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Entrevista: Paulo Hartung faz balano do primeiro ano de mandato
e fala de suas expectativas para 2016
Publicao Oficial do Sistema Findes Nov/Dez 2015 Distribuio
gratuita n 321 IMPRESSO
Novo bloco comercial do Pacfico deixa Brasil de fora
Comrcio exterior
em xeque
InovaoMapeamento indito da indstria criativa no Estado
IndstriaComo o ES vai superar a maior crise hdrica da
histria
EspecialMarcos Guerra analisa cenrio e sugere medidas para
2016
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4Expediente
Indstria Capixaba Findes
Federao das Indstrias do Estado do Esprito Santo
FindesPresidente: Marcos Guerra 1 vice-presidente: Gibson Barcelos
ReggianiVice-presidentes: Aristoteles Passos Costa Neto, Benzio
Lzaro, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Elder Elias Giordano
Marim, Egidio Malanquini, Houberdam Pessotti, Leonardo Souza
Rogerio de Castro, Manoel de Souza Pimenta Neto, Sebastio
Constantino Dadalto1 diretor administrativo: Jos Augusto Rocha2
diretor administrativo: Srgio Rodrigues da Costa1 diretor
financeiro: Tharcicio Pedro Botti2 diretor financeiro: Ronaldo
Soares Azevedo 3 diretor financeiro: Flavio Sergio Andrade
BertolloDiretores: Almir Jos Gaburro, Atilio Guidini, Elias Cucco
Dias, Emerson de Menezes Marely, Ennio Modenesi Pereira II, Jos
Carlos Bergamin, Jos Carlos Chamon, Luiz Alberto de Souza Carvalho,
Luiz Carlos Azevedo de Almeida, Luiz Henrique Toniato, Loreto
Zanotto, Mariluce Polido Dias, Neviton Helmer Gasparini, Ocimar
Sfalsin, Ortmio Locatelli Filho, Ricardo Ribeiro Barbosa, Samuel
Mendona, Silsio Resende de Barros, Tullio Samorini, Vladimir
Rossi
Conselho Fiscal Titulares: Bruno Moreira Balarini, Ednilson
Caniali, Jos Angelo Mendes RambalducciSuplentes: Adenilson Alves da
Cruz, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Fbio Tadeu Zanetti
Representantes na CNI Titulares: Marcos Guerra, Gibson Barcelos
ReggianiSuplentes: Lucas Izoton Vieira, Leonardo Souza Rogerio de
Castro
Superintendente corporativo: Marcelo Ferraz Goggi
Servio Social da Indstria SesiPresidente do Conselho Regional:
Marcos Guerra Representantes do Ministrio do Trabalho Titular:
Alessandro Luciani Bonzano ComperSuplente: Alcimar das Candeias da
Silva Representante do Governo: Orlando Bolsanelo Caliman
Representantes das atividades industriaisTitulares: Sebastio
Constantino Dadalto, Houberdam Pessotti, Jos Carlos Bergamin,
Valkinria Cristina Meirelles BussularSuplentes: Sergio Rodrigues da
Costa,Gibson Barcelos Reggiani, Eduardo Dalla Mura do Carmo, Luiz
Carlos Azevedo de AlmeidaRepresentantes da categoria dos
trabalhadores da indstriaTitular: Luiz Alberto de CarvalhoSuplente:
Lauro Queiroz RabeloSuperintendente: Luis Carlos de Souza
Vieira
Servio Nacional de Aprendizagem Industrial SenaiPresidente do
Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes das atividades
industriais Titulares: Benzio Lzaro, Wilmar Barros Barbosa, Almir
Jos Gaburro, Luciano RaizerMouraSuplentes: Ronaldo Soares Azevedo,
Neviton Helmer Gasparini, Clara Thais Resende Cardoso Orlandi,
Manoel de Souza Pimenta NetoRepresentantes do Ministrio do
TrabalhoTitular: Alessandro Luciani Bonzano ComperSuplente: Alcimar
das Candeias da SilvaRepresentante do Ministrio da EducaoTitular:
aguardando indicao do MECSuplente: Ronaldo Neves CruzRepresentantes
da categoria dos trabalhadores da indstria Titular: Vandercy Soares
NetoSuplente: aguardando indicao da UGT Diretor-regional: Luis
Carlos de Souza Vieira
Centro da Indstria no Esprito Santo CindesPresidente: Marcos
Guerra 1 vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani2
vice-presidente: Aristoteles Passos Costa Neto3 vice-presidente:
Houberdam PessottiDiretores: Cristhine Samorini, Ricardo Augusto
Pinto, Edmar Lorencini dos Anjos, Altamir Alves Martins, Rogrio
Pereira dos Santos, Zilma Bauer Gomes, Alejandro Duenas, Ana Paula
Tongo da Silva, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Bruno do Esprito
Santo Brunoro, Celso Siqueira Jnior, Eduarda Buaiz, Gervsio Andreo
Jnior, Helio de Oliveira Drea, Julio Cesar dos Reis Vasconcelos,
Raphael Cassaro Machado.Conselho Consultivo: Oswaldo Vieira
Marques, Helcio Rezende Dias, Sergio Rogerio de Castro, Jos Brulio
Bassini, Fernando Antonio Vaz, Lucas Izoton Vieira, Marcos
GuerraConselho Fiscal: Joaquim da Silva Maia, Gilber Ney Lorenzoni,
Hudson Temporim Moreira, Ennio Edmyr Modenesi Pereira, Marcondes
Caldeira, Sante Dassie
Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Esprito
Santo IdeiesPresidente do Conselho Tcnico do Ideies: Marcos
GuerraMembro representante da Diretoria Plenria da Findes: Egidio
MalanquiniMembro representante do Setor Industrial: Benzio Lzaro
Membro efetivo representante do Senai-ES:Luis Carlos de Souza
VieiraMembro efetivo representante do Sesi-ES: Yvanna Miriam
Pimentel Moreira Representantes do Conselho Fiscal - Membros
efetivos:Tullio Samorini, Jos Carlos Chamon, Jos Domingos
DepolloRepresentantes do Conselho Fiscal - Membros suplentes:Jos
ngelo Mendes Rambalducci, Luciano Raizer Moura, Houberdam
PessottiRepresentante da Comunidade CientficaAcadmica e Tcnica: Joo
Luiz Vassalo ReisDiretor-executivo do Ideies: Antonio Fernando
Doria Porto
Instituto Euvaldo Lodi IELDiretor-regional: Marcos
GuerraConselheiros: Luis Carlos de Souza Vieira, Maria Auxiliadora
de Carvalho Corassa, Lcio Flvio Arrivabene, Geraldo Dirio Filho,
Snia Coelho de Oliveira, Rosimere Dias de Andrade, Vladimir Rossi,
Jos Brulio Bassini, Houberdam Pessotti, Aristoteles Passos Costa
Neto e Aureo MameriConselho Fiscal: Egdio Malanquini, Tharcicio
Pedro Botti, Loreto Zanotto, Rogrio Pereira dos Santos e Srgio
Rodrigues da CostaSuperintendente: Fbio Ribeiro Dias
Instituto Rota Imperial IRIDiretor-geral: Marcos
GuerraDiretores: Manoel de Souza Pimenta Neto, Alejandro Duenas,
Paulo Henrique Teodoro de Oliveira, Vladimir RossiConselho
DeliberativoTitulares: Baques Sanna, Alejandro Duenas, Fernando
Schneider Kunsch, Maely Coelho, Eustquio Palhares, Roberto Kautsky,
Associao Montanhas Capixabas Turismo e Eventos, Instituto Jutta
Batista da Silva, Adetur MetropolitanaSuplentes: Jorge Deoczio
Uliana, Tullio Samorini, Joo Felcio Scardua, Manoel de Souza
Pimenta Neto, Adenilson Alves da Cruz, Tharcicio Pedro Botti,
Henrique Dencoli, Helina Cosmo Canal, Consrcio Intermunicipal de
Desenvolvimento Sustentvel da Regio do Capara, Associao
Leopoldinense de Turismo, Agrotures, Leandro Carnielli, Associao
Turstica de Pedra Azul, Fundao Mximo ZandonadiMembros natos: Lucas
Izoton Vieira, Sergio Rogerio de Castro, Ernesto Mosaner Jnior,
Aristoteles Passos Costa NetoConselho Fiscal Efetivos: Flavio
Sergio Andrade Bertollo,Raphael Cassaro, Edmar dos AnjosSuplentes:
Celso Siqueira, Valdeir Nunes, Gervsio Andreo Jnior
Expediente_IND_321.indd 4 08/12/2015 16:25:53
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Condomnio do Edifcio Findes (Conef)Presidente do conselho:
Marcelo Ferraz Goggi
Cmaras Setoriais Industriais e Conselhos Temticos
(Consats)Coordenador-geral: Gibson Barcelos Reggiani
Cmaras Setoriais Industriais Cmara Setorial das Indstrias de
Alimentos e BebidasPresidente: Claudio Jos RezendeCmara Setorial
das Indstrias de Base e ConstruoPresidente: Wilmar dos Santos
Barroso Filho Cmara Setorial da Indstria de Materiais da Construo
Presidente: Houberdam PessottiCmara Setorial das Indstrias de
Minerao Presidente: Samuel MendonaCmara Setorial da Indstria
Moveleira Presidente: Luiz RigoniCmara Setorial da Indstria do
VesturioPresidente: Jos Carlos Bergamin
Conselhos TemticosConselho Temtico de Assuntos Legislativos
(Coal) Presidente: Paulo Alfonso MenegueliConselho Temtico de
Comrcio Exterior (Concex) Presidente: Marclio Rodrigues
MachadoConselho Temtico de Desenvolvimento Regional (Conder)
Presidente: ureo Vianna MameriConselho Temtico de Infraestrutura
(Coinfra) Presidente: Sebastio Constantino DadaltoConselho Temtico
de Meio Ambiente (Consuma) Presidente: Wilmar Barros Barbosa
Conselho Temtico de Micro e Pequena Empresa (Compem) Presidente:
Flavio Sergio Andrade BertolloConselho Temtico de Poltica
Industrial e Inovao Tecnolgica (Conptec)Presidente: Franco
MachadoConselho Temtico de Relaes do Trabalho (Consurt) Presidente:
Haroldo Olvio Marcellini Massa Conselho Temtico de Responsabilidade
Social (Cores) Presidente: Jefferson CabralConselho Temtico de
Educao (Conedu)Presidente: Luciano Raizer MouraConselho Temtico de
Energia (Conerg)Presidente: Nlio Rodrigues BorgesConselho Temtico
de Economia Criativa (Conect)Presidente: Jos Carlos Bergamin
Diretorias e Ncleos RegionaisDiretoria da Findes em Anchieta e
regio Vice-presidente institucional da Findes: Fernando Schneider
KunschDiretoria da Findes em Aracruz e regio Vice-presidente
institucional da Findes: Joo Baptista Depizzol NetoNcleo da Findes
em Barra de So Francisco e regioVice-presidente institucional da
Findes: no definidoDiretoria da Findes em Cariacica e
VianaVice-presidente institucional da Findes: Rogrio Pereira dos
Santos Diretoria da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e regio
Vice-presidente institucional da Findes: ureo Vianna
MameriDiretoria da Findes em Colatina e regio Vice-presidente
institucional da Findes: Manoel Antonio GiacominNcleo da Findes em
Guau e regio:Vice-presidente institucional da Findes: Bruno Moreira
BalariniDiretoria da Findes em Linhares e regio Vice-presidente
institucional da Findes: Paulo Joaquim do Nascimento Ncleo da
Findes em Nova Vencia e regio Vice-presidente institucional da
Findes: Jos Carnieli
Ncleo da Findes em Santa Maria de Jetib e regioVice-presidente
institucional da Findes: Denilson PotratzNcleo da Findes em So
Mateus e regio Vice-presidente institucional da Findes: Nerzy Dalla
Bernardina Junior Diretoria da Findes em Serra:Vice-presidente
institucional da Findes: Jos Carlos ZanotelliNcleo da Findes em
Venda Nova do Imigrante e regio Vice-presidente institucional da
Findes: Srgio BrambillaDiretoria da Findes em Vila
VelhaVice-presidente institucional da Findes: Vladimir
RossiDiretoria da Findes em VitriaVice-presidente institucional da
Findes: no definido
Diretores para Assuntos Especficos e das EntidadesDiretor para
Assuntos do Fortalecimento Sindical e da Representao Empresarial:
