DOSSIER Novos tempos, velhos problemas, na cidade de Maputo
DESENVOLVIMENTO AMODER: Tudo por amor s zonas rurais
EMPRESAS Eletrobras vai construir hidroelctrica em Moambique
Publicao mensal da S.A. Media Holding . junho de 2012 . 100
Mt
ENERGIA Carvo em fartura. Transporte sem infraestruturas CULTURA
Corte oramental no teatro portugus enforca projectos em
Moambique
RAJ KUMAR, VICE-REITOR RAJ KUMAR, VICE-REITOR DA JINDAL GLOBAL
UNIVERSITY DA JINDAL GLOBAL UNIVERSITY
O CASO DE UMA UNIVERSIDADE qUE FORMA LDERES MUNDIAISTHE CASE OF
A UNIVERSITY IN INDIA WHICH CREATES LEADERS FOR THE WORLDMERCADO DE
CAPITAIS A negociao de ttulos na Bolsa de Valores FISCALIDADE IVA
Iseno na fase de prospeco e pesquisa para o sector mineiro e
petrolfero
N 54 . Ano 05
AfritoolAv. 25 de Setembro, Nr. 2009 Caixa Postal Nr. 2183 Tel.
+258 21309068/328998 Fax. +258 21328997/333809 [email protected]
Maputo - Moambique
A mAis de 13 Anos A proporcionAr os mAis Altos pAdres de
servios, com produtos de QuAlidAde, preos competitivos, ideiAs
inovAdorAs, Atendimento personAlizAdoMoAMbique TANzANiA ChiPre
SwAzilNdiA
delegAeS em quelimane, Tete e Nampula
eMaterialM Equipamento
FerramentaseImplementosAgricolas
Motocultivador
Motores
dico
editora capital c editora capital c
6 SUMRIO
DESTAQUEDR
ECONOMIADR
EMPRESASDR
VALORES
19
23DOSSIER
30
20 32TDM, p 02 ZAP, p 03 AFRITOOL, p 04 MCEL, p 05 STANDARD
BANK, p 08 ERNST & YOUNG, p 11 EDITORA CAPITAL, p 15 TIM, p
17
Novos tempos, velhos problemas em MaputoO rosto de Maputo est a
mudar. De um lado, vemos vestgios de construes desordenadas, de
ocupao habitacional desregrada e dum parque automvel que provoca um
avalanche de veculos e um trnsito estrangulado. Mas, ao mesmo
tempo, o mercado imobilirio dispara e concentra-se na cidade,
deixando antever diversos projectos de condomnios, arranha-cus,
business centres, hotis e vias de acesso novas, um pouco por toda a
parte.
NEGCIOSEUA e Moambique definem prioridades em termos de
negcioMoambique e os EUA definiram as reas prioritrias de
investimento no pas. Moambique prioriza as infraestruturas, a
indstria ligeira e pesada, os biocombustveis, a gerao e transporte
de energia hidroelctrica, solar e elica ao passo que o pas de Uncle
Sam centra mais as suas atenes sobre a agricultura, os recursos
minerais, o turismo e a energia.
NDICE DE ANUNCIANTESENTREPOSTO, p 31 SAL E PIMENTA, p 36 VISO
JOVEM, p 39 3 FEIRA I. DE EMBALAGENS E IMPRESSO, p 41 TWO RED PENS,
p 47 SUPERBRANDS, p 50 CORRE, p 51 BCI, p 52
SUMRIO 7
COMUNICADOSDR DR
BANCADR DR
ESTILOS DE VIDA
33CULTURA
36
37
48
Corte oramental no teatro portugus enforca projectos em
MoambiqueA crise em Portugal chega mais longe do que se pensa e os
estragos fazem-se reproduzir, qual pedra no charco, mesmo em
Moambique. O corte nos subsdios destinados ao teatro em 38% acabou
por enforcar projectos conjuntos desenvolvidos por grupos
portugueses e moambicanos. Ou seja, no h budget e, por outro lado,
o pblico tambm no acorre aos espectculos como o fazia
antigamente.
24 38
ENERGIACarvo em fartura. Transporte sem infraestruturasA produo
de carvo agiganta-se a cada dia que passa mas as infraestruturas no
acompanham o ritmo e assumem-se como o principal entrave para os
operadores do sector. Urge resolver o problema de transporte pois a
capacidade actual garante apenas os 5 milhes de toneladas quando a
expectativa que as grandes minas venham facilmente a atingir um
volume entre 20 a 30 milhes de toneladas de carvo por ano. Como
resolver esse problema em tempo til?
EDITORIAL 9
A premncia dos lderes na nova ordem mundial
O
entendimento da funo de liderana talvez seja uma das principais
buscas da sociedade nos dias que correm. E por razes bvias: o
destino de uma famlia, uma empresa, uma comunidade, um pas,
encontra-se directamente associado capacidade da sua prpria
liderana. Nesta nova Era, a discusso sobre se a liderana ou no um
resultado de traos de personalidade, estilos de influncia ou pura
marca de nascena torna-se irrelevante e deixa at de fazer algum
sentido. A liderana um conceito que se superioriza limitao simblica
conferida por rtulos ou categorias, perseguindo antes uma
responsabilidade voltada sobretudo para a manuteno saudvel da
sociedade. O que se pretende - no mbito de uma aposta global -
formar indivduos que abracem uma Causa maior e que mobilizem outros
afim de que as linhas que tecem a Causa se tornem em si uma
realidade. H pessoas que nascem lderes e outras que aprendem a
desenvolver a capacidade de liderana ao longo da vida, seja atravs
da aprendizagem acadmica ou da experincia profissional. Outros h
que nem uma coisa nem outra. Mas num cenrio que se debate com o
excesso de gestores e com a carncia de lderes, o grande desafio ser
desenvolver o potencial de liderana nos corredores de fundo.
Actualmente, as qualidades de liderana so reconhecidas em termos
universais como um elemento-chave na administrao das empresas,
organizaes e governos. Um bom gestor deve ser, por definio, um lder
semelhana de um puro sangue que possui qualidades para ser um
campeo, mas que deve ser treinado e disciplinado. Ao lder -lhe
exigido que sirva de exemplo e possua ou personifique as qualidades
esperadas pelo seu grupo de trabalho ou influncia, num ntido
exerccio de projeco de valores. Assim sendo, os papis dos lderes
devem combinar habilidades tcnicas, humanas e conceituais que, por
sua vez, devem ser aplicadas em diferentes graus e nveis
organizacionais. Agora, imaginem esta ideia expandida dimenso da
teia mundial Fruto das constantes mudanas globais, as empresas
foram foradas a reestruturar-se e a perseguir o modelo da excelncia
de gesto promovido pelos gurus da especialidade. Neste contexto, as
habilidades, o conhecimento, as destrezas e a eficcia passaram a
ser desejadas e mais solicitadas na figura que as organizaes
apelidam de lder do sculo XXI. De modo a levar as comunidades do
planeta a aceitar os crescentes sacrifcios no sentido de
concretizar os novos desafios globais, preciso que sejam preparados
novos lderes, que, por sua vez, expliquem a premncia de mais
sacrifcios e de uma maior dose de dedicao. O lder, nesse contexto,
aquele que consegue convencer um grupo, uma comunidade, ou uma nao,
a fazer sacrifcios em prol de uma Causa maior. Esse lder pode ser
voc!
Helga Nunes
[email protected]
FICHA TCNICAPropriedade e Edio: Southern Africa Media Holding,
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046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos
assinados reflectem a opinio dos autores e no necessariamente da
revista. Toda a transcrio ou reproduo, parcial ou total, autorizada
desde que citada a fonte.
junho 2012
revista capital
10 BOLSA DE VALORES EM ALTA TURISMO NACIONALMoambique
classificou-se em primeiro lugar, entre os pases membros da SADC ao
conquistar a platina na feira de turismo, Indaba 2012, frica do
Sul. Moambique fez-se representar no certame por 25 operadores
tursticos, entre hotis, resorts, empresas que oferecem o servio de
safari e algumas agncias de viagens. O segundo lugar coube
Autoridade de Promoo de Turismo das Maurcias, uma das potncias na
rea de turismo a nvel da SADC.
CAPITOON
JIMMY DLUDLU
O guitarrista e msico moambicano Jimmy Dludlu, com o disco
Tonota, foi distinguido com o prmio Melhor lbum de Jazz de 2012. O
prmio foi atribudo ao Jimmy Dludlu pela iniciativa MTN South
African Awards de 2012. O evento, realizado na cidade sul-africana
de Sun City, permitiu que Jimmy Dludlu fizesse ecoar o nome de
Moambique no panorama da msica internacional, ao vencer este prmio
musical.
ACTIVIDADE MINEIRA
A petrolfera norte-americana Anadarko anunciou, recentemente,
mais uma descoberta de importantes reservas de gs natural na Bacia
do Rovuma. O site oficial da empresa avana que a nova reserva contm
cerca de 45 trilies de ps cbicos situa-se a quase 20 milhas a
noroeste do complexo Prosperidade na rea 1 da Bacia do Rovuma, o
que proporciona potenciais vantagens de custo para as opes de
desenvolvimento futuro.
EM BAIXA INSEGURANA ALIMENTAR
COISAS QUE SE DIZEMAlgum cala as vozes spticas? H dois anos,
levantavam-se vozes que duvidavam da nossa deciso, pois
fundamentavam que a pobreza ainda era de tal dimenso que no havia
espao para um terceiro operador. Presidente Armando Guebuza, a
propsito da entrada da Movitel no mercado moambicano. Chegou,
realmente, o dono do pedao? Em apenas trs anos a Movitel vai cobrir
80 por cento da populao e assumir a liderana do mercado Safura da
Conceio, PCA da Movitel. Cad o Farejo Nossa viso de que as
companhias brasileiras esto a perder oportunidades em frica.
Michael Lalor, director do Africa Business Center. Africass Turn a
primeira vez que frica est a ser encarada com seriedade pelo Mundo
Pratibha Thaker, directora da Economist Inteligence Unit para a
regio de frica em aluso ao actual entusiasmo da economia do
continente negro. Hollande, o messias? Estou certo de que, com este
resultado, em muitos pases houve um alvio, uma esperana. Franois
Hollande, novo presidente da Frana referindo-se sua vitria nas
eleies.
O Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertou
para o paradoxo de a frica Subsahariana registar um crescimento
econmico superior mdia mundial, mas ainda continuar com a maior
insegurana alimentar do planeta. Os ndices impressionantes de
crescimento do PIB em frica no se traduziram na eliminao da fome e
da m nutrio. A administradora do PNUD, Helen Clark, defende a
necessidade de um crescimento inclusivo e polticas centradas nas
pessoas e na segurana alimentar.
