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ENTREVISTA Eugênio Bucci, da Radiobrás, explica seu projeto de comunicação pública PROGRAMAÇÃO Novo canal da MTV virá dos EUA para garantir distribuição televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 14_#154_outubro2005 ARTIGO INDEFINIDO Setor pede a prorrogação imediata do principal mecanismo de financiamento do cinema nacional, previsto para acabar no final de 2006.
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Revista Tela Viva 154 - Outubro 2005

Mar 12, 2016

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Page 1: Revista Tela Viva 154 - Outubro 2005

ENTREVISTAEugênio Bucci, da Radiobrás, explica seu projeto de comunicação pública

pRogRAmAçãoNovo canal da mTV virá dos

EUA para garantir distribuição

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 14_#154_outubro2005

artigo indefinidoSetor pede a prorrogação imediata do principal mecanismo de financiamento do cinema nacional, previsto para acabar no final de 2006.

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(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel FernandezOtavio JardanovskiGislaine GasparVilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Edianez Parente

Fernando Lauterjung

Daniele Frederico, Lizandra de Almeida (Colaboradora)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Carlos Edmur Cason (Edição de Arte)Debora Harue (Assistente)Rubens Jardim (Produção Grá­fica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Almir Lopes (Gerente), Ivaneti Longo (Assistente)

Marcelo Pressi

0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Grá­fica e Editora S.A.

Diretor e EditorDiretor EditorialDiretor Editorial

Diretor ComercialDiretor Financeiro

gerente de marketing e Circulação Administração

Editora de programação e Conteúdo

Editor Tela Viva News

Redação

Sucursal Brasília

Arte

Departamento Comercial

Webmaster

Central de Assinaturas

InternetE-mail

RedaçãoE-mail

publicidadeE-mail

Impressão

Está­ em discussão no setor audiovisual, no Legislativo e no governo a prorrogação da validade do Artigo 1º da Lei do Audiovisual, o mecanismo de incentivo que permite que se

abata do Imposto de Renda devido 100% dos valores investidos em projetos de produção de cinema, cuja extinção está­ prevista originalmente para o final de 2006. É consenso em todos os níveis da cadeia cinematográ­fica, e com toda a razão, que o mecanismo deva ser prorrogado como está­, para evitar embates políticos e, ainda, que a discussão se estenda até o ano eleitoral, como mostra a matéria de capa desta edição.

Mas se por um lado o mercado não está­ pronto para dispensar esse mecanismo e depender de investimentos que exigiriam taxas de retorno desproporcionais à realidade da indústria cinematográ­fica nacional, por outro lado é necessá­rio que o sistema de incentivos seja revisto em algum momento. É importante a implantação de outros mecanismos previstos em lei, capazes de capitalizar distribuidores independentes e produtores.

Entre outras distorções, o sistema, criado para aproximar a indústria cinematográ­fica do mundo empresarial e mostrar a possibilidade de geração de lucro através do cinema, acabou sendo adotado como uma forma “gratuita” de se fazer marketing cultural. Pior: o próprio governo, através de suas empresas estatais, acaba sendo o financiador número um da atividade.

O fato é que, no modelo atual, o investimento tem um cará­ter de “obrigação social”. É necessá­rio rever a maneira de se investir em cinema no Brasil. As próprias estatais, em seus editais para seleção dos projetos que serão contemplados com o dinheiro do incentivo fiscal, deveriam exigir um plano de mercado rentá­vel dos proponentes e usar isso como principal critério de seleção. O dinheiro “grá­tis” deveria continuar existindo, mas reservado aos projetos de cará­ter mais experimental, ao curta-metragem e a formatos de pouca viabilidade comercial.

A maioria das produtoras acabam funcionando como gestoras de projetos culturais, constantemente em busca de dinheiro para realizar os filmes de seus sonhos. São poucas aquelas dispostas a correr riscos, que buscam capital para concretizar projetos capazes de competir no mercado e gerar lucro. São estas últimas, e somente elas, que sobreviverão ao tão aclamado “choque de capitalismo”, caso um dia ele realmente chegue.

André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Incentivos na berlinda

Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DFJornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. S/AOs artigos da Broadcast Engineering®

(www.broadcastengineering.com), da millimeter® (www.millimeter.com) e da Video Systems®

(www.videosystems.com) são republicados sob licença da Primedia Business Magazines & Media Inc.

Todos os direitos são reservados pela Primedia Inc.

IlUSTRAção DE CApA: RICARDO BARDAL

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Ano 14 _154_ out/05(índice)

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá­-las a este espaço, procurando manter a má­xima fidelidade ao seu conteúdo.Envie suas críticas, comentá­rios e sugestões para [email protected].

Viva o curtaCom a matéria “Caminhos para o curta”, TELA VIVA reacendeu o debate sobre o formato no Brasil. O curta-metragem é a principal escola de cinema no Brasil, mas ai-nda tem dificuldades em encontrar janelas para sua exibição. Será­ que um dia retomaremos a discussão da antiga Lei do Curta, que real-mente valorizava essa importante forma de expressão da cultura brasileira?

Denis Soares, São paulo

Novela brasileiraÉ bom ver que a produção da teledramaturgia brasileira não é mais exclusiva de um único canal. É importante destacar que a Globo não só teve concorrência com a ex-tinta Manchete, como bem ilustrou a matéria “Competição chega às telenovelas”, mas também soube se adaptar e assimilar as técnicas de linguagem introduzidas por sua concorrente.

Sergio Salgado, Rio de Janeiro

programaçãoGosto muito da parte de program-ação de TV aberta e mais ainda de TV a cabo da revista. Gostaria de ver mais reportagens sobre como funcionam os canais da TV a cabo e como os programas são feitos. Os canais que produzem conteúdo no Brasil são ainda mais interessantes e merecem atenção especial!

Cristina Vidal, São Bernardo, Sp

(cartas)

telavivanewswww.telaviva.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

Artigo 1º 14Setor se une pela manutenção do principal mecanismo de incentivo

scanner 6figuras 12radiodifusão 16Broadcasters ganham voz no debate sobre o SBTVD

programação 20Segundo canal da MTV será­ produzido em Miami

televisão 24A expansão do Futura

no ar 26audiência 30entrevista 32Eugênio Bucci e a comunicação pública no Brasil

making of 40mercado 42Cinema discute crise na bilheteria

evento 46Tela Viva Móvel debate a integração entre o celular e o audiovisual

produção 52Efeitos ganham espaço no cinema nacional

upgrade 54agenda 58

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HermanosA S Filmes fez um acordo

operacional com a argentina Flehner Filmes. “Esta parceira pode ser vista como um intercâmbio cultural, pois apesar da proximidade, há­ muitas diferenças de técnicas de filmagem, fotografia, linguagem etc. A idéia é fazer uma internacionalização; juntar as diferentes escolas e não apenas os orçamentos”, afirma Sergio Cuevas, da S Filmes. Edi Flehner, diretor da produtora com sede em Buenos Aires, afirma haver uma série de projetos que podem ser feitos em conjunto.

A Flehner produz longas-metragens e programas para a TV, mas a publicidade é mesmo o seu core-business. Segundo conta a produtora executiva pilar posadas, 60% da produção atual de publicidade da Flehner é feita para o mercado internacional - Inglaterra, Alemanha, França e EuA, principalmente.

Além dos diretores Sergio Cuevas e Sérgio glasberg, a S Filmes agora também conta com luis Crispino para seu quadro de diretores fixos.

Cartoon tem bloco adulto

Em outubro, o Cartoon Network lança nos finais de semana uma programação noturna voltada à animação adulta de comédia. O bloco “AdultSwim” será­ exibido sextas, sá­bados e domingos das 23h à 1h, com reprises ao longo de toda a madrugada. De acordo com o canal, seu público neste horá­rio é, na maior parte, formado por um público acima de 18 anos. As atrações incluem séries produzidas nos estúdios do Cartoon Network, bem como outras produções de humor. Junto ao lançamento do bloco, entra no ar o site (www.adultswim.com.br), com sinopses, games, downloads e clipes.

UpgRADE NA FINAlIzAçãoO ESTúDIoS mEgA FEZ uM

uPGRADE DE SEu TELECINE C-REALITy PARA O NOVO DATACINE

CINTEL DSX. DESENHADO ESPECIFICAMENTE PARA PóS-

PRODuçãO COMERCIAL, O EQuIPAMENTO CONTA COM RESOLuçãO INDEPENDENTE

PARA MASTERIZAçãO DE FILME E RESTAuRAçãO DE PROJETOS. O DATACINE DSX PODE SER uSADO

EM ESCANEAMENTO DE FILME EM 2k, HDTV, SDTV. TRABALHA COM MuLTI PERFuRAçõES 3, 4,

5 E 6 E VISTAVISION. GRAçAS AO SISTEMA “OLIVER” PARA REMOçãO

DE RISCOS E POEIRA, OS DANOS NA SuPERFíCIE DO FILME SãO

REDuZIDOS SIGNIFICATIVAMENTE E, NA MAIORIA DAS VEZES REMOVIDOS TOTALMENTE. ALÉM DISSO, O SISTEMA DE

CORREçãO DE CORES DA VINCI uSADO NO MEGA PASSOu

DE 2k PARA 2k PLuS.

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Sem cansaçoA campanha de lançamento da nova yamaha Fazer

250, a primeira 250cc com injeção eletrô­nica do País, desta-cou o design, as respostas mais rá­pidas nas subidas e nas retomadas, além do conforto para pilotar. O filme “Língua” mostra um motociclista pilotando uma suposta moto con-corrente numa forte subida. Quando ele chega ao topo, está­ com a língua de fora, assim como outros motociclistas. Em seguida revela-se a nova yamaha. A criação é da FAM, com direção de criação de Fábio Siqueira, produção da Canvas 24p Filmes e direção de cena de Wiland Pinsdorf. A campanha é composta por outdoor, anúncio de revista, jornal, spot e filme de 30” com veiculação na Globo, Record, SBT e MTV. A trilha sonora é da ludwig Van.

“Cidade dos Homens” chega à Alemanha A série “Cidade dos Homens” chegou à Alemanha e mais 32 países. No

total, a série já­ foi comercializada para 49 países nos cinco continentes, entre eles Japão, Alemanha, Canadá­, Coréia do Sul e 19 países africanos. A o2 Filmes está­ em fase final de produção dos cinco episódios do último ano da série. Em 2006, a produtora planeja fazer o longa-metragem baseado na mesma.

“Cidade dos Homens” chega às televisões dos diversos países por intermédio de contratos de exibição negociados com empresas distribuidoras de conteúdo dos diversos países. Em alguns casos, como na África, a venda foi feita à empresa francesa mK2 que vai exibir a série tanto na França como em 19 países africanos de língua francesa, como Argélia, Camarões, Tunísia e Gabão.

luis Crispino, Edi Flehner, Sergio glasberg e Sergio Cuevas

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O presidente do Grupo Bandeirantes, Johnny Saad, centrou artilharia

pesada contra grupos internacionais de mídia durante sua participação no Congresso da SET. O diretor da Band teve como alvo o presidente da Sky no Brasil, Ricardo miranda.

O presidente da Band quis saber detalhes de como a Sky se relaciona com a Net Brasil para a compra de produção brasileira. Além disso, questionou se “a DirecTV já­ está­ morrendo e na verdade a fusão já­ ocorre na prá­tica?”. Ainda, Johnny Saad perguntou se na compra da DirecTV feita pela News Corp. nos Estados unidos, a FCC (regulador norte-americano) impô­s condições. O executivo da Sky disse que o processo de compra da DirecTV nos Estados unidos e na América Latina se deu de formas distintas: enquanto no mercado doméstico norte-americano houve simplesmente uma aquisição (lá­ não havia a operação Sky, apenas DirecTV), em alguns países da América Latina houve

fusão de operações. “No Brasil, a Sky não tem nenhum tipo de relacionamento comercial com a DirecTV. As empresas continuam concorrendo entre si”. Sobre a compra de canais locais, Miranda diz: “A Sky tem plena liberdade de compra de canais locais, mas não temos condições técnicas de atender a todos. A Net Brasil funciona como um agente”. Ele disse ainda que a Sky não está­ fechada aos novos conteúdos nacionais, mas terá­ de fazer novos investimentos, pois já­ utiliza quase todos os transponders no satélite para alocar seus canais no line-up.

Posteriormente, Saad esclareceu, através de sua assessoria de imprensa, que a Sky não compra o canal Terra Viva, recentemente incluído no seu line-up, mas sim que o canal paga para

estar na operadora. Sobre isto, a Net Brasil esclarece que o Terra Viva, por se tratar de um canal aberto e gratuito na banda C, arca com os custos de satélite e transponder.

Saad polemiza com Sky e Net Brasil

CCS dá aval à pEC que regula novas mídiasO Conselho de Comunicação Social aprovou, no dia 10 de outubro, o parecer

do conselheiro paulo Roberto Tonet sobre a Proposta de Emenda Constitucional 55/2004, do senador Maguito Vilela (PMDB/GO), que estabelece a empresas que

produzam, programem ou provenham conteúdos dirigidos a brasileiros as mesmas regras que hoje se aplicam ao rá­dio e à televisão. Houve apenas um questionamento,

do conselheiro Geraldo Pereira dos Santos no sentido de que, mesmo em relação à produção publicitá­ria (que, pela proposta, está­ excluída da restrição), se respeite o limite

de prioridade a profissionais brasileiros. A proposta foi acatada pelo CCS.Paulo Tonet não considera que a proposta do senador Maguito limite a atuação

de empresas de telecomunicações sobre um serviço que hoje é considerado de valor adicionado, portanto não regulado. Para ele, “a PEC só se aplica a quem

produzir conteúdo no Brasil”. “uma tele de capital estrangeiro pode distribuir o que quiser. Se for conteúdo para brasileiro, aí é que se aplicariam as regras que hoje valem

para a televisão”, completou.Sobre programadoras de TV por assinatura, Tonet diz que conteúdos estrangeiros

poderão ser distribuídos. A limitação está­ para quem produzir conteúdos “dirigidos ao público brasileiro”. Sobre uma eventual limitação que estaria sendo criada a empresas

provedoras de internet, o relator da matéria diz que não existe uma limitação. “Estamos falando apenas de quem produz conteúdo”.

Johnny Saad

Ricardo miranda

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Dança brasileiraEstréia no dia 23 de novembro, no Canal Futura, a segunda fase de “Danças

Brasileiras”, série que mostra as origens e características da dança popular brasileira. O programa é apresentado pelo músico, dançarino e instrumentista Antô­nio Nóbrega e por sua esposa, a dançarina Rosani Almeida, que viajam pelo Brasil mostrando a cria-ção da linguagem coreográ­fica de cada dança e seu processo de sistematização, utili-zando como base os gestos e movimentos presentes nos ritmos tradicionais de cada região do País. Produzida pela giros, com direção de Belisario Franca, a segunda fase da série apresentará­ danças como Candomblé do Pai Leopoldo (BA), Coco Alagoano de Dona Ilda (AL), Tropeiros da Tradição (RS), Moçambique de São Bento de Beira Rio (SP), entre outros.

Festa da Record nos EuA

Como forma de promover seu canal internacional, a Record pro-moveu em setembro uma tarde de shows brasileiros em Everett, região de Boston e reduto de brasileiros no Estado de Massachussetts, EuA. De acordo com a Record, cerca de 25 mil pessoas participaram do evento, que aconteceu num dos parques da cidade. A Globo Internacional tam-bém tem o seu Brazilian Day, que acontece anualmente em Nova york.

Vá­rios artistas da emissora se apre-sentaram no evento (Eliana, Gabriel Braga Nunes, Bianca Rinaldi, Christine Fernandes), além de cantores como Mauricio Manieri e Netinho.

pluralidadeO cantor, apresentador e empresá­rio Netinho de paula anunciou

como será­ o canal de televisão que ele idealizou, o TV da gente, com data de estréia marcada para 20 de novembro. O canal nasceu a partir de um acordo com uma fundação cearense da cidade de Eusébio, dona de uma concessão de geradora de TV educativa naquele Estado. Com investimentos iniciais de R$ 12 milhões, o canal se propõe a ser a primeira emissora brasileira a destacar a pluridade racial. De acordo com Netinho, há­ duas possibilidades de canais uHF para a entrada em São Paulo.

Embora a geradora seja do Nordeste, é em São Paulo que estará­ localizado todo o centro operacional da TV da Gente. A emissora ocupa as instalações que eram da extinta TV Manchete. De acordo com a emissora, já­ são 80 profissionais diretos e cerca de 150 indire-tos trabalhando na produção. A emissora pretende trabalhar tam-bém com produtoras independentes. Netinho também anunciou que haverá­ uma co-produção com a TpA (TV Pública de Angola). Aliá­s, uma parte do investimento na rede (25%) vem de empresá­rios angolanos; o restante é da JPN Produções, empresa de Netinho e parceiros. O apresentador foi aos Estados unidos, para visitas à rede BET (Black Entertainment Television) em busca de musicais para o canal. O representante da TV da Gente para o mercado de TV por assinatura é a InteracTV.

pASSEIo NA NEVE O SEGuNDO FILME DA CAMPANHA DA

MITSuBISHI, COM CRIAçãO DA ÁFRICA E PRODuçãO DA O2 FILMES, TEM uM CENÁRIO INuSITADO PARA O BRASIL: A NEVE. DIRIGIDO POR LuCIANO MOuRA, E CRIADO POR AlExANDRE pERAlTA E SéRgIo goRDIlHo, O FILME FOI RODADO NOS LENçóIS MARANHENSES E A ILuSãO DE NEVE FOI CRIADA NA PóS-PRODuçãO. O FILME MOSTRA uM MITSuBISHI PAJERO FuLL PERCORRENDO A NEVE, EM CENAS DE ALTA PERFORMANCE, ATÉ QuE uM ESQuIMó FAZ SINAL PARA O MOTORISTA PARAR E O AVISA DE QuE NO BRASIL NãO TEM NEVE. O MOTORISTA RESPONDE: “PSIu! NãO ATRAPALHA, Eu Tô SONHANDO”.

