Ano 5 | Edição 23| Março - Abril | 2014 MEDALHA LUCAS LOPES Ivan Müller Botelho é o homenageado ENTREVISTA Luiz Henrique de Castro Carvalho, Diretor de Geração e Transmissão da Cemig CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM Defensoria Pública vai prestar assistência jurídica aos processos ARTIGOS | NOTÍCIAS DO SETOR | ENERGIA EM MINAS E MUITO MAIS O que a Capital de Minas ganha com a Copa do Mundo?
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Ano 5 | Edição 23| Março - Abril | 2014
MEDALHA LUCAS LOPES Ivan MüllerBotelho é o homenageado
ENTREVISTA Luiz Henrique de Castro Carvalho,Diretor de Geração eTransmissão da Cemig
CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEMDefensoria Públicavai prestar assistênciajurídica aos processos
ARTIGOS | NOTÍCIAS DO SETOR | ENERGIA EM MINAS E MUITO MAIS
O que a Capital de Minas ganha com a Copa do Mundo?
FAÇA A ESCOLHA CERTA
Na hora de preencher a ART no
campo (entidade de classe) escolha
a SME - Sociedade Mineira de
Engenheiros através do código 0086.
Assim, você apoia a SME para re-
presentar a engenharia mineira e
oferecer melhores serviços para você!
ART‑0086
www.sme.org.brSociedade Mineira de EngenheirosCompromisso com as soluções para um futuro
sustentável da engenharia e bem‑estar social.
A Copa de 2014 se aproxima aumen-
tando as expectativas e os debates,
principalmente quanto ao legado
desse megaevento esportivo. Mas,
não é tarefa simples medir os impac-
tos econômicos por se tratar de um
acontec imento que requer um
esforço enorme do país que sedia os
jogos com gastos elevados, a maior
parte deles financiada pelo estado.
Para os jogos no Brasil, a estimativa ini-
cial no plano de investimentos nas cida-
des-sede totalizava R$ 25,6 bilhões em:
mobilidade urbana, aeroportos, moder-
nização de estádios, segurança, teleco-
municações e turismo, entre outros.
Além de políticas públicas potencializa-
das pela Copa, de Energia, Qualificação
pelo Pronatec e Hotelaria, conforme
transcrição no site do governo federal
brasileiro sobre a Copa do Mundo de
2014 (http://www.copa2014.gov.br/).
A justificativa para tamanho volume de
recursos, em um país com desigualda-
des sociais profundas, é que esses inves-
timentos resultariam em benefícios
para a população. Não há, contudo, con-
senso em relação a esses resultados daí
nossa preocupação e de outros setores
da sociedade. A preocupação é que
haja mais custos do que benefícios.
Essa apreensão é acentuada a cada dia
pelas informações veiculadas, quase
que diariamente, pela imprensa de
problemas em obras, atrasos na exe-
cução de projetos; cenas diárias
de dificuldades extremas vividas pela
população no transporte urbano, as
péssimas condições das rodovias bra-
sileiras e dos serviços aeroportuários.
Além de problemas sociais estruturais
(saúde precária, déficit de moradia,
educação de baixa qualidade, falta de
segurança, etc.).
Na área econômica, a existência de pro-
blemas que emperram a vida do país, a
exemplo da falta de políticas estrutu-
rantes de longo prazo que permitam
que os investidores/empreendedores
atuem em atividades produtivas e não
especulativas, a corrupção endêmica, a
burocracia, entre outros fatores.
Os especialistas observam que a Copa
do Mundo de futebol é um evento
ímpar, que vai muito além dos grama-
dos, atingindo a economia, a política e a
vida da população. Nos gramados cru-
zaremos os dedos para que a seleção
canarinho demonstre sua superioridade
perante os adversários. Do lado de fora
deles, a torcida será maior ainda para
que os esforços engendrados (leia-se
investimentos custeados pelo estado
que certamente teriam maior resultado
em setores essenciais) não tragam mais
danos para uma economia que dá sinais
de desaceleração; para que o monstro
inflacionário não seja reanimado e que
as desigualdades fiscais, regionais e sociais
não sejam realimentadas e acentuadas.
Um dos grandes desafios que temos
hoje é pensar o desenvolvimento de
forma integrada, assegurando bons in-
dicadores econômicos e sociais. Para
isso o governo precisa cumprir seu
papel, criando condições para que haja
crescimento econômico e desenvolvi-
mento. O objetivo principal dos dirigen-
tes e gestores não pode ser apenas
preparar bem as cidades brasileiras para
a Copa de 2014 e para as Olimpíadas,
em 2016, o que ainda não temos cer-
teza se ocorrerá no Brasil. Mas, desen-
volver o país, em todos os aspectos,
para as próximas décadas, porque de-
pois de junho teremos que adminis-
trar em duas direções possíveis: das
perdas ou ganhos.
3
EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
A Copa do Mundo e o futuro do País
Ailton Ricaldoni Lobo
Presidente da SME
4
Compromisso com Você!
A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua
equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para
atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.
Em seus 83 anos de existência, a
SME trabalha para integrar, desen-
volver e valorizar a Engenharia, a
Arquitetura, a Agronomia e seus
profissionais, contribuindo para o
aprimoramento tecnológico, cien-
tífico, sociocultural e econômico.
Produtos e Serviços
Em nosso site há uma série de pro-
dutos e serviços como cursos, palestras, seminários,
eventos e uma extensa gama de convênios que você
poderá desfrutar.