ALCOOL NO ENSINO
Numa altura em que a economia do Pas clama por Recursos Humanos
melhor qualificados, o consumo de bebidas alcolicas e
estupefacientes propaga-se a um ritmo alarmante nas escolas pblicas
e privadas. O Jornal A verdade descreve apenas um dos muitos casos
reportados: Alunos da Escola Secundria de Napipine, na cidade de
Nampula, tm faltado s aulas para consumirem bebidas alcolicas,
disponvel a menos de 50 metros da escola onde frequentam. A bebida
cabanga, a um preo de 10 meticais o litro, um negcio que sustenta
inmeras famlias no pas mas cujo efeito colateral consiste em tornar
enfermo o sistema de ensino.revista capital junho 2012
12 MUNDO
NOTCIASmento que tenha por base dvida vai afundar ainda mais a
europa da crise e, por isso, acredita que ningum ir optar por esta
via.c At as mais nobres empresas faziam tudo para seduzir o
americano, seja com um SUV da Porsche (Cayenne), uma pick up Honda
(Ridgeline) ou Ferraris com porta-copos. Contudo, a China tende
agora a arrancar todo este entusiasmo. Comprova o facto o ltimo
Salo Internacional do Automvel realizado em Pequim. No evento
firmou-se a certeza de que as vendas bateriam 30 milhes de unidades
em 2020. c
PORTUGAL
Lucros da Zon crescem 1.7% no primeiro trimestre
EUA
Dados de emprego aumentam temores sobre economiaO crescimento da
economia dos Estados Unidos desacelerou em Abril e muitos
americanos desistiram de procurar emprego, um novo sinal de que o
pas pode estar a caminho de uma primavera economicamente lenta. O
nmero de empregos, fora do sector agrcola, subiu 115.000
recentemente. O desemprego, obtido por uma pesquisa separada em
lares americanos, diminuiu um dcimo de ponto percentual para 8.1.
Os 115.000 postos de trabalho no-agrcolas j esto a gerar temores de
que a recuperao est rapidamente a perder flego, tal como aconteceu
no mesmo perodo do ano passado.c
Os lucros da Zon Multimdia cresceram 1.7 por cento no primeiro
trimestre de 2012 em comparao com o mesmo perodo de 2011, atingindo
os 10.3 milhes de euros. As receitas mantiveram-se estveis nos
214.2 milhes de euros, apesar do crescimento das adies lquidas em
novos servios, no cabo e no triple Play. No cabo, por exemplo, a
Zon registou mais 26.2 mil clientes e no triple Play a operadora
tem j 715.7 mil clientes.c
AGENDA 04 a 05 de Setembro de 2012III Conferncia internacional
do IESEO IESE anuncia a realizao de uma conferncia subordinada ao
tema Moambique: Acumulao e Transformao num Contexto de Crise
Internacional, a ter lugar em Maputo, nos dias 4 e 5 de Setembro de
2012. Embora o enfoque nacional bvio desta conferncia seja
Moambique, as comunicaes podem ser de um carcter mais geral (por
exemplo, terico ou metodolgico, ou sobre a frica Sub-Sahariana ou
frica Austral), ou mesmo sobre outro Pas ou estudo de caso
especfico, desde que as questes levantadas ou abordadas pela
comunicao sejam relevantes para a conferncia ou para os debates e
dilemas enfrentados por Moambique e outros Pases da frica
Austral.
ALEMANHA
Endividamento e falta de competitividade lanaram Europa
crise
CHINA
Drago domina sector automvel de luxoA China actualmente o drago
na rea de automveis de luxo. Desde 2009, o pas o maior mercado
mundial de veculos leves (estima-se que as vendas em 2012 sejam de
mais de 18 milhes). O mercado chins de automveis o que mais cresce
actualmente. O facto contraria a anterior tendncia da hegemonia
americana. Desde o Ford T, de 1908 at 2009, a hegemonia dos
americanos no sector foi total. Os EUA no s eram o maior mercado de
veculos do mundo (no auge, em 2005, foram vendidos quase 17 milhes
de veculos), mas tambm o grande ditador de tendncias.
A razo da crise actual o endividamento e a falta de
competitividade, segundo reitera a chanceler alem Angela Merkel. A
mesma salienta que o crescimento tem de passar por reformas
estruturais. Merkel sublinha que considera inequvoco que o
crescimento atravs de reformas estruturais sensvel, importante e
necessrio. A chanceler defende ainda que um crescirevista capital
junho 2012
BANCA
BCI
13
Chiboleca traz Sikwembu Xi Ni Kumile Mediateca do BCISocial, a
Mediateca do BCI em Maputo, acolheu no dia 9 de Maio, a inaugurao
da Exposio Individual de Pintura intitulada Sikwembu Xi Ni Kumile
(Deus Me Encontrou), do artista Samuel Chiboleca. Sikwembu Xi Ni
Kumile integrou 24 obras de pintura que, na viso do artista,
enaltecem o orgulho da nossa moambicanidade e a nobreza do nosso
potencial turstico. Nessa perspectiva, a amostra foi caracterizada
pelo uso predominante de trs linhas de cor: o Azul, representativo
do sol, da praia, do mar, areia e desportos aquticos; o Verde,
associado ao ecoturismo, ao turismo domstico, aos negcios e
aventura; e a Linha Laranja, representativa da cultura, do
entretenimento e do turismo juvenil. Com esta combinao de cores,
formas e contrastes, o artista pretende ainda trazer uma mensagem
de esperana por um Mundo melhor. Samuel Chiboleca um artista j
consagrado nas lides artsticas do nosso Pas. Participou em vrias
exposies colectivas e individuais no Pas e no estrangeiro,
destacando-se nas aparies em pases como a Arglia, frica do Sul,
Malsia e Reino Unido. Tem um registo considervel de prmios obtidos
em Moambique e no exterior.c
o rol de actividades de promoo e incentivo ao desenvolvimento
das Artes Moambicanas, uma vertente destacada do seu programa de
Responsabilidade
N
BCI e Dr. Ibraimo Ibraimo premiados pela PMR.africares e altos
funcionrios governamentais baseados em Moambique. Os critrios de
classificao baseiam-se, de entre outros, em indicadores como o
contributo efectivo das instituies para o crescimento e
desenvolvimento econmico do Pas; o domnio de competncias de gesto;
o nvel de implementao de polticas de governao corporativa; a
capacidade de inovao e o reconhecimento da visibilidade da imagem e
marca institucionais. Os prmios atribudos pela PMR.africa tm se
tornado nos ltimos anos uma referncia incontornvel no contexto da
gesto pblica e privada em Moambique. O seu objectivo, de acordo com
os promotores, , por um lado, premiar e celebrar a Excelncia e, por
outro, reconhecer e definir Padres de Referncia que devero orientar
e inspirar a actuao dos demais agentes econmicos do mercado. Na
perspectiva do BCI, estes prmios representam mais um reconhecimento
dos agentes econmicos no trabalho desenvolvido pelo Banco nos
ltimos anos, atravs da concretizao de um posicionamento como Banco
Universal de Retalho, dirigido a todos os moambicanos; para alm de
um forte compromisso com questes de Responsabilidade Social e de
aces de parceria no desenvolvimento sustentado das famlias e das
empresas moambicanas.c
P
ela 3 vez nos ltimos quatro anos, a PMR.africa, prestigiada
firma de consultoria e pesquisa empresarial, sedeada na frica do
Sul, a 28 de Maio do ano corrente atribuiu 2 importantes prmios ao
BCI e ao seu Presidente da Comisso Executiva, o Dr. Ibraimo
Ibraimo. Na cerimnia Leaders and Achievers realizada esta manh, no
Complexo Indy Village, em Maputo, o BCI, nico Banco galardoado,
arrecadou o prmio correspondente categoria de Melhor Banco de
Moambique, onde obteve a melhor classificao geral e o
correspondente
Golden Arrow Award 2012. Ao Dr. Ibraimo Ibraimo foi atribudo o
Diamond Arrow Award 2012, na sequncia da obteno da melhor
classificao na categoria de Empresrio Mais Influente no quadro da
contribuio para o crescimento e desenvolvimento econmico de
Moambique. As distines em apreo resultam de uma pesquisa sobre
Moambique realizada nos meses de Janeiro, Fevereiro e Maro do
corrente ano, sobre uma amostra aleatria constituda por 150
personalidades do sector empresarial CEOs, Directores-Gerais,
Empresrios e Gesto-
14 FRICA
NOTCIASambique, que se situou nos oito por cento em 2011. Entre
as economias que cresceram mais rapidamente em 2011, esto os pases
ricos em recursos, como o Gana, Moambique e a Nigria, tendo todos
atingido taxas de crescimento superiores a sete por cento, refere o
documento.c
CONTINENTE Banco Mundial prev crescimento superior a cinco por
cento este ano
BREVES DOS PALOPSANGOLA Prevista para o final de Junho a
primeira exportao de gs naturalA primeira exportao de gs natural
angolano est prevista para finais de Junho, segundo o ministro dos
Petrleos, Botelho de Vasconcelos. No final da sesso parlamentar em
que o governo angolano foi autorizado, por unanimidade, a legislar
sobre o Ajustamento do Regime Fiscal Aplicvel ao Projecto Angola
LNG, o ministro adiantou que em Maio tero lugar testes de
carregamento. Os planos iniciais de exportao do gs natural angolano
apontavam para o mercado norte-americano, mas as recentes
descobertas deste combustvel nos Estados Unidos obrigaram Angola a
redireccionar o mercado de exportao, tendo optado pelo asitico,
dada a competitiva diferena de preos. No caso dos Estados Unidos,
cada unidade BTU (British Termal Unit) seria vendida a dois dlares,
enquanto no mercado europeu os valores j subiriam para 6 a 8
dlares, mas o mercado asitico, designadamente o Japo, permitiro
vender cada BTU acima de 13 dlares.
FRICA DO SUL Pas investe 250 milhes de dlares no capital de
EcobankA Empresa de Investimento Pblico da frica do Sul (PIC), um
gabinete de gesto de bens pblicos pertencente ao Governo
sul-africano, investir 250 milhes de dlares americanos no capital
do Ecobank Transnational Incorporated, proprietria do banco
Ecobank, segundo informou a instituio financeira em Lom.
O Banco Mundial (BM) anunciou previses de 5,2% para o
crescimento econmico africano em 2012, num estudo que destaca
Moambique como um dos casos de sucesso da economia africana no ano
passado. Projecta-se um aumento do crescimento para 5,2 % em 2012,
com outro aumento para 5,6 %, em 2013, com a recuperao da economia
global. Excluda a frica do Sul, o crescimento dever atingir 6,4 %
em 2012, antes de se fixar nos 6,6 %, em 2013, refere o relatrio
Africas Pulse, divulgado pelo BM. O BM refere ainda que em 2011 os
pases africanos registaram, em mdia, um crescimento de 4,9%, pouco
abaixo da mdia de cinco por cento que o continente registava antes
da crise. Excluindo a frica do Sul, que representa cerca de um tero
do Produto Interno Bruto (PIB) da Regio, o crescimento ter ficado
nos 5,9%, um dos mais rpidos das regies em vias de desenvolvimento.
