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Revista Extravaganza #01

Mar 22, 2016

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Máterias com Daminhão Experyença, Larissa Grace, Joel Peter Witkins, Zombie Walk BH 2012, Samael, Absu e Etc...
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EDITORIALEXPEDIENTE

Lucas A. Souza{Editor chefe, Diretor de Fotografia e Redação}[email protected] Igor C. Bersan{Editor chefe, Direção de Arte, Redação, Diagramação}[email protected]

COLABORADORES

Janaina Rodrigues{Redação e Revisão}[email protected]

Gabriela S. Mayor{Revisão}[email protected]

Vinícius França{Redação}[email protected]

Comentários e sugestões:[email protected]

Mais um fim do mundo não findado, o primeiro renúncio de um Papa, meteoro caindo na Rússia... Será que todo esse estardalhaço no mundo afora se deve pelo atraso da nossa Revista Extravaganza? Keep Calm... ela já está prontinha para sua leitura...

Apresentamos a vocês a primeira edição da tão esperada (por nós e por vocês daqui pra frente – que assim seja!) revista Extravaganza! Esse é um projeto que nasceu em meados de 2002 e que a princípio não passaria de um zine. 10 anos se passaram e hoje conseguimos parir esse filho com ideias aprimoradas e diferentes das iniciais, mas ainda com o mesmo objetivo: fugir dos padrões comuns do comercial. Queremos apresentar para vocês bandas, músicas, filmes, pessoas, histórias e projetos que existem e merecem ser divulgados, apreciados ou apenas lembrados. Como faremos isso? Com uma revista baseada em um tema interessante que façam vocês saírem do lugar comum. Como tema dessa primeira edição, não poderíamos buscar inspiração em outro lugar a não ser no próprio nome da nossa revista: estranho, bizarro, extravagante!

A definição de extravagância no Aurélio é: Ação que se desvia das normas usuais do bom senso, excentricidade, esquisitice. Jogamo-nos, fomos extravagantes! Cada sessão dessa edição foi buscar situações que se encaixassem bem nesse tema. E assim será em cada edição!

Desejamos que esse filho parido (e toda a prole que está por vir) sirva de fonte de pesquisa, conhecimento e descobrimento em áreas diversas para variados públicos. Faça o download, imprima se quiser, leia, contribua com sua arte, curta, compartilhe, critique, elogie, sugira... e sejam bem vindos a esse projeto! Até a próxima edição!

Os editores

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Considerado maluco por uns, mendigo por outros e uma piada de mau gosto por outros tantos. Não seria a genialidade aquilo que escapa ao estado comum e ordinário de todas as coisas? Portanto, gênio para aqueles que conseguiram ver além da superfície. Assim era visto

Daminhão Experiença, figura singular da cultura brasileira. Conheça o encontro que o nosso colaborador Vinícius França, teve com Daminhão em um dia ensolarado no Rio de Janeiro.

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No ano de 2008 eu caminhava despreocupado – ainda que com um pouco de pressa – pela rua Visconde de Pirajá, bairro Ipanema, cidade do Rio de Janeiro. Um começo de tarde tranquilo, com o calor do outono, mais agradável que o do verão, que é infernal; ainda assim sentia a temperatura e a umidade com a nitidez de quem não está acostumado com esse tipo de clima, mais quente do que o de onde moro. Viajava junto a amigos, desfrutando do feriado da semana santa. Na presente ocasião eu voltava do local onde estava hospedado. Havia feito uma pequena jornada para buscar alguma que me escapa à memória, enquanto o pessoal continuava na praia desde bem mais cedo, no Posto 9, areia cheia, apinhada de cadeiras, guarda-sóis e, sobretudo, gente.

Num dos cruzamentos da Visconde, com a rua Teixeira Melo, reparei meio involuntariamente em um senhor que saia do supermercado da esquina. Vestia roupas simples, tinha uma barba grisalha e falhada, apesar de grande, sobre a cabeça os cabelos estavam envolvidos por uma espécie de tecido sintético feito com restos de uma meia-calça, num volume de uns vinte centímetros para cima, em forma de turbante, com tufos escapando pelo topo. Apesar do bom tempo as roupas que vestia eram muitas e sobrepostas, além de serem para o frio. Carregava uma sacola plástica e ostentava um sorriso para ninguém. Passar-se-ia facilmente por um mendigo.

“Não pode ser” – pensei comigo mesmo e prestando mais atenção, foquei aquela figura distintamente, tão diferente

Experiencia com

Daminhao-

Texto por Vinícius França l Imagens: Damião Experiênça

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das outras pessoas, estas tão homogêneas entre si. Fui na direção dele para verificar se minha suspeita corresponderia à verdade:

– Daminhão?– Oi, o que é que foi? – e veio

se dirigindo para per to de mim, sem cerimônias. Meio espantado, como se eu esperasse que estivesse errado, perguntei novamente para confirmar em definitivo:

– Você é o Daminhão... Daminhão Experiênça?

– Sim, sou eu mesmo – respondeu me olhando como se procurasse reconhecer na minha pessoa alguém conhecido.

Eu havia entrado em contato com a obra musical dele há mais de dez anos, quando eu ainda era estudante e tinha uma banda com amigos que estudavam na mesma instituição que eu. Um dos sujeitos que tocava comigo, de nome

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Maurio, sabendo do meu gosto por músicas estranhas e esquisitas, apareceu um dia com material de um tal de Daminhão Experiença, especialmente para me mostrar. Tratava-se de um CD que havia sido fruto da gravação de dois discos do suposto ar tista, sendo eles os LPS “Planeta Guerra 1914” e “Planeta Lavoura”. A capa foi copiada e impressa em preto e branco, com a figura dele, no mínimo exótica, vestido – talvez seja mais adequado usar fantasiado – com uma roupa pesadamente carregada de adereços variados, segurando um violão também enfeitado com trapos, cordas e o que mais cabia de badulaques diversos; na contracapa ele aparece em meio corpo, da barriga para cima, os braços caídos, veste uma roupa de marinheiro; os cabelos são tão volumosos que parecem uma peruca composta de grossos dreadlocks que se avolumavam ao redor da cabeça e rosto, deixando a mostra a região dos olhos e nariz, a boca entreaber ta se destacando da barba ao redor e uma faixa envolvendo a testa, em que se destaca uma flor estampada. O nome “Daminhão Experiença” está pendurado em uma placa cruzando o peito. Pelo tipo já dava para se ter uma ideia de que deveria ser uma sonoridade pelo menos diferente.

Para quem nunca ouviu falar, Damião Ferreira da Cruz, conhecido como Daminhão Experiença, embora haja variações na grafia, foi um músico marginal, e de forma geral, muito diferente. Nasceu na Bahia nos anos trinta, fugiu de casa na adolescência devido à violência dos pais (em uma música

ele desabafa: “... minha mãe me batia tanto, meu pai me pisava também, me batendo com cipó de caboclo...”), foi para o Rio de Janeiro, onde se estabeleceu a princípio na rua e entre prostitutas, arranjando posteriormente um emprego na Marinha, onde se aposentou cedo, acho que por loucura. Com a renda que tinha começou a fazer registros de suas estranhas composições. Gravou uns trinta discos do começo dos anos 70 até o começo dos 90, totalmente independente, tanto da indústria musical quanto dos padrões de produção vigente. O primeiro disco, Planeta Lamma, foi gravado com um violão de uma corda, com ele cantando numa língua inventada, algo como um dialeto composto de gritos, murmúrios e palavras inexistentes, dialeto indescritível e incognoscível, a língua do Planeta Lamma. No segundo disco usou duas cordas e assim sucessivamente até o sexto trabalho. O estilo foi variando-se conforme o passar do tempo. Em seguida gravou com uma banda desconhecida, com a maioria das letras em por tuguês, ainda que tosco. Num cer to ponto, pela complicação e confusão das composições, talvez pelo grau de doideira, chegou a ser comparado a Frank Zappa.

“Se ela não quer ter filho não deve transar no lugarzinho que faz filhinho. Ela deve tomar no ano o ano inteiro, no ano de mil novecentos e sessenta e nove”, letra de Damião.

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As canções em nossa língua versam sobre temas que são recorrentes em suas obras – e recorrentes nas próprias músicas, pois ele repete o tema incessantemente: Comunismo (Cuba e União Soviética), Ditadura Militar, sexualidade, as mulheres virgens, as lésbicas e as prostitutas (em uma música canta: “As mulere protistuta são igual as otas muleres, elas são um ser humano feito de outra muler”), abor to, sua vida, infância, amores, medos, aventuras, a aparência bizarra, o Planeta Lamma, mais as histórias que não dizem coisas inteligíveis.