Egidio MalanquiniDiretor para Assuntos Tributrios: Leonardo Souza
Rogerio de CastroDiretor para Assuntos de Capacitao e
Desenvolvimento Humano: Clara Thais Rezende Cardoso OrlandiDiretor
para Assuntos de Marketing e Comunicao: Eugnio Jos Faria da Fonseca
Diretor para Assuntos de Desenvolvimento da Indstria Capixaba:Paulo
Roberto Almeida VieiraDiretor para Assuntos de Polticas Pblicas
Industriais:Paulo Alexandre Gallis Pereira BaraonaDiretor para
Assuntos de Relaes Internacionais:Rodrigo da Costa FonsecaDiretor
para Assuntos do IEL:Aristoteles Passos Costa NetoDiretor para
Assuntos do Ideies/CAS:Egidio MalanquiniDiretor para Assuntos do
Cindes:Aristoteles Passos Costa NetoDiretor para Assuntos do
IRI:Adenilson Alves da CruzDiretor para Assuntos do Sesi: Jose
Carlos BergaminDiretor para Assuntos do Senai:Benzio Lzaro
Sindicatos da Findes e respectivos presidentesSinduscon:
Aristoteles Passos Costa Neto | Sindipes: Luiz Carlos Azevedo de
AlmeidaSincaf: Egidio Malanquini | Sindmadeira: Luiz Henrique
ToniatoSindimecnica: Ennio Modenesi Pereira II | Siges: Joo
Baptista Depizzol Neto Sinconfec: Clara Thais Rezende Cardoso
OrlandiSindibebidas: Srgio Rodrigues da Costa | Sindicalados:
Altamir Alves Martins Sindifer: Manoel de Souza Pimenta Neto |
Sinprocim: Pablo Jos MiclosSindutex: Mariluce Polido Dias |
Sindifrio: Elder Elias Giordano MarimSindirepa: Eduardo Dalla Mura
do Camo | Sindicopes: Jos Carlos ChamonSindicacau: Gibson Barcelos
Reggiani | Sindipedreiras: Loreto Zanotto Sindirochas: Tales Pena
Machado | Sincongel: Paulo Henrique Teodoro de Oliveira Sinvesco:
Fbio Tadeu Zanetti | Sindimol: Alvino Pessoti SandisSindmveis:
Ortmio Locatelli Filho | Sindimassas: Levi TeschSindiqumicos: Elias
Cucco Dias | Sindiolarias: Ednilson CanialiSindinfo: Luciano Raizer
Moura| Sindipapel: Glaucio Antunes de Paula Sindiplast: Neviton
Helmer Gasparini | Sindibores: Silsio Resende de Barros Sinvel:
Delson Assis Cazelli | Sinconsul: Bruno Moreira Balarini
Sindilates: Claudio Jos Rezende | Sindipesca: Mauro Lcio Peanha de
Almeida Sindividros: Arisson Rodrigues Ferreira | Sinrecicle:
Romrio Jos Correa de Arajo
Nov/Dez 2015 321 5
IND 321.indb 5 08/12/2015 15:52:46
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Nesta Edio
Indstria Capixaba Findes6
INDSTRIAEm uma das piores secas de sua histria, o Estado busca
superar os efeitos da escassez de gua. Veja como a indstria
entendeu esse complicado momento, mobilizou-se e vem sendo destaque
no consumo racional dos recursos hdricos, mantendo sua produo sem
comprometer o abastecimento.
Nesta Edio
CENRIoEstados Unidos, Japo e outros 10 pases assinaram
recentemente a Parceria Transpacfico, considerada o maior acordo de
livre comrcio dos ltimos 20 anos. Confira o que a aliana realmente
significa para a economia internacional e como o Brasil pode perder
importantes mercados por estar fora desse importante bloco.
30INoVAo O Ideies acaba de divulgar o Mapeamento da Indstria
Criativa no Esprito Santo, um pioneiro trabalho, que analisou grupo
composto por 13 setores da economia. Dividido em quatro captulos, o
estudo mostra os detalhes dessa atividade que movimenta cerca de R$
2 bilhes por ano em terras capixabas.
24
10
18ENTREVISTAO governador Paulo Hartung fala sobre o difcil
momento econmico e poltico do pas, aponta como o Esprito Santo pode
atravessar esse perodo de incertezas e aborda as decises que
precisam ser tomadas para que o Estado continue crescendo e
atraindo investimentos.
IND 321.indb 6 08/12/2015 15:52:49
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Nov/Dez 2015 321 7
54 Fatos em Fotos
56 cursos
Edio n 321 Nov/Dez 2015
Conselho Editorial Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani,
Sebastio Constantino Dadalto, Aristoteles Passos Costa Neto, Luis
Carlos de Souza Vieira, Elcio Alves, Clara Thais Rezende Cardoso
Orlandi, Jose Carlos Bergamin, Egidio Malanquini, Benzio Lzaro,
Eugnio Jos Faria da Fonseca, Annelise Lima, Fbio Ribeiro Dias,
Antonio Fernando Doria Porto, Marcelo Ferraz Goggi, Cintia Dias e
Breno Aras.
Jornalista responsvel Breno Aras (MTB 2933/ES)
Apoio tcnico Assessoria de Comunicao da Findes Jornalistas:
Evelyn Trindade, Fbio Martins, Fernanda Neves, Natlia Magalhes,
Rafael Porto e Diego PintoGerente de Marketing: Cintia Dias
Coordenao: Breno Aras
Depto. Comercial URM/Findes Tel: (27) 3334-5791
[email protected]
Produo Editorial
Coordenao Editorial: Mrio Fernando Souza Gerente de Produo:
Cludia LuzesEditorao: Michel Sabarense e Genison KobeCopidesque:
Marcia RodriguesTextos: Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Ivy
Coutinho, Luciene Arajo e Mike FigueiredoFotografia: Jackson
Gonalves, Renato Cabrini, fotos cedidas, arquivos do Sistema Findes
e Next Editorial Impresso
Publicao oficial do Sistema Findes Nov/Dez 2015 n 321
facebook.com/sistemafindes twitter.com/sistemafindes
Caso de suCessoDe dono de uma pequena farmcia a proprietrio da
LukPlast, empresa que referncia no Estado em reciclagem e
processamento de produtos plsticos, Joo Batista Duque o
empreendedor de destaque desta edio.
56
Gesto De acordo com uma pesquisa do Ipea, a indstria de
transformao brasileira registrou queda de 0,8% na sua produtividade
entre 2000 e 2009. Para voltar a se desenvolver, o setor deve
investir em novas tecnologias, alm de modernizar seus processos
operacionais.
44
espeCialO presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, faz uma
anlise sobre o ano de 2015 e projeta os desafios a partir de 2016.
Em pauta, a inflao, a necessidade de uma reforma poltica, os
impactos da falta de lderes e as aes realizadas pela Federao das
Indstrias para a retomada do crescimento.
36
Sumrio_IND_321.indd 7 08/12/2015 15:57:55
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editorial
Indstria Capixaba Findes8
O ano da dicotomia
Marcos Guerra Presidente do Sistema Findes/Cindes
D icotomia uma palavra de origem grega que representa a diviso
de algo em duas partes, geralmente contraditrias. impossvel
analisar o ano de 2015 sem considerar as grandes dicotomias da
indstria: enquanto o pas sofreu queda acentuada de 7,8% na produo
fsica at outubro, o Esprito Santo obteve o melhor resultado
nacional, com crescimento de 9,5% no perodo; o dlar alto, que
parecia favorecer as exportadoras, encareceu os custos de produo; e
a indstria extrativa, com acrscimo de 15,7%, contrastou com a baixa
dos setores de alimentos (-8%) e rochas (-4,4%) nos primeiros noves
meses.
No aspecto ambiental, vivemos uma das maiores crises hdricas de
nossa histria e fomos surpreendidos pelo acidente com as barragens
em Minas Gerais, prejudicando ainda mais a bacia hidrogrfica do Rio
Doce que afeta, antes de tudo, a populao local e o meio ambiente.
Um ocor-rido para lamentar, analisar minuciosamente e evitar casos
semelhantes no futuro. No campo macroeconmico, vimos um Governo
Federal incapaz de tirar do papel o to neces-srio ajuste fiscal,
resultando em rebaixamentos e descrena. A economia se definha sem
um plano de recuperao.
O momento exige a soluo urgente de questes econ-micas, polticas
e institucionais para a retomada do setor produtivo. A indstria de
transformao poder representar menos de dois dgitos do Produto
Interno Bruto do pas no prximo ano, valor semelhante ao registrado
nos anos 40. Em 1985, respondamos por 21,6% do PIB; em 2003, por
16,9%. Sem um Governo de viso empreendedora, que buscasse a criao
de novos acordos comerciais e trabalhasse para eliminar entraves
que retardam o desenvol-vimento nacional, perdemos uma janela de
oportunidades na primeira dcada do sculo.
preciso desmitificar a viso distorcida criada sobre a iniciativa
privada. Um pas sem uma indstria forte no gera renda, no atrai
capital estrangeiro e no produz inovao tecnolgica. Um pas grande
como o nosso, sem uma inds-tria forte, fragiliza-se perante o
mercado internacional. Como consequncia, os nmeros do Caged deste
ano revelam nveis histricos de desemprego. Somente no Esprito
Santo, mais de 30 mil trabalhadores foram demitidos. Sem
compe-titividade em uma economia cada vez mais globalizada, a
indstria vem perdendo fora.
O Sistema Findes tem feito sua parte e vem cumprindo um papel
importante no enfrentamento do processo de desindustrializao.
Buscamos a ampliao dos Contratos de Competitividade, interiorizamos
nossas aes, investimos em qualificao de mo de obra e modernizao de
nossas unidades, abrindo espao para a inovao, e temos nos
arti-culado, no Esprito Santo e em Braslia, pela reduo da
burocracia e pela simplificao tributria. Nosso pas tem no Sistema
Indstria um grupo de entidades fortes e organi-zadas, capazes de
atuar em prol do crescimento econmico, mas ser preciso que o
Governo tambm faa sua parte.
O ano de 2015, assim como 2014, no deixar saudades. Os gestores
que se organizaram, enxugaram gastos, planejaram aes e agiram com
cautela enfrentaro 2016 com maior segurana, olhando para um
horizonte de dias melhores. No teremos um ano fcil, mas a indstria
capi-xaba tem potencial para continuar atraindo novos negcios,
diversificando sua produo e inserindo nossas indstrias nas cadeias
globais de valor. Com mais competitividade, teremos mais
oportunidades para os trabalhadores capixabas.
Um bom fim de ano e uma boa leitura!
IND 321.indb 8 08/12/2015 15:52:55
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IND 321.indb 9 08/12/2015 15:52:56
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Cenrio
Indstria Capixaba Findes10
N o incio de outubro deste ano, foi celebrado o maior acordo de
livre comrcio das ltimas duas dcadas. Batizada de Parceria
Transpacfico (TPP, sigla em ingls para Trans Pacific Partnership),
a aliana engloba Estados Unidos, Japo e outros 10 pases do Pacfico.
Esse grupo responsvel por 40% da produo de riquezas do mundo.
Apesar de estar h mais de cinco anos em discusso e ainda necessitar
de aprovao de Congressos e Parlamentos das naes envolvidas, o
tratado j comea a deixar em alerta as economias exportadoras que no
faro parte do bloco.
A Parceria Transpacfico tem por objetivo fomentar as transaes
comerciais entre os seus 12 pases integrantes e garantir
desenvolvimento e emprego. O mecanismo mais usual a reduo das
tarifas de importao e exportao.