São descontos de até 20% em academias, empresas auto-
motivas, de artigos de decoração, buffets, clubes, consultó-
rios, cursos de idiomas, empresas de turismo, faculdades,
Uma publicação da Sociedade Mineira de Engenheiros | SME
DistribuiçãoGratuita 10.000 exemplaresBimestral
42
Pede-me dinâmica jorna-
lista que responda a algu-
mas perguntas a orientar
o que seria um breve re-
lato de minha história,
meu relacionamento com a SME,
meu exercício da Presidência da
entidade e opiniões sobre o asso-
ciativismo.
Ora, dado meu jeito de ser, não me
preocupa muito minha história ou o
que se realizou em meu mandato,
antes sim o a quanto estamos e o
muito que os engenheiros podem
construir pelo desenvolvimento pá-
trio, mormente através de uma so-
ciedade como a nossa.
A Engenharia me veio como decor-
rência normal de uma carreira que
poderia dizer familiar, dado minhas
origens. Meu bisavô foi um dos cinco
professores que iniciaram com Gor-
ceix a famosa Escola de Minas de
Ouro Preto, na qual posteriormente
se graduaram meu avô, meu pai, vá-
rios tios e parentes próximos.
Naquela Escola, fui um dos doze
aprovados no vestibular, que,
àquele tempo, aprovava conheci-
mento e não, como hoje, no mais
das vezes a incompetência dos go-
vernos em prestigiar a educação
tenta se ocultar através da distin-
ção de raça, cor e sexo. Fato é que,
após cursar os três primeiros anos
em Ouro Preto, já desejando iniciar
minha carreira, transferi-me para a
Escola de Engenharia da UFMG,
onde me graduei em engenharia
civil, em 1962.
A SME me chegou desde os tempos
escolares, guardando com carinho
até hoje minha carteira de sócio as-
pirante, tempos em que nos marca-
ram as horas dançantes e as
aspirações a um dia ostentarmos seu
escudo no testemunho de já sermos
engenheiros e sócios efetivos.
Daí ter estado sempre em contacto
com a SME, desde o espaço anexo ao
Automóvel Clube até o prédio novo
devido principalmente ao esforço do
engenheiro Tárcio Primo Belém Bar-
bosa, lutador recentemente falecido.
E talvez , por estar sempre presente
aos eventos e solenidades, ocupando
finalmente mandato no Conselho
Fiscal, recebi o convite de um grupo
de amigos para ocupar o cargo de
Presidente.
Recebi o cargo em período bastante di-
fícil, o nosso prédio estava alugado a
uma entidade escolar e com dívidas
que reputo normais, pelo aprendizado
no mandato, face à necessidade de en-
frentar os eventos esperados pela
classe, infelizmente bastante ausente na
hora de ajudar a mantê-la. Mas nos aco-
lhemos em área disponível pelo CREA,
entidade nascida dentro da SME, como
nos bons tempos outras iniciativas em
Minas nela se engendraram.
Assim, graças à inestimável ajuda de
empresas diversas, pudemos aos
poucos livrar-nos do deficit e conse-
guir um programa de trabalho para
manter nossas características de so-
ciedade na vanguarda da engenharia
mineira e caminhar pari passu com o
desenvolvimento do Estado.
Saliento ainda que, via processo judi-
cial, conseguimos a retomada da
nossa sede que , vazia e silenciosa,
aguarda ainda um movimento de só-
cios e empresas a retorná-la à dese-
jada ocupação real e volta aos anos
de intensa movimentação. Este um
dos planos que, iniciado com a reto-
mada, não pude concretizar, mas
tenho certeza haverá de acontecer
pela união dos que amamos a SME.
SME ESPECIAL | MÁRCIO DAMAZIO TRINDADE
Defesa da Engenharia e associativismo levado a sério
43
Fato é que, a despeito dos empeci-
lhos, conseguimos com a inestimá-
vel colaboração de alguns diretores,
sócios e membros de Comissões
Técnicas, levar à frente nossos al-
moços 12h30 , criando também o
jantar 19h30 , pela maior facilidade
de horário, onde pontificaram per-
sonalidades e temas diversos, que
não importa enumerar, realizar o
frequentado Ponto e Contraponto.
Valeria aqui sobressair nossas cola-
borações ao Plano Nacional de Lo-
gística e Transporte e à questão das
Balanças Rodoviárias, merecedoras
de elogios pelo Ministério de Trans-
portes, nossos estudos sobre Cen-
tro de Tecnologia, a mais antiga Usina
de Ferro no Brasil e o Modelo para
Minas Gerais acerca de Telecomuni-
cações, além de muitos outros, no
decorrer das reuniões de comissões
técnicas.
De nossa época ainda, o ressurgi-
mento de iniciativas que haviam
sido deixadas por motivos que não
vêm ao caso, como o Congresso In-
ternacional de Metalurgia, levado
para São Paulo e por nós retomado,
mas que infelizmente também não
teve sequência, após o que levamos
com grande sucesso em Ouro
Preto. Mesmo esta revista, que en-
contramos com publicação sus-
pensa, a fizemos retornar com o
aspecto e apresentação que hoje re-
cebemos e esperamos continue
com a fortaleza de seus artigos
sempre esperados e se torne ban-
deira de nossas ideias e valores.
Muitos outros planos foram divulga-
dos e registramos à espera que o
avançar dos anos e a sequência de
mandatos os realizem pelo con-
teúdo que encerram , discutidos e
aprovados nas comissões. Assim, por
exemplo, o Programa de Treina-
mento em Serviço, o Programa de
Interiorização da SME, o da SME
como Alavancadora de Inovação
Tecnológica, que hoje ganhou
corpo em várias entidades e até
mesmo a criação de um Instituto
do Conhecimento da Engenharia.