O relatrio do BM destaca tambm o ritmo de crescimento econmico de
Mo-
CABO VERDE Comrcio externo regista decrscimo no primeiro
trimestre de 2012De acordo com um comunicado do Ecobank
Transnational Incorporated, esta operao permitir reforar os
capitais desta estrutura e optimizar a sua capacidade de
desenvolver as suas actividades no continente africano. Segundo
indicou o banco pan-africano, a compra de aces de 250 milhes de
dlares americanos vai materializar-se pela emisso de trs bilhes e
125 milhes aces no capital do Ecobank, que representa 19,58 % das
aces disponveis. Aps este investimento, a PIC poder beneficiar de
um assento no Conselho de Administrao do Ecobank. o primeiro
investimento maior directo da PIC no exterior da frica do Sul,
sublinha o comunicado do Ecobank.c Os resultados divulgados pelo
Instituto Nacional de Estatstica de Cabo Verde indicam que o dfice
da balana comercial evoluiu negativamente (-8,6% face ao mesmo
perodo de 2011) no primeiro trimestre de 2012. Mais precisamente,
as importaes e as exportaes registaram um decrscimo, de 8,8% e de
10,9%, respectivamente, face ao mesmo perodo do ano transacto. E
verificou-se ainda que as reexportaes aumentaram 159,9%. Cabo Verde
um pas pobre em recursos naturais e, como tal, tem de importar a
maioria dos bens que so consumidos. A Europa continua a ser o
principal cliente nacional, absorvendo cerca de 99,2% do total das
exportaes e fornecendo 77,1% do montante total das importaes.c
revista capital
junho 2012
16 MOAMBIQUE
NOTCIASlichis, a par do distrito de Sussundenga (Manica). Este
fruto muito apreciado em diversos mercados, nomeadamente na Unio
Europeia e nos EUA e consumido em conserva ou sem ser
transformado.c tina. Temos, fundamentalmente, estado a receber
misses da Argentina e do Chile, ento digamos que h uma diversidade
de actores em relao aos investimentos em Moambique.c
EXPORTAO
Lichias moambicanas sero exportadas para a frica do Sul e
Austrlia
INVESTIMENTOS
NEGCIOS
BRIC em busca de oportunidades em MoambiqueO grupo de pases em
desenvolvimento conhecido por BRIC (constitudo por Brasil, Rssia,
ndia e China) pretendem aproveitar as oportunidades de investimento
em Moambique. Com efeito, a China, com um investimento de cerca de
500 milhes de dlares norte-americanos, foi o maior investidor
estrangeiro em Moambique em 2011 e segundo o director geral adjunto
do Centro de Promoo de Investimentos (CPI), Godinho Alves, o
gigante asitico possui excelentes condies para manter a liderana
este ano, dado ter em negociao projectos orados em cerca de dois
bilies de dlares. Temos novos actores na lista dos principais
investidores em Moambique, como so os casos da ndia, Noruega e
Rssia. Portanto, digamos que temos tido novos actores no mbito
daqueles pases chamados os BRIC, que so o caso do Brasil, Rssia,
China e ndia. A frica do Sul, a Coreia do Sul e o Japo, que neste
momento est a mostrar muito interesse pelo nosso pas, tambm se esto
a tornar em importantes investidores, disse. Godinho Alves afirmou
que o CPI tambm tem estado a receber propostas de investimentos de
variados pases da Amrica La-
Mais projectos em negociao para zonas econmicasO GABINETE das
Zonas Econmicas de Desenvolvimento Acelerado (GAZEDA) est em fase
de negociao de alguns projectos estruturantes com potencial de, por
si s, atrarem para junto de si outros de menor dimenso. O director
do GAZEDA, Danilo Nal fez meno a trs megaprojectos, cujo
investimento dever superar os cinco bilies de dlares
norte-americanos. Estamos a negociar alguns projectos estruturantes
para a Zona Econmica Especial (ZEE) de Nacala, na provncia de
Nampula e para o Parque Industrial de Beleluane, em Maputo. Sendo
assim, temos um projecto de aproveitamentos dos fosfatos em Monapo
para uma fbrica de fertilizante em Nacala Velha; um outro se
destina ao aproveitamento e transformao das areias pesadas de
Angoche em zirco em Nacala, enquanto que o terceiro, a ser
implementado no parque industrial de Beloluane ter como objecto o
aproveitamento do alumnio da fundio Mozal para a fabricao de cabos
elctricos, jantes para viaturas e outros produtos a fins, disse
Danilo Nal. Desde a sua criao, em Setembro de 2009, o GAZEDA j
aprovou mais de 350 milhes de dlares em projectos de investimento
que cobrem vrios sectores desde a agricultura at indstria. Temos,
de facto, uma predominncia na rea da indstria, mas a componente de
trocas comerciais fundamental com cerca de 73 % dos projectos
aprovados. Depois, temos a rea da indstria, portanto, as grandes
unidades industriais que tm estado a surgir com cerca de 60 %,
depois temos os servios e o turismo, disse.c
A empresa Trs Rios, de capitais maioritariamente sul-africanos,
vai iniciar em 2014 a exportao para a frica do Sul e a Austrlia de
lichias produzidas no distrito de Matutuine, no sul de Moambique,
segundo informou o director das Actividades Econmicas de Matutuine,
Elias Cuna. Elias Cuna disse ainda que, nos prximos dois anos, a
rea de produo de lichias naquela regio limtrofe com a frica do Sul
dever passar dos actuais 100 hectares para aproximadamente 800
hectares. A Trs Rios emprega cerca de 150 trabalhadores
moambicanos, nmero que dever subir quando forem atingidos os 800
hectares, disse Cuna, adiantando que Matutuine dispe de condies
excelentes e temperatura adequadas para o cultivo de lichis em
larga escala. Com a concretizao daquela iniciativa, Matutuine dever
tornar-se numa das regies moambicanas exportadoras de
NOTA DE RODAP
Moambique quer atingir os 40% na extraco de petrleo e
gsMoambique quer aumentar dos atuais 25 para 40% a participao nos
futuros blocos de extraco de petrleo e de gs no norte do pas,
segundo o presidente da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH),
Nelson Ocuane.c
revista capital
junho 2012
18 REGIES
NOTCIAS
MAPUTO Gs canalizado poder tornar-se realidadeA multinacional
petroqumica Sasol vai financiar a construo de um gasoduto, de modo
a permitir a distribuio de gs canalizado para uso domstico,
industrial e comercial na provncia de Maputo, reduzindo desta forma
as importaes de combustvel. Para o efeito, iniciar em Setembro a
construo de um gasoduto, a partir do centro industrial da Matola,
com 15 quilmetros de extenso e um anel de cerca de 35 quilmetros,
para permitir a distribuio a cidade de Maputo. A concesso destes
financiamentos foi formalizada, com a assinatura de um acordo entre
a Sasol, e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), instituio
que representa o Estado moambicano nesta rea. O presidente do
Conselho de Administrao da ENH, Nelson Ocuane, diz que a ligao para
os consumidores domsticos ser feita de forma gradual e que se
pretende cobrir toda a cidade de Maputo e expandir para o distrito
de Marracuene num perodo de 10 anos. Segundo Ocuane, numa primeira
fase, o gs canalizado ser fornecido a hotis, hospitais,
restaurantes, mas, ao longo do gasoduto, prev-se o fornecimento s
bombas de combustvel para o abastecimento de veculos.c
TETE Entrada de megaprojectos d uma mais-valia nos impostosA
delegao da Autoridade Tributria de Moambique em Tete arrecadou,
durante o primeiro trimestre deste ano, 618.100,77 milhes de
meticais de impostos, contra 597.947,05 milhes planificados para o
mesmo perodo. Para o delegado daquela instituio, Arlindo Chissaca,
este sucesso deve-se ao empenho dos funcionrios e entrada em
funcionamento de vrios megaprojectos, que se verifica nos ltimos
meses naquele ponto do pas. Estamos a conseguir contribuies dos
grandes projectos em implementao na provncia, uma situao aliada ao
trabalho rduo que os funcionrios da Autoridade Tributria esto a
imprimir na colecta de receitas de impostos diversos, disse
Chissaca, tendo destacado os esforos que esto a ser empreendidos
pela direco geral da instituio, sobretudo no melhoramento das
condies de trabalho, atravs da edificao de diversas infraestruturas
do sector e do parque habitacional, nos postos ao longo da
fronteira com os pases vizinhos.c
nas, disse em Quelimane que a empresa pretende construir uma
segunda linha de alta tenso para melhorar a qualidade da energia
fornecida e, consequentemente, reduzir os cortes que, em algum
momento, so crticos ao longo da Linha Centro/ Nordeste, afectando o
curso normal da vida das pessoas e o funcionamento das instituies.
A Linha Centro/Nordeste alimenta as provncias da Zambzia, Tete,
Nampula, Cabo Delgado e Niassa. Entretanto, segundo aquele
administrador, apesar deste cenrio, nos ltimos dois anos, aquela
empresa fez um grande investimento na linha que tem uma extenso de
mais de 1.000 quilmetros visando reduzir as avarias, cortes e
disparos. Esse investimento foi feito, particularmente, na
substituio de infra-estruturas nos locais considerados crticos. A
par deste esforo, h toda a necessidade de manter as infraestruturas
existentes. Uma das estratgias encontradas pela empresa para tal o
envolvimento dos lderes comunitrios e residentes locais nos
trabalhos de manuteno, nomeadamente na limpeza nos pontos por onde
se encontram os equipamentos. Nos locais onde temos infraestruturas
metlicas envolvemos as estruturas comunitrias locais, acrescentou
Adriano Jonas.c
ZAMBZIA Investimento em infraestruturas poder melhorar a
qualidade de energiaA empresa pblica Electricidade de Moambique
(EDM) precisa de um investimento de 300 milhes de dlares para
reabilitar ou construir infraestruturas de transporte de energia
elctrica e melhorar a qualidade do produto ao longo da Linha
Centro/Nordeste. O administrador da EDM, Adriano Jorevista capital
junho2012
DESTAqUE
Brasil abre crdito de apoio agricultura em MoambiqueO governo
brasileiro, atravs da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
(Embrapa), vai abrir uma linha de crdito no valor de 100 milhes de
dlares para a aquisio de equipamento para apoiar o sector agrcola
em Moambique, no mbito do Programa Mais Alimentos.c
DESTAQUE
ERNST & YOUNG
19
O camaleo que se adapta aos clientes e apresenta solues sua
altura
A consultora Ernst & Young ganhou, pela quarta vez
consecutiva, o prmio Diamante atribudo pela empresa sul-africana
PMR Africa, sendo considerada a melhor empresa de auditoria e
consultoria em Moambique e foi eleita pela Superbrands como uma
marca de excelncia. Entrevistamos Ismael Faquir, Country Managing
Partner da Ernst & Young Moambique, sobre a histria e presena
da empresa no mercado, cujo portfolio engloba clientes que operam
em todos os ramos e sectores de actividade e aos quais se adapta em
pleno.A Ernst & Young foi um dos intervenientes chave em muitas
privatizaes feitas no Pas. Como que analisa, hoje, o impacto das
referidas privatizaes? O processo de privatizao teve, como qualquer
outro processo, casos de sucesso e outros casos de insucesso.
preciso entender que o papel da EY em todo este processo foi o de
prestar assistncia tcnica s empresas que seriam objecto de
privatizao no sentido de garantir que estas dispusessem de informao
financeira sistematizada para um processo desta natureza. Em alguns
casos a nossa assistncia consistiu tambm na reeestruturao dessas
empresas. Um dos actuais desafios passa pela integrao dos
empreendedores moambicanos nas normas internacionais de
contabilidade (IFRS). Como tem respondido o empresariado moambicano
a este desafio? Sendo este um aspecto complexo, diria que as
empresas tm respondido de forma positiva s exigncias trazidas pelo
novo normativo contabilstico. Sendo este um imperativo legal, nada
resta s empresas seno aderir e o processo, com o apoio da
Autoridade Tributria de Moambique, tem sido, a meu ver, tratado com
relativo sucesso.cjunho 2012 revista capital
Srgio Mabombo [Texto]
A Ernst & Young conseguiu a proeza de ganhar pela quarta vez
consecutiva o prmio Diamante atribudo pela empresa sul-africana PMR
Africa, sendo considerada a melhor firma de auditoria e consultoria
em Moambique. A que se deve esse sucesso? Na nossa perspectiva, o
sucesso deve-se essencialmente qualidade das pessoas que compem a
equipa da EY e tambm ao compromisso firme adoptado pela empresa de
prestar um servio de elevada qualidade. Ao mesmo tempo, a
SUPERBRANDS Moambique, uma organizao internacional independente que
se dedica promoo de marcas de excelncia em mais de 89 pases,
escolheu a Ernst & Young como uma das melhores entre os seus
concorrentes. Acha que o branding internacional Ernst & Young
vos ajuda a ser os lderes de mercado? Sem dvida que o valor da
marca a nvel internacional ajuda a alcanar a posio de liderana que
a empresa ocupa no mercado local mas, no por si s garantia de
liderana. preciso salientar que o branding de qualquer uma das big
4 forte, pelo que o trabalho das equipas locais acaba sendo o mais
determinante no posicionamento destas firmas no mercado local.
