UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA BALANÇO ELETROLÍTICO EM CODORNAS E MODELOGEM DO CRESCIMENTO DE FRANGAS DE REPOSIÇÃO Rodrigo Barbosa Lima UFPB - AREIA FEVEREIRO – 2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
BALANÇO ELETROLÍTICO EM CODORNAS E MODELOGEM DO
CRESCIMENTO DE FRANGAS DE REPOSIÇÃO
Rodrigo Barbosa Lima
UFPB - AREIA
FEVEREIRO – 2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
BALANÇO ELETROLÍTICO EM CODORNAS E MODELOGEM DO
CRESCIMENTO DE FRANGAS DE REPOSIÇÃO
Rodrigo Barbosa Lima
Zootecnista
UFPB - AREIA
FEVEREIRO – 2012
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RODRIGO BARBOSA LIMA
AVALIAÇÃO BALANÇO ELETROLÍTICO EM CODORNAS E
MODELOGEM DO CRESCIMENTO DE FRANGAS DE REPOSIÇÃO
Tese apresentada ao Programa de
Doutorado Integrado em Zootecnia da
Universidade Federal da Paraíba,
Universidade Federal Rural de
Pernambuco e Universidade Federal do
Ceará como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em
Zootecnia.
Área de Concentração: Produção Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Jose Humberto Vilar da Silva – Orientador Principal
Profª. Drª. Patrícia Emilia Naves Givisiez
Profª. Drª. Terezinha Domiciano Dantas Martins
UFPB - AREIA
FEVEREIRO – 2012
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
L732b Lima, Rodrigo Barbosa.
Balanço eletrolítico em codornas e modelagem do crescimento de frangas de reposição. / Rodrigo Barbosa Lima. - Areia: UFPB/CCA, 2012.
41 f. : il.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2012.
Bibliografia.
Orientador: José Humberto Vilar da Silva. Co-orientador: Patrícia Emilia Naves Givisiez e Terezinha Domiciano Dantas Martins.
1. Avicultura 2. Aves comerciais – estresse por calor 3. Gompertz 4. Aves – exigências em proteína I. Silva, José Humberto Vilar (Orientador) II.Título.
UFPB/CCA CDU: 636.5(043.2)
v
vi
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
RODRIGO BARBOSA LIMA – Filho de José Barbosa Lima e Maria da Glória Pedrosa de
Lima, nasceu no dia 03 de agosto de 1975 na cidade de Recife, no Estado de Pernambuco.
Ingressou no Curso de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco em 1995,
concluindo o curso no ano 2000. Em 2006 ingressou no Curso de Mestrado em Zootecnia da
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Sob a orientação do professor Dr. Carlos Bôa-
Viagem Rabello, trabalhou com avaliação de alimentos para frangos de corte. Recebeu o
título de Mestre em Zootecnia em fevereiro de 2008. Em março ingressou no Doutorado
Integrado em Zootecnia na UFPB, sob a orientação do professor Dr. José Humberto Vilar da
Silva. No ano de 2009 foi bolsista PROCAD na Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho/ Jaboticabal sob a tutoria da professora Dr.ª Nilva Kazue Sakomura.
vii
“Tu conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em
Ti.” Isaías 26:3
viii
A Deus, Meu maior bem, a quem confiei a minha vida, os que me são caros, meus sonhos...
Agradeço.
À minha querida esposa e aos meus filhos Miguel e Aurora, parte dos meus sonhos e da
minha vida.
Aos meus pais, José Barbosa Lima e Maria da Glória Pedrosa de Lima, meus irmãos Diego
Babosa Lima e Bárbara Barbosa Lima, meu sobrinho Lucas e minha cunhada Débora, minha
doce vó, e demais familiares.
Dedico.
Ao povo brasileiro, sobretudo aos outros Severinos e Severinas do meu Nordeste,
Ofereço a força do meu trabalho.
ix
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. José Humberto Vilar da Silva, pela orientação, credibilidade e confiança que
depositou em mim. Agradeço pelas oportunidades. Itens que auxiliaram no meu
desenvolvimento pessoal e profissional.
