1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São Jose do Rio Preto - FAMERP Aline Truzzi Andreu RISCO OCUPACIONAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM RADIOTERAPIA São José do Rio Preto 2016
34
Embed
RISCO OCUPACIONAL DOS PROFISSIONAIS DE …disciplinas.famerp.br/tcc/Documents/DEFESAS 2016/ALINE TRUZZI... · Ficha catalográfica: Andreu, Aline Truzzi Risco ocupacional dos profissionais
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
1
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de
Medicina de São Jose do Rio Preto - FAMERP
Aline Truzzi Andreu
RISCO OCUPACIONAL DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM
RADIOTERAPIA
São José do Rio Preto 2016
Aline Truzzi Andreu
RISCO OCUPACIONAL DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM
RADIOTERAPIA
São José do Rio Preto 2016
Trabalho de Conclusão do Curso apresentado a Faculdade
de Medicina de São José do Rio Preto, para obtenção do
grau de Enfermeira.
Orientadora: Profa Dra. Denise Beretta
Ficha catalográfica:
Andreu, Aline Truzzi
Risco ocupacional dos profissionais de enfermagem em radioterapia/ Aline Truzzi Andreu. São José do Rio Preto, 2016
34 p.
Monografia (TCC) – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP
Foi realizado um levantamento bibliográfico, via internet por meio do
serviço gratuito, das produções científicas existentes sobre o tema, em
periódicos nacionais e internacionais, indexados na base de dados da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no período de 2005 a 2015, utilizando o
formulário avançado com as palavras-chave: Enfermagem, Risco ocupacional,
Radioproteção, Radioterapia, Radiação ionizante.
Foram realizadas as seguintes combinações entre os descritores:
I – Enfermagem e Risco ocupacional
II - Enfermagem e Radioterapia
III – Enfermagem e Radioproteção
IV – Risco ocupacional e Radiação ionizante
V – Radiação ionizante e radioproteção
VI – Enfermagem e Radiação Ionizante
VII – Risco ocupacional e radioterapia
Foram excluídos os artigos sem a possibilidade do acesso on-line e que
não atendam aos critérios de inclusão.
7
Após a leitura exploratória dos resumos e aplicação dos critérios de
inclusão e exclusão, os artigos selecionados foram submetidos a uma leitura
interpretativa na íntegra, com a finalidade de direcionar e organizar os
conteúdos encontrados de forma a atender o objetivo proposto neste estudo.
Para a análise dos estudos foi desenhado um instrumento de coleta de
dados embasado no modelo proposto por Gomes (2010), constituído pelas
variáveis: Identificação dos estudos (título do artigo, tipo de periódico, ano da
publicação, base de dados indexada, autores e instituição sede do estudo);
Caracterização dos estudos (tipo de estudo, amostra/sujeitos, metodologia
empregada); Classificação do estudo (segundo o nível de evidência baseado
em Pompeo, Rossi, Galvão, 2009) e principais resultados.
Os dados selecionados foram agrupados, organizados e descritos em
quadros síntese, no item de resultados, e submetidos à discussão, pautadas
nas evidências científicas.
8
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram levantados 110 artigos sobre os riscos ocupacionais da
enfermagem em radiação. Entretanto a grande maioria fazia referencia a
enfermagem em quimioterapia ou aos técnicos em radiologia.
Para análise foram selecionados seis artigos por atender os critérios de
seleção estabelecidos para este estudo, e serão apresentados, inicialmente,
quanto à denominação numérica e a descrição das referências. (Quadro 1).
Quadro 1 – Denominação e descrição das referências dos artigos selecionados. SJRPreto, 2016.
Número do artigo
Descrição das Referências
1 Flôr RC, Gelbcke FL Tecnologias emissoras de radiação ionizante e a necessidade de educação permanente para uma práxis segura da enfermagem radiológica. Rev. bras. enferm. [Internet]; 2009;. [acessado 2016 Jul 09]; 62(5):766-770. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid.
