem “pensar sobre” com mais tempo para responder, poderia dizer
algo de que se
arrependeria depois. Ao escrever, teria a convicção de uma
resposta segura. Avaliei
esta situação depois, com a orientadora, e reconsiderei que
poderia não se tratar de
insegurança, mas de responsabilidade da colega que, sempre muito
estudiosa,
poderia querer contribuir com minha pesquisa do mesmo modo que
sempre buscou
conduzir sua formação na universidade. Fiquei tranquila como na
entrevista com o
colega e muito satisfeita como ambos foram responsáveis com o
meu trabalho.
Com o material de pesquisa em mãos, pouco depois, continuei a
escrita do
meu trabalho. Primeiro, transcrevi a entrevista com o colega,
depois passei para a
leitura mais atenta das duas entrevistas realizadas.
Esta experiência de estudo foi muito válida para mim, pois ao
ler as
entrevistas me senti mais desafiada a entender o papel da
avaliação mediadora e
me senti, algumas vezes, muito próxima de meus colegas
graduandos em suas
preocupações sobre a avaliação.
-
22
3 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA LITERATURA EDUCACIONAL: O
QUE
DIZEM AUTORES ESTUDADOS NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
Ao escolher o tema da avaliação mediadora para este TCC,
minha
discussão principal de estudo vem da preocupação com a avaliação
da
aprendizagem ou de como a avaliação pode auxiliar no ensino
aprendizagem, tanto
para o professor, como para os alunos. Neste sentido, nesta
parte do trabalho
apresento reflexões das leituras de artigos e obras realizadas
durante o curso de
Pedagogia, como também dos autores e obras lidos a partir do
levantamento
realizado na biblioteca da UFMT. Esta revisão de literatura foi
fundamental para o
aprofundamento de minha compreensão sobre a avaliação e também
serviu à
discussão das entrevistas que apresento mais ao final do
trabalho.
Hoje em dia, há muitos estudos sobre avaliação e autores que
fazem
importantes discussões acerca de diferentes aspectos, tipos e
funções da
avaliação. A partir do levantamento das obras que fazem parte do
acervo da
Biblioteca da UFMT do Campus de Rondonópolis, os principais
autores que
discutem avaliação da aprendizagem, de acordo com professores do
Curso de
Pedagogia, que pude identificar no acervo são: Carlos Cipriano
Luckesi, com a
obra Avaliação da aprendizagem escolar (1997; 1998; 1999; 2000;
2002 e 2006);
Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições (2011);
Avaliação da
aprendizagem: componente do ato pedagógico (2011); Philippe
Perrenoud com
Avaliação: da excelência a regulação das aprendizagens (1999);
Jussara
Hoffmann, com Avaliação mediadora: uma prática em construção da
pré-escola à
universidade (2006) e Celso dos Santos Vasconcellos com a obra
Avaliação da
aprendizagem: práticas de mudança por uma práxis transformadora
(1998).
Vale lembrar que a avaliação é estudada em todos os cursos de
Pedagogia
no Brasil, às vezes a partir de uma disciplina específica, às
vezes como uma
matéria em várias disciplinas do curso, sendo de suma
importância o conhecimento
teórico na construção da prática docente.
Durante meu estudo no Curso de Pedagogia, algumas disciplinas
abordaram
avaliação da aprendizagem com atores renomados no assunto, que
esclareceram
e promoveram o conhecimento que ainda não tinha adquirido, pois
pensava a
avaliação pelo senso comum. Na disciplina de Currículo e
avaliação, os autores
-
23
que foram abordados discutiram sobre a avaliação foram: Luiz
Carlos de Freitas
(2003), pois lemos o livro Ciclos, seriação e
avaliação-confronto de lógicas. O autor
fala basicamente do confronto de lógicas conservadoras, liberais
e progressistas de
avaliação no ciclo e na seriação. Freitas explica a avaliação a
partir de três
diferentes aspectos, de acordo com as práticas de avaliação mais
utilizadas. O
primeiro aspecto, para Freitas (2003), trata da avaliação
instrucional que se dedica
a avaliar o domínio de habilidades e conteúdos em provas,
chamadas orais e
trabalhos, também serve para saber o que o aluno aprendeu, ou
seja, como uma
espécie de diagnóstico da aprendizagem do aluno, mais
relacionada a medir
aprendizagem por meio dos conteúdos ensinados.
Já o segundo aspecto é a avaliação do comportamento do aluno em
sala. O
autor esclarece que se trata de um poderoso instrumento de
controle no ambiente
escolar, já que permite o professor exigir do aluno obediência,
pelo fato de que ele
(o professor) tem o poder de aprovar ou reprovar o aluno. Assim,
a avaliação vai
além de medir as habilidades e o conhecimento, ela cria uma
estrutura de poder do
professor sobre o aluno em sala de aula.
Freitas ainda discute sobre os ciclos e a seriação, desse modo
com a
implantação do sistema ciclado nas escolas, que impede a
reprovação, coloca-se
em questão o poder do professor sobre o aluno em relação ao uso
da avaliação. Ao
analisar a avaliação nos ciclos, Freitas (2003) chama a atenção
para como o ensino
seriado as provas e a reprovação serviam como motivadores
artificiais para que o
aluno fosse obrigado a estudar e, assim, pudesse conseguir uma
boa nota e com
isso a aprovação.
É importante lembrar que o sistema ciclado foi implantado na
rede de ensino
a fim de reduzir a reprovação nas escolas públicas, resolver o
problema da distorção
idade/ano e/ou série, assim como superar ao máximo o problema da
evasão escolar.
Devido ao grave problema dos altos índices de reprovação em
muitos lugares, por
consequência disso o índice de evasão escolar também teve
aumento considerável.