Assim, lutando pela manutenção do
nosso dia a dia, acreditando ser mais
que tempo de reunirmo-nos ao
invés de desassociara-nos, como
vem ocorrendo, pela abertura fre-
quente de novas entidades, no final
de nosso mandato, por uma série
de cafés da manhã, outra iniciativa
que promovemos, buscamos diri-
gentes de representações de ramos
diversos da Engenharia, apregoando
nossa união na defesa de ideais co-
muns e engrandecedores da Pátria,
porquanto é de nossa profissão a
base para todo e qualquer desen-
volvimento brasileiro que se pre-
tenda.
Os novos engenheiros devem se
chegar às entidades que verdadei-
ramente os representem, buscar
dos mais antigos a experiência que
possam transmitir, emprestar-lhes
a energia criadora que trazem con-
sigo para , juntos, buscar a realiza-
ção dos sonhos que ficaram para
trás perdidos pelas dificuldades da
vida e dos sonhos que se estendem
à frente pelo entusiasmo dos que
iniciam sua carreira.
Portanto, a presença do enge-
nheiro em todas as eras e ativida-
des, sobretudo em associações
como a SME, é ponto de partida
obrigatório. É hora de fortalecer e
renovar a engenharia brasileira!
Márcio Damazio Trindade
Márcio Damazio
Trindade, engenheiro e
ex-presidente da SME
Mais de 25 anos após o início da ge-
ração de eletricidade pelas usinas
sucroenergéticas brasileiras para a
grade de distribuição, a bioeletrici-
dade continua a ser uma energia re-
novável, sustentável, abundante e
pouco valorizada. Para discutir for-
mas de mudar essa realidade, o pro-
grama de comunicação do setor
sucroenergético que envolve sindi-
catos e fornecedores, agora em par-
ceria com a Frente Parlamentar pela
Valorização do Setor Sucroenergé-
tico e a Comissão de Minas e Ener-
gia da Câmara dos Deputados,
promoveu o seminário “1º de abril:
O dia da verdade sobre a bioeletri-
cidade,” no dia 4 de abril.
Especialistas, empresários do setor,
autoridades e representantes de or-
ganizações não-governamentais
(ONGs) e do legislativo participa-
ram do evento que, em três painéis,
apresentou diversas propostas para
ampliar a participação da bioeletri-
cidade na matriz energética brasi-
leira. O presidente do Sindicato da
Indústria de Fabricação do Álcool
no Estado de Minas Gerais (Siamig-
MG), Mário Campos, participou do
seminário.
Apesar do interesse do governo em
ampliar o escopo de fontes de ener-
gias renováveis, o setor sucroener-
gético ainda não dispõe de uma
política de longo prazo para a bio-
eletricidade, que inclua esse produto
em leilões. “Hoje a bioeletricidade
tem que concorrer nos leilões mis-
tos, que desconsideram suas exter-
nalidades como energia limpa (sem
emissões ou transtornos ambien-
tais), produzida entre abril e dezem-
bro, no período mais seco do ano,
quando acontece a moagem da cana
de açúcar, nas regiões Sudeste e
Centro-Oeste, onde ficam os maio-
res centros de consumo, o que pos-
sibilita, ainda, reduzir custos e as per-
das de transmissão”, enfatiza. Há
que se considerar, ainda, a descen-
tralização da produção, no interior
do país.
Apesar de tantos diferenciais com-
petitivos, o que existe hoje é um ce-
nário de desestímulo da produção
em função dos baixos preços con-
seguidos nos leilões, com efeito ne-
gativo sobre os investimentos em
novas usinas e também na expansão
e modernização dos processos pro-
dutivos, para gastar menos energia
no processo produtivo apara ter
uma sobra para comercialização.
“Caso houvesse incentivos, o
setor teria a capacidade para res-
ponder de forma rápida ao au-
mento de geração de energia para
o sistema”, garante o dirigente.
Basta dizer que o setor entrega ao
sistema nacional de energia (SIN)
1.700 MW médios, porém, existe
44
ENERGIA ALTERNATIVA
Seminário destaca potencial da bioeletricidade
um potencial de aumento a curto
e médio prazo para 5.000 MW,
caso fossem atendidas as necessi-
dades do setor, principalmente,
quanto aos preços nos leilões.
Uma usina não vive somente da
produção de bioeletricidade. Se-
gundo Campos, a implantação de
políticas que interfiram na produ-
ção e comercialização do etanol,
por exemplo, impactam significati-
vamente a saúde financeira das em-
presas e diretamente os projetos
de cogeração de energia elétrica.
“Enquanto o governo segura o
preço da gasolina e impede a com-
petitividade do etanol no mercado
nacional, empresas do setor fecham
em todo o país”, avalia.
No plano decenal de energia do go-
verno federal a biomassa cresceria
na matriz energética para 8000
MW em 2022. “Infelizmente pela
falta de incentivo e aumento da ca-
pacidade de investimento isso não
será concretizado pois a estimativa
de capacidade de geração para este
ano é de 22 mil MW, usando o ba-
gaço e a palha da cana”, garante
Campos.
O setor quer despertar a so-
c iedade para a importância da
bioeletricidade para o país, ao de-
monstrar o potencial dessa fonte
energética em um cenário de re-
servatórios baixos e risco de racio-
namento de energia elétrica. Mais
que isso, movimentar a atividade
também abre oportunidades de
empregos para diversos profissio-
nais, incluindo-se aí os engenheiros
que podem trabalhar na operação
e também na área de consultoria
nessa cadeia produtiva.
Projetos como o metrô leve e o
Rodoanel Norte, esse último com
edital previsto para maio, estão
entre os planos do novo governa-
dor de Minas Gerais, Alberto
Pinto Coelho (PP) até 1º de
janeiro de 2015. Ele substituiu An-
tônio Augusto Anastasia, possível
candidato ao Senado nas próxi-
mas eleições.