Apesar da autenticidade do autor, as músicas não surgiram do nada. Percebem-se referências, estilos que o influenciou: por exemplo, o rock psicodélico da virada 60/70, tanto que o segundo nome, Experiença, mesmo tendo uma conotação própria dada por ele, ainda guarda uma alusão a Jimmy Hendrix; Blues, Reggae, Funk, Soul, Jazz, Fusion, etc., aparecem de vez em quando, uns mais que os outros;

as músicas cantadas na língua do Planeta Lamma lembram coisas tipo Congado e Folia de Reis, que tem origem em cantorias em línguas africanas; o delírio explosivo, a falação desenfreada, que por vezes o exauria, se parece com manifestações como o Repente Nordestino. Arrisco-me também a citar como influência a música brega, que teve seu apogeu nos anos 70 e 80 e se reflete na música de Daminhão na maneira como ele trata sua relação com as mulheres em algumas composições. A despeito de qualquer rótulo, ele foi único.

A impressão que tive durante a primeira audição foi, digamos, paradoxal: era um cara que visivelmente não sabia tocar nenhum instrumento – nem o violão, nem a gaita, nem cantar – falava dos mesmos assuntos repetitivamente, embora com nexos duvidosos, com palavras e frases num por tuguês muito aquém das regras gramaticais e, além disso, se notava que não poderia ser considerado um sujeito dentro da normalidade. Os

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discos eram mal gravados, muitas bases se repetiam, o desenvolvimento musical e das letras pareciam frutos de improviso. Essas constatações, ao invés de me afastar daquela manifestação ar tística tão incomum, me fascinaram tremendamente, deixando-me entusiasmado, querendo descobrir mais a respeito de alguém que se dignava a produzir tais aberrações, e de forma espontânea e sincera, sem parecer deliberadamente estranho. Como conseguiu gravar e prensar discos de uma qualidade tão duvidosa, levando-se em conta o gosto comum da maioria? Ou seja, quem ele esperava que fosse ouvir suas músicas? Talvez nem se preocupasse com isso. Possuía os recursos necessários, além de muita coragem, num misto de falta de noção que a loucura traz em si e ainda a criatividade fornece – e a loucura ainda dá contornos incomuns à atividade criativa, tendo um resultado inusitado.

Ao tentar pesquisar mais sobre o “músico” obtive pouca informação, ele era

quase desconhecido. Por meio de raras e esparsas informações, as quais não tinham como atestar a veracidade, fiquei sabendo alguma coisa sobre ele. Encontrava pessoas que afirmavam que conheciam outras pessoas que diziam ter discos dele; alguns relataram que estiveram em sua presença. Um sujeito contava sobre um encontro na rua e posterior ida à residência do próprio Daminhão, com o intuito de comprar uns discos. Chegando ao apar tamento se deparou com corredores, salas e quar tos apinhados dos mais variados objetos, restos de qualquer coisa que ia achando pela rua ou catando no lixo, ocupando do piso ao teto, de modo que mal dava para se deslocar. Escolheu o LP e pegou uma capa aleatoriamente, já que não havia discos para capas específicas – estas apresentavam sempre alguma foto do próprio com indumentárias variadas.

Deslumbrado apresentava sempre que podia sua música para as pessoas. Numa proporção impressionante, de cada dez

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pessoas, nove, nove e meio achavam a pior coisa que já haviam escutado. De nada adiantava meus preâmbulos dizendo que a música do Daminhão era uma experiência única, fora dos padrões da maioria massificadora, um tesouro escondido. Mas desagradava aos ouvidos despreparados, que o tomavam como uma piada de mau gosto, um insano desafinado, sem qualquer atrativo.

Voltando à ocasião do meu encontro, lembro-me que fiquei impressionado por estar com ele e evitei qualquer tom de tietagem, apesar de me apresentar como admirador de suas composições:

– Tenho alguns discos seus e sou grande apreciador da sua obra musical.

Ele pareceu tomar o meu comentário como algo corriqueiro e continuei:

– Você ainda tem algum disco prá vender? (eu já sabia que não).

– Rapaz... não tenho, sumiu tudo. E tem muito tempo que não mexo mais com música.

– São raridades hoje em dia e custam um dinheirão...

Eu disse de onde vinha e afirmei que conhecia muita gente que gostava de seu som e que inclusive a minha banda já tinha tocado músicas dele, uma versão que misturava “Meu Primeiro concer to na União Soviética” com “A gente é vigiado”. Provavelmente ele não as reconheceu e mudou de assunto do nada. Começou com uma história que morava na Barra da Tijuca, que estava com umas mulheres por lá, mas que se encontrava em Ipanema para cuidar

de uma amiga, de modo que ficou falando detalhes de suas andanças por minutos, até que o que dizia já não fazia muito sentido. Igual às músicas dele, pensei, me sentindo privilegiado por presenciar seus delírios ao vivo e espontaneamente, como se estivesse em um show dele, ele que não fazia apresentações, que nem sei se já fez de verdade, sendo uma manifestação, além de si próprio, como eu constatava, apenas em seus LP’s, que haviam se perdido pelo mundo afora. A obra dele, em toda sua complexidade, ou simplicidade – cabe ao ouvinte ou quem o conhece decidir em qual extremo ele se encontra – era aquilo que eu vi nele, uma loucura admirável.

Afirmando que a amiga o esperava ele foi embora, deixando comigo uma quantidade de guardanapos em que escrevera o endereço de um site que fizeram sobre a vida e a obra dele. Voltei para a praia meio estarrecido devido ao encontro, por saber que ele existe de verdade, ele que poderia ser considerado como uma lenda absurda, nonsense, bizarra, esteve na minha frente, conversou comigo. Ao encontrar meus companheiros nas areias disse empolgado o que havia acontecido, sabendo que tudo não passava de um delírio, a maneira dos temas dele, porque levava comigo os papéis que me deu.

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Em um futuro não muito distante. Os recursos energéticos da Terra não mais conseguem suprir o planeta. Neste cenário é encontrado uma nova fonte de energia. Energia esta originária do Sol e captada pelas rochas da Lua.

Lunar é o nome da empresa responsável pela extração das rochas e posterior processamento desta energia após chegar à Terra. De três em três anos envia um astronauta para uma base de controle, instalada no lado escuro da Lua e este é o prazo em que expira o contrato entre o astronauta e a empresa.

No início da projeção vemos Sam Bell (Sam Rockwell) como este astronauta, incumbido de manter tudo em ordem e lidando com o isolamento.

LUNAR

Título Original: MoonDiretor: Duncan JonesRoteiro: Duncan Jones e Nathan ParkerAno de lançamento: 2009Duração: 97 min. Gênero: Drama/Ficção CientíficaElenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey e Dominique McElligottPaís: Irlanda

Texto por Igor C. Bersan

De imediato já ficamos sabendo que está para vencer o seu contrato de três anos e que ele se envolveu no projeto para dar um tempo em um casamento em declínio.

Falar do filme em poucas palavras é um desfavor a obra; e contar além do já dito anteriormente é estragar o filme para quem ainda não viu.

Lunar é aquele tipo de filme construído de maneira lenta, onde os detalhes são muito bem explorados pelo diretor, onde a atução do ator nos convence, o ritmo do filme deixa o espectador com uma sensação parecida com a do protagonista.

Duncan Jones nos brinda com uma narrativa fabulosa que provavelmente surpreenderá muitos em seu desfecho.

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Um álbum que não poderia deixar de ser lembrado nesta edição sem sombra de dúvida é - Les Mor tis Von Vite do pouco conhecido Shub Niggurath. Esse álbum possuí uma atmosfera única e inigualável, mas muito assustadora para aqueles que não estão acostumados a musicalidades diferentes das que tocam calorosamente nas rádios. Sua música está situada do rock progressivo ao Jazz, em um estilo pouco conhecido chamado Zeuhl. A banda foi formada em 1983 por Allan Ballaud (Bass). No ano de 1985 lançaram seu debut álbum “C’ Etaient De Três Grand Vents”.

A música é densa, obscura e chega a ser atormentadora as vezes, mas com levadas progressivas mescladas ao jazz, com o uso de trombones e baixos graves, baterias que parecem improvisadas com incríveis arranjos e andamentos. “Le

Mortis Von Vite” possui 6 faixas que nos remetem a um pesadelo obscuro, com sentimentos angustiantes e assustadores, aprisionado em um calabouço molhado e frio da consciência. Músicas longas e pianos que criam uma atmosfera hipnótica, nos envolvem completamente. Os vocais de Ann Stewar t dão um toque mais que obscuro, nos traz a lembrança de vozes e sons fantasmagóricos do cinema clássico de terror, o que diferencia o Shub Niggurath de milhares de bandas da história do rock.

“Le Mor tis Von Vite” foi gravado em 1986 e lançado em 1987 pela Musea Records. Um álbum altamente indicado aos fãs de progressivo, jazz e rock, que tenham a mente aber ta e não tenha preconceitos. Posso dizer que, no meu conhecimento, não há um álbum que se compare a musicalidade do Shub Niggurath.

