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Revista cuidarte nº11 2014

Jan 11, 2015

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Health & Medicine

Cuid'arte - Revista de Enfermagem do Centro Hospitalar de Setúbal

Ano 7 n.º 11 - MAIO 2014

http://cuidartesetubal.blogspot.com/
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Page 1: Revista cuidarte nº11 2014
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CUID’ARTE

2014 - Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

A Revista de Enfermagem do Centro

Hospitalar de Setúbal, é uma publicação

editada pela área de enfermagem do Centro

Hospitalar de Setúbal, EPE. Tem por missão dar

a conhecer as práticas de cuidados de enferma-

gem e ser um veiculo para a publicação de arti-

gos inéditos que contribuam para o conheci-

mento e desenvolvimento da profissão.

Direção

Enfermeira Diretora: Olga Maria Ferreira

Núcleo Redatorial:

Enfermeira Especialista Ana Botas

Enfermeira Especialista Cláudia Estevão

Enfermeira Especialista Isabel Martins

Enfermeiro Flávio Faria

Enfermeiro Chefe Francisco Vaz

Enfermeiro Chefe João Gomes

Enfermeira Especialista Susana Ribeiro

A revisão científica dos artigos publicados foi

realizada pelo grupo de enfermeiros especialis-

tas em reabilitação do Centro Hospitalar de

Setúbal, EPE.

Secretariado

Ana Pádua

(Assistente Técnico)

Edição - Cuid’arte

Propriedade

Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

Administração e Redação

Serviço de Gestão da Formação do Centro Hos-

pitalar de Setúbal

Rua Camilo Castelo Branco, 2910-446 SETÙBAL

Telefone: 265 549 000 - Fax: 265 532 020

E-Mail: [email protected]

Edição Gráfica

Pedro Pedroso

(Técnico de Pós-Produção Audiovisual)

Distribuição e periodicidade

Suporte Digital - (Adobe Acrobate Reader - PDF)

Semestral (Maio/Novembro)

Depósito Legal

Nº 258630/07

ISSN - 1646-7175

anotada na ERC

Sumário Ano 7 | nº 11 | maio 2014

Editorial

5 Enfermeira Diretora Olga Maria Ferreira

Artigo de Investigação

7 INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO

ESPECIALISTA EM REABILITAÇÃO

À PESSOA SUBMETIDA A ARTOPLASTIA

DA ANCA: GANHOS EM SAÚDE

Ana Jacinto; Guilhermina Ferreira; Patrícia Ferraz;

Teresa Lopes

Artigo de Revisão

15 CRIANÇA COM FIBROSE QUÍSTICA

Sara Guerreiro

23 O EMPOWERMENT DA PESSOA COM

DISFAGIA APÓS AVC

Contributo para o conhecimento das competências

do enfermeiro especialista em reabilitação

Patrícia Vaz

31 ENFERMEIRO ESPECIALISTA

EM REABILITAÇÃO

Um contributo na prevenção da incontinência urinária

do utente prostatectomizado

Noélia Ferreira

Destaque

37 Fórum “Cuidar de quem cuida”

Poster Científico

6 Controlo Sintomático do Doente Oncologico

14 Cuidados Limpos Cuidados Seguros

22 Plasma Rico em Plaquetas

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Editorial

A Cuid´arte dedica este número temático à Enfermagem de Reabilitação.

O percurso dos enfermeiros especialistas em geral tem sido como todos sabemos, um lon-go e difícil caminho. A prová-lo, o número de anos de existência dos cursos de especializa-ção e o tempo decorrido até ao aparecimento das competências comuns e específicas e individualização das v|rias especialidades. Mesmo assim… apesar de todos os conceitos estarem definidos, surgem questões na prática dos cuidados, que evidenciam que muitos deles não foram interiorizados e daí a dificuldade do próprio profissional os colocar no ter-reno. Ao conhecimento estão associadas imensas maneiras de fazer com que todos os pro-fissionais se sintam mais seguros, mais satisfeitos, com mais poder.

Quanto mais sabemos, mais podemos, melhor escolhemos!

Aprender e parar, desistir, sentir que j| se conseguiu o objetivo a atingir é a ‘morte do artista’.

Quem investiu e parou, teve certamente outro ‘objetivo’ que não o trabalhar para um bem comum, dividir a experiência, ou procurar a satisfação que daí advêm. O conhecimento abre portas e permite-nos ter mais opções. Não apenas o poder (subir na carreira, ter car-gos, mandar mais…).

Infelizmente h| outras maneiras de chegar aí! Como dizia alguém ‘ter um diploma não significa que não se possa ser um idiota’. Mas o saber é sem dúvida uma porta para o sucesso. Acrescenta-se o esforço a dedicação, o entusiasmo e mais cedo ou mais tarde chegamos lá!

Porque quem sabe e se esforça nunca passa despercebido.

A definição enfermeiro especialista, suportada no REPE, é completa e centrada na pessoa “Enfermeiro com conheci-mento aprofundado num domínio específico de enfermagem (…) traduzidos num conjunto de competências clínicas especializadas relativas a um campo de intervenção especializado”.

Não sei se o conteúdo está devidamente arrumado, nas instituições, nos serviços, nas chefias e nos próprios especialistas.

Estar na profissão significa também estar na vida. A segunda integra a primeira. Se estão todos satisfeitos profissio-nalmente (continuamos a falar de conteúdo de enfermeiros especialistas), vai depender do ângulo com que se olha.

Neste caso, seria o da Obra, do trabalho feito. Não só do dinheiro, dos recursos que no momento atual são escassos, mas da Obra que quando nos retirarmos, queremos deixar.

Na forma como nos reconhecemos naquilo que fazemos.

No sentido que vemos naquilo que fazemos.

Porque quando nos identificamos com o que fazemos e nos reconhecemos, o trabalho deixa de ser um castigo, um sacrifício, uma forma de sobreviver.

A intenção deste texto é a reflexão nos ‘porquês’. Qual a razão por que quero ou quis fazer uma especialidade? E agora que est| terminada atingi o meu objetivo? Perigo…

A condição humana perde substância e energia vital sempre que se sente plenamente confortável. É a sedução do repouso e o imobilismo da acomodação.

A satisfação conclui, encerra, termina.

Não deixa margem para a continuidade para a persistência.

A satisfação, como diz Cortella, acalma, limita, amortece.

Então usemos o conhecimento para fazer avançar a profissão e que o saber adquirido sirva para mostrar a segurança e a autonomia de que tanto já ouvimos falar.

Hoje a temática é Reabilitação!

Amanhã será outra especialidade a colaborar. Precisamos de todos para fortalecer a Profissão e as Instituições. A estas últimas cabe uma das partes mais importantes para o sucesso que é mostrar a cada um, o resultado da sua obra e identificá-la como boa, enorme, magnífica. Fazê-los sentir parte de um todo, onde cada um é imprescindível.

A reflexão deve ser conjunta portanto! Os profissionais e as instituições na procura de um melhor equilíbrio.

Hoje aos Enfermeiros de Reabilitação esta instituição agradece. Tem sido um trabalho de conhecimento, de mérito e com grandes e visíveis resultados.

A vossa obra está traduzida com certeza, em cada doente que melhora.

Obrigada

Olga Ferreira

Enfermeira Diretora do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.

Olga Ferreira

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Artigo de Investigação

INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM REABILITAÇÃO À PESSOA SUBMETIDA

A ARTOPLASTIA DA ANCA: GANHOS EM SAÚDE

Ana Jacinto; Guilhermina Ferreira; Patrícia Ferraz; Teresa Lopes

Enfermeiras do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.

Unidade de Cuidados Médicos II, Anestésicos e Ortopedia

RESUMO

O presente artigo visa demonstrar ganhos em saúde obtidos com a intervenção do enfermeiro especialista em

enfermagem de reabilitação na pessoa submetida a artroplastia total da anca por coxartrose.

O método utilizado consistiu na avaliação de 14 pessoas, através da Escala de Medida de Independência Funcio-

nal (MIF) e da Folha de Registos de Enfermagem de Reabilitação.

Os resultados evidenciaram uma maior autonomia no momento da alta e conhecimentos e aprendizagens

demonstrados, referentes ao programa de reabilitação. O que aponta para, decorrente da intervenção do enfer-

meiro especialista em reabilitação, uma melhor reintegração da pessoa no seu meio familiar e social. .

Palavras-chaves: Artroplastia total da anca; enfermagem de reabilitação; independência funcional;

ganhos em saúde.

INTRODUÇÃO

A coxartrose, como refere Floro (2007), é a mais

comum das patologias articulares e tem repercus-

sões a nível físico, psicológico, sociofamiliar e econó-

mico para a pessoa, devido à incapacidade funcional

que lhe está associada.

O tratamento cirúrgico pela substituição da articula-

ção coxofemoral é uma técnica comumente utilizada

para tratamento desta patologia. Diversos autores

mencionam que, para a pessoa com degeneração da

articulação da anca muito avançada, é fundamental a

realização da artroplastia da anca, de modo a obter

melhoras significativas de todos os sinais e sintomas

apresentados pela pessoa. Como menciona Serra

(2001), a artroplastia total da anca tem como finali-

dade o alívio da dor, a correção de deformidades, o

restabelecimento da função e a prevenção e/ou

melhoria dos efeitos dolorosos sobre as articulações

adjacentes.

Contudo, as pessoas submetidas a artroplastia da

anca, como refere Santos (2008), têm uma probabili-

dade acrescida de se tornarem dependentes pois

esta patologia é uma das principais causas de incapa-

cidade funcional. No período pós-operatório, a pes-

soa apresenta um maior nível de dependência na rea-

lização dos autocuidados comparativamente ao

período pré-operatório, podendo mesmo apresentar-

se totalmente dependente para um grande número

de autocuidados (Morais, 2010). Este facto, para uma

adequada e rápida reinserção no seu seio familiar e

social, determina a necessidade de um programa de

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 7

Page 8: Revista cuidarte nº11 2014

reabilitação adequado às necessidades da pessoa e

às suas capacidades funcionais.

“Os enfermeiros especialistas em reabilitação

trabalham com as pessoas para atingir o nível

máximo de independência funcional na realiza-

ção das atividades de vida diária, promovendo

o autocuidado e reforçando comportamentos

de adaptação positiva.”

Os enfermeiros especialistas em reabilitação traba-

lham com as pessoas para atingir o nível máximo de

independência funcional na realização das atividades

de vida diária, promovendo o autocuidado e refor-

çando comportamentos de adaptação positiva

(Hoeman, 2000). Neste contexto, assumem um

papel fundamental no processo de reabilitação da

pessoa submetida a artroplastia total da anca e do

seu prestador de cuidados, na identificação de neces-

sidades, no estabelecimento e implementação de

plano de intervenção, na avaliação de resultados e na

reformulação do plano, de modo a maximizar as

capacidades funcionais. Ao prestar cuidados perso-

nalizados pretende-se otimizar as capacidades da

pessoa/família e promover a readaptação funcional,

através de um processo de aprendizagem individual,

tendo em atenção os seus potenciais e limitações.