Ao Profª. Drª. Patrícia Emilia Naves Givisiez, pela orientação, prontidão e atenção
dispensada.
Ao Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros, importantíssimo na minha formação, em
nome de quem agradeço a todos os professores e coordenadores do programa de Pós-
Graduação em Zootecnia da UFPB/CCA.
A Profª. Drª. Nilva Kazue Sakomura, com quem aprendi muito sobre planejamento e
disciplina.
Aos professores Dr. Fernando Perazzo, Dr. Edilson Saraiva, Dr. Edgar Pimenta,
Dr. Severino Gonzaga, Dr. Celso Oliveira, Dr.Walter Esfrain, Dr. George Beltrão, Dr.
Marcos Macari, Drª. Elisabeth Gonzalés, pelas orientações.
Agradeço aos membros da banca examinadora: Dr. Fernando Perazzo, Dr. Alex Varela,
Drª. Maria do Carmo M. M. Ludke e Dr. Jorge Ludke.
Agradeço ao Dr. Jorge Vitor Ludke pela colaboração na minha formação.
Ao amigo Marquiliano Moura, Jefferson Siqueira e Jordão Filho pela ajuda.
A meu pai, minha mãe e meus irmãos pela participação direta na execução deste trabalho,
cada um doando aquilo em que são melhores.
A minha doce esposa Denise Fontana Figueiredo Lima, pela companhia e dedicação.
Aos demais colegas e amigos, que tornaram possível a realização deste trabalho, que
(1) y = 2,9629+ 0,0083x -5E-05x2; R² = 0,77 .Médias seguidas por iguais não diferem
significativamente pelo teste F a 5% de probabilidade; *P < 0,05; NS = Não significativo. BE = balanço eletrolítico da água; T = temperatura; RC= Rendimento de carcaça em
percentagem (%); M= Peso relativo da moela (%); CO= Peso relativo do coração (%); CI=
Comprimento do intestino em centímetros; PI= Peso relativo do intestino (%); FI = Peso relativo do intestino (%). Os pesos dos órgãos foram calculados em relação ao peso da
carcaça eviscerada.
O desdobramento dos graus de liberdade para o efeito da interação entre BE e T
das variáveis ganho de peso e peso relativo do fígado de codornas européias obtidos no
experimento 2 é apresentado na Tabela 7.
13
Tabela 7. Comparação de médias entre ganho de peso (GP), ingestão de água (IA), peso
relativo do coração (CO) e peso relativo do fígado para o BE e temperaturas ambientais.
Efeito Ns ns Q ns Q ns L ns (1) y = 1388,8 – 7,4923x +0,0652x²; R² = 0,9. y = 1,1383- 0,0007x +1E-05x2; R² = 0,88. (3) y = 3,0007 + 0,0058x; R² = 0,86. a,b
= médias seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste SNK (P≤0,05). A,B = médias seguidas de letras
maiúsculas diferentes na linha diferem entre si pelo teste “F” (P≤0,05). GP= ganho de peso em g; IA= Ingestão de água em mL; CO= Peso relativo do coração (%);FI = Peso relativo do intestino (%).
Os resultados da Tabela 7 para o ganho de peso demonstram que as aves que
receberam o NaHCO3 via água apresentou efeito da interação dos fatores (BE x T). O
efeito da temperatura foi pronunciado sobre o do BE, já que após o desdobramento da
variável não foi encontrada diferença significativa entre as médias para o BE.
O BE influenciou significativamente a ingestão de água pelas codornas criadas
em alta temperatura. A ingestão de água foi semelhante entre os níveis 0, 30 e 120
mEq/ L e superior aos níveis de 60 e 90 mEq/L.
O peso relativo do coração apresentou efeito quadrático em resposta à
suplementação com o NaHCO3 na água de bebida até atingir o ponto máximo de CO
para o BE de 112,5 mEq/L (Tabela 7 ).
