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1 Filhos da rua Saiba mais sobre um drama social que assola a cidade
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Revista experimental EMBELÈM 1

Mar 08, 2016

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Marcus Dickson

Projeto experimental da turma 4JLM de jornalismo da Unama 2012
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Filhos da ruaSaiba mais sobre um

drama social que assola a cidade

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2EMBELÉM - No 01. Projeto experimental realizado pela turma 4JLM1 - Unama - para a disciplina de Pranejamento Gráfico sob a orientação do professor Marcus Dickson. Curso de Comunicação Social - Jornalismo - Unama - Belém Novembro de 2012.

É nas histórias e nas paixões das pessoas que construímos nossa cidade. Fotogrando experiências, relatando sonhos, poemas e músi-cas da esquina, desenhando con-tornos sensuais de um olhar cada vez mais profundo e delicado de entre-lugares espetaculares.

Vozes e sons tomam de assalto a mídia nacional através dos tons marcantes de Gabi Amarantos e Lia Sophia. Sonhos e esperanças de uma professora e sua paixão de ensinar. Pessoas jogadas ao ven-to e tratadas como “um nada” em nossas ruas. Crianças plugadas e distantes de livros. Monumentos sacros lindos perdidos de nossos olhos.

A cidade e seu “não-lugar”, é o foco deste projeto de jornalismo que através de sensações e crítica social intenta colocar nossos alu-nos no olho do furacão de uma Belém mais intensa e mais visceral.

Que tal atravessar esse rio num casquinho na chegada da porroro-ca?

Professor Marcus Dickson

Coordenador e editor

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VOZES - as mulheres queecoam no mundo

Pág 04

A PAIXÃO em educar crianças

FILHOS DA RUATECNOLOGIAas duas faces da moeda.

IGREJA DE SANT’ANA285 anos de história

Pág 08

Pág 12

Pág 16

Pág 24

CONEXÃO TEENPág 20

A MODA SUSTENTÁVELPág 28

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VOZES: As mulheres que ecoam no mundo

CU

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ALINE FARIASANA MESQUITAPRISCILA BENTES

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Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal

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A guianense-francesa, macapaense e, claro, paraense a morena Lia Sophia conquistou não só os paraenses, mas o Brasil a fora. Música cantada por Lia “Ai menina” foi trilha sonora dos brasileiros que acompanhavam capítulo por capítulo da novela “Amor Eterno Amor”, a música virou um hit de fim de tarde, horário em que se passava a telenovela. A questão não é somente o sucesso alarmante da cantora, mas entender o porquê o publicou abraçou esse estilo paraense. Apenas pelo som no início da música, guitar-rada, para quem é fã ou até quem não é, consegue identificar que a música tocada no rádio, bar, shop-ping, no som do carro de um amigo e outros lugares da vida, é “Ai menina”, que virou uma espécie de som inconfundível. O mais genial disso tudo é que aqueles que recriminam a música por ser paraense, um preconceito fútil, se pegam cantarolando: “Meni-na o que fazer com o teu rebolado? Ai á Menina o que fazer com essa saia rodada? Ai á”. No calor do momento, só interessa cantar a música, pouco se importando com afinação, de quem está ao redor ou lugar. A canção não tem uma única voz, são vári-as vozes que cantam cotidianamente, em contextos diferentes, mas cantam como se fossem um coro. Ai, menina é um convite para embarcar no uni-verso do carimbó, com palavras simples que levam quem está ouvindo a entrar na roda como canta Lia, “Ai, menina vem! Pra roda vem!” E para quem já era fã de carteirinha do carimbó, fica ainda mais fasci-nado, do modo simplificado, como a música valoriza a participação do personagem cultural paraense, no caso, a menina, no carimbó. “Se o tambor começa a tua saia gira. O mundo inteiro para te ver menina”. Entender a razão de o público ter amado a música “Ai Menina” é complicado, esse vício pela música é natural. Ninguém planeja, as pessoas gos-tam porque, simplesmente, gostam. É perceptível a dedicação da cantora, o sucesso, a letra, a música tocando nas rádios, mas o querer ouvir é pessoal, como uma relação a dois entre a canção e quem ouve, subjetivo demais para querer entender, é tão inexplicável, que não conseguimos entender o porquê estamos cantarolando “Ai Menina Vem! Pra roda vem! Aqui tem carimbó! Todo mundo balança no teu bailado” enquanto finalizamos este texto.