Com este estudo pretende-se: demonstrar a influên-

cia de um programa de reabilitação na autonomia da

pessoa submetida a artroplastia total da anca por

coxartrose; avaliar o tempo de aquisição de conheci-

mentos e aprendizagem do regime terapêutico

perante a intervenção do enfermeiro especialista em

reabilitação na pessoa/família submetida a artroplas-

tia total da anca por coxartrose e identificar os

ganhos em saúde nos três momentos de avaliação .

METODOLOGIA

Estudo realizado no Serviço Ortopedia I do Hospital

Ortopédico Sant´Iago do Outão, no período de 1 de

setembro a 1 de novembro de 2012. A amostra foi

constituída por 14 pessoas submetidas a artroplastia

total da anca por coxartrose. Os critérios de inclusão

estipulados foram: a pessoa ser submetida a arto-

plastia total da anca por coxartrose e ter idade com-

preendida entre 30 e 80 anos. Os instrumentos de

recolha de dados utilizados foram a Escala de MIF e a

Folha de Registos de Enfermagem de Reabilitação

para avaliação da aquisição de conhecimentos/

aprendizagens.

Figura 1 - Escala de Medida de Independência Funcional

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Figura 2 - Folha de Registos de Enfermagem de Reabilitação

RESULTADOS

A amostra foi constituída por pessoas submetidas a artroplastia total da anca por coxartrose, com a distribuição

de 9 pessoas (64,29%) do género masculino e 5 do género feminino. Quanto à classe etária existe uma distribui-

ção dos 31 aos 80 anos, com uma média de 62,9 anos e uma mediana de 60 anos.

Gráfico 1 - Distribuição da pessoa por género Gráfico 2 - Distribuição da pessoa por classe etária

O gráfico 3 apresenta os resultados relativos ao nível de independência funcional segundo a MIF, demonstrando

que às 24 horas, 12 pessoas (85,7%) apresentam dependência modificada - assistência de até 25% da tarefa e 2

pessoas (14,3%) apresentam dependência modificada - assistência de até 50% da tarefa.

Às 72 horas, apenas 6 pessoas (43%) apresentam dependência modificada - assistência de até 25% da tarefa,

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 9

Page 10: Revista cuidarte nº11 2014

enquanto 8 (57%) já apresentam independência

completa/modificada.

No momento da alta todas as pessoas (100%), apre-

sentam independência completa/modificada.

Gráfico 3- Nível de Independência Funcional segundo a MIF

Foram selecionados os autocuidados ‘banho’, ‘vestir

a metade inferior’, ‘uso do sanit|rio’, ‘transferir-se’

e ‘deambular’ pois são aqueles em que a pessoa

necessita de uma maior intervenção do enfermeiro

especialista em reabilitação, pela limitação dos

movimentos potencialmente luxantes (figura 3).

Figura 3 – Ganhos em saúde nos autocuidados

Relativamente aos conhecimentos/aprendizagens no

pré-operatório as 14 pessoas não apresentavam

conhecimentos/aprendizagens em relação ao pro-

grama de reabilitação.

Às 72 horas do período pós-operatório, 57,1% das

pessoas já apresentavam os conhecimentos e as

aprendizagens demonstrados, exceto a aprendiza-

gem de estratégias adaptativas para o ‘deambular’ e

‘uso-sanit|rio’.

Em relação ao prestador de cuidados verificámos que

às 72 horas do período pós-operatório, 57,1% já apre-

sentavam os conhecimentos e as aprendizagens

demonstrados referentes ao programa de interven-

ção de enfermagem de reabilitação.

DISCUSSÃO

Alguns estudos têm demonstrado a importância da

implementação de um programa estruturado de

ensino no pré e no pós-operatório, no âmbito da

enfermagem de reabilitação, à pessoa/família sub-

metida a artroplastia total da anca (figura 4).

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 10

Page 11: Revista cuidarte nº11 2014

Figura 4 – Programa de intervenção com fotos ilustrativas

Segundo Santos (2008), a coxartrose é a principal

causa de incapacidade funcional. O tratamento cirúr-

gico desta patologia através da artroplastia total da

anca tem como finalidade o alívio da dor e o restabe-

lecimento da função da articulação.

“No nosso estudo nenhuma pessoa da amostra

apresentava dependência completa às 24 horas

do pós-operatório, apresentando toda a amos-

tra uma dependência modificada.”

De acordo com Morais (2010), a pessoa submetida a

esta intervenção cirúrgica apresenta um grau eleva-

do de dependência na realização dos autocuidados.

No nosso estudo nenhuma pessoa da amostra apre-

sentava dependência completa às 24 horas do pós-

operatório, apresentando toda a amostra uma

dependência modificada.

Figueiredo e Abalroado (2010), num estudo de inves-

tigação sobre a influência de um programa de ensino

de enfermagem de reabilitação na autonomia da

pessoa com coxartrose submetida a artroplastia total

da anca, concluíram uma maior autonomia da pessoa

no pós-operatório. Estas conclusões vão ao encontro

dos resultados obtidos no nosso estudo, no qual veri-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 11

Page 12: Revista cuidarte nº11 2014

ficamos maior autonomia às 72 horas e independên-

cia completa (segundo escala MIF) no momento da

alta para a amostra estudada. Ambos os estudos

apresentam conclusões idênticas relativamente à

melhoria da capacidade funcional da pessoa com a

implementação do programa de ensino estruturado.

No entanto, para esta avaliação foram utilizados ins-

trumentos diferentes de avaliação da capacidade

funcional.

Figueiredo e Abalroado (2010), comparativamente

com o nosso estudo também concluíram a obtenção

de um maior nível de conhecimentos/aprendizagens

da pessoa decorrentes dos ensinos realizados no pro-

grama. No nosso estudo, além de se verificar um

maior nível de conhecimentos/aprendizagens na pes-

soa, ao aplicar o programa de ensino também ao

prestador de cuidados concluímos que este apresen-

tou uma melhor adesão ao programa de ensino,

adquirindo os conhecimentos e aprendizagens

necessários para uma partição mais ativa na reabili-

tação da pessoa e uma melhor reinserção no seio

familiar.

“… a aplicação de ensinos num programa estru-

turado de enfermagem de reabilitação à pessoa/

família submetida a artroplastia total anca com

início no pré- operatório contribui para uma

maior adesão ao programa de reabilitação.”

Concluímos que a aplicação de ensinos num progra-

ma estruturado de enfermagem de reabilitação à

pessoa/família submetida a artroplastia total anca

com início no pré- operatório contribui para uma

maior adesão ao programa de reabilitação. Este

resultado também se evidenciou no estudo de

Figueiredo e Abalroado (2010).

CONCLUSÃO

A implementação de um programa estruturado de

reabilitação à pessoa/família submetida a artroplas-

tia total da anca, fundamentado numa avaliação da

capacidade funcional da pessoa e dos conhecimentos

desta e do prestador de cuidados no pré-operatório,

permite dar uma resposta adequada às necessidades

da pessoa em conjunto com o prestador de cuidados,

de modo a garantir uma maior adesão ao programa

de reabilitação. Por outro lado, este tipo de progra-

ma permite uma melhor reintegração da pessoa no

seio familiar e social.

Assim podemos concluir que a intervenção do enfer-

meiro de reabilitação representa um importante con-

tributo ao longo de todo o programa de reabilitação

na maximização das capacidades funcionais da pes-

soa.

A implementação de programas de enfermagem de

reabilitação permite demonstrar ganhos em saúde e

neste sentido dar visibilidade à importância do papel

do enfermeiro especialista em enfermagem de reabi-

litação face à pessoa/família no seu processo de rea-

bilitação.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 12

Page 13: Revista cuidarte nº11 2014

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

Figueiredo, A. & Abalroado, I. (2010). O desafio da autonomia

em enfermagem de reabilitação: A influência de um programa

de ensino pré-operatório na autonomia da pessoa com coxar-

trose submetida a artroplastia total da anca. In: Congresso de

Enfermagem de Reabilitação - Reabilidades IV, Porto.

Floro, C. (2007). A qualidade de vida em doentes com coxar-

trose. Artroplastia total da anca: Suporte social e estratégias

de coping. Algarve: Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

da Universidade do Algarve. Tese de Mestrado.

Hoeman, S. (2000). Enfermagem de Reabilitação: Aplicação

e processo. Loures: Lusociência.

Morais, J. (2010). Preparação do regresso a casa: do hospital

ao contexto familiar. Porto: Instituto de Ciências da Saúde da

Universidade Católica Portuguesa. Tese de Mestrado.

Santos, V. (2008). Stress e qualidade em grupos de idosos:

Análise e comparação. Campinas: Tese de Mestrado.

Serra, L. (2001). Critérios Fundamentais em fracturas e orto-

pedia (2ª ed.). Lisboa: Lidel.

Artigo Rececionado em 13/11/2013

Aceite para Publicação em 20/02/2014

Ana Cristina Jacinto:

Enfermeira na Unidade Cuidados Médicos II

do CHS. Licenciada em Enfermagem; Espe-

cializada em Enfermagem de Reabilitação.

Contacto: [email protected]

Guilhermina Ferreira:

Enfermeira Coordenadora na Unidade de Cuida-

dos Pós-Anestésicos I do CHS. Licenciada em

Enfermagem; Especializada em Enfermagem de

Reabilitação; Pós-Graduada em Gestão de Ser-

viços de Saúde; Mestre em Nutrição Clínica.

Contacto: [email protected]

Patrícia Ferraz:

Enfermeira na Unidade Cuidados Médicos II

do CHS. Licenciada em Enfermagem; Espe-

cializada em Enfermagem de Reabilitação.

Contacto: [email protected]

Teresa Lopes:

Enfermeira no Serviço de Ortopedia I do CHS.

Licenciada em Enfermagem; Especializada

em Enfermagem de Reabilitação.

Contacto: [email protected]

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 13

AGENDA FORMATIVA | Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

Mais informação no Serviço de Gestão da Formação | Área de Enfermagem

Page 14: Revista cuidarte nº11 2014

Poster elaborado no âmbito do Curso de Especialização de Enfermagem de Reabilitação, com o objetivo de complementar os ensinos realizados pelos enfermeiros aos utentes.

Page 15: Revista cuidarte nº11 2014

Artigo de Revisão

A CRIANÇA COM FIBROSE QUÍSTICA

Sara Guerreiro

Enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.

Serviço de Pediatria

RESUMO

A Fibrose Quística (FQ) é uma doença multi-

sistémica, devido a uma alteração do gene que codi-

fica a síntese da proteína Cystic Fibrosis Transmem-

brane Conductance Regulator (CFRT) e caracteriza-

se por uma disfunção das glândulas exócrinas, múlti-

plas infeções e obstrução das vias aéreas. A doença

atinge principalmente o sistema digestivo

(insuficiência pancre|tica), respiratório (tosse produ-

tiva, pneumonia, bronquiolite) e a maioria dos doen-

tes com FQ evolui para cor pulmonale.

