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ROMANTISMO - RESUMOS DE OBRAS LITERÁRIAS A MORENINHA de Joaquim Manuel de Macedo Tema: fidelidade de um amor de infância. Augusto e Carolina, personagens centrais do romance, são volúveis e inconstantes em seus sentimentos. Augusto é estudante de Medicina no Rio de Janeiro, onde tem alguns colegas como Filipe, irmão de Carolina, Leopoldo e Fabrício. Carolina vive com a avó D. Ana. Joaninha, Quiquinha, Clementina e Gabriela são primas e amigas de Carolina. Quando, juntamente com os colegas de faculdade de Medicina, Augusto chega a Paquetá e se encontra com Carolina, começam a aparecer algumas mudanças nas atitudes e sentimentos de ambos. Essa transformação e o sólido amor que nasceu entre eles são explicados posteriormente ao chegarem à certeza de que sua união já estava programada há muito tempo, por eles próprios. Na verdade, eles se haviam conhecido, ainda crianças, numa praia, e prometeram-se mutuamente em casamento assim que chegassem à maioridade. Depois daquele encontro, nunca mais haviam se encontrado, esperança do reencontro e do cumprimento da promessa fizera com que não se ligassem seriamente a ninguém. Com o casamento de Carolina e Augusto, este é obrigado a escrever um romance intitulado "A Moreninha" (apelido de Carolina ), para pagar uma aposta perdida para Felipe: Augusto apostara que nunca iria se apaixonar por ninguém naquelas férias. "O clima deste romance é o da despreocupação alegre da juventude que, em meio à garridice dos passeios e dos namoricos, vai vivendo as horas e os dias fugazes "que não voltam
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Resumos obras - Romantismo

Jan 22, 2018

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Page 1: Resumos obras - Romantismo

ROMANTISMO - RESUMOS DE OBRAS LITERÁRIAS

A MORENINHA

de Joaquim Manuel de Macedo

Tema: fidelidade de um amor de infância.

Augusto e Carolina, personagens centrais do romance, são volúveis e inconstantes em

seus sentimentos. Augusto é estudante de Medicina no Rio de Janeiro, onde tem alguns colegas

como Filipe, irmão de Carolina, Leopoldo e Fabrício. Carolina vive com a avó D. Ana. Joaninha,

Quiquinha, Clementina e Gabriela são primas e amigas de Carolina.

Quando, juntamente com os colegas de faculdade de Medicina, Augusto chega a Paquetá

e se encontra com Carolina, começam a aparecer algumas mudanças nas atitudes e sentimentos

de ambos.

Essa transformação e o sólido amor que nasceu entre eles são explicados posteriormente

ao chegarem à certeza de que sua união já estava programada há muito tempo, por eles

próprios.

Na verdade, eles se haviam conhecido, ainda crianças, numa praia, e prometeram-se

mutuamente em casamento assim que chegassem à maioridade. Depois daquele encontro,

nunca mais haviam se encontrado, esperança do reencontro e do cumprimento da promessa

fizera com que não se ligassem seriamente a ninguém.

Com o casamento de Carolina e Augusto, este é obrigado a escrever um romance

intitulado "A Moreninha" (apelido de Carolina ), para pagar uma aposta perdida para Felipe:

Augusto apostara que nunca iria se apaixonar por ninguém naquelas férias.

"O clima deste romance é o da despreocupação alegre da juventude que, em meio à

garridice dos passeios e dos namoricos, vai vivendo as horas e os dias fugazes "que não voltam

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mais". Tendo como cenário o Rio de Janeiro e uma de suas ilhas, criou Macedo um dos tipos

mais queridos do romance brasileiro, a personagem feminina mais cativante da nossa Literatura.

Por apelido Moreninha, de nome Carolina, ela há muito tempo se tornou o símbolo dos amores

juvenis.

A Moreninha era o tipo perfeito de adolescente do século passado, entre 14 e 15 anos.

Pertencia à pequena burguesia fluminense em pleno florescimento. Alegre, saltitante, brejeira

e traquinas, nada levava definitivamente a sério, brincava com as pessoas e os sentimentos,

enquanto esperava o seu eleito. Ela aparece no romance em meio a outras mocinhas e senhoras,

numa festa "na ilha de ..." ( o autor não diz qual á a ilha ), e é descrita como um beija-flor no

salão, sentando-se e levantando-se a cada momento, ora desfolhando um lindo pendão de

rosas, ora derramando água-de-colônia no chapéu de um convidado, ora beliscando o seu irmão

Filipe ou fazendo caretas para um amigo deste.

A princípio, o estudante Augusto, que iria a ser seu o amado, acha-a estouvada,

caprichosa e até feia. Na opinião de uma senhora, ela era "travessa como um beija-flor, inocente

como uma boneca, faceira como o pavão, e curiosa ... como uma mulher". Era assim a

Moreninha, tal como descreve Macedo, e assim ela ficou célebre e ganhou vida e tradição."

O MOÇO LOIRO

de Joaquim Manuel de Macedo

Personagens:

Honorina: romântica, linda e ingênua. Devido à educação rígida que recebera da avó,

começou tarde a frequentar a sociedade.

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Moço Loiro: personagem misterioso, onipresente, onisciente.

Lauro: acusado de ter roubado uma relíquia da família Mendonça, é expulso de casa e

promete voltar para provar a sua inocência.

Raquel: amiga de Honorina, educada com liberalismo, descrente do amor até que se

apaixona pelo Moço Loiro.

Hugo de Mendonça: pai de Honorina, pessoa rica que se vê às voltas com a falência, mas

nem por isso influi na felicidade da filha.

Félix: contador de Hugo, verdadeiro ladrão da jóia.

Otávio: rapaz rico que, para obter a mão de Honorina, apela para a chantagem.

Resumo da Obra:

Lauro é expulso da casa de seu tio Hugo, acusado de ter roubado a cruz da família. Lauro

se vai e promete voltar para descobrir o verdadeiro ladrão.

Depois de algum tempo, Honorina começa a receber cartas de um apaixonado. Este rapaz

aparece a Honorina nas situações mais desconcertantes. Às vezes, o Moço Loiro ( como ela o

chamava ) aparece cantando, outras apenas a observá-la e certa vez chegou a salvá-la de morrer

afogada. Honorina foi se interessando por ele e acabou se apaixonando pelo Moço Loiro.

O Moço Loiro descobre ainda que Félix, filho adotivo dos Mendonça, é o verdadeiro

ladrão, e, disfarçado de velho, convence-o a revelar a verdade e a desmascarar Otávia, que

forçava o pai de Honorina a permitir seu casamento com ele, ameaçando-o com uns títulos

falsos.

Honorina, que já pensava em aceitar o casamento com Otávio para livrar o pai da

falência, recebe uma carta de Lauro, que fizera fortuna, pedindo-a em casamento. Recebe

também uma carta do Moço Loiro que, despedindo-se dela definitivamente, aconselha-a a

aceitar a proposta de Lauro. Félix confessa ser o autor do roubo e desmascara Otávio.