Foto: terruapara.com.br

Cultura

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Gaby Amarantos, o fenômeno musical par-aense e, sobretudo, moradora do Jurunas, daque-las que batem no peito e diz: Eu sou do Jurunas ou Alô Jurunas! Em programas de televisão. Além desse amor exacerbado pelo seu bairro, Gaby, es-pecificamente, em 2012, é a voz do Pará que o mundo conheceu. Suas músicas tocam diariamente em rádios pelo país, algumas delas, viram até hit e grudou como chiclete na cantoria do povo. A música Ex-Mai Love, com letra simples e di-vertida, foi trilha sonora de abertura da novela Cheia de Charme, uma canção quem ouve, ri à beça, “Se jogar teu amor na vitrine, ele nem vai valer 1,99”. É uma forma de expressar esse lado cafajeste, diga-se de passagem, do amor. A música é cômica e a novela também era, então, os produtores não pen-saram em outra trilha que combinasse tanto com o teor do enredo. Para quem acha que filha do Jurunas é de uma música só, se engana, Xirley é uma das músi-cas que o povo vibra quando escuta. Essa energia que a Gaby provoca, no público, é de espantar. No primeiro semestre de 2012, a cantora andou fazendo uma visita ao programa Esquenta, da Rede Globo, era notório como o público ficava eufórico, imagine o paraense, de certa forma, sendo representado em cadeia nacional. Gaby é enfática quando o assunto é o Pará, por onde passa faz questão de sublinhar o seu amor pelo Estado. Por um lado, essa “propaganda” que a cantora faz é positiva, isso fomenta a curiosidade de um futuro visitante ao estado, um interesse em conhecer a cultura paraense e perceber que o Brasil não é um eixo Rio de Janeiro e São Paulo. A cantora pode até ser odiada por alguns par-aenses, mas, quem não fica estático na frente da tevê, independente se ama ou não, quando Gaby aparece uns programas expressando sua visão so-bre o estado? Ela é corajosa, não é qualquer cantor que sai por aí falando maravilhas do seu estado. Gaby Amarantos já ganhou diversos prêmios, está concorrendo ao Grammy e o Prêmio Bravo! De melhor álbum do ano. Como canta Gaby: “Saia ver-melha camisa preta chegou para abalar”.

Foto: terruapara.com.br

Cultura

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Lições de uma educadora

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: Lar

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SouS

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Educar jovens e crianças pode se tornar uma paixão para quem gosta da profissão que escolheu. Ser professor e lidar com crianças to-dos os dias não é tarefa fácil, mas a partir do momento em que educar torna-se hábito, o professor interage com os alunos de forma dinâmica e compreensiva tornando a convivência amigável.A professora de ensino fundamental (1° ao 5° ano) Helen Lopes tra-balha como educadora há 26 anos, uma carreira que ela escolheu sem querer, mas que hoje faz parte da sua rotina levar o conhecimento a quem ainda não teve a oportunidade de conhecer. “Gosto de educar principalmente quando eu percebo que a criança quer aprender, tem vontade de fazer a lição que lhe foi passada”, disse a professora que todas as manhãs sai de casa às 06h de casa. Porém apesar de alguns transtornos como dependência de trans-portes públicos para chegar até a escola, não perde a vontade de dar aulas, de estar com as crianças todos os dias. “Elas fazem parte da minha família, amo cada uma no seu individual, conheço o jeito, o sor-riso, a dificuldade de cada uma das minhas crianças”. A professora Helen, como é normalmente chamada entre alunos e co-legas de trabalho, começou a fazer magistério por influência de sua tia, no começo a professora não gostou da ideia, mas logo percebeu que aquela escolha seria a melhor. “Minha mestra pediu para que eu ad-ministrasse a aula à turma, foi quando eu percebi que tinha facilidade em ensinar as pessoas, somente naquele momento eu vi que era isso o que eu queria seguir”. A maior recompensa de ser um professor e ver que seu trabalho dá resultados positivos, que os alunos estão esforçados a aprender sem-pre mais, além do que foi visto em sala de aula. Ver o aluno em busca