Não houve efeito dos tratamentos sobre a mortalidade das codornas
As duas primeiras variáveis canônicas explicaram 94% da variação total, porém
nenhuma delas foi significativa com probabilidade superior a 78%.
Discussão
A alta temperatura ambiental reduz o consumo de ração e o ganho de peso do
animal (Araújo et al., 2007; Welker et al., 2008). A redução no consumo prevê a
diminuição do incremento calórico decorrente da digestão e metabolismo dos nutrientes
(Lesson & Summers, 2001). As codornas sob temperatura de 34°C consumiram 35,65%
menos ração que àquelas criadas em temperatura de 25°C em ambos os experimentos. A
14
redução do ganho de peso das aves alojadas no ambiente de 34°C obedece a um padrão
típico de comportamento de animais em condições de estresse térmico, devido à
demanda aumentada de energia para termoregulação e pela diminuição do consumo de
ração com melhor conversão alimentar (P<0,01). Adicionalmente, o consumo de ração
foi determinante para o efeito sobre o peso do intestino e fígado, sobretudo pelo
consumo de proteína, que foi 26% menor (70 g VS 95 g de proteína bruta) para as aves
criadas em temperatura mais alta. Desse modo, conforme observado em ambos os
experimentos, as aves criadas sob condições de temperaturas ambientais elevadas
tendem a ter os pesos relativos dos órgãos afetados de forma indireta pelo consumo de
ração e água ou diretamente sobre as alterações compensatórias sobre o metabolismo.
Logo o peso relativo dos diferentes órgãos pode obedecer a padrões de desenvolvimento
diferentes de acordo com a finalidade (digestório ou homeostase: excretor (rins),
circulatório e respiratório). Esta dúvida não foi explorada por nenhum dos trabalhos
citados no presente estudo.
O peso relativo do coração apresentou comportamento diferente entre os
experimentos para as mesmas condições ambientais, porque no exp. 2 foi influenciado
pela suplementação com NaHCO3 via água (Tabelas 3 e 6). Infelizmente não foram
investigados dados de hipertensão, medida de parede ou índice cardíaco, mas os
resultados sugerem a interferência da concentração de sódio sobre o peso relativo do
coração dos animais sob altas temperaturas. Há alguns anos foi descoberto que o
coração desempenha importante papel endócrino na excreção do sódio (Bold et al.
(1981) citado por Maack et al. (1985) mediante a ação do hormônio (ANP, atrial
natriuretic peptide), que atua ao mesmo tempo como uma das principais substâncias
endógenas envolvidas no papel anti-hipertrófico do coração (Bubikat et al., 2005). De
fato, no exp. 1 o peso relativo do coração diminuiu sob influencia da temperatura
elevada, mas no exp. 2, o BE (P < 0,05) aumentou o peso relativo do coração, ou seja, o
peso relativo do coração foi influenciado pelos teores de sódio na água de bebida, que
variaram entre 68 a 275mg Na/L. Infelizmente, não foram realizados medida de parede
ou de índice cardíaco que permita-nos analisar os resultados sem especulações. , mas
evidências mostram que o teor de sódio ingerido tem sido correlacionado como uma das
causas de alterações da musculatura cardíaca, como hipertrofia, em experimentos
realizados com ratos em períodos relativamente curtos (Selye & Bajusz, 1959;
15
Lindpaintner & Sen, 1985). Resultado semelhante foi observado por Silva et al. (2006)
em frangas leves e semipesadas, em que, não apenas o peso do coração, mas do fígado,
baço e bursa cloacal aumentaram quando a proporção de sódio foi elevada na ração.