De retorno, Lauro é recebido calorosamente e Honorina tem uma grande surpresa:

Lauro e o Moço Loiro são a mesma pessoa.

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

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de Manuel Antônio de Almeida

Personagens:

Leonardo: personagem central da história.

Leonardo Pataca, descontente com seus negócios em Portugal, resolve ir ao Brasil. Encontra

Maria-da-Hortaliça e, para chamar-lhe a atenção, dá-lhe uma pisadela no pé e é correspondido

com um beliscão na mão. O relacionamento é rápido e completo. Vêm juntos para o Brasil e

depois de seis meses nasce o fruto da pisadela e do beliscão: um menino forte, guloso e chorão,

o Leonardinho. Depois de sete anos de traquinagens, surras e gulodices, Leonardo é

abandonado pelos pais nas mãos do barbeiro, seu padrinho. Isto porque Leonardo Pataca viu

confirmadas suas dúvidas de que estava sendo traído. Surra Maria e esta foge com um capitão

de navio.

O padrinho, idoso e solitário, dá rédeas soltas ao menino, que põe em prática todas as

ideias demoníacas de que é capaz. O padrinho achava graça e, elogiando sua inteligência, queria

fazê-lo padre. Na escola, Leonardo foi um fracasso; nas festas religiosas, mais perturbava que

acompanhava. Tornou-se um perfeito vadio.

Enquanto isso, seu pai, o velho Leonardo, viu-se envolvido num romance escandaloso com

uma cigana, a qual o abandonou para ficar com o padre mestre-de-cerimônias.

A comadre e o compadre frequentavam a casa de uma amiga comum, muito rica, D. Maria,

senhora idosa que tinha a mania das demandas, e sobre este assunto conversava durante horas.

E foi vencendo uma demanda contra um compadre do seu irmão que D. Maria conseguiu a

tutoria de sua sobrinha Luisinha, que veio morar com a tia. Em uma das suas visitas do compadre

à casa de D. Maria, Leonardo conheceu Luisinha. A princípio achou-a engraçada, mas depois

começou a interessar-se por ela, acabando completamente apaixonado. Passou a desejar com

ansiedade as visitas que antes detestava, só para conversar com a menina.

Porém, como sua sorte sempre terminava em desventuras, apareceu outro personagem:

José Manuel, um velhaco falante, conhecido de D. Maria e interessado em Luisinha, que ele

esperava ser a única herdeira da tia.

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O barbeiro pediu ajuda à comadre para interceder pelo rapaz junto a D. Maria. A boa

madrinha de Leonardo começou a depreciar José Manuel diante de D. Maria, acabando por

desacreditá-lo perante a amiga, que afastou José Manuel de sua casa.

Ocorreu então que o padrinho de Leonardo vem a falecer, tendo este que ir morar com o

pai. Depois de muitos desentendimentos com a companheira do pai, Leonardo fugiu de casa.

Encontrou um amigo, antigo companheiro dos tempos de sacristão e amigo de travessuras, com

uma súcia de malandros, e juntou-se a eles.

Com seu temperamento amoroso, apaixona-se por Vidinha, que lá morava, provocando

ciúmes em dois primos que o denunciaram como vadio ao Vidigal. O major prendeu-o, mas ele

conseguiu fugir, deixando o major furioso. A comadre lhe consegue um emprego para livrá-lo

das garras da lei, mas este não durou muito, e o rapaz voltou a cair nas mãos do Vidigal.

Enquanto isso, Luisinha, que pensava ter sido abandonada por Leonardo, aceitara as propostas

de José Manuel.

Leonardo reaparece como soldado, porque o major obrigara-o a sentar praça, depois de

havê-lo prendido novamente.

A comadre, madrinha de Leonardo, juntou-se com D. Maria e mais uma amiga do Vidigal

e foram até ele interceder pelo rapaz. O major atendeu aos pedidos das mulheres, libertando

Leonardo e promovendo-o a Sargento. Nesse ínterim, Luisinha fica viúva e, encontrando-se com

Leonardo, casa-se com ele.

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IRACEMA

de José de Alencar

Publicado em 1865, o romance é conhecido como a "lenda do Ceará" para explicar

poeticamente as origens da sua terra natal, o Ceará, registrando todo o seu amor, o seu carinho

que há tantos anos não via.

Iracema, a "virgem dos lábios de mel", pertence à tribo Tabajara, filha de Araquém, pajé da

tribo que dominava o interior do Ceará, especialmente a Serra de Ibiapaba. Seu nome significava

em guarani "lábios de mel". Sua função como filha do pajé, era guardar o segredo da Jurema,

como "virgem de Tupã", função sagrada, e por isso não poderia amar um homem. Aquele que a

possuísse morreria.

A descrição que o autor fez da linda indígena é a mais bela em língua portuguesa, pois

nenhuma mulher jamais recebeu tantos elogios e tropos poéticos de exaltação, espalhados por

todo o livro. Ela era "a virgem dos lábios de mel", que tinha os cabelos mais negros que a asa da

graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso;

nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado".

Sua aparição se faz quando, no banho, ela repousava em um claro da floresta e

despreocupadamente enxugava ao sol seu corpo perfumado, enquanto pássaros cantavam nas

árvores e com ela entoavam alegremente trinados festivos. Neste ambiente maravilhoso, em

plena mata cearense, quando lá ainda dominavam os índios em fortes nações, desenvolve-se a

lenda que Alencar transpôs para a literatura.

A história de Iracema é muito triste, e essa tristeza só é amenizada, e não se torna

melodramática, pelo seu estilo poético que atinge o maravilhoso. Nela surge o guerreiro branco

Martim, que tendo saído à caça com seu amigo Poti, da nação dos potiguaras, perdera-se nas

florestas, indo dar ao campo dos tabajaras, onde Iracema o encontra e leva à cabana de seu pai.

Araquém, pajé da tribo. A hospitalidade é franca, gozando Martim de todas as regalias, e fica à

espera de Caubi, irmão de Iracema, que o levará de volta às terras potiguaras. Iracema apaixona-

se por ele e Irapuã, grande guerreiro tabajara, enciumado, quer matá-lo, e mais de uma vez o

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tenta. Mas Iracema evita os embates, salvando o seu amado. Não podendo, pelas leis da tribo,

amar um homem, pois era "a virgem de Tupã", ela se entrega ao guerreiro branco e com ele

foge, abandonando seu povo. Leva-o até a região dos potiguaras, onde encontram Poti, o amigo

e irmão de Martim. Desde então as desgraças se abatem sobre ela. Seus irmãos empreendem

uma guerra de vingança, tendo à frente Irapuã, e saem perseguindo fugitivos. Por causa dela

travou-se um combate entre as duas nações, os tabajaras e os potiguaras, no qual o seu povo

foi vencido e fugiu, deixando o campo cheio de cadáveres. Ela se sentiu muito triste, com

remorso por ter sido a causa daquela desgraça, e teve saudade de sua terra, de seu pai, de seu

povo, sem no entanto arrefecer o amor por Martim, que compensava todos os sacrifícios.