Ainda no possvel mensurar as perdas para o Esprito Santo, Estado
com vocao para o comrcio exterior, mas os nmeros mostram que o
pacto ser fortemente sentido nacionalmente. Em 2014, o Brasil
exportou para as 12 economias envolvidas US$ 31 bilhes em produtos
manufaturados, o que significa 35% de toda a exportao industrial do
pas.
O tratado ainda no est fechado e necessita de apro-vao. Nos
Estados Unidos, participante mais forte do TPP, ainda h oposio de
sindicatos e membros da bancada do Partido Democrata, de Barack
Obama. Tambm junto aos republicanos h uma certa resistncia. Alguns
congres-sistas esto cautelosos. Na prtica, isso mostra que ser uma
dura batalha para a mudana passar pelo Congresso
norte-americano.
Fronteiras comerciais mais estreitas
por Fernanda Zandonadi
Cenrio
Brasil ficou de fora de parceria que facilita comrcio entre
Japo, Estados unidos e outros dez pases
IND 321.indb 10 08/12/2015 15:52:57
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Nov/Dez 2015 321 11
Para o presidente da Federao das Indstrias do Esprito Santo
(Findes), Marcos Guerra, a Parceria Transpacfico mostra a inteno de
se criar uma grande rede de negcios, com entrada e sada de diversas
mercadorias, com regras claras e menos burocracia. No podemos ficar
isolados no acordo do Mercosul, em que somos a maior economia.
preciso estarmos integrados a esse novo conceito de acordo
internacional de comrcio. O Esprito Santo tem grande parte de sua
economia voltada para o mercado internacional, com um volume
significativo de exportaes de minrio de ferro, celulose, ao, rochas
ornamentais e commodities agr-colas. O Brasil, de forma geral,
precisa se inserir nas cadeias globais de valor, buscando novos
acordos bilaterais para diversificar nosso leque de exportaes. No
podemos estar merc da variao de preos de produtos especficos no
mercado, avalia Marcos Guerra.
Segundo ele, as iniciativas j tomadas no Brasil ainda so
insuficientes, caso do setor automobilstico, que recebe apoio h
dcadas, mas busca apenas o mercado argentino. preciso investir na
indstria de maior valor agregado, criando caminhos que ampliem
nossa competitividade e permitam a entrada de produtos em novos
pases com grande potencial de consumo no nos restringindo
China.
Para dar uma ideia do tamanho do problema, segundo a Confederao
Nacional da Indstria (CNI), em 2014 o Brasil vendeu para as 12
economias que participam do pacto US$ 31 bilhes em produtos
manufaturados, o que corres-pondeu a 35% de toda a sua pauta de
exportao industrial. E perder esses mercados pode ser dramtico para
o setor produtivo nacional.
Conforme Marclio Rodrigues Machado, presidente do Conselho
Temtico de Comrcio Exterior (Concex) da Findes, se o TPP for
implementado, acarretar o fim de tarifas de vrios produtos, como
carne de porco, frutas, vinhos, mquinas, produtos minerais e
florestais, entre outros. Como um acordo que vai envolver 40% do
Produto Interno Bruto (PIB) global, pases como o Brasil, que no
fizerem parte dessa parceria, tm muito a perder.
No signatria do documento, o Brasil pode perder importantes
mercados. Um exemplo foi uma reportargem da agncia de notcias
Reuters que informou, logo aps a divulgao do acordo, que a Austrlia
recebeu uma cota adicional de 65 mil toneladas anuais para exportar
acar para os Estados Unidos. O Brasil vendeu para os
norte-americanos, em 2014, 22 milhes de toneladas do produto.
Apesar da grande diferena entre as negociaes do Brasil e da
Austrlia quele mercado, isso mostra que h beneficiamento de um pas
em detrimento do outro. Os que devem aderir ao bloco so: Austrlia,
Brunei, Canad, Chile, Singapura, Estados Unidos, Japo, Malsia,
Mxico, Nova Zelndia, Peru e Vietn. Coreia do Sul, Filipinas, Taiwan
e Colmbia tambm estudam seu ingresso.
O Esprito Santo, em especial, dever ser um dos Estados mais
afetados pela reduo da atividade comercial com esses pases, pelo
fato de a nossa economia ser muito atrelada ao comrcio
internacionalGibson Barcelos Reggiani, 1 vice-presidente da Findes
e coordenador-geral das Cmaras Setoriais Industriais
IND 321.indb 11 08/12/2015 15:52:59
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Cenrio
Indstria Capixaba Findes12
Ser muito difcil recolocar os produtos brasi-leiros atingidos
pelo pacto TPP, pois ser duro competir com pases que sero
contemplados pela eliminao de tarifas. Nenhum setor brasileiro ou
capixaba tem a ganhar com essa mudana. Alm de produtividade menor,
nossos custos so maiores do que os de muitos de nossos
concorrentes, explica Machado. Se no houver uma reduo no custo do
capital, uma flexibilizao na legislao traba-lhista e uma reforma
tributria com reduo dos impostos e da burocracia governamental no
Brasil, ficar muito difcil vender para os pases-membros da TPP,
avalia.
Segundo Gibson Barcelos Reggiani, 1 vice-presidente da Findes e
coordenador-geral das Cmaras Setoriais Industriais, o peso das
atividades comerciais dos pases do tratado para o Brasil alto. Eles
representam 35% da pauta de exportao
Se no houver uma reduo no custo do capital, uma flexibilizao na
legislao trabalhista e uma reforma tributria com reduo
dos impostos e da burocracia, ficar muito difcil venderMarclio
Rodrigues Machado, presidente do Concex da Findes
Veja quais so os pases participantes e os impactos da Parceria
Transpacfico sobre o Brasil:
Fonte: CNI
30/09/15
Pases que aderiram: Austrlia, Brunei, Canad, Chile, Singapura,
Estados Unidos, Japo, Malsia, Mxico, Nova Zelndia, Peru e
Vietn.
Pases que podem aderir: Coreia do Sul, Filipinas, Taiwan e
Colmbia
de manufaturados do pas. Alm disso, reforou, h o risco de outros
parceiros do grupo aderirem ao acordo de livre comrcio, no caso a
China.
Pelos nmeros, podemos imaginar o tamanho do risco e do
isolamento comercial do Brasil. Caso no haja uma ao imediata das
autoridades nacionais em estabelecer meca-nismos unilaterais de
negociao com esse bloco de livre comrcio, o Brasil vai enfrentar
graves problemas comerciais. O Esprito Santo, em especial, dever
ser um dos Estados mais afetados pela reduo da atividade comercial
com essas naes, pelo fato de a nossa economia ser muito atrelada ao
comrcio internacional. O pas deve tomar a iniciativa de sair do
isolamento com propostas comerciais entre a Parceria Transpacfico e
o Mercosul. Caso o Mercosul no consiga participar em bloco desse
acordo, que se faa acordo em separado. O fato que o Brasil no pode
continuar se isolando comercialmente.
Reggiani pondera ainda que os nmeros no esto fechados, ou seja,
no existe uma quantificao das perdas econmicas provenientes para o
Brasil e para o Esprito Santo, especificamente. Vai depender de
nossas aes, mas seguramente a inrcia vai nos levar a resultados
bastante ruins. Seria muito bom que a Parceria Transpacfico nos
fizesse acordar para a imensa oportunidade com que estamos nos
defrontando. Ainda podemos transformar esse risco em bons
resultados para o Brasil, analisa.
Em entrevista Agncia CNI de Notcias, o gerente--executivo de
Comrcio Exterior da CNI, Diego Bonomo, afirmou que a Parceria
Transpacfico dever adotar a chamada regra da acumulao. Ela permitir
que todo insumo ou produto intermedirio que um pas do acordo compre
de outro pas do grupo seja considerado made in TPP. Ou seja, se o
Mxico comprar um componente
IND 321.indb 12 08/12/2015 15:53:00
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Nov/Dez 2015 321 13
Impactos positivos: o pacto coloca uma presso positiva para que
Unio Europeia e Mercosul tambm assinem um entendimento
comercial
Impactos negativos: para dar uma ideia de quanto o Brasil pode
perder, em 2014, o pas exportou para as 12 economias que fazem
parte do pacto US$ 31 bilhes em produtos manufaturados, o que
significa 35% de toda a exportao industrial do pas
inserido em diferentes cadeias produtivas. O Brasil precisa
dialogar mais e se aproximar dos grandes acordos comerciais para
encontrar novas alternativas.
PerdasAs perdas para o Brasil e para o Esprito Santo sero
altas,
segundo Machado, e preciso pensar em formas de expandir e
facilitar aos empresrios a venda de produtos para o exte-rior. O
Brasil precisa rever a sua poltica comercial de modo a fazer uma
insero no comrcio global por meio de acordos bilaterais ou
regionais com urgncia. Ns precisamos avanar, reduzir barreiras
comerciais, protecionismo, importar e exportar mais, de modo que
nossas empresas se integrem s cadeias globais de fornecimento. Sem
isso, ser muito difcil concorrer no mercado internacional, que
tende a ter um enorme crescimento com a TPP.
Para Marcos Guerra, as mudanas j deveriam estar em curso h
dcadas. Os produtos brasileiros hoje possuem acesso privi-legiado a
apenas 8% de todo o comrcio global. Considerando nosso amplo
litoral e nossa capacidade produtiva, o pas deveria ter
desenvolvido um plano de exportaes h dcadas. O TPP muda o eixo de
negcios para o Oceano Pacfico, o que afeta diretamente a economia
nacional. Parceiros prximos, como Chile, Peru e at mesmo o Mxico,
podem priorizar as rela-es comerciais com Japo e Estados Unidos,
considerando tambm a menor complexidade burocrtica e tarifria um
dos maiores entraves para nossas exportaes.
Para o presidente da Findes, o Brasil tem fechado alianas fracas
nos ltimos anos, com economias piores que as nossas. Devemos buscar
parceiros iguais ou melhores que o nosso pas. Falta viso de mercado
ao Governo, que parece conduzir a economia pelo vis poltico,
priorizando relaes com pases de ideologia parti-dria
semelhante.
Mais otimista, assim que ocorreu a assinatura do TPP, o ministro
do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior, Armando Monteiro
Neto, disse que o pacto coloca uma presso positiva para que Unio
Europeia e Mercosul tambm formalizem um entendimento comercial. Em
entrevista concedida na ocasio, Monteiro Neto falou que na medida
em que os Estados Unidos se fortalecem em uma rea da Amrica do Sul,
os europeus precisam responder a isso. Considero que isso vai
fortalecer o interesse da Unio Europeia no fechamento do acordo com
o Mercosul, colo-cando uma presso positiva sobre esse processo,
disse.
o que fazerPara minimizar os impactos da nova configurao da
economia
global, o empresariado bate na tecla - j gasta, devido repetio
sem eco - de que preciso ampliar a competitividade das inds-trias
por meio de reformas tributria e trabalhista, flexibilizao das
relaes de trabalho e diminuio da burocracia, segundo Guerra.
Resta-nos a tarefa de prospectar novos mercados na zona do euro e
nos Estados Unidos. Para isso, porm, vital investir em produtos de
maior valor agregado, com inovao e tecnologia. Parte do setor de
rochas, por exemplo, j percebeu a
eletrnico da Malsia para fabricar um celular e, em seguida,
vender esse celular para os Estados Unidos, o produto ser
considerado 100% fabricado localmente, pois no ter insumos de
terceiros (pases fora do TPP). Na prtica, essa regra cria um enorme
incentivo ao comrcio de bens intermedirios e, por consequncia, s
cadeias globais de valor. Se o Brasil for fornecedor de algum
desses insumos para os pases do TPP, tender a ser substitudo por
outro pas do bloco. Ficaremos ainda mais desconectados das cadeias
de valor.