O tratamento consiste em antibioterapia, anti-

inflamatórios, broncodilatadores, mucolíticos e ree-

ducação funcional respiratória (cinesioterapia respi-

ratória). Em última instância poderá ser necessário a

realização de transplante pulmonar.

Nos doentes portadores de FQ, o enfermeiro de rea-

bilitação deve proporcionar apoio emocional, auxiliar

e realizar os procedimentos terapêuticos e envolver a

família e a criança com a equipa multidisciplinar e

comunidade.

Palavras-chave: Fibrose quística; enfermeiro; reabilitação.

INTRODUÇÃO

A FQ é uma doença multi-sistémica, hereditária,

caracterizada por uma disfunção das glândulas exó-

crinas, múltiplas infeções e obstrução das vias

aéreas. A doença atinge muitos dos sistemas anáto-

mo-fisiológicos e dentro das doenças pulmonares

crónicas é uma das mais graves em crianças, provo-

cando insuficiência pancreática exócrina (Cowlard,

2002). O nome deriva do aspeto quístico e fibroso do

pâncreas e em 1936 Dorothy Andersen realizou a pri-

meira descrição clínica completa da doença. A gravi-

dade com que a FQ atinge os doentes varia consoan-

te a idade em que se estabelece o diagnóstico

(Orenstein, Winnie & Altman, 2001).

O estudo das árvores genealógicas, durante os anos

40, mostrou um padrão de hereditariedade autossó-

mico recessivo e em 1985, localizou-se um gene no

cromossoma sete que codifica a proteína CFTR, que

nestes doentes está alterada. Identificaram-se diver-

sas mutações mas a mais frequente é a F508 (Alvarez

et al., 2004).

Em 1970, a esperança média de vida era de oito anos,

em 1998 passou para 29,5 e atualmente é de 40 anos

(Alvarez et al., 2004).

A FQ é mais comum em caucasianos sendo a taxa de

portadores de um para cada 25 (Furtado & Lima,

2003). Esta frequência varia com a localização geo-

gráfica e a população. As populações orientais e afri-

canas apresentam uma taxa de incidência inferior à

referida anteriormente (Ferrari & Cremonesi, 1996).

Na literatura, a doença é descrita como uma tríade,

porque engloba doença pulmonar obstrutiva crónica,

insuficiência pancreática exógena e elevadas concen-

trações de eletrólitos no suor (Cutting, 1997). Podem

surgir outras manifestações clínicas como a obstru-

ção intestinal, prolapso retal, infertilidade masculina,

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 15

Page 16: Revista cuidarte nº11 2014

dificuldade em engravidar, obstrução das vias

aéreas, infeções persistentes, hemoptise e insuficiên-

cia cardíaca. O diagnóstico é confirmado pelo teste

do suor (Wilkins, Stoller & Kacmarek, 2009).

FISIOPATOLOGIA DA FIBROSE QUÍSTICA

A FQ é uma doença congénita e crónica da criança e

do jovem adulto. Em 1998, Tsuis e Collis citado por

Carrilho (2002), descobriram que a alteração cromos-

sómica responsável situa-se no cromossoma sete e

deve-se a uma alteração do gene que codifica a sín-

tese da proteína CFRT que regula a atividade dos

canais iónicos com funções reguladoras do fluxo de

cloro e de sódio através das membranas. Nos casos

de FQ, existe uma permeabilidade menor e um trans-

porte anormal de iões de cloro através das células

sudoríparas e da superfície epitelial da mucosa, que

aumenta cerca de 30 a 60 vezes a viscosidade do

muco pulmonar (Barreto, 2001).

Manifestações clínicas

A FQ afeta os aparelhos digestivo, respiratório, vias

hepatobiliares e glándulas sudoríparas (Furtado &

Lima, 2003). As manifestações digestivas, são na sua

maioria, secundárias à insuficiência pancreática.

Todavia, a obstrução dos canalículos pancreáticos

impede a libertação das enzimas para o duodeno,

originando um défice de absorção de gorduras, pro-

teínas e hidratos de carbono. Também pode surgir

gastroenterite crónica com fezes gordurosas, páli-

das, de odor característico e destruição calórica e

proteica (Orenstein, Winnie & Altman, 2001).

O aparelho respiratório é o mais afetado pela doença.

O pulmão produz um muco espesso que ao ficar retido

nas vias aéreas origina diversas infeções. A tosse com

expetoração, pneumonias, bronquiolites de repetição

e bronquiectasias são outras consequências da doença

(Lannefors, Button & Mcllwaine, 2004).

A doença pulmonar evolui para cor pulmonale em

quase 100% dos doentes. Numa fase de doença

avançada, as crianças apresentam tórax enfisemato-

so, broncorreia purulenta, polipneia, dificuldade

expiratória, cianose bucal e baqueteamento digital

acentuado (Lannefors, Button & Mcllwaine, 2004).

Nestes doentes, a doença pulmonar caracteriza-se

pela infeção respiratória causada por bactérias que

conduzem a danos tecidulares irreversíveis. Alguns

estudos demonstraram que os microrganismos que

causam mais infeções são: staphilococus aureus,

haemophilus influenzae, pseudomonas aeruginosa,

mucoide e cepacea e burkholderia cepacea

(Matinbiancho, Santos & Jacoby, 2006).

Em 95% dos casos de FQ em crianças verifica-se ano-

malias no suor, com desidratação grave, sobretudo

nas épocas quentes do ano. A secreção anormal de

iões pelo epitélio das vias biliares leva a um aumento

da viscosidade e diminuição do fluxo biliar, originan-

do uma obstrução biliar e uma inflamação, podendo

causar uma fibrose biliar (Cutting, 1997).

Diagnóstico da fibrose quística

Sendo a FQ uma doença poliformica, a sintomatolo-

gia varia conforme o grupo etário (Barben et al.,

2005). A FQ pode ser diagnosticada através de an|li-

ses, rastreio de doenças metabólicas mas, habitual-

mente o teste de suor é o exame que melhor diag-

nostica a doença (Zemel et al., 2000).

Quando existe pelo menos uma das seguintes mani-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 16

Page 17: Revista cuidarte nº11 2014

festações epidemiológicas: doença pulmonar obstru-

tiva, insuficiência pancreática exócrina, ambas, ou

história familiar de FQ deve-se efetuar o teste do

suor que consiste numa dosagem quantitativa de

cloretos no suor, obtidos pelo método da Lontofure-

se por pilocarpina (Reis & Damaceno, 1998). A quan-

tidade de suor deve ser no mínino 100mg e o resulta-

do é positivo quando a concentração de cloro é supe-

rior a 60mEq/l. Os níveis considerados normais vão

até 45mEq/l, sendo que adolescentes e adultos

jovens podem apresentar valores mais elevados.

Resultados entres 45 e 60mEq/l são considerados

duvidosos e devem ser repetidos. O diagnóstico de

FQ somente poderá ser confirmado com dois testes

positivos e realizados em momentos diferentes

(Farrell et al., 2001).

A importância do enfermeiro de reabilitação no

tratamento da fibrose quística

O papel do enfermeiro de reabilitação junto da criança

com FQ e respetiva família é de extrema importância.

Como membro da equipa multidisciplinar, o enfermei-

ro realiza inúmeras funções importantes, nomeada-

mente coordenar a assistência à criança doente e res-

petiva família. Segundo Geiss et al. (1992), para

desenvolver um bom trabalho o enfermeiro deve:

comunicar à família e à criança o tratamento a seguir,

verificar se entenderam as informações fornecidas,

motivar a criança e a família para a realização do trata-

mento prescrito e advertir acerca de todos os exames

a que a criança será submetida e qual o seu objetivo.

“…o enfermeiro deve: comunicar à família e à

criança o tratamento a seguir, verificar se

entenderam as informações fornecidas, moti-

var a criança e a família para a realização do

tratamento prescrito e advertir acerca de todos

os exames a que a criança será submetida e

qual o seu objetivo…”

O tratamento da FQ tem vindo a evoluir, proporcio-

nando aos doentes uma vida mais longa e com maior

qualidade (Stomi et al., 2001). Existe um conjunto de

terapias e medicação (antibioterapia, anti-

inflamatórios, broncodilatadores e mucolíticos) que

devem ser introduzidas no tratamento para prevenir

a lesão pulmonar e reduzir as agudizações da doença

(Malfroot, 2005). O transplante pulmonar é a última

opção terapêutica e depende da disponibilidade de

órgãos doados e das equipas especializadas para o

efetuarem (Camargo, 2002).

A desnutrição dos doentes com FQ é outro desafio

grave e difícil no tratamento. O quadro policarencial

que se vai instalando manifesta-se por interrupção do

crescimento, emagrecimento acentuado, deficiências

nutricionais específicas, puberdade retardada e gran-

de comprometimento da função pulmonar. Os doen-

tes com FQ têm necessidades calóricas elevadas e

deve-se oferecer mais 20-50% de calorias do que as

necessidades básicas para a faixa etária, observando-

se assim o aumento ponderal e o crescimento da

criança. Nos doentes fibrocísticos é recomendável o

dobro do normal da ingestão proteica e 35% da ener-

gia ingerida deve derivar de gorduras. Considerando a

faixa etária, a dieta deve ser hipercalórica, hiperprotei-

ca de forma a proporcionar um crescimento e desen-

volvimento normais (Zemel et al., 1996).

Pelo facto da FQ atingir vários sistemas do corpo

humano exige um cuidado complexo e uma atenção

contínua para a promoção de uma condição clínica

estável da criança, logo é imprescindível o envolvi-

mento da família. Após o diagnóstico, a família é

confrontada com a alteração do quotidiano e a prin-

cipal preocupação é a criança doente. A ansiedade é

grande, podendo ser minimizada com a preparação

dos cuidados domiciliários. Nesta etapa, as redes de

apoio são uma necessidade eminente para a família.

Proporcionar apoio emocional, escutar, disponibilizar

-se e envolver a equipa multidisciplinar no cuidar des-

ta família, pode ajudá-la na vivência de todo o pro-

cesso (Wiserman, 1996).

O enfermeiro de reabilitação e a

cinesioterapia respiratória

As manobras de cinesioterapia respiratória consis-

tem em técnicas manuais e posturais que ajudam na

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 17

Page 18: Revista cuidarte nº11 2014

mobilização e drenagem de secreções (Hodges, Heij-

nen & Gandevia, 2001). Estas técnicas podem ser

aplicadas isoladamente ou em associação de forma a

melhorar a ventilação pulmonar e a oxigenação,

aumentar a mobilidade torácica, prevenir as compli-

cações e as infeções e aumentar a independência da

família e da própria criança na execução destas técni-

cas (Hodges & Gandevia, 2000).