2 Pereira Sales OP, Oliveira CCC, Spirandelli MFAP, Cândido MT. Atuação de enfermeiros em um centro de diagnóstico por imagem. J Health Sci Inst [Internet]. 2010; [acessado 2016 Jul 09]; 28(4):325-8. Disponível em:https://www.unip.br/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2010/04_out-dez/V28_n4_2010_p325-328.pdf
3 Menezes LP, Sarturi F, Franco GP The team of nursing and radiological hazards. R. pesq.: cuid. fundam. [online] 2013; [acessado 2016 Jul 09]; 5(2);3580-87. Disponível em: http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2013.v5i1.3580-3587.
4 Melo JAC de, Gelbcke FL, Andrea Huhn A, Vargas MAO. Processo de trabalho na enfermagem radiológica: a invisibilidade da radiação ionizante. Texto contexto - enferm. [Internet]. 2015 [acessado 2016 jul 09]; 24(3):801-808. Disponível em//www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072015000300801&lng=em
5 Flôr RC1, Gelbcke FL. Proteção radiológica e a atitude de trabalhadores de enfermagem em serviço de hemodinâmica. Texto contexto - enferm. [Internet]. 2013 [acessado em 2016 Jul 09]; 22(2):416-422. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072013000200018&lng=en
6 Dianati M, Zaheri A; Talari HR; Deris F; Rezae S. Intensive care nurses’ knowledge of radiation safety and their behaviors towards portable radiological examinations. Nurs Midwifery Stud. [Internet]. 2014 [acessado em 2016 Jul 09]; 3(4): 23354. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4348725/
Para melhor apresentação, análise e compreensão os resultados são
apresentados atendendo a ordem das variáveis dos instrumentos de coleta de
dados como: Identificação dos estudos (título do artigo, tipo de periódico, ano
da publicação, base de dados indexada, autores e instituição sede do estudo);
Caracterização dos estudos (tipo de estudo, amostra/sujeitos, metodologia
empregada); Classificação do estudo (segundo o nível de evidência) e
Principais resultados.
4.1 Identificação dos Estudos
O quadro abaixo apresenta os principais resultados dos seis artigos
selecionados para análise, obedecendo a numeração que lhe foi atribuída no
quadro 1.
Quadro 2 – Distribuição de artigos selecionados segundo a denominação
numérica do artigo e principais resultados. SJRPreto, 2016.
Artigo Principais Resultados
1 A radioterapia é uma área de atuação da enfermagem, em media 80% da equipe multiprofissional é composta de trabalhadores de enfermagem os quais não possuem conhecimentos específicos sobre proteção radiação ionizantes e de como se operacionalizam os equipamentos de segurança existentes. O programa de treinamento de proteção radiológica para os trabalhadores de enfermagem no preparo do usuário para o tratamento de radioterapia e a Educação Continuada e Permanente foram as sugestões apontadas como um caminho para que exerçam suas atividades de mais forma consciente, prevenindo os danos causados pela radiação ionizante a sua saúde.
2 Quando os enfermeiros especialistas e atuantes em diagnostico por imagem, não utilizam as proteções individuais ficam expostos a riscos profissionais inerentes a essa atividade entre eles a leucopenia. Que por sua vez ocasiona em resistências diminuídas para as infecções; células linfáticas danificadas no baço; náuseas, vômitos e úlceras; problemas na glândula tireóide, medula vermelha e olhos; danos no sistema urinário e nos órgãos reprodutores.
3 A exposição desprotegida e excessiva de radiação pode causar neoplasia maligna de cavidade nasal e seios paranasais, neoplasias malignas de brônquios e pulmões, de pele, de osso e cartilagem das articulações de membros, leucemia, outras doenças especificas de células brancas do sangue como leucocitose, reação leucemoide, entre outras. São considerados como equipamentos de proteção a serem usados no trabalho
10
Na identificação dos artigos analisados observa-se que as publicações
ocorreram com uma frequência anual entre os anos de 2009 a 2015. Com
exceção do ano de 2013 que apresentou duas publicações sobre o assunto
pesquisado.