Nasceu-lhes um filho a quem chamaram de Moacir, o filho "filho da dor".

Mas o guerreiro branco também sentia saudade de sua pátria distante, e passava longas

temporadas longe dela, caçando e em demoradas jornadas pelas selvas. Iracema definhava de

tristeza, saudade e abandono. O leite materno lhe murchou os seios e já nem dava para

alimentar o filho. Num de seus regressos, Martim a encontrou quase desfalecida à porta da

cabana, e viu então "como a dor tinha consumido o seu belo corpo, mas a formosura ainda

morava nela, como o perfume na flor caída do manacá". Disse-lhe ela: "Recebe o filho do teu

sangue. Era tempo: meus seios ingratos já não tinham alimento para dar-lhe!".

E logo depois pediu-lhe: "Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amavas.

Quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que fala entre os seus

cabelos".

Martim assim o fez e levou o filho para longe do Ceará. Anos depois voltou trazendo

sacerdotes e a cruz de Cristo para implantar ali a religião. Seu amigo Poti foi batizado com o

nome de Antônio Filipe Camarão. Voltando ao sítio onde viveu com Iracema, reviu emocionado

"as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara".

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O GUARANI

de José de Alencar

D. Antônio de Mariz, fidalgo português da cidade do Rio de Janeiro, homem de valor,

experimentado na guerra, retirou-se do serviço ao ser aclamado no Brasil D. Felipe II e foi

estabelecer-se na sesmaria que lhe concedera Mem de Sá.

Sua casa, às margens do rio Paquequer, foi construída com todo luxo e conforto. Vivia

rodeado da família e dos companheiros que considerava seus amigos. Sua família era composta

por sua mulher D. Lauriana, o filho D. Diogo de Mariz, a filha Cecília e Isabel, sua sobrinha.

Uma bandeira sob o comando de Álvaro de Sá voltava do Rio de Janeiro a toda pressa,

tendo no caminho encontrado um índio jovem, que sozinho enfrentava uma onça. O índio

recusava auxílio, fazendo com que eles seguissem viagem e capturando a onça viva. Nos jardins

da casa do Paquequer, Cecília sonhava acordada quando foi despertada por Isabel e puseram-

se a conversar ao tempo em que os cavaleiros chegavam a casa.

D. Antônio de Mariz contava a Aires Gomes, seu fiel escudeiro, seu desagrado pelo crime

prometido por seu filho, matando uma jovem índia numa caçada, provocando a ira do povo dela,

dizendo ainda que pretendia desterrá-lo para Salvador. Nesse momento chegam Álvaro e seus

companheiros.

Cortejada por Álvaro, Cecília recusa um presente dele. Depois da ceia, já em seu quarto,

localizado num lugar inacessível da casa, Cecília é observada por três homens: Álvaro, que a

amava, Loredano, o italiano seu inimigo, que a desejava, e Peri, que a adorava. Enquanto isso,

Isabel, noutro lado, amargurava seu amor não correspondido por Álvaro.

Noutro dia, Cecília dirige-se com Isabel ao rio para tomarem banho, quando Peri mata dois

aimorés que espreitavam para matar Cecília, perseguindo ainda a moça que acompanhava os

índios.

Isso se passa em 1604. Um ano antes, Frei Ângelo di Luca ouvira a confissão de Fernão

Aires, que agonizava, e soube da existência de um segredo roubado por um tal Robério, em

quem o moribundo havia confiado. Logo após a morte de Fernão Aires, Frei Ângelo despistara

Nunes, amigo do morto, dizendo que iria fazer a reparação de um crime. No entanto,

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acompanhado de um índio, que depois mataria para conservar o segredo, partiu transformado

no aventureiro Loredano.

Peri, filho de Araré, primeiro de sua tribo goitacás, ao salvar a vida de Cecília tornou-se seu

amigo e voltou diversas vezes à casa de D. Antônio de Mariz, em diversas ocasiões.

Loredano, abusando da confiança de D. Antônio, pediu guarida com o intento de

apoderar-se de Cecília, encontrar as minas de prata e voltar à Europa rico e poderoso.

Peri, atendendo a um capricho de Cecília, renega seu povo e fica inteiramente dedicado

àquela a quem chama de Ceci e a seu pai a quem acompanha em suas excursões locais.

Loredano, aliado aos empregados da casa de Bento Simões e Rui Soeiro, tenta contra a vida de

Álvaro pelas costas, sendo este salvo ´por Peri. Peri permanece fiel a sua ama Cecília em todos

os momentos.

D. Antônio de Mariz chama Àlvaro e D. Diogo e coloca-os a par de seu testamento,

confessando que Isabel também é sua filha.

Pede a Peri que volte a sua gente, mas sabendo que havia salvo a vida de Cecília pela

segunda vez muda de ideia.

Álvaro, que votava uma afeição pura a Cecília, é tomado de surpresa e julga uma injúria a

declaração de amor que lhe faz Isabel.

Peri segue Loredano através da floresta e fica conhecendo suas tramas diabólicas, levando-

as ao conhecimento de Álvaro, que a princípio não acredita.

D. Antônio de Mariz, ciente de um perigo iminente, pede a seu filho Diogo que vá ao Rio de

Janeiro em busca de socorro, sendo que na escolha dos homens que o acompanhariam é

incluído Loredano. Este, entretanto, ainda perto da casa, despista-os e volta; e com o auxílio de

seus cúmplices, na calada da noite, tenta raptar Cecília, no que é impedido por Peri, que o fere

na mão com uma flechada, obrigando-o a fugir. Antes Peri já evitara que a casa fosse incendiada,

matando Bento Simões e Rui Soeiro.

Loredano promove a revolta dos aventureiros, que em parte é abafada pela firmeza de D.

Antônio, não evitando contudo que uma parte dos homens se reúna com Loredano para atacar

a casa, sendo surpreendidos com um ataque dos aimorés que estão em grande número. À vista

do ataque, os aventureiros se retiram e tratam de combater o inimigo comum. Peri, mesmo

contra a vontade de Cecília e de D. Antônio, arremessa-se contra as linhas inimigas e parte à

procura de socorro. No amanhecer do dia seguinte, quando os aimorés se pfreparam para o

grande ataque, são surpreendidos pela coragem de Peri, que os enfrenta sozinho, em luta

desigual. Depois de matar muitos, é feito prisioneiro, sendo salvo contra sua vontade por uma

rápida incursão feita por Álvaro e alguns homens, já que pretendia com sua morte envenenar

toda a horda dos aimorés.

Numa sequência violenta de acontecimentos, Loredano e seus seguidores são eliminados;

Álvaro é morto em combate com os índios e seu corpo é trazido para casa por Peri. Isabel, vendo

que o homem a quem mais amava estava morto, suicida-se com curare.