Problemas sociaisCom o objetivo de mostrar a organização e mobi-

lização das comunidades para resolver problemas sociais antigos, foi criado o programa “Mobilização

Brasil”, veiculado pela TVE Brasil, do Rio de Janeiro e TV Cultura, de São Paulo. Cada edição, transmitida

aos sá­bados, às 8h, mostrará­ uma experiência origi-nal, com soluções simples que garantam educação, renda, trabalho e melhoria da qualidade de vida a diversas comunidades. A apresentação é dos jor-

nalistas Marco Piva e Rosana Hermann. O programa é realizado por meio da parceria entre a TVE e a

Fundação Banco do Brasil e a produção é da RadarTV mixer. A série terá­ um total de 52 programas, com

cerca de 26 minutos cada.

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Parceria produtiva

A globo Filmes realizará­, junto à Europa Filmes, três longas-metragens nacio-nais para serem lançados no próximo ano. São eles: “A Grande Família” (de Maurício Farias), “Casseta & Planeta - O Julgamento do Século” (de José Lavigne) e “Hoje é Dia de Maria” (de Luiz Fernando Carvalho). Os três filmes serão rodados na Central Globo de Produção, e toda a distri-buição (cinema, e vídeo) estará­ a cargo da Europa Filmes.

o FUTURo Do mAmO NOVO FILME INSTITuCIONAL DO

MuSEu DE ARTE MODERNA (MAM) DO RIO DE JANEIRO, CONTOu COM A DIREçãO DE pAUlA TRABUlSI, DA BOSSA NOVA FILMS. PAuLA DIRIGIu CRIANçAS, QuE BRINCAM EM uM CENÁRIO ABSTRATO, PREPARANDO-SE PARA SEREM OS ARTISTAS E, AO MESMO TEMPO, OS APRECIADORES DA ARTE NO FuTuRO. A DIREçãO DE FOTOGRAFIA É DE WALTER CARVALHO, A AGêNCIA É A QuE/NEXT E O DIRETOR DE CRIAçãO É ERCíLIO TRANJAN. A TRILHA É DA VU.

Tecnologia e políticaA Editora Paulinas publicou o livro “Mídias Digitais — Convergência tecnológica e inclusão

social”. A obra, organizada por André Barbosa Filho, Cosette Castro e Takashi Tome, traz 13 artigos em que pesquisadores de todo o País e especialistas da administração federal contextualizam as novas tecnologias da comunicação e da informação, refletem sobre políticas públicas, proprie-dade intelectual, bibliotecas virtuais, linguagem e produção de conteúdos para essas mídias, a partir da perspectiva da convergência digital. O livro propõe o uso das novas tecnologias, em especial o rá­dio e a TV digital, mas também incluindo a Internet, a telefonia e os novos dispositi-vos móveis portá­teis, como ferramentas na luta contra a exclusão social.

A publicação é de grande relevância para aqueles que querem compreender o direcionamen-to da nova política de comunicação proposta pelo atual governo. André Barbosa Filho é assessor especial da Casa Civil e coordenador do Comitê Consultivo do Grupo de Trabalho Interministerial que elaborará­ o anteprojeto da Lei de Comunicação Eletrô­nica de Massas.

premiados O canal pago HBo dos Estados

unidos levou um total de 27 prêmios Emmy, uma espécie de Oscar da TV

americana. Em seguida, vieram as três grandes redes abertas: ABC, com 16, CBS com dez e NBC com dez, além da rede pública PBS, que também levou dez prêmios (nove deles nas

categorias técnicas). Por atrações, as principais premiações do 57th Emmy Awards foram: “The Life and Death of

Peter Sellers” (produção original da HBO), com nove prêmios; “Desperate

Housewives” (no Brasil, atração no canal Sony), com seis e “Lost” (canal AXN), com seis. “The Amazing Race”

(AXN, no Brasil) foi o melhor real-ity show, nova categoria do Emmy. Na categoria comédia, “Everybody

Loves Raymond” (Sony) levou o prê-mio, sendo que “Lost” venceu em

drama. “Mansão Foster para Amigos Imaginá­rios” (do Cartoon Network) é

a produção de animação que aparece com mais prêmios (três).

multicoloridoA RDigital mixer desenvolveu a vinheta da ainda inédita TV da gente (ideal-

izada pelo apresentador Netinho). Criada por Helder Santos, a vinheta mistura animação em 3D e 2D, com personagens que representam a multiplicidade brasileira, projetados sobre formas geométricas que abrem caminho para mostrar a marca.

A RDigital desenvolveu projetos de broadcast design para diversos pro-gramas de televisão, entre eles, “Ensaio Geral”, do Multishow; “GNT Fashion”, da GNT, “Na hora do intervalo”, do Multishow, “Rally dos Sertões”, do AXN e “Mobilização Brasil”, da TVE.

mistura de ritmosA campanha de divulgação da Festa Nacional da

Música foi realizada pela gaúcha Contemporanea produtora e desenvolvida pela agência propaganda Futebol Clube. Os comerciais, dirigidos por Augusto Mallmann e Juliano Ambrosini, primam pela lingua-

gem minimalista e mostram a mistura de ritmos que rege a concepção do evento.

Durante o evento, que acontece em Canela (RS), de 3 a 6 de outubro, serão debatidos os problemas da

indústria e da MPB.

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(figuras)

Desde a infância, o diretor de elenco do núcleo de dramaturgia do SBT, Fernando Rancoleta, sabia

que queria trabalhar na televisão. Nunca quis ser artista, mas dizia para a minha mãe que ia trabalhar na TV. Com 12 anos, tinha um amigo que trabalhava num banco, ao lado da sede da Rede Globo em São Paulo. Candidatou-se e foi contratado como office-boy. Na época, a Globo em São Paulo tinha só programas jornalísticos, entre eles o matinal “TV Mulher”, dirigido por Nilton Travesso. Via sempre o Nilton passar com o Boni, e tentava acompanhar ao máximo as gravações. Ao ver o Nilton trabalhando, eu já pensava: este é o verdadeiro artista.

Na hora de prestar vestibular, Fernando optou por Rá­dio e TV, que cursou na Faap. Quando terminei a faculdade, não existia mais o “TV mulher”, mas em São paulo a globo ainda era só jornalismo. E eu queria trabalhar em produção. Já tinha subido, tive várias funções, mas depois de nove anos pedi demissão. Foi então para Recife, onde trabalhou numa campanha política. Quando voltou, uma amiga o indicou para o SBT. Trabalhei no núcleo do Avancini e comecei como produtor de locação, depois fui produtor de set. Não gostei muito, mas quando cheguei a produtor de elenco me realizei. percebi que gostava dessa área de casting porque ela reunia o trabalho com as pessoas, a parte artística e a negociação.

Pouco depois, o diretor Walter Avancini se mudou para Portugal e Fernando passou a fazer parte da produção do programa “Jô­ Soares Onze e Meia”. Foi quando o diretor Nilton Travesso assumiu a dramaturgia do SBT. Veja como o

as edições 1, 2 e 3 da “Casa dos Artistas”. Foi divertido, mas não podia aparecer com um amigo ator, nem sair para jantar, que todo mundo já achava que a pessoa tinha sido escolhida.

Hoje seu trabalho consiste no recebimento e avaliação de currículos de atores, direção de testes, indicação de atores para os papéis das novelas,

negociação de contratos e benefícios com os escolhidos e na administração da rotina diá­ria dos atores. Não tenho o menor talento para subir no palco, mas preciso saber se quem está lá em cima tem. é do teatro que vêm grande parte dos atores revelados pelo núcleo. Em cada novela, revelamos no mínimo três novos atores. Daqui saíram a Ana paula Arósio e o Caio Blat, por exemplo.

O descobridor de talentos

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mundo dá voltas. Na hora disseram para ele que eu já tinha experiência com isso e nos conhecemos. Na primeira vez não tive coragem de contar minha história, mas falei da minha admiração. Hoje posso dizer que a maior parte do que eu sei aprendi com o Nilton. Se cheguei onde cheguei — e acho que ainda tenho muito a aprender — foi graças a ele, que me lapidou, me ensinou a tratar bem

os atores. Trabalhamos juntos por anos: tive uma breve saída para trabalhar com a leonor Corrêa no Faustão quando o núcleo do SBT acabou de novo, mas em seguida ele foi para a Band e me chamou.

Há­ cinco anos, Fernando voltou ao SBT, desta vez como diretor de elenco. Fiquei seis anos longe, mas gosto muito de trabalhar aqui. No começo, ainda participei da seleção dos atores para

“goSTAVA DA ÁREA DE CASTINg poRQUE ElA REUNIA A pARTE ARTíSTICA E A NEgoCIAção”.

FERNANDo RANColETA

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Da produção ao atendimento

A OpenFilms anunciou duas contratações que dão continuidade à fase de crescimento da produtora. keila Borges, ex-Conspiração Filmes, volta da Argentina para atuar como secretá­ria de produção, e Daniela Conde complementa o time de aten-dimento e comunicação, vinda da NovagênciaSNBB.

Sob nova direçãoCelso Penteado é o novo diretor

comercial do Núcleo de Publicidade dos Estúdios Mega em São Paulo e no Rio de Janeiro. Com passagem pelas empresas Crosspoint e Exec, traz em seu currículo experiência de atendi-mento junto a produtoras, emissoras de TV e agências.

De malas prontasO engenheiro Leonel da Luz

está­ de mudança para Goiânia, onde ficará­ responsá­vel por toda a á­rea de tecnologia do Grupo Jaime Câmara (TV Anhangüera). Leonel trabalhou durante anos na Videodata e também atuou como consultor autô­nomo no mercado de radiodifusão.

Novidades na Republika A Republika Filmes reforçou sua equipe de

atendimento e finalizacão. Daniela Harriz integra o departamento de atendimento comandado por Má­rio Peixoto. Daniela trabalha há­ dez anos como atendi-mento: veio da SFilmes e passou Tambor, Laruccia, Espiral entre outras. Recém chegada de Portugal, a mineira Juliana Lavarini junta-se a Ana Paula Faria no departamento de finalização. Juliana veio da ShowOff Filmes onde trabalhou como coordenadora de pós-produção e finalização.

ABPTA tem novo diretorCarlos Alkimim é o novo diretor

executivo da ABPTA - Associação Brasileira dos Programadores de Televisão por Assinatura, o braço local da TAP Television Association of Programmers (Associação dos Programadores de Televisão), que tem sede em Miami. O executivo acumula 13 anos de experiência no setor de TV por assinatura no Brasil, tendo trabalhado na Globosat, Net Sat, Globocabo e Net Brasil. Ele vem da Nickelodeon, onde nos últimos quatro anos esteve à frente das á­reas administrativa, financeira, tecnológica e de recursos humanos da programadora.

Nova cúpula A Hispasat renovou a cúpula do

grupo no Brasil. Eduardo Aspesi, exe-cutivo de experiência no setor de TV multimídia e telecomunicações, passa a ser o responsá­vel pela Hispamar Satélites, sociedade dividida pelo grupo Hispasat (80,9%) e pela Telemar (19,04%). Aspesi desempenhará­ a função de diretor-presidente da Hispamar, em coordenação com a direção do grupo Hispasat, na Espanha.

O conselho de administração da Hispamar também foi renovado, com a incorporação de: Ronaldo Iabrudi, presidente da Telemar, e Petra Mateos-Aparicio, presidente do grupo Hispasat.

Novo executivoA ADLine está­ com um novo exe-

cutivo de contas. Trata-se de Má­rio Sérgio, que

já­ trabalhou como gestor da á­rea

técnica do SBT atua há­ mais de 15 anos no setor de radio-difusão. Nos

últimos dois anos Má­rio Sérgio

vinha trabalhando como consultor.

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Artigo de primeira necessidadeProrrogação do Artigo 1º “sequinho”, sem alterações virou unanimidade nos setores cinematográ­ficos, mesmo com as distorções causadas pelo mecanismo.

A prorrogação do Artigo 1º da Lei do Audiovisual é uma unanimidade entre os diferentes players do cinema. Mais

que isso, tornou-se unanimidade a prorrogação do Artigo 1º “sequinho”, como defendeu Luiz Carlos Barreto em evento promovido pelo FAC em meados de setembro para discutir o tema.

Gustavo Dahl, presidente da Ancine, afirmou que o Senado pretende fazer a prorrogação ainda este ano, para não deixar a discussão para o ano eleitoral. Para ele, a volta do tema ao Legislativo é uma oportunidade de rever o modelo.

Além dos pontos destacados pelo presidente da Ancine, o mecanismo também não cumpriu o seu papel de mostrar que o cinema pode atrair investimentos privados não incentivados. Prova maior disso é a necessidade de sua prorrogação.

Mesmo com tantos problemas, porque a prorrogação do Artigo 1º exatamente como é hoje se tornou uma unanimidade? Porque este é o responsá­vel pela maior parte dos investimentos realizados em cinema desde 1995. Segundo dados da Ancine, foram investidos através de mecanismos de incentivo entre 1995 e 2004 R$ 813,324 milhões. O Artigo 1º da Lei do Audiovisual foi

“A Lei do Audiovisual oxigenou o cinema brasileiro com novos diretores, mas não ajudou a consolidação das produtoras como empresas”, destacou. Ainda, Dahl apontou outro defeito do mecanismo. Segundo ele, o Artigo 1º da Lei do Audiovisual não oferece parâmetros de reinvestimento conforme a performance dos filmes. “Há­ um descompromisso total com o resultado dos filmes, o que gera uma irracionalidade nos investimentos”.

Na revisão do modelo, segundo Dahl, poderiam ser criadas formas do governo efetivamente poder regular todo o setor. “TV e distribuição não estão contemplados no mecanismo”, lembrou. “É o momento de discutir com o setor e com o Ministério da Fazenda as possíveis melhorias”, finalizou.

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responsá­vel por mais de 50% desse montante: R$ 442,122 milhões. O Artigo 3º foi responsá­vel por investimentos no mesmo período da ordem de R$ 136,848 milhões; pela Lei Rouanet foram aplicados R$ 202,420 milhões. O restante foi através de conversão da dívida pública (R$ 12,371 milhões) e pelo Artigo 39 da MP 2228-1 (R$ 19,563 milhões).

Além disso, começar uma nova discussão pode atrasar os trabalhos para a prorrogação do mecanismo e levar o tema a um embate político em ano eleitoral.

O produtor Paulo Thiago também defendeu a “prorrogação simples, sem ampliações”. “‘Dois Filhos de Francisco’ mostra que

este é um modelo pujante”, disse. Para ele, entrar em novas discussões pode levar ao campo político, gerando novas polêmicas. Para o cineasta ícaro Martins, da Apaci (associação dos cineastas paulistas), “cada vez que se muda o modelo, vem um período de adaptação sofrível”. O produtor Leonardo Monteiro de Barros, da Conspiração Filmes, diz que o Artigo 1º deve ser renovado “por mais cem anos”. “Se ele não for mais necessá­rio, a gente tira”, disse.

Nem mesmo o aumento do limite má­ximo de investimento por projeto foi acatado por todos. “Isso só faria subir os custos de produção”, disse Monteiro de Barros.

O Senado parece estar afinado com a idéia da prorrogação do mecanismo como está­. Em debate sobre o tema precipitado pela sub-comissão de cinema, ainda no final de agosto, o senador Sérgio Cabral (PMDB/RJ) defendeu a tese da prorrogação.

e exibição de obras cinematográ­ficas e videofonográ­ficas brasileiras, assim como de projetos de infra-estrutura técnica para a atividade cinematográ­fica. Pela regulamentação, os recursos do Prodecine poderão ser objeto de aplicação a fundo perdido, e cabe à Agência Nacional

do Cinema estabelecer critérios e diretrizes gerais para a aplicação e a fiscalização de seus recursos.

Viriam do Prodecine também os recursos para o Prêmio Adicional de Renda, também previsto em lei, mas que não foi instituído pela Ancine. Quanto a este mecanismo, há­ uma série de controvérsias e discussões no setor. Há­ quem defenda que o mecanismo deveria ser usado para minimizar o prejuízo em produções que não tiveram boa performance em bilheteria. O outro lado em discussão é que não se deve premiar a má­ performance, mas apenas aqueles cumpriram com as expectativas mercadológicas que apresentavam no momento do desenvolvimento do projeto. Além disso, outro ponto é sobre quem deveria receber o prêmio, produtores ou distribuidores.

Outra questão, levantada pelo produtor Paulo Thiago no evento, é a concorrência da Lei do Audiovisual com a Lei Rouanet. Ambos os mecanismos permitem que se invista deduzindo até 3% do imposto devido. Contudo, o limite má­ximo para dedução dos mecanismos somados é 4%. Segundo ele, muitas das grandes empresas nacionais investem em suas próprias fundações através da Lei Rouanet e “nem sabem da existência dessa lei (do Audiovisual)”.

“O sentimento pela renovação pura e simples da Lei do Audiovisual é mais simples de ir adiante. Se for mudar muita coisa na lei, o risco é maior”, disse o senador, lembrando o projeto da Ancinav, que acabou com uma discussão “desastrada” depois que apresentou um conjunto muito grande de pontos para o debate. O senador cobrou do Executivo projeto nesse sentido, lembrando que no ano que vem o Congresso tende a trabalhar em outro ritmo, o que colocaria em risco a continuidade dos incentivos.

outros mecanismosApós concordância geral no

evento, até mesmo Gustavo Dahl acatou a idéia de Luis Carlos Barreto, que disse ainda que “assim, teremos tempo para aprimorar o modelo, fazer com que outros mecanismos funcionem”. Rodrigo Saturnino Braga, da Columbia, lembrou que a lei prevê dois importantes mecanismos que não foram implementados: o Prodecine e o Prêmio Adicional de Renda. “São fundamentais para alavancar a distribuição”, destacou.

O Prodecine (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional),

vale lembrar, seria um fundo auto-sustentá­vel que, com recursos da Condecine e gerados através dos investimentos, investiria em projetos de produção, distribuição, comercialização

para o produtor luis Carlos Barreto, lei deve ser

simplesmente prorrogada, sem que se tentem modificações

no mecanismo.

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“ Há um descompromisso total com o resultado dos filmes, o que gera uma irracionalidade nos investimentos”gustavo Dahl, da Ancine

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O Congresso da SET, que aconteceu entre os dias 21 e 23 de setembro, em São Paulo, paralelamente à feira Broadcast & Cable,

teve clima de comemoração por parte dos radiodifusores que, segundo afirmou o presidente da Abert, José Pizani, na abertura do evento, vivem em um momento privilegiado, por ter recebido um ministro “cuja origem é o nosso setor”. Tanto no que se refere às definições sobre rá­dio e TV digital, quanto na questão da entrada das empresas de telecomunicação na distribuição de conteúdo, os radiodifusores acreditam estar agora mais bem representados.