direto com fontes radioativas: roupas de segurança que oferecem proteção ao tronco e com mangas para proteção de braços e mãos, telas de chumbo; equipamentos de proteção individual (EPIs) como luvas, máscaras e aventais de látex nitrílico para proteção de agentes químicos usados durante o preparo das soluções, e mascaras fit para retenção de impurezas e agente biológicos que expõem um colaborador durante os exames. Os sintomas apresentados pelos técnicos em radiologia que participaram desta entrevista foram basicamente: anorexia pelo menos uma vez ao mês, náusea, vomito, diarréia, astenia e fibromialgia, sendo que a dor de cabeça foi um dos sintomas mais prevalentes.
4 A radiação ionizante possui uma invisibilidade no processo de trabalho. Assim, nota se um conhecimento fragilizado que os profissionais de enfermagem possuem acerca das tecnologias radiológicas e os riscos da exposição à radiação ionizante. É valorizado mais o conhecimento técnico, como se faz e não os motivos, ignorando assim os cuidados necessários. Os desgastes ou alterações negativas como consequência da ação das cargas (EPIs, haja vista o peso dos mesmos, e o tempo durante o qual esses profissionais utilizam esses equipamentos) sobre o corpo humano.
5 O conhecimento sobre radioproteção constitui instrumento de trabalho fundamental para os trabalhadores da enfermagem. Porém verificou-se o descumprimento da legislação no que se refere à capacitação para o exercício dessas atividades e também no uso das medidas de radioproteção. Não sabendo como se proteger, esses profissionais utilizam estratégias de defesas para justificar o não uso de algumas medidas de radioproteção como: desconforto e peso das vestimentas de chumbo e do desconhecimento da necessidade do uso de alguns equipamentos. Evidenciou-se ainda que as medidas relativas à distância da fonte de radiação e do tempo de exposição nem sempre foram adotadas, alegando esquecimento. Por meio das análises dos relatórios de dosimetria, monitorados com regularidade, percebeu-se com frequência: o uso incorreto dos monitores, o esquecimento dentro da sala de exame e o não uso pelos trabalhadores.
6 A radiação pode causar efeitos agudos, como vermelhidão na pele, perda de cabelo, queimadura por radiação ou síndrome aguda de radiação Tais efeitos são mais graves quando as doses e as taxas são altas. Nas doses baixa com exposição por períodos curtos, mas durante um longo prazo, existe uma maior possibilidade das células danificadas conseguirem reparar-se com sucesso. Entretanto os efeitos em longo prazo ainda existe a possibilidade de ocorrer o reparado do dano celular porém os erros podem ser incorporados, gerando uma célula irradiada, que mantém a capacidade de realizar divisão celular, o que pode levar ao aparecimento de um câncer. Efeitos desse tipo não irão sempre acontecer, mas sua possibilidade de ocorrência é proporcional a dose de radiação.
11
Os estudos foram publicados em seis periódicos diferentes, um deles na
literatura internacional. O periódico Texto e Contexto na Enfermagem publicou
dois artigos, seguidos das demais revistas Brasileira Enfermagem, Pesquisa
Cuidados Fundamentais, Nursing Midwifery Stud e J Health Science Institute
com apenas uma publicação anual.
Os artigos localizados estavam indexados na e SciELO (três) , LILACS
(dois) e PubMed (um)
Todos os estudos tiveram como pesquisadores envolvidos enfermeiros,
sendo que um deles contou com a participação de outros dois profissionais: um
do Departamento cirúrgico e outro do Estatístico do hospital onde foi realizada
a pesquisa.
Todos os estudos tiveram como instituição sede hospitais públicos das
cidades onde foram realizadas as pesquisas.
4.2 Caracterização dos Estudos
Em relação ao tipo de estudo, foram predominantemente do tipo
observacional descritivo exploratório com abordagem qualitativo com pesquisa
de campo (cinco), seguido de um do tipo revisão de literatura.