ChinaH rumores de que a China, um dos grandes
parceiros comerciais do Brasil, possa entrar em dilogo e fazer
parte do bloco. No entanto, a hiptese parece bastante remota. Eu
acho muito difcil que a China venha a fazer parte dessa parceria. A
China um importante parceiro comercial, mas compra basi-camente
commodities do Brasil. Ns precisamos ser mais ousados e vender
produtos de maior valor agre-gado para este mercado, explica
Machado.
E com o gigante asitico fora do time, o meca-nismo, que por um
lado prejudica o Esprito Santo, por outro pode abrir uma janela de
oportunidades, segundo Marcos Guerra. Com a China fora do TPP,
podemos ampliar a lista de produtos comercializados com o pas
asitico, incluindo ao, celulose, alimentos e outros itens de maior
valor agregado na pauta, diversi-ficando as relaes comerciais e
indo alm do mercado de commodities.
Segundo Guerra, o setor extrativo tem registrado crescimento
acentuado na produo fsica deste ano, mas as quedas nos preos do
minrio de ferro e do barril de petrleo revelam a necessidade de
estar
IND 321.indb 13 08/12/2015 15:53:00
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Cenrio
Indstria Capixaba Findes14
vantagem de vender chapas prontas aos Estados Unidos, em vez de
comercializar blocos com a China.
Segundo ele, o Sistema Findes tem investido no Esprito Santo em
aes, intervenes e cursos que ampliam a compe-titividade, com mo de
obra cada vez mais qualificada e gestores mais bem preparados para
a competio global.
No campo poltico, cabe ao Governo Federal dialogar, estar
presente para discutir os grandes acordos, olhando sempre para alm
do Mercosul. Em momentos de crise, preciso ceder para ganhar,
criando uma troca, um fluxo de negcios entre os pases. As barreiras
protecionistas no podem ser a nica soluo para a economia. urgente
que as reformas estruturantes sejam realizadas, eliminando
entraves, melhorando a infraestrutura e dando reais condies de
competio para nossa indstria. S assim poderemos expandir a presena
de nossos produtos no mercado internacional.
E o setor privado, mesmo sem a contrapartida da Unio, j se
mobiliza. Diego Bonomo explicou que em 2014 a CNI assinou com a
U.S. Chamber of Commerce (Cmara Americana de Comrcio) um acordo
para entregar, at o incio de 2016, um relatrio conjunto dos setores
privados com um modelo de pacto comercial entre Brasil e Estados
Unidos. Esse tipo de iniciativa, que chamamos de exerccio de
escopo, j foi feito pela CNI com sua contraparte no Japo, o
Keidanren, e divulgado em setembro deste ano. O nosso objetivo
esti-mular os governos brasileiro e americano a conduzirem um
exerccio semelhante, que funcione como uma pr-negociao. Estados
Unidos e Unio Europeia fizeram algo desse tipo, que foi utilizado
para lanar as negociaes do TTP. O Brasil precisa ter claro que, por
mais difcil que seja, uma negociao com os norte-americanos
fundamental para a integrao da indstria brasileira economia mundial
e serve, ainda, para esti-mular outros grandes parceiros, como a
prpria Unio Europeia, a acelerar a negociao conosco. uma estratgia
de fortaleci-mento da nossa posio negociadora.
No podemos ficar isolados no acordo do Mercosul, em que somos a
maior economia. preciso estarmos integrados a esse novo conceito de
acordo internacional de comrcio. Marcos Guerra, presidente da
Findes
IND 321.indb 14 08/12/2015 15:53:01
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Nov/Dez 2015 321 15
IND 321.indb 15 08/12/2015 15:53:02
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Artigo
Indstria Capixaba Findes16
V amos fechar o ano com um desempenho na economia pior que o
previsto. O agravante que na nossa percepo ainda no chegamos ao
fundo do poo. o caso do PIB, que deve encolher novamente em 2016, e
da inflao, com estimativa de ultrapassar a meta estabelecida pelo
Conselho Monetrio Nacional. O resultado esperado so a ampliao do
desemprego e a retrao do consumo interno. Cenrio desanimador, mas
que pode ser revertido se avanarmos com as reformas
estruturais.
A sinalizao do mercado de que o cmbio vai se manter
desvalorizado. Boa notcia para os exportadores, que devem
contribuir para um supervit de US$ 26 bilhes na balana comercial em
2016. As explicaes para essa desvalorizao do dlar decorrem da
provvel elevao dos juros pelo banco central norte-americano, como
tambm de um possvel rebaixamento das notas de crdito de longo prazo
do Brasil pelas agncias de avaliao de risco.
Enquanto as exportaes so favorecidas com condies cambiais, na
outra ponta espera-se impacto negativo sobre o nvel de preos. No
tocante inflao, os economistas vm demonstrando preocupao com
dominncia fiscal e Teoria Fiscal do Nvel de Preo. Sem aprofundar
nos detalhes tcnicos dessas terminologias, chama ateno o risco de
perda da eficincia da poltica monetria devido ao descontrole da
dvida pblica.
Por isso, acreditamos que as finanas pblicas federais sero alvo
das atenes em 2016. Os resultados foram tmidos este ano. A proposta
era de se economizar R$ 50 bilhes, porm estamos encerrando com
dficit primrio de quase R$ 120 bilhes (includas despesas com as
pedaladas fiscais). O que mais preocupa o fato de as despesas com
juros da dvida pblica estarem alcanando o patamar de R$ 500 bilhes
neste ano, anulando grande parte do esforo fiscal empreendido.
A sociedade sinalizou que no deseja arcar com elevao da carga
tributria. Ento precisaremos intensificar o debate em torno da
eficincia dos gastos pblicos. J que 90% do Oramento federal
engessado, ser preciso rever o tamanho do setor pblico. O ideal que
se avalie a eficcia das polticas pblicas. A reviso de benefcios
sociais est em jogo, porm preciso estudar tambm outras despesas.
Por exemplo, o caso de despesas financeiras (operaes swap cambial e
servio da dvida pblica), renncias fiscais, subsdios e (por que no
discutirmos?) a regressividade do sistema tributrio.
A retomada do crescimento econmico que desejamos deve avanar em
reformas que estimulem os investimentos produtivos. preciso que
haja aproximao de empresas, governos e profissionais em torno das
solues que ampliem nossa insero competitiva nos mercados
internacionais. Claro, os economistas capixabas esto disposio da
sociedade e podem ajudar muito nesse debate.
O cenrio econmico para 2016
Eduardo rEis araujo presidente do Conselho Regional de Economia
do Esprito Santo. Economista e mestre em Economia pela Universidade
Federal do Esprito Santo, consultor do Tesouro Estadual
IND 321.indb 16 08/12/2015 15:53:03
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Nov/Dez 2015 321 17
BruNo GarschaGEN dEBatE iNtErVENcioNismo Estatal No pas
Cientista poltico e escritor, o capixaba Bruno Garschagen
palestrou no dia 29 de setembro para lideranas empresariais e
polticas, diretores, funcionrios e executivos no auditrio da
Findes, em Vitria. Na sua apresentao, Garschagen, que autor do
livro Pare de Acreditar no Governo Por que os brasileiros no
confiam nos polticos e amam o Estado, fez uma relao direta entre o
cresci-mento do Estado e o aumento dos impostos. Toda lei nova que
surge aumenta o tamanho do Estado. E quanto maior o Governo, maior
a conta que teremos de pagar. Os brasileiros precisam entender que
o crescimento do intervencionismo est diretamente ligado ao aumento
da carga tributria, explicou. O presidente da Findes em exerccio,
Gibson Reggiani, compartilhou o ponto de vista do especialista. O
Estado no pode fazer tudo ao mesmo tempo com qualidade. No vivel
que o Governo queira substituir a sociedade e tente nos dizer o que
d certo ou errado. No precisamos de uma instituio nos tutelando a
todo momento, enfatizou.
E m um encontro que marcou o debate de gargalos e desafios para
o setor industrial no Brasil, aconteceu em Vitria, no dia 23 de
novembro, a 94 Reunio Nacional do Conselho Temtico de Meio Ambiente
e Sustentabilidade da Confederao Nacional da Indstria (Coema-CNI).
Presidente do Sistema Findes e do Coema, Marcos Guerra, falou sobre
a crise hdrica do Esprito Santo.
No painel de abertura, o foco foram a situao dos rios do Estado
e a contaminao da bacia hidrogrfica do Rio Doce aps o rompimento de
duas barragens da Samarco. O Esprito Santo vem enfrentando uma das
maiores crises hdricas de sua histria e agora fomos surpreendidos
pelo acidente em Mariana (MG). um acontecimento trgico e que
lamen-tamos, principalmente pelos impactos na fauna do Rio Doce e
na qualidade de vida da populao. A empresa dever ser
Guerra preside evento do Conselho de Meio Ambiente da CNI no
ES
responsabilizada pela falha, mas precisamos refletir acerca do
ocor-rido e aprender para evitar novos erros no futuro, falou o
presidente.
Alm de Guerra, estiveram presentes o secretrio estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hdricos, Rodrigo Jdice; o assessor da Agncia
Nacional de guas, Volney Zanardi Jnior; e o presidente do Conselho
Temtico de Meio Ambiente da Findes, Wilmar Barbosa. Na sequncia do
evento, foi reali-zado o painel Financiamento para a
Sustentabilidade com representantes dos bancos de Desenvolvimento
do Esprito Santo (Bandes), de Desenvolvimento do Extremo Sul
(BRDE), do Nordeste e do Santander. O destaque ficou por conta de
linhas de crdito para projetos e aes de desenvolvimento econmico
sustentvel. Tambm foram apresentadas propostas brasileiras para a
Conveno de Clima da Organizao das Naes Unidas (COP 21-ONU).
IND 321.indb 17 08/12/2015 15:53:05
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Artigo
Indstria Capixaba Findes18
Entrevista
Paulo Hartung
o ano de 2015 no est sendo fcil. A economia do pas, depois de
meses e meses de arrasto, jogou a toalha. Tempo de brigas polticas,
investigaes, denncias. Nem em pesadelos empresrios poderiam prever
tantos revezes, em to pouco tempo. Aqui no Estado, o momento de
apertar o cinto, fazer clculos e tentar sair fortalecido de tantas
turbulncias. O governador do Esprito Santo, Paulo Hartung, que
assumiu o Executivo j em um cenrio difcil, afirma que para adequar
as finanas pblicas levou em considerao os ensinamentos do pai e
reorganizou despesas. O fim desse quadro pouco tranquilo, diz ele,
no previsvel, mas o Estado est conseguindo atravessar o ano com as
contas em dia e, melhor, investindo e mantendo investidores. Na
entrevista, Hartung fala ainda sobre obras fundamentais que esto
saindo do papel e a importncia da educao de qualidade, enumerando
ainda os maiores desafios para os prximos anos.
Seu primeiro ano deste mandato j comeou com o pas imerso em uma
forte crise poltica e econmica. Como o senhor analisa este momento
e o que est sendo feito no Estado para minimizar os efeitos da
crise?
A crise no surgiu depois da eleio. Isso no verdade. Desde 2011,
o crescimento brasileiro desabou. Minha impresso de j tivemos uma
pequena recesso no final de 2014. E este ano teremos recesso, assim
como possivelmente no ano que vem, o que vai dar uma srie histrica
muito dura para a economia e para a rea social. L em 2009, o
Governo do Esprito Santo fez uma poltica anticclica. Em 2010,
estvamos com nossas aes dentro da normalidade. Mas, depois,
somaram-se aos problemas nacionais os problemas locais.
Aqui, o p fundo no acelerador dos gastos juntou-se a uma
re-ceita que j vinha enfraquecendo. Perdemos o Fundap (Fundo de
Desenvolvimento das Atividades Porturias), o que impactou a receita
dos municpios, e isso se agravou no ano passado por con-ta dos
problemas nos royalties de petrleo. Restou-nos, este ano,
reorganizar o Oramento do Estado, tirando dele a parte que era
fictcia, de mais de R$ 1,3 bilho. Se no fizssemos isso, estaramos
com um dficit de execuo oramentria da ordem de R$ 1 bilho.