45
Mário Campos,
presidente do
Siamig-MG
Caso houvesse
incentivos, o
setor teria a
capacidade para
responder de
forma rápida
ao aumento de
geração de
energia para
o sistema.
“
“
Mário Campos
A nova sede do Sindicato da Indústria da Construção
Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), pre-
sidido por Alberto Salum, foi inaugurada em de março
último, em um evento bastante prestigiado. Cerca de
900 convidados participaram da solenidade. Entre os
presentes, o governador Antonio Anastasia, o vice-go-
vernador Alberto Pinto Coelho à época, o presidente
da Assembléia Dinis Pinheiro, o prefeito Márcio La-
cerda, além de outras autoridades.
O prédio, que já é uma das mais bem estruturadas
sedes de entidades de classe do País, atenderá os as-
sociados da entidade e, em breve, a população. Um
dos destaques da nova casa é o seu auditório com ca-
pacidade para 300 pessoas que poderá se tornar mais
um espaço cultural para os belorizontinos. Localizado
na avenida Barão Homem de Melo, 3090, Estoril, com
aproximadamente 15.500m² de área construída , o
prédio segue os conceitos da sustentabilidade e tem
uma estrutura administrativa moderna, com três au-
ditórios, salas multiusos, espaço para exposições do
setor, área gourmet e estacionamento com 300 vagas.
O presidente do Sicepot-MG, Alberto Salum, disse
que a entidade cresceu muitos nesses 46 anos de his-
tória e, cada vez mais, sua estrutura física foi se tor-
nando pequena para as necessidades dos associados
e para a própria prestação de serviços. “A nova sede
será um salto qualitativo no atendimento aos empre-
sários e um upgrade nas suas instalações, com o objetivo
de propiciar maior comodidade, conforto e aporte
tecnológico de ponta para os associados e demais
players do mercado, que poderão inclusive realizar
seus treinamentos no local”, pontua.
46
SICEPOT-MG
DA
NIE
L M
AN
SU
R
Nova sede do Sicepot-MG revela força do setor construtor
Segundo Alberto Salum, a nova sede
do Sicepot-MG é um prédio que
marca arquitetonicamente a avenida
em que está inserido pela sua pujança
dimensional e multiplicidade de fun-
ções a que se propõe: atendimento
diversificado, atividades sociocultu-
rais e de responsabilidade cultural
para toda a sociedade. O presidente
ressalta ainda a preocupação do Sin-
dicato com a sustentabilidade e qua-
lidade da edificação. “Estes dois itens
foram prerrogativas fundamentais
para a execução do projeto, uma vez
que somos uma entidade do setor da
Construção”, ratifica.
A arquiteta Ana Machado responsável
pelo projeto explica que usou o forte
lado institucional do Sicepot-MG para a
concepção da obra e projetou um es-
paço voltado para a sociedade, com
transparência em sua fachada. Através
de um hall de vidro, o ambiente recebe
iluminação e ventilação natural além de
criar “um caráter de visibilidade, que
gera um aspecto convidativo para a edi-
ficação”, explica.
Segundo a arquiteta, a construção foi di-
vidida por usos privados, semiprivados,
públicos e de serviços. O térreo abriga
foyer, recepção, auditório, uma grande
galeria, espaços de convenções e expo-
sições. Esses espaços permitirão maior
circulação do público sem interferência
nas atividades diárias do sindicato. Já as
áreas de trabalho foram projetadas em
vãos livres, com pisos flutuantes. No en-
trepiso estão todas as instalações, dutos
e cabeamentos, gerando espaços flexí-
veis e de fácil adaptação a novos usos. A
área de serviços se encontra isolada e
conectada ao estacionamento. Este
setor foi desenvolvido para atender a
demandas corriqueiras e a todas as ati-
vidades sociais, comerciais e culturais
desenvolvidas pelo Sindicato.
A nova sede contempla também a arte
mineira, representada por peças dos ar-
tistas plásticos Jorge dos Anjos, que de-
senvolveu para o foyer e que pode ser
vista da rua um painel em aço cortenho,
material que remete à Construção
Pesada, e Fernando Velloso, que instalou
painéis variados em cada pavimento e
na antessala da presidência.
47
A SEDE NO ESTORIL
5.500M² DE ÁREA
MODERNA E SUSTENTÁVEL
3 AUDITÓRIOS,
SALAS MULTIUSOS,
ESPAÇO PARA EXPOSIÇÕES
ÁREA GOURMET
ESTACIONAMENTO P/ 300 VAGAS.
Alberto Salum,
presidente do
Sicepot-MG
Processos de conciliação instaura-
dos junto à Câmara de Mediação e
Arbitragem (CMA) do Conselho Re-
gional de Engenharia e Agronomia
(Crea-Minas) contam, a partir deste
ano, com os serviços da Defensoria
Pública do Estado de Minas Gerais.
O órgão público prestará assistên-
cia jurídica aos procedimentos de
conciliação da CMA/Crea-Minas
nos litígios que envolvam, direta ou
indiretamente, as áreas tecnológi-
cas, garantindo, assim, a assistên-
cia de um defensor público para a
defesa da parte que não possuir
advogado.
“Vimos a necessidade de selar esse
convênio ao perceber um desequi-
líbrio jurídico entre os envolvidos.
Alguns dos nossos casos são entre
empresas e pessoas humildes, que
não possuem condições de arcar
com as despesas de um advogado”,
afirma a diretora executiva da
CMA, Camila Linhares. Ela enfatiza
que a atuação da Defensoria Pública
na justiça privada, conforme pre-
visto no convênio, é iniciativa iné-
dita no Brasil.