Chegam os momentos finais. Peri planeja o salvamento de Cecília, no que é apoiado por

D. Antônio de Mariz, transformando-o em cristão pelo batismo. Num supremo esforço, Peri

carrega Cecília adormecida até uma pequena canoa escondida com antecedência.

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De longe, Peri assiste ao incêndio da casa e o triste fim de seus amigos. Descendo a

torrente, passam-se vários dias, até que, já no Paraíba, julgam-se a salvo. No entanto, são

surpreendidos por um violento temporal, que provoca inundações e arrasta tudo consigo.

Salvam-se no topo de uma árvore e montando numa palmeira são levados pela correnteza

impetuosa... desaparecendo no horizonte...

O SERTANEJO

de José de Alencar

Este romance de José de Alencar transcorre no interior do Ceará e tem como personagem

central a figura de Arnaldo, um destemido vaqueiro que trabalha para o capitão Gonçalo Pires

Campelo. Esse capitão tem apenas uma filha, D. Flor, amada por todos na fazenda e adorada por

Arnaldo, que foi seu companheiro de brincadeiras na infância. O elogio da vida rural e a

exaltação das virtudes do homem do campo transparecem em cada página deste romance,

publicado em 1875.

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SENHORA

de José de Alencar

Tema: A degenerescência do amor por dinheiro e a reabilitação da dignidade pelo

trabalho.

Personagens:

Aurélia Camargo: linda jovem que, graças a uma inesperada herança, deixa a escuridão da

pobreza e passa a brilhar na sociedade fluminense. A princípio, magoada e vingativa, deixa-se

finalmente vencer pelo amor.

Fernando Seixas: grande amor de Aurélia, que a abandona por ela ser pobre, ambicionando

casar-se com moça de dote. Reabilita-se moralmente e reconquista o amor de Aurélia.

D. Firmina Mascarenhas: viúva que vive com Aurélia Camargo.

Sr. Lemos: tio e tutor de Aurélia.

D. Camila: mãe de Fernando.

Eduardo Abreu: pretendente apaixonado por Aurélia.

Adelaide Amaral: noiva de Fernando.

Resumo da Obra: Senhora, obra-prima de Alencar, narra em terceira pessoa a história de

Aurélia Camargo, filha de D. Emília Camargo e de Pedro Camargo, morava com sua mãe e seu

irmão Emílio. Aurélia não chegara a conhecer o pai, pois este fora separado da mulher e dos

filhos pelo avô, um rico fazendeiro, que desejava ver o filho casado com uma moça, filha de um

outro rico fazendeiro da vizinhança, ignorando assim o casamento de Pedro com Emília. Pedro,

revoltado, sai de casa, morrendo em seguida. Desde então, Emília levava uma vida sacrificada

em companhia dos dois filhos que a ajudavam no serviço, pois desde o casamento era ignorada

pelos parentes. Era muito doente, mas mesmo assim lutava para ver os filhos encaminhados na

vida. Logo, porém, perdeu o filho e vendo seus dias chegarem ao fim aconselha Aurélia a que

fique na janela para ver se arranja um bom casamento. Mesmo contrariada, Aurélia fez os gostos

da mãe. Em breve, dada a sua beleza, arranjara vários candidatos, inclusive seu tio. Mas a vida

continuava dura para ambas, embora aparecessem vários rapazes interessados em Aurélia.

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Entre os apaixonados estavam Eduardo Eduardo Abreu, rapaz rico, de excelente família, e

Fernando Seixas, rapaz de boa índole, mas desviado pelo desejo de carreira fácil e brilhante.

Aurélia apaixona-se por Fernando e fica noiva, mas o tio da moça, interessado que estava na

sobrinha, quis evitar o casamento, indicando a Fernando a casa de um seu amigo chamado

Amaral, que tinha uma filha chamada Adelaide. Amaral, pensando ser Seixas um bom partido e

a salvação de sua vida oferece a Fernando sua filha em troca de dois dote de trinta contos de

réis que Fernando incontinenti aceitou por estar em dificuldades financeiras e sem saber que

Amaral estava falido.

Numa certa manhã, bateram à porta de D. Emília. Ela e a filha receberam a visita de um

velho alto e robusto que, fitando Aurélia com os olhos marejados, levanta-a nos braços antes

que esta pudesse evitar. Quando D. Emília quis acudir a filha, o velho disse ser o pai de Pedro e

portanto avô de Aurélia, que correu para os seus braços. Passados os momentos de emoção, o

velho despediu-se, deixando a Aurélia um documento que ela só deveria abrir quando viessem

pedir, alegando que era para não perder na viagem. Este papel era uma escritura testamentária

em que passava todos os seus bens para o nome de Aurélia. Logo depois do acontecido, o avô

de Aurélia morre e em poucos dias morre também sua mãe. Sozinha, Aurélia foi amparada por

Torquato Ribeiro, que convenceu D. Firmina a levá-la para sua casa.

Fora essa parenta, nenhum outro aparecera na casa de Aurélia durante a enfermidade e

após a morte de D. Emília. A moça começou a procurar serviço.

Aparece então um emissário do velho Camargo que lhe pediu o papel que o velho lhe

deixara. Era um testamento que a tornava herdeira universal do avô. Lemos, mais que depressa,

correu ao juizado de menores e arranjou sua nomeação para tutor de Aurélia, que não gostou

mas acabou aceitando.

Começa para Aurélia uma nova vida em companhia de sua parenta D. Firmina

Mascarenhas: frequentava a alta sociedade fluminense, era muito admirada e desejada por

todos, a quem ela desprezava. Guardava porém uma vingança para Fernando, que a abandonara

por trinta contos de réis.. Chamou seu tio e tutor e encarregou-o de oferecer cem contos de réis

como dote a Fernando Seixas, para que se casasse com ela. Fernando mais que rapidamente

aceitou, pedindo já um adiantamento de vinte contos de réis.

Depois da apresentação e da conversação sobre vários assuntos, foi acertado o dia do

casamento.

Reuniu-se uma sociedade escolhida e pouco numerosa na casa de Aurélia para assistir ao

casamento. Logo após a recepção, Lemos levou Seixas aos aposentos mostrando-lhe tudo o que

lhe pertencia, inclusive as roupas. Depois, Seixas e Aurélia dirigiram-se à câmara nupcial e foi

quando Aurélia lhe disse que o havia comprado muito caro e que o casamento de ambos só era

válido perante a sociedade, pois ela o comprara assim como ele a havia trocado por trinta contos

de réis. Seixas calou-se chocado e desiludido.

Para os outros, tudo ia bem entre eles, mas, na intimidade, nada mudara. Aurélia tratava

Seixas como um objeto qualquer da casa, humilhando-o perante outras pessoas. Fernando

dedicava-se de corpo e alma ao serviço, fazendo negócios que lhe rendiam bom dinheiro.

Aurélia sentia muitos ciúmes de Seixas, mas queria crer que era por orgulho e não por

amor.

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Certo dia, voltando para casa a fim de pegar uns papéis, encontrou Aurélia conversando

com Eduardo Abreu que havia falido e a quem Aurélia pretendia ajudar. Seixas foi aos seus

aposentos, saindo depois pelos fundos.