SHUB NIGGURATH

“Le Mortis Von Vites”

Gravadora: Musea RecordsAno de lançamento: 1987Estilo: ZeuhlMembros: Alain Ballaud (Baixo), Franck Coulaud (Bateria), Franck W. Fromy (Guitarra), Jean-Luc Hervé (Piano/Órgão, Véronique Verdier (Trombone) e Ann Stewart (Vocal)País: França

Texto por Lucas A. Souza

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Em Passaic, New Jersey, Elroy Fletcher (Danny Glover), o dono de uma locadora de filmes em VHS, incumbe o seu funcionário Mike (Mos Def) de tomar conta do estabelecimento enquanto sai a campo fazendo uma pesquisa para melhorar o seu negócio, que está sendo desapropriado.

Após uma tentativa frustrada em sabotar o sistema de fornecimento de energia, que acaba por dar errado, Jerry (Jack Black) acaba ficando magnetizado por uma descarga elétrica, em consequência deste acidente acaba por desmagnetizar também todas as fitas da locadora.

Ao descobrir que todas as fitas estavam apagadas, Mike tem a ideia de refilmar todos os filmes, de maneira independente, com Mike e Jerry atuando, uma câmera na

REBOBINE POR FAVOR

Título Original: Be Kind RewindDiretor: Michel GondryRoteiro: Michel GondryAno de lançamento: 2008Duração: 102 min. Gênero: ComédiaElenco: Jack Black (Jerry), Mos Def (Mike), Danny Glover (Mr. Fletcher), Mia Farrow (Miss Falewicz) e Melonie Diaz (Alma)País: Estados Unidos

Texto por Igor C. Bersan

mão e os cenários construidos com o que pudessem achar no ferro velho onde Jerry trabalhava.

Desta narrativa simples, o diretor francês Michel Gondry (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembraças e Natureza Quase Humana) irá criar uma comédia espetacular, recriando de maneira original cenas de clássicos como Os Caça Fantasmas, Robocop e tantos outros.

Um fime de baixo orçamento, que surpreende pela inventividade, pelas boas atuações, por tratar indiretamente da questão dos filmes independentes versus a grande indústria cinematográfica e por fim por nos trazer a sensação nostálgica da época do VHS.

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Projeto musical formado pelos atores Ryan Gosling e Zach Shields, com a par ticipação do coro infantil do Conservatório de Silverlake. Originalmente era para ser composto como trilha sonora para um musical de terror, que infelizmente, nunca saiu do papel.

Como o projeto não deu cer to, as músicas foram compiladas em um álbum conceitual sobre lobisomens, mor tos-vivos, temas sobrenaturais e sobre o halloween. Musicalmente fler ta com vários estilos: folk, indie, anos 80 e etc, lembrando em alguns momentos Arcade Fire e Nick Cave. Lembrando também que Ryan Gosling aprendeu a tocar para gravar este álbum.

O coral das crianças acaba por criar um clima assustador e ao mesmo tempo vibrante à música, algo como uma ópera gótica, que por ser um coro infantil cria

um tom diferente devido ao timbre das vozes das crianças, mas ao mesmo tempo acessível, não caindo no underground.

Com arranjos minimalistas, vozes espectrais, destacando-se o piano, violões e a bateria, alternando entre momentos soturnos e ritmos contagiantes do pop. Com cer teza é um excelente disco que agradará vários públicos diferentes.

A capa do álbum apresenta uma foto com as crianças do coral, Ryan Gosling e Zach Shields, todos fantasiados com as caracteristicas fantasias de halloween, provavelmente tirada em algum ensaio. Seria muito bom que este projeto desse cer to e quem sabe até uma turnê mundial.

O destaque fica para “Pa Pa Power” que possui um ritmo festivo muito gostoso de ouvir e que pode ser tocada em qualquer festa de aniversário.

DEAD MAN’S BONES

“Dead Man’s Bones”

Gravadora: ANTI-RecordsAno de lançamento: 2009Estilo: RockMembros: Ryan Gosling, Zach Shields e Coro Infantil do Conservatório Silver LakePaís: Estados Unidos

Texto por Igor C. Bersan

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A fotografia é a arte de fixar uma sombra,o vidro é o meio que transfere sobras sobre o filme.

Texto por Michael Areia l Imagens: Joel-Peter Witkin

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Joel Witkin nasceu em Nova York, mais precisamente no Brooklin, desde sua infância teve contato com as artes através de sua mãe e irmãos que eram pintores. Aos 20 anos, em 1959, esteve no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e a partir daí ficou firmado seu compromisso com o mundo ar tístico. Entre 1961 e 1964 trabalhou como fotógrafo para o exército americano na guerra do Vietnam, registrando os mortos em acidentes e treinamentos. A partir de 1967 passou a trabalhar como fotógrafo freelancer, estudou arte na Universidade Columbia e tornou-se mestre pela Universidade do Novo México.

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A fotografia é a ar te de fixar uma sombra e o vidro é o meio que transfere sombras sobre o filme. Para Joel-Peter Witkin, o vidro tem poderosas associações. “O vidro é como um relâmpago preso na areia”, diz Witkins. Um dia antes da aber tura da exposição retrospectiva no Museu Guggenheim em Nova Iorque, ele falou com Michael Areia sobre a fotografia, moralidade e restos humanos.

VIDRO

Meu pai tinha quatro irmãos, todos vidraceiros e ele me incluiu no seu trabalho. O primeiro trabalho que tive foi o de levar e quebrar os vidros, que iriamos substituir.

Então, meu trabalho era quebrar os vidros. Claro, nós não tinhamos nenhum óculos e nenhuma norma de segurança. Nas primeiras duas ou três horas, eu tinha algumas farpas e vidro no meu olho. Meu pai retirou-as. Suas mãos eram enormes. Ele revirou minha pestana com um palito de fósforo - com as mãos cheirando a massa, charutos e sujeira - e ele tirou a lasca pra fora. A lasca estava no branco do olho, e eu estava ficando louco. Ainda assim, esta foi a mais próxima comunicação que eu tive com meu pai, exceto quando ele vinha até minha casa para falar com minha mãe. Eles falavam sobre dinheiro e coisas do tipo, porque ele pagava a pensão alimentícia. As vezes ele vinha nos visitar e trazia estranhas fotos para nos mostrar. Um dia ele me puxou de lado e me mostrou algumas páginas da revista Life ou Look, o Daily Mirror, ou o News (ele não era um leitor do

New York Times). Eu tinha uns cinco anos e eu sabia o que ele queria me dizer quando me mostrava essas fotos. Ele não poderia fazer fotos, mas talvez houvesse uma forma de fazê-las através de mim. Sem dizê-lo, olhei para ele, eu sabia, ele sabia, que eu poderia tentar.

Eu acho que o que torna uma fotografia tão poderosa é o fato de que, ao contrário de outras formas, como imagens de vídeo ou movimento, trata-se de silêncio. Penso que a razão de uma pessoa se tornar um fotógrafo é porque eles querem tomar tudo e comprimi-lo em um silêncio par ticular.Quando você realmente quer dizer alguma coisa a alguém, você os agarrá, você os segurá, você os abraçá.

HOMEM DE VIDRO

Nós nascemos nus. Na verdade, deveríamos viver nus - não literalmente, mas em termos de honestidade e transparência. Eu já vi centenas de pessoas sobre a mesa do necrotério, ocasionalmente, vejo uma mulher bonita, que ainda é bela - e é muito, muito chocante. Ela te impressiona porque você está vendo os restos humanos de uma vida humana.

Quando fiquei na Cidade do México durante quatro dias, eu estava fazendo “Homem de Vidro”, mas eu não estava recebendo os corpos que eu queria. Quando os corpos eram trazidos da ruas, às vezes havia uma dúvida de como a pessoa morreu. Moradores de rua podem ser encontrados dias mais tarde, o que torna difícil determinar a causa. Motoristas de funerárias

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trabalham todos os dias em caminhões brancos para pegar os mor tos. Quando encontrados, os corpos são apenas jogados nas macas, virados para baixo, seus narizes quebrados. Os caminhões são carregados as vezes com seis pessoas, e eles ficam uma em cima do outro, um pouco inchados. Eles estão todos esticados. Suas identidades são tomadas, suas roupas são retiradas, e os registros são feitos.