Perrenoud (1999, p, 13) ressalta que “[...], aqueles que são
reprovados são
relegados às habilitações pré-profissionais ou entram no mercado
de trabalho aos
15-16 anos; por outro, os que avançam no curso e se orientam
para os estudos
aprofundados”. O autor refere-se a reprovação como empecilho
para obter o
sucesso na vida social e profissional. Se a escola não
oportuniza as condições de
-
24
permanência e estudo, muitos alunos acabam por entrar cedo no
mercado de
trabalho.
Um último aspecto, ainda apresentado por Freitas (2003) é a
avaliação de
valores e atitudes. O autor se refere à exposição dos alunos a
comentários críticos
chegando a humilhação perante aos colegas de classe. Assim se
instaura a lógica
da submissão, na qual os alunos são tratados como sujeito sem
autonomia.
Jussara Hoffmann foi estudada a partir do livro Avaliação: mito
e desafio:
uma perspectiva construtivista (2000). Assim como o próprio nome
já nos fala ele
aborda os mitos da avaliação no processo educativo. O capítulo
estudado, “A
avaliação na pré-escola?” nos provou a pensar a avaliação na
educação infantil e os
desafios de estar disponível para avaliar para garantir a
aprendizagem, pois a
avaliação requer desenvolver um olhar para várias dimensões do
desenvolvimento
infantil.
No texto intitulado de “Indagações sobre currículo: Currículo e
avaliação”
escritos pelos autores Cláudia de Oliveira Fernandes e Luiz
Carlos de Freitas
(2007), a discussão sobre avaliação enfatiza as diferentes
dimensões e finalidades
da avaliação na educação. Eles explicam que a avaliação envolve
a legitimidade
técnica e política na sua realização, ou seja, a legitimidade
técnica corresponde a
intenção de se criar instrumentos de avaliação que sejam
adequados aos alunos.
Seja qualquer profissional da educação que lhe compete essa
tarefa, terá de ser
realizada a partir da legitimidade técnica. Já a legitimidade
política se refere
estabelecer e respeitar os princípios e critérios referenciados
no Projeto Político
Pedagógico, na proposta curricular para a elaboração da
avaliação.
Percebe-se que diante dessa perspectiva, o professor não tem
autonomia
para avaliar o aluno, pois deve seguir critérios previamente
estabelecidos. Penso
nos professores iniciantes que saem na universidade com ideias
revolucionárias,
com a vontade e o desejo de fazer a diferença nas escolas,
colocar em práticas o
que aprenderam na teoria e se deparam com um sistema que terão
de seguir, e até
mesmo outros fatores que acabam desestimulando o iniciante
fazendo com que se
torne mais um de muitos professores que trabalham sem estímulo.
Entretanto, os
critérios e a proposta curricular pré-definidos podem também
servir de orientações
para o caminho que devemos seguir. Gadotti (2010, p. 87)
ressalta que “É na prática
da educação que o educador se educa”, ou seja, na relação com o
educando e no
exercício de sua prática pedagógica o educador se educa
diariamente.
-
25
Os autores esclarecem sobre o uso da avaliação e como seu uso
apenas
para atribuir notas com intuito de classificar os melhores e os
piores se tornou
natural em nossa sociedade neoliberal, que valoriza a
competitividade e a
meritocracia. A avaliação da aprendizagem, ao contrário dessa
visão, é um
mecanismo democrático e inclusivo, dessa forma se opõe ao modelo
da sociedade
excludente, baseado na ideia de que os melhores devem vencer.
Para Luckesi
(2011b):
Agir inclusivamente numa sociedade excludente exige consciência
crítica, clara, precisa e desejo político de se confrontar com esse
modo de ser, que já não nos satisfaz mais. O ato de usar a
avaliação da aprendizagem dentro da escola, hoje, configurada como
investigação e intervenção a serviço da obtenção de resultados
bem-sucedidos, é um ato revolucionário em relação ao modelo social
vigente. Significa agir de modo inclusivo dentro de uma sociedade
excludente; para tanto há necessidade de comprometimento político.
(LUCKESI, 2011b, p. 70)
Diante dessa perspectiva, a avaliação da aprendizagem, de modo
diferente
da avaliação para atribuir nota ou para verificar desempenhos
(como faz a que é
externa à escola, por exemplo), tem como objetivo investigar a
aprendizagem do
aluno, possibilitando ao professor refletir sobre a intervenção
apropriada, em termos
de ensino, para chegar aos resultados pretendidos. Para isso, é
preciso realizar
testes para diagnosticar os conhecimentos prévios das crianças,
para saber de suas
dificuldades e, a partir desse levantamento, realizar um
planejamento para intervir
junto ao aluno, orientando-o em seu trabalho diário em classe
sobre como fazer as
atividades, estudar, resolver questões. A ideia de que os
melhores devem ser
melhor avaliados não é educativa, pois não resolve o problema da
criança que pode
enfrentar dificuldades e ainda acaba escondendo diferenças de
oportunidades entre
as crianças que estão para além da sala de aula e da escola.
Com relação a atribuição de notas é o mesmo que querer medir o
grau de
conhecimento que o aluno adquiriu em um determinado período,
portanto, cabe ao
professor ir além do que está posto pelo sistema educacional em
relação a essa
concepção de o conhecimento pode ser medido, que as crianças
podem ser
medidas e comparadas. A diferença entre medir e avaliar pode ser
um diferencial no
trabalho do professor e tem a ver com o pensamento pedagógico de
que o professor
tem um papel permanente diante do aluno, que não acaba com a
prova ou com a
nota.
-
26
Nas escolas de hoje, a avaliação tem a principal função de
diagnosticar as
habilidades e competências dos alunos com base nos conteúdos que
foram
ensinados durante um determinado período, ou seja, se os alunos
conseguiram
aprender ou não um determinado conteúdo posto pelo professor, a
avaliação deve
ser capaz de informar essa aprendizagem. A avaliação com base em
competências
e habilidades é baseada na ideia de que o padrão de aprendizagem
é desejável. No
entanto, esse padrão não existe e trabalhar com este foco pode
aumentar os
problemas de baixa estima das crianças em classe, porque elas
passam a ser
comparadas entre si e com padrões ideais que não existem, mas
que servem para
classificá-las como aptas ou não aptas a progredir em classe ou
nos anos escolares.