O convênio entre as instituições irá
contribuir, também, para desafogar o
Judiciário. Processos relacionados às
profissões de base tecnológica, regu-
lamentadas pelo Crea-Minas, que
cheguem à Defensoria Pública, serão
encaminhados, se for do interesse
das partes, à CMA para uma tenta-
tiva prévia de conciliação. “Processos
que poderiam se arrastar por anos
até serem julgados na justiça
comum, ganham rapidez e apoio
técnico ao serem apreciados pela
conciliação, mediação ou arbitragem,
alternativas mais viáveis ao judiciário
estatal”, conta o presidente da
Câmara de Mediação e Arbitragem
(CMA) do Crea-Minas, engenheiro
civil Clémenceau Chiabi Saliba Jr.
Segundo ele, existe a possibilidade
de direcionar para a Câmara proces-
sos da área tecnológica em trâmite
no judiciário e que estejam parados
há muitos anos, à espera de julga-
mento. “São cerca de 200 mil casos
aguardando realização de perícia.
Através do convênio, a Defensoria
Pública de Minas Gerais poderá en-
caminhar à CMA alguns desses pro-
cessos, oferecendo às partes, além
do suporte jurídico, uma tentativa de
conciliação intermediada por técni-
cos na tentativa de solução desses
conflitos, com segurança e rapidez
para as partes envolvidas”, explica o
engenheiro.
48
CREA | CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM (CMA)
Crea-Minas assina convênio
com a Defensoria Pública
Clémenceau Chiabi
Saliba Júnior,
Engenheiro Civil
O termo prevê assistência jurídica aos procedimentos
de conciliação que envolvam a área tecnológica.
49
Para o presidente do Crea-Minas,
engenheiro civil Jobson Andrade
“essa parceria é de extrema impor-
tância para a resolução dos conflitos
que envolvem a área tecnológica, re-
forçando, mais uma vez, o compro-
metimento do Conselho com os
temas de interesse social”. A defen-
sora pública geral do Estado, Andréa
Abritta, não esconde o entusiasmo
em relação ao convênio. “Não pode-
mos falar da modernidade do di-
reito sem passar pelos processos de
mediação, conciliação e arbitragem.
Estamos orgulhosos dessa parceria”,
afirma.
Atuação
Inaugurada em 2012, a Câmara de
Mediação e Arbitragem do Crea-
Minas atua na resolução de conflitos
das áreas que envolvam profissões de
base tecnológica, regulamentadas pelo
Crea. Em 2013, dos 1.052 processos
administrados pela CMA/Crea-Minas,
75 foram conciliatórios de interesse
social, com sucesso de aproximada-
mente 90%. O tempo médio para a
solução dos processos é de 80 dias,
sendo que o fator maior de morosi-
dade é o contato com as partes en-
volvidas.
A CMA/Crea-Minas funciona de
segunda a sexta-feira, das 8 às 17
horas, na sede do Conselho, à Avenida
Alvares Cabral, 1600.
Jobson Andrade,
presidente do Crea-Minas
50
Negociação:
É um processo em que duas ou mais partes, com
interesses comuns e antagônicos, se reúnem para
confrontar e discutir propostas explícitas com o ob-
jetivo de alcançar um acordo." (Berlew, 2011)
O processo de negociação será sempre a via pri-
mária de entendimento entre as partes, podendo
ocorrer sob o patrocínio da CMA.
A CMA utiliza dos procedimentos de negociação
para auxiliar ao leigo, profissional ou empresa na
regularização junto ao Crea-Minas.
Conciliação
Outra modalidade de procedimento amigável de
resolução de conflitos, em que o Conciliador terá
por funções, conduzir as partes a um acordo, me-
diante sugestão de propostas e soluções para a
controvérsia em questão.
A CMA oferece aos seus usuários uma conciliação
especializada em que o conciliador têm conheci-
mento técnico no objeto da controvérsia, e, se
necessário for, também realizada visita in loco
para auxiliar às partes na melhor solução da
controvérsia.
Antes das sessões de conciliação às partes são
convidadas à manifestarem por escrito, com an-
tecedência, sobre as alegações uma das outras,
visando facilitar o entendimento pessoalmente.
Mediação
É um procedimento amigável de resolução de
conflitos, que tem como protagonistas às pró-
prias partes na busca de uma solução consensual
para a controvérsia. Nesse caso, o mediador
tem a função de aproximar, auxiliar e facilitar a
comunicação das partes, para que solucionem
suas divergências e construam, por si próprias,
seus acordos com base nos seus interesses.
Arbitragem
Procedimento adequado de resolução de contro-
vérsias, regulado pela Lei Federal nº. 9.307/96, que
permite às partes, quando do surgimento de um
litígio oriundo de uma relação contratual, a esco-
lha de uma terceira pessoa, capaz, independente e
imparcial, especialista no conflito em questão, de-
nominada Árbitro, para resolver o impasse.
Qualquer questão que verse sobre direitos patri-
moniais disponíveis, ou seja, direitos nos quais as
partes podem transacionar, podem ser objeto de
arbitragem.
As sentenças arbitrais são títulos executivos ju-
diciais equiparadas para fins de direito às senten-
ças judiciais.
São vantagens do instituto da arbitragem a celeri-
dade, a especialidade dos árbitros, a autonomia da
vontade das partes e a confidenciabilidade.
CREA | CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM (CMA)
Entenda os processos que a CMA conduz:
UMA HISTÓRIA DE SONHOS E REALIZAÇÕES.
O Grupo Orguel é uma holding composta por7 empresas que atuam na construção, indústria, mineração, infraestrutura e óleo e gás. São mais de 2 mil funcionários, 80
Com a grande contribuição dos colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros, alcançou o reconhecimento do mercado brasileiro, e o que era um sonho se tornou uma história de sucesso, com respeito e dedicação às pessoas, muito trabalho e fé em Deus.
locação de equipamentos para construção.
responsabilidade para continuar na busca constante por soluções que facilitem o trabalho dos nossos clientes.