A máxima IA corresponderam às maiores suplementações com os sais à dieta
basal (1,18% de NH4Cl e 1,342% de NaHCO3) independente do balanço eletrolítico da
ração. A utilização destes compostos não está relacionada apenas a promoção da
ingestão de água em condições de estresse por calor. Teeter et al. (1985) demonstrou
que sob estresse por calor tanto a administração do sódio como a administração de
acidificantes na forma de cloreto de amônio, reduzem a gravidade da alcalose
respiratória pelo aumento do pH sanguíneo quando os frangos de corte receberam 0,5%
de NaHCO3 na dieta. Contudo, não foram publicados dados de outras pesquisas
confirmando este resultado.
Na maioria dos trabalhos citados falta qualquer evidência, sobre o efeito do
bicarbonato de sódio ou cloreto de amônio sobre o pH sanguíneo de aves sob estresse
por calor. O CO3 é um produto metabólico que pode obviamente alterar o equilíbrio
ácido-base. Embora para ruminantes a adição de bicarbonato de sódio a ração foi
associado ao aumento no pH sanguíneo (Hart & Doyle 1985; Damir et al., 1990), não
foram encontrados dados que mostrem que isso é possível em frangos.
Quando o “balizador” para medir a eficiência da suplementação de sais, é a
ingestão de água, o uso de fontes de sódio na água de bebida ou ração tem demonstrado
aumento na ingestão voluntária de água pelas aves quando comparado a outros
eletrólitos, desde os primeiros experimentos sobre o assunto (Ross, 1979; Teeter &
Smith, 1986; Mushtaq et al., 2005). Assim, relacionando-se a ingestão de água ao
consumo de sódio para o exp. 1, os teores de sódio variaram de 0,109 a 0,433% da ração
(BE nulo e 360 mEq/kg), sendo o último o que promoveu a maior ingestão de água
pelas aves (Tabela 3). O mesmo aconteceu para o exp. 2 em que os teores de sódio total
variaram de 0,178 e 0,384%. Em estudos realizados com frangos de corte na fase pré-
inicial Maiorka et al. (2004) relataram que 0,45% de sódio na ração promoveu a maior
ingestão de água quando comparado 0,10, 0,22 e 0,34%. Para os tratamentos em que o
bicarbonato de sódio foi diluído na água (exp. 2), a dieta basal contribuiu com 0,109%
de sódio e os teores de sódio na solução eletrolítica variaram de 0,069 a 0,275%. Assim,
embora, o nível mais alto de sódio total no exp. 2 tenha sido inferior ao do exp. 1, o
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consumo de água foi semelhante. Os resultados indicam que a suplementação de sódio
via água de bebida mostrou-se mais eficiente em promover aumento da ingestão de água
que a suplementação de sódio através da ração. Este resultado confirma o achado de
Ross (1979) que comparou duas formas de suplementação de sódio (dieta basal com
0,095% de sódio) concluiu que as aves utilizaram o sódio mais eficientemente quando a
suplementação foi feita via água de bebida quando comparada à ração. A promoção na
ingestão de água sobre a homeostase térmica baseia-se nas propriedades de calor latente
de vaporização da água líquida e calor específico da água.
A ingestão de soluções salinas na promoção da absorção de nutrientes é pratica
bem conhecida (Currell et al., 2009) e pode justificar o efeito significativo do BE sobre
o comprimento do intestino (Tabela 3). González et al. (1998) verificaram a presença de
sítios específicos de ligação hormônio ANP no intestino de ratos, que atuam como
mediadores da absorção de sódio, glicose e água. Estes resultados foram confirmados
em trabalhos posteriores (Nakamura et al. 2003), e citado em estudo mais recente sobre
o assunto (Yoshikawa et al., 2011).
O uso de cloretos (KCl, NH4Cl) para a indução da ingestão de água tem sido
estudado com aves em condições de estresse por calor (Souza et al., 2005; Souza et al.,
2009), mas aparentemente não dependem apenas da suplementação per se, mas também
da composição da ração, sexo e magnitude e duração do estresse. Em geral, o aumento
nos teores de sódio ingerido (NaHCO3, NaCl) está relacionado com a ativação do
sistema de controle da sede para a manutenção do equilíbrio hídrico.