de novidades é gratificante, pois o conhecimento não será apenas para ele, o professor também adquire experiência. Um sorriso de satisfação é o que basta para fazer o dia da professora Helen melhor. “Quando escuto uma mãe dizer que seu filho sabe mais coisas do que se imaginava é ótimo porque vale a pena ser professor. Ver que a se-mente que eu plantei dá frutos é maravilhoso”. Se deixar en-volver com o aspecto de cada criança é fundamental, pois se conhece as dificuldades indi-vidualmente, elas não podem ser tratadas como um todo. Cada uma apresenta um jei-to distinto, as facilidades de aprendizado se diferenciam de criança para criança. Por-tanto conhecê-las e reconhec-er suas especificidades é base para se obter um bom resulta-do em sala de aula.

LARIZA SOUSA

“Elas fazem parte da minha família, amo cada uma no seu individual, conheço o jeito, o sorriso, a dificuldade de cada uma das minhas crianças”Helen Lopes, professora

A paixão em educar crianças

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Lições de uma educadora

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Foto: Lariza SouSa

Helen afirma que não é fácil lidar com os jovens de hoje em dia, muitos apresentam certa rebeldia em sala de aula querendo enfrentar o educa-dor. Muitos jovens enfrentam prob-lemas em casa e acabam refletindo um mau comportamento. O profes-sor tem que identificar essas crian-ças e saber o que se passa. Tentar conversar com os responsáveis e saber o porquê de tal comportamen-to. Essas crianças problemáticas acabam se afastando do restante da turma causando uma exclusão no grupo social, muitas delas acabam não acompanhando o desempenho da turma e para alguns professores essa situação passa despercebida. “Os colegas de profissão sempre colocam à frente o aluno que se destaca na turma pelo seu êxito. E acabam esquecendo aquele aluno

que não conseguiu alcançar as metas escolares. Talvez essa rebeldia em sala de aula possa ser o re-sultado desse abandono escolar. As crianças confiam em seus professores e esperam que eles façam algo por elas, e muitas vezes o educador contribui para a exclusão do aluno”. As crianças procuram o educa-dor para conversar, contar suas dificuldades e muitas vezes pedir ajuda para enfrentar algum tipo de pre-conceito entre os colegas de turma, porém existem profissionais que se “escondem” atrás dos problemas desses alunos e não os ajudam. “O professor hoje em dia não defende o aluno que é descriminado. O rendimento da criança vai piorando e ainda por cima ela se exclui de qualquer roda de conversa en-tre a turma”, relata a professora Helen que se entris-tece ao falar sobre o comportamento inadequado de alguns colegas de profissão.

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Lições de uma educadora

Foto: Lariza SouSa

Mãe de dois filhos, a professora tenta transmitir em sala de aula o que passou a seus filhos, con-hecimento, disciplina e carinho. Saber como cada criança compreende o que está sendo passado na aula, diferenciá-las dependendo da idade, do tem-peramento, do gênero, entre outros aspectos. O ato de se fazer diferente na vida de tantas crianças faz com que a professora só tenha mais paixão por seu trabalho. Ajudar as crianças a conhecer o mundo em que vivem, a incentivar a busca pelo novo, pelo desconhecido. O professor tem como profissão o alicerce de tudo, pois ninguém chega a lugar nenhum sem um do-cente que saiba educar, repassar o que aprendeu. O educador direciona o aluno para o caminho do questionável para que ele não aceite tudo o que lhe é imposto, para que ele busque o porquê das coi-sas. “Entrar na sala de aula e ver que os meus alunos querem e têm curiosidade de conhecer o novo, é gratificante, me faz ver o quanto minha profissão é