O presidente da SET, Roberto Franco, afirmou que só se discutia a “tecnologia por ela mesma, sem respeitar o empresá­rio e o consumidor”. Segundo ele, com a chegada de Hélio Costa ao Ministério das Comunicações, “volta-se a levar em conta 14 anos de pesquisa em TV digital”. O presidente da Abra, Johnny Saad, foi na mesma linha. Para ele, o ministro Hélio Costa “chegou com uma postura correta”. Saad criticou ainda a entrada das operadoras de tele-fonia celular na distri-buição de conteúdo. “Essa conversa de con-vergência só interessa às companhias tele-fô­nicas”, disse.”Somos animais diferentes, a radiodifusão é gratuita”, completou.

Logo na abertura do evento, o Ministério das Comunicações

prioritariamente as necessidades das emissoras. um radiodifusor chegou a ironizar, dizendo que “o plano B é o plano A”.

André Barbosa Filho (Casa Civil), coordenador do Comitê Consultivo do Grupo de Trabalho Interministerial que elaborará­ o anteprojeto da Lei de

Comunicação Eletrô­nica de Massas, no entanto, reafirmou a TELA VIVA que existe uma política de governo e que ela deverá­ ser levada adiante. “Seja plano A, B ou C, deverá­ cumprir as exigências dessa política”, disse. Para ele os principais ativos da TV digital no Brasil são o fortalecimento da pesquisa e desenvol-vimento, a criação de um parque tecnológico e o suprimento de demandas de acesso da população.

CaracterísticasAcadêmicos

envolvidos no desenvolvimento do SBTVD mostraram algumas das pesquisas realizadas até o momento e, reservadamente, comemoraram a abertura dada pela SET para que eles participassem do evento. Apesar de, muitas vezes, ficar clara a falta de sinergia entre as opiniões de radiodifusores e acadêmicos, em alguns casos pode-se perceber que os pesquisadores se esforçam para ser um elo entre o que defende alguns setores do Governo e os broadcasters.

uma das diferenças entre defensores da democratização da comunicação e radiodifusores foi em relação ao próprio modelo de exploração das freqüências. Segundo Fernando Bittencourt, diretor de engenharia da Rede Globo, as emissoras de TV aberta que quiserem competir com os demais serviços digitais precisarão manter, no mundo

acalmou os radiodifusores, afirmando que tem na manga um “plano B” para a TV digital, a ser usado dependendo dos resultados das pesquisas em curso para o SBTVD. Segundo o secretá­rio de Comunicação Eletrô­nica do Ministério das Comunicações, Joanilson Ferreira, trata-se de um procedimento comum em projetos. “O que você faz se um determinado pedaço da pesquisa não der certo? Para isso o Minicom e o CPqD já­ trabalham em alternativas para cada etapa do projeto”. O secretá­rio também detalhou como está­ se dando a participação mais ativa dos radiodifusores no processo de decisão da TV digital. Agora, foi montado um grupo de trabalho envolvendo as redes, o Minicom, o CPqD e a Anatel, que está­ discutindo os aspectos técnicos do projeto. Segundo o secretá­rio, este grupo não participará­ das decisões

regulatórias, que estão exclusivamente a cargo do Minicom.

O “plano B” a que o Minicom se refere, no entendimento de fontes do setor, seriaatender

André Mermelstein e Fernando Lauterjung a n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r | f e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

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“o minicom e o CpqD já trabalham em alternativas para cada etapa do projeto.”Joanilson Ferreira, do Minicom

Engenharia políticaEncontro dos engenheiros de televisão, Congresso da SET toma caminho político, discutindo questões como a TV digital, convergência e rá­dio digital.

“Seja plano A, B ou C, deverá seguir as políticas determinadas pelo governo.”André Barbosa, da Casa Civil

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digital, uma faixa de 6 MHz como a que ocupam hoje no espectro analógico. Segundo ele, a TV digital terá­ que competir com vá­rias mídias inexistentes há­ dez anos, como o cabo digital, o DTH, o celular 3G e o DVD de alta definição e, para isso, precisará­ ter à disposição a possibilidade de prestar diversos serviços, como transmissão em HDTV e móvel. Ele explica que para isso, as emissoras precisam ter garantidos os 6 MHz, pois mesmo com as novas tecnologias de compressão, como o MPEG-4, não seria possível fazer tudo em uma faixa menor.

Bittencourt, que assume ter preferência pessoal pelo padrão japonês (ISDB-T), não acredita que o Brasil deva simplesmente adotar o padrão como está­. “Acho que devemos e temos a capacidade de >>

ENTIDADES REClAmAm DE poSIçõES Do mINISTRoAlgumas associações representativas

da sociedade civil, especialmente setores ligados à comunicação, estão protestando

abertamente em relação ao rumo que tem sido dado ao processo de decisão da TV digital. Em carta aberta ao Congresso Nacional e ao presidente da República, as entidades ABCCOM (Associação Brasileira de Canais Comunitá­rios), ABONG (Associação Brasileiras de ONGs), ABTu (Associação Brasileira de TVs universitá­rias), CBC (Congresso Brasileiro de Cinema), Cris Brasil (Articulação Nacional pelo Direito à Comunicação) e FNDC (Fórum Nacional pela

Democratização da Comunicação), em conjunto com o movimento Quem financia a Baixaria é Contra a Cidadania querem que o governo mude os rumos da discussão. Segundo as associações, as decisões tomadas num futuro próximo “podem alterar o cená­rio de concentração dos meios, contribuir para as políticas de inclusão digital e permitir uma apropriação do público sobre o privado”.

Ainda, o documento diz que “o debate sobre a TV digital deve se tornar efetivamente público imediatamente”.

De acordo com as entidades, “as emissoras querem reproduzir com a TV digital o atual cená­rio de concentração e negar a possibilidade de participação de novos atores neste espaço”.

As associações signatá­rias da carta reclamam abertamente do ministro Hélio Costa, das Comunicações. “As ações do ministro revelam a nítida intenção de considerar exclusivamente os interesses dos empresá­rios detentores das concessões públicas, fazendo da TV digital instrumento de ampliação do potencial comercial destas emissoras — e nada mais”. Dizem que o ministro desrespeita os processos em andamento em relação ao Conselho Consultivo da TV digital e em relação aos consórcios de pesquisa. “Para que o interesse público prevaleça, a sociedade civil deve, com urgência, se tornar protagonista dos debates que envolvem a TV digital, tanto pela valorização do Comitê Consultivo como pela introdução de mecanismos que possibilitem a participação da sociedade civil nas principais decisões relativas à digitalização da televisão brasileira”.

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fazer modificações. Estes padrões têm mais de dez anos, temos condição de implantar algo melhor que o que existe nos outros países”, concluiu.

O contraponto ao modelo de exploração foi apresentado pelo presidente da ABTu (associação dos canais universitá­rios), Gabriel Priolli, que defendeu que a digitalização abra espaço para novos agentes, com a liberação do espectro de freqüências. Ainda assim, ele também defendeu a tese de que a TV digital deva possibilitar o HDTV mesmo para as TVs públicas, que do contrá­rio não teriam como competir pela audiência.

O elo entre as duas opiniões pode estar nas pesquisas desenvolvidas para o SBTVD. Segundo o professor Gunnar Bedicks, pesquisador do Mackenzie e coordenador do grupo que estuda modulação no SBTVD, a modulação proposta pelo grupo, a DMMB-T (Digital Multimedia Multicasting Broadcasting Terrestrial), permitirá­ utilizar os canais adjacentes, hoje desocupados para não causar interferência nos canais em operação. “Como não usamos toda a faixa

de 6 MHz, deixando uma pequena margem nas pontas da freqüência, não deve haver interferência”, explica. Com isso, não só o momento de transição pode ter uma canalização mais simples, mas também haverá­ espaço para novas emissoras após esse período.

Novos playersO presidente da Anatel,

Elifas Gurgel do Amaral, afirmou na abertura do congresso que a Lei Geral de Comunicação de Massas deve criar “um momento de transição”

para convergência das mídias e a entrada dos grupos de telecomu-nicações na distribuição de conteúdo audiovisual. Gurgel deu a entender em seu discurso que a entrada das empresas de telecomunicações nesse mercado é inevitá­vel. Sua postura contraria o que diz o ministro Hélio Costa que, em entrevista à revista TELA VIVA de setembro, afirmou que as operadoras de telefonia não são empresas de comunicação.

uma coisa é certa: tanto emissoras quanto operadoras de celular concordam que o conteúdo é determinante para o sucesso de um serviço. “Quando lançamos o Mundo Oi, o desafio não foi achar um terminal de baixo custo, mas sim o conteúdo. uma vez que o usuá­rio tem acesso, ele fica ‘viciado’, não quer mais

ficar sem”, conta Alberto Blanco, diretor da Oi (operadora celular da Telemar). Luis Avelar, diretor de inovação da Vivo, vai na mesma linha: “quando lançamos o Vivo ao Vivo, há­ três anos, a ARPu destes usuá­rios subiu 50%. Hoje temos 4 milhões de downloads por trimestre e isso cresce 10% ao mês”, contou o executivo.

Para Avelar, o mercado de TV no celular não concorre com o broadcast, porque é uma TV customizada, on-demand, em que o assinante paga pelo sinal e não vai assistir por horas seguidas. O executivo afirmou que a Vivo vai testar no Brasil a plataforma MediaFLO, da Qualcomm, que permite que o assinante assista vídeos no celular segundo uma programação definida por ele próprio. E aproveitou para alfinetar: “Se a regulamentação proibir isto, está­ deixando o Brasil para trá­s”.

Já­ Bittencourt, da Globo, vislum-bra outro cená­rio, em que os sinais estarão abertos no ar para livre rece-pção, e afirmou que as teles não se recusarão a subsidiar os terminais ca-pacitados a recebê-los. “Quando nos-so sinal estiver no ar, os fabricantes vão querer vender os aparelhos para receber, e todos (os operadores) vão querer entrar junto”, afirmou.

(radiodifusão)

No dia 26 de setembro, no jantar comemorativo dos 70 anos da AESP (assoc. das emissoras de São Paulo), foi anunciado o início oficial das transmissões de rá­dio digital terrestre no Brasil. O anúncio foi corroborado pelo ministro Hélio Costa (Comunicações), que saudou os radiodifusores pela ocasião.

A Anatel autorizou as emissoras a fazerem apenas testes com os transmissores digitais, período em que elas têm que passar à agência relatórios sobre a recepção dos sinais e o funcionamento do sistema. Na prá­tica, o que se vê é que os broadcasters criaram uma situação de fato, que dificilmente terá­ volta. “Todo o mundo já­ comprou o transmissor”, revelou a TELA VIVA um radiodifusor de grande expressão.

Segundo Ara Apkar Minassian, superintendente de Comunicação de Massa da Anatel, o governo não definirá­ um padrão único de rá­dio digital. A opção tecnológica poderá­ ser feita individualmente pelas emissoras, a exemplo do que acontece com os celulares. a única exigência é que o padrão escolhido use tecnologia que faz as transmissões em cima da mesma banda

usada hoje pelas transmissões analógicas. Isto porque, explica Minassian, não há­ freqüências disponíveis fora das faixas atuais. Atualmente, dois padrões funcionam desta forma: o DRM e o iBiquity IBOC (In Band One Channel), o escolhido das emissoras, por trabalhar em AM e FM.

A princípio, a idéia das emissoras é, a partir dos testes (e caso estes tenham sucesso), começar a transmitir permanentemente em digital (mantendo o analógico paralelamente por tempo indeterminado). Segundo Ara, não será­ necessá­ria nenhuma nova autorização para isso.

Já­ André Barbosa, da Casa Civil, acredita que os radiodifusores estão cometendo um erro ao assumir o iBiquity como uma opção única. “O transmissor IBOC custa uS$ 120 mil. Quem vai pagar por isso? O governo?”, disse. Para ele, deveria ser aproveitado o momento para testar também o DRM, como a Radiobrá­s está­ fazendo. “É verdade que, por enquanto, só funciona em AM. Mas a FM vai muito bem no Brasil e as pesquisas para o DRM em FM continuam”, diz Barbosa.

Ele diz que, com os testes mais divididos, seria possível inclusive “pressionar os americanos (iBiquity) a oferecer as mesmas condições que os europeus (DRM) oferecem”.

RÁDIo DIgITAl: FATo CoNSUmADo

lANçAmENToSCoNFIRA AlgUNS DoS pRINCIpAIS pRoDUToS ApRESENTADoS NA BRoADCAST & CABlE 2005 NA SEção UpgRADE, à pÁgINA 54.

“Se a regulamentação proibir a TV no celular, o Brasil ficará para trás.”luiz Avelar, da Vivo

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(programação)

Segundo canal da MTV virá­ de MiamiVH1 Brasil deve chegar ao mercado nacional no próximo ano, mas será­ produzido e distribuído pela MTV Networks, dos EuA.

André Mantovani, diretor geral da MTV Brasil e também responsá­vel pela direção de mídia eletrô­nica do Grupo

Abril, define a MTV como o mais bem-sucedido canal segmentado do País e diz que, por ser de nicho e aberto, está­ acima de qualquer outro canal da TV por assinatura. Tanto é que, baseado em pesquisas, poderia e gostaria de fazer um segundo canal. Há­ pelo menos sete anos a emissora planeja este segunda faixa no espectro, por um simples motivo: há­ mercado, anunciante e conteúdo. O problema é a falta de distribuição.

“Tenho pesquisa de campo que indica que a demanda é alta: dos 25 aos 45 anos, classes AB, há­ um público que quer videoclipes, notícias, humor, programação de linha; é um pessoal que está­ órfão, porque já­ passou da idade da MTV”. Explica-se: a MTV brasileira, que já­ tem 15 anos no mercado, deixou um público desolado - os que gostam de música mas que não se enquadram mais na sua faixa etá­ria. Daí que a idéia de se fazer um segundo canal, o VH1 Brasil, estava tanto nos planos da MTV brasileira quanto de seu sócio internacional, a Viacom, dona da marca nos EuA e sócia em 30% da MTV nacional.

“Claro que há­ viabilidade comercial para um canal assim. Os anunciantes pedem. Por exemplo, a Coca-Cola Light é para o target mais velho. A Coca está­ na MTV, mas para a Light, prefere anunciar a um público mais velho — o que

emissora brasileira. “Obviamente, estamos discutindo a forma de cooperação na produção e desenvolvimento do canal, mas o embrião, onde ele está­ sendo gestado, é em Miami.”.

O motivo da transferência de gestão do canal é um só, nas palavras de Mantovani, uma questão de distribuição no mercado brasileiro: “Na prá­tica, eu não consigo entrar (nas operadoras de TV paga). Na realidade, o produtor nacional de conteúdo não consegue entrar. Tem de ser estrangeiro para entrar. E o VH1 está­ vindo do estrangeiro; daí entra”. Ele continua: “A Net Brasil não deixa entrar. Eles falam que não conseguem carregar, e daí aparecem novos canais; eles falam que não têm banda, daí aparece a banda. Vão falar que atendem a demanda dos assinantes, e você vai querer me convencer que o assinante prefere um canal que não tem nada a ver com ele? A argumentação é falaciosa.”

TV abertaMantovani diz que a MTV

está­ nos sistemas porque não é primordialmente um canal de TV por assinatura, mas sim uma emissora aberta. “Se você pegar os números

Edianez Parentee d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

está­ preocupado com a barriga. Carros também. É um segmento com bastante poder aquisitivo, difícil de acessar. Mercado existe tanto do ponto de vista do telespectador quanto do anunciante”, diz Mantovani.

O dirigente da MTV brasileira conta que teria estrutura e expertise de sobra para produzir este novo canal localmente. No entanto, ele afirma que a idéia teve de ser abortada, ao menos desta maneira. Pode-se esperar, sim, um VH1 Brasil, mas ele será­ feito pelo sócio americano, produzido em entregue via Miami.

“Eu posso falar pouco sobre este canal, porque é uma iniciativa que está­ mais concentrada em Miami do que no Brasil — não vai ser produzido aqui. Vai ser feito lá­ fora”, conta o diretor geral da

“minha tia fala que não gosta do meu canal. Daí eu digo: ainda bem, tia, porque se você gostasse eu ficaria desempregado”.André mantovani, diretor geral da MTV

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do Ibope, vai ver que eu tenho disparado a maior audiência em TV segmentada do País. Nos domicílios onde há­ TV por assinatura, a MTV é número um em termos de ambiente de TV segmentada, no target, obviamente — 15 a 29 AB. Somos um canal de música jovem”.

No cabo, o canal é obrigatório. Sky e DirecTV compram programação; a Net Brasil também, nas praças onde o canal é oferecido na modalidade paga. “Tirar a MTV dessas operações é dar um tiro no pé e na cabeça”, afirma.

“Outro dia ficamos fora do ar por um minuto na Sky, por estarmos trabalhando no sistema de codificação. Houve seis reclamações, por um minuto fora do ar”, conta o diretor. A operadora tem cerca de 800 mil domicílios assinantes.

Sobre as negociações de renovação do contrato para a

Cartoon Network, lá­ atrá­s, em 1996, tinha por modelo a bem-sucedida empreitada da emissora musical no mercado nacional.

Mas Mantovani dispensa comparações: “A MTV não deveria ser modelo pra TV paga, porque somos bem maior do que qualquer

canal da TV por assinatura. A gente está­ crescendo bastante, devendo ultrapassar 30% de aumento no faturamento publicitá­rio neste ano, o que é um pouco acima do mercado”, diz, ao lembrar que desde “quase sempre” o crescimento anual da MTV brasileira manteve-se em dois dígitos.

MTV Brasil com a Net Brasil — que compra programação nacional para Sky e Net Serviços, Mantovani conta: “Eu estava negociando o preço. Era uma negociação normal de preço e contrato — e não acabou. Está­ fechado, mas falta ver o contrato assinado. Acho que tem um acordo aí. Até assinar, pode mudar. Está­ muito bem encaminhado.” As afirmações de Mantovani geraram imediatamente uma resposta do dirigente da Net Brasil, Alberto Pecegueiro (leia box).