Pelos trabalhos citados, foi possível concluir que assim como no presente estudo
os resultados das variáveis de desempenho sob condições de estresse térmico,
demonstram elevada variabilidade (Ahmad et al., 2005, Mushtaq et al., 2005 Mushtaq et
al., 2007, Ahmad et al., 2008). Além dos erros experimentais inerentes aos animais e
dietas, fatores como toxidez (Teeter e Smith, 1986; Souza et al., 2005), devem ser
considerados, uma vez que diferentes concentrações (doses) de bicarbonato de sódio ou
cloreto de amônio podem alterar o consumo e a ingestão de água das aves
individualmente. O cloreto de amônio é um acidificante e a sua ingestão crônica pode
ter provocado alterações metabólicas somado a efeitos indiretos como o decorrente da
alteração no nível de cálcio circulante (Dacke et al., 1973) bem como a ingestão de
NaHCO3 (Bottje e Harrison, 1985). Teeter e Smith (1986) concluíram que o NH4Cl é
17
eficiente no combate dos efeitos do estresse por calor, mas níveis de suplementação de
0,5% já apresentam toxidez. Para Souza et al. (2005) tal efeito foi sugerido com 0,4%
de NH4Cl. Portanto, diferenças nas quantidades de cloreto de amônio das dietas
experimentais (exp. 1) podem ter alterado as respostas das aves entre tratamentos
considerando-se que para alcançar os BE, as dietas experimentais não foram formuladas
com os mesmos percentuais de cloreto de amônio. Além disso, a semelhança do
bicarbonato de sódio, o efeito da adição do cloro pode variar com a fonte, já que o
bicarbonato, o íon amônio e sua forma oxidada (amônia) estão envolvidos no equilíbrio
b (d) 0,0210a 0,0198b 0,0255b 0,0285a 0,0232a 0,0236a
T (dias) 58,02b 62,98a 50,60a 46,84b 48,00b 51,08a
R2 0,97 0,96 0,99 0,99 0,96 0,98
PC = Peso corporal; PD = Peso vazio depenado; PP = Peso das penas; Pm = peso à maturidade; b = taxa de maturidade; T = Idade em que a taxa de maturidade é máxima.
As linhagens apresentaram diferentes taxas de crescimento corporal em que as
maiores taxas da linhagem Bovans podem influenciar as exigências protéicas em
relação às Dekalb.
A linhagem Dekalb Branca atingiu e o peso adulto mais cedo que Bovans
Goldline, porém, para o peso corporal vazio depenado e peso das penas o resultado foi
inverso (P≤0,05), com menor tempo de deposição de penas para Dekalb. O peso relativo
das penas, em geral, diminuiu com a idade, representando cerca 7,59% e 8,98% do peso
corporal à maturidade para a Dekalb e Bovans, respectivamente.
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Semelhantemente, o peso das vísceras acompanha a referida tendência, no
entanto, observou-se o maior peso relativo médio das vísceras para a Dekalb (17,34 vs
11,76% do peso corporal).
Os parâmetros da equação Gompertz (b, T) apresentados na tabela 2, indicam
que as frangas Dekalb White, foram geneticamente melhoradas para atingirem
precocemente o máximo crescimento corporal e de penas que a linhagem Bovans
Goldline. Estas características permitem que a franga leve inicie a postura mais cedo
que a semipesada.
O crescimento do peso vivo das frangas Dekalb foi ligeiramente superior ao das
frangas Bovans até 63 dias de idade (aproximadamente, nove semanas), quando então,
torna a ser menor até o início da postura (Tabela 3).
Tabela 3- Taxa de crescimento corporal e de penas de frangas leves e semipesadas.