Na hora do jantar, perante o estranhamento de Aurélia em face da ausência do marido, a

mucama disse-lhe que Fernando avisara que iria chegar mais tarde: Aurélia disfarçou sua

preocupação.

Já estavam jantando quando chega Fernando dizendo que desejava falar com Aurélia após

o jantar; para isso dirigiram-se aos aposentos da senhora.

Fernando então lhe diz que se no momento da cerimônia tivesse tido os vinte contos que

pedira adiantados, tudo já se teria resolvido. Porém, agora queria lhe restituir todo o dinheiro

do dote e recuperar sua dignidade: se separariam como fazem dois contratantes de boa fé que,

reconhecendo seu engano, se descobrem mutuamente. Pede então, a Aurélia que lhe devolva

o papel, recibo de sua venda, entregando-lhe o dinheiro. Quando Fernando se preparava para

sair, Aurélia o deteve dizendo-lhe que o passado estava extinto e que durante aqueles onze

meses eles tinham vivido contra seus próprios sentimentos, como dois estranhos. Ajoelhando-

se diante do marido, lhe pede que aceite seu amor, amor que nunca deixara de ser dele, ainda

quando mais cruelmente ofendida; aquela que o humilhara estava ali agora, abatida,

implorando por seu amor. Seixas a ergueu e seus lábios se uniram, e diante do argumento de

que a riqueza dela seria um empecilho, Aurélia lhe entrega um documento que escrevera logo

após o casamento, documento este que declarava o imenso amor que sentia por ele, instituindo-

o seu herdeiro universal. Fernando Seixas contempla com os olhos rasos de lágrimas sua amada

Aurélia, sua inesquecível "Senhora".

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LUCÍOLA

de José de Alencar

" Lucíola é o romance de José de Alencar e o primeiro da trilogia que ele denominou de

"Perfis de Mulher". Integra o conjunto da ficção urbana do grande romancista aquela em que

ele fixou o Rio de Janeiro da época, com a sua fisionomia burguesa e tradicional, com uma

sociedade endinheirada que frequentava o Lírico, passeava à tarde na Rua do Ouvidor e à noite

no Passeio Público, morava no Flamengo, Botafogo ou Santa Teresa, e era protagonista de

ousado dramas de amor que iam do simples namoro contrariado à paixão desvairada.

Lucíola foi um romance ousado para a época; seu tema escandalizou os leitores e a

sociedade de então, pois contava a história ainda não colocada até então em termos de

literatura entre nós - a prostituição. Apesar das roupagens românticas, a personagem era boa

de coração, demonstrando isso na abnegação e no estoicismo com que se sacrificou por sua

família, não seria tão fácil a aceitação de um livro como esse, que desvendava, em cenas íntimas

e descrições bem marcantes, a vida de alcova de uma famosa mundana. E ainda mais, fazia dessa

"pecadora" uma vítima da sociedade e a redimia de tudo, mostrando a face nobre do seu

caráter.

Não se chama Lucíola a heroína, como seria de se esperar, mas apenas Lúcia. "Lucíola -

explica o prefácio - é o lampiro noturno que brilha de uma luz tão viva no meio da relva e à beira

dos charcos. Não será a imagem verdadeira da mulher que no abismo da perdição conservava a

pureza da alma?"

Mas como era essa mulher famosa que Alencar foi buscar na vida noturna para transformar

na heroína do seu romance? Sua primeira aparição se faz na festa tradicional do Outeiro da

Glória, onde Paulo, jovem provinciano recém-chegado ao Rio, vai encontrá-la, e assim a

descreve: "A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri nessa ocasião,

a alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante para contemplar no horizonte

as nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul e estrelado. Admirei-lhe no primeiro olhar um

Page 15: Resumos obras - Romantismo

talhe esbelto e de suprema elegância. O vestido que o moldava era cinzento, com orlas de

veludo de veludo castanho, e dava esquisito relance a um desses rostos suaves, puros e diáfanos

que parecem vão desfazer-se ao menor sopro como os tênues vapores da alvorada".

Lembrou-se depois Paulo que já a tinha visto antes, no dia mesmo de sua chegada ao Rio,

em um carro elegante levado por dois fogosos cavalos, e exclamara então para um companheiro

ao lado: "Que linda menina! Como deve ser pura a alma que mora naquele rosto!".

Lúcia era, assim, uma mundana de rara beleza e suave aspecto, que a faziam parecer uma

jovem inocente. Pelo menos, essa foi a impressão de Paulo e que o levou a apaixonar-se, mesmo

depois de saber quem era ela.

Tal como a pintou o romancista e se depreende de toda a história, ela era de natureza

complexa nas alternativas de sua vida e do seu temperamento. Boa nas intenções, mas devassa

na prática da vida que levava; interesseira e avara na conquista do dinheiro fácil e, ao mesmo

tempo, generosa ao dar esmolas e na ajuda a parentes; com um passado de luxo e dissipação,

se apaixona da maneira mais romântica pelo jovem que nela descobrira bondade e ternura.

Enfim, era bem feminina ao parecer tantas numa só. Paulo, no entanto, no entusiasmo da

paixão, definiu-a: "Tu és um anjo, minha Lúcia!".

Tendo Paulo visto Lúcia naquela festa da Glória, a ela foi apresentado pelo seu

companheiro, que a conhecia e fora seu amante. Mesmo assim, ele continuou a idealizá-la, até

nas visitas que lhe fez a seguir, francamente inocentes e cordiais. Só algum tempo depois é que

se tornaram amantes. Cada vez mais, no entanto, prendia-se a ela por um amor apaixonado que

ultrapassava a simples satisfação do sexo. Não a queria como uma mundana lúbrica e sensual,

famosa pelos requintes no amor, e sentia que ela também, na maneira de tratá-lo, no seus

silêncios, nos seus beijos e carícias, o amava realmente. A prova maior disso foi o seu

afastamento de tudo para dedicar-se a ele. Mas logo brigaram, e ela voltou à vida antiga. Nessas

alternativas de brigas e reconciliações, de ciumadas e de arrependimentos, chegaram à

confissão de suas vidas e à aceitação do amor com que se queriam.

E Lúcia contou-lhe a sua história, declarando para sempre morta a mulher que fora até

então; sua família viera morar na Corte e viviam dignamente, até que a epidemia de febre

amarela de 1850 atacou todos os seus: pai, mãe, irmãos, tios.

Somente ela foi poupada, vendo-se obrigada a cuidar dos seus. Assim foi que, por

necessidade, entregou o seu corpo a um ricaço de nome Couto, para conseguir ajuda e apoio.

Morreram-lhe a mãe, a tia e dois irmãos; o pai, ao descobrir que ela recebera dinheiro de um

homem em pagamento de sua honra, expulsou-a de casa. Depois disso, o caminho estava aberto

à prostituição. Na sua nova vida, então, mudou de nome, pois se chamava realmente Maria da

Glória, em devoção à sua madrinha Nossa Senhora da Glória.