A drenagem postural associada à técnica de percus-

são e de vibração é uma das principais intervenções

na promoção da limpeza das vias aéreas uma vez que

ajuda a criança com FQ a respirar melhor (Pryor, Par-

ker & Webber, 1981). Esta técnica tem fundamenta-

ção no princípio físico da ação da gravidade e a posi-

ção e o grau de inclinação variam de acordo com a

área do pulmão a ser drenada. A auscultação antes

do início da drenagem postural é de extrema impor-

tância, principalmente quando não existe imagiolo-

gia recente porque permite identificar os lobos pul-

monares mais afetados (Pryor et al., 1994).

Técnicas como vibração e percussão, entre outras,

podem estar associadas à drenagem postural com o

intuito de acelerar o deslocamento das secreções até

às vias aéreas proximais. Assim sendo, com a vibra-

ção (manual ou mecânica) que consiste na aplicação

de movimentos ritmados na parede torácica da

criança durante a expiração, aumenta-se o fluxo

expiratório e consegue-se movimentar as secreções

soltas, sendo mais facilmente expelidas pela tosse

(Gaskell & Webber, 1988).

No caso da percussão, acredita-se que a oscilação

mecânica produzida e o consequente aumento da

pressão intratorácica, faça com que as secreções

possam ser desagregadas das paredes brônquicas,

promovendo a sua eliminação (Pryor et al., 1994).

Lorin e Denning (1971), demonstraram que os doen-

tes com FQ expeliram duas vezes mais secreções

após a realização de drenagem postural com percus-

são, vibração e tosse. Estes doentes possuem o

mecanismo da tosse alterado devido à espessura das

secreções. Desta forma, a tosse dirigida e assistida

deve ser ensinada à criança para diminuir as caracte-

rísticas da tosse espontânea e auxiliar na produção

de uma tosse efetiva voluntária. A criança deve ser

ensinada a adotar um posicionamento adequado que

a ajude no momento da tosse e a realizar exercícios

de controlo da respiração (respiração diafragmática),

que ajudem a assegurar que a fase de inspiração pro-

funda seja utilizada, evitando o colapso das vias

aéreas. Esta situação é frequente nas crianças com

FQ uma vez que existe uma hiperatividade brônqui-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 18

Page 19: Revista cuidarte nº11 2014

ca, e um aumento da pressão intratorácica ou da tur-

bulência do fluxo de ar, levando assim à interrupção

do fluxo expiratório e do transporte de secreções

(Pizzignaco & Lima, 2006).

A aceleração do fluxo expiratório é uma técnica que

se revela de extrema importância visto que assume a

função da tosse quando esta é ineficaz. Normalmen-

te é definido como um movimento toraco-abdominal

simultâneo, provocado pelas mãos do prestador de

cuidados durante a expiração. A manobra inicia-se

após a inspiração, não excedendo os limites expirató-

rios da criança e o objetivo é eliminar o ar dos pul-

mões para favorecer a expulsão das secreções, otimi-

zar as trocas gasosas pelo aumento do volume cor-

rente e promover a mobilização da mecânica toráci-

ca (Hodges, Heijnen & Gandevia, 2001).

“Se após o ensino da técnica da tosse e da realiza-

ção da aceleração do fluxo expiratório, estas se

revelarem ineficazes na eliminação de secreções

poder-se-á recorrer à aspiração tendo em conta a

fragilidade da mucosa nasal das crianças…”

Se após o ensino da técnica da tosse e da realização da

aceleração do fluxo expiratório, estas se revelarem

ineficazes na eliminação de secreções poder-se-á

recorrer à aspiração tendo em conta a fragilidade da

mucosa nasal das crianças (Pizzignaco & Lima, 2006).

Não se deve eleger uma técnica de reeducação fun-

cional respiratória como sendo a melhor de todas,

pois o sucesso do tratamento está na associação de

técnicas (Tecklin & Holsclaw, 1975). Alguns estudos

demonstram que após a realização destas técnicas

ocorreu um aumento significativo no valor do Peak

Flow, na capacidade vital forçada e no volume de

reserva expiratório. Associada a estas técnicas, surge

a inaloterapia com broncodilatadores ou com soro

fisiológico (Fifoot et al., 2005).

Em algumas situações pode-se utilizar o Flutter, uma

vez que demonstrou ser tão eficiente quanto a fisio-

terapia respiratória convencional no tratamento dos

doentes com FQ. Além da eficácia na remoção das

secreções, esta técnica pode promover uma maior

independência no tratamento diário dos doentes,

podendo melhorar a sua aderência à fisioterapia res-

piratória (Gondor et al., 1999).

CONCLUSÕES

Ao cuidar de crianças com FQ e família, o enfermeiro

especialista em reabilitação tem o desafio de encon-

trar o equilíbrio entre o tratamento ideal e a vida nor-

mal. Após o diagnóstico, o início do tratamento é um

ponto de referência e determina o resto da jornada a

percorrer com a criança e família. Iniciar o tratamen-

to criando um vínculo com a família poderá ajudá-la

a encontrar uma forma de lidar com a complexidade

da doença e com os cuidados que a criança necessita.

Cabe ao enfermeiro o acompanhamento hospitalar

em todas as suas vertentes, como também a criação

de condições na comunidade e mais importante, no

seio familiar da criança com FQ. Para que essas con-

dições existam é necessário transmitir informação

consistente e facilmente percetível pela família e

pela própria criança.

Antes de iniciar qualquer técnica de reeducação fun-

cional respiratória dever-se-á, numa primeira fase,

posicionar a criança numa posição de relaxamento e

em seguida proceder à consciencialização dos tem-

pos respiratórios. A cinesioterapia respiratória não

deve incluir indiscriminadamente todas as técnicas

de reeducação funcional respiratória porque este

facto está diretamente relacionado com a idade das

crianças e com a sua adesão e colaboração ativa em

algumas técnicas como a técnica de expiração força-

da. É de salientar, que apesar da literatura sugerir

que as técnicas de fisioterapia possam ser benéficas

no auxílio da depuração mucociliar, ainda não exis-

tem evidências científicas que suportem a hipótese

dessas técnicas terem algum benefício em doentes

com FQ.

Numa área em que os avanços genéticos e científicos

têm ajudado a elevar a esperança de vida dos doen-

tes fibrocísticos, é de extrema importância que o

enfermeiro não deixe ‘cair’ essa esperança, promo-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 19

Page 20: Revista cuidarte nº11 2014

vendo a qualidade de vida e o consequente bem-

estar da criança com FQ e respetiva família.

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Artigo Rececionado em 13/11/2013

Aceite para Publicação em 16/04/2014

Sara Tomé Guerreiro:

Enfermeira no Serviço de Pediatria do CHS.

Licenciada em Enfermagem; Especializada em

Enfermagem de Reabilitação; Pós- Graduada

em Gestão dos Serviços de Saúde; Mestranda

em Gestão dos Serviços de Saúde.

Contacto: [email protected]

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 21

AGENDA FORMATIVA | Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

Mais informação no Serviço de Gestão da Formação | Área de Enfermagem

Page 22: Revista cuidarte nº11 2014
Page 23: Revista cuidarte nº11 2014

Artigo de Revisão

O EMPOWERMENT DA PESSOA COM DISFAGIA APÓS AVC

Contributo para o conhecimento das competências do

Enfermeiro Especialista em Reabilitação

Patrícia Vaz

Enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.

Serviço de Especialidades Médicas

RESUMO

A disfagia tem tido uma incidência elevada nas pes-

soas vítimas de acidente vascular cerebral (AVC),

estando descrita em cerca de 42% a 67% dos casos,

nos primeiros três dias de internamento (Trapl et al.,

2007). Traduz-se em menor qualidade de vida da

Pessoa e complicações inerentes que podem prolon-

gar o internamento hospitalar, o aumento da morta-

lidade e retardar a recuperação funcional da pessoa

com AVC (Guyomard et al., 2009).

O presente artigo proporciona uma visão sobre o

papel do enfermeiro de reabilitação no empower-

ment da pessoa com disfagia após AVC. O método

utilizado foi a revisão narrativa da literatura. Os obje-

tivos deste artigo são: explorar a intervenção do

enfermeiro de reabilitação à pessoa com disfagia

após um AVC; melhorar a qualidade dos cuidados

prestados, uniformizando a ‘pr|tica clínica’ de acordo

com as mais recentes evidências disponíveis; da visi-

bilidade à equipa multidisciplinar e à sociedade, da

importância do papel do enfermeiro de reabilitação e

os ganhos em Saúde que as suas intervenções acar-

retam para a prática clínica.

Conclui-se com este artigo que as complicações

decorrentes da disfagia podem ser minimizadas se

existir um conhecimento aprofundado das manifes-

tações clínicas, identificação adequada através de

uma escala de avaliação e intervenção precoce do

enfermeiro de reabilitação, através de técnicas espe-

cíficas que melhoram a disfagia. O empowerment

constitui-se como uma estratégia para capacitar a

pessoa/família com disfagia, dotada física e psicolo-

gicamente de meios e técnicas, tendo em vista a

maximização da funcionalidade e da autonomia da

pessoa para a sua reinserção e participação ativa na

cidadania.

A intervenção do enfermeiro de reabilitação permite

a diminuição dos dias de internamento e dos reinter-

namentos, maior autonomia nos autocuidados,

maior independência funcional, maior satisfação e

qualidade de vida do doente, traduzindo-se em

ganhos em saúde e diminuição dos custos económi-

cos.

Palavras-chave: Disfagia; reabilitação; enfermeiro de reabili-

tação, AVC

INTRODUÇÃO

A alimentação é essencial para a sobrevivência do ser

humano, além de se constituir como fonte de energia

e aporte proteico, está associada a um ato social e de

interação que propicia prazer e facilita as relações

interpessoais (Clara, 2009; Hoeman, 2008).

Segundo Guedes et al. (2009), o enfermeiro é o pro-

fissional que se encontra mais apto para identificar e

atuar perante estas situações de forma precoce e

atempada. No seu estudo demonstrou que os enfer-

meiros estão mais preparados que os técnicos para

detetar as alterações de deglutição nos doentes. Pre-

tende-se a prevenção de complicações associadas à

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 23

Page 24: Revista cuidarte nº11 2014

disfagia, como pneumonias de aspiração descrito por

Eisenstadt (2010), além da desnutrição e desidrata-

ção que podem conduzir até à morte (Cichero, Hea-

ton & Bassett, 2009).

Neste sentido, verifica-se que se existir uma avaliação,

identificação e monitorização precoce da disfagia, por

parte do enfermeiro especialista em reabilitação, exis-

te um grau de correlação menor entre esta e as com-

plicações possíveis. Assim, a disfagia não se apresenta

somente como uma limitação física para a pessoa,

poderá ter também repercussões a nível psíquico.