O fruto desse ajuste, mesmo diante dessa realidade adversa, que
todas as nossas despesas esto rigorosamente em dia, pagas. E ainda
conseguimos pagar as despesas feitas em 2014 que estavam em aberto.
Mas o cobertor no est curto: est curtssimo. Se olharmos a receita
real em alguns meses,
ela est um pouco menor do que a do ano passado. E as despesas
crescem independentemente do que feito, j que h direitos e
vantagens dos servidores, e isso impacta a folha. Quer dizer, uma
administrao fina. A ginstica fenomenal, mas se olharmos o Brasil
hoje, o Esprito Santo j tem um diferencial, porque tomamos as
decises certas na hora certa. Ajustamos as despesas, cortamos o
custeio da mquina e trabalhamos com equilbrio, com um planejamento
slido e gesto intensiva, sem distraes.
E para os prximos anos, o que podemos esperar? Na sua opinio, a
crise ainda vai durar muito?
Uma hora vamos sair dessa crise. No fcil saber quando isso vai
acontecer. Estamos vivendo um 2015 perdido na economia, na gerao de
empregos; o pas est regredindo nas conquistas sociais, estamos
entrando em 2016 com possibilidade de encolhimento da economia. E o
que precisa ser feito? Organizar a economia. Mas para organizar a
economia preciso organizar a poltica, e a poltica est muito
desorganizada no Brasil, um bate-cabea sem precedentes na sua
histria. Precisaremos montar uma agenda para o pas e transformar
essa agenda em aes. S assim vamos comear a vislumbrar a sada para
essa crise.
Eu quero fechar esta resposta com um ensinamento que vem do meu
saudoso pai: crises passam; umas demoram mais, outras menos, mas
passam. O que faz a diferena entre pessoas, famlias, empresas e
governos em relao crise como cada um deles sair dela. Os que sarem
organizados sero beneficiados no ps-crise; os que sarem
desorganizados tero que consertar os erros. Estou trabalhando com
uma equipe extraordinria do meu lado, dialogando muito com a
sociedade para atravessarmos a crise e sair dela com um Governo
organizado. At aqui conseguimos. Vamos convivendo com um brutal
desajuste fiscal do pas; com a reorganizao fiscal no Esprito Santo,
que est em curso e bem-sucedida at agora; com o barril de petrleo a
US$ 40 ou US$ 50, o que influencia diretamente na receita do
Estado, por conta dos royalties e das participaes especiais; vamos
convivendo com o minrio de ferro a US$ 30 ou US$ 40, depois de ter
sido comercializado a US$ 180 a tonelada o que influencia um
arranjo produtivo ligado minerao e produo de ao. Vamos convivendo
com a economia fraca, com ICMS do comrcio fraco, com um parque
industrial enfrentando grandes dificuldades e com o ICMS da
indstria caindo desde 2013. Precisamos atravessar essa crise e
faremos isso com organizao e responsabilidade.
O que faz a diferena entre pessoas, famlias, empresas e governos
em relao crise como cada um deles sair da crise
por Fernanda Zandonadi
IND 321.indb 18 08/12/2015 15:53:07
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Nov/Dez 2015 321 19
A ginstica fenomenal, mas se olharmos o Brasil hoje, o Esprito
Santo j tem um diferencial, porque tomamos as decises certas na
hora certa
IND 321.indb 19 08/12/2015 15:53:09
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Artigo
Indstria Capixaba Findes20
Entrevista
Quando temos problemas que no enfrentamos, cada ms que passa
fica mais difcil o enfrentamento
As cidades tambm j sentiram os impactos da turbulncia. Como o
Governo est dialogando com os prefeitos a fim de ajudar os
municpios a atravessarem essa crise?
Os prefeitos estiveram aqui, e o conselho que dei foi que eles
tm que cuidar do caixa. Quando temos problemas que no enfrentamos,
cada ms que passa fica mais difcil o enfrentamento. O Governo est
trabalhando para melhorar a arrecadao do Estado, mas no aumentamos
impostos, no vendemos dvida ativa, que so papis podres: queremos
melhorar a arrecadao sem sufocar a produo. Seno matamos a galinha.
Em plena recesso econmica, vamos aumentar alquota de ICMS de
energia, como Pernambuco fez? Aumentar ICMS de telefonia, de
gasolina, de TV a cabo, como outros Estados fizeram?
preciso cuidado, seno voc asfixia demais a economia, a arrecadao
cai e, pior de tudo, voc dificulta que os empresrios mantenham os
empregos no pas e no Estado.
No incio do ano, os prefeitos me pediram para flexibilizar o
Fundo de Desenvolvimento Regional, que eu criei no mandato passado
e que financiado com royalties do petrleo. Ele era todo para
investimento. Pediram que flexibilizssemos com 50% para custeio. Em
fun-o da crise, flexibilizamos. No o melhor, digo de antemo, mas
flexibilizamos. Porm, cada um tem que fazer sua parte e te-nho que
zelar para que o Estado mantenha seus compromissos em dia. Se no
tivssemos nos reorganizado, o Governo no pagaria a folha este ano.
Porque dinheiro vinculado, dinheiro de convnio com a Unio, de
emprstimo com o BNDES, no paga folha de pagamento. O que paga a
folha a receita do Estado.
Quando eu sa do Governo, deixei uma receita que pagava a folha,
pagava o custeio, pagava Poderes e instituies, pagava investimento,
e sobrava todo ms. Por isso tnhamos uma poupana de mais de
R$ 1,5 bilho. Isso dinheiro livre, que voc pode usar para tudo,
para pagar pessoal, para pagar uma obra, um custeio. Mas dinheiro
vinculado dinheiro carimbado, no paga folha de pagamento.
Ao lado da crise poltica e econmica, temos a crise hdrica. o
Governo anunciou 32 barragens para o norte do Estado. No foi uma
soluo tardia?
muito comum as pessoas darem pedradas depois que aparece um
problema que ningum observou com profundidade. No justo. Se o
problema hdrico fosse forte no Sudeste, no estaramos to surpresos
com o que So Paulo viveu, depois o Rio de Janeiro e depois Minas
Gerais, inteira, que era a caixa dgua da regio. E chegou ao Esprito
Santo.
Na campanha eleitoral discutimos temas diversos em muitos
debates organizados por vrias instituies. Mas onde discutimos sobre
a crise hdrica nesse perodo? Em nenhum debate. Essa era uma questo
que no pautava o Esprito Santo. E olha que j tnhamos o Fundgua, que
criei no meu ltimo Governo, direcionando uma parte dos royalties
para a recuperao de nascentes, cobertura florestal, servios
ambientais. Foi um projeto inovador.
No quero o reconhecimento de que vi sozinho isso. Criei o fundo
e achei que era um problema que precisvamos trabalhar. Mas dizer
que estvamos enxergando esse problema, no verdade. Esse problema
apareceu em dezembro do ano passado, depois das eleies, quando
comeou a faltar gua em Guarapari. Pegou a todos de surpresa e no
precisamos achar culpados. Precisamos fazer alguma coisa agora. O
Governo sozinho no resolve esse problema. Precisamos mudar nossos
hbitos e fazer um bom trabalho ambiental.
A operao que contratamos agora, com o Banco Mundial, integral. O
projeto chama-se guas e Paisagens e para recuperar nascentes e a
cobertura vegetal. Mas no vai dar resultados do dia para a noite.
Construir barragens importante? . Mas So Paulo tem muitas caixas
dgua, e elas esto vazias. preciso ir mais longe. Recuperar
cobertura vegetal, nascentes, a vegetao. H muito trabalho a fazer,
e ele precisa da ajuda de todos os capixabas. A soluo depende de
todos ns. Esse desafio veio para ficar e precisa ser
enfrentado.
o Estado tem alguns gargalos de infraestrutura, como o Aeroporto
de Vitria e a BR-262. Como esto esses projetos e os demais que
podem melhorar a competitividade do Esprito Santo?
Ns estamos com a obra do aeroporto retomada, mas vai ser uma
briga oramento a oramento, ano a ano. Os trabalhos recomearam com
recurso pequeno este ano, e a bancada capixaba no Congresso est
tentando garantir o oramento para o ano que vem. Estamos
trabalhando tambm a BR-262. H um projeto em andamento que vai dizer
qual tipo de soluo ser dada para a rodovia, se vai
IND 321.indb 20 08/12/2015 15:53:10
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Nov/Dez 2015 321 21
Precisamos de uma agenda para que investidores e empresrios,
tanto os daqui quanto os estrangeiros, retomem a confiana no
pas
Para o interior do Estado teremos R$ 60 milhes para terminar
obras do programa Caminhos do Campo. Sero 28 trechos em todo o
Estado. Dentro das possibilidades, daremos passos.
Como gestor, quais os maiores desafios que o senhor v para o
Brasil nos prximos anos?
Precisamos de uma agenda para que investidores e empresrios,
tanto os daqui quanto os estrangeiros, retomem a confiana no pas.
No simplesmente um imposto que tape buracos. O que resolve o
problema uma reestruturao fiscal slida. Temos que pensar em mdio e
longo prazo, para que quem olhar para o Brasil veja que partimos
para um processo de reestruturao slido.
Temos que modernizar a infraestrutura do pas e tambm a edu-cao
bsica, o ensino do Portugus, da Matemtica. Precisamos melhorar o
ensino mdio, em que h grande evaso dos jovens. O olhar dos jovens
tm de brilhar na escola. o que acontece com a Escola Viva em So
Pedro. o que vi no centro do Sistema Fin-des, em Aracruz, quando
visitei com o presidente Marcos Guerra. Vi os alunos e professores
numa relao bacana, os alunos em volta dos instrutores, com
entusiasmo, vontade de aprender.
Precisamos tambm desburocratizar nosso pas, que tem um se-tor
pblico pr-histrico. Ele foi feito para funcionar h 60 anos.
Precisamos que Governos estaduais, Federal, cidades, Legislativo,
Justia sejam modernizados e flexveis. O ato de comprar e con-tratar
no pode ser essa coisa atrasada que temos. O mundo est integrado,
em rede. S se estabelece quem tem competitividade. Se o empresrio
faz uma mesa em Marilndia, ela precisa ter design, ter qualidade e
preo. Tem que ser competitivo. Porque h mesas fabricadas na China,
nos Estados Unidos, e que so acessveis ao consumidor. Precisamos de
uma agenda que mexa nessas estruturas, na burocracia do pas, na
educao. Temos que simplificar as coi-sas e tornar o Brasil um ente
competitivo neste mundo integrado.
A tragdia em Mariana, Minas Gerais, onde uma barragem de
rejeitos de minerao da Samarco se rompeu no incio de no-vembro,
gerou imensos impactos ambientais em todo o rio Doce, afetando
consequentemente tambm importantes cidades do Esprito Santo. o que
est sendo feito para minimizar os efeitos dessa tragdia?
As Advocacias Gerais dos Estados de Minas Gerais e do Es-prito
Santo j esto trabalhando juntas. muito importante uma coordenao
jurdica conjunta para que possamos organizar o res-sarcimento e a
recuperao do rio. Uma segunda ao no sentido de discutir um plano de
recuperao de longo prazo e a constitui-o de um fundo, que no
precisa ser unitrio, ao qual a empresa causadora do desastre aporte
recursos.
ser uma concesso, uma concesso patrocinada, uma parceria
pblico-privada (PPP). Esse estudo vai dar a modelagem da 262. O
Governo aceitou trabalhar a rodovia de Vitria a Belo Horizonte, o
que d sustentabilidade, pois h reas de execuo caras no trecho do
Esprito Santo.