importante. Gosto de me sentir útil, necessária em sala de aula”. A professora tenta agir com dinamismo e traz as novidades em uma lin-guagem condizente ao grau intelectual de seus alunos, como ela trabalha com crianças entre 7 a 12 anos, a professora procura interagir com livros de histórias, aulas com brincadeiras e imagens que possibilitam o aluno a visualizar o que acontece no mundo. Ser um educador hoje em dia não é fácil, os professores tiverem que aprender a lidar com a chegada dos meios eletrônicos que disponibili-zam um conhecimento rápido e eficaz. “O aluno de hoje não se interessa pelo o que o professor tem a lhe oferecer, ele aprende na obrigação para passar de ano. Ele prefere dar um ‘clic’ a ir à aula”. Nesse caso os livros se tornaram des-interessantes para as crianças, elas lêem mais por obrigação do que por vontade. Porém a professora Helen tenta lidar com essa realidade transmitindo as crianças que não basta apenas

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Lições de uma educadora

Foto: Lariza SouSa

Foto: Lariza SouSa

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acessar a informação da internet, é preciso ter alguém ao lado delas explicando o porquê de certas coisas. Infelizmente uma realidade presente na vida de alguns professores seria desmotivação em dar aula pelo simples fato de ensinar, alguns profissionais se importam apenas com o salário, ao invés de dar aten-ção ao desempenho da turma. Falta experiência profissional, muitos têm o conhecimento amplo passaram por boas universidades, porém não sabem se comportar diante a turma. “O professor que trata o aluno somente como mais um da classe, não verá resultados. É necessário fazer com que o aluno se sinta parte da turma e não apenas mais um”. A professora Helen contou que apesar de não ser professora formada consegue administrar muito bem a turma. Na escola onde trabalha seu trabalho é reconhecido por seus colegas de profissão e muitos deles a procuram em busca de conselhos escolares.Helen se entusiasma ao lembrar-se dos seus alunos, crianças que

fazem parte do seu dia a dia. Muitas crianças que hoje são seus alunos são filhos de antigos estudantes. Ser do-cente é uma realização para Helen. Sentir no final do dia que seu papel foi cumprido, poder ver as crianças felizes por mais um dia de aula é satisfatório. Nos corredores da escola no meio de tanto barulho escuta-se um “Bom dia tia Helen”, pronto o dia começou para a educadora que se orgulha do que faz. “Quero aprender para trans-mitir conhecimentos a eles e poder ajudá-los de alguma forma”. O professor ao exercer sua função de educador não dita as regras, ele não é o único a ensinar, e sim aprenderá junto com a turma novas in-formações. O educador ne-cessita ser mais humilde e reconhecer que a aula não se faz apenas com a presen-ça dele e sim numa conver-sa recíproca com os alunos. Uma troca de experiência com quem sabe e quem tem vontade de aprender, uma convivência que pode dar certo, basta ter amor pela profissão. “Educar é muito bom, me faz sentir viva”, con-cluiu a professora Helen.

REVISOR DE TEXTO:WALDEIR PAIVADIAGRAMADORA: SHEiLA FErnAndESTEXTO E FOTOGRAFIAS: LARIZA SOUSAEDITORA: INGRID ALBUQUERQUE

Quero aprender para transmitir conheci-mentos a eles e poder ajudá-los de alguma forma.Helen Lopes, professora

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Filhosda

RUA

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Belém do Pará, cidade conhecida por suas belezas naturais, por sua rica his-tória e cultura peculiar. Entretanto, um mal que se tornou comum nas grandes

cidades, também atinge a cidade das manguei-ras. Cenas belas como a de um cartão postal contrastam com a presença de pessoas excluí-das, uma parcela da população que a socieda-de tenta esconder, fi ngir que não existe. Filhos da rua, assim podem ser chamados esses indi-víduos marginalizados, que sofrem com o pior tipo de segregação: aquela que as pessoas jul-gam não existir. Segregação alimentada pelos trocados, pelas migalhas dadas.

Por melhores que sejam as intenções, são atitudes que fi rmam a condição dos moradores de rua como seres inferiores, que sobrevivem da caridade de quem, muitas vezes, os detes-

tam. Na cidade, eles ocupam lugares como praças, passarelas e coberturas de lo-

jas e prédios comerciais. A falta

Filhos

RUATHOMAS TAVARES

MATHEUS ROCHA

MATHEUS ROCHA / ADA BASTOS

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de privacidade con-trasta com a solidão a que são submetidos. Talvez por isso eles costumem andar em grupos.

