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FIP Fundo milionário para as florestas do Brasil DEODATO RAMALHO Empreendedorismo versus meio ambiente Revista EcoNordeste – Publicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável — www.revistaeconordeste.com.br Edição Nº 6 - Ano I - Fevereiro/2012 É TEMPO DE REVERTER A DETERIORAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO PLANETA R$ 12,50 06
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Revista EcoNordeste - Edição 06

Mar 24, 2016

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Antonio Cardoso

Publicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável — www.revistaeconordeste.com.br
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Page 1: Revista EcoNordeste - Edição 06

FIP

Fundo milionário para as florestas do Brasil

DeoDato Ramalho

Empreendedorismo versus meio ambiente

Revista EcoNordeste – Publicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável — www.revistaeconordeste.com.br Edição Nº 6 - Ano I - Fevereiro/2012

é tempo de reverter a deterioração

dos recursos hídricos do planeta

R$ 12,50

06

Page 2: Revista EcoNordeste - Edição 06

Fortaleza ‑ Ceará ‑ 85 3223.5653 ‑ www.nordestexxi.org.br

Debate sobre Economia SolidáriaJoão Pessoa/PB – Junho de 2011

Mídia: Regulação e DemocraciaFortaleza/CE – Fevereiro de 2011

Troféu Tejucupapo 2011 – Homenagem a Tânia BacelarRecife/PE – Junho de 2011

Nordeste xx

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EcofocoSerra de São Bento

Árvores centenárias, pinturas rupestres e curiosas formações rochosas, fazem parte da bela paisagem de uma das mais belas e mais altas regiões da Serra de São Bento. Situada no Agreste do Estado do Rio Grande do Norte, dista pouco menos de 110 km da Capital Natal. O turismo ecológico e o de aventura na região é o que predomina na região.

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ÍndiceCapa

Dia Mundial da Água

CaatingueiroLuiz Gonzaga

Caatinga na Rio+20Sotaque Pernambucano

Mundo da Caatinga Arte Erudita versus Arte Popular

Editora Assaré Ltda MERua Waldery Uchôa, 567 A n BenficaFortaleza, Ceará n CEP: 60020‑110e‑mail: [email protected] Assaré (fone/fax): (85) 3254.4469

Revista EcoNordeste: (85) 3223.6652www.revistaeconordeste.com.br

Diretor‑PresiDente Francisco Bezerra [email protected]

Diretor ADministrAtivo FinAnceiro Orlando Júnior [email protected]

Diretor De Arte Claudemir Luis Gazzoni [email protected]

Diretor De mArketing venDAs e Distribuição Pedro Paulo Rego - [email protected]

Diretor De mArketing Rodrigo Nunes [email protected]

eDitorA‑cheFe Tarcília Rego [email protected]

eDitor De Arte Vladimir Pezzole [email protected]

JornAlistAs Antonio Cardoso [email protected]

rePórter FotográFico Paulo Rocha

revisor Francisco Pelúcio

AtenDimento Bárbara Freitas [email protected]

Assessor De imPrensA Antonio Cardoso [email protected]

colAborADores Barros Alves, Benedito Vasconcelos Mendes, Milton Sousa e Associação Caatinga

imPressão Pouchain Ramos

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Editorial

“A água limpa sinaliza a vida. Se suja, a doença. Sem água não podemos viver.” Mesmo assim, o consumo mundial de água está aumentando e as reservas de água boa estão cada vez mais ameaçadas pelas atividades humanas. A Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) reco-nhece que o recurso é fundamental para a redução da pobreza e para a promoção da saúde humana, defendendo uma me-lhor distribuição e uso.

A realidade está na contramão do que defende a ONU. Mais de 1 bilhão de pessoas não têm acesso a fontes con-fiáveis de água no mundo. Na América Latina e na África, a ameaça ainda é o lançamento de esgoto sem tratamen-to nos rios. Isso inclui o Brasil, onde 2.495 municípios não possuem nenhum tipo de rede coletora de esgoto, quase 45% do total, segundo o Atlas do Sane-amento IBGE (divulgação em 2011 – dados de 2008).

Em 2025, boa parte do planeta estará em situação de stress hídrico, ou seja: a água disponível não será suficiente para os diferentes usos que o homem faz do recurso, como a agricultura, que é, de longe, a atividade que mais consome água. Até lá, 3 bilhões de pessoas sofrerão com a escassez do recurso natural, finito.

Quinze por cento das reservas super-ficiais de água doce do mundo (35.732 m3/hab/ano) estão no Brasil. Mas não basta ter água em quantidade, é necessá-rio que ela tenha qualidade, ou melhor, potabilidade. É preciso que seja segura.

243038

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Economia VerdeInventário de emissões

EntrevistaDeodato Ramalho

ConservaçãoFIP: Fundo para a sustentabilidade das florestas

Responsabilidade SocialAmigos do planeta e das escolas

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Pensar verde

Deixados para trás

O levantamento “Deixados para trás pelo G‑20” rea‑lizado pela ONG Oxfam, do Reino Unido, mostra que o Brasil continua sendo o segundo país mais desigual do G‑20. Fica atrás apenas da África do Sul que ficou quase cinco décadas mergulhada no Apartheid. Na lista, à frente do Brasil, países emergentes como México, Rússia, China, Turquia e Argentina. Os menos desiguais são França, Coreia do Sul, Alemanha, Canadá e Itália.

O Brasil precisa crescer 3,6% (previsão do FMI) em 2012 e 4% nos anos seguintes, para reduzir até 2020, em quase dois terços, o número de pessoas abaixo da linha da pobreza.

Pelo estudo é possível observar que a principal prioridade do governo Dilma Rousseff, estabele‑cer o fim da miséria no País, ainda vai demandar muito esforço e tempo. O Brasil ainda tem 16 milhões de pessoas vivendo na condição de miserável. Quando a miséria é tão alta, a desi‑gualdade passa despercebida.

Os mais pobres

Não por acaso, os países mais pobres do planeta estão localizados nas regiões mais quentes e mais secas do mundo. E exatamente

esses países são os que menos dispõem de recursos para garantir um abastecimento suficiente de água. Dois exemplos: as savanas da África e o semiárido do Nordeste brasileiro.

Os mais confiantes

Por outro lado, a pesquisa “Emerging Consumer Survey” do Credit Suisse Research Institu‑te, feita em oito países emer‑gentes e divulgada semana passada, indica que brasileiros são os mais otimistas sobre o aumento de suas rendas. No País, 58% acreditam em crescimento. A pesquisa foi realizada em 2011, com 14 mil pessoas em oito países: Brasil, Rússia, Índia e China (que compõem o bloco chamado de BRIC), Arábia Saudita, Egito, Turquia e Indonésia.

Na média total de todos os pesquisados, 35% acreditam no crescimento de sua renda familiar. Já no Brasil, a confiança é maior, 58% dos brasileiros mostra‑ram‑se otimistas em relação a suas finanças. “Na média, o consumidor brasileiro espera uma das maiores taxas de crescimento da renda familiar entre todos os países pesquisados. A maioria tem uma expectativa de au‑mento superior a 10%”.

A pesquisa confirma: brasileiro não tem hábito de poupar. Entre os que possuem renda mais alta, apenas

7% da renda familiar costuma ser guardada, mais da metade não poupa dinheiro. Os sau‑ditas, ao contrário dos brasileiros, costumam poupar 15% da renda.

Por Tarcília Rego

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Serviçais da FifaA aprovação da Lei Geral da Copa e a Reforma

Política foram colocadas como destaque na mensagem oficial da presidenta Dilma Rousseff pelo reinício das atividades legislativas de 2012. São 472 páginas que traz também um balanço das atividades de 2011.

Tá escrito no finalzinho da mensagem que o desenvolvimento sustentável deve ter destaque na agenda internacional com a realização da Rio+20. Dilma classifica o encontro como um dos principais desafios do País em 2012. Sem dúvidas um grande desafio para o País sede

da Conferência quando o nosso (aliás, o deles) Congresso está às vésperas de chancelar um contraditório Código Florestal. Vai atender os interesses dos ruralistas em detrimento da vontade do povo, e dos povos das florestas brasileiras.

O desafio, assim como o Código, também não é nada prioritário se comparado à votação

da Lei Geral da Copa que estabelece uma série de regras para a realização dos jogos de 2014 e da Copa das Confederações (2013). Melhor dizendo, uma legislação que nos coloca na condição de serviçais da Fifa.

sigualdade passa despercebida.

“OMC ambiental”A ONU que deve criar, nos moldes da

Organização Mundial do Comércio (OMC) ou da Organização Mundial do Trabalho (OIT), uma agência ambiental, a Organização Mundial do Meio Ambiente (Omma, na sigla em português) que vem sendo desenhada pela França e Alemanha. Por traz da proposta, está o fortalecimento do Pnuma, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep, na sigla em inglês).

Os Estados Unidos não querem saber do assunto, a conhecida resistência americana dificulta a concretização da ideia.

Venezuela, Cuba e Bolívia também são contrários, temem que uma “agência do gênero sirva para encobrir ações comerciais protecionistas de países ricos”.

O Brasil aprova a ideia, mas ainda está sobre o muro. Vê a Omma com reservas, acredita que fortalece apenas a dimensão ambiental, “uma

obsessão europeia”. Para os europeus, sem fortalecimento do o ambiente, não é

possível “desenvolvimento econômico e social no mundo”. Estou com o lado de lá do Atlântico. Tenho certeza, um ecossistema estável é capaz de gerar muito mais empregos do que

centenas de chaminés com fumaças.

Precisamos traçar um novo rumo, mais sustentável para o futuro, que

fortalece a igualdade e o crescimento econômico ao mesmo tempo em que protege o nosso planeta”

Pensamento verde e maduro

Secretário geral da ONU Ban Ki-moon, ao receber o relatório

Fevereiro/2012 7

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stamos no mês da água, e ainda na sua década. O período de 2005 a 2015 foi proclamado como a Década Internacional para Ação “Água para a Vida” 2005-2015, que implementa o Programa da Década da Água da Organização das Na-ções Unidas (ONU). O objetivo é promover ações integradas em relação ao uso e conservação da água, reduzindo o flagelo de milhões de pessoas do planeta que vivem na extrema pobreza, sem acesso à água potável, aos serviços de saneamento e atendimento à saúde.

A ONU reconhece que a água é fundamental para a redução da pobreza e para a pro-moção da saúde humana, defendendo uma melhor distribuição e uso desse recurso. Para que os objetivos sejam alcançados, foi formalizada uma pauta de compromissos a serem cumpridos pelos países até 2015. Entre eles, estão a redução pela metade do número de pessoas sem acesso à água potável e o impedimento da exploração não sustentável dos recursos hídricos.

No documento publicado em janeiro “O futuro que queremos”, conhecido como “draft zero” da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ou Rio + 20, a entidade reitera a importância do direito à água potável, segura e limpa, e ao saneamento, como um direito humano que é essencial para se ter uma vida plena e para que se cumpram todos os direitos hu-manos. “Nós reconhecemos a necessidade de estabelecer metas para o gerenciamento de dejetos

E

22 de março é o Dia Mundial da Água. Também, estamos na Década Internacional de Ação, “Água para a Vida, 2005‑2015”, iniciativa da ONU para reverter o quadro dramático e progressivo de eliminação dos mananciais e deterioração da qualidade das águas do planeta quando o órgão reafirma em documento oficial o compromisso com o uso sustentável do recurso natural e a manutenção de esforços para o cumprimento das metas estabelecidas até 2015

Matéria de capa

É tempo deágua

Fevereiro/20128

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águade recursos hídricos, incluindo a redução da po-luição da água por fontes domésticas, industriais e agrícolas e a promoção da eficiência hídrica, águas de esgoto tratamento e o uso de águas de esgoto como um recurso, em particular para a expansão de áreas urbanas”, assim está escrito.

No entanto, todos os dias, dois milhões de toneladas de esgoto e outros efluentes são drena-dos para reservas de água. O problema é pior nos países em desenvolvimento, onde mais de 90% de esgoto bruto e 70% de efluentes industriais não tratados são despejados em águas superficiais. Gerir quantidades limitadas de água, aproveitar os reservatórios ainda existentes, preservar os ma-nanciais, cuidar da qualidade das águas, com cer-teza são tarefas hercúleas para o resto dos dias de toda a humanidade.

Estima-se que 2,5 bilhões de pessoas vivam em condições sanitárias inadequadas. A falta de abastecimento de água potável é responsável por 80% das mortes nos países em desenvolvimento.

Quase 1,5 bilhões no planeta não tem água limpa para beber e pelo menos cinco milhões de mortes por ano podem ser atribuídas a doenças transmiti-das pela água, dentre elas 1,5 milhões de crianças, segundo estimativas da própria organização.