Como já vimos anteriormente em relação ao sistema
classificatório de
avaliação, Hoffmann (2014, p. 29) ressalta que este tipo de
avaliação “Não aponta
as reais dificuldades dos alunos e dos professores. Não sugere
qualquer
encaminhamento, porque discrimina e seleciona antes de tudo.
Apenas reforça a
manutenção de uma escola para poucos”. Se a perspectiva da
avaliação
classificatória é mantida mesmo quando um outro projeto de
escola ou de educação
é implementado, os resultados da aprendizagem podem também não
melhorar.
Freitas (2003) explica que essas dificuldades se tornam ainda
mais graves com a
implementação do sistema ciclado, pois o aluno segue em frente
com os mesmos
problemas para aprendizagem se os professores mantêm a avaliação
classificatória,
se não usam a avaliação para ampliar as oportunidades de
aprendizagem das
crianças.
No livro da autora Maria da Graça Nicoletti Mizukami, intitulado
“Ensino: as
abordagens do processo” (1986), estudado na disciplina de
Didática, a autora traz
diferentes concepções de avaliação dentro de diferentes
abordagens. Para a autora,
na abordagem tradicional a avaliação visa a reprodução do
conteúdo em sala de
aula, logo as provas e exercícios evidenciam a reprodução da
informação. Mizukami
(1986) esclarece que na abordagem comportamentalista a avaliação
consiste na
constatação da aprendizagem do aluno e dos objetivos propostos
por meio na
avaliação realizada no decorrer do processo e no final, contudo,
antes é feita uma
pré-testagem para verificar os conhecimentos prévios dos
alunos.
Já na abordagem humanista o aluno é considerado como o centro
do
processo educativo e o professor é o facilitador. No entanto, a
avaliação é feita pelo
próprio aluno, que deve assumir a responsabilidade de controle
de sua
-
27
aprendizagem e com isso aplicar critérios para avaliar. Logo, na
abordagem
cognitivista Mizukami (1986) explica que:
[...]. O rendimento do aluno poderá ser avaliado de acordo com a
sua aproximação a uma norma qualitativa pretendida. Uma das formas
de verificar o rendimento é através de reproduções livres, com
expressões próprias, relacionamentos, reprodução sob diferentes
formas e ângulos, explicações práticas, explicações causais, etc.
[...] não se pode deixar de levar em conta que a interpretação do
mundo, dos fatos, da causalidade, é realizada de forma
qualitativamente diferente nos diferentes estágios de
desenvolvimento, quer do ser, quer da espécie humana. [...].
(MIZUKAMI, 1986, p. 83)
Dessa forma, a avaliação do aluno passa a ser feita a partir de
suas
produções, realizadas durante o processo de ensino, levando em
conta a
individualidade de cada um. Enfim, há ainda, para Mizukami
(1986), a abordagem
sociocultural, enfatizando aspectos sócio-político-culturais. A
avaliação consiste num
processo de autoavaliação em que tanto os alunos como os
professores terão
conhecimentos de suas reais dificuldades, e também de seus
avanços no processo
de ensino-aprendizagem. A autoavaliação é um ato rotineiro em
nossas vidas. Já
que avaliamos nossas ações a todo momento, só a partir da
autoavaliação que
podemos refletir sobre os caminhos percorridos e criar
estratégias para chegar aos
nossos objetivos.
A avaliação da aprendizagem na concepção mediadora é um
mecanismo
democrático, inclusivo e, dessa forma, se opõe ao modelo de uma
sociedade
excludente. A avaliação mediadora é orientada pelas concepções
humanista,
cognitivista e sociocultural, pois leva em conta os vários
aspectos tratados por
Mizukami (1986), e, por isso, também é uma prática técnica e
política, que depende
de conhecimentos ou saberes próprios da docência além de
comprometimento
político com a formação crítica do aluno, de sua autonomia.
-
28
4 O QUE PENSAM GRADUANDOS DE PEDAGOGIA SOBRE A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
Após apresentar questões importantes sobre a avaliação a partir
da revisão
bibliográfica sobre o tema, nesta parte de meu Trabalho de Curso
faço a discussão
dos dados da pesquisa realizada com dois graduandos (uma aluna e
um aluno) do
Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus de
Rondonópolis.
A entrevista foi realizada com o graduando no dia 10/10/2018, às
10h20min
da manhã, na Universidade. Assim que saímos da aula, procuramos
um local calmo
para que a entrevista fosse feita sem interrupções. Então
sentamos em um banco
embaixo de uma árvore. Como o colega ainda não tinha tido
contato com o
formulário, achou melhor dar uma olhada nas perguntas antes de
responder as
questões. Assim, que disse estar pronto, com uso do gravador do
meu celular em
mãos, começamos a entrevista.
Ele escolheu ser chamado pelo pseudônimo (de João) na pesquisa,
com
intuito de proteger sua identidade. O mesmo possui 25 anos de
idade, já trabalha em
uma escola na função de professor auxiliar no município de Pedra
Preta (MT). Está
cursando sua primeira graduação em Pedagogia na UFMT e escolheu
o Curso de
Pedagogia por ter se identificado com a profissão docente. Disse
que não pretende
parar os estudos, pretende ir além, fazer pós-graduação,
mestrado e doutorado na
área da Educação. Quando questionado sobre o que espera da
profissão,
respondeu da seguinte maneira: “Espero me aperfeiçoar como
docente nesta área
educacional e crescer e melhorar em minhas práticas pedagógicas
para com meus
alunos.”.