São muitos os motivos que levam as pessoas às ruas. De-semprego, doenças mentais, alcoolismo, entre outros. Na maio-ria dos casos, esses indivíduos são aban-donados por suas fa-mílias e amigos.

Acolhidos pela rua, passam a viver entre o calor dos dias e o frio das noites. Vulneráveis à ação de

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Cidadania

seres cruéis que pos-suem o prazer de ma-chucá-los. Como se não fossem nada, ou se fossem o resto do mundo.

Quantas vezes você se preocupou em perguntar o nome de algum morador de rua a quem você deu dinheiro ou alimento? Imagine o quão pra-zeroso seria devolver a dignidade a alguém que se acostumou a não tê-la. Alguém que perdeu o nome e a identidade e passou a ser apenas mais um fi-lho da rua.

“A minha sina é suportar viver abaixo do chão

E ser um resto solitário esquecido na multidão”

(Gabriel O Pensador)

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Cidadania

Parece difícil acreditar em quantas vidas são jogadas fora

por conta da omissão dos órgãos municipais, estaduais e federais. Crianças, jovens, adul-tos e idosos moradores de rua vivem sem qual-quer expectativa de que suas condições possam melhorar.

Segundo o CENSO do IBGE, no Brasil, há cerca de 192 milhões de habitantes, sendo 1,8 milhões de morado-

res de rua. Em Belém a maioria da população anda pelas ruas sem no-tar a presença dessas pessoas, que estão em todas as partes, desde o centro histórico até a periferia.

A falta de políticas públicas mais efetivas para atender os morado-res de rua tem alcança-do índices alarmantes. Muitos sem-teto buscam abrigo nos monumen-tos, passarelas e praças presentes na grande Belém. Esses indivídu-

os vivem sem os direi-tos básicos garantidos a todos os cidadãos como alimentação, abrigo e atendimento médico.

A inexistência de campanhas educati-vas e culturais, a saúde cada vez mais precária e a educação cada vez mais distante da maioria da população, são fatos que também contribuem para que cada vez mais pessoas se tornem fi-lhos da rua.

A falta de políticas públicas

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Tecnologia:As duas fac es da moeda

Os aparelhos tecnológicos estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, principalmente das crianças. Cercadas de aparatos eletrônicos, como celulares, tablets e vídeo games, elas recebem vários estímu-los que lhes dão uma capacidade incrível de manuseio desses recursos. A questão que muitos especialistas advertem é em relação aos problemas que toda essa tecnologia pode causar e até que ponto ela pode interferir na infância das crianças.

Estudiosos consideram alguns recur-sos tecnológicos, como vídeo games, inter-net e televisão, danosos a infância, se usa-dos exageradamente. Entretanto, se o uso desses recursos fosse monitorado, seriam grandes aliados na vida de uma criança. Há jogos eletrônicos, por exemplo, que podem melhorar a capacidade de atenção, memória e raciocínio lógico. A televisão e internet são grandes armas para se obter informação, mas se bem utilizadas. Da mesma forma que elas oferecem conhecimento elas também podem oferecer conteúdos vazios e inapro-priados para o público infantil. Então, torna-se necessário o acompanhamento de que tipos de conteúdos as crianças estão consumindo.

Muitos psicólogos alertam que a uti-lização precoce e exagerada de aparelhos eletrônicos pode causar o isolamento, intro-versão e a obesidade. Jogos violentos podem desenvolver comportamentos agressivos na criança, trazendo consequências ruins tanto para ela quanto para quem está a sua volta. O público infantil não possui noção de limites, então ele extrapola se vicia.

Tudo o que é demais é prejudicial a uma vida saudável e pode interferir no rendimento de outras áreas fundamentais para a infân-

Dayana Souza

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A Infância Midiatizada

TECnoLogiA

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Tecnologia:As duas fac es da moeda

cia, como a interação social. Muitos pais acabam não dando a devida atenção aos seus filhos, por causa do trabalho e da correria do dia-a-dia. En-tão, as crianças acabam se refugiando nos aparel-hos eletrônicos. Passam horas e horas na frente do computador ou da televisão e se isolam do mundo.