Não por acaso, a MTV foi o modelo de implementação de toda uma gama de canais por assinatura no País. O primeiro dos canais internacionais e vender publicidade específica no mercado brasileiro, o >>

NET BRASIl: opERADoRAS Não CompoRTAm NoVoS CANAIS

“Qualquer pessoa séria e minimamente informada sobre o mercado nacional de TV por assinatura sabe que os operadores não têm condições de incluir novos canais no line-up, ou por não haver espaço ou por questões de orçamento. Não se pode ignorar uma realidade comercial e técnica”, afirmou Alberto Pecegueiro (foto), diretor geral da Globosat e também da Net Brasil. Especificamente sobre o interesse em um segundo canal feito pela MTV Brasil, o VH1 Brasil, Pecegueiro diz que houve uma tentativa de imposição do novo canal para distribuição à Net Brasil.

Pecegueiro afirma ainda que seguem as negociações com programadoras brasileiras para canais por assinatura, como os do grupo Bandeirantes e o infantil TV Rá­-Tim-Bum, da TV Cultura. “O que ocorre é que não dá­ para levar todo o mundo nos pacotes bá­sicos”, diz ele, que classifica como oportunistas declarações dando conta de que a Net Brasil não se interessa pelos canais nacionais.

VJs no Video music Brasil: maior audiência no target jovem.

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(programação)

De acordo com André Mantovani, as licenças de TVA do Grupo Abril (as

antigas outorgas de uHF fechada, não confundir com a operadora de mesmo nome) ainda estão em aná­lise, para desenvolvimento. São concessões para operar em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. “Trata-se de um tipo de canal muito peculiar, de TV por assinatura que pode ficar uma parte do dia aberto. Não é must-carry. Então, como se vai vender assinatura dele? Tem de haver um decoder específico. Eu não posso falar ainda, mas tenho algumas idéias de como movimentar essas freqüências de alguma maneira efetiva”, conta.

Ainda como diretor de mídia eletrô­nica da Abril, André Mantovani conta que o grupo planeja lançar canais: “Mas são canais pela Abril — não pela MTV. Serão canais novos, segmentados, para TV por assinatura. um para humor, outro de games, um canal local para São Paulo e outro de música brasileira”.

Ele diz que não necessariamente todos os canais que pensa serão inseridos na TVA, operadora de TV paga do grupo. “Claro que se eu inventar um canal de balonismo, ou de plantação de ervilha, não sei se eles vão querer... Tem de

revistas e transformar em canais de TV”, arremata.

A partir daqui entra texto novoOutra novidade que a MTV

do Brasil prepara é o lançamento da MTV Filmes. A emissora já­ desenvolve um projeto para cinema junto à Buena Vista. “Será­ um filme de animação para o público jovem”, afirma André Mantovani, explicando que a emissora não pretende recorrer a incentivos fiscais para custear a produção, resolvendo bancá­-la com recursos próprios. O sucesso das animações “Mega Liga de VJs Paladinos” e “Fudêncio” é o motivador para o novo projeto.

Do lado da tecnologia, a ordem na emissora é a digitalização de tudo. “Aos poucos, estamos indo para o processo digital. A edição já­ o é; a captação ainda é híbrida”, explica Mantovani, lembrando que os equipamentos vem sendo trocados aos poucos. uma grande troca é esperada para o ano que vem: a antena da emissora, localizada no bairro do Sumaré, por uma questão de tempo de uso mesmo.

haver demanda. Estamos em época de aprovação de orçamento na Abril. Isso é parte de um plano maior. Não se lança quatro canais de uma hora pra outra, mas um deles no ano que vem eu começo”. E ele diz que na TVA e Neo TV os novos canais devem entrar.

Quanto à sinergia editorial ante as publicações da Editora Abril, Mantovani diz que o canal de games, por exemplo, teria sinergia com um título como a Super-Interessante. “Mas há­ conteúdos distintos entre o canal de TV e as publicações. A idéia não é pegar as

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Grupo Abril tem projeto de novos canais

o sucesso do desenho “Fudêncio” anima projeto para cinema

ConcorrênciaA MTV não vê ninguém à sua

frente. “Concorrente? Não tem, de verdade. Mas tem gente disputando o mercado. Outro dia apareceu uma nota sobre o canal Mix TV (N.E.: emissora de uHF em São Paulo), mas ele não chega a ser um canal, é só um bloco de quatro horas com clipes, se comparado conosco. Isso é um movimento muito de guerrilha, está­ começando, dizendo a que veio. O próprio Di Genio (N.E.: João Carlos Di Genio, dono do canal) diz: eu vim

pra concorrer com a MTV”. Na opinião de Mantovani, o canal ainda tem de se desenvolver.

Sobre o Multishow, da Globosat, Mantovani concorda que o canal tem um viés musical: “Mas o próprio nome do canal já­ diz que é uma programação variada; tem até programa de mulher pelada lá­. Não está­ no nosso nicho”.

No DTH, a situação é mais variada: “Na grade da Sky, por exemplo, só temos nós; agora vieram a MTV Soul e Mega Hits, que estão ali, mas não concorrem, não vendem comerciais”.

A banda pitty, durante o Video music Brasil

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(televisão)

Nas ondas do FuturaCanal amplia cobertura com inauguração de sua geradora educativa no Rio de Janeiro, e uma rede de retransmissoras em oito estados.

A partir de novembro, o canal Futura entra no ar pelo canal 18 uHF no Rio de Janeiro. O Futura, que completou oito anos

em setembro, obteve no ano 2000 a concessão de uma geradora educativa em São Gonçalo, na Grande Rio, e o passo marca a entrada definitiva do Futura no mundo broadcast.

O canal, que está­ no cabo e no satélite (sistema Net/Sky e Vivax) e também aberto nas parabólicas, já­ vinha sendo transmitido em canal aberto por alguma universidades parceiras, naquilo que compõe a primeira rede educativa privada do País (e um caso raro no mundo todo).

A maior parte das emissoras da “rede Futura” transmite em uHF, com exceções como a uNO TV, mantida pela universidade do Oeste Paulista, que está­ no canal 2 VHF, e da uPF TV, de Passo Fundo (RS), que está­ no canal 4. São ainda retransmissoras a TV Lúmen (Paraná­, ligada à PuC), TV unisinos (São Leopoldo, RS), TV unama (Pará­), TV unaerp (Litoral Paulista, com estréia em breve), TV univali (Santa Catarina), TV Cefet (Rio

“Eles precisam de produção nacional e também tem muito conteúdo para ser explorado”, explica Lúcia. Mas o mais

importante, segundo ela, é que o canal busca sempre uma atuação junto às comunidades que atinge, e em parceria com a universidade consegue ter uma ação presencial em diversas localidades sem ter que investir diretamente. Ou seja, as universidades também acabam funcionando como braços dos projetos comunitá­rios do canal.

O resultado deste modelo integrado é que as afiliadas não participam apenas com contribuições à rede, mas em alguns casos até conseguem inserir programas na grade nacional. É o caso da universidade de Passo Fundo, que criou o programa infantil “Mundo da Leitura”. O programa era reproduzido apenas em circuito interno da universidade. O Futura deu suporte para desenvolver melhor o produto e hoje o programa

André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

de Janeiro, em circuito interno) e TV uFPB (ligada à univ. Federal da Paraíba).

O sistema de afiliadas do Futura cobre um universo potencial de 10 milhões de espectadores. Na parabólica a estimativa é de que se atinjam outros 15 milhões.

Segundo a gerente geral do canal, Lúcia Araújo, o modelo de afiliação é bem diferente do convencional. As proponentes (sempre universidades) passam por uma seleção rigorosa, e não saem simplesmente reproduzindo a programação. “Eles fazem workshops aqui dentro, têm que entender como funciona o canal, e contribuir com a programação também”, conta Lúcia. Além disso, explica, o Futura dá­ assistência técnica, ajuda o canal local a se estruturar e dá­ consultoria para a produção local, para que haja um alinhamento com a filosofia do canal.

A escolha das universidades como parceiras se deu por um conjunto de fatores.

O Futura não se define apenas como um canal de TV, mas como um projeto social, no qual a programação é construída junto a uma rede de ONGs, fundações e todo o tipo de entidade. “Buscamos uma inovação no processo de produção televisiva”, diz Lúcia Araújo. “Quem faz televisão em geral é auto-refer-ente. Para ser plural, tem que ter ouras pes-soas na base, outras visões”, conclui. Segundo ela, trata-se de um projeto de “inclusão simbólica”, pois a população se vê refletida na tela da TV.

Além das ONGs, muitos dos projetos são desenvolvidos com a ajuda dos próprios mantenedores, sem que isso implique qualquer comprometimento da qualidade, segundo Lúcia. um exemplo é “Ao Ponto”,

programa ao vivo sobre sexualidade apresentado pelo psiquiatra Jairo Bouer, que apresentará­ vídeos do projeto Geração Futura, feito em parceria com a farmacêutica Schering.

Na parte de distribuição, a parceria com a Vale do Rio Doce permitiu que o canal instalasse monitores dentro dos vagões da estrada-de-ferro de Carajá­s, que transporta milhares de passageiros diariamente.

O canal também está­ presente nos ô­nibus urbanos de Passo Fundo, num projeto em parceria com a universidade local.

O Futura é capitaneado pela Fundação Roberto Marinho, e tem como parceiros apoiadores a Fundação Vale do Rio Doce, a Fundação Itaú Social, Fierj, Fundação Bradesco, Votorantim, Instituto Ayrton Senna, CNT/Sest/Senat, Schering, TNT, CNI, rede Globo, Sebrae e Fiesp.

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“A Cor da Cultura”: projeto sobre afro-descendentes foi desenvolvido junto à comunidade.

lúcia Araújo

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integra a grade do canal.Pelo menos uma vez por ano, as

afiliadas trabalham em um projeto de programação coletiva. Em 2004 foi “Gostinho do Brasil”, em que eram apresentadas receitas locais de cada estado, executadas por famílias da região. Em 2005 foi a vez de “Cada Casa, um Causo”, com histórias típicas de cada localidade.

programaçãoDentre as novidades na

programação do canal está­ o projeto “A Cor da Cultura”, em parceria com a Secretaria de Igualdade Racial, TV Globo, Cidam (ONG de artistas negros), Petrobras e a TVE, que vai veicular uma parte do programa. Trata-se de cinco séries com 56 programas ao todo.

A inspiração para o programa veio da lei 10.639, que obriga as escolas a incluir conteúdos afro-descendentes em seus currículos.

interprogramas que serão transmitidos também pela TVE, sobre personagens negros de nossa história, como Mestre Aleijadinho, Auta de Souza, Machado de Assis, Elizeth Cardoso e Pixinguinha. Os conteúdos foram desenvolvidos junto a cerca de 20 organizações e o programa foi produzido pela Black & Preto, com direção de Luiz Antô­nio Pillar.

A África, aliá­s, está­ cada vez mais presente no Futura. Em parceria com a produtora sul-africana Moments, o canal prepara o programa “I’m an African”, para ser exibido na cúpula da infância em 2007. Também o programa “Pé-de-que?”, apresentado por Regina Casé, terá­ cinco edições gravadas em Moçambique. O canal, aliá­s, tem um “branded block”, um bloco de uma hora em horá­rio nobre na TV moçambicana, que é líder de audiência no horá­rio.

Segundo Lúcia, o canal e as entidades perceberam que os diretores e professores não estavam totalmente capacitados para isso, e desenvolveram a idéia de levar estes conteúdos através do canal. Cada uma das séries se dirige a um público diferente. “Nota 10”, por exemplo, destina-se à capacitação dos professores, enquanto “Livros Animados”, um programa já­ existente na grade do canal, exibirá­ 20 lendas afro-brasileiras para as crianças. Em novembro, mês da Consciência Negra, será­ a vez de “Mojubá­”, série sobre os orixá­s. Outra série do projeto é “Heróis de Todo o Mundo”, 30

“Heróis de Todo o mundo”: personalidades do mundo negro, como o ministro Joaquim Barbosa (à esq.) contracenam com atores e lembram personagens históricos.

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Edianez Parentee d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

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Canais internacionais remetem R$ 1,5 bi em 30 meses

Em setembro, a Net Serviços começou a promover pra valer os canais HBO para atrair mais clientes à sua base de assinantes, a partir de uma campanha cooperada com o canal sobre a estréia da superprodução “Roma” (foto).

Mas é da Sky que vêm as mais otimistas previsões de vendas com o canal. No início de agosto, o CEO da operadora no Brasil, Ricardo Miranda, e Gaston Comas, CEO da HBO Latin America Group, previam que até o final deste ano cerca

de 5% (ou 40 mil assinantes) da base da Sky iriam comprar os novos canais. Ao final de setembro, Ricardo Miranda dizia que as vendas estavam indo além das expectativas, e agora a previsão é no mínimo de se chegar ao final de 2006 com uma penetração em torno de 10% sobre a base (aproxima-damente 80 mil assinantes). Segundo a Sky, acima de 90% dos compradores do pacote HBO optam pelo Total, o pacote completo com todas as opções do HBO Max Digital. No final de outubro a HBO deve fazer o lançamento de “Mandrake”, sua esperada primeira minissérie brasileira.

Desde que passaram a recolher 3% das remes-sas às suas matrizes no exterior para co-produção no Brasil (através do Artigo 39 da MP 2281-1), as programadoras estrangeiras de TV por assinatura instaladas no Brasil acumularam na conta até agosto último R$ 45,7 milhões. Desse total, R$ 31,6 milhões foram efetivamente alocados em produções nacio-nais por meio de projetos aprovados pela Ancine. Isto sinaliza que, desde 2002, quando foram abertas as primeiras contas para recolhimento e iniciado o registro, estas empresas remeteram para o exterior R$ 1,5 bilhão - o faturamento de cerca de 15 MTVs por ano, ou seis Redes TV!. Isso considerando que todas fizeram a opção pelos 3% em lugar da Conde-cine de 11%.

HBO (com quase R$ 20 milhões depositados), Di-recTV (com R$ 8,3 milhões), Turner (R$ 5,7 milhões), Discovery (R$ 3,8 milhões), Fox (R$ 3,7 milhões) e MTV Latin America (canal Nickelodeon, com R$ 1 milhão) são as depositá­rias milioná­rias. Todas reverteram seus recolhimentos em produções na-cionais audiovisuais independentes. De todas, quem mais deixou de aplicar o que poderia foi a Discovery - cerca de R$ 800 mil foram para os cofres da Ancine após estourado o prazo para seu uso.

CLIMA LATINOA TV Climatempo tem a chance de se tornar um canal de

previsão do tempo para toda a América Latina. Desde o fim do The Weather Channel, a região ficou sem um canal de cobertura continental de meteorologia. A Sky já­ levou o canal brasileiro para apreciação em sua empresa-irmã no México. Enquanto isso, a Climatempo expande horizontes e também avança como opção de conteúdos para telefonia celular.

Chico é sucesso na AlA exibição dos especiais sobre Chico Buarque têm feito sucesso

também fora do País. De acordo com Luiz Eduardo Baptista, diretor geral da DirecTV do Brasil, que produziu os programas, os episódios

têm sido muito bem recebidos na América Latina - assim como foram os episódios musicais “7 x Bossa”. Em dezembro, janeiro e fevereiro, o canal 605 da DirecTV exibe os três últimos episódios (“Os Saltimbancos”, “Cinema” e “Roda Viva”), dos 12 que foram feitos. “No começo achei que seriam apenas três, mas por fim conseguimos chegar aos 12 capítulos, que era o meu projeto origi-nal”, diz o diretor Roberto de Oliveira, da RWR, que dirigiu os especiais. Após acabado o projeto Chico, ele tem na manga mate-rial para novos documentá­rios de person-alidades musicais: Tom Jobim, Elis Regina, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

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E o RÁ-TIm-BUm?FORA AS JuSTIFICATI-

VAS FORMAIS DADAS PARA A NãO-INCLuSãO DA TV RÁ-TIM-BuM NO LINE-uP DAS OPERADORAS NET E Sky, CORRE EXTRA-OFICIALMENTE QuE O PRINCIPAL MOTIVO SERIA uM SuPOSTO GRANDE VOLuME DE REPRISES DO CANAL. A PROGRAMADORA DIZ QuE SEu CICLO DE REAPRESENTAçõES OCORRE DA MESMA FORMA QuE EM TODOS OS CANAIS DA TV PAGA. MAS uMA COISA É FATO: IMPORTANTE DIRIGENTE DO SETOR FAZ uMA CAMPANHA DE BASTIDORES CONTRA A AMPLIAçãO DE DISTRIBuIçãO DO RÁ-TIM-BuM. APESAR DE TuDO, uMA DAS NOVAS PRODuçõES FEITAS PARA O CANAL, O “COCORICó”, RENDEu PARA A CuLTuRA MARCAS uMA SÉRIE DE NOVOS LICENCIAMENTOS, QuE INCLuI uMA LINHA DE uTENSíLIOS PARA FESTAS, BRINQuEDOS, ROuPAS E COSMÉTICOS, ALÉM DE NOVOS DVDS.

Prêmios Nick e VMBAconteceram na mesma semana dois prêmios e duas grandes festas

musicais com a marca da MTV: o “Meus Prêmios Nick”, da Nickelodeon; e o “Video Music Brasil”, da MTV Brasil, no final de setembro e começo de outubro. O primeiro já­ prepara a geração futura para o mundo dos videoclipes; o segundo, ratifica as escolhas dos jovens. A festa da Nick reuniu 15 mil pessoas; a da MTV, mais de três mil, com o detalhes de que ambas tinham vendido suas cotas de patrocínio com muita antecedên-cia. O prêmio da Nick foi para, entre outros, Bob Esponja e para o trab-alho social do grupo Doutores da Alegria - o funk carioca também levou prêmio, com o DJ Marlboro. Já­ o prêmio da MTV foi mais roqueiro, para nomes como Ira!, Pitty e CPM 22.

“Fama” no multishowTal como no ano passado, o “Fama”, da TV Globo,

deu grandes resultados de audiência ao Multishow, da Glo-bosat. Ao longo de dois meses, o programa atraiu nada menos do que 2,1 milhões de pessoas dife-rentes, segundo dados do Ibope, medidos no Rio e em São Paulo. Com isso, o “Fama” registrou para o canal no seu horá­rio prin-cipal (domingos, 15h) de exibição um crescimento de 124% de audiência em relação ao último trimestre (abril, maio e junho), na mesma faixa de exibição.