Já a segunda colega, participante da pesquisa, no momento da
entrevista
não se sentiu à vontade para responder a entrevista gravada e,
então, como já
mencionei antes, achou mais confortável responder o formulário
com calma, em
casa, e depois de mandar por e-mail. A mesma escolheu ser
chamada por um
pseudônimo, mas não escolheu, acabou não me informando. Sendo
assim, decidi
chamá-la de (Pérola) nessa pesquisa. A mesma possui 21 anos de
idade, trabalha
há quatro anos em uma escola, dois deles como auxiliar e dois
como professora
titular de uma sala de crianças de 7 e 8 anos. Pérola está
cursando a primeira
graduação em Pedagogia na UFMT, e escolheu o curso por se
identificar com a área
-
29
desde a infância; gosta “de trabalhar com o ser humano e ver as
evoluções diárias”.
Por enquanto, não pensa em seguir com estudos, no entanto,
espera conquistar
tudo o que almeja da profissão.
Para a discussão dos dados, as categorias de análise foram
pensadas a
partir da literatura estudada sobre avaliação da aprendizagem,
com foco na
compreensão da avaliação mediadora. Portanto, passo a discutir a
entrevista
buscando compreender quais concepções de avaliação da
aprendizagem têm os
graduandos do quarto ano de Pedagogia da UFMT para problematizar
limites e
possibilidades da avaliação como mediação em suas percepções.
Busco entender,
assim, além das concepções de avaliação, como pensam a função da
avaliação, sua
finalidade da avaliação e as características principais da
avaliação mediadora no
pensamento dos graduandos. Faço este trabalho após ter lido
várias vezes as
respostas ao questionário e de ter retomado a leitura dos
autores também mais
algumas vezes, buscando ampliar algumas discussões.
4.1 Diferentes concepções de avaliação
Para os autores estudados neste trabalho (FERNANDES; FREITAS,
2007;
HOFFMANN, 1993, 2017; LUCKESI, 2011; VASCONCELLOS, 1998) e
também para
outros autores lidos nas disciplinas do Curso de Pedagogia, a
avaliação diagnóstica
é feita no início do ano letivo, a fim de realizar um
levantamento do nível de
conhecimento que os alunos possuem, e ao final do ano, esse
diagnóstico tem o
propósito de indicar os conhecimentos que os alunos já
adquiriram no decorrer do
processo de ensino.
Luckesi (2011b, p. 62) explica que a avaliação diagnóstica é
“Como [uma]
investigação sobre o desempenho escolar dos estudantes, ela gera
um
conhecimento sobre o estado de aprendizagem e, assim, tanto é
importante o que
ele aprendeu como o que ele ainda não aprendeu.”. Essa
investigação é necessária
para que se faça uma intervenção adequada e, consequentemente,
para se garantir
que os alunos adquiriram os melhores resultados. Portanto, se
pensamos a
avaliação no processo ensino-aprendizagem, o primeiro ponto a se
considerar é que
já no primeiro contato com as crianças, a avaliação tem um papel
de informar ao
professor que as crianças sabem. A avaliação diagnóstica permite
que o professor
planeje o ensino para as necessidades das crianças, que, desde o
começo das
-
30
atividades, já oportunize que todas as crianças se sintam
acolhidas e sintam que
têm a atenção do professor para ajudá-las em seus estudos.
De acordo com João, participante da pesquisa, com relação a
importância
da avaliação da aprendizagem nos anos iniciais, ele explica:
[...], para mim a avaliação é muito importante nessas fases
iniciais, do seu 1º ao 4º ano, ao 5ºano. É muito importante a
avaliação para que a gente veja como está o aprendizado da criança,
como está o ensino aprendizado para fazer um diagnóstico se a
criança tá aprendendo ou não, e então, pra mim, essa é a
importância da avaliação nos anos iniciais. (João, 2018)
Assim como podemos observar, João se refere a importância da
avaliação
diagnóstica como processo de investigação da aprendizagem da
criança, se
aproximando do entendimento de Luckesi (2011b). Essa concepção
de avaliação é
válida tanto para o aluno quanto para os professores, de modo
que o docente
poderá investigar os conhecimentos prévios dos alunos, podendo,
a partir de
diferentes instrumentos, realizar o planejamento de acordo com
questões levantadas
sobre o que espera-se que as crianças aprendam em cada fase,
contemplando as
devidas fases de desenvolvimento do aluno. Sant’Anna (1995, p.
8) ressalta que
“Avaliação diagnóstica é a posição relativa determinada que irá
fornecer dados
quanto à aprendizagem ocorrida, domínio de conteúdos e processos
mentais”.
Corroboro com autor, no sentido de que essa obtenção de dados é
fundamental
para realizar o planejamento de qualquer atividade ou
intervenção com as crianças.
A partir dos resultados desse diagnóstico e da intervenção
didática apropriada para
que o aluno aprenda, o professor trabalha de modo mais seguro e
pode ter
resultados mais satisfatórios de seu trabalho pedagógico, que
tem como
preocupação principal como as crianças podem aprender mais e
melhor.
De acordo com Hoffmann (1993), os instrumentos para avaliação
podem ser
muitos e a escolha destes instrumentos depende dos objetivos do
professor em
cada momento do ano letivo. Fernandes e Freitas (2007) dão
exemplos de
diferentes instrumentos e procedimentos de avaliação, como:
trabalhos, provas,
testes, relatórios, interpretações, questionários, etc. De
acordo com nos autores,
alguns aspectos devem ser levados em conta na elaboração de um
instrumento de
avaliação, como a linguagem, que precisa ser adequada, clara e
objetiva; a
contextualização daquilo que se investiga; o conteúdo deve ser
significativo para o
aluno; o que é proposto tem que estar coerente com os propósitos
de ensino;
-
31
explorar a capacidade de leitura e de escrita, bem como o
raciocínio também é um
ponto a ser levado em consideração.