A Ernst & Young foi constituda em Moambique em 1991 com
apenas quatro colaboradores, tendo tido um crescimento
significativo ao longo de 20 anos de operaes. Alis, hoje a
consultora possui 130 profissionais especializados. Este aumento
decorre do crescimento da carteira de clientes e suas necessidades
no mercado. que tipo de clientes possui e que relao estabelece com
os mesmos? Temos todo o tipo de clientes, desde as multinacionais s
empresas pblicas e privadas locais. O portfolio de clientes da EY
em Moambique abrange empresas que operam em todos os ramos e
sectores de actividades e em quase todos eles com uma presena de
liderana ou significativa. Uma das palavras de ordem na prestao de
servios da empresa parece ser o de oferecer solues que vo ao
encontro do valor que eles procuram. Como feito e monitorado esse
esforo? Esse esforo feito atravs da criao de equipas de trabalho
ajustadas s necessidades do cliente, com um conhecimento profundo
da indstria em que o cliente opera. A ateno constante com as
necessidades dos nossos clientes e a maturidade que as nossas
equipas apresentam tornam-nos cada vez mais uma referncia
incontornvel na prossecuo dos objectivos dos clientes.
20 DOSSIER
O FUTURO DA CIDADE DAS ACCIAS
Novos tempos, novo rosto, mas velhos problemas...
Helga Nunes [Foto]
Ao longo dos seus 124 anos, a cidade de Maputo sofreu vrias
transformaes, sendo que as mais significativas ocorreram nas duas
ltimas dcadas. Contriburam em larga medida para este novo cenrio os
edifcios que surgiram um pouco por toda cidade, desde os
habitacionais, comerciais, instituies pblicas, enfim, o mercado
imobilirio em todas suas vertentes. Para os prximos tempos, mais do
que novo, espera-se um rosto moderno para a cidade, tendo em conta
os diversos empreendimentos em curso, quer em termos de
infraestruturas, quer no sector imobilirio.
A
pesar dos seus anos de existncia sugerirem velhice, Maputo tem
muita coisa nova e vai contar com empreendimentos mais actualssimos
ainda, para responder ao seu prprio crescimento, no s em termos
econmicos como demogrficos. Actualmente, a Cidade das Accias
enfrenta os problemas tpicos de uma urbe em franco crescimento por
um lado, e por outro, uma presso criada pelos nmeros acima da sua
capacidade. Estes nmeros esto, na sua essncia, relacionados com o
ndice demogrfico e com o parque automvel. um facto que a cidade foi
projectada para um nmero muito inferior aos 1,5 milhes de
habitantes que possui actualmente. Em abono da verdade, a sua
fundao foi concebida para cerca de 500junho 2012
mil, no tempo colonial. O facto do nmero de habitantes
existentes superar exponencialmente a capacidade da urbe gera uma
grande presso sobre a demanda habitacional, acabando por abrir
espao para as construes desordenadas que caracterizam quase todos
os bairros perifricos da cidade capital. Dada a complexidade do
fenmeno, o problema no termina aqui, antes pelo contrrio,
estende-se a questes ligadas ao saneamento do meio, fornecimento de
gua e tanto outros problemas caractersticos de uma ocupao
habitacional desregrada, mas mais do que isso, no planificada pelas
estruturas com competncia para o efeito. O parque automvel idem.
largamente estimulado pelo sistema ineficiente de
transportes urbanos que a capital possui, pressionando em ltima
instncia as estradas que tambm no foram projectadas para a
avalanche de veculos que hoje se fazem s ruas. Ponderando todos
estes aspectos, entre outros, a edilidade de Maputo e o Governo
central tm articulado estratgias no sentido de aprovar projectos
que, por um lado, respondam aos problemas ora apresentados e, por
outro, confiram de facto o status de capital cidade de Maputo.
Tambm dentro deste contexto, mais do que andar lado a lado, os
sectores pblico e privado criam e promovem unies para materializar
determinados projectos, luz do esprito do que hoje designado por
parceria pblico-privada (PPP).
revista capital
DOSSIER
O FUTURO DA CIDADE DAS ACCIAS 21considervel nos ltimos anos.
Esta demanda originada pelo crescimento da banca, seguradoras,
expanso de grandes companhias e implantao de pequenas e mdias
empresas. Vrios edifcios esto a ser erguidos na baixa da cidade, ao
longo das avenidas Julius Nyerere, Eduardo Mondlane e 24 de Julho,
e alm da componente habitacional privilegiam igualmente a oferta de
escritrios para os mais variados ramos de negcios. Neste contexto,
de destacar tambm as futuras instalaes do Banco de Moambique, um
edifcio misto de 30 andares situado na baixa da cidade de Maputo,
que vai contar com um parque de viaturas. Tendo em conta o
crescimento e a diversificao da economia nacional, o surgimento de
mais escritrios no panorama da cidade algo inevitvel. Alis, um
relatrio divulgado no ano passado pela consultora britnica
imobiliria Knight Frank, designado Africa Report 2011, indica que
Moambique est a registar um crescimento na oferta de escritrios em
Maputo, citando como exemplo alguns dos empreendimentos de vulto
localizados na baixa da cidade. Por ltimo, est o mercado hoteleiro
que tem conhecido uma dinmica com um ritmo mais ligeiro do que o
sector habitacional e dos escritrios. O ritmo de crescimento do
mercado hoteleiro surge associado demanda por estas estncias, da
que o seu crescimento apesar de notrio no se equiparar ao que se
regista no mercado residencial e dos escritrios.c
Mercado imobilirio em alta Perspectivar o novo rosto da cidade
de Maputo passa necessariamente por avaliar as actuais condies em
que se apresenta o mercado imobilirio em todas as suas vertentes. O
mercado imobilirio a nvel nacional est a crescer
significativamente, mas vai
continuar concentrado em Maputo por muitos anos. Ora vejamos,
esto a surgir grandes projectos imobilirios, mas estes continuam
concentrados maioritariamente em Maputo, uma tendncia justificada
pelo facto dos imveis localizados na capital possurem um maior
valor comercial. O valor comercial de um imvel determinado em funo
de vrios factores, entre eles, a localizao. Em virtude disso, o
mercado em Maputo vai continuar apetecvel aos olhos dos
investidores neste ramo. Por conta disso, continuaremos a assistir
proliferao de condomnios e de outros projectos imobilirios em
bairros como o Costa do Sol, Sommerschield, entre outros. Outra
localizao da cidade que merece destaque a do Zimpeto. Hoje, tanto
as casas como os talhes nesta parcela da cidade super-valorizaram
por conta da edificao do Estdio Nacional do Zimpeto e da Vila
Olmpica. Estes dois empreendimentos desportivos estimularam a
construo de diversas casas de particulares assim como de condomnios
ao seu redor, que dia ps dia vo conferindo ao Zimpeto uma nova
identidade, no apenas sob o ponto de vista da sela de edifcios,
como tambm dos extractos sociais que habitam a zona. Assim, no que
tange habitao, o futuro da cidade de Maputo promissor, tendo em
conta tambm as tendncias dos modelos de construo que alm de
modernos, mostram-se arrojados. A componente habitacional tem
relevo no mercado imobilirio, mas no a nica que regista avanos. O
mercado dos escritrios, estimulado largamente por iniciativas
privadas, ganhou uma dinmica
Infraestruturas de envergadura do suporte CidadePONTE MAPUTO -
KA TEMBE
A
se materializar, a ponte Maputo-Ka Tembe ser sem sombra de dvida
no s uma das mais imponentes infra-estruturas da cidade, mas tambm
do pas. A futura ponte Maputo-Ka Tembe, que ser edificada sobre a
Baa de Maputo ter um comprimento de cerca de 1,5 quilmetros. O
empreendimento de capital importncia para a expanso da capital do
pas que, como dissemos, se debate actualmente com uma excessiva
densidade populacional.
Alm da ponte, o projecto integra uma estrada que dever iniciar
prximo da zona da Malanga numa extenso de aproximadamente 16
quilmetros, e que vai dar acesso directo ponte. Com esta ponte,
augura-se uma realidade completamente diferente para a cidade
capital porque a Nova Maputo vai surgir ali A ligao vizinha frica
do Sul, mais precisamente a Durban, vai ser mais rpida e a regio
vai registar um desenvolvimento considervel. Com a ponte em causa,
espera-se que o nmero de habitantes na Ka Tembe ascenda de 25 mil
para aproxima-
damente 400 mil. Por outro lado, o distrito municipal da Ka
Tembe vai conhecer uma nova realidade econmica com os projectos
tursticos que ali vo despontar por osmose. A notcia da construo da
ponte j gerou uma onde especulao tal que muitos locais j comearam a
vender os seus talhes a preos empolados. Mas a edilidade de Maputo,
apercebendo-se da situao e para evitar novos conflitos de terra,
decidiu interromper a atribuio de Direito de Uso e Aproveitamento
de Terra para o distrito Municipal da Ka Tembe. cjunho 2012 revista
capital
22 DOSSIER
O FUTURO DA CIDADE DAS ACCIAS
Estrada Circular de Maputomoambicano. A rodovia composta por
seis seces, sendo que a primeira parte vai da avenida da Marginal
at ao bairro da Costa do Sol, numa extenso de 6,3 quilmetros.
Segue-se depois outra seco que passa pelo bairro dos pescadores e
que ir terminar no bairro do Chiango, com uma extenso de 19,9
quilmetros. A terceira seco ligar o Chiango Estrada Nacional Nmero
1 (EN1), no cruzamento do Grande Maputo, junto ao Estdio Nacional
do Zimpeto, com uma extenso de 10,5 quilmetros. A quarta seco parte
do Estdio Nacional do Zimpeto at ao distrito de Marracuene com uma
extenso de 15,5 quilmetros. A quinta seco liga a EN1 e N4 -
vulgarmente designada por Maputo-Witbank, no bairro do Txumene,
municpio da Matola, com uma extenso de 16,3 quilmetros. A sexta
seco, que parte do n da Machava at praa de 16 de Junho, na cidade
de Maputo. Foram projectadas quatro faixas de rodagem para a via,
pelo que se espera aliviar o congestionamento do trfego na cidade
de Maputo e da Matola tambm.c
E
st previsto para Junho deste ano o arranque das obras de
construo da estrada circular de Maputo, com uma extenso de 74
quilmetros, uma obra que vai ligar a capital do pas vila sede do
distrito de Marracuene, na provncia de Maputo. Trata-se de um
empreendimento de vulto cuja construo poder durar 30 meses e estar
a cargo da empresa chinesa Road and Bridge Corporation (CRBC).