Quanto a amostra e sujeitos quatro deles abordavam especificamente só
os profissionais de enfermagem, um abordou tanto os profissionais de
enfermagem como os técnicos em raio X, ambos de serviços hospitalares e o
revisão pesquisou apenas os profissionais da equipe de enfermagem.
12
4.3 Classificação dos Estudos
Os artigos selecionados para análise foram organizados, sintetizando as
informações de maneira concisa, visando levantar o nível de evidência de cada
estudo a fim de determinar a confiança no uso de seus resultados e fortalecer
as conclusões que irão gerar o estado do conhecimento atual do tema
investigado.
Segundo o nível de evidencia descrito no Quadro I, pág. 438, por
Pompeo, Rossi, Galvão (2009) os artigos foram classificação nos níveis V (um)
e VI (cinco).
4.4 Principais Resultados
4.4.1 – Serviços na Área de Radioterapia
Define-se irradiação como a exposição de objeto ou corpo à radiação;
irradiar, portanto, não significa contaminar. A contaminação radioativa se
13
caracteriza pela presença indesejável de um material em determinado local.
(Flôr, Gelbcke, 2009)
A radiobiologia considera como radiação ionizante aquela capaz de
deslocar um elétron a partir de um átomo incidente, com energia maior do que
10 eV. As reações químicas biomoleculares resultantes desse deslocamento
podem provocar um dano biológico ao corpo humano, atingindo os tecidos e
órgãos mais sensíveis (radio sensibilidade). Os efeitos biológicos nas células e
tecidos dependem da quantidade de dose absorvida, do tempo de exposição,
do grau de exposição e da porcentagem do corpo exposto (Okuno, 2013)
Na área da saúde, a radiologia, especialidade médica, engloba os
serviços de apoio diagnósticos e tratamento como: Serviços de Radiologia e
Diagnóstico por Imagem (tomografia computadorizada, ultrassonografia,
hemodinâmica, ressonância magnética e radiologia intervencionista-
hemodinâmica, neurorradiologia e radiologia vascular periférica), Serviços de
Radiologia para tratamento (braquiterapia, teleterapia e irradiação de sangue
com raios gama). Todos considerados serviços vitais na dinâmica de
funcionamento hospitalar, pois possuem um desenvolvimento técnico cientifico
de ultima geração que permite a eficiência no processo de diagnóstico ou
terapêutico. (Pereira, Oliveira, 2010)
Os Serviços de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SRDI), em especial
na prática da enfermagem, passou e ainda passa por várias transformações
aliadas aos e avanços tecnológicos rápidos. Desde sua descoberta (por
Roentgen, em 1895), a radiação tem sido utilizada em grande escala na área
14
da saúde para fins terapêuticos e diagnósticos, em contribuição para o
desenvolvimento tecnológico da área da saúde. (Flôr, Gelbeck, 2009)
Nos serviços de radioterapia voltada para tratamento, na prática da
enfermagem radiológica, estão a braquiterapia e teleterapia, entre outras áreas
de aplicações da radiação ionizante na saúde. (Flôr, Gelbeck, 2009)
Outra área de aplicação da radiação envolvendo a atuação da
enfermagem é a irradiação de sangue com raios gama. Esse método é usado
nos hemocentros, no sangue a ser ministrado em usuários com deficiência
imunológica, e diminui a quantidade de linfócitos T (células de defesa) no
sangue doado, o que reduz em muito o risco de rejeição do órgão ou dos
tecidos transplantados por parte do usuário. (Flôr, Gelbeck, 2009)
4.4.2 – Riscos Ocupacionais na Enfermagem
O efeito das radiações ionizantes no trabalhador depende basicamente da
dose absorvida (alta/baixa), da taxa de exposição (crônica/ aguda) e da forma
da exposição (corpo inteiro/ localizada). (Okuno, 2013)
Na medicina nuclear os usuários/pacientes são considerados fontes
radioativas uma vez que recebem doses de radiofármacos, expondo a radiação
ionizantes a todos os profissionais que ali trabalham. A enfermagem é o
profissional responsável pelo preparo e administração dessas medicações
parenterais ou orais, e requer conhecimentos específicos para a realização
desses procedimentos na sua prática. (Flôr, Gelbeck, 2009)
No caso da radioterapia medicamentosa os usuários/pacientes irradiados
para o tratamento não ficam radioativos. Assim, os trabalhadores de
15
enfermagem estão menos exposto na prestação da assistência, desde que
façam uso de medidas de proteção radiológica apropriadas. (Flôr, Gelbeck,
2009)
A enfermagem radiológica é a especialidade da enfermagem relacionada
ao cuidado do usuário submetido a procedimentos diagnósticos e terapêuticos
nos SRDI.