BrasilO Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água publicado pela a Agência Nacional de Águas (ANA), em 2011, aponta que “a maioria dos municípios brasileiros apresenta algum grau de comprome-timento da qualidade das águas dos mananciais, exigindo aportes de investimentos na proteção das captações”. Desse modo, foram recomendados no atlas R$ 47,8 bilhões de investimentos em coleta e tratamento de esgotos nos municípios localizados à montante (rio acima) das captações com indica-tivos de poluição hídrica.

Aos problemas citados acrescentam-se ou-tros ainda mais recentes. O aquecimento global é um exemplo, um processo que levaria milhares de anos está sendo acelerado pela interferência do homem. Em decorrência do mesmo, gelos milena-res como os do Himalaia – alimentam os rios da China, Índia e Nepal – estão derretendo. Estima--se que o recuo do gelo seja de dez a quinze metros por ano. No curto prazo o fenômeno significa mais enchentes. Porém, em longo prazo, significa mais perda da fonte que abastece outras maiores e mais importantes fontes do planeta.

Estima-se que 2,5 bilhões de pessoas vivam em condições sanitárias inadequadas. A falta de abastecimento de água potável é responsável por 80% das mortes nos países em desenvolvimento.

Fevereiro/2012 9

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Matéria de capa

Disponibilidade hídricaA abundância de água é relativa e o gerenciamen-to de seus múltiplos usos, como geração de energia, transporte, abastecimento doméstico, industrial e, por mais estranho que pareça, assimilação ou afas-tamento de esgotos, é cada vez mais estratégico para o desenvolvimento de uma nação. “É crucial a rele-vância dos recursos hídricos para o desenvolvimen-to sustentável, incluindo a erradicação da pobreza e da fome, a saúde pública, a segurança alimentar, a energia hidrelétrica, a agricultura e o desenvolvi-mento rural,” destaca a ONU no relatório “O futuro que queremos”.

Atualmente, há 7 bilhões de pessoas para ali-mentar no planeta, e outros 2 bilhões previstos para 2050, informa a FAO. A situação faz concluir que parte da pouca água disponível já está comprometi-da com a produção de alimentos. Para produzir um

quilo de carne bovina, é necessário o consumo de 16.000 litros de água, e para um litro de leite, o con-sumo de mil litros, como informa a ONG holandesa Water Footprint Network. A organização desenvolve estratégias de conservação do recurso.

Dos quase um 1,4 bilhões de quilômetros cú-bicos de água que existem no planeta, mais de 97% são de água salgada dos oceanos e mares. Dos 3% restantes é água doce, só se pode dispor de menos de 1% para atividades e consumo humano, pois os outros 2% correspondem às águas que se encon-tram em estado sólido nas geleiras e calotas pola-res, além da porção que fica na atmosfera sob for-ma de vapor d’água.

A água de fácil acesso – em rios, lagos e re-presas – representa muito pouco do total de água doce disponível. Mas água doce também não signifi-ca água potável. Para isso a água precisa ser de boa qualidade, estar livre de contaminação e de qualquer substância tóxica. Acredita-se que menos de 1% de toda a água doce do Planeta esteja em condições potáveis para atender quase sete bilhões de pessoas e populações inteiras de outros animais. Tem ainda o desperdício e a poluição, dados da ONU indicam que para cada 1.000 litros de água utilizada pelo ho-mem resultam 10.000 litros de água poluída, e um simples buraco de 2 milímetros no encanamento pode desperdiçar 3.200 litros de água por dia.

Pegada hídricaVocê imagina quanta água é neces-sária para produzir um chip? Um café? Ou quanto dela é gasto para a produção de um quilo de batatas? E o jeans que está usando, sabe quanta água foi necessária para produzi-lo? Quan-do você souber quanto de água é gasto para a produção de cada produto, em todas as eta-pas do processo, começará a ter uma noção do tamanho da sua “pegada hídrica”.

A “pegada hídrica” é uma ferramen-ta de gestão de recursos hídricos que indica o consumo de água doce com base em seus usos direto e indireto. O método permite que as inicia-

Dos quase um 1,4 bilhões de quilômetros cúbicos de água que existem no planeta, mais de 97% são de água salgada dos oceanos e mares. Dos 3% restantes é água doce, só se pode dispor de menos de 1% para atividades e consumo humano

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Page 11: Revista EcoNordeste - Edição 06

A dessalinização é uma alternativa às fontes de água tradicionais que está a ser cada vez mais utilizada, principalmente em regiões da

Ásia e Europa onde existe stress hídrico. Porém, na avaliação do impacto global da dessalinização no ambiente, devem ser tidas em conta as

elevadas necessidades de energia deste processo. O custo financeiro também é um entrave, já que a tecnologia é caríssima.Aquele cafezinho de depois do almoço gasta carrega 140 litros de água virtual? Essas e outras informações podem ser tiradas do site Water Footprint (Pegada Hídrica). O site informa o consumo anual e a pegada ecológica de cada país no que se refere à água. Inclui ain-

da uma calculadora para quem quiser conhecer seu consumo direto e indireto de água, de acordo com seus hábitos. O site é em inglês, com

páginas em espanhol, francês, alemão e outras línguas. O endereço é www.waterfootprint.org.

A agricultura responde por 70% do uso de água no planeta. Se nada for feito quanto a este setor, alertam os autores do relatório, a procura mundial por água vai crescer entre 70% e 90% até 2050.

Na alimentação, cada pessoa usa de 2000 a 5000 litros da água ao dia (a grande maioria desta água termina como vapor). Uma quantidade enorme se comparada à água que nós bebemos (2 a 4 litros) e aquela usada para lavagem, saneamento, e outras tarefas domésticas (50 a 200 litros por a pessoa).

SaIBa maIS:

% de água no organismo0%

20%

40%

60%

74%

tivas públicas e privadas, assim como a população em geral, entendam o quanto de água é necessário para a fabricação de produtos ao longo de toda a cadeia produtiva.

A metodologia criada pelo professor de Ges-tão dos Recursos Hídricos da Universidade de Twente, na Holanda, e diretor científico da ONG Water Footprint Network (www.waterfootprint.org), Arjen Hoekstra promove uso eficiente re-alçando a relação entre consumo diário e seus impactos ambientais. Grandes empresas transa-cionais – como Coca-Cola, Nestlé e Unilever – já estão considerando a “pegada hídrica” em seus cálculos de produtividade.

Segundo os cálculos da ONG a pegada hídri-ca de um consumidor brasileiro, é de 3.780 litros por dia, dos quais apenas 5% são consumidos den-tro de casa em atividades cotidianas como higiene, limpeza e alimentação. Os outros 95% correspon-dem à chamada “pegada ou água virtual”, presente em produtos industriais e agrícolas.

ConclusãoOs países da África do Norte, Índia, Arábia Saudita, Iêmen e Paquistão esgotam anualmente suas reser-vas de água do subsolo em 200 bilhões de toneladas de água. Esta é a água que necessitam para produ-zir 200 milhões de toneladas de grão - bastante para alimentar 600 milhões de pessoas. Em outras pala-vras mais de ½ bilhão de pessoas comem o alimento produzido com água extraída de forma insustentá-vel das reservas aquíferas do subsolo.

As cifras mostram que a água está se transfor-mando num recurso finito e escasso, e que as so-luções tais como negociar a “água virtual” e melho-rar a eficiência no consumo, são cruciais. A expectativa da ONU é que pessoas comam mais alimentos que conso-mem menos água, e que aumente o comércio de alimentos dos paí-ses abundantes em fontes de água para com os países deficientes, a chamada “água virtual”.

Fevereiro/2012 11

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Dia Mundial da Água é celebrado anualmente em 22 de março, desde1993, conforme resolução

da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Um marco para chamar a atenção para a conservação e o manejo sustentá-vel dos recursos hídricos.

No entanto, ciente de que ainda falta muito para garantir a todos, acesso à água de boa qualidade e em boa quantidade, ou melhor, segurança hídrica, a cada ano a ONU foca em um aspecto específico do recurso para sensibilizar a comunidade global quanto à utiliza-ção mais cuidadosa, racional e econômica do bem natural.

2012 - “Água e Segurança alimentar”

Década Internacional Água para a Vida, entrou em vigor oficialmente em 22

de março de 2005. Para o então Secretário-Geral das Nações Uni-das, Kofi Annan, “uma excelente oportunidade para a comunidade internacional avançar em direção a uma verdadeira integração para a administração da água mundial, garantindo o uso sustentável para as próximas gerações”.

Suas metas estão intimamente ligadas aos oito Objetivos de De-senvolvimento do Milênio (ODM), já que a água é fator crucial para a redução da pobreza, da fome e da desnutrição no mundo. Além disso, o uso da água de forma consciente é vital para a sustenta-bilidade do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável.

Propostas para a Década da Água:

Necessidade de investimentos de 11,3 bilhões de dólares para atingir os objetivos da Organização Mundial da Saúde (OMS);

Um bilhão e meio de pessoas terão que ganhar acesso à água potável e ao saneamento básico, o que significa 100 milhões de pessoas por ano ou 274 mil por dia;

Igualdade de participação de homens e mulheres nas tomadas de decisões em ques-tões relativas à água;

Atenção à privacidade e segu-rança necessárias para mulheres e meninas; formas de melhorar o saneamento.

2005-2015: a Década da ÁguaÁgua para a vida

Matéria de capa

A

Dia mundial da Água, temas escolhidos

O

2011 - “Água para as Cidades:

respondendo o desafio urbano”

Fevereiro/201212

Page 13: Revista EcoNordeste - Edição 06

2009 - Águas transfronteiriças:

a água da partilha, partilha de

oportunidades.

2010 - “Água limpa Para

Um mundo Saudável” 2007 - lidando com a escassez

de água

2006 - Água e cultura

2005 - Água para a vida

2004 - Água e desastres

2003 - Água para o futuro

2002 - Água para o desenvolvimento

2001 - Água e saúde

2000 - Água para o Século XXI

1999 - todos vivem rio abaixo

1998 - Água subterrânea - o recurso invisível

1997 - Águas do mundo - há suficiente?

1996 - Água para cidades sedentas

1995 - mulheres e Água

1994 - Cuidar de nossos recursos hídricos é função de cada um

2008 - Saneamento

Dia mundial da Água, temas escolhidos

Fevereiro/2012 13

Page 14: Revista EcoNordeste - Edição 06

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês) com o objetivo de sensibilizar a sociedade global sobre as questões

relacionadas ao consumo de água, promove cam‑panha para investigar e divulgar o que as pessoas ao redor do mundo estão comendo e o quanto de água está incorporado em cada refeição. A FAO é a coordenadora das ações do Dia Mundial da Água 2012 que tem como tema central a “Segurança Hídrica e Alimentar”.

Para participar da campanha basta publicar fotos de refei‑ções em www.facebook.com/pages/UN‑Water‑World‑Water‑‑Day/370578007108 ou em http://www.unwater.org/worl‑dwaterday/. É preciso citar o tipo de refeição: lanche, almoço ou jantar. Todos podem contribuir com imagens: fotógrafos profissionais e amadores, estudantes, ativistas da sociedade civil, funcionários públicos, funcionários da ONU, etc.

O resultado é publicado no site do Dia Mundial da Água http://www.unwater.org/worldwaterday/.

Segundo a FAO “hoje, existem 7 bilhões de pesso‑as para alimentar no planeta e outros 2 bilhões são esperados para participar em 2050”. As estatísticas dizem que cada um de nós bebe de 2 a 4 litros de água todos os dias, porém a maioria da água que “bebemos” está incorporada nos alimentos que

comemos: produzir 1 quilo de carne bovina significa produzir 15.000 litros de água, enquanto um quilo de

trigo 1.500 litros.A produção de alimentos, os grãos, por exemplo, precisa

de muita água que é consumida no campo pelas plantas, através da evapotranspiração. A quantidade necessária varia de acordo com as culturas, as características do lugar, a produ‑tividade, as condições de abastecimento e de água disponível através da chuva e da irrigação.

Uma vez que o produto é recolhido e disponibilizado para o mercado, a água que ele incorporou, muda de estado: de água “real” para água “virtual”. Ou seja, a quantidade incorpora‑da é reconhecida como “água virtual”.

Você sabe quanta água a sua refeição incorpora?

Água Virtual:

JaNta200 gramas de vegetais total: incorpora 40 litros de água.

almoÇo100 gramas de vegetais: 20 litros150 gramas de carne de porco: 690 litros.total: Incorpora 710 litros de água.