Está documentado também por (Cichero et al., 2009;

Guyomard et al., 2009), que as complicações decor-

rentes da disfagia estão intimamente ligadas a inter-

namentos mais prolongados. A não adesão à medi-

cação por disfagia é também outro fator preditor de

maior tempo de recuperação (Kelly, D’Cruz & Wright,

2010). Desta forma, é necess|ria a identificação pre-

coce e a adoção de técnicas específicas evitando o

agravamento da situação e criando um melhor prog-

nóstico de reabilitação (Abdulmassih, Filho, Santos e

Jurkiewicz, 2009).

A opção pelo estudo desta temática relaciona-se

com a possibilidade de avaliar os ganhos em saúde,

através da implementação de intervenções por

enfermeiros especialistas de reabilitação e de

demonstrar a importância da sua existência nos ser-

viços de saúde.

PESSOA COM DISFAGIA: PAPEL DO ENFERMEIRO DE REABILITAÇÃO

A European Stroke Organization (ESO) preconiza a

avaliação de sinais precoces de disfagia através de uma

escala validada na admissão da pessoa na Unidade

AVC (Fonseca, Henriques & Ferro, 2008). Está descrito

que a alimentação semissólida é a mais segura para

doentes após AVC, que tendencialmente apresentam

disfagia a líquidos (World Stroke Academy, 2008).

De acordo com Fonseca et al. (2008), as manifesta-

ções precoces de disfagia devem ser avaliadas pela

Dysphagia bedside screening for acute-stroke

patients: the gugging swallowing screen. Esta escala

baseia-se na fisiopatologia da deglutição, tendo em

conta o conforto da pessoa, tendo como finalidade a

redução do risco de: aspiração, alimentação precoce

arriscada ou inapropriada, desnutrição, desidratação

e não adesão à terapêutica oral, além disto faz a

recomendação de uma dieta adequada (Cichero et

al., 2009).

A disfagia tem implicações no prognóstico da pessoa

e deve ser avaliada em todos os doentes após o AVC,

para adoção de condutas adequadas (Okubo, 2008).

Se as alterações da deglutição não forem precoce-

mente identificadas, existirão complicações associa-

das que poderão prejudicar a recuperação da pessoa.

Um importante meio complementar de teste de

deglutição é o oxímetro sendo que a desaturação de

2% além da saturação inicial constatou-se como

aspiração no exame de videofluoroscopia da degluti-

ção (Okubo, 2008). Estes testes são de primordial

importância e necessidade, não só para prever a pre-

sença de aspiração mas também para percecionar a

via alternativa de alimentação, evitando complica-

ções de forma a reduzir o tempo de recuperação e

custos associados.

Após a identificação e classificação precoce da disfa-

gia, o enfermeiro especialista deverá ter em conta os

hábitos e o padrão alimentar da pessoa, anterior ao

contexto de doença, reconhecer as dificuldades pre-

sentes e as necessidades de ensino da pessoa/

família. Observar também se há dificuldade em

mobilizar os membros superiores, destreza e força

comprometida para manipular os alimentos, se exis-

te postura corporal mantida para a posição de senta-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 24

Page 25: Revista cuidarte nº11 2014

do, na hora das refeições. Atendendo às exigências

dietéticas recomendadas pelo nutricionista, o enfer-

meiro deve incentivar o número de refeições diárias e

verificar as intolerâncias alimentares ou alergias.

Deve também tentar que a pessoa seja acompanha-

da nas refeições, isto porque está relatado que as

pessoas que realizam refeições sem companhia apre-

sentam um maior risco de défice nutricional. Estão

descritos como diagnósticos mais comuns o risco de

aspiração, a deglutição comprometida e o desequilí-

brio nutricional (Hoeman, 2008).

A National Stroke Foundation (2010) descreve estra-

tégias que possibilitam a normalização do processo

de deglutição como as técnicas compensatórias dire-

tas (modificações dietéticas, otimização do posicio-

namento da pessoa para comer, segurança da ali-

mentação e equipamento adaptativo) e as indiretas

(técnicas de deglutição, exercícios da musculatura

facial e estruturas faríngeas, higiene oral).

Para uma deglutição eficaz é necessário ter uma pos-

tura e alinhamento adequados, que por vezes estão

comprometidos devido aos défices motores do AVC.

O posicionamento da cabeça, pescoço e corpo deve

ser utilizado quando estes se encontram alterados

(Bleeckx & Postiaux, 2001; Steenhagen & Motta,

2006; Hughes, 2011).

A flexão da cabeça é favorável quando existe um

atraso ou reflexo abolido de deglutição. Esta mano-

bra permite que as vias aéreas estejam protegidas,

diminuindo o risco de aspiração, porque aumenta a

pressão da passagem do alimento devido a direcio-

nar a base da língua e epiglote para a parede poste-

rior da faringe (Steenhagen & Motta, 2006). Por

outro lado, a hiperextensão da cabeça lentamente

pode também ser facilitadora da deglutição quando

os movimentos da língua se encontram diminuídos,

fazendo deslocar os alimentos suavemente ao longo

da cavidade oral. Esta técnica melhora a velocidade

do trânsito oral e é indicada quando existe alteração

da fase oral (Hoeman, 2008; Steenhagen & Motta,

2006).

Quando existe um défice unilateral faríngeo ou da

laringe ou mesmo uma alteração do cricofaríngeo, a

rotação da cabeça para o lado afetado pode ser

benéfico pois permite que haja a adução das cordas

vocais e o encerramento da faringe do lado do défi-

ce. Assim, o bolo alimentar progride do lado oposto

com menor risco de aspiração. (Hoeman, 2008; Stee-

nhagen & Motta, 2006).

Quando há lesão unilateral da língua ou da faringe o

movimento de inclinação da cabeça para o lado fun-

cional faz com que os alimentos se dirijam pelo lado

mais funcional da faringe diminuindo a distância

entre a base da língua e o esófago (Hoeman, 2008;

Steenhagen & Motta, 2006).

A lateralização da cabeça e depressão do queixo per-

mite direcionar o bolo alimentar e proteger a via

aérea quando há um défice de elevação da laringe

(Hoeman, 2008). A lateralização e hiperextensão da

cabeça ajuda e controla a progressão do bolo alimen-

tar. Deve ser utilizada esta manobra quando existe

alteração da mobilidade da língua, atonia da faringe

ou diminuição do encerramento da laringe. Quando

a gravidade atua de forma prejudicial pode ser privi-

legiado o decúbito lateral com a cabeça apoiada

(Hoeman, 2008). Além das posturas compensatórias

existem técnicas de deglutição específicas que

podem reabilitar a pessoa com disfagia, como a

deglutição supraglótica, manobra de Mendelson e

deglutição em esforço (Hoeman, 2008; Steenhagen

& Motta, 2006).

Além dos exercícios descritos, existe um procedi-

mento simples mas de primordial importância na

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 25

Page 26: Revista cuidarte nº11 2014

reabilitação da disfagia - a realização da higiene oral;

isto porque permite a eliminação das bactérias pre-

sentes na cavidade oral e assim diminui a possibilida-

de de pneumonia em caso de aspiração (Hughes,

2011). A escovagem dent|ria das gengivas, palato e

língua aumentam a sensibilidade e estimulam o

reflexo de tosse. Esta técnica deve ser realizada

antes e após as refeições. Podem também ser utiliza-

das escovas com texturas diferentes de forma a

melhorar a sensibilidade da língua (Watando et al.,

2004 citado por Hoeman, 2008). A estimulação sen-

sorial oral aumenta e estimula a sensibilidade dos

recetores que facilitam a deglutição.

No contexto anterior, são importantes os exercícios

ativos e ativos resistidos de mobilização da língua,

lábios e bochechas. Os movimentos de protusão,

retração, lateralização e elevação da língua são

importantes para assegurar uma função normal para

a formação do bolo alimentar e impedir que haja

resíduos alimentares acumulados na cavidade oral.

Os exercícios de abrir e fechar a boca são fundamen-

tais para a sucção e para a correta continência bucal,

impedindo o extravasamento do alimento. Estas téc-

nicas melhoram a motricidade oral e a recuperação

das paresias da musculatura que está afetada pelo

AVC, com o objetivo de melhorar o máximo possível

a sensibilidade e motricidade (Escoura, 1998).

Após a classificação da disfagia pode ser necessária a

modificação da consistência do alimento. Como a

evidência indica que a consistência líquida é a mais

difícil de deglutir para a pessoa com AVC, pode ser

utilizado o espessante comercial ou caseiramente

reproduzido através de papas, farinhas lácteas ou

flocos de batata. Está descrito que a introdução dos

alimentos de forma progressiva e fracionada consti-

tui uma técnica eficaz na prevenção de complica-

ções. A protusão da língua e a abertura da mandíbula

provocam uma estimulação da musculatura que per-

mite aumentar a força e melhorar o tónus, sendo que

uma consistência mais sólida potencializa esta recu-

peração (Silva, Taborda, Vilarinho, Rocha & Vieira,

2011).

Existem estudos que afirmam que o sabor azedo e a

temperatura fria têm benefício quando o processo de

deglutição está comprometido, na medida em que

melhoram a resposta faríngea pelo estímulo dos

recetores sensoriais, provocando um efeito positivo

no processo de reabilitação da disfagia orofaríngea

(Cola, Gatto, Silva, Schelp & Henry, 2008; Hoeman,

2008).

Quando existe um défice motor ou de coordenação,

a deglutição pode estar igualmente comprometida.

Neste sentido, é fundamental a adoção de medidas

adaptativas com auxílio de dispositivos que possam

compensar as limitações físicas da pessoa. São

exemplos, os pratos em concha e com proteção late-

ral que ajudam na transferência do alimento para a

colher e os planos antiderrapantes. Os talheres

modificados permitem uma preensão eficaz e o corte

dos alimentos favorecendo a independência alimen-

tar. A adaptação do tamanho e formato dos talheres

permitem a limitação da quantidade de comida, faci-

litando a sua ingestão (Hoeman, 2008; World Stroke

Academy, 2008).

Apesar das palhinhas serem um recurso económico

para evitar a hiperextensão do pescoço, favorecendo

a flexão da cabeça e a proteção da via aérea, a sua

utilização pode estar comprometida devido à neces-

sidade do funcionamento da musculatura oral que

nem sempre se encontra funcional. Assim, existem

copos adaptados com um lado cortado em semicír-

culo que permite inclinar o copo em vez da cabeça

evitando a hiperextensão e consequentemente o ris-

co de aspiração. (Hoeman, 2008; World Stroke Aca-

demy, 2008)

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 26

Page 27: Revista cuidarte nº11 2014

EMPOWERMENT DA PESSOA E FAMÍLIA

As refeições são consideradas momentos de partilha

e de interação social, associados a grupos culturais e

manifestando-se em sentimentos de pertença.