Alis, a empreiteira j reuniu todo o equipamento necessrio, bem como
o pessoal tcnico para a obra. At pouco antes do arranque das obras,
decorre o processo de harmonizao do projecto da estrada circular
com
outros de reabilitao, melhoria e construo de rodovias do
municpio de Maputo. Um dos projectos que sofreu alterao o da
recuperao da zona costeira que deveria comear nas proximidades da
Escola Nutica, na zona baixa da cidade, at aldeia dos pescadores.
Entretanto, com a estrada circular a via ser abrangida, mas j no a
partir da Escola Nutica, mas sim do hotel Southern Sun, na
marginal. A construo da estrada circular est calculada em 315
milhes de dlares, dos quais 300 milhes de dlares sero financiados
por uma linha de crdito do EximBank - Banco de Exportaes e
Importaes da China e os restantes pelo Governo
Requalificaes estratgicas na mangaaputo, semelhana de vrias
outras cidades, mais antigas e mais modernas, possui bairros e
zonas emblemticas, carregadas de histria. Entretanto, algumas
dessas zonas tm a sua existncia ameaada por vrios problemas, muitos
deles relacionados com a excessiva densidade populacional e com as
fracas condies de saneamento. Para no deixar isso acontecer, o
Conselho Municipal encetou um projecto de requalificao de alguns
bairros. Mafalala e Chamanculo constam dos bairros abrangidos. Com
o projecto de requalificao, mais do que ostentar um novo rosto,
estes bairros vo viver novos e melhores dias no que tange ao
saneamento. Nestes bairros o problema do saneamento assume o seu
expoente mximo sobretudo na poca das chuvas, quando as casas e as
vias de acesso ficam completamente alagadas, causando grandes
transtornos aos moradores, expondo-osrevista capital junho 2012
M
a diversas doenas decorrentes da estagnao da gua. Mas com a
requalificao, estes problemas podero prescrever, e estar a
assegurada a existncia de bairros emblemticos da histria da cidade.
Na rota da requalificao tambm se encontra a Baixa da Cidade de
Maputo, sendo que nos prximos oito meses a edilidade dever ter em
mos o plano de requalificao desta parcela. Com o instrumento, o
Conselho Municipal da Cidade de Maputo pretende evitar que a zona
da Baixa continue a desenvolver-se sem alinhamento claro quanto
localizao de cada tipo de servio ali existente. Assim, o plano de
requalificao vai estabelecer as reas para o comrcio, sistemas de
infraestruturas, zonas por reclassificar; recuperar espaos verdes e
identificar o patrimnio cultural a ser preservado. Desafios
impostos pelo crescimento A necessidade de requalificao da baixa da
cidade de Maputo faz parte dos desafios
que vo se colocando medida que a capital do pas vai crescendo.
Ou seja, urge adoptar modelos de gesto sustentveis a mdio longo
prazo. A excessiva densidade populacional que Maputo apresenta
coloca como desafio claro uma aposta firme no ordenamento
territorial, sob pena de assistirmos, a pouco e pouco, Cidade das
Accias transformar-se num emaranhado sem igual. A interveno nas
rodovias uma medida estratgica no sentido de aliviar o trfego, mas
a existncia de um sistema de transporte eficiente, eficaz e seguro,
mostra-se como uma das solues do que se vive hoje nas estradas.
Fortalecido o sistema de transportes, facilmente se poder chegar
proibio da importao de viaturas com determinado tempo existncia, ou
seja, relativamente antigas. Os desafios no param no transporte,
passam tambm pela segurana pblica, cujo reforo imperioso tendo em
conta o crescimento econmico que se regista. Caso estes e outros
desafios sejam enfrentados de forma sbia, ponderando solues e
resultados a mdio e longo prazos, mais do que aparente, a beleza da
cidade de Maputo poder ser uma evidncia.c
DESENVOLVIMENTO 23
Tudo por amor s zonas ruraisA AMODER comeou a trabalhar em 2001
no Niassa com os fundos da Fundao Malonda financiados pela ASDI.
Mas a associao j existe desde 1995. O seu primeiro escritrio foi
instalado em Cuamba com os fundos da Unio Europeia e a sua misso
passava por financiar a comercializao agrcola na regio do Corredor
de Nacala. Da a AMODER cresceu e hoje possui tambm escritrios em
Gure, Mandimba e Lichinga. Segundo a sua coordenadora, Betty
Raunde, a Associao dedica-se ao financiamento do comrcio rural e do
transporte dos produtos agrcolas, e espera continuar a beneficiar o
pequeno comerciante que garante o abastecimento nas zonas
rurais.Helga Nunes [Texto]
NiASSA
A
AMODER a Associao Moambicana para o Desenvolvimento Rural. Um
organismo sem fins lucrativos cuja actividade consiste em conceder
crdito aos pequenos empresrios inseridos nas zonas rurais. A sua
opo pelas zonas rurais, no incio do seu programa surgiu do facto de
existir a necessidade de resolver a lacuna face comercializao
agrcola. Contudo, e com o andar do tempo, a AMODER descobriu que no
era s a comercializao agrcola que constitua problema nas zonas
rurais. O abastecimento da populao em produtos manufacturados como
o sabo, acar, entre outros, era tambm uma tnica comum. Neste
contexto, a associao acabou por financiar uma gama de actividades
como a comercializao dos produtos agrcolas e o transporte dos
mesmos. Ao longo do tempo, fomos crescendo e aumentando o nosso
leque de actividades,
que incluem o financiamento de transportes, sobretudo os que se
destinam ao escoamento dos produtos agrcolas. E os produtos
agrcolas em questo no se limitam aos convencionais, como o milho e
o feijo, mas englobam tambm os produtos produzidos no mbito de
fomento feito por concessionrias como a Mozambique Leaf Tobacco ou
a Joo Ferreira dos Santos. Quando chega o tempo de comercializao,
verifica-se sempre o problema da falta de transporte. E ns achamos
que valia a pena influenciar a aquisio de viaturas para a circulao
de mercadoria, explicou Betty Raunde, coordenadora da AMODER.
Apesar do auxlio em termos de financiamento, a Associao Moambicana
para o Desenvolvimento Rural deparou-se com a inpcia do seu
grupo-alvo em gerir pequenos negcios. A maior parte dos nossos
clientes so de microcrdito. Os mesmos recebem os fundos, geralmente
de 5 mil
meticais, e medida que vo crescendo, a nvel de volume de
negcios, vo verificando problemas de gesto, constata aquela
responsvel. Alis, chega a uma fase de crescimento em que os
beneficirios so obrigados a gerir fundos de 100 mil meticais e o
negcio cai devido a problemas de gesto. Face a essa dificuldade e
como a AMODER no est especializada na rea de formao de clientes,
vem encetando parcerias no sentido de garantir o crescimento e a
sustentabilidade dos negcios dos seus clientes.cFundao Malonda
Lichinga: Av. Filipe Samuel Magaia, Edificio do INSS Tel: +258 271
288 68 Fax: +258 271 202 69 Cel: +258 82 300 44 27 Maputo: Av. Kim
Ill Sung 1156 Tel:+258 21 48 76 71 Fax: +258 21 48 76 70 Cel:+258
82 300 69 30 Web: http://www.malonda.co.mz Parceiro:
junho 2012
revista capital
24 CULTURA
Corte oramental de 38% no teatro portugus enforca projectos com
MoambiqueSrgio Mabombo [Reportagem em Portugal]
C
om a crise econmica instalada em Portugal, o Estado viu-se na
contingncia de cortar nos subsdios que canalizava aos grupos de
teatro em 38 por cento. A reduo dos subsdios obrigou a que os
grupos teatrais colocassem os seus projectos com o teatro
moambicano em stand-by. E os efeitos fazem-se sentir. O tradicional
Festival de Teatro de Expresso Ibrica (FITEI), que se realiza
anualmente na cidade do Porto, no contempla a participao de grupos
moambicanos (e de outros grupos africanos no geral) h mais de dois
anos, devido limitao oramental. Antes da crise, muitos grupos de
artes cnicos portugueses contavam com grupos moambicanos da rea
para participarem nos eventos por si organizados. O Festival de
Teatro Periferias, organizado pelo grupo Cho de Oliva, um dos
poucos eventos que, embora com pouco budget, ainda se aventura em
trazer grupos dos pases que falam portugus.junho 2012
Por seu lado, o grupo Teatro Extremo, sedeado em Almada, que
projectava aces formativas em Maputo e Inhambane, atravs da sua
parceira moambicana Lareira, entende que imperioso que a classe
artstica no se acomode a este cenrio. Mas no nada fcil No caso do
Ninho das Vboras, um organismo cultural sedeado em Almada, com os 6
mil euros anuais que recebia antes da crise instalada pouco
conseguia fazer. Com o corte de 38 por cento do valor, o cenrio
ficou ainda pior. Entretanto, o grupo no esconde o seu interesse em
participar de eventos realizados em Moambique, sobretudo o Festival
de Agosto e a Plataforma de Dana Contempornea, KINANI. Crise no
abala a Ponte artstica Moambique-Portugal O grupo musical Timbila
Muzimba, o malogrado pintor Malangatana, o escritor Mia Couto, o
msico Andr Cabao, os grupos
de teatro Mutumbela Gogo e Mbeu so algumas das entidades
artsticas moambicanas que j passaram por Tondela, fazendo muitos
deles negcios chorudos. Estes estiveram na Camara Municipal de
Tondela trazidos por Jos Rui, o produtor artstico e director do
espao Acert, considerada a casa dos artistas moambicanos em
Portugal, numa relao iniciada em 1994. Entretanto, a vitalidade da
iniciativa j no a mesma, devido sobretudo s amarras impostas pela
actual crise na economia portuguesa. No obstante, Jos Rui,
contrariamente a muitas correntes de opinio, afirma que as relaes
artsticas entre os dois pases no esto postas em causa. O produtor e
actor justifica afirmando que a relao resulta dos laos de
companheirismo e partilha com os criadores moambicanos. Nada est
dependente da crise, mas sim das duas partes que tm a vontade de
continuar a trabalhar e a fazer mais pela cultura dos dois pases,
afirma. Entretanto, o mesmo no nega que se verifica uma
instabilidade nos criadores artsticos que passam a dispor de menos
condies para trabalharem. Rui descreve que o prprio PIB de Portugal
tem uma componente gerada pela cultura muito significativa. Mas
esse contributo ir perder os seus reflexos por no ser atendida a
mais-valia artstica. Nos dias que correm, e em plena crise, os
artistas, criadores, animadores culturais, produtores artsticos
acabam por se juntar e passam a ser, eles mesmos, uma fora motora
que inclusivamente pode substituir a inrcia governamental em apoiar
a arte. Ns fazemos isto por paixo e portanto no podemos parar.