Tambm estamos trabalhando para melhorar a distribuio de energia
do Esprito Santo. No meu primeiro mandato, consegui fazer o linho
Ouro Preto/Vitria, depois o linho Mesquita/Viana, agora estamos com
plano de um novo linho, Mesquita/Joo Neiva. Alm disso, lutamos por
uma subestao de energia para fortalecer o sul do Estado, que est
cotada para ser cons-truda em Rio Novo do Sul. At o fim do ano deve
ser licitado um linho que liga Linhares a So Mateus, para
fortalecer o eixo que engloba So Mateus, Sooretama, Jaguar e Pedro
Canrio. Uma outra negociao para melhorar a transmisso de dados para
o Esprito Santo, tornando o Estado ainda mais compe-titivo, j que a
rede de transmisso de dados foca uma nova economia, a digital, que
est em franca expanso. Estamos negociando com o Governo Federal, e
o formato da rede vai depender dessa conversa.
Enfim, um amplo trabalho combinado com trabalhos so-ciais para
melhorar a educao, com o Escola Viva. O Estado pode evoluir muito
em capital humano.
Alm disso, a obra da Leste-Oeste est a pleno vapor; j libe-ramos
os quatro contratos, e agora tentamos liberar o Contor-no do Mestre
lvaro, que est em fase final de licenciamento ambiental e uma obra
importante, estruturadora, que solu-ciona o trfego de Carapina.
Temos R$ 30 milhes em caixa, dinheiro de convnio com a Unio.
Precisamos de mais re-cursos, e nossa bancada est trabalhando
nisso. H tambm a obra de Coutinho, na entrada de Castelo, at
Cachoeiro do Itapemirim; vamos duplicar aquele trecho. O edital ser
lan-ado no final deste ano.
IND 321.indb 21 08/12/2015 15:53:11
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Artigo
Indstria Capixaba Findes22
indstria em ao
capixaBa dEstaquE NacioNal do prmio iEl-Es Uma iniciativa do
Instituto Euvaldo Lodi, a entrega do Prmio IEL de Estgio 2015
movimentou jovens talentos em 29 de outubro, em Fortaleza, no Cear.
A estudante de Engenharia de Produo Fernanda Luiza Emediato
Fernandes, do Esprito Santo, foi a vencedora da na categoria
Estagirio Destaque. Esforcei-me muito, mas sei que tem muitas
outras pessoas que tambm se esforam diariamente. O mais importante
nem o primeiro lugar, mas a valorizao do estgio, disse ela, que
trabalha na Cedisa Central de Ao. Fernanda foi para a disputa
nacional aps vencer a Etapa Estadual, que aconteceu no dia 30 de
setembro e teve Brenda Coronel Valadares e Daniel Coutinho Leite
completando o pdio. Nessa etapa local, a Faesa conquistou a
categoria Instituio de Ensino Destaque, e a Roca Sanitrios foi a
vencedora entre as empresas demandantes de estgio.
coNVNio amplia compEtitiVidadE da aGroiNdstriaUma parceria
firmada entre a Rede Capixaba de Metrologia (RCM) e o Instituto de
Defesa Agropecuria e Florestal do Esprito Santo (Idaf-ES)
beneficiar agroindstrias do Esprito Santo com o desenvolvimento de
produtos e a gerao de novos negcios para os capixabas. A assinatura
contou com a presena de executivos, diretores e conselheiros do
Sistema Findes e de lideranas estaduais, como o vice-governador do
Estado, Csar Colnago, o secretrio de Estado de Agricultura,
Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Octaciano Neto, e o
diretor-presidente do Idaf, Jos Maria de Abreu Jnior. O acordo prev
que laboratrios agropecurios, responsveis por anlises de solo, de
tecido vegetal e de fertilizantes, entre outros itens, sejam
reconhecidos e credenciados pelas duas instituies. Para o
vice-presidente da Findes Benzio Lzaro, o convnio representa evoluo
para a indstria. A aproximao entre os setores pblico e privado
organiza processos, favorece a certificao e aumenta a
confiabilidade e a competitividade dos nossos produtos, frisou.
prEVENo dE acidENtEs dEstaquE Em FEira
Com o objetivo de conscientizar empresas e trabalhadores da
indstria acerca de acidentes de trabalho, foi realizada entre 6 e 8
de outubro, no Carapina Centro de Eventos, a 2 Feira de Sade e
Segurana do Trabalho Prevenir. O presidente do Sindicato das
Indstrias Metalrgicas e de Material Eltrico do Esprito Santo
(Sindifer-ES), Manoel Pimenta, informou que o Estado ocupa
atualmente o 2 lugar no ranking nacional que mede a transparncia em
segurana do trabalho nas empresas. O Sistema Findes marcou presena
na feira com um estande prprio e diversas aes, como pales-tras e
exposio de servios de Sesi-ES, Senai-ES e IEL-ES, alm de
equipamentos e unidades mveis. Um dos destaques no evento foi o
Prmio Escola Segura Projeto Amadurecer, que reconheceu escolas da
rede estadual por aes que estimulam, mobilizam e promovem a educao
dos alunos na percepo de riscos e comportamento seguro. Foram
premiadas as escolas Clvis Borges Miguel, que fica na Serra,
Ewerton Montenegro, de Viana, e Almirante Barroso, em Vitria.
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Inovao
Indstria Capixaba Findes24
U m dos grandes desafios do Esprito Santo em 2015 superar os
efeitos da escassez de gua. O Estado registra uma das piores secas
de sua histria, o que vem trazendo impactos para toda a populao
urbana e rural. Na economia, quem primeiro sofreu o abalo desse
estresse hdrico foi a indstria, que logo se mobilizou e trouxe uma
das principais solues para enfrentar o problema.
Aps o Governo Estadual publicar, em outubro, duas reso-lues de
emergncia que restringem a captao de gua em todo o Estado durante o
dia e tambm noite em diversos municpios, industriais do extremo
norte capixaba, que est entre as regies mais crticas, propuseram
acordos comunit-rios para o uso racional do recurso natural, sem
comprometer o abastecimento humano e animal e garantindo o
funcio-namento da produo industrial neste perodo conturbado.
Tambm com base nessa proposta, o Executivo editou outras duas
resolues, sendo que uma agora serve de modelo para acordos locais
em todas as regies em condies severas. O presidente da Findes,
Marcos Guerra, considerou a medida necessria e afirmou que a
preocupao das inds-trias sempre foi a busca por solues. Temos
buscado o dilogo permanente com os rgos ambientais e conver-samos
com nossos representantes nos Comits de Bacias Hidrogrficas.
Queremos a preservao dos recursos hdricos, com o mximo de eficincia
e o mnimo de consumo, afirmou.
Ele destaca que a produo industrial movimenta a economia e atua
dentro da legalidade. No podemos pres-cindir de defender uma
atividade to importante para o desenvolvimento do Estado,
declarou.
Empresrios e Federao das Indstrias propem acordos comunitrios
para garantir manuteno da produo
gua escassa pe indstria e sociedade lado a lado
por Mike Figueiredo
Indstria
Especial_Crise Hidrica_IND 321.indd 24 08/12/2015 16:00:44
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como acontece na Bacia do Rio Doce, que sofre com a dimi-nuio do
leito de seu principal rio h dcadas. Porm, h algum tempo, a crise
hdrica chegou Grande Vitria, com a baixa dos rios Santa Maria e
Jucu, o que afeta a populao que representa a maior concentrao
demogrfica do Estado.
Se antes a seca era um problema geograficamente localizado, hoje
preciso discutir aes efetivas em toda a extenso territorial do
Estado, quer seja com a preservao dos leitos existentes, quer seja
com o racionamento nos pontos mais crticos, concluiu.
As chuvas que chegaram ao Estado ainda no garantem com
tranquilidade o abastecimento, e a situao pode piorar nos prximos
meses. At agora no tivemos quase nada de chuva, e no vejo
quantitativo que possa normalizar o supri-mento de gua para as
bacias, alerta o presidente do Conselho Temtico de Meio Ambiente da
Findes (Consuma), Wilmar Barros Barbosa. As empresas tm que criar
efici-ncia na utilizao, e a populao deve manter o consumo de forma
controlada, porque existe uma grande possiblidade de faltar gua, e
o que devemos fazer economizar, refora.
uso sustentvelDe acordo com a legislao vigente no pas, as
indstrias
esto no fim da fila de prioridades para o abastecimento hdrico.
Como um dos principais interessados, o segmento industrial precisa
continuar organizado para atender neces-sidade do emprego racional
de gua e primar pelo reso e pelo reaproveitamento dos
efluentes.
Sueli Tonini explica que as prprias indstrias esto perce-bendo a
importncia de se organizar para economizar ainda mais gua nos
processos produtivos. Precisamos ampliar o leque dos
empreendimentos industriais que seguem a racio-nalizao do uso dos
recursos naturais e que sejam bons exemplos para o Estado. Entre as
medidas que podem ser adotadas esto o plantio de rvores e a
participao ativa nos Comits de Bacias Hidrogrficas, por exemplo,
observou.
No s gua que deve ficar na mira do gasto racional. Marcos Guerra
acredita que o debate precisa ser ampliado
A diretora-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hdricos (Iema), Sueli Passoni Tonini, frisa que a
finalidade da poltica de recursos hdricos buscar a gesto
compartilhada para a utilizao da gua. impor-tante estimular esse
modelo de gesto, para que dentro da bacia hidrogrfica os usurios
conversem e, a partir desse acordo, estabeleam o uso racional dos
recursos, explicou.
Segundo ela, a poltica de recursos hdricos tem a tarefa objetiva
de controlar as atividades, e a gesto comparti-lhada faz com que os
empreendimentos busquem o prprio controle e no comprometam a
qualidade do solo, do ar e da gua. A preservao dos recursos
naturais inclui preservar tambm os recursos hdricos.
Guerra comenta que, no Esprito Santo, historicamente, as regies
norte e noroeste so muito prejudicadas pela seca,
gua escassa pe indstria e sociedade lado a lado
Os capixabas esto aderindo positivamente e tentando encontrar
solues para enfrentar a crise hdrica. A sociedade est assumindo a
responsabilidade coletiva de gerir os recursos escassos Paulo Paim,
diretor-presidente da Agncia Estadual de Recursos Hdricos
(Agerh)
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Indstria Capixaba Findes26
para o consumo consciente de todos os recursos natu-rais.
Precisamos intensificar o reaproveitamento da gua, a gerao de
energia em fontes alternativas, evitando tambm a dependncia do
setor hidroeltrico. Todos devem unir foras em favor da economia de
gua, investindo em tecno-logias sustentveis, programas de gesto
eficiente e educao ambiental para a populao, concluiu.
Desastre no Rio DoceSe a situao j era crtica, ficou ainda mais
aguda a partir
do desastre ambiental provocado pelo rompimento de uma barragem
da mineradora Samarco no dia 5 de novembro, em Mariana (MG). A
gigantesca onda de lama contendo os rejeitos de minrio chegou ao
Rio Doce, tornando a gua, que j era escassa, imprpria para o
consumo.
A regio sofre historicamente com a queda de nvel do rio e agora
o quadro ficou ainda mais complicado para a popu-lao e
empreendimentos rurais, comerciais e industriais. Todos os
municpios que esto na Bacia do Rio Doce tm agravada a situao de
escassez de gua. J tomamos
Fique por dentro das resolues
Publicadas em 6 de outubro
Resoluo 005Probe a construo de novos poos escavados, a captao em
poos escavados localizados a menos de 300 metros de um corpo hdrico
superficial e a perfurao de poos artesianos, exceto quando
destinados ao abastecimento humano. O documento tambm recomendou s
companhias pblicas e privadas de abastecimento e aos servios
autnomos municipais de gua (Saaes) que reduzam o fornecimento para
grandes usurios industriais.A resoluo determinou ainda a proibio
imediata em todo o Estado, no perodo diurno (entre as 5h e as 18h),
das captaes em cursos de gua superficiais destinadas a todo e
qualquer uso, exceto para o abastecimento humano.
Resoluo 006A captao de gua nos municpios que esto em situao
extremamente crtica agora tem regras e condies estabelecidas pela
Resoluo 006/2015. Nesses locais, a captao hdrica para qualquer
outro fim que no seja o abastecimento humano e animal como a
utilizao da gua para fins industriais e para irrigao ficou
totalmente suspensa, primeiro por 15 dias, prazo depois ampliado
para 45 dias. No fim de novembro, a vigncia das resolues foi
estendida at 21 de dezembro.