JaNta50 gramas de vegetais: 10 litros de água1 sanduíche: 40 litros de água150 gramas de frango: 615 litrostotal: incorpora 665 litros de água.

laNChe2 fatias de pão: 80 litros1 tomate: 8 litros25 gramas de alface: 3 litros50 gramas de legumes: 10 litrostotal: Incorpora 101 litros de água.

até

600 litros

350 litros

canadensenorte

americano JaponÊs europeu Brasileiro

aFricano da reGião

suBsaariana

350 litros 200

litros187litros até 20

litros50 litros média ideal (omS)

A

Consumo humano de água no mundo (média consumida diariamente)

Fevereiro/201214

Page 15: Revista EcoNordeste - Edição 06

Saiba a quantidade de litros d´água necessária para produção de bens de consumomais água que você não vê

200 litros

15.500 litros

120 litros

75 litros

2.400 litros

16.600litros

16.000 litros

150 litros

6.000 litros

1.500 litros 900 litros

1 copo de leite

1 kg carne bovina

1 copo de vinho

1 copo de cerveja

1 hambúrguer

1 kg de couro

5000 chips pesando 2g cada

1 kg de pão

1 kg de carne suína

1 kg de arroz1 kg de milho

100 a 200 litros

1 kg de batata

Fevereiro/2012 15

Page 16: Revista EcoNordeste - Edição 06

a fazenda Caiçara, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco, nascia o mais nordestino dos nordestinos. Filho de Ana Batista de Jesus e do sanfoneiro Januário José Santos,

Luiz Gonzaga, apesar de ter nascido no sopé da Serra do Araripe, foi o brasileiro que mais decantou em notas e versos, o mundo da Caa-tinga. Gonzaga é o nosso catingueiro deste mês de março de 2012, ano no qual o mundo come-mora o Centenário do Rei do Baião, ou melhor, o Rei da Caatinga.

Ainda menino, passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, acompanhando seu pai Januário, com quem aprendeu a tocar sanfona. Mas em busca de emprego Gonzaga deixou sua cidade natal em 1930 e foi para o Crato, depois Fortaleza, e daí para o mundo. Ele entrou para o Exército o que lhe possibilitou viajar por vários estados brasileiros, como soldado.

No Rio de Janeiro, em busca de oportuni-dades no mundo artístico, ele troca o “uniforme verde oliva” pela típica indumentária do vaquei-ro da Caatinga e entra para o contingente de nordestinos que viviam na então Capital Fede-ral, apresentando-se nos muitos programas de calouros da época.

N

Luiz Gonzaga

Caatingueiros

Rei da Caatinga, também

O ano de 2012 será muito importante para a cultura nordestina e brasileira. É o ano do centenário de nascimento do pernambucano Luiz

Gonzaga, o Rei do Baião. Diversas homenagens já estão programadas em todo o País e até no exterior, e. A EcoNordeste também quer homenagear aquele que com sua arte, xote e baião, procurou expressar todo o amor, zelo e preocupação para com o semiárido. Com vocês, Luiz Gonzaga, o

caatingueiro desta edição.

Janeiro/2012Janeiro/20121616

Page 17: Revista EcoNordeste - Edição 06

A carreira musical só começou em 1939. Queria ganhar a vida por meio da música, mas com uma particularidade, uma música auten-ticamente brasileira, e canta o Nordeste atra-vés de xote, forró e baião. Grava a primeira música cantada em 1945 (Dona Mariquinha) e a partir de então, passa a percorrer o Brasil fazendo shows, iniciando uma longa carreira de sucesso, cantando em “prosas e notas mu-sicais” as alegrias e as tristezas do povo das terras secas do Brasil.

Autêntico representante da cultura nordes-tina mantem-se fiel às suas origens e passa ser considerado o autêntico criador do baião, gê-nero musical que o consagra. Torna-se parceiro do cearense Humberto Teixeira, e mais do que nunca, influencia toda uma geração de músicos, compositores e cantantes do País.

Em forma de protesto ou em forma de romance, a seca é uma constância na música gonzaguiana. Em depoimento disponível na internet (http://www.youtube.com/user/Paulo-vanderley), Luiz Gonzaga costumava afirmar: “Quando eu me lembro que a seca terminou. Parece um sonho, eu estive bem dentro dela, junto com meu povo.” Continua, “mas quando a chuva chegava tudo mudava, bastava abrir o curral da miséria e deixar a fome passar. Dá gosto ser um cantor do meu povo”.

A seca é uma marca da Caatinga, esta, uma marca do Nordeste, e o Nordeste, a marca de Luiz Gonzaga. O que poderia ter sido um problema vira uma oportunidade, e não por menos, os maiores sucessos de Luiz Gonzaga retratam dramas da estiagem. A música “Asa Branca” (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira) é um exemplo, conta a história de um nordestino que migrou para o Sudeste fugindo da falta de chuva e da fome.

“Quando “oiei” a terra ardendoQual a fogueira de São JoãoEu perguntei a Deus do céu, aiPor que tamanha judiação”.

Seja na forma de protesto ou romantismo, a essência da música “Gonzaguiana” é o Nor-deste, a Caatinga, os povos da Caatinga, era o Brasil. Em entrevista a revista Veja ele disse: “Quando faço um protesto, chamo a atenção das

autoridades para os problemas, para o desca-so do poder público, mas quando falo do povo nordestino, não posso deixar de dizer que ele é alegre, espirituoso, brincalhão”. “O que falta no Nordeste é mais chuva, e um dia vai chegar”. A composição “A volta de Asa Branca”, feita de parceria com Zé Dantas e lançada em 1950 dei-xa bem claro o sentimento de Gonzagão.

Já fais treis noite que pru norte relampeaA asa branca ouvindo o ronco do trovãoJá bateu asa e vortô pru meu SertãoAi, ai, eu vou m´imboraVou cuida da plantação.A seca feis eu disertá da minha terraMas felizmente Deus agora si alembrôDe manda chuva pr´esse Sertão sofredôSertão das muiê seráDos hôme trabaiadô.

Rios correndo, as cachuêra tão zuandoTerra moiada, mato verde, qui riquezaE a asa branca à tarde canta, qui belezaAh, ai o povo alegreMais alegre a natureza (bis)

Sentindo a chuva mi arrescordo de RosinhaA linda frô do meu Sertão pernambucanoE se a safra num atrapaiá meu pranoQue qui ai, pade vigaroVô casa no fim do ano (bis)

Luiz Gonzaga, com suas letras e músicas, sensibilizava o Brasil para o grave problema, e as drásticas consequências da estiagem sobre a vida na Caatinga, isso, já nos anos 1950. Duran-te um show ele surpreende a plateia e protes-ta. “O Brasil ficou cheio de arapucas: ajuda teu irmão... quarqué coisa serve: dinheiro... roupa veia, sapato veio, camisa veia, tudo serve.” Na-quele momento surgia o maior protesto musical sobre o flagelo da seca no País.

O episódio resultou na composição “Vo-zes da Seca”, toada-baião, em parceria com Zé Danta, lançada em disco no ano de 1953. A canção repercutiu até no Congresso Nacional e gerou um comentário que ficou famoso em todo o Brasil: “Gonzaga fez mais pelos nordes-tinos com aqueles versos que todos os deputa-dos aqui presentes”.

Janeiro/2012Janeiro/2012 1717

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a Civilização da Seca, a arte utilitária/popular predomina, quando comparada com a arte erudita/contemplativa (pin-tura, escultura, desenho e gravura), que é abundante no nordeste úmido açuca-

reiro. A arte utilitária herdada dos índios, como a cestaria de palha e cipó, as louças de barro, a rede de dormir e o landuá de pescar, e aquelas trazidas pelos europeus (bordados, rendas, crochê e artesanato de couro) ainda hoje são de grande utilidade para os habitantes do sertão semiárido. De Portugal, também vieram os mestres de ofício (carpinteiro, marceneiro, tanoeiro, santeiro, fer-reiro, flandreiro, cuteleiro, armeiro e pedreiro), que, com suas artes e criatividade, construíram um grande patrimônio artístico regional.

A arte utilitária e a arte contemplativa às ve-zes se confundem, por serem ambas expressivas, encantadoras e extasiantes.

Com relação ao erudito versus popular, en-tendemos que arte erudita é aquela que se exte-rioriza pelo talento aperfeiçoado no aprendizado técnico, enquanto a arte popular é a expressão do talento ao natural, desacompanhado, pois, do apri-moramento proporcionado pelo estudo da técnica. No nordeste brasileiro, o erudito e o popular, por estarem tão intimamente ligados, são difíceis de separar um do outro. Os dois tipos de manifesta-ção artística podem ser tão fascinantes e extasian-tes, que não importa saber se são frutos do talento puro ou burilado, ou seja, se a obra é de um artista analfabeto ou de um artista que estudou muito a teoria de sua arte. A arte erudita e a arte popular

Mundo da Caatinga

N

Benedito Vasconcelos [email protected]

Arte erudita versus arte popular na civilização da seca

do sertão são telúricas e emotivas, pois originam--se do extravasamento da emoção repleta da nor-destinidade do artista da terra.

Assim entendendo, podemos afirmar que a arte sertaneja é composta, em grande parte, pela arte popular, que é tão bela e expressiva quanto a arte erudita.

Erudita é a poesia do baiano Castro Alves (Antônio Frederico de Castro Alves, 1847-1871). Popular é a obra de cordel do cearense Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva, 1909-2002).

Janeiro/2012Janeiro/20121818

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Erudita é a cerâmica do pernambucano Francisco Brennand (Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, 1927). Popular são os bo-necos de barro do também pernambucano Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos, 1909-1963).

Erudita é a pintura do sobralense Raimun-do Cela (1890-1953). Popular é o primitivismo do acreano, que se radicou em Fortaleza, Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva, 1910 - 1985).

Erudita é a gravura do cearense Aldemir Martins (1922-2006). Popular são as inscrições rupestres dos habitantes pré-históricos dos sertões nordestinos.

Erudita é a tapeçaria do potiguar Dorian Gray Caldas (1930). Popular é a cestaria de cipó e palha herdada dos tapuias.

Erudita é a música clássica do pianista ara-catiense Jacques Klein (1930-1992). Popular é o forró do sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento (1912-1989).

Eruditas são as paisagens nordestinas, a bico de pena, do peruano Percy Lau (1903-1972). Po-pular é a xilogravura do pernambucano Mestre Noza (Inocêncio Medeiros Costa, 1897-1983).

Erudito é o canto gregoriano dos monges be-neditinos. Popular são as ladainhas dos penitentes

do Caldeirão do Beato Zé Lourenço (José Louren-ço Gomes da Silva, 1870-1946).

Eruditos são os corais dos conservatórios de música. Popular é o aboio solitário e dolente do vaqueiro tangendo e apascentando o gado na caa-tinga espinhenta.

Eruditas são as orquestras sinfônicas das

universidades. Populares são as bandas de pífanos que se apresentam nas festas folclóricas do inte-rior do Nordeste.

Erudito é o ritmo dos tambores do Grupo Tim-balada do percurssionista soteropolitano Carlinhos Brown (Antonio Carlos Santos de Freitas, 1962-). Po-pular é a cadência do pandeiro do ritmista paraibano Jackson do Pandeiro (José Gomes Filho, 1919-1982).

Erudita é a peça teatral Morro do Ouro, do cearense Eduardo Campos (Manuel Eduardo Pi-nheiro Campos, 1923-2007). Populares são as pe-lejas do repentista cratense Cego Aderaldo (Ade-raldo Ferreira de Araújo, 1978-1967).

Erudito é o balé de Ana Maria Botafogo (1957). Popular é a dança dos componentes da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, do Crato-CE.

Erudita é a moda dos estilistas internacionais. Populares são as blusas, saias e vestidos de renda, crochê e bordado das artesãs populares do Nordeste.

Erudita é a arquitetura de Oscar Niemeyer (Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, 1907). Popular é a arquitetura de taipa do sertão semiárido nordestino.

Erudito é o refinado prato “Salmão mourisco com aspargos verdes e manteiga de laranja” da chef Flávia Quaresma. Popular é a buchada de bode pre-parada pela cozinheira anônima do sertão.

A qualidade da arte, muitas vezes, é expres-sada pela atenção que desperta, pelo deslumbra-mento que provoca, podendo ela ser ou não erudi-ta, popular, utilitária ou contemplativa.

Qualquer que seja o tipo de arte, se tiver qualidade, ela surpreende e encanta. A literatura em prosa ou verso, as artes plásticas, a música, a dança, o teatro, ou qualquer outra manifestação artística, quando é boa, desperta no expectador a curiosidade e o deleite.

Janeiro/2012Janeiro/2012 1919

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cupando cerca de 80% do território per-nambucano, o Bioma Caatinga foi am-plamente discutido na pré-conferência estadual sobre o Desenvolvimento Sus-tentável do Bioma Caatinga, realizada

em 19 de janeiro, no auditório da superintendên-cia do Banco do Nordeste, em Recife. O even-to contou com a participação de instituições de pesquisa, órgãos públicos das esferas municipais e estadual, organizações não governamentais e re-presentantes da sociedade civil em geral.

O secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, Sérgio Xavier, destacou a importância do debate e da implanta-ção de ações que defendam e enquadrem a Caa-tinga como os outros biomas. “O semiárido é um dos mais suscetíveis às mudanças climáticas e

O

A Caatinga na Rio + 20

Sotaque pernambucano na Conferência Regional da CaatingaComo preparação para a I Conferência Regional de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Caatinga - A Caatinga na Rio+20, o encontro em Pernambuco reuniu cerca de 60 pessoas que contribuíram com sugestões, projetos e propostas para a elaboração do documento que será apresentado na Conferência Regional a ser realizada em Fortaleza.

grande parte das pessoas que moram lá dependem da agricultura familiar para sobreviver. É preciso ‘ecoeficiên-cia’ em todos os sentidos”, discursou o secretário.