A avaliação mediadora ou formativa faz com que o aluno se torne
parte do
processo de ensino, permite que ele vá construindo saberes junto
ao professor,
chegando ao final de um ciclo de estudos ou do ano letivo com
condições físicas e
psicológicas de enfrentar as atividades em classe, as
explicações do professor, as
leituras de estudo e mesmo qualquer situação de avaliação de
forma mais segura. A
avaliação diagnóstica, neste sentido, é um tipo de avaliação
mediadora, se o
professor explica para as crianças, a partir do que conheceu
delas a cada momento,
o que espera de cada uma na participação das atividades.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional N. 9394 de
dezembro de
1996, estabelece no Artigo 24, Inciso V, que “a verificação do
rendimento escolar
observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e
cumulativa do desempenho
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
finais”. De acordo com
as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013,
p. 123), que, em
parte repete a LDBN, explica:
A avaliação do aluno, a ser realizada pelo professor e pela
escola, é redimensionadora da ação pedagógica e deve assumir um
caráter processual, formativo e participativo, ser contínua,
cumulativa e diagnóstica. A avaliação formativa, que ocorre durante
todo o processo educacional, busca diagnosticar as potencialidades
do aluno e detectar problemas de aprendizagem e de ensino. A
intervenção imediata no sentido de sanar dificuldades que alguns
estudantes evidenciem é uma garantia para o seu progresso nos
estudos. Quanto mais se atrasa essa intervenção, mais complexo se
torna o problema de aprendizagem e, consequentemente, mais difícil
se torna saná-lo. A avaliação contínua pode assumir várias formas,
tais como a observação e o registro das atividades dos alunos,
sobretudo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, trabalhos
individuais, organizados ou não em portfólios, trabalhos coletivos,
exercícios em classe e provas, dentre outros. Essa avaliação
constitui um instrumento indispensável do professor na busca do
sucesso escolar de seus alunos e pode indicar, ainda, a necessidade
de atendimento complementar para enfrentar dificuldades
específicas, a ser oferecido no mesmo período de aula ou no
contraturno, o que requer flexibilidade dos tempos e espaços para
aprender na escola e também flexibilidade na atribuição de funções
entre o corpo docente.
Para que a avaliação assuma uma função mediadora ou formativa,
sendo
que ambas partem da mesma perspectiva, o professor prevê
situações que fazem
-
32
com que os alunos consigam perceber os caminhos que devem
percorrer para
chegar aos seus objetivos. De acordo com Fernandes e Freitas
(2007, p. 7),
A avaliação formativa é aquela em que o professor está atento
aos processos e às aprendizagens dos estudantes. O professor não
avalia com o propósito de dar uma nota, pois dentro de uma lógica
formativa, a nota é uma decorrência do processo e não o seu fim
último. [...]. Por fim, podemos dizer que a avaliação formativa é
aquela que orienta os estudantes para a realização de seus
trabalhos e de suas aprendizagens, ajudando-os a localizar suas
dificuldades e suas potencialidades, redirecionando-os em seus
percursos. [...]. (FERNANDES; FREITAS, 2007, p. 7)
Do ponto de vista dos autores, fica claro que a nota é
importante e faz parte
do processo de ensino, uma vez que o sistema de ensino no Brasil
está estruturado
com a possibilidade de atribuir notas de desempenho escolar,
mas, isso como um
instrumento de avaliar e não como fim do processo de ensino
aprendizagem, para
mera classificação. Por isso, a LDBN recomenda que os aspectos
qualitativos do
processo devem de aprendizagem devem prevalecer sobre os
aspectos
quantitativos, o que significa que a nota não pode ser atribuída
aos alunos com base
em comparações. Essa concepção de avaliação formativa é aquela
que valoriza o
esforço individual do aluno, pois cada um é compreendido como um
sujeito singular,
que aprende de uma forma diferente.
A participante da pesquisa também se posiciona sobre a
importância da
avaliação. Pérola diz que:
É importante que seja feita em um processo contínuo para que
consiga avaliar de forma individual o progresso de cada um dos
alunos. Mas, infelizmente, o que venho percebendo tanto onde eu
trabalho quanto no estágio, é que a avaliação é vista como um
processo solto, ligado a uma nota que te identifica enquanto aluno.
(Pérola, 2018)
Corroboro com a participante quanto a importância da avaliação
como um
instrumento a ser utilizado para avaliar o progresso do aluno e
também com sua
preocupação em relação a algumas práticas de avaliação na
escola. A partir dos
resultados obtidos individualmente podemos pensar em
metodologias de ensino
necessárias que melhor possibilitem a aprendizagem, vencendo
obstáculos de
acordo com cada sujeito, diante do seu potencial e
particularidade que, se não
conhecermos, não teremos condições de trabalhar pedagogicamente.
Cada sujeito
possui sua própria forma de entender o mundo e o meio onde está
inserido, que é
dada pela convivência familiar, pelas oportunidades que têm na
vida de acesso aos
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bens materiais e culturais (FREITAS, 2003) e, com a aprendizagem
não seria
diferente. Cada sujeito aprende à sua maneira e cabe ao
professor ter a percepção
da avaliação de acordo com as particularidades no processo de
ensino
aprendizagem. Por isso, é importante considerar que o trabalho
dos professores,
principalmente com crianças pequenas e nos anos iniciais do
ensino fundamental, é
muito complexo e exige condições de trabalho que a escolas ainda
não têm em sua
maioria. Ter muitos ou ter poucos alunos em classe faz muita
diferença no momento
de avaliar, mas também existe o problema das lógicas de
avaliação, como explica
Freitas (2003), que ainda são sem sentido, classificatórias e
excludentes e não
ajudam o professor em sua função de ensinar. Muitas vezes, ainda
prevalece um
ensino tradicional que homogeneíza as crianças, porque é
centrado no professor, no
ensino. Diante dessa percepção, Hoffmann (1993, p. 52) chama
atenção para a
avaliação como uma forma de buscar entender como a criança
aprende e discorre
que:
O aluno constrói o seu conhecimento na interação com o meio em
que vive. Portanto, depende das condições desse meio, da vivência
de objetos e situações, para ultrapassar determinados estágios e
desenvolvimento e ser capaz de estabelecer relações cada vez mais
complexas e abstratas. [...]. (HOFFMANN, 1993, p. 52)
Desse modo, a avaliação precisa ser pensada de acordo com a
capacidade
do aluno, envolvendo todo seu potencial, capaz de superar suas
limitações. De fato,
o elemento principal no processo de ensino é o aluno, tendo a
supervisão e
orientação do professor, escola e família. Se o olhar do
professor não é deslocado
do ensino para a aprendizagem, para buscar adequar o ensino a
favor de cada uma
e de todas as crianças, dificilmente a avaliação deixará de ser
apenas atribuição de
notas para ser diagnóstica, formativa, mediadora.