Idade (d) PC (g/dia) PD (g/dia) PP(g/dia)
Dekalb Bovans Dekalb Bovans Dekalb Bovans
1 4,528 4,186 3,505 3,902 0,380 0,389
7 5,908 5,448 4,972 5,877 0,552 0,573
14 7,602 7,019 6,837 8,453 0,765 0,814
21 9,263 8,597 8,667 10,980 0,966 1,054
28 10,767 10,074 10,265 13,122 1,128 1,265
35 12,016 11,360 11,486 14,647 1,237 1,425
42 12,948 12,388 12,256 15,459 1,287 1,524
49 13,536 13,121 12,567 15,585 1,283 1,559
56 13,784 13,549 12,464 15,133 1,235 1,539
63 13,724 13,685 12,022 14,249 1,155 1,475
70 13,401 13,559 11,330 13,082 1,056 1,379
77 12,866 13,212 10,471 11,766 0,946 1,262
84 12,175 12,687 9,521 10,405 0,834 1,136
91 11,377 12,029 8,540 9,075 0,726 1,009
98 10,517 11,280 7,573 7,826 0,625 0,885
105 9,631 10,476 6,652 6,686 0,534 0,769
112 8,749 9,649 5,796 5,669 0,453 0,663
O tempo para atingir a maior taxa de maturidade no peso vivo da linhagem
Dekalb White (58 dias) ficou acima do valor obtido com a franga Hy Line W36 (52
dias) e Hisex Branca (55 dias), em trabalho realizado por Neme et al. (2006).
Semelhantemente, para a linhagem semipesada, Bovans Goldline, a taxa de crescimento
máxima ( no ponto de inflexão) foi tardia que para as frangas Hy line Marrom (59 dias)
e Hisex Marrom (59 dias) obtidas no mesmo estudo.
30
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1 14 28 42 56 70 84 98 112
Idade (dias)
Pe
so
viv
o (
g)
Dekalb White
Bovans Goldline
a)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1 14 28 42 56 70 84 98 112
Idade (dias)
Ta
xa
de
cre
scim
en
to d
e P
V
(g/d
)
b)
Figura 1. Curvas (a) e taxa de crescimento (b) de peso vivo da franga leve “Dekalb”
e da semipesada “Bovans” em função da idade
0
260
520
780
1040
1300
1 14 28 42 56 70 84 98 112
Idade (dias)
Pe
so
co
rpo
ral d
ep
en
ad
o (
g)
Dekalb White
Bovans Goldline
a)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1 14 28 42 56 70 84 98 112
Idade (dias)
Ta
xa
de
cre
scim
en
to (
g/d
)
b)
Figura 2- Curva (a) e taxa de crescimento (b) de peso corporal depenado da franga
leve “Dekalb” e da semipesada “Bovans” em função da idade
0
20
40
60
80
100
120
140
1 14 28 42 56 70 84 98 112
Idade (dias)
Pe
so
de
pe
na
s (
g)
Dekalb White
Bovans Goldline
a)
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
1 14 28 42 56 70 84 98 112
Idade (dias)
Ta
xa
de
cre
scim
en
to (
g/d
ia)
b)
Figura 3- Curva (a) e taxa de crescimento (b) de penas da franga leve “Dekalb” e da
semipesada “Bovans” em função da idade.
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A curva de crescimento e a deposição dos componentes corporais diferiram entre as
linhagens (Tabela 4).
Tabela 4- Estimativa dos parâmetros da equação de Gompertz para proteína,
gordura, matéria mineral e água no corpo vazio de frangas leve e
As frangas Bovans apresentaram menor coeficiente alométrico de gordura
corporal em relação à proteína corporal, demonstrando que as frangas Dekalb tendem a
depositar mais gordura com o aumento da proporção do peso protéico.
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De modo geral, a linhagem Dekalb foi precoce no crescimento e deposição de
gordura e matéria mineral corporal, com o aumento do peso que a linhagem Bovans.
Considerando equações alométricas da gordura e água corporal em função do
peso de corpo vazio em escala Ln, observa-se que à medida que as aves ganham peso
corporal, os conteúdos de gordura aumentam enquanto, a água diminui
proporcionalmente (Figura 8).