Para o superintendente, em exer-cício, do Banco, em Pernambuco, José Adilson da Silva, a pré-conferência é um momento de diálogo e alinhamen-to. “Todos os atores, aqui reunidos, po-dem contribuir para mudar o cenário de toda uma região”, disse.

Também participaram do en-contro, a presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga, Alexandrina Sobreira; o vice-presidente do Instituto Nordeste XXI, Francisco Bezerra; o delegado fe-

deral do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em Pernambuco, Demétrius Fiorante; o gerente de Desenvolvimento Territorial da Supe-rintendência do BNB no Estado, Pedro Henrique Freire; além de agentes de desenvolvimento da superintendência do Banco.

Durante o encontro foram definidas as ins-tituições a compor a coordenação do comitê per-nambucano. São elas: Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Banco do Nordeste, Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Ca-atinga, Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga, Secretaria de Agricultura do Estado, As-sembleia Legislativa de Pernambuco, Instituições Acadêmicas, ASA - Articulação no Semiárido Bra-sileiro, Delegacia do MDA em Pernambuco, Gru-po de Defesa do Meio Ambiente (GDMA).

Fevereiro/201220

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cada ano, a Sloan School of Mana-gement, escola de negócios do reno-mado Massachusetts

Institute of Technology (MIT), em parceria com o Boston Con-sulting Group, realiza uma pesqui-sa com executivos de todo o mundo sobre o tema Sustentabilidade e Inovação. No último mês de Janeiro foi divulgado rela-tório da pesquisa 2012, referente aos dados de 2011, e intitulado Sustainability Nears a Tipping Point (Sustentabilidade Próxima do Ponto de Virada, numa tradução livre).

O relatório traz informações relevan-tes de aproximadamente 3.000 (três mil) executivos de 113 países. Mostra como a Sustentabilidade vem sendo trabalhada nas empresas e que tipo de benefício está tra-zendo. Aponta, por exemplo, que as inicia-tivas pertinentes ao tema contribuíram para a melhoria do relacionamento das empresas com clientes (66%), fornecedores (59%), governo (47%) e ONGs (25%). Num mundo onde todos estão conectados o bom relacio-namento tende a se configurar como dife-rencial de mercado.

Ainda de acordo com a pesquisa, 70% dos respondentes afirmam que a sustenta-bilidade, entrou na agenda e no planeja-mento empresarial de forma definitiva, e 66% apontam que as iniciativas na área de sustentabilidade estão sendo necessárias para garantir a competitividade da em-presa em seus mercados, um aumento de 11% em relação ao mesmo levantamento na edição anterior.

Por fim, a pesquisa consta-ta uma questão que surpreen-de diante das dificuldades das empresas no atual cenário de crise global, o fato é que, em

68% das organizações, o com-prometimento com as iniciativas

de sustentabilidade tem aumentado, inclusive no que diz respeito à ampliação

do volume de investimentos na área. O que não surpreende (pelo menos, não

a mim) é que 30% dos executivos afirmam que as ações de sustentabilidade passaram a contribuir para o aumento da lucratividade de suas empresas, e é nesse aspecto que re-side o “ponto da virada”. Durante a pesquisa foi claramente observado que iniciativas de sustentabilidade vinculadas às operações e ao modelo de negócios podem levar a em-presa a altos índices de economia na pro-dução e inovação em produtos e processos, o que tende a proporcionar uma melhoria no desempenho das empresas, e por conse-qüência, um aumento de lucratividade.

Tais constatações elevam a importância das práticas de sustentabilidade no ambien-te empresarial, que aos poucos vem deixan-do de ser feita apenas por pressão de grupos que influenciam a empresa – partes interes-sadas –, ou como forma de melhorar a repu-tação. E cada vez mais passa a ser executada pelo real valor agregado que proporciona e com contribuição relevante no que diz res-peito ao aumento da competitividade e do desempenho da empresa.

*Milton Sousa é Diretor-Presidente da ISEN Business School em Fortaleza/CE, Doutorando em Administração de Empre-sas pela FGV-SP. No twitter siga @miltonsousa10.

Sustentabilidade e o Ponto da Virada

A

*Por Milton [email protected]

EcoVisão

Fevereiro/2012 21

Page 22: Revista EcoNordeste - Edição 06

ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, e o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit, assinaram durante o Fórum

Social Temático, em Porto Alegre, acordo para construção de 60 mil cisternas no semiárido bra-sileiro, com investimentos de R$ 120 milhões. Até o dia 27 de fevereiro as propostas devem ser

Cisterna de placas é um reservatório cilíndrico, construído próximo à casa da família, com capacida-de de armazenar até 16 mil litros de água da chuva captados do telhado – suficiente para suprir a

necessidade de consumo básico de uma família de cinco pessoas por até oito meses. Essa tecnologia foi criada por agricultores da região semiárida brasileira.

A

Segurança Hídrica

750 mil famílias de baixa renda, situadas na zona rural do semiárido, vão ter acesso à agua.

Mais 60 mil cisternas no semiárido

encaminhadas para a Fundação.A iniciativa faz parte do Programa Nacional

de Universalização do Acesso e Uso da Água - Água para Todos, instituído pelo Decreto 7.535, de 26 de julho de 2011, e integra o Plano Brasil sem Miséria. O programa tem como meta a pro-moção do acesso à água potável para consumo humano e para a produção agrícola e alimentar. Uma das principais ações previstas é a reaplica-ção da tecnologia social de cisterna de placas, construída para armazenar águas pluviais.

O público alvo da ação envolve 750 mil fa-mílias de baixa renda, situadas na zona rural do semiárido, sem acesso ao fornecimento de água e agrupadas em um total de 181 microrregiões.

A ministra Tereza Campello destacou que a parceria é representativa dentro das ações do Brasil Sem Miséria, porque a falta de água re-presenta a face mais dura da pobreza. “A cister-na é um modelo de tecnologia social exemplar, de grande importância, voltada para as famílias extremamente pobres sem acesso a agua, que re-colhe a água da chuva, portanto é uma medida sustentável do ponto de vista ambiental”, expli-cou a ministra.

Depois da assinatura, Tereza Campello, Jor-ge Streit e o professor Ricardo Neder, do Cen-tro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília (UnB), participaram do debate sobre os 10 Pontos para uma Plataforma da Tecnologia Social na Rio+20”, na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Fevereiro/201222

Page 23: Revista EcoNordeste - Edição 06

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Fevereiro/2012 23

Page 24: Revista EcoNordeste - Edição 06

Economia Verde

Gestão de indicadores de impacto de carbono

Maior rede de varejo do País acaba de adotar uma solução para monitorar e gerenciar, de loja a loja, as emissões de carbono. Seja por questões econômicas ou de responsabilidade social, mas assegurar uma relação amigável entre os processos produtivos e os processos naturais a partir da contabilização da emissão de GEE, já faz parte da gestão estratégica de muitas empresas no Brasil e no mundo.

Janeiro/2012Janeiro/20122424

Page 25: Revista EcoNordeste - Edição 06

As crises decorrentes das mudanças climáticas exigem uma mudança nos padrões de consumo e produ-ção. Preservar o meio ambiente, através da produção sustentável

está fazendo as grandes empresas brasilei-ras tomarem atitudes antes improváveis. Um exemplo vem da rede de varejo Pão de Açúcar que acaba de fechar uma parceria com a empresa SAP Brasil para a elabora-ção do contrato de licenciamento da solu-ção SAP Carbon Impact, que será utilizada para monitorar e gerenciar as emissões de carbono, permitindo o controle loja a loja. O uso do aplicativo vai possibilitar que a rede passe a ter uma gestão mais efetiva de suas emissões de carbono, ampliando o controle e a qualidade dos dados lançados em relatórios ambientais.

A gerente de Responsabilidade Socio-ambiental do Pão de Açúcar, Lígia Korkes, explicou que a utilização do novo sistema dará condições para que o Grupo realize um inventário estruturado através de uma ope-ração que irá abranger todas as unidades de negócios. As informações permitirão ainda ampliar os indicadores de sustentabilidade, estabelecer metas de redução das emissões e atender as demandas dos públicos de inte-resse, além de diminuir o impacto no meio ambiente. “O compromisso com a sustenta-bilidade, é parte do modelo de atuação da companhia, que segue todas as normas am-bientais que regulam suas atividades”.

Além dos benefícios ambientais, a in-tenção do Grupo é obter o reconhecimento de sustentabilidade da Bolsa de Valores de São Paulo. Todos os anos, a Bovespa, onde o grupo está listado desde 1995, convida as 50 empresas com maior liquidez a par-ticipar dos índices ICO2 (Índice Carbono Eficiente) e ISE (Índice de Sustentabilida-de Ambiental).

“O objetivo do Pão de Açúcar é ter uma boa gestão de indicadores de impacto de carbono. Nós já fazemos parte do Índi-ce de Carbono Eficiente da Bovespa. Estar presente nestes fóruns trazem mais credi-bilidade e legitimidade às ações das empre-sas, além de tornar público e fazer com que

as informações cheguem ao consumidor de forma mais transparente”. A adesão ao ICO2 por si só demonstra o comprometi-mento das empresas com as questões climá-ticas e com a preparação para a economia de baixo carbono.

O ICO2 é composto pelas ações das companhias participantes do índice IBrX-50 que aceitaram participar dessa iniciativa, adotando práticas transparentes com rela-ção a suas emissões de Gases Efeito Estufa (GEE), e leva em consideração, para ponde-ração das ações das empresas componentes, seu grau de eficiência de emissões de GEE, além do free float (total de ações em circu-lação) de cada uma delas. Entretanto, a ge-rente salientou que a expectativa de redu-ção dos gases só poderá ser observada após o cálculo do primeiro nível de emissões.

Inventário rico e detalhadoAntes da adoção do SAP Carbon Impact, o levantamento destas informações era fei-to por uma consultoria externa e, como o inventário era gerenciado por terceiros. Com a parceria, Ligia Korkes acredita que a implementação do sistema viabilizará um banco de dados atualizado, sendo possível elaborar um inventário rico e detalhado das emissões da companhia, com sistemas mais rígidos de controle e acompanhamento.

Atualmente, as emissões de carbono são medidas em três grupos: escopo um (na própria loja), escopo dois (fornecedores de energia) e escopo três (toda a cadeia de su-primentos). A partir de 2012, o ICO2, que até o momento exigia gestão e relatórios so-bre os escopos 1 e 2, passará a exigir sobre os três escopos.

O SAP Carbon Impact vai atender não apenas as atuais necessidades do Pão de Açúcar, mas também as futuras. Além da gestão no nível do grupo, a solução permiti-rá também que ela seja feita bandeira a ban-deira e loja a loja. A implementação ficará a cargo da Finity, parceira SAP. No escopo inicial estão incluídas todas as bandeiras e marcas do grupo Pão de Açúcar, o que sig-nifica a gestão de 12 fontes de emissão, em 1.832 lojas do grupo.

Fevereiro/2012 25

Page 26: Revista EcoNordeste - Edição 06

Natura estabeleceu compromisso pú-blico de reduzir 33% de suas emissões relativas até 2011. Implantou o Progra-ma Carbono Neutro, em 2007, com o objetivo de reduzir de forma contínua

as emissões de GEE da empresa em todas as etapas de sua cadeia produtiva – desde a ex-tração de insumos para produção de matérias--primas e de materiais para embalagens, pas-sando por processos internos e o transporte de produtos, até o seu descarte. Estabeleceu como base o ano de 2006.

A meta que a empresa estipulou, constitui uma extensão do seu comprometimento com a construção de um novo modelo de negócios, “baseado no alto desempenho das dimensões econômica, social e ambiental”, conforme in-formação disponível no site: http://www.natura.net/carbononeutro. Desde a criação do progra-ma, tem realizado diversas ações para reduzir a emissão de gases, como: substituição do ál-cool comum por álcool orgânico (perfumaria e desodorantes), substituição de óleos minerais por vegetais; maior uso de material reciclado e introdução de biopolímeros nas embalagens; abertura de novos centros de distribuição e uti-lização de softwares de roteirização para otimi-zar os transportes, diminuindo quilometragem percorrida no percurso.

apuraçãoA primeira medida para a implementação do Programa foi a apuração da quantidade de GEE emitida em toda a cadeia de negócios. O inven-tário, sob a perspectiva de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), inclui as emissões geradas desde a extração das matérias-primas até o descarte

final das embalagens. Em 2010 foi alcançada uma redução acumulada de 21% nas emissões relativas, as emissões totalizaram 253.312t CO2e (toneladas de CO2 equivalente). A ACV é uma ferramenta essencial para se avaliar a logís-tica reversa, o pós-vida dos produtos.