Quando a deglutição está alterada, pode dar-se início

a uma crise social ou psicológica, o que poderá resul-

tar em isolamento, diminuição na interação social e

desmotivação para o ato de se alimentar, repercutin-

do-se na fraca ingestão de alimentos. A fraca inges-

tão calórica pode ser resultante da depressão e esta

terá que ter uma abordagem com refeições mais fre-

quentes e alternativas (Hoeman, 2008).

“… frequentemente, as famílias não estão pre-

paradas para acolher os seus familiares e para

entender o processo de cuidados, especialmen-

te nas vítimas de AVC isquémico com necessi-

dades especiais de alimentação…”

A evidência científica demonstra uma lacuna na rea-

bilitação social e psicológica da pessoa, estando os

cuidados direcionados para resultados físicos.

Demonstra também que, frequentemente, as famí-

lias não estão preparadas para acolher os seus fami-

liares e para entender o processo de cuidados, espe-

cialmente nas vítimas de AVC isquémico com neces-

sidades especiais de alimentação (Rodrigues, Alencar

& Rocha, 2009).

A família não pode ser dissociada do programa de

reabilitação pois esta será fundamental na motivação

e acompanhamento da pessoa com disfagia após a

alta hospitalar. Esta deverá possuir conhecimentos e

competências para reforçar ensinos sobre o processo

de alimentação, a escolha dos alimentos, atuar com

manobras compensatórias ou perante situações de

emergência como engasgo acidental, aumentando a

confiança e segurança do doente na sua alimentação

(Hoeman, 2008).

O enfermeiro de reabilitação tem o papel de transmi-

tir conhecimentos e competências à pessoa/

cuidadores informais (Ordem dos Enfermeiros,

2010). O Empowerment pode apresentar-se como

uma estratégia promotora de saúde. Este é definido

pela capacitação das pessoas, individualmente ou

socialmente, em que estas exercem o poder de parti-

cipação para conquistar determinado objetivo.

Assim, o Empowerment constitui-se como uma

estratégia que o enfermeiro de reabilitação utiliza

para capacitar a pessoa/família com disfagia, dotada

física e psicologicamente de meios e técnicas,

melhorando a incapacidade e anulando a desvanta-

gem, promovendo a saúde e prevenindo a doença,

num sentido positivo e com aquisição de maiores

capacidades físicas, mentais e emocionais (Nunes,

2002).

A pessoa/família necessitam reconhecer e demons-

trar conhecimentos sobre manutenção do equilíbrio

nutricional e peso adequado; capacidade para utilizar

técnicas compensatórias da deglutição. Devem ter

também conhecimento da existência e possuir habili-

dade para a utilização de dispositivos adaptados de

compensação, conseguindo prevenir episódios de

aspiração. Na eventualidade da sua ocorrência, o

doente e a família devem ser capazes de utilizar téc-

nicas de resolução e alívio do episódio de asfixia

(Hoeman, 2008).

“O enfermeiro deve exercer o seu papel de edu-

cador/formador, contribuir para melhorar o

vínculo familiar e social, comprometido pela

hospitalização…”

O enfermeiro deve exercer o seu papel de educador/

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 27

Page 28: Revista cuidarte nº11 2014

formador, contribuir para melhorar o vínculo familiar

e social, comprometido pela hospitalização. Deve

fornecer suporte social e psicológico à família afeta-

da (Rodrigues, Alencar e Rocha, 2009).

Num estudo comparativo realizado em Portugal,

Sousa (2011) concluiu que os enfermeiros especialis-

tas em reabilitação, comparativamente com os res-

tantes enfermeiros, demonstram diferenças signifi-

cativas no modo como integram a família nos cuida-

dos e a percecionam como parceiro nos cuidados e

como ‘parceiro dialogante e recurso de coping’, ado-

tando pr|ticas de ‘integração e servilismo’ em rela-

ção aos outros profissionais. O mesmo estudo relata

que estas atitudes são facilitadoras de reintegração

da pessoa e a relação terapêutica é a base para que

se adquiram conhecimentos, recursos e estratégias

no processo de reabilitação.

CONCLUSÃO

A disfagia apresenta-se como uma sequela comum

do AVC que acarreta alterações nas atividades de

vida da pessoa/família e que se manifesta em dimi-

nuição da qualidade de vida (Morris, 2007), isolamen-

to social e fraca ingesta alimentar (Hoeman, 2008).

As complicações como as pneumonias de aspiração,

desidratação, desnutrição e não adesão à terapêutica

podem ser evitadas através de uma adequada identi-

ficação e classificação precoce da disfagia e o estabe-

lecimento de um programa de reabilitação personali-

zado e holístico (Abdulmassih, Filho, Santos & Jurkie-

wicz, 2009).

Reabilitar a pessoa com disfagia é da competência

do enfermeiro de reabilitação que reconhece as

manifestações clínicas, faz a sua identificação atra-

vés de uma escala validada, inicia precocemente o

programa de reabilitação, adota medidas preventi-

vas das complicações através de manobras e inter-

venções específicas da sua competência para readap-

tar e reeducar a pessoa com disfagia e família.

O especialista tem o papel de, com a pessoa/família,

traçar objetivos e resultados a alcançar, utilizando os

meios e estratégias que tiver ao seu alcance para

proporcionar segurança e conforto à pessoa/família

na sua alimentação, diminuindo o risco, melhorando

a incapacidade, trabalhando na maximização da fun-

cionalidade e autonomia da pessoa. Deve prestar

cuidados de saúde especializados diminuindo as defi-

ciências e desvantagens adquiridas, promover a

autonomia e a independência funcional, constituindo

-se como um profissional de referência a quem a pes-

soa/família recorrem para o esclarecimento de dúvi-

das, atuando como formador e adotando as práticas

clínicas mais evidenciadas e recentes. Estratégias

compensatórias diretas e indiretas, técnicas de

deglutição, alterações posturais e modificações die-

téticas em que a temperatura fria e o sabor azedo

podem potencializar a recuperação da disfagia.

Não deve ser descuidada a componente psicológica

da pessoa, visto estarem evidenciadas alterações

significativas como: frustração, medo, angústia,

deceção, isolamento social, desmotivação para ali-

mentar-se, diminuição da interação social e depres-

são. Esta crise social e psicológica pode ser prejudi-

cial ao processo de reabilitação e contribui para o

aumento da dependência da pessoa (Terroni, Leite,

Tinone & Júnior, 2003).

Em conclusão, a intervenção do enfermeiro de reabi-

litação torna-se de extrema importância pois permite

a diminuição dos dias de internamento e dos reinter-

namentos, maior autonomia nas atividades de vida

diárias, maior independência funcional, maior satis-

fação e qualidade de vida do doente. Existem custos

económicos elevados que poderiam ser evitados. Os

posicionamentos, manobras posturais, higiene oral

cuidada, vigilância das refeições, adaptação das con-

sistências e volume das dietas, estimulação sensório-

motora oral, treino do controlo oral, são interven-

ções do enfermeiro de reabilitação. (Paixão, Silva &

Camerini, 2010) A aplicação destas técnicas tem

mostrado eficácia e melhora a deglutição (Clarkson,

2011). Porém é necess|rio a realização de estudos

que comprovem os ganhos em saúde na intervenção

do enfermeiro de reabilitação na pessoa com disfagia

após um AVC.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 28

Page 29: Revista cuidarte nº11 2014

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_module.pdf.

Artigo Rececionado em 05/02/2014

Aceite para Publicação em 16/04/2014

Patrícia Alexandra da

Cruz Garcez Vaz:

Enfermeira no Serviço de Especialidades

Médicas do CHS. Licenciada em Enferma-

gem; Especializada em Enfermagem de

Reabilitação.

Contacto da Autora: [email protected]

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 30

AGENDA FORMATIVA | Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

Mais informação no Serviço de Gestão da Formação | Área de Enfermagem

Page 31: Revista cuidarte nº11 2014

RESUMO

A prostatectomia radical é a cirurgia de eleição para

o tratamento do cancro da próstata. Das consequên-

cias da mesma, a incontinência urinária é a que maior

preocupação gera aos utentes.

Este artigo é uma revisão de literatura, sobre a

importância da intervenção do enfermeiro de reabili-

tação na prevenção da incontinência urinária, após

prostatectomia. No mesmo é feita uma abordagem à

incontinência urinária e à importância da realização

dos exercícios para o pavimento pélvico (exercícios

de Kegel), associados à intervenção do enfermeiro

especialista em reabilitação para a obtenção de con-

tinência urinária.

Palavras-Chave: Prostatectomia; enfermagem; incontinên-

cia urinária e exercícios de Kegel

INTRODUÇÃO

O adenocarcinoma da próstata é uma doença que

tem aumentado significativamente nos últimos anos.

A prostatectomia é considerada a cirurgia de eleição

para o tratamento do adenocarcinoma da próstata,

estando esta identificada, após vários estudos, como

o tratamento mais eficaz (Monteiro, 2006). A mesma

provoca no utente angústias e dúvidas que devem

ser atenuadas e esclarecidas de acordo com as

necessidades de cada pessoa, de modo a contribuir

para a excelência dos cuidados de enfermagem.

Por isso, é fundamental que o enfermeiro saiba ava-

liar, planear e executar as intervenções, de forma a

promover o autocuidado e a diminuir no utente os

receios do desconhecido. O enfermeiro especialista

de reabilitação tem um importante papel, nomeada-

mente: no planeamento das intervenções necessá-

rias para minimizar alterações de funcionalidade a

vários níveis (ex. eliminação) e na implementação de

um plano de intervenção para a reeducação da elimi-

nação vesical, de modo a promover o autocuidado, a

maximizar o potencial da pessoa e a readaptá-la à

vida da melhor forma possível (Ordem dos Enfermei-

ros, 2010).

Uma das consequências da prostatectomia radical é

a incontinência urinária, que afeta entre 50 a 75% dos

utentes após desalgaliação (Vianna & Napoleão,

2009) e tem um grande e negativo impacto na quali-

dade de vida da pessoa (Ko & Sawatzky, 2008), pelo

que deve ser tratada e nunca negligenciada. Torna-se

assim urgente a necessidade de minimizar a inconti-

nência urinária, cabendo ao enfermeiro de reabilita-

ção atuar desde o período pré-operatório, no sentido

da promoção do autocuidado do utente prostatecto-

mizado.

A Sociedade Internacional de Continência define

incontinência urinária como qualquer perda involun-

tária de urina (Zhang, Stauss & Siminoff, 2007).

Os exercícios da musculatura pélvica, exercícios de

Kegel, são a primeira opção para a recuperação da

musculatura pélvica e a correção da incontinência

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 31

Artigo de Revisão

ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM REABILITAÇÃO

Um Contributo na Prevenção da Incontinência

Urinária do Utente Prostatectomizado

Noélia Ferreira

Enfermeira do Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.

Serviço de Especialidades Cirúrgicas

Page 32: Revista cuidarte nº11 2014

urinária pós prostatectomia (Lin et al., 2011; MacDo-

nald et al., 2007). Deste modo, constituem uma priori-

dade na prevenção da incontinência urinária, porque

aumentam o suporte muscular das estruturas pélvicas,

sendo assim fundamental ensiná-los ao utente.