De acordo com a psicóloga Maria das Graças Benigno, os pais tentam compensar a ausência cedendo ao consumo dos filhos, mas que é pre-ciso que eles imponham limites, que determinem horários de utilização dos aparelhos tecnológicos, criando uma rotina. Para ela, proibir não é a melhor solução. “Acredito que monitorar é o mais coerente e necessário, tanto pelos pais como pela escola no sentido de chamar a atenção ao uso correto”, res-saltou.

Incentivar as crianças a usufruir de outros tipos de diversões também é fundamental. Brincadeiras

que fujam um pouco dos recursos eletrônicos como jogar bola, andar de bicicleta e brincar de boneca. É necessário criar ambientes de descontração, que reúnam a família e amigos, para que a criança in-teraja, dialogue e desenvolva ideias. “A infância é um momento de formação da personalidade do in-dividuo. E dentro deste contexto é necessária à cri-ança a interação com os pais, amigos da escola, do bairro, para que dessa forma possa criar vínculos para que não fiquem alienadas, solitárias num mun-do particular”, alertou a psicóloga.

A tecnologia possibilita um universo de recur-sos que podem tanto auxiliar como prejudicar a in-fância de uma criança, depende de como e quanto ela está sendo usada. Sendo assim, os pais devem monitorar o que os seus filhos estão acessando na internet, que tipos de jogos estão jogando, estipular horários e orientá-los dos riscos.

FOTO: DAyANA SOUZA

TECnoLogiA

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As mídias no trabalho:Benefício ou Malefício?

Já não é novidade que as novas tecnologias permitem aos profissionais trabalhar mais horas por dia fora dos es-critórios. Eles auxiliam nos problemas permitindo ganhar tempo e contribuin-do para que o trabalho não se acumule, causando estresse e mau humor; o que significa para o empresário que ele poderá obter mais lucro por trabalhar mais. No entanto apesar dos benefícios vale pesar também os malefícios; com o ganho de tempo é natural que ocorra uma separação na família, no sentido de que o os pais, por mais que queriam dar todas as boas condições de vida aos filhos, não têm o contato necessário com estes que acabam convivendo mais com as babás ou avós. Os profis-sionais também lidam com problemas físicos e mentais, como dores do corpo, nervosismo e agitação. O autônomo César Soares tra-balha no ramo da entrega de seixo e areia, mas nem por isso deixa de usar a internet e aparelhos como smartphones para viabilizar o trabalho. Segundo ele o negócio anda rápido e com o note-book é possível monitorar por onde as carretas estão. “Entrar em contato com os fornecedores, clientes e os carretei-ros também é mais fácil”. Apesar disso o desgaste sofrido é igual ao de em-presários por mais que estes tenham um horário fixo de trabalho, diferente do seixeiro. A exaustão é inevitável, assim como as saídas demoradas para re-solver os problemas pessoalmente, tais como a compra de pneus, manutenção da máquina ou a viabilização com for-necedores. Ter o celular à mão acaba virando costume, até quando já é hora de dormir.

Para mães jovens como Brenda Miendes, 27 anos, os note-books e celulares são uma benção. Desde que teve os gêmeos, o tra-balho passou a ser feito em casa a maior parte do tempo, mas a ad-ministradora ainda reclama que é como se estivesse ausente na vida dos filhos. O toque repetitivo dos celulares deixa os bebês agitados, forçando um afastamento para que a mãe possa resolver os proble-mas do trabalho sem causar danos aos filhos. “Quando minha ida ao trabalho é muito necessária, meus filhos ficam com minha mãe. Só que por causa disso eles estão se apegando mais a ela do que a mim ou ao pai”, desabafa a administra-dora. O afastamento familiar não é o único problema quando se trata de trabalhar dobrado. Dores exces-sivas de cabeça e na coluna por fi-car o dia todo ao telefone e no com-putador são as consequências mais vistas. O nervosismo, a agitação de conseguir fechar um negócio na empresa e a anciosidade sobre a própria situação financeira tornam o dia estressante se as facilidades tecnológicas forem usadas em ex-cesso. Segundo terapeutas não há por que não fazer uso de aparelhos modernos para ajudar no trabalho, mas eles não devem ser usados de maneira exagerada. O profissional pode ficar sobrecarregado mental-mente, ou seja, esse excesso de uso, gerado pelo ganho de tempo ao utilizar um aparelho eletrônico, acaba se tornando prejudicial.