No Brasil, a especialização para essa área é oferecida pela Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo que em parceria com o Instituto
Fleury criaram o Curso de Especialização em Enfermagem em Centro
Diagnóstico. (Pereira, Oliveira, 2010)
Suas atividades estão relacionadas ao cuidado prestado ao
usuário/paciente submetido a procedimentos diagnósticos e terapêuticos nos
serviços de radioimagem e variam de acordo com o setor e devem basear-se
na prestação de uma assistência segura e de qualidade (Pereira, Oliveira,
2010; Flôr, Gelbeck, 2009)
Cabe ao enfermeiro, responsável técnico de sua equipe, a supervisão e
orientação direta quanto: administração da dose recomendada de
radiofármaco; aos procedimentos a serem realizados (incluindo os controles e
liberação dos usuários internados); agendamento dos exames preliminares;
coleta de sangue para dosagem hormonal; controle e administração da
medicação prescrita, atendimento de imediato às eventuais intercorrências
clínicas e o controle desse a internação/admissão até a alta do
paciente/usuário. (Flôr, Gelbeck, 2009)
16
O enfermeiro deve estar preparado técnico e cientificamente, para
reconhecer os agravos e complicações que possam surgir, assim como
programar as intervenções necessárias e eficazes para reduzir as
complicações, pois é um profissional que atua diretamente com os
procedimentos de diagnóstico e administração de contraste. (Pereira, Oliveira,
2010)
Nesses serviços, os trabalhadores que prestam assistência não devem
permanecer por muito tempo nas proximidades devido à possibilidade de
exposição, assim como preconizado na lei. (COREN, 2008; Flôr, Gelbeck,
2009)
No que tange à legislação para a enfermagem o Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN), determinou-se por meio da Resolução nº 211/98 as
normas técnicas de radioproteção para os profissionais de enfermagem que
trabalham com radiações ionizantes em radioterapia, medicina nuclear e
serviços de Imagem. Estabelecem-se ainda orientações sobre as medidas de
proteção radiológicas e treinamento dos profissionais para o uso correto dos
equipamentos de proteção individual (EPI) e radioproteção. (COFEN, 1998;
Pereira, Oliveira, 2010)
Em pesquisas realizadas com colaboradores dos serviços de radiologia,
notou-se que as tecnologias radiológicas não foram incluídas como instrumento
de trabalho. Eles citam procedimentos técnicos realizados com o pacientes,
mas ignoram a presença da radiação ionizante no cotidiano. Alegou-se também
desconhecimento da necessidade do uso de alguns equipamentos,
desconhecimento das medidas relativas à distância da fonte de radiação e
17
tempo de exposição, que nem sempre foram adotadas, sendo alegado
Uma pesquisa realizada em um hospital público no Rio Grande do Sul
apontou que o profissional passa mais tempo do que o permitido no setor de
radiologia. Alem disso, quase metade respondeu que não faz uso dos EPIs,
não possui orientação de quais EPIs devem ser utilizados e não recebe
treinamento sobre os mesmos. Afirmaram ter conhecimento sobre riscos para
saúde e doenças relacionadas à exposição à radiação ionizante e que é
necessária a realização de educação permanente e treinamentos. (Menezes,
Sarturi, 2013)
Entre os cuidados a serem tomados pelos profissionais de saúde
expostos à fontes de radiação ionizante, segundo a NR32, estão: permanecer
nessas áreas pelo menor tempo possível para completar o procedimento, ter
conhecimento dos riscos radiológicos associados com o trabalho, ser treinado
no inicio e continuamente em proteção radiológica, uso apropriado de EPIs
para minimizar os riscos mencionados acima, ficar sob monitoração individual
das doses de radiação ionizante, nos casos em que a exposição é ocupacional.