VARIEDADE EM ALTADados da 13ª Pesquisa

Sobre o Perfil do Assin-ante de TV nas regiões

metropolitanas do Brasil, feita pelo Ibope e PTS,

mostram que o principal motivo para o cliente hoje ter TV paga é a variedade

de canais. Isto, após 1,7 mil entrevistas, com assinantes

das três tecnologias (cabo, DTH e MMDS). O

item variedade de canais supera em muito todos

os demais, como por exemplo, a qualidade de imagem e a própria pro-

gramação dos canais.

oo seriado “over There”, sobre a invasão do Iraque e que estourou no Fx dos EUA, chega em novembro pelo Telecine? para o ano que vem, o Telecine também terá “The Cell”, que ainda está no forno. Aliás, quem assina a dublagem dos seriados para o Telecine pipoca é a Álamo, empresa que também vem fazendo um grande trabalho no novo Animax (ex-locomotion).

nO CINEASTA BóSNIO EMIR kuSTuRIkA VAI RODAR uM FILME SOBRE A VIDA DE MARA-DONA? A PRODuçãO ESTÁ A CARGO DA ARGENTINA FLEHNER FILMS, QuE TEM PARCERIA COM A BRASILEIRA S FILMES.

oo aniversário agora em outubro dos 50 anos do Caco, o Sapo, do “muppet Show”, passou batido até agora por aqui? Em agosto, a caixa de DVD com a primeira temporada do “muppet Show”, de 19�6, foi o campeão de vendas da Amazom.com. Desde 2004, os direitos da muppets Holding Company perten-cem à Walt Disney Co., que deve trazer de volta os muppets à TV, cinema, parques etc.

nO TROFÉu ANuAL PARA OS MELHORES DuBLêS DE HOL-LyWOOD, O TAuRuS WORLD STuNT AWARDS, ELEGEu A

MELHOR LuTA DO ANO PARA AS DuBLêS DE

uMA THuRMAN E DARRyL HAN-NAH EM “kILL BILL 2”? O CuRIOSO É QuE A RED BuLL, NO MESMO PRêMIO, É QuEM PATROCINA INDENIZAçãO POR INCAPACIDADE AOS DuBLêS QuE SE ACIDENTAM DE VERDADE EM CENA. O MuLTISHOW EXIBE A FESTA DE ENTREGA. DIA 28/OuT, àS 21H15.

oA gravadora Universal fechou com a operadora oi a oferta de todo o conteúdo para celular disponível da banda Bon Jovi?

VoCê SABIA QUE:

o apresentador pedro Neschling e o “time” com participantes do “Fama”.

Felipe Dylon e márcio garcia, no “meus prêmios Nick”

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Líderes se mantêm; AXN sobe uma posição

Em agosto, tal como ocorrera em julho, entre o público acima de 18 anos com TV por assinatura, os canais TNT, GloboNews e Multishow foram, nesta ordem, os que apresentaram o melhor alcance diá­rio médio, dentre os canais aferidos pelo Ibope Mídia.

Na quarta colocação, também como em julho, o canal de maior alcance foi o SporTV; a novidade é que o AXN saltou para a quinta colocação, desbancando o Warner Channel. Assim, entre os cinco canais de maior alcance da TV paga brasileira, vê-se que: três são da Globosat (distribuição Net Brasil), um da Turner e outro da Sony (distribuição HBO).O levantamento considera os assinantes nas seguintes praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal (total de 4,3 milhões de indivíduos). Em agosto, o total dos canais pagos apresentou alcance diá­rio médio de 50,9%, ou 2,1 milhões de pessoas/dia, com um tempo médio diá­rio de audiência de duas horas e três minutos.Já­ entre o público infanto-juvenil, que vai dos 4 aos 17 anos com TV por assinatura, os canais Cartoon Network, Nickelodeon e Multishow foram os que apresentaram melhor alcance ao longo do dia, nas mesmas praças citadas acima. O Discovery kids ocupou em agosto a quarta posição, que em julho fora da

TNT, agora na quinta colocação.Esta audiência (893 mil indivíduos) proporcionou aos canais pagos um alcance diá­rio médio de 59,9%, ou 535 mil pessoas/dia, com um tempo médio diá­rio de audiência de duas horas e 14 minutos.

(audiência - TV paga)

*Universo 4.295.600 indivíduos *Universo 893.200 indivíduos

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Acima de 18 anos* (Das 6h às 5h59)

De 4 a 17 anos* (Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo médioTotal canais pagos 59,9 535,1 2:14:35Cartoon Network 28,7 256,2 1:04:58Nickelodeon 25,7 229,7 0:50:03multishow 13,1 116,8 0:28:41Discovery Kids 12,8 114,0 0:57:29TNT 12,2 109,2 0:28:24Jetix 11,6 104,0 0:56:37Disney Channel 7,5 67,4 1:02:13SporTV 7,2 64,4 0:32:26Discovery 7,1 63,2 0:19:39Warner Channel 6,9 61,3 0:16:08Fox 6,8 60,5 0:18:31AxN 5,6 49,7 0:19:54Boomerang 5,5 49,4 0:25:04Sony 5,3 47,4 0:20:24Universal Channel 5,3 47,0 0:12:28Telecine premium 5,2 46,5 0:24:12globoNews 4,7 42,3 0:17:16SporTV 2 4,6 40,9 0:24:30people + Arts 4,4 38,9 0:24:05

AlcAnce e tempo méDio Diário

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o seriado “lost”, que alavancou a audiência do canal AxN, agora o 5º colocado

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Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo médioTotal canais pagos 50,9 2184,7 2:03:15TNT 13,9 595,1 0:29:55globoNews 13,0 556,5 0:55:10multishow 11,0 473,3 0:17:18SporTV 10,9 467,8 0:38:41AxN 9,1 388,9 0:23:40Warner Channel 9,0 387,0 0:26:06Discovery 9,0 384,5 0:23:38Universal Channel 8,3 357,3 0:26:30Sony 8,2 351,7 0:23:06Cartoon Network 7,8 334,3 0:36:13gNT 7,6 326,9 0:16:07Fox 7,5 320,4 0:18:32Telecine premium 7,1 304,2 0:25:42SporTV 2 6,9 297,9 0:17:57National geographic 6,9 295,3 0:19:10people+ Arts 6,2 264,1 0:20:25Nickelodeon 5,9 254,6 0:25:18HBo 5,2 223,2 0:31:45Telecine Action 4,9 211,6 0:20:43

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(entrevista)

Os novos rumos da Radiobrá­sEugênio Bucci, presidente da estatal, dá­ sua visão sobre jornalismo, relação com o governo e a proposta de uma rede pública de comunicação.

A estatal de comunicação brasileira, a Radiobrá­s, sempre esteve associada à imagem da Voz do Brasil, da cobertura “chapa-

branca”, de uma espécie de Diá­rio Oficial eletrô­nico. Mas essa é uma visão que parece não corresponder mais à realidade. Olhando-se o conteúdo produzido pelos diferentes veículos da estatal, pode-se ver em destaque, e com bastante freqüência, notícias so-bre a crise política, CPIs, falhas em pro-gramas do governo, críticas à política econô­mica etc. Qual a razão dessa pos-tura? Onde a Radiobrá­s quer chegar? Eugênio Bucci, presidente da empresa, dá­ uma dica nesta entrevista exclusiva: o trabalho que está­ sendo feito dentro dos diferentes veículos oficiais ligados à Radiobrá­s talvez seja a semente do que ele chama da “refundação da comunicação pública no Brasil”.

Bucci foi jornalista em veículos de grandes grupos de comunicação comerciais, foi crítico e analista de mídia em jornais de grande circulação e publicou livros sobre questões éticas no jornalismo. Como ele mesmo admite, não tinha nem idéia do que era a estatal de comunicação antes de ser chamado pelo governo para assumir a Radiobrá­s, em 2003.

No entanto, a proposta que ele apresenta nesta entrevista e em outras manifestações públicas recentes levan-ta um ponto que raramente, ou talvez nunca, tenha saído das esferas acadê-micas de discussão: o Brasil precisa ter uma estrutura pública de comunicação como é a BBC inglesa ou a PBS norte-americana, ou tantas outras semelhan-tes na Europa? Em caso positivo, que formato teria essa estrutura?

mil retransmissoras de TV levando sua programação, e emprega 1,2 mil profissionais. Entre seus veículos estão a TV Nacional, a TV NBR, Rá­dio Nacional AM, Rá­dio Nacional FM, Rá­dio Nacional do Rio de Janeiro e Rá­dio Nacional da Amazô­nia, além da Agência Brasil de notícias.

Há­ outras instituições públicas e/ou estatais de comunicação no Brasil, como a TVE ou a TV Cultura. O que não existe é um projeto e um objetivo únicos. É para lá­, contudo, que Bucci quer direcionar a Radiobrá­s.

TElA VIVA - A Radiobrás faz jornalismo estatal ou público?

EUgêNIo BUCCI - A gente não usa a expressão “jornalismo público”. É um cuidado de método, para que não se funde uma nova categoria, que ainda é muito problemá­tica e viria mais para confundir do que para orientar. A dificuldade é em se diferenciar o jornalismo público do jornalismo em geral. Seria o jornalismo não-comercial? É melhor ou é pior? Trata-se de uma discussão que não ajuda a orientar o jornalista na Radiobrá­s. Fazemos simplesmente jornalismo, praticado em uma empresa pública com espírito público.

A Radiobrás é uma empresa pública, mas é também uma estatal. por isso a associação imediata a um “jornalismo chapa-branca”. Isso atrapalha?

Esse é o ponto crucial. Somos uma empresa de direito privado, uma S/A, cujas ações pertencem integralmente ao Estado. Os vínculos da Radiobrá­s decorrem do fato de que o conselho de administração e a diretoria são

Samuel Possebons a m u c a @ p a y t v . c o m . b r

Da teoria à prá­tica, Eugênio Bucci admite que tem tentado imprimir à Radiobrá­s alguns dos conceitos que gostaria de ver nessa estrutura pública de comunicação. Atenção leitor para não confundir público com estatal. uma empresa estatal pode ter interesse público, mas as duas coisas não são iguais. uma estrutura estatal já­ existe no Brasil, que é a própria Radiobrá­s. A idéia discutida nessa entrevista é ir além, é buscar algo maior baseando-se no que existe hoje.

Objetivamente, a Radiobrá­s é uma empresa que tem o Estado como maior acionista. O orçamento desta empresa é de R$ 100 milhões por ano, há­ mais de

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(entrevista)

nomeados pelo Poder Executivo, e por isso nós somos demissíveis, a qualquer momento. Não existe o requisito formal da autonomia administrativa, mas nossos atos são decididos por nós mesmos, não dependem de ordem de um ministro. Claro que pode haver ingerência uma vez que nós diretores somos nomeados, que o conselho é nomeado pelo governo. É uma subordinação indireta.

Então, a Radiobrás é “chapa-branca”?

Se você entender por “chapa-branca” uma informação que distorce ou oculta fatos para fazer prevalecer uma versão ou entendimento favorá­vel ao governo, a resposta é não. A Radiobrá­s é uma empresa encarregada de administrar emissoras de rá­dio e televisão, e tem ainda duas agências de notícias. Administrar empresas de rá­dio e televisão pressupõe seguir regras claramente colocadas pela legislação. Se administrarmos nossas emissoras de maneira tendenciosa estaríamos desobedecendo ao espírito geral das regras que estão colocadas para qualquer emissora.

mas isso acontece mesmo assim, independente da lei proibir, inclusive na iniciativa privada.

É verdade, acontece. Existe uma justa expectativa de que o serviço público prestado por esta empresa estatal seja um serviço de respeito ao cidadão e aos seus direitos. Nós acreditamos, portanto, que uma conduta de ocultar ou esconder informações seria uma usurpação da instituição. Isso seria tão grave quanto uma escola federal passar a ensinar para os alunos fatos distorcidos para beneficiar o governo. Acontece que em nosso país a informação não é

cumprimento das políticas públicas necessá­rias à cidadania e assim por diante. Já­ é muita coisa a fazer. O que se precisa fazer é com que essa informação seja apurada com objetividade. Nunca pretendemos fazer jornalismo investigativo, mas tampouco pretendemos fazer um jornalismo de esquerda ou um jornalismo partidá­rio. Nem mesmo é nossa prioridade fazer um jornalismo crítico. Nossa pretensão é fazer um jornalismo objetivo naquilo que é nosso objeto de cobertura, que é governo, estado e vida nacional. Além disso, acompanhamos a atuação do governo do começo ao fim. Se o governo não cumpre o que disse que faria, nós noticiamos isso também. E diversificamos as fontes, ouvimos os que devem ser beneficiados por essas ações de governo.

A imprensa não faz isso?Não cabe a nós julgar ou avaliar

a capacidade da mídia privada. Mas a nós cabe constatar que em vastas regiões do Brasil e em camadas muito densas da população brasileira existem bolsões de desinformação muito graves. As pessoas lêem pouco, os veículos impressos são caros e não são distribuídos, as pautas desses veículos são deficientes em relação aos direitos do cidadão e simplesmente não existe financiamento privado capaz de sustentar jornalismo de boa qualidade nesses bolsões. Reportagem de qualidade é algo que, infelizmente, ainda é artigo de luxo no Brasil, porque não há­ receita publicitá­ria suficiente, o que decorre da falta de capacidade de consumo dos mercados, da falta de poder aquisitivo. Nesses lugares, se o poder público não agir com objetividade e dignidade, sem usurpar as ferramentas de comunicação pública, as pessoas permanecerão sem informações jornalísticas fundamentais. É aí que nós entramos. Por exemplo, estamos abrindo emissoras na região do Alto Solimões, onde ninguém mais vai querer investir. E isso está­ sendo feito em parcerias com governos e prefeituras locais, e com participação da comunidade.

vista como um direito fundamental, tal qual o direito à educação. Então, tende-se a achar que o mal trato de uma informação em uma instituição pública é algo normal, e isso não é normal. A Radiobrá­s tem o dever de não ser “chapa-branca” nesse sentido. uma informação falsa é tão grave quanto seria a distribuição

de remédios falsos na rede pública de saúde. Se eventualmente acontecia antes (e não estou dizendo que acontecia), foi uma usurpação da função.

mas e o trabalho jornalístico de fiscalizar o poder?

A Radiobrá­s não faz investigação. Não é nossa prioridade. Não quer dizer que ela não possa fazer, mas não é nosso dever. E isso é uma escolha de gestão, porque temos uma estrutura limitada que deve ser priorizada para outras coisas que ainda não estamos fazendo direito. Por isso eu acho que uma sociedade não pode abrir mão da imprensa comercial. A mídia pública pode e deve investigar e fiscalizar o poder e há­ exemplos disso no mundo, como a BBC. Mas para se chegar a isso há­ condições específicas que não se encontram, ainda, nas instituições de comunicação públicas do Brasil.

Então qual o sentido da Radiobrás?A razão de ser da Radiobrá­s é informar

o cidadão sobre os seus direitos, o

“Nossa prioridade não é investigar, mas

sim informar ao cidadão sobre seus direitos e sobre as políticas

públicas relacionadas à cidadania ”

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pode haver uma instituição pública de comunicação no Brasil independente do Estado?

Claro, acredito e defendo isso. Acho que inclusive a natureza jurídica da Radiobrá­s deve ser mudada. É fundamental um afastamento das instituições de comunicação em relação ao Estado. Mas ainda estamos em uma situação anterior a esta. E o que é preciso deixar claro, mesmo nesse momento, é que o fato de ser uma instituição estatal não dá­ a ela o direito de ser parcial ou partidá­ria. Esse é o ponto. Na América do Sul, esse entendimento distorcido também é meio comum, como se a estatal de comunicação devesse ser uma assessoria de imprensa do governo. E isso é errado, é uma usurpação. Existem muitas diferenças entre empresas estatais e públicas, mas ambas não têm o direito de ser parciais.

Sua gestão na Radiobrás é um primeiro passo para uma rede pública não-estatal?

Não gosto de dizer que o que estamos fazendo seja um primeiro passo, ainda que eu espere que seja. A nossa prá­tica vai levar a uma necessidade de mais autonomia administrativa e financeira, e também em relação ao conteúdo da comunicação que se faz frente ao controle do Estado. Nesse sentido, isso poderia ser um primeiro passo. Mas como a gente não sabe se esse primeiro passo vai ser concluído, não dá­ para dizer que haverá­ outros.

Como manter uma linha de trabalho com governos que mudam a cada quatro anos?

O que seria necessá­rio, isso sim, é abrir o debate em direção ao que se chama comunicação pública. Não existe a comunicação pública no Brasil. Há­ sim instituições ligadas a universidades, ou fundações como a

que os gestores dessas instituições de comunicação pública tenham mandato e possam cumpri-los segundo parâmetros, metas etc. No caso da Radiobrá­s, acho que ela pode e deve passar por uma reforma. A natureza jurídica da empresa vem do tempo do regime militar e suas funções mesclam atribuições institucionais com funções de comunicação pública, o que é estranho. Por exemplo, temos duas emissoras de TV: uma é uma emissora aberta, a TV Nacional, que é uma espécie de TV educativa do Distrito Federal. De outro lado, temos também a NBR, uma emissora que é distribuída pela TV por assinatura que informa, institucionalmente, as atividades do presidente da República e do Executivo. Não é uma emissora educativa nem cultural. É algo que se assemelha à TV Câmara, TV Justiça etc. Por isso é que a NBR é o que se tornará­ a TV do Executivo quando a lei for aprovada.

Você quer separar a atividade institucional da jornalística, é isso?

Sim, esse é um caminho, porque são atividades distintas. A Rá­dio Nacional do Rio de Janeiro, por exemplo, tem uma história, tem um vínculo com a comunidade de lá­, não faz sentido que ela fique passando discursos do presidente da República sem que isso esteja inserido em um contexto jornalístico. Para recuperar a Rá­dio Nacional e outras emissoras cuja missão não é a de comunicação institucional, é preciso fazer essa reforma. Com reformas apenas no âmbito da Radiobrá­s, pode-se fazer muita coisa. Mas dá­ para fazer mais coisas ainda se envolvermos outras instituições e, portanto, tratar isso em um ambiente de uma nova legislação.

Como financiar a comunicação pública?