Quando eu fiquei esses dias no México, eu sabia que algo ia acontecer. Eu recebi um telefonema. Quatro homens foram apanhados, a última corrida, no último dia antes de ir embora. Desci para o hospital com meu intérprete, que entrou dizendo que um cara tinha sido atropelado por um carro e não estava em boa forma. O outro cara era um homem velho, o que não é bom. Um homem foi esfaqueado até a mor te. Nenhum desses caras tinham o nariz quebrado, porque tiveram o cuidado de não fazer isso por mim. O outro cara, ele era um mendigo de verdade, visivelmente, o que também não bom. Para algumas pessoas a prova do seu espírito esta na mor te. No entanto, quando eu vi este corpo, eu disse: Eu quero ele. Estou na sala com um cara mor to. Estou apoiado e eu coloquei na mão uma espécie de hélice, estava verificando a iluminação. Então eu olho em linha reta e tiro algumas fotografias, assim como uma espécie de registro. Então eu tomei providências para que o rosto fosse autopsiado. E logo que ele estava sendo autopsiado, começa a mudar. Ele está na mesa e está mudando! Eu me viro para o meu tradutor mexicano, que é um homem muito, muito brilhante,

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e vimos a mesma coisa. Ele diz: “Ele está sendo julgado. Esse cara está sendo julgado agora.” De repente, ele não é um mendigo mais. Ele passou por esse tipo de transfiguração em cima da mesa, na mesa de autópsia. Eu disse para o técnico não levá-lo virado para baixo e que queria todo o sangue da sutura. Normalmente, eles abrem o crânio e removem o cérebro. Às vezes, eles colocam o cérebro para trás. Outras vezes, eles colocam um pedaço de papel toalha, ou talvez o Daily News - para manter a forma da carne. Neste caso, eles colocam o cérebro para trás. Quando eles estavam carregando o cérebro, eu disse: Olhe para o cérebro - ele pode ter contido os pensamentos do mal, mas no entanto, ele foi julgado, ele é agora está diferente! Quando voltei eu o coloquei numa sala, ele estava numa cadeira e eu o fotografei. Então eu passei uma hora e meia com ele, após isso ele parecia um São Sebastião. Parecia uma pessoa que teve a graça. Seus dedos, eu juro por Deus, tinha crescido 50%. Eles eram elegantes. Eram os mais longos dedos de um homem que eu vira em minha vida. Era como se eles estivessem indo para a eternidade.

MORALIDADE E MORTALIDADE

Eu acho que a maioria das pessoas não estão cientes de que a mor talidade tem a ver com a vida e a mor te. Claro, nem tudo é acerca da labuta mor tal. Mas é sobre o que acontece na vida. O necrotério, não coincidentemente, é o lugar para os restos mor tais.

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Cada momento é uma decisão moral. Eu creio que há um código moral em cada um dos nossos corações e é uma questão de encontrar nosso destino e o objetivo dele.

Esta vida é um campo de testes. Deve ser um campo de testes sublime. Seamus Heaney, que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, disse que “O fim da ar te é a paz.” É uma declaração maravilhosa. A razão por que eu vou a museus e a razão de olharmos para as coisas bonitas é que não há muito lá fora, que é lindo demais. Eu penso em museus como novos tipos de centros religiosos, como centros espirituais da vida secular.

Há uma grande história que sei sobre um andarilho de um deser to. Ele estava andando e ouviu o esmagamento de aço e pedras a distância. Ele caminhou para o lugar de onde vinha o som e dois homens estavam quebrando pedras no calor do deser to. Ele se aproximou de um deles, que parecia muito zangado, e ele estava xingando. O andarilho vai até ele e diz: “O que você está fazendo?” O homem diz: “Eu estou quebrando as pedras.” O andarilho se aproximou do outro homem. “E você está também quebrando pedras?” Perguntou o andarilho, percebendo que ele não estava com raiva. O homem responde: “Estou construindo uma catedral”.

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Quero te fazer uma pergunta. Qual a comida mais estranha que você já comeu? Não vale responder que foi a sopa de jiló que a sua tia do interior faz sempre que você vai visitá-la, ou então aquela buchada de bode que você experimentou quando visitou Caruaru. Estou falando de comida estranha mesmo, esquisita, exótica, bizarra e, por que não, assustadora.

Bizarro parece ser um termo bem adequado para algumas iguarias que você pode encontrar na China. Lá eles aproveitam de tudo, mas praticamente tudo mesmo que tenha 4 patas e não é mesa ou cadeira, ou que tenha asas e não seja avião... tudo, tudo vai parar na panela.

Os hábitos culinários chineses são tão exóticos, que em alguns casos acabam se transformando

em um sádico ritual de tor tura, como é o caso do espetinho de escorpião empalado vivo e frito, servido em barracas de rua em Pequim, onde também é servido espetinhos de estrela do mar, de cavalo marinho ou aranha. Se preferir, você pode se arriscar comendo ninho de gaivota ou rato assado (que também é preparado vivo).

E aí... já ficou com o estômago embrulhado? Se não, vai ficar agora, porque a comida mais exótica/bizarra/esquisita/horripilante de todas é preparada em um dos restaurantes mais caros de Pequim, o Guo Li Zhuang, que tem o seu cardápio repleto de nada mais, nada menos, que órgãos genitais de animais machos. Isso mesmo que você leu! Esse restaurante serve pratos elaborados com pênis e testículos de animais, disfarçados em

Texto por Janaina Rodrigues l Imagens: Guo Li Zhuang

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Bizarrices a parte, o Restaurante Guo Li

Zhuang é frequentado pela elite chinesa: de

integrantes do governo à CEOs de grandes

empresas.

nomes bem peculiares, como: “A Essência do Buda de Ouro”, “Flores de Jasmim com Mil Camadas”, “Dragão na Chama do Desejo” e “Cabeça Coroada com uma Pulseira de Jade”.

Por 130 Yuan (R$ 41,00) você pode deliciar uma sopa de pênis de cobra. Se preferir algo mais robusto, por 1.300 Yuan (R$ 417,00) você compra um hot pot contendo oito pênis diferentes: cobra, porco, veado, cachorro, macaco, burro, cavalo e carneiro.

O menu do Guo Li Zhuang é preparado de acordo com os segredos medicinais passados pela família do Sr. Guo (um dos proprietários do restaurante), que prometem aumentar a virilidade de homens e mulheres, além de embelezar a pele e melhorar a circulação sanguínea. O prato mais

servido é o Pênis de Veado, por ser considerado o mais afrodisíaco de todos. Outras opções do cardápio são: pênis de burro que é servido cru e cor tado em finas fatias, pênis de cavalo com pepino marinho e o pênis de cachorro com vegetais, que é bem car tilaginoso e tem até osso. Quem experimentou garante que os pratos não são muito saborosos, o que nos leva a concluir que os pênis de animais devem mesmo possuir poder afrodisíaco.

Uma coisa é fato, é preciso ter muita coragem para comer pênis. E você, estaria disposto a provar essas iguarias bizarro/afrodisíacas?

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Um homem sai à procura de sua noiva, Laura, que a muito tempo está perdida. Durante a sua busca e quase mor to chega a residência de duas mulheres, que na narrativa seriam as assassinas de Laura, as duas, mãe e filha, irão forçá-lo a cometer todo tipo de perversão sexual.

Esse é o pano de fundo para que o diretor e roteirista Nikos Nikolaids nos leve em uma narrativa totalmente alucinátoria que em momentos nos parecem com um sonho ou algo como um sur to esquizofrênico.

Aqui, todo tipo de excesso é permitido nos devaneios das duas protagonistas, vômitos, golden shower (urinar em outra pessoa), sexo, assassinato, tor tura psicológica, fantasias e delírios, tudo isto

SINGAPORE SLING

Título Original: Singapore Sling: O Anthropos Pou Agapise Ena PtomaDiretor: Nikos NikolaidisRoteiro: Nikos NikolaidisAno de lançamento: 1990Duração: 111 min. Gênero: Comédia/Crime/HorrorElenco: Meredyth Herold, Panos Thanassoulis e Michele Valley País: Grécia

Texto por Igor C. Bersan

com uma fotografia em preto e branco, que nos remete aos filmes noir, diga-se de passagem, muito bem executada.

Outro destaque fica por conta da atuação de Meredyth Harold (Filha) e Michele Vale (Mãe), que nos convencem de suas loucuras. Os trejeitos de Meredyth nos dão uma demostração do estado per tubado da personagem e o olhar de Michele Vale sustentam o quão distante da realidade se encontra, a mulher que isolada com a filha vive em um mundo de delírios.

Embora simples em sua premissa, Singapore Sling é um filme estéticamente bem construido, com uma narrativa envolvente e que deve ser vista com cuidado e atenção, onde sutis detalhes podem levar a diferentes conclusões.

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SOPOR AETERNUS & THE ESSEMBLE OF SHADOWS

“Children of the Corn”

Gravadora: IndependenteAno de lançamento: 2011Estilo: Vários (Darkwave/Gótico/Neoclassical)Membros: Ana Varney Cantodea e ConvidadosPaís: Alemanha

Texto por Igor C. Bersan

Projeto musial alemão, formado por (Anna Varney Cantodea) o qual sabemos muito pouco, pois se mantém no anonimato, compondo as músicas e contratando o restante dos músicos.

A música do Sopor Aeternus conta com uma variedade de instrumentos, desde efeitos eletrônicos produzidos por sintetizadores, passando por intrumentos de sopro, violões, guitarra, violino, sinos, percusões das mais variadas entre outros. O mais expressivo na sonoridade deste projeto, sem sombra de dúvida, é o vocal de Ana Varney, que consegue cantar ora soando como voz masculina ora como feminina.