(COREN, 2008)
As agressões à saúde causadas pela radiação ionizante podem ser
decorrentes de uma exposição aguda (altas taxas doses com exposição do
exposição breve e intensa) ou crônica (altas doses e exposições longas e
excessivas-acumulativas).
Entre as principais consequências da exposição estão o aparecimento
das manifestações clínicas iniciais como: eritema de pele, náusea, vômito,
19
diarreia e mal estar geral. Essas podem comprometer e agravar o estado geral
do trabalhador, o que pode levar ao aparecimento de diversas lesões que
envolvem os sistemas: hematopoiético (anemias, leucemias, leucopenias,
trompobenia, entre outras), tegumentar (queimaduras, descamação,
espessamento, telangiectasia, ulceração, fibrose, e alopecia), gastrointestinal
(anorexia, desnutrição e sangramentos), reprodutor (esterilidade), esquelético,
e órgão e sentidos (catarata). (Okuno, 2013; Flôr, Gelbcke,2013; Menezes,
Sarturi, 2013; Flôr, Gelbcke, 2009)
Os profissionais expostos a radiação ionizante devem ser monitorados
periodicamente, a cada seis meses, pelo exame de hemograma completo, com
avaliação de leucócitos, eritrócitos e contagem plaquetária. (Menezes, Sarturi,
2013)
A primeira preocupação com proteção do trabalhador a exposições à
radiação ionizante ocorreu na conferencia da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), em Genebra/agosto/2002. O resultado dessa conferência
mostrou a necessidade de otimização das práticas radiológicas, sendo aspecto
fundamental a programação do controle radiológico dos trabalhadores, que
deve ser consolidado por meio de redes de informações, tal como atualmente
ocorre com o Programa Internacional de Informações sobre Doses
Ocupacionais – ISOE, para as centrais nucleares. Recomendou-se concentrar
os esforços nos casos de doses individuais acima de 1 mSv (milisievert) mês.
(Flôr, Gelbcke, 2009)
Outro tema debatido foi a necessidade de se manter a educação
permanente para assegurar boas práticas de segurança radiológica,
20
recomendando que as instituições que empregam radiação ionizante facilitem o
acesso dos trabalhadores a cursos de treinamento nessa área do
conhecimento. (Flôr, Gelbcke, 2009)
A proteção radiológica se baseia nos princípios: da justificativa (justificar
porque o benefício supera qualquer malefício à saúde); da otimização da
proteção (diminuir o número de pessoas e a probabilidade de exposições); da
limitação de dose (obedecer aos limites individuais estabelecidos pela
legislação). (Okuno 2013)
Nesse sentido, a proteção radiológica constitui importante ferramenta na
promoção da saúde dos trabalhadores que exercem suas atividades com
radiação ionizante e, nesse caso, a educação permanente pode contribuir para
a melhoria desse processo de trabalho. Conhecendo o mecanismo de
produção, assim como da interação da radiação, os trabalhadores de saúde
podem fazer uso das radiações ionizantes em seu processo de trabalho de
forma melhor. (Flôr, Gelbcke, 2009)
Promover a manutenção da educação permanente para os colaboradores
que expõem-se a radiação ionizante é muito importante, pois demonstra que a
proteção não ocorre apenas pelo uso e promoção de equipamentos, mas
também pelo controle e validação dos procedimentos para proteção, tanto da
equipe de saúde e quanto para o paciente. (Menezes, Sarturi, 2013)
A educação permanente e a conduta consciente são condutas apontadas
como caminho para prevenção dos danos causados pelos equipamentos
emissores de radiação ionizante. (Flôr, Gelbcke, 2009)
21
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A exposição desprotegida e excessiva de radiação é absorvida pelo
organismo do trabalhador causando danos celulares que podem afetar o
material genético (DNA), desencadear o aparecimento de doenças graves
como as neoplasias malignas e evoluir ao óbito. Os danos celulares podem
ainda se manifestar nos descendentes desses trabalhadores expostos.