ReduçãoNo segundo passo, a Natura priorizou a redu-ção das emissões. “Ao reduzi-las, é possível ob-ter um benefício socioambiental muito maior e realmente relevante para o futuro do Planeta do que somente compensá-las”. A meta de neutra-lização a que a Natura se propôs, sem esperar que ela se imponha na forma de legislação ou de objetivos nacionais para o segundo período do Protocolo de Kyoto (pós-2012), “constitui uma simples extensão do comprometimento da empresa com a construção de um novo modelo de negócios, baseado no alto desempenho das dimensões econômica, social e ambiental”.

Compensação“As emissões que não podem ser reduzidas de-vem ser compensadas com a aquisição de cré-ditos de carbono de projetos externos.” É o que diz o Programa Carbono Neutro. Em maio do ano passado a Natura lançou um edital para a seleção de projetos “de forma ética, justa e transparente”. A busca é por projetos dotados de mecanismos eficazes na comprovação de re-dução/remoção das emissões de GEE, “devem estar alinhados aos objetivos da Natura, e levar em conta benefícios socioambientais localmen-te relevantes”. As inscrições para o “Edital Na-tura Carbono Neutro 2011/12” foram encerra-das em agosto de 2011.

Exemplo que vem da indústria

A

As emissões que não podem ser reduzidas devem ser compensadas com a aquisição de créditos de carbono de

projetos externos

Fevereiro/201226

Page 27: Revista EcoNordeste - Edição 06

os principais Gee e as suas fontes geradoras

gAses Fonte gerADorA

Dióxido de Carbono (CO2) (*) (*) é produzido naturalmente pela respiração e decomposição

natural da flora e fauna.

Queima de combustíveis fósseis: petróleo, gás natural, carvão, desflorestamento.O CO2 é responsável por cerca de 64% do efeito estufa. Diariamente são enviados

cerca de 6 mil milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera.Tem um tempo de duração de 50 a 200 anos.

Clorofluorcarbono (CFC)

São usados em sprays, motores de aviões, plásticos e solventes utilizados na indústria eletrônica. Responsável pela destruição da camada de ozônio.

Também é responsável por cerca de 10% do efeito estufa.O tempo de duração é de 50 a 1700 anos.

Metano (CH4)Produzido por campos de arroz, pelo gado e queima de biomassa e queima

de combustíveis fosseis. É responsável por cerca de 19% do efeito estufa. Tem um tempo de duração de 15 anos.

Ácido nítrico (HNO3)Produzido pela combustão da madeira e de combustíveis fósseis, pela decomposição de fertilizantes químicos e por micróbios. É responsável por cerca de 6% do efeito estufa.

Ozônio (O3)É originado através da poluição dos solos provocada pelas fábricas, refinarias de petróleo e

veículos automóveis.

Oxido Nitroso (N2O)a produção de nylon, ácido nítrico, atividades agrícolas, carros com três modos de

conversão catalítica, queima de biomassa e a queima de combustíveis fósseis.

Page 28: Revista EcoNordeste - Edição 06

Gee: Gases do efeito estufa (Gee). Quando lançados na atmosfera “aprisionam” o calor do Sol na atmosfera terrestre. Contudo, através da ação do homem, a quantidade de gases enviados

é maior que a capacidade dos oceanos e florestas de capturá-los (ou sequestrá--los), causando o aquecimen-to global. Na atmosfera, o carbono permite que a luz do Sol chegue a Terra, mas não deixa que o calor gerado por essa luz saia, o resultado é mais calor (efeito estufa).

Também são conhecidos, como gases causadores do efeito estufa.

aquecimento global. Processo natural de aquecimento do planeta, que vem sendo potencia-lizado, segundo as pesquisas científicas, pela alta concentração de GEE.

Produção de Gee. Todos os indivíduos e em-presas colaboram com a emissão dos GEE. Resulta da energia que consumimos em casa, nos nossos locais de trabalho e nos processos produtivos; das nossas opções de transporte, dos resíduos que geramos e etc.

efeito estufa. É a forma que a Terra dispõe para manter constante a temperatura propícia à vida. Tra-

ta-se de um processo natural, que fornece a tempera-tura necessária para o estabelecimento e sustento da vida na Terra e que só é possível através dos GEE.

Inventário de emissões Corporativo. É a quantificação das emissões de GEE relacionadas a todas as atividades direta ou indiretamente associa-das ao negócio principal de uma empresa.

Compensar emissões. A geração de emis-sões de GEE, provenientes da produção de bens ou prestação de serviço, pode ser compensada através da compra de créditos de carbono no mer-cado. Esta prática é comumente conhecida como “neutralização de emissões” que tem como principal objetivo minimizar o impacto gerado pela produção de bens e prestação de serviços, uma vez que essas emissões não puderam ser reduzidas e/ou evitadas.

estoque de carbono. Inclui o carbono armazenado em vegetação (sobre e debaixo do solo), matéria em decomposição no solo e produtos madeireiros.

Pegada de carbono. Contempla o total de emissões de GEE associadas ao seu ciclo de vida, ou seja, desde a produção de matérias-primas até a disposição final do produto manufaturado, baseada em metodologias e protocolos de ACV.

Créditos de Carbono. Medida que permite às indústrias e nações reduzirem seus índices de emissão de GEE por um sistema de compensação. Um crédito de carbono equivale à redução de emissão para a atmosfera de uma tonelada de CO2e (gás carbônico equivalente), que é uma medida em termos de gás carbônico (principal gás de efeito estufa) da redução de emissão de GEE em geral (incluindo metano, óxido nitroso, hexafluoreto de enxofre, entre outros).

Saiba mais!

Janeiro/2012Janeiro/20122828

Page 29: Revista EcoNordeste - Edição 06

Edição Especial-Rio+20

Saiba tudo a respeito do maior evento da

história da ONU sobre desenvolvimento

sustentável. De 13 a 22 de junho o Rio será o centro do mundo e você terá

todas as informações em sua casa.

O planeta de olho no Brasil

Co2 equivalente (Co2e). Unidade de medida utilizada para comparar as emissões de vários GEE baseado no potencial de aquecimento global de cada um. O dióxido de carbo-no equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emi-tidas de GEE pelo seu potencial de aquecimento global. Por exemplo, o potencial de aquecimento global do gás metano é 21 vezes maior do que o potencial do CO2. Então, dizemos que o CO2 equivalente do metano é igual a 21.

economia de baixo carbono. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), baixo carbono é a expressão de ordem para a economia do século XXI, adaptada ao con-texto das mudanças climáticas, marcada por eficiência e alternativas energéticas.

Relatório Stern. Documento encomen-dado pelo governo Britânico sobre os efeitos na economia mundial das alterações climáticas nos próximos 50 anos. Foi coordenado pelo economista do Banco Mundial Sir Nicholas Stern e divulgado no dia 30 de outubro de 2006. Uma das principais conclusões do relatório é que os gastos para estabilizar a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera se-riam equivalentes a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial até 2050.

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Entrevista

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Natureza na construção e construção na

natureza

Deodato Ramalhoem entrevista à tarcília Rego

Fotos: tiago Stille

m entrevista exclusiva a Tarcília Rego, o secretário municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano de Fortaleza, advogado Deodato Ramalho, fala da difícil tarefa de compatibilizar

crescimento econômico, legislação e meio ambiente. Foi uma longa entrevista sobre assuntos polêmicos como licenciamento ambiental, resíduos sólidos, Agenda 21, poluição sonora e visual, acessibilidade, uma extensa lista de questões que permeia a gestão ambiental de uma grande cidade. Há cerca de dois anos e meio à frente da Semam, um ofício que “requer jogo de cintura, bom senso e um pouco de paciência”, recentemente, Ramalho foi levado a uma delegacia por fazer valer a lei e embargar a construção de um edifício. Ele conta o que realmente sucedeu naquele dia, um episódio que espelha o “aparente conflito entre empreendedorismo e meio ambiente”.

E

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Entrevista

ECONORDEStE A grande maioria da população, usando um termo bem cearense, diz que a cida-de está “mal - amanhada”, ou seja, desarrumada, abandonada. Podemos falar sobre isso? DEODAtO RAMAlhO Nessa questão que envol-ve calçadas e acesso, a Semam não tem respon-sabilidade. Isso é de competência das Secretarias Executivas Regionais, enquadrando-se na questão do Código de Postura Municipal. Entretanto, nes-te outro ponto, quando as pessoas têm o sentimen-to de uma cidade largada, elas devem se atentar de que existe um vício muito forte do discurso de dizer que a culpa é do poder público. Na verdade, acontece que vínhamos de uma situação total de abandono da cidade. É inadmissível, em uma cida-de do tamanho de Fortaleza, termos, até dezembro de 2004, um cenário deste. A própria população podia fazer o que bem queria, não existia qualquer fiscalização. Para se ter uma ideia, a Semam, na época, existia apenas no papel. Então, é evidente que temos essa dificuldade de formular tudo que está acontecendo de errado e recuperar o tempo perdido. Foram décadas em que a cidade estava jogada. Lembrando que muita gente boa passou pela prefeitura. Não estamos jogando a culpa no passado, mas, infelizmente, não se reconstrói cos-tumes e culturas de uma hora para outra.

ECONE No último dia 29 de dezembro o senhor foi levado à delegacia por embargar a construção de um edifício. O que realmente aconteceu?DR A situação na qual estão envolvidos meio am-biente e empreendedorismo é de aparente confli-to. Digo isso porque, infelizmente, os segmentos empreendimento e ambientalismo, muitas vezes, estão impregnados de certa intolerância. Seja no marco do capitalismo, seja no marco do socialismo nós vamos precisar de crescimento econômico, vamos precisar melhorar as condições de vida da população. E para que isso aconteça, necessaria-mente, vamos interferir no meio ambiente. Neste caso específico, os fatos levados, pelo empreende-dor ao juiz, não eram verdadeiros. O que foi que realmente aconteceu? O empreendimento que já tinha o alvará em 2007 e, pela lei do município, este alvará tem o prazo de validade de dois anos. Quando o interessado inicia a obra e não a conclui neste período ele pode pedir a renovação por um prazo de um ano. O que se tem de fazer é acordar esses dois valores humanos importantes: melhorar a vida das pessoas e melhorar a vida nas cidades do ponto de vista de emprego, de renda, entreteni-

Nessa questão que envolve calçadas e acesso, a Semam não

tem responsabilidade. Isso é de competência das Secretarias Executivas Regionais, enquadrando-se na questão do Código de Postura Municipal

mento. É fazer o que tem que ser feito, compatibi-lizando necessidades com a legislação ambiental.

ECONE Neste episódio a construtora pediu a re-novação do alvará?DR Acontece que ele pediu a renovação deste al-vará, mas o prazo já estava esgotado. Eles informa-ram ao juiz que a Semam tinha engavetado o pro-cesso e não o tinha despachado. Para se ter uma ideia, este documento foi despachado, diferente do que foi afirmado ao juiz, e a renovação foi nega-da, em janeiro de 2011, porque não poderia mais ser prorrogada. No caso, eles deveriam ter dado entrada em um novo processo, de acordo com as novas regras do Plano Diretor. Em segundo lugar, a construtora alegou que entrou com o processo de outro empreendimento e que a Semam não dava encaminhamento. Isso é outra inverdade. Esse é ainda mais surreal porque o processo não existe na Semam. Nos nossos registros não consta a entrada deste processo. O que é uma coisa absurda. Neste

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segundo momento, inclusive com ameaça de pri-são a mim, o alvará teve que sair assinado com área construída e do terreno constando “zero” me-tros quadrados. Se eu conto isso ninguém acredi-ta. Não tínhamos o que fazer porque não tínhamos qualquer dado. O problema é que, infelizmente, ainda temos maus empresários acostumados com procedimentos do passado.

ECONE E essa política mudou?DR Quando a prefeita Luizianne Lins assumiu em 2005, encontrou a cidade totalmente abandonada, do ponto de vista do controle urbano e das questões ambientais. Não existia absolutamente nada sobre isso. Hoje temos pouco efetivo, mas antes a situa-ção era ainda pior. Em janeiro de 2005, Fortaleza possuía apenas 60 fiscais. E não estou dizendo ape-nas da Semam. Digo de toda estrutura da cidade.

ECONE Este episódio prejudicou o relaciona-mento da Semam com o Sinduscon?DR Não. Desde o início sempre tive uma boa rela-ção com o pessoal do Sinduscon (Sindicato da In-dústria da Construção Civil do Ceará), sempre tra-tando os negócios com muita clareza, sinceridade e transparência. Sempre colocando o dedo na feri-da, reconhecendo que o órgão ambiental tem difi-culdades, sobretudo no que diz respeito ao pouco contingente, mas também dizendo que os empre-sários devem melhorar os seus projetos. Quanto ao que aconteceu, não tive nenhum problema com o Sinduscon. Até porque, o fato de algum afiliado proceder de forma indevida, eu considero isso uma situação extremamente isolada. Aliás, das grandes empresas, não tenho conhecimento de ações er-rôneas. Às vezes, o comportamento isolado de um afiliado não pode contaminar os demais.