Assim como a participante “Pérola” ressaltou que, infelizmente,
a avaliação é
um processo solto ligado a nota, durante a experiência do PIBID
em que participei
na escola foi exatamente isso que pude perceber. Então, ainda
nos dias de hoje, a
avaliação vem exercer um papel excludente que predomina na forma
de provas e de
notas no final de cada bimestre.
Ao questionar o participante com relação ao lugar que a
avaliação deve
ocupar na escola, respondeu:
Ah! Ela é muito importante na forma que deve ser, não na forma
tradicional, mas se for uma avaliação que é para o crescimento do
aluno, uma que avalie bem, como foi desenvolvido os trabalhos,
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como é que foi a receptividade do aluno para as atividades eu
penso que ela deve ocupar os primeiros lugares no trabalho
pedagógico nosso de ensino aprendizagem. (João, 2018)
Podemos perceber uma crítica ao sistema de ensino tradicional e
uma
perspectiva positiva na avaliação para o crescimento do aluno,
ou seja, de que se
deve avaliar diariamente cada avanço no desenvolvimento da
aprendizagem do
aluno. Ainda referente ao lugar que avaliação ocupa na escola,
“Pérola” (2018)
ressalta que “Ela deve ser integrada nos conteúdos e nos
planejamentos diários, de
forma que a cada dia o aluno possa ser avaliado pelo o que
produziu ou não”. A
cada atividade realizada dentro da proposta pedagógica, é
importante que o objetivo
que se espera deve ficar claro para professor e aluno.
Pérola, ao ser questionada sobre o que entendia por avaliação,
assim
afirmou:
Na escola onde eu trabalho, a avaliação é vista da maneira
tradicional, em que em um determinado momento do bimestre são
marcadas as avaliações e os conhecimentos dos alunos são medidos
apenas através do resultado das ‘provas’. Se ele for um aluno que
consegue se relacionar bem com os colegas, que desenvolve bem as
atividades propostas e não consegue atingir a média, ele fica de
recuperação mesmo com todas as análises positivas que teve antes da
‘avaliação’. Para mim, o aluno deve ser avaliado a todo momento,
assim como os conteúdos e a didática aplicada. O professor deve se
questionar e refletir se os conteúdos que aplicou foram bem
compreendidos pelos alunos e etc. (Pérola, 2018, grifos da
autora)
Mais uma constatação de que a avaliação hoje nas escolas é,
muitas vezes,
de caráter tradicionalista, ou seja, a aprendizagem do aluno é
medida apenas
através das notas das provas ao final de cada bimestre, não
comtemplando de fato o
desenvolvimento do aluno no decorrer do ano letivo. De nada
adianta seus avanços
e crescimento como sujeito, como pessoa que convive em um grupo,
em uma
comunidade, se o que importa para escola é nota final. Com
relação a isso,
Hoffmann (2014, 29) esclarece que:
As notas e as provas funcionam como redes de segurança em termos
do controle exercido pelos professores sobre seus alunos, das
escolas e dos pais sobre os professores, do sistema sobre suas
escolas, controle esse que parece não garantir o ensino de
qualidade que pretendemos, pois as estatísticas são cruéis em
relação à realidade das nossas escolas. (HOFFMANN, 2014, p. 29)
A autora se refere a um sistema de controle, em que cada
segmento
composto pela educação exerce uma função para controlar o outro,
sempre do mais
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influente para o menos influente, o sistema controla a escola, a
escola controla os
pais e os professores controlam os alunos. Dessa forma,
infelizmente, se torna
visível uma intenção não democrática da avaliação nas escolas,
que é a da exclusão
do sujeito. Um desafio que se apresenta, ao que parece, é que o
ato de aprender
conhecimentos sistematizados e o ato de se tornar uma pessoa
responsável consigo
e com os colegas, com o local onde vive, são vistos como
separados. Se a
educação é a função principal da escola na sociedade, o desafio
que se apresenta
para a avaliação é servir a educação, para além do mero controle
de que fala
Hoffmann (2014). Questiono, apoiada na autora, para que servem
“redes de
segurança” se a educação acontece de forma precária, com o
conteúdo separado da
ação do sujeito.
Todas essas questões interessam neste trabalho também para
pensar na
discussão sobre avaliação na universidade, ou seja, na formação
de Pedagogos.
Mas, além das concepções estudadas pelos graduandos, que me
parecem ter
propiciado a eles uma crítica das práticas tradicionais, também
há a avaliação
praticada na graduação que, como um currículo oculto (SILVA,
2010) também nos
forma como professores e professoras.