Amanda Mardock

TECnoLogiA

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BRUNO COSTA

TATIANE MONTEIRO

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No Brasil, 59% das crian-ças de cinco a nove anos utilizam telefone celular, 51% usam o computa-dor e 27% a internet, con-

forme dados da pesquisa TIC Crianças 2010, realizada pelo niC.br (núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br) através do CETiC.br (Cen-tro de Estudos sobre as Tecnologias da informação e da Comunicação). Responderam ao questionário 2.516 crianças de cinco a nove anos de idade em todo o país.

Segundo dados da TIC Crianças 2010, o domicílio é o principal local de acesso à Internet, em seguida a escola e logo depois as lan houses. “A geração atual nasceu imersa na tecnologia. Celulares, smartphones, tablets, netbooks, notebooks, tudo o que envolve tecnologia é natural para eles. É como se eles nascessem com um plug para se conectarem ao mundo tecnológico”, afirmou Ana Cristina Fran-ça, professora do curso de Psicologia da Universidade da Amazônia. Para ela, o uso de tablets e

as crianças estão conectadas!

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as crianças estão conectadas!

A psicóloga contou ainda que não existe idade certa para a utilização desses aparelhos. “Acredito que esse assunto é muito relativo. Mas acho que, em média, uma criança que está sendo alfabetizada pode começar a ter contatos com tecnologia, talvez através do computador ou do tablet. Não acon-selho o uso de smartphones nessa fase da vida, a menos que haja necessidade dos pais em localizar a criança”, disse. Segundo Ana Cristina França, a conversa aberta entre pais e fi lhos é a melhor forma de manter a segurança das crianças durante a navegação. “O melhor controle é confi ar na educação que você dá pro seu fi lho e o diálogo é a melhor forma de manter essa edu-cação, falando abertamente sobre os problemas que podem ocorrer. Mas, de vez em quando é bom investigar. Estar sempre alerta é a melhor forma de pre-venir problemas”, declarou. A professora também afi rmou que impor limites à criança é a melhor forma de evitar que problemas ocor-ram. “O acesso não pode ser livre, é necessário que haja controle e limite de horário. Por exemplo, a melhor forma é determinar o numero de horas por dia que a criança pode utilizar os equipa-mentos, determinando também hora de estudo, de assistir TV, de brincar com atividade física, entre outras”, contou. A comunidade escolar possui participação fundamental nesse proces-

smartphones por crianças não é bom nem ruim por si só. Tudo depende do uso que se dá. “Utilizados em excesso, podem trazer comprometimentos, desde prob-lemas físicos, como obesidade, prob-lemas visuais e até problemas de rela-cionamento, causado pelo isolamento da criança”, declarou. “Utilizados com moderação, podem auxiliar no desen-volvimento intelectual, auxiliando inclu-sive no letramento, no desenvolvimento da inteligência e nas habilidades moto-ras”.

so. “A escola pode adquirir programas que impedem o acesso a conteúdos e informações que julgar desnecessários ou inadequados aos alunos. Isso é o que geralmente é feito”, declarou Lu-cineide Nascimento, coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural da Amazônia. A pedagoga ressaltou ainda a importância do uso da internet em sala de aula. “O professor pode administrar blogs, e-mails, dentre outros, postando conteúdos de várias formas, interag-indo com seus alunos e acompanhando a produção de atividades. Do mesmo modo, pode escol-her os aplicativos de acordo com as especifi cidades da área na qual atua como professor, ou então aplicativos que permitam trabalhar assuntos que transversalizam várias áreas, compar-tilhando com outros professores da mesma turma de alunos”, disse. O empresário Jorge Mesquita, pai do estudante Rafael Mesquita, de seis anos, contou que recentemente presenteou o fi lho com um tablet e que controla o tempo de utilização do aparelho pela criança. “Meu fi lho usa o tablet em torno de duas horas por dia. O controle é feito principalmente através da educação e de diálogos. Mas, de vez em quando, vejo os sites que ele navega e os aplicativos que instala”, afi rmou.