Instrumentalmente falando, a música é muito bonita, quase uma música classíca, de contornos góticos. Poderiamos dizer que se trata até mesmo de uma ópera

gótica, já que cada disco tem toda uma temática, que por falar nisso, os temas transcorrem sobre a ideação da mor te, a sexualidade conturbada da vocalista, paganismo, suicidio, sadismo entre outros temas obscuros como vampirismo, espíritos desencarnados, que inclusive o “The Essemble of Shadows” do nome foi adicionado posteriormente, segundo Anna-Varney, como influência dos desencarnados.

Seria muito difícil descrever a música feita pelo Sopor Aeternus & The Essemble of Shadows, de maneira resumida, acho que só ouvindo mesmo, o que recomendo a todos, devido a originalidade, capacidade criativa e sobretudo a qualidade técnica dos músicos. Muitos vão achar estranho na primeira audição, façam esforço de ouvir duas ou três vezes antes de descar tar o disco.

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Finisterrae não poderia deixar de figurar nesta edição onde o tema é o extravagante, o diferente e o estranho.

Um dos filmes mais surreais que vi nos últimos tempos, cuja narrativa, segue dois homens que após acabar de morrer, resolvem que querem voltar a vida. Para tanto, consultam um oráculo que diz à eles que, para que isso possa acontecer, devem fazer o caminho de Santiago de Compostela até uma região chamada Finisterre. Todo o filme em seus 80 min. de projeção, se passa com esses dois fantasmas, andando em busca deste objetivo.

A primeira coisa que chama atenção é a simplicidade do longa, onde os dois fantasmas são caracterizados simplesmente com os atores cober tos com um pano

FINISTERRAE

Título Original: FinisterraeDiretor: Sergio CaballeroRoteiro: Sergio CaballeroAno de lançamento: 1990Duração: 80 min. Gênero: FantasiaElenco: Pau Nubiola, Santi Serra e Pavel LukiyanovPaís: Espanha

Texto por Igor C. Bersan

branco, bem o ideário do fantasma que todos conhecemos, nada de efeitos de computador.

A segunda coisa é a fotografia, com algumas imagens muito bonitas das regiões por onde os dois fantasmas passam, ou seria melhor dizer, “vagam”.

Tão surreal é Finisterrae que se torna uma tarefa muito difícil captar exatamente o que o filme quer nos dizer. É o tipo de filme onde a narrativa está imersa em símbolos, o que acaba por exigir do observador um conhecimento prévio dos mesmos para uma maior compreensão. Eu mesmo em termos de entendimento não consegui captar exatamente a questão proposta pelo filme, embora adimire a coragem dos realizadores, por algo fora dos padrões.

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A frente deste projeto musical temos Geoffroy D. personagem da cena Neofolk/Militar Industrial, que par ticipou de nomes como Der Blutharsch com par ticipações frenquentes. No iníco da década de 90, quando teve inicio, era um projeto bem comum de Mar tial Industrial com poucos elementos Neofolk. Com o tempo, Geoffroy foi encontrando o seu estilo pessoal e a sua caracteristica, trabalhando cada vez mais com elementos eletrônicos, criando o que alguns chamam de “Mar tial Pop”.

A sonoridade do Mar tial Pop pode ser descrita da seguinte maneira, batidas marcantes e ritmadas como no mar tial industrial, imerso na atmosfera do Neofolk, porém feito totalmente com sintetizadores e elementos eletrônicos e claro com uma pegada mais acessível e “pop”, o que deve desagradar aos mais radicais.

A música é um tanto “melosa”, principalmente por ser cantada em francês. Embora familiar, possui a sua autenticidade, fugindo um pouco do lugar comum. Orgãos, coros, vocais limpos e baixos sintetizados, elementos comuns ao neofolk, aqui são apresentados de forma eletrônica.

Não é um disco experimental, nem algo tão estranho quanto o Phurpa, mas vale por sair do lugar comum e ser um disco realmente interessante, que com cer teza agradará alguns e desgradará tantos outros.

Uma mistura entre os dois discos anteriores “Devant...” e “Immor tel”, porém com uma abordagem mais poderosa. O disco possuiu 12 músicas, inspiradas nas próprias introspecções de Geoffrey D., que também se vale de alguns textos de poetas franceses como Verlaine e Gauthier.

DERNIÈRE VOLONTÉ

“Mon Meilleur Ennemi”

Gravadora: Hau RuckAno de lançamento: 2012Estilo: Marcial Pop/Militar industrialMembros: Geoffroy D.País: França

Texto por Igor C. Bersan

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OCULTISMOVOODOODROGASFOUND FOOTAGE BRUXARIASATANISMO Texto por Igor C. Bersan / Imagens retiradas da web

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CONHEÇA O LADO OBSCURO

E NEGRO DA MÚSICA

ELETRÔNICAE DO HIP-HOPTexto por Igor C. Bersan / Imagens retiradas da web

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Filmes found footage, cinema de horror das décadas de 70 e 80, magia negra, exorcismo, voodoo, ocultismo, bruxaria, sexo, temas obscuros sobre a existência e o uso de drogas, são esses os ingredientes que compõem um estilo musical, denominado Witch House, Drag Music ou Spookycore, que entre os músicos mais expoentes parece haver uma controvérsia sobre o estilo ser algo novo ou não e se pode ser considerado um gênero, uma vez que o estilo não apresenta praticamente nada novo em termos músicais que já não existam em bandas góticas, dark ambient, industrial, e ná própria cena eletrônica, com seus dubsteps, lo-fi, abstract hip hop. Talvez o que torne o estilo mais inovador seja o fato dele trazer esses elementos obscuros para o universo do hip hop e do electro house.

Provavelmente, a coisa mais inovadora do estilo seja os nomes e a forma de grafar os logotipos das bandas, formadas normalmente por triangulos e cruzes, além de trocar as letras por simbolos diversos, dificultando assim a identificação e a busca por informações na internet. Exemplos desses nomes são: ~ † ~ (não consegui descobrir este) , M‡ c ll (Mircala), oOoOO (Oh, como se fosse um suspiro) e ††† (Crosses). Via de regra, os músicos não fazem apresenações ao vivo e não dão entrevistas, o que acaba por criar todo o clima de estranhamento do estilo, aguçando também a curiosidade do público.

A musicalidade se apresenta por um rítmo normalmente arrastado,

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sintetizadores, sons atmosféricos, vocais recor tados e pitchs desacelerados, vozes etéricas, beats de progressão lenta, além de em alguns casos como Mater Suspiria Vision uma atmosfera alucinatória. Imerso em um excessivo uso de reverb e ecos, desrespeitando as regras da fidelidade sonora, para o público comun o som vai parecer sujo, estranho e por que não como o tema desta revista, extravagante.

Com relação a origem e quem começou o estilo, é algo controverso também. Não se podendo afirmar com cer teza a sua origem, aqui no Brasil pouca coisa se encontra sobre ele na internet. Eu par ticularmente acredito ser um estilo que não vai pegar por aqui, assim como não pegou o shoegaze, darkwave e outros tantos estilos undergrounds, ficando restrito a um público pequeno e interessado.

O estilo praticamente surgiu na internet, sendo atribuido por alguns, como precursores o grupo Salem, talvez por ser o grupo mais popular e o primeiro a figurar nas críticas das mídias especializadas, além claro de ser um dos poucos projetos a se apresentar ao vivo e fechar um contrato com a Major Sony.

O termo Witch House parece ter surgido de uma brincadeira citada por Tracy Egedy, mais conhecido como “Pictureplane”, músico que compõe o cast da gravadora independente Pitchfork Media, para descrever esse lado oculto da house music, o termo foi utilizado pela Pitchfork posteriormente e se espalhou pela internet definindo assim esse sub-gênero.

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†††A dificuldade em fixar os músicos neste

gênero é por ser composto de bandas que variam muito suas referências musicais, como por exemplo Mater Suspiria Vision, que tem um aspecto mais psicodélico, alucinatório e mais cinemático, sendo talvez essa a maior influência deste grupo, principalmente em seus vídeos compostos normalmente por colagens de cenas de filmes antigos e fotografias. Já o Salem, apresenta uma influência mais marcante no electro house e uma linha de vocal em algumas faixas ancorada no HIP HOP. Outros grupos apresentam uma referência mais

ambient, outros industrial, ficando difícil assim uma categorização dos grupos.

Para quem tem curiosidade e cur te os estilos citados acima, vale a pena conhecer, tem muita coisa legal, que apesar do visual e da extravagancia estilística, possuem pessoas interessantes no meio. Outra dica fica ai para os produtores de cinema, propaganda, podcast, audiovisual em geral: existem vários discos (gratuitos na internet) com músicas que comporiam trilhas sonoras muito boas, que podem ser liberados por seus autores por simplemente uma citação nos créditos.