A avaliação na universidade é compreendida de diferentes
maneiras pelos
alunos. Ao serem questionados sobre isso, os participantes da
pesquisa
responderam que:
Alguns professores insistem em avaliar por meio de nota,
tornando o discurso dos mesmos incoerente. Até mesmo, porque o
próprio curso cobra uma posição dos professores para que haja nota
no final do semestre. Acho que, muitas vezes, o discurso não condiz
com a prática. (Pérola, 2018) [...] aqui na graduação já é um outro
modelo de avaliação, que, através [...] dos trabalhos escritos, de
seminários, trabalhos em grupos, isso tudo eles estão avaliando nós
dessa forma, não naquela forma tradicional antiga, que a gente
tinha antigamente, mas de outros modelos de avaliação, que eu vejo
que ajudarão bastante no nosso crescimento pessoal nesses quatro
anos aqui de faculdade. (João, 2018)
A participante Pérola faz uma crítica à avaliação praticada na
universidade,
pontuando que ela não é muito diferente da escola. Muitas vezes,
práticas de
avaliação que não orientam uma melhor aprendizagem tornam o
discurso do
professor universitário incoerente. Acredito que Pérola está se
referindo as provas,
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ainda existentes em algumas disciplinas, a partir das quais é
levado em conta
somente a nota obtida com ela para avaliar os estudos que os
alunos realizam. Já
na percepção de João, na universidade os professores avaliam de
forma
diferenciada, ou seja, propondo diferentes atividades
avaliativas no decorrer do ano
letivo.
Na minha visão, a avaliação na universidade acontece de uma
forma
flexível, trabalhos individuais e em grupo são os mais pedidos,
deixando, assim, a
prova escrita tradicional em segundo plano. É menos
aterrorizador. Dessa forma,
corroboro a opinião de João, pois esse tipo de avaliação não
deixa o estudante sob
a pressão da nota de prova. Sem deixar de lado o fato de que
para todas atividades
avaliativas no decorrer do curso Pedagogia os professores
tiveram que atribuir
notas, as notas ainda são um grande peso na hora de avaliar a
aprendizagem do
aluno no final do ano letivo ou durante os trabalhos mais
importantes.
Mas, seja a avaliação na universidade seja a avaliação na
escola, os
colegas apresentaram uma sensibilidade em relação a função da
avaliação. Nas
discussões em sala de aula, no Curso de Pedagogia, muitos
lembraram como foram
avaliados pela escola e questionaram como a escola pode, ainda,
ser tão excludente
nas formas de avaliar e em como usa a avaliação para punir,
perseguir, castigar,
rotular as crianças. Eu entendo, portanto, que o modo que os
participantes pensam
a avaliação hoje tem a ver com as discussões no Curso de
Pedagogia, porque, em
geral na maioria das disciplinas, pudemos estudar a avaliação na
educação em sua
dimensão técnica e em sua dimensão política. A partir destas
duas dimensões, a
educação é pensada de forma crítica, para a formação de pessoas
que sejam
responsáveis, autônomas, como uma prática social comprometida
com a
emancipação de todos (LUCKESI, 2011b).
Como podemos perceber no decorrer da discussão das entrevistas
dos
colegas, ficou clara a concepção de ambos em relação avaliação.
Pérola defende a
avaliação contínua realizada no decorrer do processo de
ensino-aprendizagem de
uma forma individual. Ela ainda ressalta que a avaliação deve
ser integrada nos
conteúdos e nos planejamentos diários, e realizada diariamente
em todas as
atividades. Claro que corroboro com Pérola, é dessa forma que
penso que deve ser
realizada a avaliação.
A avaliação defendida por João, pelo que pude perceber, é
avaliação
diagnóstica e processual. Para que esse tipo de avaliação
aconteça, Vasconcellos
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(1998) ressalta que se estabeleça um clima de confiança; que se
esclareça aos
alunos o que se espera da avaliação; que o professor se
disponibilize para fazer da
avaliação mais um momento de aprendizagem e que a previsão do
tempo das
atividades e estudos seja adequada para o que é proposto. Para
João, avalia-se as
capacidades e habilidades dos alunos no decorrer do processo
para poder investigar
as reais dificuldades dos mesmos.
As concepções de avaliação dos colegas entrevistados é a mesma
que
compartilho, ou seja, uma avaliação que se preocupa com a
aprendizagem da
criança não apenas no final de cada bimestre e sim no decorrer
de cada atividade
realizada, durante o processo de ensino. De acordo com o
Referencial Curricular da
Educação Infantil (RCNEI) (1998, p. 60), no que se refere as
crianças:
[...], a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas
conquistas, suas dificuldades e suas possibilidades ao longo de seu
processo de aprendizagem. Para que isso ocorra, o professor deve
compartilhar com elas aquelas observações que sinalizam seus
avanços e suas possibilidades de superação das dificuldades. [...].
(BRASIL, 1998, p. 60).
De acordo com esse documento, é necessário que as crianças
saibam como
está o seu desenvolvimento, de como sua aprendizagem ocorre
dentro do espaço
escolar ou não. E cabe ao professor realizar essa mediação entre
o aluno e o
conhecimento que cada um necessita para sua formação. Exatamente
isso que está
posto em documento que orienta as escolas nos dias de hoje e
também o que
orientam os estudos no Curso de Pedagogia. Porém, infelizmente,
como Pérola
indicou, a avaliação tem tido, algumas vezes, outro papel no
espaço escolar: o de
classificar o aluno, por meio de notas. De acordo com Fernandes
e Freitas (2007, p.
5), ainda,
Avaliação é uma atividade orientada para ao futuro. Avalia-se
para tentar manter nossa atuação futura. Essa é a base da distinção
entre medir e avaliar. Medir refere-se ao presente e ao passado e
visa obter informações a respeito do progresso efetuado pelos
estudantes. Avaliar refere-se à reflexão sobre as informações
obtidas com vistas a planejar o futuro. Portanto, medir não é
avaliar, ainda que o medir faça parte do processo de avaliação.