Depois de uma longa viagem que fizera à Europa em companhia de um amante, de volta

ao Rio só encontrou de sua família uma irmãzinha de nome Ana, a quem tomou sob sua proteção

e a pôs num colégio.

Após tal confissão, de que resultou um perfeito entendimento entre os dois, Lúcia foi

morar numa casinha de Santa Teresa, que alugara, em companhia da irmã. Afastou-se da vida

mundana para receber apenas a visita de Paulo. No ambiente bucólico daquele bairro viveram

os dois um idílio simples. Passeavam nos arredores de mãos dadas como dois namorados, e

nessa busca da inocência perdida ela até se recusava, pudicamente, a ser de novo sua amante.

Page 16: Resumos obras - Romantismo

É que ela agora já adotando outra vez seu nome de batismo, Maria da Glória, estava esperando

um filho de Paulo.

Mas o idílio em que viviam durou pouco. Lúcia sofreu um aborto e, ante a recusa de tomar

remédio para expelir o feto sem vida, faleceu da infecção, confessando a Paulo que o amava

perdidamente desde o primeiro encontro. Pediu-lhe que cuidasse de sua irmãzinha Ana, a quem

deixara um testamento a sua fortuna, cerca de cinquenta contos de réis, como se fosse sua

própria filha. A princípio queria que ele se casasse com Ana, mas, ante sua recusa, pediu-lhe que

a protegesse, e morreu dizendo-se sua noiva eterna, sua noiva no céu".

UBIRAJARA

de José de Alencar

Jaguarê é um jovem caçador da tribo Araguaia caminhando em busca de um adversário de

valor a quem possa vencer para se tornar um verdadeiro guerreiro de sua tribo. Ao descansar à

sombra de uma árvore Jaguarê vê uma jovem índia da tribo Tocantim que lhe diz que o guerreiro

que a quiser por esposa terá que combater com os pretendentes da tribo Tocantim. Araci se

afasta e Jaguarê volta ao descanso.

Aparece então Pojucã, forte guerreiro, a quem Jaguarê vence e leva prisioneiro para sua

tribo. Jaguarê se torna guerreiro com o nome de Ubirajara, recebe do cacique, seu pai Camacan,

o comandante da tribo e se prepara para se casar com Jandira, sua prometida.

Ubirajara no entanto não se esquece de Araci e resolve partir para se casar com ela. Pojucã

pede a Ubirajara que lhe dê uma morte digna de um guerreiro. Ubirajara o atende e lhe destina

Jandira para esposa de túmulo, segundo os costumes da tribo. Jandira, que só amava o grande

chefe, foge da floresta.

Page 17: Resumos obras - Romantismo

Ubirajara chega à aldeia tocantim, é recebido e tratado como hóspede, recebendo o nome

de Jurandir e contando a todos suas lutas e conhecimentos. Jurandir declara ao chefe Itaquê

que deseja ser esposo de Araci e como pretendente dispõe-se a trabalhar e a lutar para

conseguir seu intento. Então, Araci saiu para caçar e no meio da mata aparece Jurandir

segurando Jandira e entregando-a a Araci como escrava que não aceitou ser libertada,

desejando fazer a vontade de Ubijarara.

Chegou o dia em que todos os pretendentes teriam que lutar para se decidir com quem a

bela Araci se casaria. Jurandir venceu a todos os combates e provas.

Ubirajara foi levado à frente de Itaquê. Era hora de ele revelar a todos quem era, já que

iria se casar com Araci. Contando suas lutas e vitórias, ao chegar ao nome de Pojucã, Araci soltou

um grito, e Ubirajara ficou sabendo que Pojucã era filho de Itaquê e irmão de Araci. Com isso,

Ubirajara tornou-se inimigo dos tocantins e ele próprio lhes declarou guerra. Assim, os araguaias

partiram para a luta, mas no caminho encontraram os tapuias, que também iriam lutar contra

os tocantis. Sendo que a guerra dos tapuias era de vingança, Ubirajara respeitou-os e ficou

apenas observando.

Itaquê luta contra Camicram, chefe Tapuia para prender Pahan e o leva à presença de

Itaquê que, ao invés de castigar, mandou soltar Pahan. Itaquê convocou os guerreiros da tribo

para escolherem um novo chefe. Nenhum dos guerreiros tocantins conseguiu empunhar o arco

de Itaquê.

Os tapuias voltam à luta com Agniná à frente para vingar a morte de seu irmão Camicran.

Desesperados e sem chefe, os tocantins não sabem o que fazer. Itaquê chama então Ubirajara

e pede-lhe que se torne chefe dos tocantins e se case com Araci. Ubirajara e empunha o arco

tocantim unindo-o ao arco araguaia.

Os tapuias foram derrotados pelas tribos unidas.

Quando Ubirajara voltou a sua taba, Araci o esperava com Jandira, dizendo-lhe que Jandira

deveria também ser sua esposa. Com isso, as duas nações ficaram mais unidas e receberiam o

nome único de ubirajaras e dominanaram aquela região por muito tempo.

Page 18: Resumos obras - Romantismo

DIVA

de José de Alencar

" Seu enredo gira em torno de uma estranha e voluntariosa menina-moça que aspirava ao

amor ideal e sonhava entregar seu coração somente àquele que ultrapassasse os limites do

amor banal e a quisesse com frenética paixão. Emília era seu nome, e a história começa quando

ela tinha catorze anos e era, como descreve o autor, "uma menina muito feia, mas da lealdade

núbil que promete à donzela esplendores de beleza".

Há meninas - diz o personagem contando seu drama a um confidente - que se fazem

mulheres como as rosas passam de botão a flor: desabrocham. Outras saem das faixas como os

colibris da gema: enquanto não emplumam são monstrinhos; depois tornam-se maravilhas ou

primores. Era Emília um colibri implume; por conseguinte, um monstrinho.

Pois essa menina feia, pouco depois, quando vai reencontrá-la o herói da história, era já

uma linda moça, como a descreveu o romancista: "Era alta e esbelta. Tinha um desses talhes

flexíveis e lançados, que são hastes de lírio para o rosto gentil; porém na mesma delicadeza do

porte esculpiam-se os contornos mais preciosos com firme nitidez das linhas e uma deliciosa

suavidade nos relevos. Não era alva, também não era morena. Tinha na tez a cor das pétalas da

magnólia, quando vão se desfalecendo ao beijo do sol. Mimosa cor de mulher, se a aveluda a

pubescência infantil, e a luz coa pelo fino tecido, e um sangue puro a escumilha de róseo matiz.

A dela era assim".

A história é contada em tom de confidência do médico Dr. Amaral ao seu amigo Paulo,

confessando o estranho caso de amor em que se viu envolvido até a paixão. Conhecera Emília

ainda menina, feia e desgraciosa. Sendo amigo de sua família e recém-formado, foi um dia

chamado a medicá-la, pois estava ela acometida de pneumonia dupla. Ao tentar examiná-la,

levantou-se a moça indignada e explosiva, por nada permitindo que ele a auscultasse, como uma

gata selvagem. Reagia a qualquer aproximação. Desvelou-se ele, no entanto, e com muitos

sacrifícios e abnegação completa salvou-a da morte.