Grupo Orguel 50 anos.A gente ainda tem muita história pela frente.
52
Nnascido em Brasí-
lia, o engenheiro
mecânico Paulo
Cézar Pereira
Corrêa passou
parte da sua infância e adolescência
em Minas Gerais. Por isso, quando
retornou para a capital federal,
levou consigo muitos legados, entre
os quais ele mesmo destaca a pai-
xão pelo Clube Atlético Mineiro.
Formado pela Universidade de Brasí-
lia (UnB), atuando na área e feliz
pela sua escolha, conta que a Enge-
nharia não foi sempre a primeira
opção. Embora fosse excelente
aluno das matérias de Exatas, Paulo
Cézar sonhou em ser advogado.
Isso até um professor de Física e
também engenheiro mecânico, dar
o ultimato.“Meu amigo, sai dessa!
O seu caminho de sucesso é outro”,
disse. Só assim ele se convenceu.
As histórias relatadas pelo irmão
mais velho, na época estudante da
UnB também fizeram com que ele
decidisse mudar de rumo aos 45
minutos do segundo tempo.
Quando ingressou na UnB, apai-
xonou-se pela Engenharia. “Eu
acreditava que a gente poderia
revolucionar o mundo”, declara.
Apaixonado pela Fórmula 1, ele
queria trabalhar com aerodinâ-
mica. Como a instituição tem di-
versos projetos de extensão na
área, ele optou pela Draco Volans,
uma equipe de aerodesign que
projeta uma aeronave para parti-
cipar de competições anuais no
país. Dessa temporada ele tem di-
versas histórias para contar.
Uma delas foi quando ele se tornou
líder da equipe de aerodinâmica.
“Fomos convidados para entrar em
um projeto da UnB para fazer um
Veículo Aéreo Não Tripulado
(VANT) para o Ibama. A aeronave
deveria ser simples, leve, com alta au-
tonomia, e deveria carregar um peso
X para poder acoplar uma câmera e
monitorar possíveis queimadas, entre
outras coisas. “Naquela época –
2011 - eu fiquei bem dividido, porque
eu era apaixonado pelo que eu fazia,
pela equipe, e pra ingressar eu teria
que abrir mão da Draco. Acabei
decidindo pelo que poderia ser
melhor pra mim e fui”, lembra.
O projeto foi bom e rendeu as
primeiras publicações de artigos.
Um deles em um congresso interna-
cional no Rio de Janeiro. No
ano seguinte, a “ficha caiu” e Paulo
constatou que não existe mercado
de trabalho para um engenheiro que
não queira mexer com manutenção
de ar condicionado ou manutenção
predial. Foi aí que surgiu a Orion. Ele
se candidatou para a vaga e foi aceito
para trabalhar como estagiário de
manutenção em um dos contratos
da empresa até início de 2013. “Nos
primeiros meses daquele ano eu re-
cebi um convite pra trabalhar em
outro departamento da empresa, o
de Data Centers. Achei o máximo
por causa da tecnologia”, comenta.
Jovem profissional aposta no potencial transformador da Engenharia
NOVOS ENGENHEIROS | PAULO CÉZAR PEREIRA CORRÊA
53
Mas a melhor parte é que a em-
presa vislumbrava usar a metodolo-
gia de CFD em Data Centers. Dessa
forma poderia-se entender todo o
escoamento de ar interno à sala e
otimizar o sistema de climatização.
Dependendo das proporções da
sala, o gasto energético pode chegar
na casa de milhões por ano. Como
o engenheiro já conhecia a ferra-
menta, foi convidado para auxiliar
no desenvolvimento dessa nova
frente de negócio. Essa é a área em
que atua no momento.
“Minha carreira está só começando,
mas está crescendo muito rápido.
Os projetos que fiz na UnB me leva-
ram para programas de iniciação
científica que, além de estudos e ar-
tigos, me renderam boas oportuni-
dades de trabalho, como a atual”,
afirma. Mas ele quer ser o melhor
engenheiro que puder, para garantir
o futuro da carreira.
Membro da Society of Automotive
Engineers (SAE) por dois anos, ele
é associado à Américan Society of
Heating, Refrigerating and Air-Con-
ditioning Enginers (ASHRAE) para
ter acesso a artigos e materiais de
estudo. “Já tenho alguns planos futu-
ros, como cursos de PMI, MBA, ou
outra coisa do gênero, a ideia seria
complementar a minha formação
acadêmica. As escolas de Engenha-
ria no Brasil formam excelentes
profissionais em âmbito de projeto.
Mas, uma coisa que eu percebi ao
ingressar no mercado de trabalho
foi a carência que essa metodologia
tem quanto à gestão empresarial,
e trabalho de liderança de equipe”,
adianta.
Nas horas de lazer ele não dispensa
uma saída com os amigos, uma par-
tida de vôlei de areia e a tradicional
corrida. “Sou viciado em filmes e sé-
ries de TV e música. Estou sempre
lendo blogs e sites de notícias de
tecnologia”, enumera.
Paulo Cézar é membro da Society of Automotive Engineers
(SAE) e associado à Américan Society of Heating, Refrigerating and
Air-Conditioning Enginers (ASHRAE) o que facilita o relaciona-
mento e integração nesses grupos e o acesso a artigos e materiais
de estudo. Tem planos futuros como cursos de PMI e MBA no
segmento de atuação.