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Os temas e ideologias do Witch House devem ser entendidos como personagens, ideações muito mais para chocar e agredir o stabilishment do que propriamente um modo de vida, assim como ocorre em alguns estilos, em que as ideologias são formadas e se cria uma espécie de culto aos temas, transformando-os em um modo de vida. Devemos observar como uma obra de ar te em que o ar tista momentaneamente utiliza esses temas para fazer a sua ar te, a maioria dos músicos não vivem em castelos mal assombrados, não fazem rituais de magia negra, não sacrificam animais, muito menos

virgens oferecidas a satanás, tudo isso é apenas inspiração.

Extravagante, polêmico, não tão novo e original, assim começamos essa primeira edição com este estilo que pode agradar muitos, indignar outros tantos e que servirá a muitos propósitos desde que se veja com mente aber ta e interesse. Reflexo da modernidade, obscuro e cheio de referências, um prato cheio para os curiosos amantes da música, cineastas interessados em composições que criem um clima de terror e suspense.

†††

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A aber tura Gegen Gravitation und Willensfreiheit é nada mais que sons distorcidos de vários animais de origem desconhecida, clamando e gritando de dor e raiva, enquanto um tambor com batidas trovejantes criam um cenário de pura frustração. O monstro da subconsciência, jogando-se contra as paredes enfraquecidas da própria sanidade, quebrando as barreiras da humanidade em uma busca desesperada pela liberdade e pela carne. Gegen Gravitation und Willensfreiheit é uma experiência bestial, uma transformação e emancipação de um mundo frio e ar tificial em que vivemos

hoje. É um álbum de Black Metal contrário a qualquer outro que eu ouvi: a crueza e a repetição são instantaneamente familiares, mas a sua atmosfera é completamente estranha e única. Nenhum álbum nunca me trouxe o sentimento que Gegen Gravitation und Willensfreiheit traz, o álbum não deixa apenas uma impressão duradoura emocional, mas física também. Gegen Gravitation und Willensfreiheit é a ar te do Black Metal, antipático mas estranhamente quente e convidativo, atraindo você com um reconfor tante e ainda imponente som da guitarra e vocais emocionais, devastadoramente tristes.

GGUW Gegen Gravitation und Willensfreiheit

MLP - 2012 - Alemanha - Brasil

Texto por Great White Elefant

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Uma vez que a prisão da besta interna é aber ta, Gegen Gravitation und Willensfreiheit envolve você em uma loucura controlada. A primeira faixa sem título (Todas as faixas são sem título) se inicia e não apresenta mais de três riffs reais, repetidos continuamente, com velocidade constante e intensidade crescente, enquanto um grito desumano parece não dizer nada em todas as chamadas para fora do abismo da distorção e da explosão de batidas. É uma composição aparentemente simples, com habilidade e resistência, mas é extremamente eficaz e poderosa. Os vocais se transformam em nada mais do que gemidos loucos, sufocando ruídos e foles, com os riffs transfixantes e hipnóticos que nos deixam enfeitiçados. Você sente cada pingo de tristeza e raiva e se transforma em um animal por dentro.

As faixas seguintes são um pouco mais tradicionais, mas ainda permanecem doentias em sua escuridão e fascinante em sua construção. Há uma óbvia influência do Black Metal Depressivo. O GGUW não soa como qualquer banda Black Metal é o que posso afirmar. Todos os elementos são conhecidos, mas apresentados de forma inigualável no gênero.

Se temos algo a desfavor do Gegen Gravitation und Willensfreiheit, é que o álbum só possui 3 sons e uma introdução, mas termina abruptamente e sem muito alarde. O mesmo acontece com a vida que perece. É provável que o álbum pareça inacabado por causa do recente falecimento do guitarrista Wolfrano Ketzer, que cometeu suicídio em março de 2012. Ouvindo

a desolação de Gegen Gravitation und Willensfreiheit torna difícil não se perguntar se os demônios pessoais que o Sr. Ketzer enfrentava, teve algum impacto sobre o som e as emoções do álbum. Isso tudo é especulação, é claro, mas como o álbum foi concebido para não ter nenhuma informação privilegiada sobre o que exatamente aconteceu ou por quê. Mas Gegen Gravitation und Willensfreiheit se sente como um álbum escrito e realizado por homens que entenderam o sofrimento e essas emoções vêm por vezes claramente e poderosamente. Temos notícias positivas que, GGUW, vai tentar for jar sem ele um novo testemunho com a força interna de seus membros com a paixão para fazer música sobre qualquer coisa, mas amor.

Eu só posso esperar por mais. Gegen Gravitation und Willensfreiheit pode ser cur to, mas é um álbum que pode ser ouvido várias vezes, apesar da tristeza caótica de sua atmosfera e tema. É uma pequena jóia, uma obra pequena, cujo impacto ultrapassa sua estatura. Ele invoca a Besta interior dentro de todos nós, que não pode te ajudar, mas responder-lhe.

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A ar te da fotografia nasceu não pelas mãos de um único criador, mas de vários, que contribuíram de forma a somar e resultar na fotografia que conhecemos hoje. Mas não é da fotografia no geral que gostaria de falar. Hoje quero ressaltar o retrato (ou por trait, como é conhecido pelos fotógrafos). Antigamente, o retrato servia para imor talizar a feição de um aristocrata, de um senhor feudal, de um rei e sua família. Ter um emoldurada em sua parede era um ar tigo de luxo. Ao passar do tempo e com a evolução dos métodos fotográficos e de revelação, os retratos passaram a ter a impor tância de reconhecimento em documentos. Quando retratamos alguém ou somos retratados, a fotografia tem como objetivo trazer a essência da pessoa que está ali. No retrato, todo cuidado e planejamento é necessário a fim de conseguir chegar num resultado desejado. Desde a roupa usada, o posicionamento e até mesmo o ambiente fará com que mais características da pessoa sejam ressaltadas, trazendo tudo isso para a imagem final. Mas hoje a fotografia é algo comum e de fácil acesso. Por conta disso, tem-se banalizado e o real sentido da palavra retrato tem se esvaído. Mas nem tudo está perdido. Basta procurar por retratistas e encontrarão diversos, brasileiros ou não, que fazem desse trabalho algo maravilhoso para nossos olhos.

Hoje quero falar sobre uma fotógrafa em especial que conheci através de uma

Texto por Lucas A. Souza / Fotos: Larissa Grace

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rede social voltada para fotografia. Larissa Grace é mineira, tem 21 anos, estudante de design e tem como um diferencial seus retratos, aliás, auto-retratos! Larissa é ousada, criativa e inovadora. Ela abusa das cores, das temáticas (muitas chocantes e sombrias), das técnicas fotográficas, manipulações de imagens e das maquiagens que dão todo toque especial e autêntico para seus auto-retratos. Para essa edição, separamos algumas fotografias com temas mais obscuros para que vocês conheçam (e apreciem) o trabalho dessa mineira que faz

http://www.flickr.com/photos/larissagrace

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‘’O retrato diferentemente de outros segmentos fotográficos não é feito da lente pra fora e sim da alma do retratado para a câmera’’

– Luiz Garrido –

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Deixemos claro que filme “B” é filme “B”. São feitos com baixos orçamentos, interpretações duvidosas, qualidade técnica ruim e muitas das vezes inexistente. Só que é exatamente isso que torna os filmes classificados como “B” interessantes, diver tidos e descompromissados.

Eu não sei se sou só eu, mas, os filmes que não são nor te americanos, são muito mais interessantes que os dos nossos vizinhos. Claro que temos filmes clássicos, muito bons, como “O Massacre da Serra Elétrica”, “Quadrilha de Sádicos”, entre outros, mas eu sinceramente vejo nos filmes australianos, japoneses e italianos uma forma mais criativa de fazer esses filmes, tanto técnicamente (quando isso ocorre), quanto no aspecto narrativo.

RAZORBACK - AS GARRAS DO TERROR

Título Original: RazorbackDiretor: Russell MulcahyRoteiro: Peter Brennan (novel), Everett De RocheAno de lançamento: 1984Duração: 95 min. Gênero: Thriller/HorrorElenco: Gregory Harrison, Arkie Whiteley, Bill Kerr, Chris Haywood, Judy Morris, John Howard, David Argue e John Ewart.País: Austrália

Texto por Igor C. Bersan

Narrativa é uma coisa que não merece destaque no caso do Razorback, embora seja muito engraçada e absurda.

O filme trata de uma defensora dos animais: uma repór ter americana, que vai para a australia para desmascarar a caça indiscriminada dos javalis. O problema é que existe um javali gigante solto no deser to que da cabo da mocinha. Do outro lado do oceano esta o seu noivo, um pacato cidadão, que resolve ir procurá-la após seu desaparecimento, dai para frente é uma enrolação.

O javali quase não aparece, a ingenuidade do noivo da repor ter é algo constrangedor, as atuações não convencem, mas, as situações acabam por fazer do filme algo engraçado e diver tido de se ver.