Embora tenham sido encontradas poucas pesquisas que abordassem
sobre os ricos ocupacionais da enfermagem em radioterapia, pode-se afirmar
que os trabalhadores de enfermagem conhecem as consequências dessa
exposição, mas eles não avaliam a radiação como um risco, por seus efeitos
aparecerem em longo prazo.
As normas de proteção radiológica não são rigorosamente cumpridas
apontando um descumprimento da legislação vigente quanto ao uso de
medidas de radioproteção.
22
REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem - COFEN. Resolução COFEN-211/1998. Dispõe sobre a atuação dos profissionais de Enfermagem que trabalham com radiação ionizante. Brasília, DF. Disponível em <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2111998_4258.html>. Acesso em 20 mar. 2016. BRASIL. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo - COREN-SP. Norma regulamentadora 32. NR 32. Disponível em: <http://inter.coren-sp.gov.br/sites/default/files/livreto_nr32_0.pdf>. Acesso em 13 agosto 2016 BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Normas e regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e o uso da energia nuclear no Brasil. [citado em 20 fev 2016]. Disponível em http:// http://www.cnen.gov.br/. Acesso em 20 de fev. 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Relatório de atividades 2010/2011. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/2011011_relatorio_capitulos.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. BRASIL. Presidência da Republica. Decreto nº 81.384 de 22 de fevereiro de 1978. Dispõe sobre a Concessão de gratificação por atividades com raios-x ou substância radioativas e outras vantagens, previstas na Lei nº 1.234 de 14 de novembro de 1950, e dá outras providências. artigo 7. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 23 fev. 1978 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D81384.htm>. Acesso em 19 de nov. 2016. CERVO, A. L; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: Markron Books, 1996. DIANATI, M. et al. Intensive care nurses’ knowledge of radiation safety and their behaviors towards portable radiological examinations. Nursing and Midwifery Studies, Hoensbroek, v. 3, n. 4, p. e23354, 2014. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4348725/>. Acesso em: 9 jul. 2016. FARIAS, G. S.; OLIVEIRA, C. S. Riscos ocupacionais relacionados aos profissionais de enfermagem na UTI: uma revisão. Brazilian Journal of Health, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 1-12, jan./abr. 2012. FLÔR, R. C.; GELBCKE, F. L. Proteção radiológica e a atitude de trabalhadores de enfermagem em serviço de hemodinâmica. Texto & Contexto Enfermagem (Impresso), Florianópolis, v. 22, n. 2, p. 416-422,
abr./jun. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072013000200018&lng=en>. Acesso em: 9 jul. 2016. FLÔR, R. C.; GELBCKE, F. L. Tecnologias emissoras de radiação ionizante e a necessidade de educação permanente para uma práxis segura da enfermagem radiológica. Revista Brasileira de Enfermagem (Impresso), Brasília, v. 62, n. 5, p. 766-770, set./out. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672009000500021 >. Acesso em: 9 jul. 2016. FLÔR, R. C.; KIRCHHOF, A. L. C. Radiação ionizante e o cumprimento de resolução do conselho federal de enfermagem. Revista de Enfermagem da UERJ, Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, p. 347-353, set./dez. 2005. GOMES, J. J. O processo de enfermagem em sistemas informatizados no Brasil. 2010. Dissertação (Mestrado)-Universidade de Franca, Franca, 2010. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2001. MELO, J .A. C. de. et al. Processo de trabalho na enfermagem radiológica: a invisibilidade da radiação ionizante. Texto & Contexto Enfermagem (Impresso), Florianópolis, v. 24, n. 3, p. 801-808, jul./set. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072015000300801&lng=em>. Acesso em: 9 jul. 2016. MENEZES, L. P.; SARTURI, F.; FRANCO, G. P. The team of nursing and radiological hazards. Revista de Pesquisa (Online): cuidado é fundamental (Online), Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 3580-3587, abr./jun. 2013. Disponível em: <file:///C:/Users/30062/Downloads/2051-14588-1-PB.pdf >. Acesso em: 9 jul. 2016. OKUNO, E. Efeitos biológicos das radiações ionizantes. Acidente radiológico de Goiânia. Estudos Avançados (Impresso), São Paulo, v. 27, n. 77, p. 185-199, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v27n77/v27n77a14.pdf>. Acesso em: 19 set. 2016.