Poderia ser por uma taxa específica, poderia ser por uma verba vinculada... Há­ vá­rios modelos que estão sendo vistos. O que importa é o conceito geral. Quando o Estado assegura que cada proprietá­rio de TV

TV Cultura, ou organizações sociais, como a TVE, e algumas subordinadas aos próprios estados. O que se tem em comunicação pública é justamente essa colcha de retalhos de naturezas jurídicas. O que se precisa é refundar a comunicação pública no Brasil. Acredito que isso só possa acontecer no bojo de uma Lei Geral de Comunicação, que discuta a radiodifusão como um todo, que discuta as funções determinadas, o campo de atuação de cada tipo. A Constituição fala em comunicação pública, estatal e privada, mas não há­ uma boa definição. Muitas vezes a comunicação estatal está­ associada à comunicação institucional. Mas não

pode haver essa confusão. Defendo que exista uma nova regulamentação que funde uma comunicação pública mais forte e mais autô­noma.

Como seria essa comunicação pública?

Administrativamente e

financeiramente independente da vontade do governo, o que não acontece hoje. O que não significa que não possa ter recursos públicos. Aliá­s, a comunicação pública deve ter esses recursos, só que o governo tem que estar comprometido com esses repasses, seja por contratos de gestão ou por quaisquer outros mecanismos, desde que eles sejam garantidos e independentes da vontade do governo. Também é preciso

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“Defendo uma nova regulamentação,

que forme uma comunicação pública

mais forte e mais autô­noma”

>>

(entrevista)

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Não disponivel

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(entrevista)

pagará­ uma taxa, como acontece com a BBC, há­ um financiamento estatal. O importante é que o financiamento da comunicação pública não seja o mesmo financiamento do mercado, pois é isso que dá­ a fisionomia da comunicação que se faz. Não sou simpá­tico à idéia que emissoras públicas tenham financiamento comercial. Isso cria uma dependência de procedimentos, igualando-as às emissoras comerciais. Comunicação pública só faz sentido se for diferente, inclusive nos intervalos comerciais. Não estou falando que uma emissora pública não tenha que ir atrá­s de índices de audiência, mas ela não pode apenas ir atrá­s de audiência. Essa emissora tem que ser útil, relevante, abrangente, precisa ser gerida com competência. Aliá­s, as estruturas públicas em geral têm alto grau de incompetência, inclusive aqui na Radiobrá­s, onde ainda somos muito ineficientes. E o Estado deve financiar emissoras ineficientes, incompetentes? Não, mas isso não pode ser um motivo para que a comunicação pública não exista. Por isso é fundamental também melhorar a gestão e a eficiência das empresas que fazem comunicação pública hoje.

A TV comercial poderia financiar a TV pública?

A possibilidade existe e se fala disso, como já­ se falou em relação ao cinema no caso da Ancinav. Mas essa discussão é secundá­ria. Antes disso é preciso saber se a sociedade quer uma comunicação pública. No Chile, as instituições de comunicação pública se converteram em emissoras que vivem de anunciantes mas têm uma gestão pública. É possível fazer isso, mas é preciso que se discuta se é o melhor caminho. A sociedade precisa saber o que quer.

Além do financiamento há o aspecto das diretrizes de atuação. Conselhos participativos seriam um caminho?

Sim, claro. É o que acontece na Fundação Padre Anchieta. Aliá­s, a

e culturais, é uma associação voluntá­ria, não está­ prevista em lei. As emissoras se associam para compartilhar programação. É uma escola interessante. Ajudamos a criar a associação das rá­dios públicas, que é a Arpub. São movimentos voluntá­rios que podem apontar caminhos para uma futura legislação. Não temos, contudo, pensado em uma mudança de legislação para que as emissoras estatais aceitem uma linha de comunicação. Isso tem que ser livre e de interesse de todos. Temos que lembrar que existem especificidades regionais. O que tem que ser padronizado é a natureza

jurídica das entidades, e não colocado um condicionamento dos conteúdos das emissoras. Isso tiraria a liberdade.

A base de uma rede pública seria a Radiobrás?

Não, a Radiobrá­s não se pretende ser o centro de nada e nem poderia, pela

sua natureza jurídica. Acho que as associações estão liderando mais esse processo. É dali que saem propostas, caminhos. Não se pensa mais em quem será­ a cabeça de rede ou não, porque isso era um desafio tecnológico. Hoje todas podem liderar as transmissões.

Vocês já levaram essas idéias ao governo, à Casa Civil?

Estou colocando uma idéia e acho que a natureza jurídica da Radiobrá­s precisa ser atualizada. Mas não é nosso papel fazer propostas. Temos que estar prontos para encarar a discussão, que deverá­ vir no ambiente dessa lei, mas é algo que acontece em outras esferas de competência.

Antes de entrar na Radiobrás, você analisava criticamente a comunicação, especialmente a televisão brasileira. o que mudou na sua visão com essa experiência?

Eu mal conhecia a Radiobrá­s, não

TV Cultura foi o mais próximo que se chegou no Brasil de um modelo de comunicação pública. Ainda que não seja ainda o ideal, há­ brechas para a ingerência do estado que não se desejaria. A TVE do Rio de Janeiro também tem um conselho. Então, há­ experiências nesse sentido, mas é preciso que esse conselho seja regulado por mecanismos que garantam a sua autonomia. Não por acaso, as rá­dios que estamos abrindo na região do Alto Solimões são geridas por conselhos locais. É um projeto fascinante e inédito. As comunidades não só conseguem participar dos conselhos como estão se qualificando espontaneamente.

Rádios comunitárias poderiam participar da rede da Radiobrás?

Sim, e isso acontece. Nossa programação é pública, pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Qualquer emissora pode usar a nossa informação.

Uma vez criada uma instituição pública de comunicação, como amarrar todas as entidades estatais e públicas que existem hoje?

A formação de redes espontâneas tem ensinado muita coisa. A Abepec, que é a associação de emissoras públicas, educativas

3� • T E L A V I V A • O u T 2 0 0 5

“A TV Brasil não será­ um canal de

propaganda e promoção, mas sim

de integração entre os povos da América do Sul”

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sabia o endereço, achava que isso era apenas a Voz do Brasil. Hoje eu sei que a gente só faz 25 minutos daquele programa. A experiência me deu muitos elementos para a minha visão sobre comunicação pública. Foi isso aqui que me mostrou que existe um público imenso no Brasil que não tem outra fonte de informação que não seja a nossa, um público de rá­dio que a maior parte das pessoas desconhece, por exemplo.

A Radiobrás não é muito focada em Brasília?

Não especialmente. Acho que podemos recuperar melhor algumas estruturas regionais. Mas o mais importante é melhorar a mentalidade dos jornalistas da Radiobrá­s fora de Brasília. Existe uma matriz, um policiamento que ainda aparece, e isso precisa ser eliminado. Passar a mentalidade de

agências internacionais que não têm foco preferencial da América do Sul. Essa carência nós sentimos no nosso contato com vá­rias instituições de mídia na região.

A TV Brasil será exibida no Brasil?Depende do interesse dos

operadores em veiculá­-las. Aliá­s, isso vale para todos os países.

Como evitar a manipulação ideológica dessa TV Brasil?

A concepção descartou totalmente a orientação ideológica. Não temos uma causa a defender. Não queremos uma TV que seja um farol de orienta-ção política. Tanto que assumimos até mesmo a possibilidade de que haja ruí-dos estéticos na programação, porque poderemos ter programas feitos com concepções diferentes, outras lingua-gens. Isso vai resultar, possivelmente, em até mesmo mais de um canal.

que a informação tem que ser objetiva e não politizada é um trabalho lento e necessá­rio.

Como anda o projeto da TV internacional (TV Brasil)?

É um canal para fortalecer a integração entre os povos da América do Sul, é um projeto de Estado que envolve os três poderes. Esse projeto é administrado por um comitê gestor que está­ abrigado no âmbito da Radiobrá­s porque temos mais capacidade. A presença do Brasil nesse projeto no contexto de integração internacional é natural e necessá­rio. Não será­ um canal de propaganda, nem um canal de promoção, mas sim um canal de fortalecimento do processo de integração, com conteúdos de outros países, presença dominante da língua espanhola. Mas a estratégia não é da Radiobrá­s nem desvia o foco de nossa atuação.

Não há­ informação sobre a América do Sul satisfatória na TV brasileira nem nas TVs de outros países, quase tudo vem de

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(making of )Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

Sem um roteiro 100% fechado, a idéia do novo filme da van Peu-geot 206 SW era a de apresentar

uma colagem de imagens, como num clipe. Para isso, nada melhor do que trabalhar com um diretor de clipes — Johnny Araújo — e usar uma trilha de uma cantora cuja imagem está­ as-sociada à idéia do carro: a naturalidade e liberdade. A canção escolhida foi “Pé na estrada”, de Dora Vergueiro, que recebeu um arranjo especial para a trilha. “Além de cantora, ela é apresentadora de um programa de esportes. Ou seja, nada melhor para dar um ar jovem para o filme”, diz o diretor Johnny Araújo.

“Escolhemos uma locação em

Guararema, no interior de São Paulo, e outra na Praia de Santiago, no litoral Norte. Encontramos um trecho de estrada que foi construído para desviar o trânsito da rodo-via Carvalho Pinto, enquanto um túnel era construído. Hoje o túnel está­ pronto, então a estrada não é mais usada. A locação foi perfeita, porque nos deu tranqüilidade para trabalhar e parece uma auto-estrada”,

Descontração e pé na estrada

Renascendo das cinzasNa onda da preservação da

natureza, o banco Itaú lançou um plano de capitalização

que remunera o investidor e tam-bém a ONG WWF. Para divulgar o PIC Natureza, a agência imaginou uma floresta renascendo a partir das cinzas de uma queimada. O primeiro desafio da equipe da Cine foi encontrar um local devastado pela queimada para filmar as cenas iniciais. “Encontramos um local no interior de São Paulo exatamente como esperá­vamos, mas tornamos a cena ainda mais sombria levando para a locação vá­rias má­qui-nas de fumaça”, explica o diretor Luiz Ferré. As imagens receberam ainda um tratamento final de pós-produção, mas basicamente todo o cená­rio de destruição foi criado na locação.

A atriz carrega uma muda, que é plantada no meio das cinzas. A planta viceja, dá­ flores e frutos e a partir dali a floresta começa a ser reconstruída. “usa-mos a plantinha inicial como referência e fizemos com que crescesse a partir

de uma versão dela modelada em 3D”, explica o diretor de efeitos Rodolfo Patrocínio, da Digital 21. Conforme as plantas começam a crescer, a câmera se afasta para um plano mais aberto, em contraluz.

diz o diretor. “A Praia de Santiago também foi ótima, porque existe uma lei que impede a construção de casas muito perto da praia. Então tínhamos uma visão bem ampla, sem con-struções visíveis.”

Os planos gerais foram filmados em 35 mm, mas Johnny usou uma câmera 16 mm para “roubar” imagens

Filme parte de um cenário real de devastação; a seqüência vai de uma

maquete a uma floresta viva.

Todo o comercial foi rodado em ritmo de videoclipe e privilegia o tom dourado.

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fichA técnicA

Agência Carillo Pastore Euro RSCGCliente Peugeotproduto Peugeot 206 SWDir. de criação Amaury “Bali” Terçarolliprodutora Cia de CinemaDireção Johnny AraújoFotografia Adrian TeijidoDir. de Arte Ana Rosa AlvarezCasting Carminha e EduFigurino Luiz Ferrianimontagem Johnny AraújoFinalização Sandra Castro (Tribbo)Trilha Banda Sonora

fichA técnicA

Cliente Cia Itaú de Capitalizaçãoproduto PIC NaturezaAgência DPZDireção Luiz FerréFotografia Marcelo Trottamontagem Estevan Santos e Luiz FerréFinalização Digital 21produtora de Áudio Vu

dos atores em situações descontraí-das. “Sempre uso uma música de fundo na filmagem, porque ajuda os atores a relaxar. Nas locações, disparava a câmera sem que eles percebessem que eu estava filmando e assim consegui cenas bem interes-santes.”

Algumas cenas foram filmadas

no nascer ou no pô­r-do-sol, quase sempre em contraluz. Em algumas, o telecine e a pós-produção reforçaram o tom dourado, mas não foram necessá­rios outros efeitos especiais. “É um filme super naturalista, como se diz, ‘com a luz de Deus’”, brinca o diretor.

Curiosidade: a cena que mostra um surfista correndo para a praia com o filho

é protagonizada pelo surfista Picuruta Salazar, um dos mais conhe-cidos do Brasil.

A cena foi feita a partir de uma maquete. “Criamos uma maquete com troncos de á­rvores, de 3 metros de comprimento por 2 de largura, e levamos para a locação. Era uma etapa intermediá­ria entre as cinzas e a floresta”, diz Ferré. A partir dessa maquete, a equipe de efeitos incluiu á­rvores que cresciam rapidamente no meio dos troncos reais.

O terceiro momento do filme

mostra a floresta reconstituída. “Fomos então para uma locação totalmente dife-rente, de Mata Atlântica, cheia de espécies brasileiras”, afirma o diretor. A câmera parte da atriz, ao pé de um riacho, e sobe, até ultrapassar as copas das á­rvores e mostrar a grande floresta do alto. “usamos uma grua grande, que chegou até um certo ponto”, conta Ferré. “Construímos a saída da câmera e as folhas em 3D, para mostrar a floresta vista de cima”, completa Rodolfo.

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(mercado)

Cinema em quedaRioseminars discute a má­ performance da bilheteria em 2005.

A exibição cinemato-grá­fica sofreu uma queda de bilheteria significativa em 2005. Nos debates do

Rioseminars, do Festival do Rio, no final de setembro, distribuidores e exibidores discutiram as causas e os efeitos desta queda. uma única boa notícia veio para o mercado: o DVD conseguiu, aparentemente de forma definitiva, reerguer o mercado de home video.

A redução na bilheteria em 2005 varia entre 20% e 25% em relação a 2004. Distribuidores independentes e das majors procuraram amenizar os efeitos da queda, dizendo que “estamos em um período de ajuste do mercado”, como afirmou Marcos Oliveira, da Fox. Mas a grande culpada da queda, na visão dos distribuidores, foi uma “crise criativa”. Segundo o distribuidor e

exibidor André Sturm, a única variá­vel que houve de um ano para o outro foram os títulos lançados. “Todos os blockbusters de 2005 cumpriram com a expectativa”, justificou, lembrando que a redução na bilheteria já­ era esperada. Marco Aurélio Marcondes, do consórcio Europa/MAM, concordou: “A queda na bilheteria é um fenô­meno mundial”. Para ele, Hollywood, o principal fornecedor, está­ em crise. E isso afetaria na bilheteria inclusive dos filmes nacionais.

Segundo Marcos Oliveira, o Brasil é um grande consumidor de audiovisual, mas ainda precisa saber

desenvolver mais e melhor os filmes como produtos. “A força de um mercado está­ diretamente relacionada à qualidade das produções locais”, explicou.

Que Hollywood teve uma safra mais pobre em 2005, não há­ dúvidas. Resta saber se isso afeta realmente a bilheteria dos filmes nacionais. O longa “Dois Filhos de Francisco”, se

cumprir com as atuais expectativas dos produtores, de atingir um público de 4,5 milhões de pessoas, será­ o filme mais visto nas salas brasileiras em 2005, passando o atual blockbuster número 1, “Os Incríveis”, que fez um público de 4,28 milhões, segundo dados do boletim Filme B. O >>

“ A queda na bilheteria é um

fenô­meno mundial. ”marco Aurélio marcondes, do

consórcio Europa/MAM

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B. O longa nacional, vale lembrar, já­ ultrapassou a linha dos 3 milhões de espectadores.

Enquanto os distribuidores procuraram amenizar a crise por que passa o cinema, os exibidores foram mais dramá­ticos, apontando vá­rios problemas por que passa o setor. Entre eles, conforme numerou o presidente da Cinemark no Brasil, Valmir Fernandes, estão a pirataria; a redução da janela de exibição, que poderá­ cair “para três ou quatro semanas”; a meia entrada para estudantes; “a cobrança inconstitucional do Ecad”; e a “pesada regulação”. Fernandes também relacionou o crescimento do parque exibidor ao fortalecimento da cinematografia

nacional. “O sucesso dos filmes tem que ser medido por suas performances no mercado, não por prêmios em festivais”, disse.

Assim como a redução do tempo de janela, a meia entrada para estudantes é apontada pelos exibidores como um dos piores problemas do setor. Em ambos os pontos, cobraram medidas regulatórias para resolver o problema. João José Passos Neto, do Grupo Passos, cobrou a extinção ou, pelo menos, a diminuição dos descontos concedidos aos estudantes. “Dois terços dos ingressos vendidos são de meia entrada”, justificou.

O presidente da Ancine, Gustavo Dahl, que estava presente na platéia, afirmou que o problema da meia entrada só poderia ser resolvido pelo Legislativo, que não tem interesse em “um projeto impopular”. Sugeriu ainda que a questão fosse levada ao Supremo Tribunal de Justiça. “Ou então, vamos fortalecer a

(mercado)

Ancine para que possa regulamentar o setor”, disse, rebatendo as críticas de Valmir Fernandes pela ação do MinC e da Ancine.

potencialEssa queda na bilheteria

não deve apresentar uma redução significativa no crescimento do número de salas no Brasil em curto prazo, uma vez que a construção de um multiplex, do projeto à inauguração, leva pelo menos dois anos. Se houver reflexos, serão sentidos somente em 2007 ou 2008. Há­ quem defenda que a má­ performance da bilheteria em 2005 tenha afetado o aumento no crescimento do número de salas previsto para começar este ano, com a criação da linha de crédito no

BNDES para reforma e construção de salas de cinema. O fato é que, para o pequeno e médio exibidor, não é momento para investir ou contrair novas dívidas.

Luiz Gonzaga de Luca, do Grupo Severiano Ribeiro, acredita que o número de salas ainda crescerá­ muito. Segundo ele, 66% dos “shoppings nobres” têm cinemas, mas apenas 18% têm multiplex. “Com o multiplex, o cinema deixou de ser um mal necessá­rio dentro dos shoppings”, explicou, comparando as antigas salas com a á­rea de serviços existentes em muitos shoppings, abrigando sapatarias, entre outros. Gonzaga afirmou que devem surgir 42 novos multiplex nas capitais em dois ou três anos

e que quase 70 shoppings deverão trocar os pequenos cinemas por multiplex.

Para ele o problema está­ na concorrência que o crescimento irá­ gerar, trazendo, na sua visão, uma briga de preços. Além disso, “a distribuição não poderá­ atender a esse crescimento”. A solução apontada por Gonzaga foi o incentivo ao aumento da freqüência do público nas salas.

