ROMANTISMO BRASILEIRO (1836 – 1881) Poesia e Prosa
ROMANTISMO BRASILEIRO (1836 –
1881)
Contexto Histórico:
Triunfo da filosofia burguesa (liberalismo e
individualismo);
Ascensão da burguesia: progresso político, social e
econômico;
Aperfeiçoamento da imprensa: transformação
do livro
em produto de consumo;
No Brasil: A chegada da família real, seus
desdobramentos, a independência (1822) e o Primeiro
Reinado; Regências; Segundo Reinado; Guerra do
Paraguai; Abolicionismo; Projeto de Formação da
Identidade Nacional; Rio de Janeiro: capital política da
nova nação e referência para as artes nacionais.
CARACTERÍSTICAS TEMÁTICAS E FORMAIS DO
ROMANTISMO
Forte oposição à tradição clássica;
Liberdade de criação: valorização da originalidade;
Linguagem nova: metafórica, colorida, musical, menos formal;
Misturas de gêneros e espécies (surgem o drama e o romance);
Individualismo: “eu-vitorioso”;
Nacionalismo ingênuo: busca de construção de uma identidade nacional a partir de elementos europeizantes.
AS GERAÇÕES DA
POESIA ROMÂNTICA
1ª GERAÇÃO - INDIANISMO/ IDEALIZAÇÃO/
NACIONALISMO:
fuga para um mundo criado à base da imaginação, no
qual se idealizavam o amor, a mulher, a natureza, a
pátria, o passado (medieval), o índio e a religião;
Principais poetas: Gonçalves de Magalhães;
Gonçalves Dias.
VERSOS DE “I-JUCA PIRAMA”, DE GONÇALVES
DIAS:
IV
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas
selvas cresci; Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante, Que agora anda errante
Por fado inconstante, Guerreiros, nasci; Sou
bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de
morte, Guerreiros, ouvi.
VI I I
"Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito De
uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros, Seres
presa de via Aimorés.
“O Romantismo é, sem dúvida, uma reação contra o
mundo do burguês, porém apenas contra o que ele tem
de exterior, de acidental. Lutava, aparentemente, contra
os valores burgueses. Mas o que propunha em troca? É
Hegel quem responde: o Amor, a Honra, a Lealdade. Isto
é, os mesmos valores da cavalaria. Um retorno mal
disfarçado às abstrações medievais (...)”.
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio
de Janeiro: Editora Record, 2005.
COMENTÁRIO CRÍTICO:
AS GERAÇÕES DA
POESIA ROMÂNTICA
2ª GERAÇÃO - MAL-DO-SÉCULO/
DERROTISMO/ BYRONISMO:
sentimento de derrota diante da vida (mal-do-século)
expresso através de: ceticismo, ironia, spleen,
byronismo, satanismo e desejo de morte;
Principais poetas: Álvares de Azevedo; Casimiro de
Abreu; Junqueira Freire; Fagundes Varela; Bernardo
Guimarães.
ÁLVARES DE AZEVEDO
Morrer! Morrer! É a voz das sepulturas!
Como a lua nas salas festivas
A morte em nós se estampa!
E os pobres sonhadores de venturas
Roxeiam amanhã nos funerais
E vão rolar na campa! (“Lágrimas de sangue – Hinos do profeta”)
E por três noites padeci três anos, Na vida cheia de saudade
infinda...
Três anos de esperança e de martírio...
Três anos de sofrer – e espero ainda! (“Saudades”)
Viktor Oliva. O bebedor
de absinto, 1901.
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida.
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
(“Lembrança de morrer”)
Joseph-Denis Odevaere. Byron em seu
leito de morte, 1826.
CASSIMIRO DE ABREU MEUS OITO ANOS
Oh! Que saudades que tenho Da
aurora da minha vida,
Da minha infância querida Que os
anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência Como
perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado, A
vida - um hino d'amor!
(...)
Ah! dias da minha infância! Oh !
meu céu de primavera! Que doce
a vida não era Nessa risonha
manhã!
Em vez das mágoas de agora, Eu
tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias E
beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras, Atrás
das asas ligeiras Das
borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos Ia
colher as pitangas, Trepava
a tirar as mangas, Brincava
à beira do mar; Rezava às
Ave-Marias, Achava o céu
sempre lindo, Adormecia
sorrindo
E despertava a cantar!
.............................
Oh ! Que saudades que tenho Da
aurora da minha vida,
Da minha infância querida Que os
anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
AS GERAÇÕES DA
POESIA ROMÂNTICA CRÍTICA 3ª GERAÇÃO – CONDOREIRISMO/
SOCIAL:
luta por ideais desejo de reformar a sociedade:
humanitários e abolicionistas; defesa dos fracos e
oprimidos; literatura como forma de engajamento e
participação na sociedade; condoreirismo;
Poesia panfletária e com tom de discurso político;
Principais poetas: Castro
Alves; Tobias Barreto;
Sousândrade.
Jean Baptiste Debret. Aplicação do
castigo do açoite, 1835. (Gravura)
CASTRO ALVES
Johann Moritz Rugendas. Nègres a
fond de calle (Negros no porão do
navio ou Navio negreiro), 1830.
OS ROMANCES DE FOLHETIM
O folhetim (do francês feuilleton, folha de livro)
Possui duas características essenciais:
Quanto ao formato, é publicada de forma parcial e
sequenciada em periódicos (jornais e revistas);
Quanto ao conteúdo: apresenta narrativa ágil, de fácil
compreensão e que despertava a atenção do novo
público leitor da época;
O folhetim surgiu na França no início do século
XIX, impulsionado pelo desenvolvimento da
imprensa;
OS ROMANCES DE FOLHETIM NO BRASIL
Os folhetins foram importados para o Brasil logo depois de seu surgimento na Europa e fizeram enorme sucesso, sobretudo, na segunda metade do século XIX, principalmente a partir da publicação de A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo (1844, primeiro romance romântico brasileiro);
Eram publicados diariamente em jornais da capital do Império (Rio de Janeiro) e jornais do interior, em espaços destinados a entretenimento;
Atraíram sobretudo o gosto do público feminino, contribuindo para a formação de um novo público leitor.
O ROMANCE ROMÂNTICO
ROMANCE INDIANISTA:
influência do Mito do Bom Selvagem, de Rousseau;
índio: antepassado nacional e símbolo de
nacionalidade;
Principais autores e obras:
José de Alencar: Iracema, O guarani e Ubirajara.
O ROMANCE ROMÂNTICO
ROMANCE REGIONALISTA E HISTÓRICO:
estende o olhar para os quatro cantos do Brasil; compreende
e valoriza diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais.
Principais autores e obras:
José de Alencar: O sertanejo, Til, O tronco do ipê, As minas de prata,
O gaúcho;
Bernardo Guimarães: O seminarista, A escrava Isaura;
Franklin Távora: O cabeleira.
O ROMANCE ROMÂNTICO
ROMANCE URBANO:
apresenta o dia-a-dia do leitor burguês; discussão de valores,
costumes e problemas vividos pelo público nas cidades; a vida
nos grandes centros: Rio de Janeiro e Recife.
Principais autores e obras:
José de Alencar: Senhora, Diva, A pata da gazela, Cinco minutos, A
viuvinha, Lucíola, Encarnação (perfis femininos: caráter conservador);
Manuel Antônio de Almeida: Memória de um sargento de milícias
(romance malandro: classes baixas do RJ);
Joaquim Manuel de Macedo: O moço loiro, A moreninha.