OKUNO, E. Radiação: efeitos, riscos e benefícios. São Paulo: HARBRA, 1998.
OLIVEIRA, A. C. F.; MOREIRA, M. C. Necessidades de ajuda de clientes em tratamento radioiodoterapico como mobilizadoras de mudanças no gerenciamento do cuidado de enfermagem no contexto interdisciplinar. Revista de Enfermagem da UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 527-532, out./dez. 2009.
POMPEO, D. A.; ROSSI, L. A.; GALÃO, C. M. Revisão integrativa: etapa inicial do processo de validação de diagnóstico de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem (Impresso), São Paulo, v. 22, n. 4, p. 434-438, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n4/a14v22n4.pdf>. Acesso em: 19 out. 2016.
QUERIDO, F. M.; POVEDA, V. B. Exposição da equipe de enfermagem à radiação em centro cirúrgico: um estudo descritivo. Revista SOBECC, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 2-8, jan./mar.2015.
SALES, O. P. et al. Atuação de enfermeiros em um centro de diagnóstico por imagem. Journal of the Health Sciences Institute, São Paulo, v. 28, n. 4, p. 325-328, 2010. Disponível em: <https://www.unip.br/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2010/04_out-dez/V28_n4_2010_p325-328.pdf>. Acesso em: 9 jul. 2016.
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS (adaptado do instrumento de Gomes, 2010)
*segundo Quadro I pág. 438 (Pompeo, Rossi, Galvão, 2009).
1. IDENTIFICAÇÃO DOS ESTUDOS
1.1 Título do artigo:
1.2 Ano de publicação:
1.3 Instituição sede do estudo:
1.4 Base de dados:
1.5. Nome do autor(es):
1.5.1 Formação acadêmica do autor(es):
2. CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS
2.1 Tipo de Estudo: Quanto a natureza ( ) Observacional ( ) Experimental
Quanto a forma de abordagem ( ) Abordagem quantitativa ( ) Abordagem qualitativa
Quanto os objetivos ( ) Pesquisa exploratória ( ) Pesquisa explicativa
Quanto aos procedimentos técnicos ( ) Pesquisa bibliográfica ( ) Pesquisa documental ( ) Pesquisa de laboratório ( ) Pesquisa de campo
Quanto aos desenvolvimentos no tempo ( ) Pesquisa transversal ( ) Pesquisa longitudinal ( ) Pesquisa prospectiva ( ) Pesquisa retrospectiva
2.2 Amostra: Tamanho__________ Tipo____________
2.3 Metodologia Técnica de coleta de dados ( ) questionário ( ) entrevista ( ) observação direta ( ) análise documental ( ) grupo focal ( ) Outros:
Instrumento de coleta de dados foi descrito? ( ) sim ( ) não ( ) não mencionado
3. CLASSIFICAÇÂO DOS ESTUDOS
3.1 Nível de Evidencia*: Evidências oriundas/ derivadas/provenientes/ originárias/obtidas
( ) I - revisão sistemática ou metanálise ( ) II - ensaios clínicos randomizado ( ) III - ensaios clínicos não randomizado ( ) IV - estudos de coorte e de caso-controle bem
delineados ( ) V - revisão sistemática de estudos descritivos e
qualitativos
( ) VI - um único estudo descritivo qualitativo ( ) VII - opinião de autoridades/relatório de comitê de