De vento em popaEm um “raio X” do mercado

brasileiro de home video, distribuidores filiados à uBV (união Brasileiro do Vídeo) mostraram a importância do DVD na recuperação de um mercado que caminhava para uma forte crise. Comparando as estimativas do mercado de home video para 2005 com a realidade de 1997, é evidente a empolgação do setor com os discos de vídeo. Em 1997 ainda não eram produzidos DVDs no

Brasil, e foram distribuídas 3,5 milhões de fitas VHS para sell thru e locação. As previsões para 2005 apresentadas por Wilson Cabral, da Columbia, são de que sejam distribuídos 1 milhão de fitas VHS e 25 milhões de DVDs, somente das afiliadas da uBV (são, no total, 14 distribuidoras).

Como explicou Cabral no evento, o DVD trouxe para o mercado de home video, além de produções televisivas, o relançamento de títulos antigos. “Em 2005, serão lançados 1,1 mil títulos”,

contou.O principal

desafio apontado por Wilson Cabral para o setor de home video é o combate à pirataria. Entre as novas oportunidades apontadas por ele, estava a redução do tempo de janela exclusiva para cinema.

FERNANDo lAUTERJUNg

“ A única variá­vel de 2004 para 2005 foram os títulos lançados ”André Sturm, da Pandora

A REDUção NA BIlHETERIA Em 2005 VARIA ENTRE 20% E 25% Em RElAção A 2004

“Devem surgir 42 novos multiplex nas capitais em dois ou

três anos.”luiz gonzaga de luca, do grupo

Severiano Ribeiro

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(evento)

O desafio da TV na telinhaQuarta edição do Tela Viva Móvel debate a integração entre o celular e o audiovisual.

Quem será­ responsá­vel pela transmissão dos sinais de TV digital para aparelhos

móveis no Brasil? As operadoras ou as emissoras de televisão? Essa foi uma das principais questões que permeou os debates durante o 4º Tela Viva Móvel, evento realizado nos dias 28 e 29 de setembro, em São Paulo.

Representantes da TV Bandeirantes e das operadoras Claro, Vivo e Oi, concordaram que, em um primeiro momento, o modelo de parcerias é o mais adequado, com as TVs entrando com o conteúdo e as operadoras de celular com a prestação de serviço. Nenhum dos dois setores demonstra interesse em liderar sozinho a instalação de uma nova rede que fará­ broadcast no celular, serviço cujas primeiras experiências começam a acontecer ao redor do mundo. “No Brasil, acredito em um modelo cooperativo entre TVs e teles”, comentou o diretor de serviços de valor agregado da Claro, Marco Quatorze. O executivo também enxerga alguns obstá­culos pendentes. Alguns deles são: alto custo do terminal; falta de um padrão tecnológico predominante; consumo rá­pido da bateria do aparelho; carência de um modelo de negócios claro; e espaço que o streaming ocupa na banda, o que pode atrapalhar o trá­fego de voz. “De 90% a 95% do faturamento das

rede será­ feita por quem tiver o conteúdo”, disse, alinhando-se com o que defendem a maior parte dos broadcasters. Ele aponta duas razões principais para, de certa forma, esfriar os ânimos das empresas de telefonia

celular: primeiro, o Brasil é um país que tem a peculiaridade de ter toda a distribuição de televisão aberta diretamente vinculada ao produtor,

com o radiodifusor responsá­vel pela produção e distribuição

do conteúdo. Além disto, diz ele, o espectro é demasiadamente congestionado nas grandes cidades para que se pense em abrir espaço para empresas que sejam apenas operadoras de rede, ou seja, que não produzam o seu próprio conteúdo. “A prioridade do espectro deve ser dos radiodifusores”.

Outro problema são as iniciativas das próprias empresas de telefonia móvel na oferta de conteúdos audiovisuais, como serviço de valor adicionado, ponto em que muitas emissoras pedem uma ação regulatória mais intensa. O gerente sênior da consultoria Value Partners, Alberto Griselli, por sua vez, não vê iniciativas de regulamentação sobre a veiculação de conteúdos audiovisuais nas redes das operadoras de telefonia móvel com bons olhos. “uma regulamentação específica no Brasil pode atrapalhar o processo de desenvolvimento da TV no celular porque é um mercado ainda incipiente, com demanda incerta e restrita e com modelos

operadoras celulares ainda vêm de voz”, lembrou o executivo. Ele ainda comenta a falta de regulamentação. “Streaming de TV via celular é ou não é radiodifusão? A questão está­ aberta. A única certeza que tenho é de que a Claro não produzirá­ conteúdo”. Sabe-se, contudo, que essa não é a posição de consenso entre os radiodifusores, que brigam pelo padrão japonês (ISDB-T) justamente para não terem que abrir mão da possibilidade de prestarem, eles mesmos, os serviços móveis, sem depender de nenhuma operadora de telefonia. Este é um dos temas que será­ definido nos debates sobre TV digital travados nas diferentes

instâncias do governo.Já­ Gunnar Bedicks, da

universidade Mackenzie, acredita que no Brasil, a operação das redes de TV por celular não acontecerá­ como na Europa, ou nos Estados unidos e Coréia, onde as emissoras de televisão não são as distribuidoras do sinal de TV. “Acredito que aqui a operação da

“Acredito em um modelo cooperativo entre TVs e teles”marco Quatorze, da Claro

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de negócio ainda em formação”, avalia Griselli. Ele lembra ainda que a adoção massiva dos serviços de TV pelo celular acontecerá­ com a introdução de redes 3G e de broadcast por redes móveis, mas para isso devem ser resolvidas questões como a definição de um padrão (como o DVB-H, DMB, ISDB-T, MediaFLO entre outros), de freqüências e ainda o alto custo dos terminais. “Na minha opinião, o modelo ideal é uma oferta colaborativa entre teles e broadcasters, em que as operadoras móveis seriam responsá­veis por conteúdos on demand e funcionariam como canal de retorno para broadcast de canais gerenciados pelas operadoras de TV, inclusive com a venda de espaço publicitá­rio”, afirmou.

Contudo, até o momento, não existe respaldo para impedir as empresas de celular de oferecerem conteúdos audiovisuais, inclusive serviços de TV, em suas redes. Esta, pelo menos, é a visão da advogada Regina Ribeiro do Vale. Para ela, a legislação está­ desatualizada, e a interpretação mais razoá­vel que se pode fazer é que os serviços de TV no celular são de valor adicionado, que podem ser prestados livremente. Em geral, os

radiodifusores defendem a tese de que TV no celular é comunicação social e que, portanto, estaria sujeita às mesmas regras impostas às TVs pela Constituição. A mesma

posição é defendida abertamente pelo ministro Hélio Costa. Mas Regina Ribeiro do Vale diz que, no caso da Internet, já­ há­ um precedente de não regulamentação e lembra ainda que a Constituição traz como princípios a liberdade de expressão, a liberdade de iniciativa e o direito de acesso à informação.

Ela interpreta que as empresas que provêem acesso e conteúdo, seja em plataforma de internet ou celular, são usuá­rias de infra-estrutura de telecomunicações. “Na minha interpretação, o Projeto de Emenda Constitucional 55/04 e o projeto de Lei 4209/04 são retrocessos. O que se deve buscar em termos de atualização da legislação de comunicação é o controle do monopólio e da concentração, e mecanismos

“ Uma regulamentação específica pode atrapalhar o processo, porque o mercado está em formação”Alberto griselli, da Value Partners

>>

de fomento de conteúdos que valorizem a cultura nacional”.

O Projeto de Emenda Constitucional a que a advogada se refere é o do senador Maguito Vilela (PMDB/GO), que basicamente estende a todos os meios que explorem conteúdos de comunicação social as mesmas obrigações das emissoras de TV, inclusive em relação ao controle de capital estrangeiro. O projeto de lei citado vai em linha semelhante. No caso da PEC 55/04, há­ o apoio da Abert, a associação dos radiodifusores.

modelo de negóciosO diretor de SVA da Claro, Marco

Quatorze, ressaltou durante o evento que o modelo de streaming de TV via celular enfrenta o obstá­culo do modelo de negócios.

No mundo inteiro, a opção preferida tem sido a cobrança de uma assinatura mensal ao usuá­rio.”Porém, como oferecer isso para usuá­rios pré-pagos?”, perguntou Quatorze. Ele também aposta

que o streaming de vídeo no celular dará­ certo apenas para envio entre usuá­rios ou para aplicações de nicho, como assistir a câmeras

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(evento)

câmeras ao vivo localizadas em escolas, empresas ou que mostram imagens do trânsito nas grandes cidades. Em vez de streaming, a Claro aposta por enquanto em download de vídeos. A empresa registra atualmente 250 mil downloads de vídeos por mês, dos quais 100 mil são os gols do campeonato brasileiro de futebol, produzidos pela Globo. É uma aposta diferente da Vivo, que joga suas fichas no streaming e na transmissão ao vivo.

Para Milton Turolla Jr., da Bandeirantes, outro modelo a ser redefinido é o de divisão de receitas. Segundo Turolla, as TVs estão subsidiando a oferta de conteúdo para telefones celulares, já­ que o percentual da receita com serviços de valor adicionado (SVA) que é destinado às TVs não cobre sequer os custos destas. É sabido que as TVs recebem hoje, em média, entre 40% e 50% da receita líquida dos SVAs em telefonia celular que levam seu conteúdo. “Não sei por mais quanto tempo os produtores de conteúdo vão manter esse subsídio”, alertou. “A oferta de conteúdo de TV no celular fez com que os valores de contratos de apresentadores e de suas equipes fossem elevados, por incluírem agora os direitos de imagem para essa nova mídia”.

O grupo Bandeirantes oferece o conteúdo de seus canais em streaming e download em diversas operadoras celulares. Além disso, alguns programas da Band em TV aberta, como “Esporte Interativo” e “Floribella”, permitem a interação dos telespectadores via SMS. O grupo tem hoje 18 pessoas dedicadas

é capaz de chegar com mais força aos interessados”.

O marketing de permissão não é o único fator que atrasa a utilização do celular como ferramenta de mídia. Ainda que o aparelho tenha uma penetração de 62%, perdendo apenas para a TV aberta (com 97%) e para o rá­dio (87%), os clientes que procuram as agências de publicidade vêem a sua utilização como suporte para outras ações. As empresas, ainda que não rejeitem o celular, não o vêem como uma mídia para a qual se deva criar conteúdo específico. “Alguns clientes procuram as agências visando

somente a veiculação das peças da televisão. Colocar essas empresas no celular também é um trabalho de pensamento”. Ele lembra ainda a necessidade de criar

conteúdo específico para essa mídia, e não reaproveitá­-

lo. “Não vejo os comerciais de televisão sendo exibidos no

celular. Acho que fora da TV eles perdem atratividade”, afirmou o publicitá­rio. Sem a possibilidade de atingir o público com inserções comerciais, as operadoras têm utilizado ações de relacionamento para a venda de seus próprios serviços.

Cinema e celular: o casamento que deu certoEnquanto as empresas de

televisão e celular ainda tentam estabelecer os limites da relação, o

exclusivamente a projetos de interatividade com telefonia móvel.

publicidade Já­ a venda de publicidade

para o celular enfrenta um impasse. O envio de conteúdo

publicitá­rio para o aparelho apenas se autorizado pelo usuá­rio, conhecido como

“marketing de permissão”, pode limitar o número de pessoas atingidas pelas mensagens. A permissão seria solicitada para evitar o que aconteceu na Internet, com o envio descontrolado de spams. A experiência nesse meio tem feito com que operadoras, integradores e agências pensem em alternativas para o envio de mensagens publicitá­rias para celulares, como a criação de conteúdos que sejam do interesse do usuá­rio, que só seriam enviados caso este autorize de alguma forma o recebimento. Essa foi a conclusão do debate específico sobre mobile marketing do 4º Tela Viva Móvel.

Clá­udio Barres, diretor de mídia da Duda Propaganda, lembrou que é possível encontrar

pontos positivos nas restrições e realizar ações voltadas para públicos específicos, sem invasão de privacidade. “Ainda que a quantidade de usuá­rios impactados seja menor nesses casos, a mensagem

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para a advogada Regina Ribeiro do Vale, a TV no

celular deveria ser vista como serviço de valor adicionado,

como é na Internet.

“ Não sei por quanto tempo os provedores de conteúdo vão manter esse subsídio”milton Turolla, da Bandeirantes >>

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(evento)

conteúdo de cinema já­ é uma fatia importante da receita de serviços de valor adicionado das operadoras móveis. As teles celulares descobriram que esses conteúdos podem gerar fidelização do cliente e diferenciar a operadora frente à concorrência. A má­gica é associar as marcas, personagens e conteúdos dos grandes blockbusters às estratégias de venda das empresas de telefonia.

Ao discutir as estratégias de marketing para serviços que envolvem conteúdos de cinema, André Andrade, gerente da Claro, lembra que os filmes nacionais apresentam uma vantagem em relação aos estrangeiros: eles permitem ações de relacionamento diferenciadas e mais atraentes. “É possível, por exemplo, oferecer visitas aos sets de filmagem, realizar concursos para atuação como figurante no filme, levar os clientes para assistir a pré-estréia com os protagonistas, entre outras, o que seria praticamente inviá­vel com filmes estrangeiros”. Ele lembra, no entanto, que os filmes geradores de receita para a operadora ainda são os grandes blockbusters estrangeiros.

André Mafra, responsá­vel pela á­rea de conteúdos na Vivo, explica que a operadora conseguiu viabilizar o primeiro projeto do filme “O Senhor dos Anéis — O Retorno do Rei” com uma mudança no modelo de negócios, que só aconteceu após mais de um ano

também depende de fatores como o histórico, a temá­tica e o apelo do filme junto ao público do celular, sobretudo o jovem. “O ‘Scooby Doo’, por exemplo, apesar de ter perdido em números de bilheteria para o ‘Van Helsing’, ganhou deste na exibição de conteúdo pelo celular”, explica Mafra.

Os representantes das duas operadoras também afirmam que não dividem os custos de publicidade com as distribuidoras, nem pagam pela exclusividade. “A partir do momento em que as operadoras começarem a negociar exclusividade, passaremos a ter um

leilão pelo filme, o que deixará­ o investimento muito caro”, diz Andrade. Para Mafra, contudo, “filmes como ‘Harry Potter’, cuja autora não permite a exclusividade do conteúdo para apenas uma operadora, deixam de ser interessantes, pois ninguém quer fazer aquilo que o concorrente já­ está­ fazendo”.

Sobre a disponibilização de conteúdos

específicos para celular, como curtas-metragens, Andrade ressalta a importância dos cineastas entenderem primeiro como essa mídia funciona para então realizar filmes adequados ao formato. “É preciso entender que é uma tela menor que as outras, e o filme deve ser adequado a ela, com cenas filmadas, por exemplo, em ângulos mais fechados”, concluiu Mafra.

DA REDAção

de tentativas frustradas em negociações com a indústria cinematográ­fica. A ruptura aconteceu quando as distribuidoras entenderam que as suas divisões de cinema e de licenciamento

deveriam agir conjuntamente, ou seja, elas passaram a entender o celular não apenas como uma mídia para a qual elas podem vender os direitos de seu conteúdo, mas também como uma ferramenta de divulgação dos filmes. A Vivo também

teve que compreender que as distribuidoras e estúdios têm culturas de negociação muito mais complexas do que a de outros produtores de conteúdos. Já­ o projeto de lançamento

de conteúdo do “Guerra nas Estrelas: A Vingança dos Sith”, em 2005, foi acessado por cerca de um milhão de usuá­rios, via celular e Internet, ainda que, segundo a Vivo, tenha sido das negociações mais complicadas de todas, dada a política

da Lucas Film (detentora dos direitos) para licenciamento da marca Star Wars.

O executivo da Vivo lembrou ainda que o sucesso de um filme na bilheteria não garante público para a tela do celular, pois este meio

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“ o marketing de permissão tem restrições, mas permite atingir um público mais selecionado”Claudio Barres, da Duda Propaganda

“parceria com filmes nacionais permite ações de relacionamento diferenciadas e mais atraentes”André Andrade, da Claro

André mafra, da Vivo: modelo só ficou viável quando distribuidoras perceberam o potencial de mídia do celular.

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(produção)

Como nos blockbustersCom 60% de cenas com efeitos, “O Coronel e o Lobisomem” é um exemplo de integração entre as equipes de produção e finalização.

Conforme a indústria cinematográ­fica brasileira se desenvolve, também se aperfeiçoam os serviços mais específicos ligados

ao audiovisual. Se antes as produtoras de efeitos especiais em computação grá­fica trabalhavam apenas para a publicidade, agora o cinema brasileiro começa a se tornar um novo nicho de atuação. Pensando nisso, a produtora paulistana Digital 21 se associou à produção do longa-metragem “O Coronel e o Lobisomem”, buscando uma oportunidade de mostrar que está­ preparada para encarar o desafio da computação grá­fica na telona.

“Está­vamos no projeto de um DVD de Caetano Veloso para a Natasha Filmes quando a produtora Paula Lavigne nos mostrou o roteiro do longa”, explica o diretor de efeitos Rodolfo Patrocínio. “Já­ está­vamos procurando alguma coisa para debutar no cinema e vimos ali uma grande oportunidade de trabalhar como co-produtores, pois assim poderíamos ter uma participação artística maior. Queríamos participar de todo o processo, do início ao fim, para fazer como tem de ser feito. Como entramos no início do processo, trabalhamos juntos no desenho de produção, na criação do story board e até sugerimos novas cenas. Isso jamais seria possível se tivéssemos de trabalhar o tempo todo em cima de orçamento.”

Dirigido por Maurício Farias, com roteiro de Guel Arraes, o filme é baseado em livro homô­nimo de José Cândido de Carvalho. Conta a história do coronel Ponciano de Azeredo Furtado, vivido por Diogo Vilella, que

cartazes e os features do DVD”, diz Rodolfo. “A co-produção nos deu liberdade para sermos produtores de computação grá­fica, e não operadores. O que nos atraiu no projeto inicialmente foi a possibilidade de criar um personagem virtual — e peludo.”