0
20
40
60
80
100
120
140
1 7 28 49 77 91 112
Idade (dias)
Gord
ura
na c
arc
aça (
g/k
g)
660
680
700
720
740
760
780
800
Água n
a c
arc
aça (
g/k
g)
Gordura
Água
Figura 8- Comportamento da gordura e água no corpo vazio das frangas Dekalb em
função da idade.
O parâmetro que representa o peso de proteína a maturidade das frangas Dekalb
é menor, mas precoce que àquele estimado com frangas Bovans, apesar da taxa de
maturidade não ter sido influenciada (Tabela 7).
O peso da proteína corporal inicial das linhagens Dekalb e Bovans foram
levemente acima das frangas Ross Brown e Amber-Link e ligeiramente inferior aos
valores observados em frangas Hisex estudadas por Martin et al.(1994). O peso da
proteína à maturidade para aves Bovans (0,357 kg) foi semelhante ao obtido para a
linhagem Amber-Link (0,354 kg), mas com taxas de maturidade diferentes (0,0212 vs
0,0178).
36
Tabela 7- Estimativa dos parâmetros da equação de Gompertz para proteína na
carcaça das linhagens.
Parâmetro Dekalb White Bovans Goldline
Proteína corporal inicial (kg) 0,00541 0,00553
Proteína a maturidade (kg) 0,23098b
0,35757a
Taxa de maturidade (por dia) 0,0266a
0,0212b
Tempo de maturidade (dias) 52,30b
63,28a
R2 0,95 0,97
As exigências de proteína bruta para ganho, obtidas por meio da regressão linear
da proteína corporal em função do peso de corpo vazio foram respectivamente: 0,480;
0,696; e 1,108 g proteína/g de ganho, para frangas Dekalb e de 0,456; 0,626 e 0,668 g
proteína/g de ganho para frangas Bovans, de 1 a 4, 5 a 11 e 12 a 16 semanas de idade
(Tabela 8). Estes resultados foram superiores aos valores encontrados por Basaglia et al.
(1998) de 0,406, 0,544 e 0,563 g proteína/g de ganho para frangas leves com 1 a 6, 7 a
12 e 13 a 18 semanas respectivamente. A exigência de proteína líquida para ganho de
ambos os genótipos na pré-postura (12 a 16 semanas) foram as maiores estimativas
dentre as fase estudadas, o que sugere, provavelmente, maior necessidade de proteína
para formação do sistema reprodutivo.
Tabela 8- Equação da proteína corporal (PC) em função do peso de corpo vazio
(PCV)de acordo com a idade das aves.
Fase (sem) Equação R2
ELG,g/d Eficiência
(%)
EGP
(g/d)
Dekalb White
1 a 4 PC = 1,5918+0,96. PCV 0,99 0,096 20 0,480
5 a 11 PC = -20,701+0,195. PCV 0,99 0,195 28 0,696
12-16 PC = -84,862+0,2326. PCV 0,99 0,233 21 1,108
Bovans Goldline
1-4 PC= 0,5236+0,1138. PCV 0,99 0,114 25 0,456
5-11 PC= -21,426+0,1939. PCV 0,99 0,194 31 0,626
12-16 PC= -112,83+0,2543. PCV 0,93 0,254 38 0,668 Exigência Líquida para Ganho; Exigencia de ganho em proteína; Eficiência de utilização = proteína bruta retida ÷ (proteína bruta
ingerida – proteína de mantença).
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As exigências diárias em proteína de mantença e ganho, o consumo de proteína e
de energia, obtidos a partir das estimativas (Tabela 9) são diferentes entre as linhagens,
independente da fase de criação avaliada. As estimativas de mantença em proteína de 1
a 4, 5 a 11 e 12 a 16 semanas de idade, foram crescentes, tanto para a linhagem leve
como na semipesada. Com o aumento do ganho de peso, maior quantidade de proteína
foi exigida repercutindo na necessidade de maior consumo de ração e de ingestão de
energia, a exceção da fase de 12 a 16 semanas para as frangas Bovans.