Publicadas em 15 de outubro
Resoluo 007Abre espao para que sejam feitos acordos entre os
diversos usurios dos mananciais dos municpios em situao
extremamente crtica, envolvendo prefeituras, associaes de
produtores rurais e Comits de Bacias. Com esses acordos, que
precisam ser homologados pela Agerh, tais municpios podero deixar
de ser enquadrados como em situao extremamente crtica, e o setor
produtivo ter menos restries para captar a gua.Esse acordo rene um
conjunto de aes e normas relacionadas aos usos da gua, decididos
coletivamente, e que garantiro as condies para o abastecimento
humano, enquanto estiver vigorando o cenrio de alerta.
Resoluo 008Garante o mesmo benefcio da Resoluo 007 s indstrias
que fazem captao gua diretamente nos cursos de guas estaduais,
desde que elas tambm faam um acordo de cooperao no mbito dos Comits
de Bacias, criando condies especficas para o enfrentamento do
cenrio de alerta e garantindo o abastecimento para a populao.
Precisamos ampliar o leque dos empreendimentos industriais que
seguem a racionalizao do uso dos recursos naturais e que sejam bons
exemplos para o Estado. Sueli Tonini, diretora-presidente do
Iema
Temos buscado o dilogo permanente com os rgos ambientais e
conversamos com nossos representantes nos Comits de Bacias
Hidrogrficas. Queremos a preservao dos recursos hdricos, com o
mximo de eficincia e o mnimo de consumo
Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes
conhecimento de uma indstria de vesturio que est recor-rendo a
caminhes-pipa para o consumo dos funcionrios, informou Wilmar
Barbosa.
O Esprito Santo vem enfrentando uma das maiores crises hdricas
de sua histria e agora fomos surpreendidos pelo acidente em
Mariana. um acontecimento trgico e
Indstria
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Municpios em situao extremamente crticaFique por dentro das
resolues
Acordos comunitrios em operao: Pinheiros e Conceio da Barra
Santa Maria de Jetib
(rio Santa Maria da Vitria)
Acordos comunitrios em anlise: So Gabriel da Palha (rio So Jos)
Bacia do Rio Jucu (Domingos Martins,
Marechal Floriano, Viana, Cariacica, Guarapari e Vila Velha)
que lamentamos, principalmente pelos impactos na fauna do Rio
Doce e na qualidade de vida da populao, enfatizou o presidente. A
empresa dever ser responsabilizada pela falha, mas preci-samos
refletir acerca do ocorrido e aprender para evitar novos erros no
futuro, detalhou Guerra.
O presidente da Findes considera que no se deve demonizar a
Samarco, mas responsabi-liz-la pelos erros cometidos. Ele afirma
que a indstria tem sido essencial para o desenvolvi-mento econmico
do Esprito Santo nos ltimos anos. O pas vive um momento grave de
desin-dustrializao, com perda de participao do setor no Produto
Interno Bruto e reduo dos postos de trabalho. Discursar contra as
indstrias frear o crescimento de nossa economia, afetar o emprego e
diminuir a gerao de oportunidades para a populao, defendeu.
Medidas de emergnciaPor causa dos efeitos da estiagem
prolon-
gada, a Agncia Estadual de Recursos Hdricos (Agerh) editou as
Resolues 005 e 006/2015, publicadas em 6 de outubro no Dirio
Oficial do Estado. A primeira declarou o cenrio de alerta por causa
da escassez hdrica, e a segunda priorizou o abastecimento humano e
animal em todas as bacias hidrogrficas de domnio esta-dual,
estabelecendo uma srie de restries ao uso da gua.
As medidas foram anunciadas pelo Comit Hdrico Governamental,
composto por repre-sentantes da Secretaria da Agricultura (Seag),
da Secretaria de Meio Ambiente (Seama), da Cesan e de outros rgos
estaduais.
Aps a reao das indstrias, a Agerh editou duas outras resolues,
publicadas em 15 de outubro, e incluiu novas regies de seis
municpios na relao de locais em situao extremamente crtica quanto
ao abastecimento de gua (veja mapa ao lado). As resolues 007 e
008/2015 estipularam novas regras para incluso e excluso da condio
de extrema criticidade, tanto por municpio, quanto por indstrias,
valorizando acordos locais firmados.
Alm disso, as prefeituras receberam a reco-mendao de adaptar, em
regime de urgncia, seus cdigos municipais de postura para proibir
atividades que desperdiam gua, tais como lavagem de carros,
caladas, fachadas, pisos, muros e janelas com o uso de mangueiras;
irri-gao de jardins e gramados; resfriamento de telhados com
umectao ou sistemas abertos de
SerraCrrego Chapada Grande (Cidade Nova da Serra)
EcoporangaCrrego Faco Pinheiros
Rio Itauninhas
Santa Teresa e So Roque do CanaRio Santa Maria do Doce
Vila PavoCrrego Socorro
Conceio da BarraRio Preto do Norte
So MateusRio So Mateus
So Gabriel da PalhaRio So Jos
Alto Rio NovoCrrego Rio Novo
Itaguau e ItaranaRio Santa Joana
PancasCrrego Floresta
Barra de So FranciscoCrrego Baiano/Crrego Nicolini
MantenpolisCrrego Santa Luzia/
Crrego da Ona e Ribeiro Manteninha
Fonte: Agerh-ES
troca de calor; lavagem de ruas e avenidas, exceto quando a
fonte for o reso de guas residuais tratadas.
Uma fora-tarefa foi criada para fiscalizar a utilizao hdrica em
todas as bacias hidrogrficas e formada por representantes dos
Comits de Bacias, da Agerh, do Instituto de Defesa Agropecuria e
Florestal (Idaf), do Iema, da Polcia Militar e de prefeituras. O
grupo vai verificar nos prprios locais se as resolues esto sendo
cumpridas. Em caso de desrespeito, os infratores esto sujeitos a
multas de at R$ 268 mil.
A rpida ao das indstriasAs resolues do Governo Estadual que
restringem a captao de gua
preocuparam os empresrios quanto ao grande impacto que
poderiam
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Indstria Capixaba Findes28
causar na produo industrial. Afinal, a atividade sustenta boa
parte da economia de cada regio onde est instalada.
A Findes possui representantes em todos os Comits de Bacias
Hidrogrficas do Estado. Temos dialogado de forma permanente e
apresentado o nvel de eficincia de consumo das indstrias,
desmitificando a viso que as pessoas possuem do setor, informou o
presidente Marcos Guerra.
Aps a publicao das resolues, representantes dos muni-cpios de
Conceio da Barra e Pinheiros fizeram reunies com o Governo para
propor alternativas s restries. O grupo foi liderado pelo
vice-presidente institucional da Findes em So Mateus e Regio, Nerzy
Dalla Bernardina Jnior, que diretor da Alcon, empresa sediada em
Conceio da Barra.
Mostramos aos representantes dos rgos de controle ambiental do
Governo do Estado que a situao poderia ser discutida e propusemos
os acordos de cooperao dentro das bacias como sada para o problema,
contou Nerzy.
Para superar a situao e minimizar os impactos econ-micos, os
pactos garantem o acesso gua tanto pela populao quanto pelos
empreendimentos industriais e comerciais que a captam gua
diretamente dos cursos.
Reso de gua incentivado pela Findes
Amplos debates tem acontecido na sede do Sistema Findes, em
Vitria, sobre a situao dos recursos hdricos estaduais e tambm a
respeito das questes jurdicas sobre o uso e o reso da gua pelas
indstrias no Esprito Santo.Os seminrios abordaram os aspectos
legais ligados ao tema, a situao atual e o futuro para o reso no
Estado, alm de um encontro somente para apresentar experincias
bem-sucedidas de indstrias que j utilizam essas tecnologias, tanto
no Esprito Santo quanto fora daqui.O seminrio faz parte de uma srie
de etapas que cumpriremos para buscar as melhores solues nessas
questes, garantiu o presidente do Consuma, Wilmar Barros Barbosa,
que enfatiza a importncia de se discutir o tema com a apresentao de
solues que, inclusive, podem promover uma reduo radical no valor
das contas de gua pagas pelas indstrias.
Nerzy afirma que o acordo de cooperao a melhor soluo para
administrar os recursos hdricos e que, se houver apenas a ao dos
rgos punitivos, os setores industrial e agropecu-rio saem
prejudicados com as multas e outros instrumentos coercitivos, que
no estimulam em nada o dilogo entre os usurios locais.
J h mais de 40 dias o acordo est firmado e operando, e at agora
no registamos problemas de falta de gua. O Governo acertou em cheio
quando ouviu nossas demandas e aderiu nossa proposta, comemora o
dirigente.
Nossa prioridade buscar acordos e solues que sejam benficos para
a populao e para o setor produtivo. Com prudncia e pacincia,
podemos encontrar caminhos que garantam a preservao dos recursos
hdricos e da atividade econmica em todo o Estado, avaliou
Guerra.
As resolues mais recentes (007 e 008/2015), publicadas em 15 de
outubro, permitem ento que os comits de bacia desenvolvam um
esquema prprio de racionamento, garantindo que no haja risco para o
abaste-cimento humano.
Os capixabas esto aderindo positivamente e tentando encontrar
solues para enfrentar a crise hdrica. A socie-dade est assumindo a
responsabilidade coletiva de gerir os recursos escassos, retirando
o carter policialesco das resolu-es e colocando os Comits de Bacia
como espaos legtimos para que ocorram as discusses e os acordos,
considerou o diretor-presidente Paulo Paim.
Segundo ele, esse cenrio que permite acordos regio-nais muito
reconfortante. J estamos com cinco acordos de cooperao comunitria
envolvendo o setor industrial em operao ou prestes a serem
firmados. Mais do que apenas uma sada da situao crtica, esses
pactos apontam para a capacidade de resposta da socie-dade em
resolver seus prprios problemas, explicou Paim, que ressalta a
participao da Agerh no apoio tcnico elabo-rao das alianas.
Todos os municpios que esto na bacia do rio Doce tm agravada a
situao de escassez de gua. J tomamos conhecimento de uma indstria
de vesturio que est recorrendo a caminhes-pipa para o consumo dos
funcionrios
Wilmar Barros Barbosa, presidente do Conselho Temtico de Meio
Ambiente da Findes (Consuma)
Indstria
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indstria em ao
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prodFor rEaliza ENcoNtro dE NEGciosDar mais visibilidade demanda
existente nas cadeias produtivas locais, colocando frente a frente
quem demanda e quem fornece. Com esse objetivo, aconteceu no dia 18
de novembro, no Salo da Indstria, localizado no prdio do Sistema
Findes, em Vitria, o 6 Encontro de Negcios do Programa Integrado de
Desenvolvimento e Qualificao de Fornecedores (Prodfor). O evento
disponibilizou reunies entre fornecedores e representantes das
mantenedoras ArcelorMittal (Cariacica e Tubaro), Cesan, Petrobras e
Vale, que puderam conhecer melhor suas respectivas ofertas e
demandas, bem como os seus ramos de atividades. A abertura do
encontro foi feita pelo coordenador-executivo do Prodfor, Luciano
Raizer, que falou sobre a relevncia da programao para o
fortalecimento do Prodfor. Esse um servio de enorme importncia para
aproximar os fornecedores de grandes empresas compradoras do
Estado. So encontros breves e dinmicos que podem ser muito bem
aproveitados por todos com a gerao de negcios.