Temos que dar a volta situao, afirma. As artes moambicanas
constituem o exemplo vivo, ou a prova da vitalidade referida pelo
artista. A justificao a de que nunca o desenvolvimento artstico do
pas esteve dependente do financiamento governamental. Entretanto,
conclui, tem a vitalidade e a fora que se verifica.c
revista capital
CULTURA 25
Arte atrai mega-eventos internacionais a Moambiqueoambique
tem-se revelado cada vez mais a escolha acertada para a organizao
de grandes eventos internacionais. A classe artstica nacional e
estrangeira no deixa de observar que as suas aces tm sido
fundamentais para determinar a referida preferncia. Jos Rui, lder
do projecto ACERT, sedeado na localidade portuguesa de Tondela,
entende que um pas que no assume os seus valores culturais no obtm
a projeco que os outros tm, principalmente no que diz respeito
atraco de grandes eventos internacionais. Hoje, os prospectores dos
grandes acontecimentos tm no desenvolvimento cultural e artstico um
factor valorativo que pode ditar que Maputo, Inhambane ou Beira
acolham um grande congresso In-
M
Hoje, os prospectores dos grandes acontecimentos tm no
desenvolvimento cultural e artstico um factor valorativo que pode
ditar que Maputo, Inhambane ou Beira acolham um grande congresso
Internacionalternacional, observa o artista. Por seu turno, o msico
e actor, Paulo Zowana, refere que actualmente, seja na inaugurao de
um banco ou de um grande empreendimento, indispensvel a existncia
de grupos artsticos que criem espetculo. O mesmo se verificando
quando uma delegao empresarial moambicana ou governamental vai ao
Estrangeiro. Nes-
te caso, deve associar a sua visita, mesmo que seja de carcter
empresarial, aos valores artsticos moambicanos, porque isso um
objecto de valorizao do prprio Pas. Actualmente, o Turismo vem
ganhando tenuemente algum destaque no panorama econmico moambicano,
embora a contribuio para o PIB se estime em apenas 2 por cento.
Apesar do ganho, Jos Rui sublinha que as campanhas de comunicao
concentram-se muito mais nas belezas paisagsticas descurando-se a
ligao desta questo cultural. Rui entende que os turistas s podero
levar consigo apenas os sinais paisagsticos e no os sinais humanos,
facto que estimula menos a auto-estima dos moambicanos e no
constitui factor competitivo para a atraco dos grandes eventos
internacionais.c
DESTAqUE
Prmio Internacional vai para o Restaurante TavernaEm matria de
globalizao com qualidade e mantendo a sua prpria especificidade e
tradio, est de parabns o Restaurante Taverna, na Av. Julius
Nyerere, por ter arrecadado um galardo e prmio internacional muito
especial, a saber, o Prmio Internacional de Qualidade, atribudo
pela Business Initiative Direction. O prmio foi entregue em Nova
Iorque, no dia 28 de Maio.cjunho 2012 revista capital
26
RAJ KUMAR vICE-REIToR dA JINdAl globAl UNIvERSITy
Lderes para o mundo a partir da ndiaHelga Nunes [texto]
A Jindal Global University uma instituio de ensino no lucrativa
que aposta na educao global e que defende a viso de formar
profissionais e acadmicos especializados em Direito, Gesto e em
outras reas do conhecimento, bem como lderes e empreendedores de
envergadura mundial. A Globalizao abriu um leque de diversas
oportunidades e desafios que, por sua vez, levaram necessidade de
recursos humanos competentes. A perspectiva da JGU, instalada na
ndia, passa justamente por suprir essa necessidade, providenciando
cursos ajustados aos seus estudantes no sentido de um melhor
conhecimento, competncia e viso do mundo. Raj Kumar, vice-reitor da
JGU, esteve em Maputo e traz para Moambique o esprito de uma
universidade que prepara os futuros lderes do Mundo.revista capital
junho 2012
ENTREVISTAComo decorreu a origem e qual tem sido o papel da
Jindal Global University at ao momento? A Jindal Global University
foi criada com um objectivo filantrpico, sem fins lucrativos, de
formao de conhecimento e desenvolvimento, pelo senhor Naveen
Jindal. Eu tive a oportunidade de me encontrar com ele entre
2006-2007 e persuadi-o ento a investir cerca de cem milhes de
dlares na criao desta universidade e faculdade de pesquisa
intensiva multidisciplinar global. A viso desta instituio passa por
promover currculos, cursos, pesquisas, programas e faculdades
globais. Portanto, esta ideia de global crtica para a nossa misso,
porque acreditamos seriamente que o mundo tornou-se intrinsicamente
num lugar interdependente. E isso significa que toda a estrutura -
atravs da qual queremos criar conhecimento - tem de ter em
considerao os problemas e as perspectivas de diferentes partes do
Mundo, e o facto de que os problemas de diferentes partes do Mundo
precisam de ser trazidos para dentro das salas de aulas, para o
ensino, para o pedaggico e para a pesquisa. E essa foi a razo pela
qual fomos criados na ndia. Na ndia, qualquer universidade pblica
ou privada tem de ser criada pelo Governo, atravs de um processo
legislativo. Assim, a 27 de Janeiro de 2009, a Universidade foi
criada pelo Governo de Haryana, que fica aqui prximo de Deli, a
cidade capital da ndia. E qual foi o percurso a seguir constituio
da Jindal Global University? Comeamos a primeira escola, a Jindal
Global Law School a 30 de Setembro de 2009. E, desde ento, a
Universidade criou quatro escolas diferentes, a Jindal Global
Business School que ministra um Programa MBA; a Jindal School of
International Affairs que ministra um MA em Diplomacy Program, e,
por fim, a Jindal School of Government and Public Policy que
ministra um MA em Public Policy Program. A ideia de criar estas
quatro escolas Direito, Negcios, Assuntos Internacionais e Polticas
Pblicas foi tida no sentido de reconhecer que as mesmas iro
provocar um impacto significativo no Mundo em termos de formao.
Acho curioso falar globalmente e no apenas da ndia. A JGU tem
estudantes internacionais? Fizemos um enorme esforo para receber
alunos internacionais. Quase metade dos nossos professores
universitrios das diferentes escolas so pessoas de outras partes do
Mundo. Os restantes so da ndia, mas com um forte background
internacional e licenciaturas provenientes das universidades de
Cambridge, Oxford, Harvard, Yale, Columbia, Michigan, e muitas
outras universidades de topo do mundo. No que respeita aos
estudantes internacionais, estamos seriamente comprometidos em
receber estudantes estrangeiros. Presentemente, os estudantes
estrangeiros esto limitados escola de International Affairs, onde
ministramos um MA em Diplomacy Program e onde temos diplomatas em
misses de servio na ndia. Adicionalmente, temos muitos programas de
intercmbio atravs dos quais os estudantes estrangeiros vm e depois
regressam s respectivas universidades, sendo que os nossos
estudantes tambm vo para o estrangeiro. Mas a nossa misso podermos
ter estudantes de todo o Mundo na Jindal. Existe alguma estratgia
definida para o mercado moambicano? Um dos nossos objectivos
conseguirmo-nos conectar com Moambique. Estou aqui precisamente
para acolher os estudantes moambicanos na nossa Universidade. Na
realidade, muitos esforos tm sido feitos na sequncia da visita
histrica da Primeira Dama de Moambique nossa universidade e ndia, e
isso resultou num nmero de importantes visitas e conversas com as
instituies de Moambique. Penso que a ndia, frica e Moambique, tm
muito a ganhar com o fortalecimento do relacionamento acadmico e
institucional, em que os estudantes possam ir para ambos os pases e
ensinar-se mutuamente. O foco da universidade passa pela liderana?
Acertou em cheio. Uma das maiores crises que temos globalmente, e
no nosso pas, a falta de liderana. E a falta de liderana no se
limita gesto dos negcios, mas no sentido de assumirmos a
responsabilidade perante as sociedades, e a temos muito a fazer.
Essencialmente, precisamos de lderes das reas do Direito, Negcios,
Assuntos Internacionais e Polticas Pblicas, que sejam capazes de
olhar para os interesses maiores da sociedade quando da tomada de
decises. E esse tipo de liderana vai estar inserido num forte
enquadramento tico. A universidade possui relaes com outros pases
africanos, ou este foi o primeiro? Em geral, frica tem sido de
certa forma
27
negligenciada por ns. Todos temos a tendncia de olhar para o
Ocidente e para a Europa na maioria dos nossos relacionamentos. Mas
acho que chegou o tempo da sia e da frica se juntarem. ndia e
Moambique tm de se juntar. Portanto, este projecto uma oportunidade
enorme porque no temos uma relao antecedente, porque muita da nossa
energia no passado focou-se em contruir networks e relacionamentos
fortes com as universidades de topo do mundo, nos Estados Unidos da
America e nos pases desenvolvidos, que eu devo dizer que so todas
importantes. Contudo, queremos avanar para a prxima fase. E a
prxima fase podermos ser uma instituio fundamental no contexto
asitico, podermos receber estudantes africanos, membros de
faculdades, acadmicos e pensadores de frica para fazerem parte
deste esforo. Por qu Moambique? A ndia tem de olhar para frica com
maior seriedade do que alguma vez fez. Como pessoas, temos muito
para partilhar, para lutar. Ns j lidamos com muitos problemas, e
entendemos e partilhamos cada um desses problemas de uma forma mais
profunda. Por outro lado, temos um forte lao emocional entre os
povos da sia, Sul da sia, e claro ndia e frica. E o nosso interesse
relacionado com Moambique, ou melhor com frica, foi contextualizado
quando tivemos a honra de receber a Primeira Dama de Moambique. E
eu devo dizer que ela uma pessoa inspiradora. Na altura, a Dra.
Maria da Luz Guebuza fez um discurso maravilhoso acerca da
importncia deste relacionamento entre a frica e a ndia, e entre
Moambique e a ndia, e como ns - enquanto Universidade - podemos
contribuir para o melhorar. E essa a razo de estarmos aqui.cjunho
2012 revista capital
28
RAJ KUMAR vICE-RECToR oF JINdAl globAl UNIvERSITy
From India: leaders for the worldHelga Nunes [interview]
A Jintal Global University is a not profitable learning
institution which believes in global education and defends the
vision to form professionals and academics specialized in Law,
Administration and other areas of knowledge, as well as leaders and
entrepreneurs of world class. The Globalization opened a range of
diverse opportunities and challenges that, in their turn, created
the necessity for competent human resources. JGUs perspective,
installed in India, just satisfies such necessity, providing
tuition adjusted to their students towards better knowledge,
competence and vision of the world. Raj Kumar, vice-rector of JGU,
was in Maputo and brings to Mozambique the spirit of a university
which prepares the future leaders of the World.How did it originate
and what has been the role of Jintal Global University up to now?
The Jintal Global University was created with a philanthropic
objective, without lucrative purposes, for the formation of
knowledge and development, by Naveen Jindal. I had the opportunity
to meet him during 2006-2007 and persuaded him to invest about one
hundred million dollars creating this university and faculty of
intensive multidisciplinary global research.revista capital junho
2012
The vision of this institution implies curriculums, courses,
investigation, programmes and global faculties. Therefore, the idea
of global is critical for our mission, because we seriously believe
that the world became intrinsically an independent place. This
signifies that the whole structure through which we want to create
knowledge has to take into consideration the problems and
perspectives from different parts of the world, and the fact that
the problems
from different parts of the world need to be brought into
classrooms, for teaching, for the pedagogic and for research. That
was the reason why we were created in India. In India, any
university, public or private, must be created by the Government,
through a legislative process. Because of that on 27 January 2009,
the University was created by the Government of Haryana, that is
close to Deli, the city capital of India.