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PHURPA

“Trowo Phurnag Ceremony”

Gravadora: Sketis MusicAno de lançamento: 2008Estilo: Rgyud-skad ou “A Voz do Tantra”Membros: Alexei Tegin, Eduard Utukin, Andrey Grekov eDmitry GlobaPaís: Rússia

Texto por Igor C. Bersan

Provavelmente esse é o disco que mais tem haver com o tema desta edição, algo deveras fora do comun, do que estamos habituados a entender por música no ocidente.

O Phurpa é um projeto musical russo, que tem por base criar uma sonoridade composta através dos estudos de seus integrantes pelas tradições budistas tibetanas, que por sua vez é sincrética com o sistema xamânico Bon.

Dimitry Globa-Mikhailenko, integrande o Phurpa, diz que nem considera o que eles fazem como música. Denominando o estilo como Rgyud-skad ou “A Voz do Tantra”.

É preciso compreender que na tradição budista tibetana, os instrumentos e a vocalização dos mantras tem a intenção de reproduzir sons primordiais do universo, sons que remetem a vida uterina.

O ouvinte deve vencer a aversão do primeiro momento, pois a música em si, não possui exatamente um conceito entre bom e mau, agradável ou desagradável. É o ouvinte que acaba por atribuir essa caracteristica a ela. Dito isto, os que estiverem interessados devem procurar ouvir em silêncio, com pouca luz ou olhos fechados, e tentar perceber como as vibrações sonoras lhe comunicam interiormente. Talvez de primeira, cause um cer to desconfor to, mas a persistência pode levar a algum resultado.

É algo praticamente impossível de descrever a sonoridade, seria um desfavor tentar fazer isso aqui.

Para uma maioria o visual dos músicos também causa um cer to estranhamento, o que não deve ser confundido com algo negativo, mas simplesmente diferente.

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“Quando eu me encontrava na metade do caminho de nossa vida, me vi perdido em uma selva escura, e a minha vida não mais seguia o caminho cer to”. Dante Alighieri, “Divina Comédia” Inferno, Canto I.

Assim começa a primeira tela deste filme do diretor estônio Veiko Õunpuu, que aos 36 anos venceu o European Talent Award em Cannes pelo argumento deste filme.

Flauber e Bosch imortalizaram em suas obras as tentações de Santo Antônio. Baseado nesta lenda e no Inferno de Dante que o diretor tece a sua narrativa, dividida em atos que vão crecendo em intensidade e, até mesmo em insanidade, a medida que o personagem Tony (Taavi Eelmaa) caminha por este “Inferno Dantesco”, fruto do imaginário das obsessões interiores e quem sabe exteriores do diretor.

AS TENTAÇÕES DE SÃO TONY

Título Original: Püha Tõnu kiusamineDiretor: Veiko ÕunpuuRoteiro: Veiko ÕunpuuAno de lançamento: 2009Duração: 110 min. Gênero: Fantasia / Drama / MistérioElenco: Taavi Eelmaa, Ravshana Kurkova, Tiina Tauraite, Sten Ljunggren e Denis Lavant.País: Estônia

Texto por Igor C. Bersan

Veiko nos faz pensar por um momento que o protagonista, que aqui pode ter muito de seu criador, um homem de meia idade que confronta a moralidade de sua vida, realidade essa negra, ou melhor, cinza – como a fotografia do filme – a tentação por uma mulher que não é a sua, é evidente, sua esposa o engana, é ameaçado de morte pelos empregados de onde trabalha após ter que despedi-los.

Cheio de referencias a Bunuel e Pasolini, o filme tem ambientação e personagens que se comportam como nos filmes de David Lynch e visual bergmaniano. Veiko nos faz observar, assim como o seu persongem, um mundo ruim, onde tudo se corrompe, se distancia da realidade, onde o homem não tem valor algum e se vê seduzido pelas tentações do mundo.

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De quando em quando na vida nos deparamos com algumas coisas que são realmente curiosas e originais, neste caso é o disco “Anathema Maranatha” do Parzival. Não que os outros sejam diferentes ou mais acessíveis, mas, porque este foi o primeiro álbum deles que ouvi, que encontrei por acaso ao procurar por álbuns de neofolk.

Pois bem, Parzival é um projeto único, difícil de ser assimilado de início. Num primeiro momento pode parecer até engraçado, bobo, pretencioso e até insupor tável para alguns. Ouvindo com calma e atenção, a música vai crescendo em complexidade. A aversão inicial tende a diminuir e normalmente passamos a olhar com um olhar diferente. Foi asssim comigo e é possível que seja assim com vocês e olha que eu conheço coisas muito mais estranhas como, por exemplo, Aghast, Deutsch

Nepal, Rukkanor e alguns álbuns do mais conhecido, Einstürzend Neubauten.

A música de maneira geral, em todos os discos tem um fundo eletrônico, variando em passagens de breakbeat, electro e o industrial, vários elementos de percussão, que dão uma caracteristica marcante ao som. Esses elementos acompanham um vocal de barítono, algo similar ao que vemos em óperas, só que aqui é algo bem gutural, uma vocalização bem grosseira, como um monstro, um ser saído das estorias de fantasias medievais.

Neste disco em questão tudo isso se junta a um tema interessante, que é o das cruzadas. No decorrer dos seus 34 minutos várias interferencias com referências no oriente médio surgem e tudo se encaixa de maneira brilhante e original.

PARZIVAL

“ANATHEMA MARANATHA”

Gravadora: Euphonious RecordsAno de lançamento: 1999Estilo: Eletrônico/IndustrialMembros: Stiff MinersPaís: Dinamarca

Texto por Igor C. Bersan

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Roça ‘N’ Roll Varginha - Minas Gerais 16/06/2012

Texto por Lucas Alexandre Fotos: Lucas A. Souza

Foi uma grande surpresa para mim a confirmação do show do Samael em terras brasileiras, já que a banda, com uma carreira de mais de 20 anos, ainda não havia tocado por aqui. O responsável por este evento foi o produtor Bruno Maia do já conhecido Fest “Roça ‘N’ Roll” que na minha opinião tem feito um bom trabalho com esse festival anual.

Como o festival conta com a apresentação de diversas bandas em seus variados estilos (do Metal, Punk e Rock), eu tive que poupar um pouco da minha energia para o show mais impor tante do Fest: na minha opinião o Samael! Esperava ansiosamente quando per to das 21h, Vorph, Xy e Cia subiram ao palco principal. Ainda não sabia ao cer to o que viria, já que a banda possuí em sua trajetória musical, duas fases bem distintas, sendo uma respeitadíssima pelo público do Black Metal (que segue até o seu terceiro álbum) e outra que atende bem o público Industrial /Metal bem difundido na Europa.

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O palco muito bem iluminado recebe o quar teto, com Vorph (Guitars/ Vocals), Xy (Teclado/Drums), Masmissein (Baixo), Makro (Guitarras). Vorph com sua indumentária na cor de Mar te simbolizando o fogo chama atenção do público presente. Uma intro para aber tura e em seguida começam com “Luxferre”. O público delirou com a presença e o carisma desses suíços em meio a fumaça de palco. A música Rain do álbum “Passages” deu sequência ao show. A execução de “Baphomet´s Throne” foi um dos pontos mais marcantes da apresentação na qual levou os fãs ao êxtase. Vorph esbanjando energia no palco, o baixista

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Masmissein elétrico o tempo todo e com total sincronia com a cozinha de Xy, que tomava conta das percussões e teclados. O show seguiu dando espaço às duas eras da banda, onde nos surpreendiam com clássicos como “Into the Pentagram”, “Black Trip”, “Flagelation” e sons da segunda era como “Slavocracy”, “Sol Invictus” e “Reign of Light”. Enfim um show muito empolgante, esperado e que não deixou a desejar em nada, graças ao profissionalismo da banda e todos os esforços da produção. Eu fiquei bastante surpreso com a apresentação do Samael!

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Absu - Music Hall Belo Horizonte - Minas Gerais17/11/2012

Texto por Lucas Alexandre Fotos: Lucas A. Souza

2012 foi um ano em que pude assistir shows de bandas históricas e um destes shows foi o ABSU que desembarcou no Brasil neste último novembro para uma série de shows promovidos pela Tumba produções.

No dia 17/11 foi a estréia dos texanos no Brasil. Começaram por Belo Horizonte, a terra do Metal da Mor te, ao que pude constatar um público de aproximadamente

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500 pessoas presentes na casa de shows para assistir esta apresentação. A noite se iniciou com a banda Master (EUA)que fez um primoroso show mostrando seu Death metal veterano com seu já bem conhecido líder Paul Speckmann à frente do palco.

A segunda apresentação ficou por conta do ABSU, que subiu ao palco para iniciar sua apresentação com a majestosa “APZU” fazendo o público presente delirar com a performance do trio americano. Em seguida fomos agraciados com clássicos como “ The Highland the tyrants attack” e “Vorago”. Era impressionante ver aquele trio tocar músicas com a complexidade dos álbuns, numa perfeição sem igual em cima do palco. Músicas dos álbuns mais recentes “APZU” e “ABSU” foram tocadas com perfeição. O público em sua maioria, fã do Trash e Black Metal, saiu do show com grande satisfação e a cer teza de terem assistido um dos maiores eventos do gênero.