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Igreja SANT’ANA285 anos de história...

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Igreja SANT’ANA285 anos de história...

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TEXTO: LARYSSA SIMÕES E TÂMELLA ALMEIDAFOTOS: LUIZ ESTUMANO

Fundada no ano de 1727 pelo arquiteto Italiano Antônio José Landi, a Paróquia Sat’Ana da Campina é considerada um dos

templos mais apreciados da capital paraense. A se-gunda paróquia a ser construída em Belém, fica localizada no bairro da Campina é de grande im-portância religiosa, é importante por possuir um acervo de grande valor arquitetônico, cultural e histórico para nós paraense, católicos ou não. Des-de dos anos 60, a Paróquia faz parte do Patrimônio Histórico de Belém e é o único modelo de igreja italiana na Amazônia.

Há dez anos, a paróquia atua sob o pastoreio de Padre Antônio Beltrão, de 45 anos, que meio às dificuldades tem mantido os trabalhos pastorais. A paróquia passa por reformas desde 2003, que seg-undo o pároco, estão sem previsão para terminar. “Já tivermos cinco prazos de entrega, mas nen-hum deles foi cumprido. Faltam bastante detal-hes, como sonorização, instalação elétrica, sala do pároco, além do restauro de objetos quebrados e a reorganização de objetos que foram retirados dos lugares de origem”, explica.

Em virtude do atraso, as celebrações estão sen-do realizadas na Capela do Colégio Santo Antônio, também no bairro da Campina, que atua nesse período como a sede da paróquia até o término da restauração. Meio aos inúmeros contratempos, Pa-dre Beltrão conta que tem conseguido continuar com os trabalhos e manter o calendário festivo da paróquia. Como exemplo disso, ele se lembra da positiva realização da festividade da paróquia deste ano, no mês de julho, “conseguimos manter a tradição e reunir um grande número de pessoas para as homenagens à nossa padroeira. Foi uma festa muito bonita, concretizada como muito es-forço”, recorda da ocasião, a qual foi realizada no entorno da Matriz.

Em fase de finalização das obras, Padre Belt-rão conta que está sendo celebrada missa na Igreja todas às quartas-feiras, no horário das 17h30, além de estar aberta ao público diariamente, exceto nas segundas-feiras. “O objetivo da decisão é manter vivo o contato de todos nós com a paróquia”, es-clarece o pároco.

REFORMA - O projeto inicial de restauro da

Igreja foi iniciado há oito anos, sob a responsabili-dade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-tico Nacional (Iphan), dividido em três partes. Em 2004, as obras começaram com a reparação dos problemas no telhado e pela lateral da igre-ja. A segunda etapa aconteceu em 2005 e 2006, quando foram demolidos alguns anexos que con-flitavam com o monumento, como a casa paro-quial e a gruta de pedra da “Capela de Lourdes”. Na ocasião, a capela-mor foi integralmente res-taurada, inclusive seus elementos integrados. A etapa seguinte iniciada em 2009 consistiu na res-tauração da sacristia, na finalização da Capela do Santíssimo e restauração das telas que integram os retábulos laterais.

Para a conclusão da obra estão programados serviços de pintura externa, restauração do con-sistório/secretaria e do pavimento superior desta, onde está projetada uma sala para reuniões e uma pequena galeria. A retomada das atividades nor-mais da igreja estava planejada para 2010, um atraso de dois anos da data prevista.

O complexo processo de restauro se deve a algumas questões, como: o restauro da cúpula da igreja de Sant’Ana, por ser a mais antiga do Bras-il e as duas torres que não fazem parte do projeto original de Antônio Landi e que foram acrescen-tadas à igreja durante a reforma que ocorreu entre 1840 e 1855.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

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MODA

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