As escolas de Engenharia
no Brasil formam excelen-
tes profissionais em âmbito
de projeto. Mas, uma coisa
que percebi ao ingressar
no mercado de trabalho foi
a carência que essa meto-
dologia tem quanto à ges-
tão empresarial, e trabalho
de liderança de equipe
““
54
Elemento essencial em todos os
processos de evolução da socie-
dade, a Engenharia é uma ciência e
uma prática em constante aprimo-
ramento. Os seus diversos ramos
são propulsores do desenvolvimento
tecnológico e socioeconômico. Por
isso, a figura do engenheiro é indis-
pensável aos países que pretendem
exercer papel de destaque no
mapa geopolítico.
A capacidade de inovação de uma nação
depende de vários fatores, entre eles a
quantidade dos profissionais de Engenha-
ria. Estimativas da Financiadora de Estu-
dos e Projetos (Finep) apontam que o
Brasil tem cerca de 600 mil engenheiros,
o equivalente a seis para cada grupo de
mil trabalhadores. Nos Estados Unidos e
no Japão essa proporção é de 25 para
cada mil pessoas economicamente ativas.
E essa conjuntura não é por falta de de-
manda. Segundo estudos do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), até
2020, o País deve criar mais de 660 mil
postos de trabalho para engenheiros. En-
tretanto, não basta apenas quantidade, é
preciso qualidade.
Hoje, o engenheiro deve ser versátil, pos-
suir uma visão sistêmica e saber identifi-
car oportunidades. Por isso, torna-se
estratégico ter engenheiros múltiplos,
principalmente na construção civil, um
dos motores da economia brasileira.
Projetar edificações inteligentes e sus-
tentáveis, bem como participar da estru-
turação do espaço urbano das cidades
demanda ao setor um novo profissional
da Engenharia, que deve antever deman-
das, criar tendências e formular produtos
e soluções para necessidades que ainda
são insipientes, mas que estarão consoli-
das daqui a cinco, dez, 20 ou 30 anos.
Isso implica, também, na necessidade de
profissionais que se destacam pela ca-
pacidade de gestão e liderar processos
de pesquisa e desenvolvimento na área
energética.
Assim, a Medalha Lucas Lopes, conce-
dida pela Sociedade Mineira de Enge-
nheiros, é mais uma iniciativa que lança
luz sobre nomes que, com seu trabalho,
promoveram o desenvolvimento do
País. Enfim, a Medalha Lucas Lopes é uma
justa homenagem a quem se propõe a
reinventar a Engenharia e o futuro do
Brasil todos os dias.
ARTIGO
O futuro vem por meio da
criação e desenvolvimento
da Engenharia
Por Luiz Fernando Pires*
*Luiz Fernando Pires é Engenheiro Civil pela Universi-dade Federal Fluminense – UFF/RJ (1972), Pós-gra-duado em Marketing pela Escola Superior dePropaganda e Marketing ESPM/RJ. Trabalhou como Ge-rente Técnico da Superintendência da COSIPA-Cuba-tão/SP (1973/1977). Foi Diretor da IESA – InternacionalEngenharia SA (1977/1994). Atualmente é Presidentee Controlador da MBR - Mascarenhas Barbosa RoscoeS.A – Construções, presidente do Sindicato da Indústriada Construção Civil no Estado de Minas Gerais – SIN-DUSCON-MG em sua segunda gestão, vice-presidenteda Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais– FIEMG e membro do Conselho de Administração daCâmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC.
Luiz Fernando
Pires, presidente do
SINDUSCON-MG
Gla
dys
ton R
odri
gues/
Sin
dusc
on-M
G
56
ARTIGO
Durante estes últimos 41 anos, desde
que me graduei em 1972 pelo Insti-
tuto Nacional de Telecomunicações
– INATEL, tenho presenciado vários
fatos, que de alguma forma, tiveram
a minha atenção e sem sombra de
dúvidas estão marcadas em minha
mente, durante todo este período.
Um deles ocorreu na pequena e agradável
cidade de Pimenta, no Oeste do Estado de
Minas Gerais, quando estávamos implan-
tando a telefonia fixa em 1976. Deparamos
com um fato inusitado: o aparelho telefô-
nico instalado em uma das residências, de
família da classe média alta, não apresen-
tava defeito, entretanto mesmo após a
identificação característica que o usuário
havia atendido a ligação, este ainda perma-
necia mudo. Fomos até o local e, para
nossa surpresa, o aparelho estava embru-
lhado em um pano de prato e carinhosa-
mente depositado dentro de um guarda
comida. Para o nosso espanto, além deste
acontecimento, os moradores daquela
casa tinham vergonha em falar ao telefone.
Um outro episódio que pôde ser cons-
tatado, dentre os vários momentos vivi-
dos, ocorreu quando visitava uma família
importante em Campo Belo e o telefone
tocou. Estávamos todos na sala de jantar,
pois naquele tempo não havia sala de
estar. O anfitrião levantou-se da cadeira,
dirigiu até o telefone, com a vós impos-
tada falou: quem fala? Todos na sala fi-
caram quietos esperando até que a
conversa terminasse.
Estes dois exemplos refletem o como
tem sido a importância das telecomuni-
cações para o cená-
rio das pessoas que
vivem no Brasil.
Após 16 anos passa-
dos do processo de
privatização ocor-
rido no Brasil em
1997, a importância
das telecomunica-
ções não tem sido diferente. A massifi-
cação do uso de celulares no Brasil é
impressionante, chegamos a marca de
245 milhões, a banda larga (mesmo não
sendo tão banda larga assim) chega ao
número de 94 milhões de acessos, nú-
meros que atendem a uma população
de 199 milhões de habitantes, somente
para ressaltar estes 3 indicadores.