Viajou em seguida para a Europa, com uma bolsa de estudos, e ao voltar encontrou-a já

transformada numa bela moça, mas continuando a demonstrar por ele um misto de repulsa e

ódio. Amigo da família, era sempre convidado ao convívio de Emília e de seus pais, crescendo

Page 19: Resumos obras - Romantismo

pouco a pouco em seu coração um grande amor por ela, na mesma proporção em que ela o

repelia, o tiranizava e o lançava no mais completo desprezo. Sua vida foi transformada num

verdadeiro inferno por aquela mulher que se divertia em fazê-lo sofrer, em humilhá-lo até o

desespero. Outras vezes dava-lhe pequena esperança, animava-o até certo ponto, só para trazê-

lo subjugado aos seus caprichos, aos seus demônios interiores, e depois lançar-lhe na face o

insulto, a cólera e o desabafo de uma natureza perversa e má. "Eu não o amo! Eu o desprezo!".

E o pobre Amaral, entre alternativas de veneração e ódio, tinha também vontade de insultá-la,

de amesquinhá-la, até de agredi-la, e mais de uma vez quase chegou a tal extremo. Afinal,

quando o drama atingiu o clímax, ele, desesperado, lançou-lhe na face também o seu desprezo.

Emília esbofeteou-lhe o rosto e ele agarrou fortemente os seus pulsos e a jogou por terra,

desvairado. Deu-se então a súbita transformação, rompendo-se as barreiras do ódio que

escondia, no fundo, o amor. Emília arrastou-se a seus pés e confessou-lhe afinal que o amava

loucamente, que sempre o amara, que ele era o único motivo de sua vida. O rapaz, apavorado,

fugiu dela como de uma visão sinistra.

No dia seguinte, Amaral recebeu de Emília uma carta extravasando um amor delirante e

obsessivo, que o tinha por alvo. Ele, então implorou a Deus que o livrasse daquela mulher; mas

foi em vão. Logo correu ao seu encontro e pouco depois se tornaram marido e mulher.

"Diva é, primordialmente, um estudo do caráter de um tipo de mulher obsessiva, tirânica,

neurótica, na sua complexidade psicológica. Ela desejava e sonhava um homem que lhe desse o

amor verdadeiro e total, e ao mesmo tempo desprezava e humilhava aquele que lhe rendia o

coração. No fundo, amava Amaral desde menina, quando ele penetrara na sua intimidade como

médico e auscultara o seu peito, o que lhe causara naquele momento uma repulsa indignada,

que muito tinha de atração. Mas o longo e doloroso processo de reconhecimento desse amor

foi uma exposição de sua morbidez, de seus instintos sádicos e de sua crueldade feminina."

Page 20: Resumos obras - Romantismo

A ESCRAVA ISAURA

de Bernardo Guimarães

Conta a história sentimental de uma linda escrava, torturada por um senhor cruel e

devasso, e que, afinal, é salva por um rico cavalheiro apaixonado pela sua formosura e bondade.

Isaura não era uma escrava comum, criada na senzala, nem de cor negra. Filha de um feitor

português com uma bela negra africana, era uma autêntica mulata clara, desses que hoje em

dia ganham concursos femininos e até representam a beleza brasileira. O autor a apresenta nas

primeiras páginas do livro, e a sua aparição se faz através de uma voz maviosa que canta cópias

sentimentais de uma cativa suspirando pela liberdade. "Se não é sereia, somente uma anjo pode

cantar assim". - diz o romancista, e leva o leitor à sala da fazenda, onde ela, sentada ao piano,

canta embevecida. A descrição é opulenta de adjetivos e, ao gosto da época, exagerada. "Uma

bela e nobre figura de moça", com "bastas madeixas negras", colo donoso e do mais puro lavor",

de "encantadora simplicidade, porte esbelto, cintura delicada", e mais, parecia "uma Vênus

nascendo da espuma do mar ou um anjo surgindo dentre brumas vaporosas".

Realmente, a figura de Isaura pouco tinha de uma cativa. Era de traços finos e de pele

morena, educada, cantava bem, tocava piano e fora criada pela senhora da fazenda com todo o

carinho. Tais predicados, obviamente, não eram os de uma moça nascida nas senzalas do

interior fluminense no século XIX. Talvez o autor, ao criá-la assim, quisesse equipará-la a

qualquer moça da sociedade da época para fazer comover ainda mais os corações com sua

história triste, que começa com a morte da sua protetora, sem ter formalizada a carta de alforria

em seu favor, como prometia sempre. Isaura passa então á posse do herdeiro, rapaz libertino

e devasso. E aí começa a história.

A história se passa numa grande fazenda fluminense, situada em Campos de Goitacases,

hoje cidade de Campos. Isaura, pela sua beleza, desperta nos homens amor à primeira vista.

Leôncio, o jovem senhor, devasso, mau, perdulário, quer forçá-la a se tornar sua amante.

Henrique, seu cunhado, também a quer conquistar, e por outro lado, o jardineiro, um anão

mostrengo e feio, personagem que faz lembrar o Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo,

Page 21: Resumos obras - Romantismo

muito em voga na época, sonha casar-se com ela. Os dois primeiros a disputam, e Henrique

revela à sua irmã Malvina estar o seu marido apaixonado pela escrava. A esposa abandona

Leôncio, e este continua o assedio a Isaura, que o repele. Leôncio usa de todos os recursos, até

a ameaça e a violência, mas ela não cede. O português Miguel, pai de Isaura e ex-feitor da

fazenda, propõe comprar a liberdade dela por dez contos de réis. Leôncio recusa. Miguel trama

então uma fuga e consegue viajar com a filha para Recife, onde passam a viver afastados de

todos, com nomes falsos, para escapar à perseguição de Leôncio.

Entra em cena na narrativa um novo personagem, o herói da história, um rico moço

chamado Álvaro, que por ela se apaixona e um dia a convence a ir a um baile na alta sociedade

recifense. No baile aparece um outro vilão, de nome Martinho, que reconhece Isaura pela

descrição de um anúncio de "escravo fugido" que vira e recortara dos jornais do Rio, interessado

nos dez contos de réis da recompensa pela captura. Álvaro tenta, com seu dinheiro, salvar

Isaura, mas não consegue, e, após várias peripécias, Leôncio chega a Recife e traz Isaura com ele

para a fazenda, e ainda Miguel para cumprir pena pelo rapto e fuga.