A INCONTINÊNCIA URINÁRIA

A incidência de incontinência urinária após prostatec-

tomia é elevada (Ventimiglia et al., 2011), um proble-

ma complexo, altamente incapacitante e com conse-

quências prejudiciais na qualidade de vida do utente

prostatectomizado. Neste sentido, não deve ser negli-

genciada e requer cada vez mais uma maior atenção

por parte do enfermeiro especialista em reabilitação. É

algo com que o utente se vai deparar, sendo por isso

essencial que o mesmo esteja preparado para enfren-

tar essa situação, da melhor forma possível.

A bexiga funciona como um reservatório onde se alo-

ja a urina, até que ocorra a micção. O colo da bexiga

(esfíncter interno) é constituído por fibras muscula-

res convergentes do músculo detrusor da bexiga,

proveniente da parede vesical, passando distalmente

para formar a musculatura lisa da uretra. O músculo

da parede uretral e do pavimento pélvico permitem

que os esfíncteres da bexiga permaneçam fechados,

existindo continência; para que ocorra armazena-

mento de urina e eliminação é necessário que a mus-

culatura lisa (detrusor) relaxe e como tal, haja um

aumento do tónus esfincteriano ureteral, quando a

bexiga enche, e o oposto quando ocorre a micção.

Segundo Lin et al. (2011), a incontinência urinária afe-

ta pelo menos 50% dos homens operados, mas outros

autores referem percentagens maiores. De acordo

com Sharma (2011), 80% dos utentes apresentam

incontinência urinária seis meses após a cirurgia.

PAPEL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM REABILITAÇÃO

Relativamente ao utente prostatectomizado, em que

o ato cirúrgico surge como um fator desfavorável,

causador de interrupção do processo contínuo de

saúde do indivíduo, cabe ao enfermeiro de reabilita-

ção atuar o mais precocemente possível, de forma

esclarecida e ajustada. O enfermeiro de reabilitação

assume um papel fundamental em todas as fases do

processo, devendo prestar cuidados direcionados às

reais necessidades do utente, desde o período pré-

operatório até ao período da alta.

Os utentes verbalizam diversos receios: ‘medo do

desconhecido’, ‘do ambiente hospitalar’, ‘da aneste-

sia’, ‘das alterações da imagem corporal’, entre

outras. Para além das necessidades biológicas, emo-

cionais e sociais, os utentes consideram de extrema

importância que a equipa de enfermagem direcione

a sua atuação no que diz respeito à incontinência uri-

nária (Vianna & Napoleão, 2009) e é notório no uten-

te prostatectomizado, a preocupação relativamente

à mesma. Constitui assim, uma prioridade vital na

atuação do enfermeiro especialista em reabilitação,

no sentido de minimizar e prevenir esta complicação

“O enfermeiro de reabilitação deve desenvol-

ver estratégias de orientação e de informação

para esclarecer todas as dúvidas da pessoa/

família.”

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 32

Page 33: Revista cuidarte nº11 2014

O enfermeiro de reabilitação deve desenvolver estra-

tégias de orientação e de informação para esclarecer

todas as dúvidas da pessoa/família. No que concerne

o período pré-operatório, é essencial identificar as

necessidades físicas e psicológicas do utente

(Jorgetto, 2005), devendo o enfermeiro especialista

em reabilitação minimizar a ansiedade que o utente

manifesta, através do fornecimento de informações

e orientações adequadas, promovendo o autocuida-

do da pessoa/família. O autocuidado é a prática de

atividades iniciadas e executadas pelos indivíduos,

em seu próprio benefício, para a manutenção da

vida, da saúde e do bem-estar (Leite, 2004).

A atuação do enfermeiro de reabilitação é específica

e, como tal, é indispensável que elabore um progra-

ma de reabilitação, direcionado à prevenção da

incontinência urinária. Assim, cabe ao enfermeiro

especialista ensinar exercícios de fortalecimento do

pavimento pélvico - exercícios de Kegel, com o obje-

tivo de promover o autocuidado e minimizar este

problema (Moore, 2008).

Para além da promoção do autocuidado, a atuação

específica do enfermeiro de reabilitação contribui

para a diminuição do número de dias de internamen-

to, maior autonomia nas atividades de vida diárias, já

que o utente adquire maior independência funcional

e, resultado do anteriormente referido, maior satisfa-

ção o que promove uma melhor qualidade de vida.

EXERCÍCIOS DE KEGEL

Kegel, em 1948, criou exercícios destinados a fortale-

cer a musculatura perineal, de maneira a aumentar a

resistência da uretra, através de contrações ativas do

músculo coccígeo, o que provoca encerramento da

uretra, aumenta o suporte muscular das estruturas

pélvicas e, por sua vez, promove o controlo urinário

(Kubagawa et al., 2006). Estes exercícios são indica-

dos para o tratamento da incontinência urinária

secundária à deficiência do esfíncter, que é algo com

que o utente se vai deparar, sendo por isso essencial

que esteja preparado para enfrentar essa situação.

“…é fundamental promover um programa diá-

rio de exercícios de Kegel, o mais precocemen-

te possível, com a finalidade de potenciar os

resultados…”

A musculatura da região intervencionada quando

inibida, deve ser treinada para recuperar a força. O

músculo pélvico, quando trabalhado, reduz o número

de episódios de incontinência urinária. Neste contex-

to, é fundamental promover um programa diário de

exercícios de Kegel, o mais precocemente possível,

com a finalidade de potenciar os resultados (Ferreira

& Santos, 2009).

Os exercícios de Kegel devem ser aplicados desde o

pré-operatório, com o objetivo de reeducar o contro-

lo urinário. A realização dos mesmos permite ao

utente iniciar os exercícios de forma autónoma,

quando lhe for retirada a algália. O sucesso destes

depende da capacidade de identificação dos múscu-

los pélvicos, da consciência da contração correta e da

adesão e/ou motivação ao protocolo de exercícios.

Os utentes devem contrair os músculos do pavimen-

to pélvico durante 10 segundos, seguidos de relaxa-

mento durante 10 segundos e repetir os mesmos

exercícios 6 a 12 vezes dia (Vianna & Napoleão,

2009).

É importante, como já foi referido ao longo deste

trabalho, que o utente tenha consciência dos múscu-

los que deve trabalhar. Aquando da realização dos

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 33

Page 34: Revista cuidarte nº11 2014

exercícios num determinado grupo muscular, o uten-

te realiza treinos de consciencialização de cada fibra

do grupo que pretende trabalhar. Exercitando essas

fibras há uma melhoria do controle urinário. Estes

exercícios são o tratamento de primeira linha para

ajudar a minimizar a incontinência urinária após

prostatectomia (MacDonald et al., 2007).

Em 2008, Lin e colaboradores, realizaram um estudo

que revelou que os exercícios de Kegel melhoram

significativamente a continência urinária. Neste estu-

do, constatou-se que 71% dos 14 homens que realiza-

ram os exercícios apresentavam maior controlo

sobre a vontade de urinar e menos perdas. O mesmo

estudo evidenciou que o ensino dos exercícios de

Kegel no pré e no pós-operatório contribuem forte-

mente para a rápida recuperação da incontinência

urinária no utente prostatectomizado e que os uten-

tes que realizam os exercícios, comparativamente

com os que não realizam, têm melhor controlo uriná-

rio. Os autores concluíram, ainda, que os enfermeiros

de reabilitação são fundamentais na promoção de

comportamentos que melhoram a incontinência uri-

nária. (Lin et al., 2011)

Salienta-se, ainda, que cerca de 88% dos utentes

prostatectomizados que praticaram os exercícios de

Kegel, após remoção da algália apresentaram conti-

nência, enquanto que, dos que não realizaram os

exercícios, apenas 56% conseguiram ter continência

urinária 3 meses a 1 ano pós-prostatectomia (Lin et

al., 2011)

Ainda sobre a importância dos exercícios de Kegel,

Zhang et al. (2007), demonstraram que 29 utentes

submetidos a prostatectomia e com permanência de

incontinência urinária, seis meses após cirurgia

melhoraram a sua condição muscular através da prá-

tica destes exercícios, o que melhorou a condição da

bexiga e, consequentemente, a continência urinária.

Ko e Sawatzky (2008), noutro estudo realizado com

o objetivo de perceber a incontinência urinária após

prostatectomia radical, verificaram que a melhoria da

mesma é muitas vezes conseguida através da realiza-

ção dos exercícios de Kegel, tendo 74% dos doentes

prostatectomizados conseguindo o controle urinário.

CONCLUSÃO

Atendendo aos resultados obtidos nos estudos con-

sultados e da experiência profissional, podemos con-

cluir que é essencial refletir e repensar a práticas de

cuidados, pois, por vezes, é dada maior supremacia à

vertente técnica, com algum prejuízo da componen-

te humana e relacional.

A incontinência urinária pós-prostatectomia é uma

complicação que causa alterações emocionais,

sociais e económicas, quer para o doente, quer para a

família e amigos. Compete ao enfermeiro de reabili-

tação abordar este problema precocemente, pelo

que, e de acordo com os estudos consultados, o ideal

seria que a sua intervenção se iniciasse desde o pla-

neamento da cirurgia até que no pós-operatório o

doente readquira o controlo (Bicalho & Lopes, 2012).

Para além da promoção do autocuidado, a atuação

do enfermeiro de reabilitação diminui o número de

dias de internamento e promove a autonomia na rea-

lização das atividades de vida diárias. Como conse-

quência, o utente adquire maior independência fun-

cional, maior satisfação e melhor qualidade de vida.

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 34

Page 35: Revista cuidarte nº11 2014

Com a realização dos exercícios de Kegel os utentes

prostatectomizados apresentam maior força de con-

tração da musculatura pélvica e, como tal, diminui-

ção da frequência urinária e do grau de incontinên-

cia, aumentando o grau de satisfação dos doentes

prostatectomizados e melhoria do relacionamento

social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Bicalho, M. & Lopes, M. (2012). Impacto da incontinência

urinária na vida de esposas de homens com incontinência:

revisão integrativa. Revista de Escola de Enfermagem da

USP, 46(4).

Ferreira, M. & Santos, P. (2009). Princípios da fisiologia do

exercício no treino dos músculos do pavimento pélvico. Acta

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Jorgetto, G. (2005). Assistência de enfermagem a pacientes

cirúrgicos: Avaliação comparativa. Revista Eletrónica de

Enfermagem, 7(3), 273-277.

Ko, W. & Sawatzky, J. (2008). Understanding urinary inconti-

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Kubagawa, L. et al. (2006). A eficácia do tratamento fisiote-

rapêutico da incontinência urinária masculina após prosta-

tectomia. Revista Brasileira de Cancerologia, 52(2), 179-183.