A técnica para a construção de elementos orgânicos e naturais — pêlos incluídos — já­ evoluiu bastante, mas ainda representa um grande desafio para quem é da á­rea. Para fazer o acabamento do lobisomem 3D, a Digital 21 foi pesquisar tudo sobre o assunto. “Demos sorte que justamente no período em que está­vamos nos preparando, houve um seminá­rio na Siggraph, em Los Angeles, sobre a construção de pêlos e cabelos fotorrealistas”, diz Jotaerre Catão, responsá­vel pela criação do personagem. Jotaerre participou do curso e trouxe dicas preciosas. “A modelagem de pêlos é um mito mundial. A ferramenta de computação grá­fica para isso surgiu com o filme ‘Stuart Little’

disputa com o irmão de criação Pernambuco Nogueira (Selton Mello) a fazenda da família e o amor da prima Esmeraldina (Ana Paula Arósio). Acostumado ao uso de efeitos especiais nas minisséries e programas em que atua na Rede Globo, o diretor vestiu a camisa da computação grá­fica. “Foi muito bom trabalhar com ele porque tivemos toda a liberdade para sugerir mudanças nas cenas e nos processos de filmagem”, conta Rodolfo.

A modelagem foi feita em Softimage e para os efeitos e composição foram usados o Flame HD e o Combustion. A finalização foi feita nos EstúdiosMega, que telecinava em HD as imagens e mandava para a Digital 21 em data. O material era trabalhado na produtora e voltava para o Mega para a sonorização e o processo de impressão novamente em película.

A princípio, a produção previa o uso de computação grá­fica apenas para a criação do personagem principal, o Lobisomem. Mas como a equipe de computação esteve ao lado da produção o tempo todo, cerca de 60% do filme recebeu intervenções digitais. “No final, desenvolvemos até a marca, os

Lizandra de Almeidal i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

Diferencial foi a participação da equipe de efeitos em todas as

etapas do filme.

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e tem sido aperfeiçoada cada vez mais. Nosso grande medo é que o personagem não poderia ser cô­mico e precisá­vamos transformar um ator conhecido num animal virtual”, continua.

Além da aparência dos pêlos, outra limitação importante está­ no processamento da má­quina: “A quantidade de polígonos é muito grande, então temos de usar um recurso de ‘ilusão de óptica’. Quando o plano é mais aberto, usamos uma quantidade menor de pêlos e os fazemos mais grossos. Na verdade, tínhamos três ‘quantidades’ de pêlos, dependendo do plano ser close, médio ou aberto. Senão o processamento se torna lento demais”.

Para construir o bicho, a equipe de criação usou o lobo guará­ como referência. “Queríamos um animal brasileiro, então usamos as cores dele, preto e castanho. A princípio, a idéia era só incluir orelhas e presas no ator. Mas vimos que o resultado não ia ser bom, ele ficaria parecendo um Nosferatu. Então criamos o modelo totalmente virtual, alterando o maxilar. Nossa primeira proposta ficou sombria demais, então arredondamos um pouco os olhos e reduzimos as presas, porque o Lobisomem não poderia parecer tão mau.”

“Fizemos tudo com um cuidado muito grande, porque as imagens vão para o DVD, o que significa que podem ser assistidas frame a frame. E é aí que os truques se revelam”, diz Rodolfo. A definição da pele e dos pêlos do rosto exigiu uma resolução altíssima. “Se usá­ssemos a resolução de 2k, que é a alta resolução para cinema, ainda assim a imagem poderia pixelizar. Fotografamos o rosto do ator Selton Mello de todos os ângulos e isso se tornou a base do nosso trabalho”, conta Jotaerre Catão.

Retoque cena a cenaAo mesmo tempo em que parte

da equipe da Digital 21 desenvolvia

ambientes internos, mas surgiu daí um outro problema: como a lua é praticamente atriz do filme, guiando os movimentos do personagem de Selton Mello, ela deveria aparecer através da janela em muitas cenas. A filmagem ao vivo disso já­ seria complicada, para que se conseguisse ter a lua posicionada no lugar certo. “Compusemos então as imagens de céu do lado de fora das janelas sempre que a cena focaliza o exterior. Modelamos a lua, criando uma esfera com textura”, diz Rodolfo.

Durante as filmagens, depois de fortes chuvas, parte do telhado do casarão histórico desmoronou. “A princípio, a cena não teria efeitos. Mas

o diretor me chamou e perguntou se a gente conseguiria dar um jeito. Orientamos então a filmagem e depois construímos o telhado novamente. Se não fô­ssemos co-produtores do filme, não poderíamos ter interferido em tantas cenas”, diz Rodolfo.

o personagem virtual, foram surgindo questões de produção que se revelaram mais fá­ceis de resolver em computação grá­fica. Em uma cena, a atriz Ana Paula Arósio interpreta uma sereia, em gravações feitas em Fernando de Noronha. No lugar da cauda de peixe, a atriz usou uma malha azul que depois foi substituída pela cauda virtual. A equipe de computação também teve de retocar uma onça, que aparece numa cena de sonho. “A onça era velha e banguela. Tivemos de colocar dentes e presas para que ficasse assustadora”, conta André Waller, supervisor de composição.

A locação do filme era um casarão em Quiçamã, no interior do Rio de Janeiro, tombado pelo patrimô­nio histórico. Toda a história do filme remete ao casarão, mas ele só pô­de ser aproveitado para as cenas externas. “Por ser tombado, o casarão não poderia ser alterado internamente, as paredes não podiam ser furadas nem se poderia instalar uma estrutura de grid de iluminação, por exemplo”, explica Rodolfo.

A solução foi criar em estúdio os

o mEgApRoJETo Em NúmERoSTempo de trabalho: 11 mesesProfissionais envolvidos na CG: 42Processos utilizados: composição, animação, motion-design, modelagem, matte-paint e finalizaçãoSoftwares empregados: Softimage 3D (da Softimage, para modelagem), Flame HD e Combustion (ambos da Discreet, para composição e efeitos)Hardware: �0 máquinasInvestimento da Digital 21 no R$ 1 milhão projeto (incluindo equipamentos e recursos humanos):

o lobisomem: maior desafio foi a colocação dos pêlos em computação gráfica.

Fonte: Digital 21

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Novo parceiro

A AD Line contou na feira com um novo parceiro internacional: a Front Porch Digital. Trata-se de uma desenvolvedora

de soluções para arquivamento e gerenciamen-to de mídia digital. O seu DIVArchive permite interoperar entre aplicações e dispositivos em rede, com escabilidade infinita e uma interface intuitiva capaz de interagir com outras apli-cações. A solução será­ integrada pela AD Line no Brasil com os librarys (robótica) em LTO (TotalStorage ultrium Tape Familiy) da IBM. O conjunto é ideal para operações que necessitam de alta velocidade em transferências de dados e capacidade de armazenamento.

A Sony apresentou na Broadcast & Cable, que aconteceu no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, de 21 a 23 de setembro, a nova camcorder da linha baseada em Blu-Ray, a PDW-F330 (acima). Trata-se do primeiro modelo de alta

definição da linha XDCAM, apresentado este ano na IBC. A camcorder usa a mesma mídia das suas irmãs SD, podendo gravar em três diferen-tes níveis de qualidade. Ela pode gravar em formato DVCam, abrigando 90 minutos de material em um disco. Além disso, pode gravar também com bit rate variá­vel, sendo que o data rate varia de acordo com as mudanças que acontecem entre os frames. Em bit rate variá­vel, pode-se usar o modo sampling, que grava a 18Mbps (até 120 minutos por disco) e a 35Mbps (60 minutos por disco). É possível ainda gravar um vídeo em proxy, para que seja feita uma pré-edição com o material em baixa resolução. O equipamento deve estar disponível em maio de 2006, custando a partir de uS$ 27 mil.

PortátilA fabricante apresentou ainda no evento a HVR-A1N (abaixo), a

primeira camcorder HDV da Sony a usar chips CMOS (Complementary Metal Oxide Semiconductor) para captura de imagens. O equipamento vem com um sensor de 1/3 de polegada com 3 megapixel. Assim, é possível gravar vídeo em resolução 1080i e imagens still de 2,8 megapixel. Muitos dos recursos apresentados na câmera são semelhantes aos da HVR-Z1N, como dois canais de á­udio com entradas XLR, monitor LCD wide-screen, além da possibilidade de gravar em HDV, DVCAM e DV. Graças a um down conversion embutido, é possível dar saída em SD ou HD, aumentando a flexibilidade de produção. A camcorder custa a partir de uS$ 2,7 mil.

High-definition para todos

Solução sino-brasileira

A 4S apresentou na Broadcast & Cable suas soluções desenvolvidas em parceria com a chinesa Dayang. Os aplicativos D3 — CG

News, D3 — CG Sport e D3 — Production foram desenvolvidos sobre o gerador de caracteres D3 — CG. Totalmente em português, os aplicativos para automação para exibição de caracteres organizam e facilitam todas as informações necessá­rias para uma transmissão de futebol e jornalismo. O CG News conta com importação direta de pauta do programa de News, aplicação e atualização em tempo real dos dados nos templates, que podem ser animados. Permite ainda a inserção de logos animados.

Já­ o CG Sport conta com importação de dados do jogo (escalação dos times, juízes, está­dio etc.) e logos, com aplicação em tempo real. Apresenta ain-da placar com cronô­metro, logo e tempo estendido, com atualização ao vivo. Por fim, o CG Production traz agilidade para exibição de produções gravadas ao vivo, com exibição simultânea de quatro módulos em duas layers. É possível inserir nomes e identifica-ções, eventos, frases, endereços, relógio etc.

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A Phase apresentou na feira em São Paulo a nova camcorder da Ikegami, a DNS-33W. O equipamento grava em discos rígidos IDE comuns. Podem ser montados, dentro de um estojo especial, discos

de qualquer tamanho. A gravação é em DV 25 ou 50 Mbps. A Ikegami já­ tem em estudos um modelo usando cartões Compact Flash. A camcorder conta com saídas SDI, NTSC, IEEE 1394, uSB (para material proxy) e ainda uma entrada uSB para incluir metadados.

Gravação em discos rígidos

A Panasonic apresentou dois novos modelos de

câmeras profissionais com sistema P2 (que utiliza cartões de memória com interface PCMCIA) na feira Broadcast & Cable, além dos novos cartões de memória com capacidade de armazenamento de 8Gb. A nova camcorder híbrida AG-HVX200 (abaixo), combina um sistema de imagem nativa 16:9 progressivo com a lente de qualidade HD, da Leica Dicomar. O modelo grava em 1080i/720p em compressão DVCPRO HD (100 Mbps). A amostragem de imagem é 4:2:2. O equipamento pode gravar nos formatos DV, DVCPRO, DVCPRO50, DVCPRO HD (1080, 720, suporta 24p e

30p), no cartão P2 ou DV, em fita MiniDV. O modelo deve estar disponível em novembro, custando a partir de uS$ 6 mil.

Outra camcorder apresentada foi a VariCam AJ-HDC27FP, que grava em alta definição DVCPRO HD 100 Mbps e pode captar imagens com frame rate variá­vel, o que permite criar as funções de slow e fast motion das câmeras tradicionais de filme ou cinema. Além disso, tem a função “Cine Like”, que imita as oscilações de película com as vantagens da mídia digital.

HD em estado sólido

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A Snell & Wilcox apresentou na Broadcast & Cable, no es-tande da CIS, o Alchemist Ph.C (no alto). Trata-se da sexta geração do conversor de padrões da fabricante. um dos

destaques é o tamanho do equipamento, que ocupa apenas três unidades de rack (o equipamento já­ chegou a ocupar 14 Rus). Com processamento de 12-bit, o equipamento trabalha com vídeo analógico e digital, dando saída no formato desejado dire-tamente para transmissão.

O equipamento pode fazer automaticamente a conversão, ajustando o delay de á­udio para conversões entre padrões NTSC, Pal etc. Além disso, pode converter entre as proporções 4:3 e 16:9. De fá­cil operação, o Alchemist vem com uma tela touch screen, além de poder ser operado por um computador ligado através da rede ethernet. A entrada e a saída do conteúdo pode ser em vídeo composto ou SDI.

A Snell & Wilcox apresentou ainda o redutor de ruídos e gran-ulação Niagra (acima), para conteúdo em SD e HD originado de película. Além da redução automá­tica de ruídos, a solução conta com controles configurá­veis de nitidez e correção automá­tico ou manual RGB. A fabricante conta agora com vendas e assistência técnica prestadas em conjunto pela CIS e a Tacnet.

Snell no Brasil

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A briga dos fabricantes pelos diversos padrões de gravação sem fita ganhou mais um concorrente. Nem só ao lado dos que

defendem a memória em estado sólido e nem só ao lado dos defensores dos discos, a Grass Valley resolveu adotar as duas tecnologias, mas usando padrões abertos já­ existentes no mercado de TI. A fabricante apresentou na IBC, que aconteceu entre os dias 7 e 12, em Amsterdã, a sua linha de equipamentos sem fita Infinity. Baseada em gravação em drives REV Pro, desenvolvidos em parceria com a Iomega, a família conta, no início, com gravador digital e uma camcorder.

A mídia REV PRO incorpora disco e motor em um único cartucho, com a cabeça e os eletrô­nicos associados no drive. Isso permite custos baixos por cartucho (uS$ 75) mantendo taxas altas de transferência, chegando a 110 Mbps. Com essa taxa, é possível gravar conteúdo em uma camcorder e, simultaneamente, transferir conteúdo via rede.

O gravador Infinity Digital Media Recorder trabalha como um VTR convencional, mas utilizando as mídias REV ou cartões de memória em estado sólido Compact Flash, usando o formato aberto de gravação MXF. A gravação pode ser feita em 1080i50/60, 720p50/60, 625i50, e 525i60, sendo que o vídeo pode ser codificado em DV25 (tanto DVCam, quanto DVCPro) ou no formato JPEG 2000. No futuro, poderá­ ser usado ainda o formato MPEG-2.

Toda a tecnologia foi desenvolvida tendo em foco a substituição dos ambientes baseados em vídeo para as tecnologias usadas em ambientes de TI (tecnologia da

informação), o que traz mais agilidade e flexibilidade ao conjunto. Além das entradas e saídas em SDI, HD-SDI, vídeo composto analógico, á­udio analógico e AES/EBu, o gravador suporta ainda conexões uSB, FireWire e Gigabit Ethernet. Assim, dispositivos externos de armazenamento, como drives REV Pro adicionais ou discos rígidos, podem ser conectados através das portas uSB e FireWire. Já­ a conexão Gigabit Ethernet permite que o gravador faça transferências rá­pidas de arquivos em rede.

O Infinity Digital Media Recorder pode ser conectado diretamente a um editor não-linear ou atuar como um nó em um

sistema SAN. Além dos controles no painel frontal,

o equipamento pode ser operado remotamente

através da rede. A Grass Valley diz ainda

que está­ desenvolvendo um suporte a redes Wi-Fi, para que a

operação remota possa ser wireless. O equipamento suporta ainda velocidade variá­vel de execução, para slow e fast motion (-1x a +3x), e um monitor HD pode ser conectado diretamente através da saída digital.

CaptaçãoA família Infinity conta ainda

com a Digital Media Camcorder, que trabalha em HD e SD, nas resoluções 1080i50/60, 720p50/60, 625i50, e 525i60, com processamento de sinal de 14-bit. Assim como no gravador digital, estão disponíveis os formatos DV25, MPEG-2 para SD ou HD, e o esquema de compressão intraframe JPEG 2000.

A Camcorder conta com portas uSB e FireWire, para conectar periféricos, e Gigabit Ethernet, que permite a transferência de arquivos para um servidor ou uma rede de pós-produção enquanto a camcorder está­ gravando. Para não deixar de fora usuá­rios que ainda estão migrando de um ambiente baseado em vídeo, a camcorder conta com portas SDI, HD-SDI, vídeo composto analógico.

A gravação pode ser feita em discos REV e em cartões Compact Flash.

Os equipamentos estarão disponíveis no segundo

trimestre de 2006, custando a partir de uS$ 10 mil o gravador, e uS$ 20 mil a camcorder.

Fl

A mídia REV pRo custa em torno de US$ �5 e conta com taxa de transferência de 110 mbps. A linha trabalha ainda com cartões de memória em estado sólido Compact Flash.

Solução híbridaGrass Valley chega à era da produção sem fita, usando tecnologias comuns no universo TI

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> oUTUBRo1� a 21 mipcom. Palais des Festivals, Cannes, França. Tel: (33-1) 4190-4567. E-mail: [email protected] Web: www.mipcom.com

25 a 30 9º Festival de Cinema Vídeo e DCine de Curitiba. Curitiba, PR. Web: www.festcinecuritiba.com.br

22 a 4/11 mostra Internacional de Cinema em São paulo, São Paulo, SP. Em sua 29ª edição, o evento premiará­ os melhores filmes brasileiros com o Prêmio Bombril de Cinema. A premiação contemplará­ duas categorias: ficção e documentá­rio. O melhor filme de ficção será­ premiado com R$ 25 mil. O melhor documentá­rio levará­ o prêmio de R$ 15 mil.Os vencedores serão definidos por vota-ção do público. Tel: (11) 3141-2548. E-mail: [email protected] Web: www.mostra.org

2� O Instituto Trevisan e a A. F. Cinema realizam o seminário leis de In-centivo a Cultura e mercado Corporativo, para apresentar os principais aspectos relacionados à utiliza-ção das leis, a mais indicada para cada caso e suas vantagens financeiras e como instrumento do marketing cultural.O evento debaterá­ a Lei Marcos Men-donça, Lei do Audiovisual, Lei Rouanet, leis e combinações tributá­rias, a cultura como política de marketing. Entre os plaestrantes e debatedores estão os diretores e produtores Alain Fresnot, Toni Venturi, Fabiano Gullane, Paulo Pélico, o diretor do Grupo Infocus, Érico Ginez, e o diretor diretor geral de mídia da Almap BBDO, Paulo Camossa Jr.Mais informações pelos telefones (11) 3138-5200 e 3138-5204, ou no e-mail [email protected].

30 Prazo de inscrições para a quinta edição da mostra do Filme

livre (mFl), que acontecerá­ em fevereiro de 2006 no Rio de Janeiro. Tel: (21) 2539-7016 Web: www.mostradofilmelivre.com

> NoVEmBRo3 a 10 AFm — American Film mar-ket. Santa Monica, California, EuA. O evento costuma receber 7 mil profissionais de produção e distribuição cinematográ­fica, movi-mentando cerca de uS$ 500 milhões por ano com a venda de direitos de filmes prontos ou em produção. Tel: (1-310) 446-1000. E-mail: [email protected] Web: www.ifta-online.org

Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Brasília, DF. Tel: (61) 325-7777 / 325-6215. E-mail: [email protected] Web: www.sc.df.gov.br

(agenda)

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