Novo assédio, novas propostas são feitas a Isaura pelo senhor apaixonado, mas ela ainda

não cede. Então Leôncio planeja vingar-se de maneira cruel. Manda pôr Isaura a ferros no tronco

da senzala e lhe oferece a alternativa: continuar presa naquele instrumento de tortura para

sempre ou aceitar a liberdade que ele lhe oferece com a condição de casar-se com Belchior, o

anão feio e asqueroso. Desesperada, ela aceita o sacrifício para conseguir a liberdade, mas no

dia das bodas, inesperadamente surge o herói Álvaro para salvá-la. É que, tendo, vindo ao Rio,

soube da situação financeira de Leôncio, totalmente arruinado e cheio de dívidas. Resolveu

comprar todas essas dívidas, tornando-se assim dono da fazenda e de todos os bens de Leôncio,

inclusive de Isaura.

Álvaro vai ser feliz com a linda ex-escrava, que passa a ser a dona de toda a fortuna de

Leôncio, e este, desesperado, mete uma bala na cabeça.

Page 22: Resumos obras - Romantismo

O SEMINARISTA

de Bernardo Guimarães

"O Seminarista" é um romance de cunho rural e psicológico que mostra o drama de

Eugênio e Margarida. Ele, filho de fazendeiro, é obrigado a ingressar num seminário para ser

padre. Ela, pobre e bela menina que se criou na fazenda do pai de Eugênio, corresponde à

amizade, ao amor e à paixão que este lhe devotava.

Acreditando na falsa história de que Margarida havia fugido com outro, Eugênio abandona

a ideia de deixar o seminário e tornar-se sacerdote. Voltando a sua cidade, já ordenado, para

celebrar a primeira missa, Eugênio encontra Margarida à morte e fica sabendo da diabólica

trama de seu pai para evitar a união dos dois.

Na hora da missa, ao ver entrar na igreja o caixão com o corpo de Margarida, Eugênio rasga

as roupas sacerdotais e larga em desabalada carreira. Ficara louco!

O CABELEIRA

Page 23: Resumos obras - Romantismo

de Franklin Távora

A história de Pernambuco conta-nos muitas histórias de heroísmo e maldade. Muitos

homens se tornaram lenda por sua audácia e crueldade; entre esses está José Gomes, o famoso

Cabeleira, que durante muitos anos espalhou o terror pelo nordeste brasileiro.

José Gomes era filho de Joaquim, sujeito malvado, dado à prática de crimes e de Joana,

exemplo vivo de bondade.

José era um menino bom e amoroso, mas os péssimos exemplos do pai converteram-no

num bandido. Joana queria que o filho fosse um homem bom e digno, enquanto que Joaquim

queria levá-lo para o banditismo; por isso os dois viviam brigando, até que um dia Joaquim

resolveu abandonar a mulher, levando consigo o filho.

Teodósio, um criminoso terrível e esperto, veio juntar-se a eles. Os três percorriam a

província pernambucana roubando, incendiando e matando, sendo temidos por todos. Usavam

a Taberna dos Afogados do velho Timóteo como depósito de seus roubos. Roubavam alimentos

dos sítios e vendiam nos povoados. Algumas vítimas que saíam com vida desses assaltos diziam

que José Gomes, um jovem de cabelos crescidos, mais conhecido como Cabeleira, era o mais

terrível e audaz dos assaltantes.

Luísa (Luisinha), uma boa moça, acompanhava com tristeza as estórias contadas sobre José

Gomes, seu companheiro de infância. Até que um dia, o Cabeleira encontrou-a, arrastou-a para

o mato, tentando seduzí-la. A moça gritou e sua mãe tentando ajudá-la foi ferida pelo assassino.

Vendo sua mãe sem sentidos, Luísa tratou-o com desprezo, identificando-se como sua

companheira e namoradinha de infância. O Cabeleira desapareceu, arrependido, desesperado,

ao pensar que Luísa o desprezava: estava apaixonado por ela.

Várias mulheres estavam reunidas em orações na casa de uma das vítimas do Cabeleira,

seu Liberato, até que os bandidos apareceram por lá e mandaram que elas deixassem a casa.

Essas, se recusando, continuam a rezar. Joaquim, furioso, incendiou a casa. Todas as mulheres

fugiram, menos a mãe de Luísa que ficou lá dentro. Luísa tentou salvá-la mas sua mãe não

resistiu, morrendo queimada. Pelo esforço, Luísa desmaiou e o Cabeleira diz aos capangas que

Page 24: Resumos obras - Romantismo

ela lhe pertence. Luísa pede para morrer, mas o Cabeleira conforta-a, dizendo que irá protegê-

la, prometendo, ainda, nunca mais matar ninguém.

O capitão-mor de Santo Antão prendeu Joaquim, Teodósio e o taberneiro Timóteo.

Cristovão de Holanda Cavalcanti, capitão-mor de Itamaracá, empenhava-se em capturar o

Cabeleira, mas ninguém sabia onde se encontrava o bandido. Entretanto, o Cabeleira e Luísa

fugiam, atravessando as matas. Luísa amava-o, mas temia que as tropas conseguissem capturá-

lo.

INOCÊNCIA

Visconde de Taunay

Num dia de inverno, o sol iluminava e aquecia uma estrada por onde um viajante

cavalgava. Surge atrás dele, travando conversa, um menino conversador, chamado Pereira.

Tendo o mesmo destino, caminharam juntos.

O viajante se chamava Cirino e entendia muito de medicamentos; por isso era considerado

"doutor".

Pereira resolveu hospedá-lo em sua casa, aproveitando para deixar aos cuidados de Cirino

sua filha Inocência, uma bela cabocla, que se achava doente e acamada. Inocência sentiu-se

melhor em pouco tempo.

Durante o tratamento nasceu entre Inocência e o curandeiro um imenso amor, proibido,

todavia, porque a moça esperava o noivo Manecão, escolhido pelo pai.

Numa noite chuvosa apareceu em casa de Pereira um alemão chamado Meyer e seu

ajudante Juca. Trazia uma carta do irmão mais velho de Pereira, pedindo-lhe que atendesse o

alemão como se fosse ele próprio.

Meyer era um naturalista estudioso das borboletas. Devido aos elogios exagerados que

Meyer faz à beleza de Inocência, Pereira, rígido e severo na moral, passa a desconfiar do

hóspede. Meyer descobre um novo espécime de borboleta, a que chamou "Papillia Innocentia"

Page 25: Resumos obras - Romantismo

em homenagem à bela filha do sertanejo. Pereira sente-se no dilema de cumprir, ou o dever de

atender ao pedido do irmão, ou o de preservar a honra da família.

Meyer parte e a chegada de Manecão deixa Inocência e Cirino aterrados. Cirino se

desespera e sente que perderá Inocência. Sua amada lhe diz então ter um padrinho, a quem seu

pai deve favores e atende. Se Antônio Cesário intercedesse por eles, Pereira talvez permitisse o

seu romance.

Imediatamente, Cirino foi à procura do padrinho de Inocência para que ele impedisse o

casamento dela com Manecão. Avisado por Tico, um mudinho, que com sinais deu a entender

o romance secreto. Manecão espera Cirino de tocaia e o assassina na estrada, fugindo em

seguida. Inocência também morre logo depois, mas é imortalizada e revivida com o nome de

borboleta: "Papillia Innocentia".