(FERNANDES; FREITAS, 2007, p. 5)
Diante desse ponto de vista, a avaliação tem a função de
propiciar tanto ao
professor quanto ao aluno a possibilidade de refletir a partir
no resultado das
atividades que realizam, com intuito de criar estratégias para
obtenção de resultados
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positivos, de sempre procurar melhorar a ação. É esta reflexão
que qualifica a
avaliação como mediadora.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tudo que vim discutindo, da experiência que tive no
espaço
escolar, enquanto estudante de Pedagogia, o que se passa nesse
momento pela
minha cabeça são questionamentos ainda sem respostas, como o que
tem sido feito
para mudar esse cenário de classificação e exclusão que ainda se
mantém dentro
do espaço escolar? Se existe hoje formação pra toda equipe
pedagógica da escola,
para todas as pessoas que trabalham nas escolas, e algumas
formações são
específicas para cada função, por que ainda, em relação a
avaliação, persistem
práticas classificatórias.
Se a avaliação de caráter classificatório é repreendida por
muitos, por que
ela ainda existe nas escolas? Um limite à avaliação mediadora
parece ser a
naturalização da avaliação como um ato mecânico realizado pelo
professor. Ele tem
que avaliar, mas a avaliação muitas vezes, como refletiu Pérola,
acontece sem uma
finalidade educativa. Neste caso, o professor não sabe porque
avalia e realiza a
avaliação porque tem que avaliar; ou, ainda, realiza a avaliação
para atribuir uma
nota exigida pela burocracia escolar. Assim, a avaliação cumpre
uma finalidade
classificatória e burocrática (FREITAS, 2003) e deixa de ser uma
atividade voltada à
melhoria da prática pedagógica. Na abordagem tradicional
(MIZUKAMI, 1986)
enfatiza que o ensino é centrado no professor e o aluno apenas
executa o que lhe é
estabelecido, assim, o aluno aprende apenas a reproduzir
deixando de lado as
habilidades e competências que são fundamentais para a
construção do
conhecimento do sujeito.
Para Vasconcellos (1998), a avaliação deve estar comprometida
para a
promoção da aprendizagem dos alunos. Particularmente, acredito
que a educação é
o melhor caminho para a formação de um sujeito reflexivo e
empossado das suas
ações para promover um futuro melhor para sua comunidade, mas
ela não acontece
com esta finalidade se a avaliação for uma atividade
burocrática.
Desde as reflexões que pude fazer durante o Estágio
Supervisionado no
Curso de Pedagogia, quando tive contato com a prática, entendi
que o professor
precisa pensar além do livro didático para realizar uma prática
pedagógica para que
todas as crianças aprendam e isso significa orientar seu
trabalho com base na
avaliação mediadora. Para Carvalho e Santos (2015, p. 19),
“[...] o professor deve
ser o grande responsável pela busca de subsídios que reorientem
todo o seu fazer
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pedagógico. [...] o professor deve assumir a responsabilidade da
sua própria
formação. [...]”, pois, cada criança ou estudante possui sua
individualidade e
subjetividade, logo pode aprender de maneiras diferentes. No
entanto, o professor
somente considera isso, de fato, se realiza uma avaliação
mediadora. O livro pode
dar certo para alguns, mas não para todos. A explicação de um
conteúdo pode dar
certo para alguns, mas não para todos. Produzir um texto ou uma
discussão em
grupo pode dar certo para alguns, mas não para todos.
Das percepções apresentadas pelos colegas na entrevista, ficou
claro, para
mim, que os graduandos em Pedagogia, meus colegas, reconhecem
que há
individualidades e subjetividades em sala de aula que nem sempre
são enxergadas
pelos docentes ou pela escola. João lembrou das capacidades e
habilidades das
crianças, que devem ser o ponto de atenção dos professores. Eu
penso que é
importante que essas capacidades e habilidades sejam entendidas
de modo amplo,
pois o conhecimento torna-se mais significativo para a formação
do aluno se ele tiver
a oportunidade de receber uma formação ampla em valores, como
respeito a vida,
as pessoas, senso crítico e ética, como discutimos muitas vezes
no curso. Pérola
demonstrou sua indignação com uma prática docente que não
enxerga a criança.
Gostaria de dizer que estes olhares dos colegas para a avaliação
de cada criança,
sem homogeneizar e classificar, muitas vezes foram pontos de
discussão
importantes nas aulas e nos autores que lemos sobre avaliação,
mas não somente
nas disciplinas de Currículo e avaliação e Didática.
Ensinar exige estar atento ao modo como avaliar cada aluno,
caso
contrário, pode-se classificar, tratar a todos da mesma forma,
quando é o caso de
ser sensível para o que cada um precisa para aprender e se
desenvolver melhor.
Pelo que dizem os graduandos, não é dessa forma que devemos
fazer, o papel da
avaliação não é classificar. Por isso, é importante o professor
acompanhar
diariamente cada atividade de cada aluno de forma individual,
mesmo que isso
demore e leve o tempo maior do que o esperado. Para Hoffmann
(2017, p. 28-29),
O processo de ensino pode e deve ser desenvolvido no coletivo
dos alunos. Contudo, tendo por foco o individual: tarefas, testes,
observações, tentando interpretar as necessidades e interesses de
cada um, de forma que, por meio dos estudos paralelos de
recuperação, se possa orientá-lo prosseguir para que venha a
acompanhar os avanços nas noções tal como seus colegas. [...].
(HOFFMANN, 2017, p. 28-29).
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Fazer com que o aluno aprenda não é encher o quadro de conteúdos
e
esperar que ele copie tudo aquilo. Ensinar exige avaliação
mediadora, assim como
aprender exige avaliação mediadora. O ensino e a aprendizagem
acontecem
quando o aluno realiza um trabalho intelectual em sala de aula,
a partir de uma
finalidade educativa pensada e proposta pelo professor. Somente
em uma situação
dessa natureza pode haver avaliação mediadora, porque a mediação
é uma prática
de observar, acompanhar e intervir no modo como as cr