sEmiNrio holaNda - Esprito saNto acoNtEcE Em Vitria Quarto maior
investidor estrangeiro no Brasil, com R$ 40 bilhes em 2013 e tambm
com um histrico comercial positivo com o Esprito Santo, a Holanda
foi destaque em evento realizado pelo Sistema Findes no dia 15 de
outubro. Por meio de seu Centro Internacional de Negcios (CIN-ES),
a Federao das Indstrias promoveu o seminrio Holanda - Esprito
Santo: Desenvolvendo Parcerias. Alm de diversas autoridades e
representantes da iniciativa privada daquela economia europeia,
esteve presente o embaixador dos Pases Baixos no Brasil, Han
Peters. Ocorreram apresentaes do cnsul geral dos Pases Baixos no
Rio de Janeiro, Arjen Uijterlinde; do representante comercial no
Brasil da empresa holandesa TNO, Laurens Steen; do gerente
comercial do Porto Central, Frans Jan Hellenthal; e do especialista
em portos, Martin De Jong. Correalizado pelo Consulado do Reino dos
Pases Baixos no Esprito Santo e pelo Sebrae-ES, o encontro serviu
para viabilizar negcios com empresrios capixabas a partir da
apresentao de setores promissores da economia holandesa, como
energia, logstica e sustentabilidade. Em 2014, o Esprito Santo
exportou para l US$ 2 bilhes e importou US$ 28 milhes.
capixaBas participam da maior FEira dE alimENtos do muNdo
Uma comitiva com 13 empresrios capixabas participou em outubro
da Feira Anuga, na cidade de Colnia, Alemanha. Os contemplados pelo
3 Prmio Senai de Inovao em Alimentos e Bebidas (Prmio IAB) fizeram
parte da caravana, tendo como recompensa pela vitria o custeio do
pacote de viagens e credenciais na feira, considerada a maior do
mundo no setor de alimentos e bebidas. Contando com o suporte do
Centro de Internacional de Negcios da Findes (CIN-ES), do Senai-ES
e do Sebrae-ES, a comitiva fez parte do Programa de Misses
Empresariais Prospectivas, organizado pela Rede Brasileira de
Centros Internacionais de Negcios (Rede CIN) e coordenado
nacionalmente pela Confederao Nacional da Indstria (CNI). A misso
empresarial foi feita em parceria com a Agncia Brasileira de Promoo
de Exportaes e Investimentos (Apex-Brasil), que trabalha para
promover as exportaes de produtos e servios brasileiros, apoiar a
interna-cionalizao das empresas e atrair investimentos estrangeiros
para o Brasil.
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Inovao
Indstria Capixaba Findes30
E m uma ao indita, o Instituto de Desenvolvimento Educacional e
Industrial do Esprito Santo (Ideies) finalizou o Mapeamento da
Indstria Criativa no Esprito Santo. Trata-se do primeiro estudo j
realizado no Estado sobre esse setor, que composto pelos segmentos
de Arquitetura; Artes Cnicas; Audiovisual; Biotecnologia; Design;
Editorial; Expresses Culturais; Moda; Msica; Pesquisa e
Desenvolvimento; Patrimnio e Artes; Publicidade e Tecnologia da
Informao e Comunicao.
Para a viabilidade do trabalho, a entidade do Sistema Findes
criou o ndice Ideies de Concentrao da Indstria Criativa (IndIIC),
com base em dados sobre os profissionais criativos e suas
respectivas remuneraes mdias extrados de levantamentos realizados
em todo o Brasil pela Federao das Indstrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan) e
de informaes sobre as empresas criativas capixabas na
Classificao Nacional de Atividades Econmicas (CNAE).
Dividido em quatro captulos, o mapeamento, que avaliou os 78
muncipios do Estado, comea conceituando o que so a economia
criativa e a indstria criativa. No primeiro cap-tulo, o contedo
mostra que ambos so conceitos recentes, ainda em desenvolvimento,
em momentos diferentes, depen-dendo de cada localidade. No segundo
captulo, destaca-se a importncia de um conhecimento mais profundo
acerca das indstrias criativas, pelo seu grande impacto para o
cresci-mento econmico de uma regio.
No captulo seguinte, o levantamento traz os mapeamentos
realizados, em mbito nacional, pela Firjan (A Indstria Criativa no
Brasil), pela Fundao de Desenvolvimento Administrativo Fundap (A
Indstria Criativa na Cidade
Ideies realizou um pioneiro mapeamento, que analisou grupo
composto por 13 setores
Indstria criativa no mapa do desenvolvimento
por Gustavo Costa
Inovao
IND 321.indb 30 08/12/2015 15:53:26
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Nov/Dez 2015 321 31
todos os municpios do Estado. Para que se consiga desen-volver,
a indstria criativa em uma localidade seja um pas, estado, municpio
ou bairro necessrio sabermos do que se est tratando. Quais so os
setores criativos existentes na localidade? Quantos profissionais
criativos trabalham nos setores? Quantas indstrias criativas
existem? O mapeamento foi importante para responder essas questes.
Os resul-tados do estudo contribuiro para a tomada de deciso dos
agentes pblicos e econmicos no sentido de criar polticas para o
crescimento da indstria criativa e, principalmente, como suporte ao
desenvolvimento da indstria tradicional capixaba. Podemos destacar
que a maior concentrao dos 13 setores criativos considerados no
estudo est no muni-cpio de Vitria, seguido por Vila Velha, Serra,
Anchieta, Guarapari, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina e
So Mateus, disse o diretor-executivo do Ideies, Antonio Fernando
Doria Porto.
Segundo o dirigente, a indstria criativa no Esprito Santo vive
seu melhor momento e conta com grandes apoiadores. O Governo do
Estado tem como um dos projetos priori-trios o desenvolvimento da
economia criativa. A Findes criou o Conselho Temtico da Economia
Criativa (Conect). E novos sindicatos patronais esto em formao ou j
em estgio de regularizao sindical, como os de audiovisual e joias,
alm da entrada do segmento de games no Sindicato de Informtica,
explicou.
Para Porto, o Sistema Findes seguir ampliando a relao com a
indstria criativa. Destaca-se, por exemplo, o apoio que vem sendo
dado s indstrias de games, audiovisual, joias, moda e design,
inclusive em processo de ampliao da qualifi-cao profissional por
meio de aes do Sesi e Senai do Esprito Santo. Tambm desenvolvemos
uma metodologia para arti-culao entre a indstria criativa e a
indstria tradicional, um projeto piloto aplicado em pequenas
empresas dos
de So Paulo) e pela Fundao de Economia e Estatstica Siegfried
Emanuel Heuser (FEE), em parceria com a Agncia Gacha de
Desenvolvimento e Promoo da Inovao (AGDI) do Rio Grande do Sul (A
Indstria Criativa no Rio Grande do Sul sntese terica e evidncias
empricas). J no ltimo captulo, o estudo apresenta o mapeamento da
indstria criativa capixaba em todos os municpios, classifi-cados
segundo os resultados do IndIIC.
O levantamento do Ideies tem ainda seis anexos, que detalham os
estudos a respeito de profissionais criativos de acordo com a
Classificao Brasileira de Ocupaes (CBOs); os CNAEs das empresas
criativas usados no Mapeamento da Indstria Criativa do Esprito
Santo; o comparativo dos CNAEs com os outros utilizados pelos
mapeamentos efetuados sobre a indstria criativa no Brasil e pela
Conferncia sobre o Comrcio e Desenvolvimento das Naes Unidas
(Unctad); os setores criativos por municpios, de acordo com a
classificao do IndIIC; a metodologia do IndIIC; e a metodologia
para o levantamento dos principais setores criativos no Estado.
Estudo contribuir para tomadas de decises
O Mapeamento da Indstria Criativa no Esprito Santo lana uma luz
sobre a concentrao dos setores analisados em
Os resultados do estudo contribuiro para a tomada de deciso dos
agentes pblicos e econmicos no sentido de criar polticas para o
crescimento da indstria criativa - Antonio Fernando Doria Porto,
diretor-executivo do Ideies
Indstria criativa no Esprito Santo
Indstria criativa na capital Vitria
1.450empresas criativas
O IndIIC variou entre 0,008 (Santa Leopoldina) a 8,114 (Vitria),
evidenciando que a indstria criativa est distribuda em todos os
municpios capixabas, entretanto, em diferentes nveis e
intensidades.
33,7%das empresas criativas
Contempla todo os
13 setoresdessa economia
58,2%da massa salarial da economia criativa
13.400profissionais em ocupaes criativas
46,6%dos trabalhadores ativos
Fonte: Ideies
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Indstria Capixaba Findes32
Inovao
segmentos de confeco, moveleiro e de rochas ornamentais, por
intermdio de uma parceria da Findes, do Sesi e do Senai com o
Sebrae do Esprito Santo.
J o diretor para Assuntos do Sesi-ES e presidente do Conect,
Jose Carlos Bergamin, acredita que conhecer tecni-camente a
indstria criativa fundamental, uma vez que a partir do mapeamento
ser possvel buscar polticas asser-tivas para cada grupo que compe o
conjunto, com base nas vocaes regionais, capacidade j instalada e
criadores identi-ficados. Ele lista o que considera gargalos para
essa indstria. Aculturamento do ambiente criativo. preciso entender
primeiro o que economia criativa, o que de fato compe essa
economia, defendida como a economia do futuro, a sua abrangncia e
as suas possibilidades de gerar riqueza para as pessoas diretamente
envol-vidas e para a sociedade. Precisa deixar de ser romntica para
ser negcio, ter processo, e estratgias de mercado, alm de gesto
qualificada, destacou.
Bergamin enxerga a indstria criativa como negcio com muitas
possibilidades de crescimento rpido no Estado, apro-veitando as
caractersticas dinmicas do capixaba. Temos a criatividade italiana,
com design e gastronomia; e a criatividade afro, no campo artstico.
Completaremos com a cultura germ-nica, para colocar todos esses
valores dentro da criatividade dos processos para gerar negcios
organizados e sustentveis. O assunto ainda muito novo aqui e no
mundo. Os primeiros estudos comearam em 1998, na Inglaterra, que o
pas mais desen-volvido no tema. Mas a economia criativa uma tima
receita de sucesso para os perodos de crise, especialmente para uma
economia pequena, mas dinmica, como a do Esprito Santo, falou o
diretor. Segundo ele, o mapeamento mostra mais uma vez o
compro-misso do Sistema Findes em desenvolver o Estado de modo mais
desconcentrado e sem gigantismo, com menos impacto e mais leve.
A indstria criativa est em pleno crescimento e apresenta
alternativas mais baratas e produtivas ou voltadas qualidade de
vida - Fred Rischter, CEO da Blue Pixel
Mapeamento da Indstria Criativa no ES
Para mais informaes a respeito do Mapeamento da Indstria
Criativa no Esprito Santo e do material na ntegra, acesse o site do
Sistema Findes (www.sistemafindes.org.br) ou o link
issuu.com/sistemafindes (no QRcode ao lado), ou ainda ligue 27
3334.5939.
Estamos trabalhando para uma indstria em que o
compar-tilhamento, as transversalidades, possa proporcionar uma
sociedade mais envolvida, produtiva e feliz. O exemplo concreto e
claro foi a criao do Conect para dar suporte e ser o centro de
convergncia, de condensao dos pensamentos e de difuso norteadora de
possibilidades e aes, frisou.
Para quem atua na indstria criativa, o mapeamento reali-zado
pelo Ideies d uma noo mais clara para investimentos, operaes em
geral, incentivos e oportunidades. o que observa Fred Rischter, CEO
da Blue Pixel. Por um lado, a indstria criativa est em pleno
crescimento e apresenta alternativas mais baratas e produtivas ou
voltadas qualidade de vida e, portanto, continua sendo uma tima
alternativa de investimento. Por outro lado, com o desaquecimento,
todos percebem uma diminuio de demanda. Acho que em geral a conta
fecha no zero a zero durante este perodo de crise, com expectativa
de melhora a curto prazo.
Para Rischter, preciso haver uma mudana de menta-lidade a favor.
A viso local ainda muito contrria a este tipo de atividade. As
pessoas no percebem o poten-cial e no entendem como funciona; por
consequncia no do importncia nem valor a essas atividades. fcil
entender isso, pois a realidade do Brasil todo essa. Ns no somos o
Japo ou o