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BEYOND

THE

BLACK

RAINBOWTexto por Igor C. Bersan Fotos: Beyond the Black Rainbow

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Fã de literatura e cinema de ficção científica desde a infância, fiquei maravilhado com o trailer de Beyond the Black Rainbow, que aqui no Brasil em alguns blogs e sites especializados em cinema, recebeu o nome de Além do Arco-Íris Negro, usarei o original em inglês, já que não é nada oficial e sinceramente, acredito que não vá chegar a ser lançado oficialmente no Brasil, muito menos nos cinemas.

Beyond the Black Rainbow é um filme canadense, dirigido e roteirizado pelo estreante Panos Cosmatos, filho do diretor George Pan Cosmatos, realizador, dentre seus filmes mais conhecidos, Stallone Cobra e Rambo II, ambos da década de 80.

Nascido com uma aura cult e com um tema polêmico, o filme trata de um enigmático cientista, que em um laboratório clandestino, testa substâncias em uma garota.

Embora a premissa do filme seja simples, não se deixem enganar, pois não o é. Beyond the Black Rainbow é um filme experimental que explora a nossa percepção sensória a par tir do que vemos na tela. É um filme de sansações, não um filme de narrativa intrincada e cheia de reviravoltas. Panos Cosmatos não está interessado em explicar minuciosamente os pormenores da estória e muito menos dos personagens, o que ele parece querer mesmo é nos levar a um estado de contemplação através do seu exercício estilistico e conceitual.

Nas projeções iniciais do filme, conhecemos o fundador desta instituição, o Dr. Mercurio Arboria (Scott Hylands), que nos apresenta os principios que regem a

pesquisa ali desenvolvida: como a aplicação de substâncias retiradas dos jardins da instituição, levar as pessoas a encontrar a felicidade, o gozo a paz interior, pois, tudo se encontra em “um estado mental, um caminho do ser.” E é como se o filme em si cumprisse a proposta da Arboria Institute, nos levar a um estado mental.

A primeira coisa que chama atenção em Beyond the Black Rainbow é a sua trilha sonora, captada com maestria por Jeremy Schmidt, integrante da banda Black Mountain, projeto de stoner/folk/psychodelic rock, a composição de Schmidt é, em conjunto com a fotografia, o elemento que mais nos transpor ta pelo universo sensório do filme. Composta praticamente de sintetizadores, a trilha consegue abarcar elementos e sensações diversas, do sinistro ao emocionante, da ficção ao terror e do doentio ao belo. Encaixa com perfeição às imagens e cenários construidos para o filme, cumpre com o seu papel de auxíiliar na condução do espectador pelo univeso criado pelo diretor.

Beyond the Black Rainbow é um exercício de construção de estilos, com fotografia e climas que referenciam-se em Dario Argento, David Cronenberg, Andrey Tarkovskiy, David Lynch e Stanley Kubrick. É o cinema de ficção imerso em narrativa insólita, misteriosa, com personagens estranhos, situações absurdas e psicologicamente per tubadoras.

A atuação é outro ponto impor tante e for te, tanto Michael Rogers, que intermpreta o perquisador Barry Nyle como Eva Allan que interpreta Elena, reforçam e confirmam

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a boa escolha de Cosmatos para o elenco, os dois conseguem espressar muito bem o estado psicológico em que os personagens estão inseridos e a polaridade expressa pelos dois, a loucura do Dr. Barry e a serenidade de Elena.

Quanto a narrativa, não seria justo com o leitor contar os pormenores, porém farei uma análise de uma questão que vale a pena ressaltar, podendo ser ela intencional do diretor ou uma livre interpretação a par tir da ótica deste que vos escreve.

O grande trunfo narrativo do filme é o antagonismo existente entre os dois personagens principais, o Dr. Barry Nyle que desenvolve uma obsessão pelo objeto de sua experiência e a doce Elena. Nascidos neste mesmo universo das experiências do Dr. Mercurio Arboria, os dois vão em sentidos completamente opostos.

O interessante é que essa luta de opostos que ocorre no interior dos seres humanos é descrita através dos séculos por várias culturas, podemos verificar esses aspectos duais da mente em autores como Carlos Castañeda, Terence McKenna e Timothy Leary, notadamente escritores que são considerados papas do psicodelismo, vemos também no hinduismo, no budismo e em escola esotéricas.

Simbolicamente Barry Nyle é o lado negativo, representação do mal, do grotesco, da escuridão do pensamento humano, não é a toa que vemos o nascimento do persongem em uma banheira cheia de um líquido negro, que cobre todo o seu corpo. Já Elena é o lado positivo, representando a beleza, a jovialidade a

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paz, os pensamentos luminosos, tanto que apesar da origem comum com Barry, seu compor tamento é oposto, nasce limpa, enrolada em uma manta branca.

Essa dualidade fica caracterizada quando observamos a fotografia do filme, Elena sempre aparece vestida de branco e as cores das luzes e do ambiente em sua maioria são azuis ou brancas. Barry está sempre vestido com roupas escuras, o ambiente e as luzes são sempre vervelhos.

A narrativa faz jus ao processo de descober ta do subconciente, embora muito mais centrado em um aspecto negativo, fruto talvez de uma crítica do diretor com relacção ao uso de psicotrópicos como forma de transcendência. Com um pouco de pesquisa o que acontece parece ser exatamente isso, a busca pelo poder contido na mente, pode levar a dois extremos e aquele que se aventura por este caminho pode perder o controle, romper a barreira do real e se encontrar com o seu lado obscuro (Dr. Barry Nyle).

Cinema de ficção e suspense como não se via há muito tempo, nem mesmo os diretores citados acima, os que ainda estão vivos, fazem mais um cinema com essas caracteristicas.

Segundo o próprio Cosmatos em uma biografia sua no site da Filmmaker Magazine, quando jovem na ilha de Vancouver onde crescia, seu pais o proibiam de ver os filmes R-rated, mas um dia conseguiu escapar e de um outro quar to conseguiu assistir um destes filmes que seu pais estavam vendo, o máximo

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de contato que ele teve com esse tipo de cinema foi ver as capas na locadora e ficar imaginando como seriam aqueles filmes. Essas experiências são o que definiram para Cosmatos a inspiração para Beyond the Black Rainbow.

De todos os filmes que eu vi nos últimos 10 anos que tentam criar um ambiente no estilo underground dos anos 70 e 80, Beyond the Black Rainbow é de longe o melhor. Com imagem granulada, exposição do vermelho, ângulos de filmagens e caracterização de ambientes que remetem realmente a essa época.

Com pouco dinheiro em caixa, poucos atores, ambientado praticamente em uma mesma locação, muita criatividade e coragem, Cosmatos foi capaz de mostrar que é possível criar algo interessante sem toda a tecnologia de Hollywood.

Não é para as massas, não é comercial, mas com cer teza cumpre de maneira excepcional sua proposta. Denso, enigmático, imagens e cenários espetaculares e trilha sonora soberba. Extravagante e corajoso parece ser a resposta de Panos Cosmatos para o seu cinema, que se firmar o passo será um grande nome no cinema de ficção desta década, juntamente com Duncan Jones, diretor de obras de igual valor como, Lunar e Contra o Tempo.

Que venha mais filmes com esta qualidade, para um estilo que conta com tão poucos filmes por ano, Beyond the Black Rainbow é puro espetáculo.

Panos Cosmatos

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Texto por Lucas A. Souza / Fotos: Lucas A. Souza e The Walking Dead

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Quem passou pelo centro de Belo Horizonte na tarde do dia 02 de Novembro de 2012, diga se de passagem “O dia dos Mor tos”, pode ter se surpreendido em alguma esquina com um bando de zumbis murmurando e se arrastando pelas ruas. Pois é, tratava-se nada mais nada menos da Zombie Walk BH. Esse evento acontece todo ano e é considerado um flashmob onde centenas de pessoas saem, maquiados ou fantasiados, de Zumbis pelas ruas da cidade, desencarnados rastejantes por toda par te. Deixando de cabelos em pé senhoras e crianças que os encontram pelas ruas, o evento foi criado em 2003 no Canadá, porém acontece em Belo Horizonte desde 2007. O evento segue um trajeto determinado pela organização par tindo da concentração na Praça 7 seguindo rumo à praça da Liberdade, tendo a praça da Savassi como destino final. Ao contrário de outras manifestações públicas, a Zombie Walk é puramente diversão e entretenimento, não há nenhum objetivo político na marcha. A cada ano o evento vem ganhando mais adeptos, sejam eles caracterizados ou apenas aqueles que vão para for talecer e acompanhar a caminhada aterrorizante, e isso graças às divulgações em redes sociais e a distribuição de fotos que lá são feitas após o evento... Falando de imagens, veja a cober tura do evento feita pelo nosso fotógrafo.

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