ECONE Atualmente, qual a estrutura de fiscais do órgão?DR Até dezembro de 2010, nós tínhamos sete fiscais. Hoje são 27 e, em breve, assumirão mais seis, somando 33 fiscais. Eles vão cobrir toda a cidade. O maior problema? É que às vezes têm empresários que contam a história pela metade. É verdade que temos dificuldade de gente. Agora, é mais verdade ainda que quase 95% dos processos que dão entrada na Semam chegam em desacordo com as normas estabelecidas pelo órgão. Há uma necessidade, neste período de exame, de muitas “idas e vindas”. Entregamos muitas notificações para conserto daquilo que está incorreto. Na me-

Não me parece razoável, quando uma decisão judicial

substitui a lei. Uma coisa é interpretá-la, outra é substituí-la

dida em que o cidadão, o empresário ou a pessoa física dá entrada em um projeto e este vem errado, eles não podem, depois de um ou dois anos que o processo não saiu, dizer que o problema foi do órgão ambiental. Isso porque, na maioria das ve-zes, não é verdade. Quando o projeto chega todo arrumado, ele sai em três ou quatro meses, o que consideramos um prazo razoável. No momento em que os órgãos devem se estruturar para otimizar serviços, os empresários também devem organizar e planejar suas ações.

ECONE A expansão imobiliária é um problema?DR É inimaginável alguém pensar que uma cidade como Fortaleza não sofra, diariamente, pressão por novas construções. Atualmente temos um grande deficit habitacional. Só de construções novas, são mais de 100 mil. Na Habitafor (Fundação de De-senvolvimento Habitacional de Fortaleza), 75 mil famílias estão inscritas a espera de uma casa para morar. Quem tá na base da pirâmide social e não tem moradia, faz pressão. A classe média, também pressiona, ela começa a melhorar de vida. Mui-tos jovens que estão estudando, preparando-se para entrar no mercado de trabalho também vão querer, e aí? Como vai ser? Nós vamos dizer para

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Entrevista

essas pessoas que elas não podem sonhar em ter uma casa porque está proibido construir em Forta-leza?. Vamos ter necessidade, sim, de tirar árvores e replantar em outro canto ou no mesmo local. Temos que descontaminar esse debate. Não pode-mos criar uma lei em Fortaleza dizendo que está proibido construir na cidade. Imagina isso? Temos que deixar a demagogia de lado nesse debate. O que se tem de fazer é acordar esses dois valores humanos importantes, de melhorar a vida das pes-soas, melhorar a vida nas cidades do ponto de vista de emprego, de renda, entretenimento com fazer o que tem que ser feito compatibilizando essas ne-cessidades com a legislação do meio ambiente.

ECONE Mas o senhor tem um impasse muito grande...DR Aí é onde eu vou chegar. Fortaleza tem feito uma grande interlocução com a Suécia, particu-larmente com Estocolmo e a gente tem aprendido muita coisa interessante. Não apenas lá, mas no mundo todo e no Brasil já tem muita coisa acon-tecendo nesse sentido. Na Suécia eles usam o seguinte lema: “Natureza na construção e cons-trução na natureza”, ou seja, você interfere, mas também protege. Na hora que se constrói, e tem que interferir, se joga natureza dentro daquela construção. É uma simbiose muito bacana.

ECONE Outros grandes problemas da cidade são as poluições visual e sonora. Como a Semam está trabalhando isso?DR Muitas vezes, encontramos situações em que as pessoas batem palma quando a fiscalização está acontecendo no seu vizinho. Quando a fiscalização bate na porta dele, ai a coisa muda. O problema é que, atualmente não podemos avançar em certas situações. Na questão poluição visual, demos um bom salto, tivemos muitas coisas para comemorar, mas, de uns oito meses para cá, ficamos de mãos

É verdade que temos dificuldade de gente. Agora, é mais verdade ainda que quase 95% dos processos que dão entrada na Semam chegam em desacordo com

as normas estabelecidas pelo órgão

amarradas porque existem decisões liminares proi-bindo a Semam de fazer qualquer coisa. O que te-nho a dizer é que, hoje, a Semam está proibida de fazer cumprir a lei sob pena de o secretário ser ameaçado de ir novamente para a prisão. E a lei existe, é a número 8.221/98. Estamos em uma si-tuação tão grave, neste sentido, existem empresas de Brasília, que por não poderem fazer este tipo de procedimento, estão vindo para Fortaleza. Sabem que aqui está podendo, por decisão judicial. Aí eu pergunto, onde fica a autonomia dos órgãos polí-tico-administrativos? No caso da poluição sonora é a mesma coisa. Por exemplo, existe um buffet, no bairro Seis Bocas, que estava funcionando sem autorização para utilizar de equipamentos sono-ros e que estava importunando as residências ao seu redor. Nós embargamos o local, mas, semana passada, recebemos uma liminar onde o juiz pediu que suspendêssemos o embargo e liberássemos o funcionamento. Quer dizer, estou proibido de fis-calizar o Buffet. Nessa hora, a população pensa que não estamos fazendo o nosso trabalho.

ECONE Quer dizer que o judiciário está atenden-do àqueles que estão transgredindo a lei?DR Essa é a questão. O sistema judiciário está substituindo o legislador. O problema é que as re-gras legislativas não são, aleatoriamente, coloca-das na cabeça de um vereador ou da prefeita. Elas são debatidas e discutidas com todos os segmentos da sociedade, movimentos ambientalistas e em-presários, sendo, em seguida, votada na Câmara dos Vereadores. Se essas leis são boas ou ruins, en-tão vamos fazer uma disputa para mudá-las. Mas façamos isso, através dos mecanismos estabeleci-dos no marco de um Estado democrático de direi-to. Não me parece razoável, quando uma decisão judicial substitui a lei. Uma coisa é interpretá-la, outra é substituí-la. Na verdade minha crítica é a

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este sistema, meio perverso, que existe no Brasil, baseado na “judicialização e promotorização” do ato administrativo. Acontece que muitas pessoas, antes de procurar a Semam para resolver qualquer pro-blema, elas se encaminham para outros órgãos. É o famoso jeitinho brasileiro. Mas isso está acabando.

ECONE A Agenda 21 foi uma das principais dire-trizes da Eco 92, como mecanismo de construção de cidades mais sustentáveis. Passados 20 anos, como está a Agenda 21 de Fortaleza?DR Temos trabalhado intensamente nisso. Es-tamos avançados no trabalho de diagnóstico, in-clusive com o desenvolvimento do Plano Diretor Arbóreo de Fortaleza, através da assessoria da UECE (Universidade Estadual do Ceará). Quan-to ao gerenciamento de resíduos sólidos, que en-volve tanto a Agenda como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estamos realizando o plano municipal. Estamos intensificando, duramente a fiscalização destes resíduos, particularmente da construção civil. Também estamos com muita coisa adiantada no que diz respeito coleta seleti-va, inclusive negociando um projeto com o BNDS que terá um aporte de R$ 24 milhões. E estamos inaugurando ainda outro galpão de triagem de re-síduos, no bairro do Bom Sucesso.

ECONE Como Fortaleza está se preparando para participar da Rio+20?DR Estou extremamente animado. Fortaleza vai participar com várias ações, mas quero salientar, particularmente, duas delas. A primeira é o Vila do Mar, localizado no Pirambu, que é o maior aglomerado urbano da América Latina e que sem-pre foi visto como um problema social, uma área violenta. Não existia Beira Mar no Pirambu e o Vila do Mar resgatou isso. É um projeto de muito orgulho para nós. A segunda são as duas áreas de conservação ambiental da Sabiaguaba. Estamos fazendo um grande estudo que está sendo objeto de pesquisa de ambientalistas estrangeiros.

ECONE Deodato Ramalho está sendo um secre-tário emblemático? DR Isso quem vai avaliar é a população. É claro que posso dizer que estou procurando desempe-nhar bem o meu papel. Acredito que temos um saldo positivo, mas dizer se sou emblemático ou não, acho que quem vai avaliar é a cidade. Mas tenho tranquilidade em dizer que estou sendo co-erente com os meus discursos.

Estamos avançados no trabalho

de diagnóstico, inclusive com o desenvolvimento do Plano Diretor Arbóreo de Fortaleza, através da assessoria da UECE (Universidade Estadual do Ceará)

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É Curioso!

huva Sólida” é o nome do novo sistema de irrigação desenvolvido pelo engenheiro químico mexicano, Sergio Velasco Jesus Rico. Ele desenvolveu um produto, a base

de poliacrilato de potássio, capaz de manter as plantas hidratadas em zonas áridas e com baixa precipitação pluviométrica. O objetivo é conser-var a umidade na raiz.

A invenção de Rico forma um composto que captura e armazena a água em forma de gel sem al-terar a estrutura química da mesma. A susbstância é um polímero super absorvente, – o mesmo usa-do em fraldas descartáveis – permanece próximo à área radicular das plantas sem ser absorvido pelo solo, e sem evaporar. O poliacrilato de potássio é um pó branco similar ao açúcar, e quando mistu-rado à agua vira um gel.

De acordo com o Instituto Politécnico Nacional (IPN), México, cada quilograma da fórmula do en-genheiro pode gelatinizar meia tonelada de água, ou seja, 500 quilos de “chuva sólida”. O produto pode ser transportado em sacolas de plástico e, mantido na

C

Sistema de irrigação único utiliza a água em estado sólido e tem como objetivo conservar a umidade na raiz. Os bons resultados viabilizam a tecnologia para aplicação em zonas secas.

Novo método para combater a estiagem

sombra para ser usado no momento oportuno. Pode ser usado em todo tipo de vegetação, como pastos, bosques, e em todas as áreas de cultivo de alimentos.

Culturas tradicionais necessitem de 80 litros de água uma vez por semana, com a “chuva sólida” só precisam de 50 litros de rega a cada três meses. O que em muitas culturas também contribue para um aumento na produção por hectare. Segundo o pesquisador, em zonas áridas, o rendimento agrí-cola é muito maior, quase 20 vezes mais.

O IPN considera a invenção uma metodologia de bem sucedida. “A chuva sólida é um sistema de irrigação que, diferentemente de outros, como o de gotejadores e de infiltração, é o único que utiliza a água em estado sólido; os resultados são extraordi-nários porque a raiz se mantém úmida por muitos meses, sendo reidratada muitas vezes com as preci-pitações”. A invenção de Rico já está sendo utiliza-da na Índia, mas ainda não foi aplicada no México porque as autoridades não aceitaram a tecnologia.

Pelo desenvolvimento do novo sistema de irrigação, o engenheiro Sergio Rico foi indicado para o Prêmio Mundial da Água 2012, outorga-do pelo Stockholm International Water Institute (SIWI), em Estocolmo, Suécia.

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É Curioso!

Mosca rara recebe o nome de Beyoncé

Açaí, cupuaçu e rapadura

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ientistas “batizam” uma rara espécie de mosca australiana com o nome de Scap-tia (Plinthina) beyoncease em homena‑gem à diva do pop Beyoncé. Segundo os

pesquisadores a ideia surgiu pela semelhança do tom dourado do inseto com a roupa usada pela cantora no videoclipe de Bootylicious – ainda com o grupo Destiny’s Child.

Essa cor brilhante faz com que a Scaptia (Plin‑thina) beyoncease seja “a diva das moscas de todos os tempos”, disse o entomologista da Organização para a Pesquisa Industrial e Científica da Austrália (CSIRO) Bryan Lessard. Para o cientista australiano, batizar a mosca dessa forma, é uma oportunidade de demonstrar “o lado divertido da taxionomia”, a ciência que classifica os seres vivos.

O inseto foi encontrado em uma área no oeste da cidade de Cairns, no nordeste australia‑

rojeto de Lei 2787/11 que pretende dar ao açaí o título de fruta nacional está sendo analisado na Câmara Federal. A proposta

que tem como objetivo evitar o uso da marca “açaí” por empresas estrangeiras e garantir o do‑mínio brasileiro sobre o fruto da região amazônica já foi aprovada no Senado.

O açaí, o nome é oriundo do tupi yasa’i’ – a fruta chora – é muito utilizado nas indústrias de alimentos e de cosméticos. Em 2007 o governo brasileiro conseguiu cancelar um registro da marca “Açaí” patenteado em 2003 pela empresa japonesa K.K. Eyela Corporation.