Sem dúvida, para o brasileiro as teleco-
municações jogam um papel fundamental
para o cotidiano de nossas vidas, pas-
sando até mesmo a ocupar um lugar com
tamanho destaque, onde é muito raro,
encontrarmos pessoas “desconectadas”
hoje em dia.
O objetivo deste artigo não é o de
fazer um estudo sobre a Antropologia
das Telecomunicações no Meio da So-
ciedade, que possibilitaria até mesmo
uma tese de mestrado, mas enfocar o
momento desafiador para as empresas
que utilizam as telecomunicações como
meio de desenvolvimento para os seus
negócios.
Neste cenário, já vivido pelos EUA e
países da Europa, não é novo, e hoje es-
tamos revivendo a história já vivida por
outras nações.
Precisamos nos colocar dentro das
mentes da alta direção e entender a fi-
losofia pragmática desenvolvida pelas
operadoras de telecomunicações, bem
do povo brasileiro, cedido através de
concessão governamental a estas em-
presas.
Mesmo que o índice de qualidade des-
tas operadoras não atenda a demanda
das expectativas da sociedade, alcan-
çando recordes cada vez maiores de in-
satisfação, nos órgãos de defesa do
consumidor o fato não é de se estra-
nhar. Qual é a premissa utilizada para a
gerência destas empresas? Simples-
mente o lucro.
Na época da privatização o cenário foi
composto de área geográfica destinada
a cada tipo de concessão, isto é, cada
serviço concedido a exploração pelas
empresas de telecomunicações, deti-
nham uma determinada área de atua-
ção. Por exemplo, o Estado de São
Paulo seria um território, cuja conces-
são foi para a Telefônica, para operar a
telefonia fixa. Assim ocorreu para os
demais serviços.
Após cumprirem as metas de universa-
lização as empresas concessionárias,
O Momento Desafiador
para as Empresas
Vicente Soares Neto
Vicente Soares Neto,
engenheiro Eletricista
e Diretor da Lynce
Consultoria
bem como as espelhos, poderiam
atuar em outras regiões, provocando
uma maior competição no setor. Até
este ponto, o modelo, apesar de algumas
ressalvas estava muito bom.
Um novo passo foi dado, propiciando
que todas as empresas pudessem ven-
der serviços denominados de “triple
play”, isto é, a venda de comunicações de
voz, dados e imagem. O processo não
parou, e uma nova modalidade de venda
denominada de “quadruple play” foi co-
locada em prática. Agora, estas empre-
sas poderiam vender serviços de voz,
dados e imagem, com mobilidade.
Somadas a ampliação da área geográfica
e ao aumento do número de serviços a
serem prestados pelas mesma opera-
dora, um fato novo tem ocorrido: a
“fusão” de empresas.
A conseqüência de todas estas ações
tem minimizado a concorrência e pro-
porcionado um aumento acirrado do
“market share” nos serviços ofertados,
causando, evidentemente, a sua baixa
qualidade. E, para concluir, o atendi-
mento, ainda está longe de cobrir todo
o território nacional, tendo sido inves-
tido recursos financeiro nas regiões
onde massivamente a demanda é mais
pronunciada.
Para o segmento de serviço de acesso a
internet, o Ministério das Comunica-
ções, tem modelado um plano que po-
derá alcançar resultados significativos,
proporcionando permissão às pequenas
empresas e disponibilizando acessos a
baixo custo através da Telebrás, empresa
recém reativada.
Por outro lado, como isto tem afetado
as empresas, que necessitam de serviços
de telecomunicações para suportarem
as suas atividades?
Citando como exemplo alguns seg-
mentos econômicos de fundamental
importância para a macroeconomia
brasileira, como por exemplo, a mine-
ração, energia, ferrovias, agricultura e
onde outros segmentos poderiam
também estar incluídos: nos locais de
operação das empresas que atuam
com esta característica, faltam sinais
de celular, telefonia fixa, rede de dados
e até mesmo internet ou deixam
muito a desejar. Estamos falando de
serviços fixos, e o que dizer dos com
mobilidade?
Uma saída somente pode ser praticada
por estas empresas responsáveis pela
macroeconomia. Construção de rede de
telecomunicações própria. E..., isto é
uma verdade. Investimentos vultosos
têm sido disponibilizados, desviando re-
cursos da atividade fim para uma ativi-
dade suporte.
Causa impacto mais forte ainda, o fato
de que na gama de serviços privados
ofertados pela Agência Nacional de Te-
lecomunicações – ANATEL, os quais
possibilitam a construção de rede pró-
pria, não há frequências disponíveis para
licenciamento de serviços “quadrupleplay”.
Agrava-se ainda mais a situação para a
construção de rede própria a premissa
de venda de bandas de freqüência regu-
lamentadas por área, para exploração
comercial e não para uso privado.
O momento é desafiador para as em-
presas que necessitam de serviços e
redes de telecomunicações que possi-
bilitem a convergência, pois não há esta
facilidade disponível nas normas e reso-
luções brasileiras. Todo o plano foi e esta
sendo desenvolvido para atender as
empresas concessionárias de telecomu-
nicações e, pouca importância se tem
dados às empresas geradoras de perfor-
mance macroeconômica.
Há somente um caminho a percorrer
dentro das premissas apresentadas.
Como resultado da união das empresas,
sejam elas pequenas médias ou grandes,
a apresentação de um pleito junto aos
órgãos competentes no Brasil, como o
Ministério das Comunicações e Agência
Nacional de Telecomunicações, no sen-
tido de tecnicamente buscarem em
conjunto, uma solução eficaz, que per-
mita suportar as necessidades de comu-
nicação destas empresas. Este é um
processo desafiador.
ARTIGO
O Brasil com o vento a favor!
A Renova Energia é líder na geração de energia renovável e continua crescendo