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ponível em: http://www.unifesp.br/dcir/urologia/uronline1/

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Macdonald, R.; Fink, H.; Huckabay, C.; Monga, M. & Wilt, T.

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bic prostatectomy: A randomized trial of verbal and written

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tências Especificas do Enfermeiro Especialista em Enferma-

gem de Reabilitação. Lisboa.

Sharma, U. (2011). Postprostatectomy incontinence? Here's

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Ventimiglia, B.; Tsirgiotis, A.; Fanzone, I.; Coco, T. & Privite-

ra, S. (2011). Urinary incontinence after radical prostatec-

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Vianna, M. & Napoleão, A. (2009). Reflexões sobre cuidados

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dos. Ciência, Cuidado e Saúde, 8(2), 269-273.

Zhang, A.; Stauss, G. & Siminoff, L. (2007). Effects of combi-

ned pelvic floor muscle exercise and a support group on uri-

nary incontinence and quality of life of postprostatectomy

patients. Oncology Nursing Forum, 34(1), 47-53.

Artigo Rececionado em 13/03/2014

Aceite para Publicação em 16/04/2014

Noélia Santos Ferreira:

Enfermeira no Serviço de Especialidades

Cirúrgicas do CHS. Licenciada em Enferma-

gem; Pós-Graduada em Gerontologia e em

Cuidados Paliativos; Especializada em

Enfermagem de Reabilitação.

Contacto: [email protected]

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 35

Page 36: Revista cuidarte nº11 2014
Page 37: Revista cuidarte nº11 2014

Em Destaque

FÓRUM CUIDAR DE QUEM CUIDA

Falar de «Cuidar de Quem Cuida», é pensar em

tornar os profissionais de saúde mais felizes no tra-

balho. Esta perspectiva, leva-nos a refletir sobre o

stresse, que apesar de parecer uma palavra recente

remonta ao século XVII, onde começou a ser utilizada

na física com o significado de dificuldade, exigências,

adversidade, aflição. Mais tarde, nos séculos XVIII e

XIX, a palavra stresse passou a designar a pressão

exercida sobre o material, objetos ou pessoas, ou o

grande esforço a que estes eram submetidos.

Seguindo a mesma linha de orientação, tentamos

encontrar estratégias de coping (a que os enfermeiros

estão familiarizados), e percebemos que seria funda-

mental numa profissão como a nossa, a quem é exigi-

da uma constante atualização e adaptação, a quem é

exigido um empenho e uma gestão de stresse - «O

Cuidar de nós que todos os dias cuidamos de

outros».

O projeto «Cuidar da Equipa» foi implementado no

Serviço de Pediatria Internamento no ano de 2006 e,

posteriormente, na Unidade de Urgência Pediátrica,

em 2009. Mais recentemente, no ano de 2012 surgiu

o Grupo Profissionais em Forma. O projeto «Cuidar

da Equipa» tem sido integrado nos Ciclos Formati-

vos anuais dos serviços e tem como principais objeti-

vos: - o desenvolvimento de competências nos enfer-

meiros, para adoção de estratégias de coping face ao

stresse resultante da atividade profissional, assim

como, a promoção da qualidade dos cuidados de

enfermagem prestados. Ao longo destes anos têm

sido desenvolvidas várias atividades: - massagem de

relaxamento; aulas de ginástica; dinâmicas de grupo;

sessões de partilha; risoterapia; caminhadas; pedipa-

per. O feedback positivo obtido pelos profissionais

envolvidos nas sessões realizadas, conduz-nos e

motiva-nos para o alargamento a todos os profissio-

nais da instituição.

O fórum «Cuidar de Quem Cuida» decorreu nos dias

18 e 19 de Junho deste ano, na sala de sessões do

Centro Hospitalar de Setúbal – Hospital de São Ber-

nardo, organizado pela área Pediátrica em parceria

com o Serviço de Gestão da Formação, a sessão de

abertura foi realizada pela Sr.ª Enf.ª Diretora Olga

Ferreira e a moderação das mesas esteve a cargo do

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 37

Page 38: Revista cuidarte nº11 2014

ças dos 5 aos 10 anos, “Os Paganinus” do Conserva-

tório Regional de Setúbal, que nos encheu a alma de

uma enorme sensação de prazer e bem-estar. No

período da tarde, desenvolveram-se as Dinâmicas de

Grupo sob a orientação das Sras. Enfermeiras Espe-

cialistas Marisa Silva, Sara Guerreiro e Sofia Luís. Os

participantes foram organizados em grupos de 6 a 8

pessoas para desenvolver os jogos «Cair e Agarrar»

e «Cego e o Guia». No final do dia proporcionou-se

a todos uma aula de Zumba e Pilatos desenvolvida

pela Instrutora de Fitness Sr.ª Sílvia Monteiro. As ati-

vidades do segundo dia foram da responsabilidade

dos Remédios do Riso com o tema «Humor em Tera-

pias através do Riso» que se revelou uma fantástica e

Sr. Enf.º Chefe Francisco Vaz. O Sr. Professor Doutor

Nuno Colaço proporcionou-nos um excelente

momento de reflexão e qualidade, com a sua prele-

ção intitulada «E seremos felizes para sempre? A

(des) esperança no trabalho quotidiano dos

técnicos de saúde». De seguida, a Professora Dou-

tora Ana Paula Nunes, presenteou-nos com a bri-

lhante apresentação da temática «Cuidar de quem

cuida – Estratégias de Coping». Ainda no decorrer

da manhã, tivemos um momento musical apoteótico

de violinos, com a atuação de um grupo de 20 crian-

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 38

Page 39: Revista cuidarte nº11 2014

agradável surpresa para todos os participantes.

Sendo a avaliação, uma apreciação das atividades

desenvolvidas num determinado contexto, a organi-

zação considerou pertinente apresentar algumas

considerações dos participantes:

«…vai ter impato tanto a nível do relaciona-

mento com os doentes e com os colegas traba-

lho…»; «…uma importante aprendizagem…»;

«…para um melhor auto conhecimento e auto

cuidado o que irá refletir-se na prestação de

cuidados aos outros…»; «…que iniciativas deste

género se realizem mais vezes, excelente!»; «…

porque é importante ser feliz para fazer feliz o

próximo…»; «…fortalecer as relações interpes-

soais para além dos pontos teóricos…»; «…esta

formação foi bastante útil, estão de parabéns,

todos os que estiveram envolvidas neste proje-

to, espero que haja mais…»; «…nos proporcio-

nou momentos de tanta qualidade, o meu imen-

so obrigado…»

A Organização Mundial de Saúde definiu local de

trabalho saudável como aquele em que os trabalha-

dores e os gestores colaboram para o uso de um pro-

cesso de melhoria contínua da proteção e promoção

da segurança, saúde e bem-estar de todos os traba-

lhadores e para a sustentabilidade do ambiente.

Vários autores apontam para a necessidade das insti-

tuições de saúde proporcionarem ambientes de cui-

dado aos cuidadores. A promoção, nas instituições

de saúde, de ações que incentivem a cuidar de quem

cuida certamente promoverá o bem-estar do cuida-

dor e consequentemente a melhoria da qualidade

dos cuidados prestados.

A organização

Obrigado a todos

Bem hajam

Cuid’arte - Revista de Enfermagem maio 2014 39

Page 40: Revista cuidarte nº11 2014

Revista Cuid’Arte

Espaço aberto { participação de todos os que sentem que cuidar é uma arte…

Contamos com os V/ artigos, as V/ sugestões e impressões…

http://cuidartesetubal.blogspot.com

Page 41: Revista cuidarte nº11 2014

Normas de Publicação

A Revista Cuid’arte tem como objetivo a publicação de trabalhos científicos de reconhecido interesse na |rea de

enfermagem, sob a forma de artigos de investigação, de revisão ou relato de experiência, que contribuam para o

desenvolvimento e visibilidade dos cuidados de enfermagem. Os artigos devem ser originais e destinados exclu-

sivamente { publicação na Revista Cuid ’arte.

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damente as imagens ilustrativas que o acompanham. Qualquer outra informação e/ou imagem sujeita a direitos

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te de Identidade ou Cartão do Cidadão.

Artigos - Tipo/Estrutura

Artigo de Investigação – Resulta de uma investigação baseada em dados empíricos. Este artigo deve conter as

seguintes secções: Título; Resumo; Palavras-chave; Introdução; Fundamentação Teórica; Metodologia; Resulta-

dos; Discussão; Conclusão; Agradecimentos e Referências. São admitidas pequenas adaptações a esta estrutura,

como inclusão de sub-parágrafos. Deve ser clara a permissão de publicação por entidade/ instituição que finan-

ciou a investigação. Máximo 10 páginas.

Artigo de Revisão – Artigo no qual o autor interpela sobre um fenómeno, fundamentando as suas afirmações

com literatura temática consultada para o efeito. Este artigo deve conter as seguintes secções: Título; Resumo;

Palavras-chave; Introdução; Método de Revisão; Resultados; Discussão; Conclusão e Referências. São admitidas

pequenas adaptações a esta estrutura. Máximo 6 páginas.

Relato de Experiência – Artigo em que o autor narra experiências vivenciadas no seu quotidiano que considere

enriquecedoras para si e para outros. Este artigo deve conter as seguintes secções: Título; Resumo; Introdução;

Desenvolvimento; Conclusão e Referências. Máximo 4 páginas.

São também aceites para publicação redações científicas em formato de póster desde que seguindo as orienta-

ções supramencionadas.

Título: Deve ser breve, claro e objetivo e descrever adequadamente o conteúdo do artigo (m|ximo de 16 pala-

vras). O subtítulo é opcional e deve complementar o título com informações relevantes. Nos artigos de investiga-

ção deverá estar redigido em português e inglês.

Autores: Os artigos deverão ser assinados no máximo por 4 autores. Os autores deverão estar devidamente

identificados: nome; habilitações; categoria profissional; instituições onde exerce funções e endereço eletrónico.

Resumo: Deve representar de forma fiel o conteúdo do artigo, contendo no máximo 80 palavras. Não inclui cita-

ções ou referências a figuras e/ou tabelas. Nos artigos de investigação deverá estar redigido em português e inglês.

Palavras-Chaves: São termos indicativos de assunto. Os artigos deverão apresentar entre 3 a 6 palavras-

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Page 42: Revista cuidarte nº11 2014

chaves. Nos artigos de investigação deverão estar redigidas em português e inglês.

Referências bibliográficas: As citações bibliográficas devem ser apresentadas segundo o modelo estabelecido

pela American Psychological Association (APA).

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rencialmente originais, num mínimo de 3. A caracterização de cada tabela e figura deve conter título e legenda de

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científico. Os Destaques não são considerados artigos científicos pelo que não se faz referência aos autores, mas

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dade na abordagem ao assunto; atualidade e rigor da bibliografia utilizada; qualidade geral do texto (estrutura

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não refletem, necessariamente, a opinião do Núcleo Redatorial.

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