Com o cupuaçu não foi diferente. Em 2008

a típica fruta típica da Amazônia, também virou fruta nacional (Lei 11.675/08). Naquela época foi preciso representação do governo brasileiro na Organização Mundial de Comércio (OMC) para garantir ao País o direito de uso do nome da fruta genuinamente brasileira. A nossa rapadura é ou‑tro produto patenteado por empresa estrangeira. Mas, diferente das exóticas, açaí e cupuaçu o típi‑co produto nordestino não é genuinamente brasi‑leiro. Muito comum em diversas outras regiões da América Latina, até mesmo na americana Costa Rica, onde recebe o nome engraçado de tapa de dulce. Quem vai brigar pela propriedade da nossa quase “genuína” rapadura?

no, em 1981, ano em que Beyoncé nasceu. Não é a primeira vez que um inseto é batizado em refe‑rência a um artista, outros já tiveram esta honraria como é caso do cantor canadense Neil Young e da banda Ramones. Até agora os pesquisadores não conseguiram contato com a cantora pop Beyoncé para contar sobre a homenagem.

Janeiro/2012Janeiro/2012 3737

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Recursos vindos de países doadores interessados em promover a sustentabilidade em países emergentes, o FIP contempla o Brasil por apresentar um cenário de potencial mitigação. A Caatinga fica de fora e o Bioma contemplado é o Cerrado.

Conservação

FIP: Fundo para a sustentabilidade

das florestas

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ano de 2012 promete ser de vários investimentos no setor verde brasileiro. Pelo menos, é isso que mostra a teoria. Recursos financeiros, inclu-

sive estrangeiros, começam a aparecer para garantir a sustentabilidade das florestas na-cionais, e frear, mesmo que minimamente, a degradação ambiental. O último deles é o Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês), que deverá injetar cerca de US$ 70 milhões no Cerrado, ga-rantindo políticas setoriais voltadas à pro-moção do uso sustentável do bioma. A verba é oriunda do Fundo de Investimento Climá-tico (CIF, sigla em inglês), que vai agraciar ainda outros sete países-piloto, com um montante de US$ 550 milhões.

Mesmo com o bioma sendo caracte-rístico da região Centro-Oeste do País, este ano, a Caatinga, que possui cerca de 90%

O

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Conservação

da floresta localizada no Nordeste, principalmen-te, no Ceará, não ficará sem recursos. O secretá-rio Executivo do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do Ceará (Conpam), Iraguassu Teixeira, salientou que, mesmo pouco, os investi-mentos realizados na floresta cearense vêm avan-çando nos últimos anos. Apenas em 2011, o Fun-do Sócio-Ambiental da Caixa Econômica Federal reverteu, ao Estado, cerca de R$1,5 milhão para projetos de redução da desertificação e preserva-ção da Caatinga.

Para este ano, os recursos devem ser ainda mais consistentes. De acordo com Iraguassu, além dos investimentos realizados por órgãos privados e governamentais locais, o Ministério do Meio Am-

biente (MMA) já possui cerca de R$ 20,5 milhões em projetos aprovados e em execução, voltados para o reflorestamento, educação ambiental e as-sistência técnica das sete unidades de conservação localizadas exclusivamente na Caatinga cearense.

“Ainda não temos a confirmação do montan-te dos investimentos voltados para a Caatinga este ano. Porém, em 2011, o indicativo de investimen-to vindos do Fundo Nacional do Meio Ambiente girava em torno de R$300 milhões para todo o Bioma. Vale lembrar que cerca de 90% da floresta está localizada no Nordeste e boa parte no Cea-rá. Atualmente, a nossa principal preocupação é o avanço da desertificação e parte deste recurso será empregado nesta questão”.

A verba é oriunda do Fundo de Investimento Climático (CIF, sigla em inglês), que vai agraciar ainda outros sete países-

piloto, com um montante de US$ 550 milhões

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eXPloRaÇÃo PReDatÓRIaSegundo o secretário, outro grande problema é a exploração predatória da mata para a produção de lenha. Ele explicou que muitos moradores utilizam seus os poucos hectares para o corte da madei-ra, que é vendido para carvoarias de forma ilegal. Contudo, os trabalhos que serão realizados este ano serão voltados para a conscientização destes micros produtores, mostrando que a preservação pode ser mais rentável que a exploração. A ação está inserida nos projetos voltados para a Eficiên-cia Energética.

“A diferença é que no Cerrado e na Mata Atlântica, o desmatamento é realizado por poucos produtores que utilizam as florestas como pasto e produção agrícola. Na Caatinga, como é um bio-ma de grande densidade demográfica, a degrada-ção é feita de forma difusa. São pessoas de baixa renda que, muitas vezes, realizam o desmatamen-to por falta de conhecimento. Já se tornou uma questão cultural”, pontuou ele, lembrando que os três principais pontos de desertificação estão loca-lizados no Baixo Jaguaribe, na região de Irauçuba e na Chapada do Araripe.

mUDaNÇa De CeNÁRIoPor outro lado, o cenário da Caatinga cearense deve mudar drasticamente nos próximos dois anos. Com a proposta do Governo Estadual de dobrar o número de Unidades de Conservação (UC) – atualmente somam 23 –, o bioma deve re-ceber uma atenção especial, já que grande parte destas áreas de preservação está situada em áre-as urbanas e litorâneas. Iraguassu salientou que estudos técnicos já estão sendo realizados para a formatação de uma UC exclusiva na Caatinga, de 30 mil hectares.

“Junto com o Ministério do Meio Ambiente, a Associação Caatinga e a ONG The Nature Con-servancy (TNC, sigla em inglês), o Conpam vem realizando este trabalho, e a intenção é definirmos o local da unidade ainda este ano. Duas regiões es-tão sendo estudadas. A primeira é no Sertão Cen-tral em direção ao Inhamuns e a outra é no Sertão Central para o lado oeste, localizada na região de Canindé e Santa Quitéria”.

O secretário lembrou ainda que uma das me-tas do MMA é preservar 10% de toda a Caatinga, através de áreas de proteção. Atualmente, apenas 1,5% são protegidas de forma integral. Ele ressal-

tou também que, nos próximos dias 14,15 e 16 de março, o Banco do Nordeste realizará a 1ª Confe-rencia Regional de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Caatinga – A Caatinga na Rio+20, para analisar todos os aspectos da floresta e elaborar planos de ação durante o evento internacional, sendo uma iniciativa pioneira no Brasil.

PRoGRama De INVeStImeNtoS em FloReSta – FIP Segundo a gerente da Secretaria de Mudança Cli-mática do MMA, Natalie Unterstell, o FIP faz par-te de um conjunto de fundos voltados para a pre-servação florestal. A iniciativa foi criada em 2007 por países doadores interessados em promover a sustentabilidade em países emergentes, facilitan-do, assim, recursos internacionais. De acordo cm ela, o Brasil foi um dos selecionados por apresen-tar um cenário de potencial mitigação, além da possibilidade de desenvolvimento ambiental im-pulsionado pela verba.

Natalie explicou que o Cerrado foi o bioma sugerido devido o alto grau de emissões de car-bono. Entretanto, apesar dos recursos não serem exclusivos para o Cerrado, a floresta deve ser a maior beneficiada devido à limitação do fundo e existirem outras fontes de investimentos nos ou-tros Biomas brasileiros.

CoNSUlta PÚBlICaAté o próximo dia 5 de março, o Plano de Investi-mento do Brasil para o Programa de Investimentos em Florestas estará disponível para consulta pú-blica. O documento contém proposta de articula-ção para construir sinergias que potencializam os impactos de um conjunto de políticas setoriais vol-tadas à promoção do uso sustentável do Cerrado, que contribuam para a redução do desmatamento do bioma mediante a geração e a gestão de infor-mações florestais e o aprimoramento da gestão e manejo de áreas já antropizadas.

A consulta visa construir, de forma partici-pativa, as ações prioritárias do País relacionadas ao FIP, de forma que o Governo tenha condições de aprofundar o diálogo com a sociedade acerca do desenvolvimento, implementação e avaliação do Plano. O processo de participação ainda in-cluirá oficina presencial e continuará durante a preparação dos projetos específicos propostos no Plano de Investimento.

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Conservação

Curiosidade sobre o Cerrado>> O Cerrado abrange cerca de 200 milhões de hectares do Planalto Central do Brasil (24% da área total do país) e é o segundo maior bioma brasileiro e da América do Sul. A região abriga as nascentes de três grandes bacias da América do Sul: Tocantins-Araguaia, Paraná-Prata e São Francisco. Sua posição central determina transições com outros biomas brasileiros, como a Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Caatinga, Pantanal. O Cerrado é uma savana úmida sazonal, com precipitação variando de 800 a 1.800 mm, sendo que cerca de 90% da precipitação anual ocorre durante a estação chuvosa, entre outubro e abril.

>> O bioma apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de

conservação. Desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável. Terras indígenas ocupam cerca de 4,4% da extensão total do bioma, concentradas nos Estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.

>> Estima-se que o desmatamento no Cerrado seja, proporcionalmente, mais severo do que o da Amazônia. No período de 2002-2008, o desmatamento da Amazônia representou 3,2% da área do bioma (com clara tendência de queda), restando cerca de 82% da área original de floresta, enquanto no mesmo período o Cerrado perdeu 4,1% de sua cobertura, restando apenas 52% da área de vegetação nativa.

Como funciona o programa

Criado pelo Fundo de Investimento Climáti-co, o FIP visa a mobilizar fundos para facilitar a re-dução do desmatamento e da degradação florestal, e promover a melhoria da gestão sustentável das florestas, contribuindo para a redução de emissões e a proteção dos estoques de carbono florestal.

O FIP conta com aproximadamente US$ 550 milhões para aplicação em oito países-piloto, sele-

cionados dentre mais de 50 países em desenvolvi-mento. Além do Brasil, foram selecionados Burki-na Faso, República Democrática do Congo, Gana, Indonésia, Laos, México e Peru. No Brasil deverão ser alocados entre US$ 50 e 70 milhões.

Além disso, será colocado em funcionamen-to o Mecanismo de Doação Dedicado a Povos Indígenas e Comunidades Locais, com o intuito de promover efetiva participação desse público na concepção e implementação dos planos de in-vestimento dos países-piloto. O Mecanismo está sendo desenvolvido por um grupo de trabalho internacional composto por representantes de povos indígenas e comunidades locais das regi-ões geográficas dos países-piloto. O instrumento deverá prover até US$ 6,5 milhões em financia-mento para ações no Brasil.

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Educação Ambiental

EcoArte:A Prática dos 5R

Alguma vez você já pensou quanto plástico é descartado pela sociedade atual? Os aterros estão lotados deles, levam até 300 anos para efetivar o processo de biodegradação – uma situação insus-tentável.

Que tal praticar os 5R? É uma metodologia que visa à redução de resíduos. Uma nova ordem na busca do consumo responsável que passa pela mudança de hábito, como “Repensar” velhos hábitos de consumo e descarte ou o “Recusar” produtos com origem duvidosa como madeiras não certificadas e o uso abusivo de copos descar-táveis.

A seguir os 5R:

1º Repensar2º Recusar3º Reduzir4º Reutilizar5º Reciclar

Dentro do conceito, e inspirados na prática do 4º e 5º “R”, sugerimos a confecção de um co-lor que usa como matéria prima, copos plásticos descartáveis. É muito fácil, experimente a nossa sugestão, uma ideia do blog da Carla (http://maos-a-obra.blogspot.com/2011/09/bijouterias--de-plastico.html).

Bijuteria de Plástico

Materiais: * 5 copos plásticos recicláveis do tipo 6PS * Fonte de calor (como um forno bem ventilado) * Corrente para usar como base do colar e argo-linhas * Alicates e furador de papel

Tempo de confecção: 60 minutos

8. Pronto!

1. Retire o fundo e a borda do copo plástico.

2. Corte formas arredondadas, aproximadamente o tamanho de pétalas de rosas grandes.

3. Faça furos com o furador.

4. Esquente o forno a 80ºC... Observe com atenção, ele vai murchar e curvar rapidamente, leva cerca de 25 segundos. Trabalhe com pequenas quantidades para um melhor controle.

5. Retire do forno e deixe esfriar.

6. Para montar a joia, vamos usar os demais materiais.

7. Com as argolas una as peças na corrente, certificando-se de posicionar todas as peças com as pontas curvadas para fora, para não irritar a pele, caso sua pele seja mais sensível.

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Responsabilidade Social

Amigos do planeta e das escolas

ONG e empresa privada, juntos idealizam e desenvolve projetos nas áreas de Educação, Saúde, Meio Ambiente e Cidadania em escolas de cidades do sertão com baixo índice de desenvolvimento humano. Mais de15 mil pessoas, entre alunos, educadores e comunidade, já foram beneficiadas em Crateús (CE).

sucesso do projeto Amigos do Pla-neta na Escola (APE) – idealizado pela Casas Bahia em parceria com o Instituto Brasil Solidário (IBS) e

que realiza atividades de cunho sustentável em escolas públicas brasileiras – vem mobilizando ações no interior do Ceará. A partir de expedições a municípios com baixos índices de alfabetização e de Desenvolvimento Humano (IDH), o programa desenvolve atividades pedagógicas e de educação ambiental, oportunidades de iniciação profissional e atendimentos na área de saúde, garantindo me-lhor qualidade de vida a essas comunidades. Sem fins lucrativos, o IBS é uma Organização da Socie-dade Civil de Interesse Público (Oscip).