INTERVIEWAnd what was the way forward after the constitution of
Jintal Global University? We started the first school, the Jintal
Global Law School on 30 September 2009. And, since then the
University has created four different schools, the Jintal Global
Business School which provides a MBA Programme; the Jintal School
of International Affairs which provides an MA in Diplomacy
Programme; and, finally, the Jintal School of Government and Public
Policy which provides an MA in Public Policy Programme. The idea to
create these four schools Law, Business, International Affairs and
Public Policy was taken because it was recognized that they are
going to provoke a significant impact in the world in terms of
formation. I find it curious to talk globally and not only about
India. Has JGU international students? We made a great effort to
get international students. Almost half of our university
professors at the different schools are from other parts of the
world. The others are from India, but with a strong international
background and degrees from the universities of Cambridge, Oxford,
Harvard, Yale, Columbia, Michigan, and many other top universities
in the world. In what concerns international students, we are
seriously committed to accept foreign students. At present foreign
students are limited to the International Affairs school, where we
provide an MA in Diplomacy Programme and where we have diplomats in
work missions in India. Further to that we have many interchange
programmes through which foreign students are coming and then
return to their respective universities, and our students also go
to foreign countries. But our mission is to be able to have
students from all the world at Jindal. Is there any defined
strategy for the mozambican market? One of our objectives is to be
able to connect with Mozambique. Im here precisely to receive
Mozambican students at our university. In fact many efforts have
been made following the historic visit of the First Lady of
Mozambique to our university and India, which resulted in a great
number of important visits and conversations with the institutions
in Mozambique. I think that India, Africa and Mozambique have a lot
to gain with the strengthening of academic and institutional
relationship, and the students can go to both countries and teach
each other.
29
The focus of the university attends to leadership? You are
correct. One of the biggest crisis that we have globally, and in
our country is the lack of leadership. And the lack of leadership
is not limited to business management, but in the sense of assuming
responsibilities towards societies, and there we have a lot to do.
Essentially we need leaders in the areas of Law, Business,
International Affairs and Public Policy, which should be able to
look for the bigger interests of society when taking decisions. And
that kind of leadership is going to be inserted in a strong etic
context. Does the university have relations with other African
countries, or is this the first? In general, Africa has been in
some ways neglected by us. We all have the tendency to look to the
West and to Europe in the majority of our relationships. But I
think the time has come for Asia and Africa to get together. India
and Mozambique must get together. Therefore this project is a great
opportunity because we dont have a previous relationship, because
most of our energy in the past was directed to build networks and
strong relationships with the top universities of the world, in the
United States of America and in deve-
loped countries, which I must say are all important. However, we
want to move to the next phase. And the next phase will be to be
able to be a fundamental institution in the Asian context, to be
able to receive African students, members of faculties, academics
and thinkers from Africa to be part of that effort. Why Mozambique?
India must look into Africa with greater seriousness that ever did.
As persons, we have a lot to share, to fight for. We have dealt
with many problems and we understand and share each one of those
problems in a more profound way. On the other hand we have a strong
emotional link between the peoples of Asia, South Asia, and clearly
India and Africa. And our interest related to Mozambique, or even
better with Africa, was contextualised when we had the honour to
receive the visit of the First Lady of Mozambique. And I must say
that she is an inspiring person. At the time, Dra Maria da Luz
Guebuza made a marvellous speech about the importance of this
relationship between Africa and India and between Mozambique an
India, and how we as university- can contribute to improvement.
That is the reason why we are here..cjunho 2012 revista capital
30 EMPRESAS
Eletrobras vai construir hidroelctrica em Moambique
A
estatal brasileira Eletrobras planeja iniciar a construo de uma
usina hidroelctrica e duas linhas de transmisso em Moambique a
partir de 2013. A informao foi dada pelo presidente da estatal, Jos
da Costa, que se encontrou no Rio de Janeiro com o
primeiro-ministro moambicano, Aires Ali. O investimento no pas
africano faz parte do processo de internacionalizao da Eletrobras,
que tambm avalia negcios no Uruguai, Peru, na Nicargua, Guiana,
Guiana Francesa e no Suriname. No caso de Moambique, j foi feito o
estu-
do de pr-viabilidade e o prximo passo preparar o estudo de
viabilidade, que deve durar cerca de um ano e meio, incluindo o
estudo de engenharia financeira da obra. Costa adiantou que sero
construdas uma hidroelctrica de 1,5 mil megawatts (MW) no Norte do
pas e duas linhas de transmisso, de 600 kilovolts (kV) e cerca de
1,5 mil quilometros de extenso cada. O custo da usina projectado em
2,3 bilies de dlares e o das linhas em 3,7 bilies, totalizando um
investimento de 6 bilies. Quando entrar em operao, o sistema vai
praticamente dobrar a oferta de energia
em Moambique. As conversas preliminares indicam que a Eletrobras
entrar com 49% de participao nos empreendimentos e que o controlo
(51%) ser da empresa estatal moambicana de energia EDM. Uma das
linhas de transmisso far a ligao com a frica do Sul e a outra
linha, segundo Costa, ter o objectivo de capilarizar a distribuio
energtica por todo o pas que, actualmente, s consegue abastecer 20%
da populao com a rede de energia elctrica.c
BREVES CDM contribui com gua canalizada em NampulaPerto de 10
mil residentes dos bairros Natiquiri, Murrapaniua e Mutauanha, na
cidade de Nampula, dispem de gua canalizada, no mbito de um
projecto orado em quatro milhes de meticais, desenvolvido pelo
FIPAG-Fundo de Investimento e Patrimnio de Abastecimento de gua, em
parceria com a CDM-Cervejas de Moambique, no quadro das aces
socialmente responsveis desta cervejeira. Para a concretizao desta
iniciativa, que tem por objectivo facilitar o acesso da gua potvel
populao, atravs da iseno de taxas de ligao domiciliria, a CDM
contribuiu para a compra de materiais de ligao, entre outros
acessrios. A aco decorre da iniciativa do FIPAG denominada Uma
Famlia, Uma Ligao, que perspectiva o alcance de uma cobertura de
abastecimento urbano de gua em 70 por cento at 2014.c
Insitec vende 25% do capital social da Ceta - Construo e
Servios
inte e cinco por cento do capital social da Ceta, Construo e
Servios foram vendidos a investidores moambicanos permitindo um
encaixe de 457,6 milhes de meticais (16,5 milhes de dlares),
informou em Maputo o presidente da empresa. De acordo com Celso
Correia, esta alienao de capital foi realizada atravs de uma oferta
privada de 70 mil aces e de uma oferta pblica 17 500 aces, tendo
cada aco sido vendida a 5 231,60 meticais e passando a empresa a
contar com cerca de 300 accionistas. Referindo que a deciso de
vender apenas a moambicanos visa privilegiar o crescimento da
empresa com investidores locais, Celso Correia acrescentou que
essa
V
preferncia, contudo, no encerra a porta a estrangeiros. A Ceta,
Construo e Servios, a maior empresa moambicana de engenharia e de
construo civil, havia sido adquirida em Maio de 2011 pelo grupo
moambicano Insitec. A Ceta iniciou as suas actividades em Moambique
h 32 anos e tem tido uma operao de mbito nacional, com obras
dispersas em todo o territrio moambicano, com destaque para as
zonas centro e norte, com as provncias de Tete e Cabo Delgado a
representarem, em conjunto, desde 2008, mais de 50% da carteira de
negcios da empresa. As obras relativas ao reassentamento das
populaes, da responsabilidade da Vale e da Rio Tinto, sero
executadas pela Ceta.c
revista capital
junho 2012
FACTOS & NMEROS 31
C DENTRO
L FORA
1.000 ttulos mineirosExistem, actualmente, 1.000 ttulos mineiros
que foram concessionados em Moambique. Os mesmos incluem a prospeco
e pesquisa, concesses e certificados mineiros.
Macau: 31 milhes de turistasO nmero de turistas em Macau ir
crescer ainda mais no presente ano, pelo menos 10% face ao recorde
de 28 milhes registados em 2011. o crescimento de visitantes ser
suportado pelos visitantes da China continental.
Minrios = 90% da energia consumidaCarvo, petrleo e gs constituem
90% da energia consumida. Os biocombustveis e a energia elica ainda
iro levar algum tempo para se firmarem no mercado.
81% de empresas com liquidez dbil.81% das empresas em Portugal
afirmam ter problemas de liquidez devido aos atrasos nos
pagamentos. O aumento perfaz 4% comparativamente a 2011.
130 carros so inspecionados por dia130 a mdia diria dos carros
que so inspecionados no Centro de Inspeco de viaturas do
Zimpeto.
500 projectos na frica Subsaharianao banco Mundial financia na
regio da frica Subsahariana cerca de 500 projectos, na qualidade de
parceiro de 48 pases.
32 NEGCIOS
Moambique e EUA definem reas prioritrias de negcioSrgio Mabombo
[Texto]
do pela recente aprovao do projecto da companhia Biworld
International Cement Factory. O organismo ir instalar uma fbrica de
cimento em Muxngu, na provncia de Sofala, avaliado em 58.5 milhes
de dlares. Ao mesmo tempo, a China e a Noruega surgem na segunda e
terceira posies no ranking em referncia.c
Camaro moambicano aguarda reabertura do mercado americano
oambique e Estados Unidos da America (EUA) deram a conhecer as
prioridades das reas de investimento no Pas. Enquanto Moambique
prioriza as reas de infraestruturas, indstria ligeira e pesada;
biocombustveis, gerao e transporte de energia hidroelctrica, solar
e elica, aos Estados Unidos interessa mais os sectores de
agricultura, recursos minerais, turismo, energia e hotelaria. As
prioridades dos dois pases definidas pelo presidente de Moambique,
Armando Guebuza, e pela embaixadora dos Estados Unidos em
Moambique, Leslie Rowe, foram reveladas durante a Conferncia de
negcios Moambique e EUA realizada em Maputo, sob o lema Lets do
Business. Com efeito, os americanos j tinham confirmado que o seu
interesse na rea da agricultura mesmo a srio, ao aprovarem
recentemente uma linha de financiamento de 500 mil dlares. O fundo,
anunciado pelo representante-adjunto de Comrcio daquele pas,
Demtrios Marantis, ir custear a capacitao e o aumento da
produtividade agrcola em Moambique. Por outro lado, a nova
abordagem das relaes comerciais entre os dois pases, no mbito do
Acordo Quadro de Comrcio e Investimento Estados Unidos-Moambique
(TIFA) e da Lei para o Crescimento e Oportunidades para frica
(AGOA) poder acelerar ainda mais o actual quadro de negcios entre
os dois pases. S entre Outubro de 2010 e igual perodorevista
capital junho 2012
M
de 2011, o comrcio bilateral entre os dois pases cresceu de 289
milhes de dlares para 418 milhes de dlares. O referido quadro
econmico, sublinhado pelo ministro da Indstria e Comrcio, Armando
Inroga, reflecte a vontade cada vez mais crescente de cooperao
entre os EUA e Moambique em diversificadas reas. EUA explora apenas
a superfcie do mercado moambicano At agora, o empresariado
americano apenas esgravatou a superfcie das largas oportunidades
que o mercado moambicano oferece, segundo constata o presidente de
Moambique, Armando Guebuza. Os investidores americanos tm a
oportunidade de explorar outras reas, segundo observa o PR,
apontando ainda o potencial de Moambique no que tange s reas de
recursos naturais, onde existe ouro, ferro, titnio, mrmore, pedras
preciosas e calcrio, entre outros. Verifica-se, por outro lado, que
o investimento americano igualmente bem-vindo na rea das
infraestruturas, uma componente que tem limitado a velocidade a que
a economia moambicana j devia ter alcanado. Apesar de, at ao
momento, os EUA explorarem superficialmente as oportunidades em
Moambique, os mesmos assumiram, no terceiro trimestre do presente
ano, a liderana no ranking do Investimento Directo Estrangeiro
(IDE) no Pas. Este comando dos americanos impulsiona-
A embaixada dos EUA, em coordenao com o Ministrio das Pescas,
leva a cabo aces de formao aos pescadores moambicanos visando
dot-los com as tcnicas de pesca que se enquadram nos padres
ambientais actualmente exigidos. Segundo os mesmos padres,
explicados pela embaixadora dos EUA em Moambique, leslie Rowe, o
mercado americano no permite a entrada no seu seio de camaro cujo
processo de pesca fira os padres ambientais internacionais, tal
como o arrasto de tartarugas. A previso de Moambique poder colocar
o seu camaro no mercado americano ainda no conhece datas, mas
leslie Rowe garante que h avanos encorajadores nesse sentido.