Tabela 9- Exigências de proteína e consumo de ração em função da fase de criação de
frangas leves e semipesadas.
Fase (sem) GP (g) Exigência de proteína (g/d)
CR (g/d)(1)
EM(2)
(kcal/d) Mantença Ganho Total
Dekalb White
1 a 4 8,33 0,041 4,0 4,41 19,81 55,47
5 a 11 13,97 0,094 9,72 9,814 57,73 161,64
12 a 16 11,28 0,112 12,50 12,612 84,08 235,42
Bovans Goldline
1 a 4 9,56 0,046 4,36 4,82 21,80 61,04
5 a 11 13,89 0,159 8,70 8,859 52,11 143,11
12 a 16 11,21 0,183 7,49 7,673 51,15 143,22
GP= ganho de peso; CR =consumo de ração; Exigência de proteína de mantença (g/d) = (0,008.PPm0,73).u; PPm =
proteína bruta à maturidade, depois de submetida à equação de Gompertz = 0,357g para frangas bovans e 0,231g para frangas dekalb; u = (PPt÷PPm), onde PPt é o peso potencial da proteína, obtido a partir da derivada de equação.
Exigência de proteína para ganho (g/d): 0,48.GP, 0,696.GP e 1,108.GP para frangas leves; 0,456.GP, 0,626.GP e
0,668.GP para frangas semipesadas 1 a 4, 5 a 11, e 12 a 16 semanas de idade, respectivamente. (1) CR: consumo de ração, considerando 21, 17 e 15% proteína da dieta para 1 a 4, 5 a 11 e 12 a 16 semanas de idade: proteína total ÷ nível
de proteína da dieta;(2)Exigência de energia metabolizável, considerando dieta com 2.800 kcal/kg = CR.2,8.
A exigência para mantença da linhagem semipesada foi maior que a obtida para
a linhagem leve, mas a exigência de ganho foi ligeiramente menor. Os resultados
indicam que as exigências protéicas mudam com o avançar da idade, sugerindo
formulações de rações com concentrações de proteína diferente. A relação EM:PB foi
crescente com o avançar da idade.
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Conforme os resultados observados neste estudo, ficou demonstrado diferenças
para as curvas de crescimento, taxas de deposição de nutrientes corporais e exigências
em proteína entre frangas leves “Dekalb” e semipesadas “Bovans”. Neste sentido, as
informações sugerem que programas alimentares para a linhagem leve devem ser
diferenciados da linhagem semipesada, para promover o melhor desenvolvimento e
conformação corporal durante a preparação para o ciclo de postura. Contudo, o simples
acompanhamento do peso corporal das aves ao longo do crescimento, provavelmente,
não garante boas condições produtivas. A composição corporal categorizada em
escores no final da recria somados aos dados complementares da fase de produção
podem representar progressos práticos na criação de galinhas poedeiras.
Conclusões
Os dados do crescimento do peso corporal de frangas Dekalb White e Bovans
Goldlina ajustam-se à função Gompertz.
As taxas de crescimento e deposição de nutrientes corporais e das penas são
diferentes entre os dois genótipos. A linhagem leve é mais precoce no crescimento e na
deposição do peso e dos componentes corporais.
A exigência em proteína de total (mantença e ganho) para frangas de 1 a 4, 5 a
11 e 12 a 16 semanas de idade são 4,41; 9,814; 12,612 g/d para Dekalb White e 4,82;
8,859; 7,673g/d para Bovans Goldline.
Referências Bibliográficas
Basaglia R; Sakomura NK; Resende KT. Silva R, Junqueira OM.. Exigência de proteína
para frangas de postura de 1 a 18 semanas de idade. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.27, n.3, p.556-563, 1998.
Brody TB, Siegel PB, Cherry JA. Age, body weight and body composition requirements
for the onset of sexual maturity of dwarf and normal chickens. British Poultry