Crateús passou a fazer parte do APE ainda no primeiro biênio do programa, entre 2009 e 2011. A cidade construiu, a partir da iniciativa, um galpão de triagem, material e capacitação para os catado-res, prensa hidráulica, balança, caminhão de trans-porte, ecopontos e material de educação ambiental. Desde o dia 3 de fevereiro, a coleta seletiva está sendo realizada, semanalmente, em toda a cidade.

Para garantir a conscientização da comunida-de em relação à separação de lixo, o município já deu início ao projeto por meio de campanhas de

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rádio, cartazes, panfletos e folders explicativos. Mais de15 mil pessoas, entre alunos, educadores e comunidade, já foram beneficiadas pelo Amigos do Planeta na Escola em Crateús. “O trabalho foi tão bem aceito que os órgãos públicos da cidade resolveram dar início à coleta seletiva municipal, beneficiando não somente uma comunidade como toda a região”, explicou Luis Salvatore, coordena-dor dos projetos do APE e presidente do IBS.

Desde 2009, quando o programa foi recebido na zona rural de Crateús, foi notado que diversas atividades implementadas, como as oficinas de Educação, por exemplo, continuavam sendo pro-pagadas. A instituição Escola de Cidadania Santa Rosa, por sua vez, foi contemplada em 2010 com o prêmio Escola Nota 10, dedicado à alfabetização, ficando em oitavo lugar em todo o Estado do Ceará.

Na ocasião, o programa Amigos do Planeta na Escola montou uma biblioteca com doação de li-vros e computadores, rádio escolar, arborização, cultivo de horta comunitária, oficinas de papel reciclado, coleta seletiva, palestras, atendimentos médicos, entre outras atividades. “Desde então re-alizamos visitas periódicas em Crateús para avaliar os projetos que demos início em visitas passadas. Foi com muita alegria que vistoriamos as obras em novembro e continuaremos apoiando projetos es-

peciais como o da coletiva seletiva em todo o mu-nicípio”, ressalta Salvatore.

o amigos do Planeta na escolaMantenedor do Programa de Desenvolvimento Sustentável, IBS desenvolve projetos nas áreas de Educação, Saúde, Meio Ambiente e Cidadania em escolas de cidades do sertão brasileiro com baixo índice de desenvolvimento humano. O programa atua em várias vertentes da educação: desde a implementação de bibliotecas e oficinas de arte-educação até a plantação de árvores, for-mação de hortas, coleta seletiva e reciclagem de lixo, além de palestras e atendimentos voltados à nutrição, saúde bucal e ocular. O Amigos do Planeta na Escola é mantido com a verba prove-niente das ações de reciclagem e logística rever-sa de embalagens promovidas pela Casas Bahia em seus prédios administrativos, fábrica de mó-veis e centro de distribuição.

ResultadosEm seus dois primeiros anos de trabalho, o APE visitou dez cidades nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraí-ba, Piauí, Maranhão e Ceará. Ao todo, 650 mil pessoas foram beneficiadas com a instalação de bibliotecas, criação de oficinas de arte, além de assistência médica e odontológica, entre várias outras frentes de trabalho. Já no segundo biênio do programa, de 2011 a 2013, os municípios de Tamboril (CE), Barreirinhas (MA), Quatipuru (PA), Alto Paraíso (GO) e Irecê e Palmeiras (BA) serão visitados.

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Uma obra que revolucionou a concepção sobre a origem da vida e já foi definido como o livro mais influente depois da Bíblia

Com certeza, um dos maiores livros científicos da história. “A Origem das Espécies”, lançado em 24 de Novembro de 1859, resultado de anos de trabalho do naturalista inglês Charles Darwin (1809‑1882), mudou o mundo. Em sua teoria, ele conclui que os seres vivos se adaptam por meio de mecanismos como a Seleção Natural.

Passados 152 anos de sua primeira versão, provavelmente ainda é o livro de cabeceira de muitos cientistas e pensadores. A obra – um marco na história da Ciência Natural – revolucionou a concepção sobre a origem da vida e já foi definido como o livro mais influente depois da Bíblia. A partir do livro, a Teoria da Evolução de Darwin, passa a ser a base de toda biologia moderna.

Em contradição com os paradigmas religiosos da época, o livro trouxe polêmicas não só para o meio acadêmico, pois abordava um tema que é latente nos questionamentos humanos sobre a vida. Desta forma, Darwin conseguiu uma grande notabilidade mundial. A teoria da seleção natural transcendeu as ciências naturais para invadir as humanas, e pode ser encontrada, até hoje, em tratados de economia.

Para facilitar o entendimento do leitor, Darwin dispôs em “A Origem das Espécies” um glossário contendo os principais termos científicos empregados na obra. Ele se utiliza, ainda, de uma linguagem acessível, permitindo que todos desfrutem seus conhecimentos.

Eco leitura

Um livro que mudou o mundo

“A Origem das Espécies e a Seleção Natural”, de Charles DarwinTradução: Soraya FreitasEditora: MadrasPáginas: 464 páginasPreço: R$ 49,90

Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor

Um livro que traz como tema central a avaliação dos impactos que a emergente consciência sobre a sustentabilidade está tendo sobre a economia, a política e a sociedade em geral.

A obra José Eli da Veiga, produzido pela Editora Senac São Paulo e patrocinado pelo Itaú Unibanco, aborda três grandes questões: o significado do termo sustentabilidade, a passagem da era fóssil para a de baixo carbono e a necessidade de superar o PIB e a macroeconomia convencional.

Afirma que a falta de uma definição clara de sustentabilidade não pode (e não deve) impedir medidas restritivas por parte do poder público. Um assunto atual de ampla discussão em vários segmentos da sociedade civil moderna. O

livro é uma longa resposta à pergunta: o que é sustentabilidade?Título: Sustentabilidade: a legitimação

de um novo valor 2ª Edição160 páginasEditora: Senac São Paulo

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esqueceram de mimO artigo 225 da Carta Maior da República, em seu parágrafo 4º define o seguinte: “A Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Ma-togrossense e a Zona Costeira são patri-mônio nacional e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.” Falta acrescentar neste parágrafo a Caatinga. Houve omissão do legislador e de especialistas. Alguns tei-mam em não inserir o Bioma Caatinga, único exclusi-vamente brasileiro, no mesmo nível, por exemplo, do Bioma Amazônico.

omissão a ser reparadaNão constar a Caatinga, com o seu devido valor ecoló-gico para o ecossistema brasileiro, na norma constitu-cional, constitui uma omissão que deve ser reparada pelo legislador. Ainda que a legislação infraconstitu-cional, mercê de ingente esforço dos “caatingueiros”, tenha avançado e venha sendo posta à mão dos ope-radores do Direito e da sociedade, especialmente das populações que vivem na caatinga, urge que algo mais substancioso no plano da lei, seja dada ao povo da ca-atinga como âncora dos esforços de quantos querem ver preservadas as características sócio-ambientais e ecológicas da Caatinga.

legislação coercitivaLembra o professor Pedro de Vasconcelos “Estudo acerca da legislação ambiental, com ênfase na tutela jurídica da flora brasileira” que ao se olhar a questão da preservação da natureza a partir da visão jurídica de Miguel Reale – segundo a qual a estrutura do direi-to é tridimensional, ou seja, pressupõe a existência de um fato ao qual a sociedade atribui valor, levando ao estabelecimento de normas de Direito com o objetivo de o regular – conclui-se que o ser humano não valo-riza sua relação com o meio ambiente, pois na maioria das vezes tem criado normas de baixo poder coercitivo e, portanto, inócuas. No Brasil, a legislação ambiental tem avançado sobremodo. Todavia, no respeitante à preservação da Caatinga, ainda estamos a merecer uma legislação mais firme e coercitiva.

Corredor ecológico da CaatingaO Ministério do Meio Ambiente, arri-mou-se na Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Na-cional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e estabelece

critérios e normas para a criação, im-plantação e gestão das unidades de con-

servação, para baixar a Portaria 131, de 4 de maio de 2006, a qual cria o Corredor Ecológico da

Caatinga. Trata-se de um dispositivo legal que define área de preservação e conservação. Todavia, medidas mais abrangentes são necessárias e no momento atual se fazem urgentes, dadas as omissões legislativas até aqui verificadas.

IBama e Conselhos administramO Corredor Ecológico de que fala a Portaria 131, refe-rida no tópico anterior, compreende os territórios que interligam as seguintes unidades de preservação: No Estado de Pernambuco: Parque Nacional do Catimbau, Reserva Biológica de Serra Negra, Reserva Particular do Patrimônio Natural Cantidiano Valqueiro Barros e a Reserva Particular do Patrimônio Natural Maurício Dantas. No Estado da Bahia: Estação Ecológica do Raso da Catarina, Área de Proteção Ambiental Serra Branca/Raso da Catarina, Área de Relevante Interesse Ecoló-gico Cocorobó. No Estado de Sergipe, o Parque Natu-ral Municipal Lagoa do Frio. Além das áreas definidas inserem-se também suas zonas de amortecimento, interstícios, e áreas protegidas existentes ou aquelas a serem criadas. O IBAMA tem a responsabilidade de administrar o Corredor Ecológico da Caatinga com o acompanhamento dos Conselhos das unidades de conservação definidos na Portaria supramencionada.

À sombra da lei Direito & Meio Ambiente

Por Barros Alves - [email protected]

Pensando direitoA Caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos (Graciliano Ramos, romancista brasileiro em “Vidas Secas”)

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Datas comemorativas13 de março de 2012

Eco Agenda

Dia Mundial de Luta dos Atingidos por Barragens

Dia Florestal Mundial As florestas constituem um valioso recurso

natural renovável gerador de múltiplos bens, e serviços da maior relevância para o meio ambiente, para a economia e para o equilíbrio da vida no planeta. É o resultado de um longo processo evolutivo de milhões de anos, constituindo‑se um dos principais reservatórios de carbono da biosfera.

Em 1971 uma proposta da Confederação Europeia de Agricultores, acolhida pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), foi estabelecido o Dia Florestal Mundial, com o objetivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.

21 de março de 2012

Segundo o relatório da Comissão Mundial de Barragens (órgão ligado à ONU), no mundo, cerca de 80 milhões de pessoas foram atingidas direta ou indiretamente pela construção de barragens que favorecem e incrementam “um modelo de geração de energia que privilegia indústrias em detrimento da enorme massa de trabalhadores que acabam perdendo suas casas, terras e trabalho”. O movimento foi se intensificando, ainda na década 1970, durante o período do chamado “milagre econômico”, tempos de ditadura militar.

Atualmente, no centro da luta dos atingidos por barragens no Brasil, está a usina de Belo Monte e a questão da privatização da água. “O País é dono das maiores reservas de água potável do mundo. Não tem cabimento entregar toda essa riqueza para o capital privado, seria o mesmo que entregar a Petrobrás e o pré‑sal, é uma questão de soberania nacional”. Esta é a lógica do movimento nacional.

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Dia do Meteorologista

Meteorologia é a ciência que investiga os fenômenos atmosféricos, e cujas observações possibilitam, por exemplo, a previsão do tempo. E o meteorologista é o profissional que estuda as ciências atmosféricas e aplica a meteorologia às diversas outras ciências e a situações do cotidiano.

O profissional dessa ciência é responsável pelo estudo das condições climáticas e análise de dados como chuvas, umidade, ventos, correntes de ar e marítimas, mudanças de clima, movimentos atmosféricos, amplitudes térmicas, etc. Com tais informações o meteorologista pode prever as condições climáticas em todas as regiões do país. O meteorologista é graduado em faculdade de Meteorologia. Ao todo, no Brasil, são apenas oito cursos credenciados pelo Ministério da Educação. Existem graduações em São Paulo (USP), Alagoas (UFAL), Amazonas (UEA), Paraíba (UFCG), Rio Grande do Sul (UFPEL e UFSM), Pará (UFPA) e Rio de Janeiro (UFRJ).

23 de março de 2012

Prêmio CNI de jornalismo

O dia surgiu no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Ambiente, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1992. Os países foram convidados a celebrar o Dia Mundial da Água e a implementar medidas de uso racional do precioso recurso.

Dia Mundial da Água22 de março de 2012

Continuam abertas as inscrições para o Prêmio CNI de Jornalismo. Poderão concorrer reportagens veiculadas e ou publicadas entre 1º de abril de 2011 e 31 de março de 2012. Serão considerados os trabalhos cuja pauta tenha relação direta com o setor industrial e com a agenda estratégica definida no documento “A Indústria e o Brasil ‑ Uma agenda para Crescer Mais e Melhor”.

As inscrições terminam dia 5 de abril. Todas as informações e o regulamento estão no site: www.premiocnidejornalismo.com.br

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EcoArte

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O FUTURO DO PLANETA

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