Enquanto o imbrglio de entrada no mercado americano no conhece
desfecho, o Executivo moambicano no deixa de fazer as suas projeces
sobre a venda deste produto marinho. As actuais projeces indicam
que Moambique poder exportar cerca de 17.9 toneladas de camaro de
aquacultura at finais de 2012. As cifras representam um aumento
considervel atendendo que em 2011 foram exportadas apenas dez mil
toneladas.c
VALORES 33
Capital HumanoHelena Taipo cria agncia de recrutamento juvenil
Graa Machel presidente da Escola de Estudos Orientais e Africanos
de LondresA moambicana Graa Machel, mulher do ex-Presidente
sul-africano Nelson Mandela, foi nomeada presidente da Escola de
Estudos Orientais e Africanos (SOAS), da Universidade de Londres. O
presidente do Conselho de Administrao da SOAS, Tim Miller, destacou
o empenho de Graa Machel, viva do primeiro Presidente moambicano,
Samora Machel, na defesa dos direitos das crianas e das mulheres,
como factores de peso na escolha para o cargo. Este um momento
imensamente orgulhoso da SOAS. A senhora Machel altamente
considerada como uma defensora internacional dos direitos das
mulheres e das crianas, e pelo seu trabalho como ativista social e
poltica. As suas realizaes fazem dela uma grande inspirao para
muitos, incluindo o nosso prprio pessoal e os estudantes, afirmou
Tim Miller. Referindo-se ao cargo, a nomeada elogiou a instituio
pela formao de activistas e lderes na mudana econmica, poltica e
social em todo o mundo. Estou ansiosa em fazer uma modesta
contribuio para o excelente trabalho na SOAS, afirmou Graa Machel,
actual presidente da Fundao para o Desenvolvimento da Comunidade
(FDC), uma ONG moambicana de promoo dos direitos das mulheres e
crianas. Graa Machel, ex-ministra da educao de Moambique no Governo
do seu falecido primeiro marido, Samora Machel, substitui no cargo
de presidente da SOAS a baronesa Helena Kennedy, que ocupou o posto
nos ltimos dez anos.c
O governo vai criar uma agncia de recrutamento de jovens para
trabalharem nas empresas de explorao mineira que operam no
territrio nacional, tal como acontece para a contratao da
mo-de-obra para as minas da frica do Sul, segundo revelou a
ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo. Taipo no revelou a data
em que se vai criar esta agncia de recrutamento de jovens para
trabalharem nas empresas de explorao mineira no pas, mas garantiu
ser um dado adquirido, porque um dever do governo criar formas
eficazes de empregar os jovens deste pas, porque a riqueza tambm
lhes pertence. Helena Taipo explicou que essa agncia no vai olhar
para a experincia profissional no perodo de contratao, tal como
acontece com o recrutamento da mo-de-obra para as minas da frica do
Sul, que feita atravs da Teba.c
+ VALORESFaisal Mkhize foi indicado para o cargo de
administrador delegado do Barclays Bank Moambique, um dos maiores
bancos comerciais e operar em Moambique, em substituio de Paul
Nice, que vinha desempenhando as funes nos ltimos cinco anos. Um
comunicado da instituio cita a presidente do Conselho Executivo dos
grupo Absa Bank e Barclays frica a dizer que o novo administrador
delegado ter como principal responsabilidade a colaborao do
alinhamento da estratgia global do Barclays.
Gonalo Marques, at h pouco tempo era consultor na firma Ferreira
Rocha & Associados (parceira da revista Capital), agora o novo
Branch Manager da Pam Golding Mozambique, e ser o responsvel por
todo o negcio da referida sociedade.
junho 2012
revista capital
34 OBSERVATRIO DO TURISMO
Turistas estrangeiros: Passeio e turismo acima dos negcios
caracterizao dos turistas estrangeiros, entrevistados no mbito
do II Estudo de Satisfao do Turista na Cidade de Maputo, indica que
o propsito principal da sua vinda capital do Pas prende-se com o
Passeio e Turismo (47%). A categoria dos negcios surge logo a
seguir na lista de intenes, com 41%, e em terceiro e quarto lugares
aparecem as Frias (32%) e as Visitas a amigos e familiares (25%)
como objectivos principais. A primeira vaga do Estudo de
Satisfao
A
indicava que os estrangeiros vinham a Maputo mais a negcios
(36%) e, numa segunda perspectiva, a Passeio e Turismo (18%). Outro
dado curioso que enquanto o I Estudo referia que 10% dos turistas
vinham em Misso de Servio, agora apenas 2% preenchem essa
categoria. Tal inverso de propsitos poder colocar-se com a poca
particularmente devotada realizao de passeio, turismo e frias, uma
vez que o Estudo foi levado a cabo no final do ano de 2011. No
obstante, Maputo no deixa de possuir
as caractersticas ideais para o incremento da realizao de
eventos empresariais e organizacionais ao longo do ano, pois a
leitura deixa antever que os negcios continuam em alta nas intenes
dos turistas estrangeiros (subindo de 36% para 41%), apesar da poca
ser mais propcia realizao de actividades de lazer. Alis, as frias,
que registavam apenas 15% das preferncias dos estrangeiros, subiram
para 32%.c
70% dos turistas ficam mais de 7 dias em MaputoII Estudo de
Satisfao do Turista da Cidade de Maputo, orientado pelo Observatrio
do Turismo e realizado em Novembro de 2011, revela que 65% dos
entrevistados nacionais fica entre 10 ou mais dias na capital do
Pas. De igual modo, a seleco de dados permitiu chegar concluso de
que 84% dos turistas domsticos fica mais de 7 dias em Maputo, o que
corresponde a um nme-
O
ro significativo de inquiridos. Ao mesmo tempo, mais de metade
dos estrangeiros (57% ) permanece mais de 7 dias na mesma cidade,
um dado francamente positivo. O I Estudo de Satisfao do Turista da
Cidade de Maputo, realizado em Agosto de 2011, havia revelado que
78% dos turistas nacionais e estrangeiros fica mais de 4 dias em
Maputo. Actualmente, e de acordo com a 2 vaga do mesmo Estudo
realizado em Novembro, chega-se concluso de que 70% dos turistas
(nacionais e estrangeiros) permanecem mais de 7 dias em Maputo.
Neste mbito, o desafio coloca-se no sentido de aumentar estes
tempos de permanncia no s face aos turistas que vm da frica do Sul
como de Portugal, Brasil, Inglaterra e outros pases europeus e
asiticos.c
revista capital
junho 2012
OBSERVATRIO DO TURISMO 35
MITUR, INEFP, CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DE MAPUTO, SNV
Maputo e Inhambane Hospitaleiros vo formar 800 informais
A
Comisso Europeia ir desembolsar 271 mil euros para formar 800
trabalhadores do mercado informal nas provncias de Maputo e
Inhambane. Com a designao de Maputo e Inhambane Hospitaleiro, a
iniciativa implementada pelo Instituto Nacional do Emprego e Formao
Profissional (INEFP), juntamente com o Ministrio do Turismo e a
Cooperao Holandesa para o Desenvolvimento (SNV), e em parceria com
o Conselho Municipal da Cidade de Maputo. Segundo Mualua Muchaca,
responsvel do INEFP pela iniciativa, Maputo e Inhambane
hospitaleiros um projecto que tem tudo para dar certo. Os
implementadores do projecto pretendem que as 800 vagas sejam
repartidas em 50 por cento para cada provncia, Maputo e Inhambane.
Por outro lado, a iniciativa pretende criar melhores condies de
vida para os vendedores informais, segundo o responsvel do
INEFP.
A parceria firmada com o Conselho Municipal de Maputo permitiu
que este organismo soubesse que existe um reforo nas aces de
consciencializao dos vendedores informais, considerados os maiores
produtores de lixo. Alis, os mentores do projecto empreenderam j
uma aproximao junto dos vendedores informais, facto que permitiu
que estes falassem das suas limitaes e sobre a necessidade de
melhoria das suas condies de vida. A resoluo das limitaes do
pblico-alvo chamou a conjugao de esforos da SNV, do INEFP, do
Ministrio do Turismo e do Conselho Municipal, entre outros
organismos. O presidente do Conselho Municipal j sugeriu que o
projecto envidasse esforos no sentido de transformar os vendedores
informais em formais. Segundo Federico Vignati, assessor econmico e
de desenvolvimento da SNV (Cooperao Holandesa para o
Desenvolvimento), a indstria do turismo permite
que os micro e pequenos empreendedores, e os prprios informais,
entrem no circuito deste sector, enquanto as demais indstrias
exigem um investimento em maquinaria e recursos humanos
provenientes do Estrangeiro. A indstria do turismo um dos poucos
sectores onde o capital humano possui um peso muito forte. No mesmo
mbito, a hospitalidade das pessoas um factor to importante quanto a
prpria gastronomia. E este um dos diversos aspectos que ser
largamente transmitido aos formandos. Por outro lado, a limpeza e
higiene por parte dos vendedores informais ser a tnica dominante,
durante o decorrer de toda a iniciativa. Embora a formao seja o
ponto de partida, a promoo de uma reflexo e o desenvolvimento de
micro-plos onde os trabalhadores informais possam trabalhar
constitui o objectivo estabelecido a longo termo.c
Entre os melhores destinos tursticosara o jornal Financial
Times, Moambique uma das grandes atraces do mercado turstico do
ano. O jornal recolheu a opinio de vrios agentes de viagens que
apontaram alguns dos destinos que devero ser
P
mais procurados pelos turistas. Com uma linha costeira de 2.500
km inexplorada, plena de belezas, Moambique o ltimo grito dos
destinos litorais. Quem o diz Will Jones da agncia de viagens
Journeys by Design. Mas Joel Zack, da agncia Heritage Tours, no lhe
fi ca atrs: Moambique oferece o luxo sem