UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE LINHA 3 – EDUCAÇÃO, GESTÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL TANSIR OMONI SACRAMENTO DOS SANTOS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O NEOJIBA: EDUCAÇÃO SUSTENTÁVEL DE JOVENS BAIANOS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL Salvador 2018
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O NEOJIBA ... - DSpace da … · LISTA DE FIGURAS 5 Figura 01 – Núcleo figurativo do NEOJIBA 71 Figura 02 – Desenho 1 74 ... LISTA DE QUADRO Quadro
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E
CONTEMPORANEIDADE
LINHA 3 – EDUCAÇÃO, GESTÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
SUSTENTÁVEL
TANSIR OMONI SACRAMENTO DOS SANTOS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O NEOJIBA: EDUCAÇÃO SUSTENTÁVEL DE JOVENS BAIANOS EM
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Salvador
2018
TANSIR OMONI SACRAMENTO DOS SANTOS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O NEOJIBA: EDUCAÇÃO SUSTENTÁVEL DE JOVENS BAIANOS EM
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação e Contemporaneidade –
PPGEduC do Departamento de Educação Campus
I, da Universidade do Estado da Bahia, como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Educação.
Orientador: Prof Dr Natanael Reis Bomfim
Salvador
2018
CDD: 370 Departamento de Educação. Campus I.
SANTOS, TANSIR OMONI SACRAMENTO DOS.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O NEOJIBA: : EDUCAÇÃO
SUSTENTÁVEL DE JOVENS BAIANOS EM SITUAÇÃO DE
VULNERABILIDADE SOCIAL / TANSIR OMONI SACRAMENTO DOS
SANTOS, TANSIR.-- SALVADOR, 2018.
110 : IL.
Orientador: NATANAEL REIS BOMFIM Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento
de Educação. Campus I. Programa de Pós-Graduação em Educação e
Contemporaneidade - PPGEDUC, 2018
1. Representações sociais; Jovens; Vulnerabilidades sociais; NEOJIBA. I.
BOMFIM, NATANAEL REIS II. Universidade do Estado da Bahia.
6/17/2018 Ficha Catalográfica
Universidade do Estado da Bahia
Sistema de Biblioteca
Ficha Catalográfica - Produzida pela Biblioteca Edivaldo Machado Boaventura
2.1 PROCESSO FORMATIVO DA PESQUISADORA: PENSAMENTO E AÇÃO SOCIAL
Nessa perspectiva, posso afirmar que, o presente estudo passou a ser idealizado em
função de uma dessas reflexões e inquietudes da vida acerca desta transversalidade infinita entre
experiências, expectativas, inquietações, contradições, frustrações e avanços frente a realidade
vivida. Fazendo um breve passeio em minhas memórias afetivas, a partir da minha intinerância
formativa até o delineamento da pesquisa, percebi o quanto durante a minha trajetória estive
imersa a contingências desafiadoras, que, contribuíram para a minha constituição enquanto
sujeito, vocacionada ao campo da Educação e do Desenvolvimento social.
Muito dessa tendência emergiu das minhas referências. Os meus genitores sempre foram
militantes de ações afirmativas e cresci em um contexto de resistência, de questionamentos, de
conscientização e de lutas por transformação social e por melhoria da dignidade humana, seja
por melhoria na Educação, na Saúde, no acesso aos direitos básicos, por Políticas Públicas, etc.
E ter nascido neste contexto diz muito quem eu sou, quem me tornei e as escolhas que tenho
feito até aqui. Para ilustrar, tomo como exemplo a escolha da minha profissão e dos meus
campos de atuação, hoje sou Psicóloga Social e atuo desde a minha graduação até a presente
data em espaços não formais de educação, assistindo crianças e jovens em situação de
vulnerabilidade social e/ou em risco social.
Iniciei minha jornada profissional atuando na área da psicologia escolar, em escolas do
município de Salvador, porém, em 2008, após aprovação em um concurso público, fui atuar em
um município do Recôncavo Baiano, onde me deparei com o campo social. Após onze meses
de atuação, fui convocada a assumir a Gestão do Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS), atuando junto ao antigo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, ao Conselho
Tutelar, ao Projovem Adolescente, ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e
ao Programa de Atenção Integral à Família. Este trabalho também se estendeu para outros
municípios do entorno. Um desafio prazeroso e enriquecedor, pois todos os programas e
projetos sociais supracitados eram efetivados de forma transversal e articulados às esferas
tripartites (Município, Estado e União) e de forma intersetorial (Desenvolvimento Social,
Educação, Cultura e Saúde), sem perder de vista a atuação efetiva do Controle Social, composto
pelos conselheiros da sociedade civil e do poder público.
Meus objetivos pessoais e profissionais se consolidaram e estes, de fato, passaram a ser
o de intervir nas diversas realidades do Estado da Bahia, sobretudo em regiões marcadas pela
pobreza, pela desigualdade social e pelos desequilíbrios regionais, visando através de
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intervenções socioeducativas, escutas e abordagens interdisciplinares, tentando promover o
desenvolvimento humano e integral de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Como já fora mencionado, cresci em um lar onde se fomentava e se discutia muitas temáticas
relacionadas às questões das ações afirmativas, mas estas discussões não ficavam apenas no
plano das ideias, havia um movimento de materialização destas ações. Aos 08 anos, passei a
frequentar um projeto social chamado “Hora da Criança”. Menciono este fato por ser também
um espaço socioeducativo e formativo de referência para mim. Um projeto social, em que nos
possibilitava ter acesso a esporte, lazer, música, arte, contação de história e, principalmente,
nos proporcionava a integração social com demais crianças do entorno. Outro fato interessante
é que tínhamos atividades e recreações coletivas, debates e vivências. Nossa! Como naquela
época nunca me dei conta da importância dessas experiências em minha vida e do quanto estes
espaços não formais de educação puderam contribuir para o desenvolvimento humano das
demais crianças e dos jovens ali inseridos. Hoje, em um lugar ressignificado, consigo entender
o quanto aquelas atividades socioeducativas foram importantes e o quanto
elas interferiram, de uma forma ou de outra, em minhas escolhas.
A partir das minhas antigas indagações e desses meus questionamentos atuais referentes
a minha atuação profissional, fui para a academia em busca de mais um suporte que pudesse
auxiliar a minha prática cotidiana. Em 2014, com base no entrelaçamento das minhas
motivações iniciais e do meu percurso acadêmico e profissional, ingressei como aluna especial
no mestrado acadêmico do Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade na
Universidade do Estado da Bahia. Na ocasião, optei em cursar duas disciplinas por questões de
afinidade temática, bem como, pensando na possibilidade delas fornecerem subsídios à minha
atuação. Estas disciplinas foram: “Movimentos Sociais e Educação” e “Educação e
Representações Sociais”. Em seguida, comecei a participar das discussões do Grupo
Interdisciplinar de Pesquisa em Representação, Educação e Sustentabilidades (GIPRES), pelos
mesmos motivos já mencionados acima. A partir de então, foram iniciadas as primeiras
tessituras para o delineamento do estudo. Relevantes discussões e contribuições dos
pesquisadores membros do GIPRES foram significativas e determinantes para que eu pudesse
constituir, junto ao meu orientador, a proposta de estudo aqui apresentada
Ter feito parte da equipe do Setor Desenvolvimento Social do programa social
NEOJIBA promoveu possibilidades importantes para esta investigação ao fomentar as minhas
primeiras inquietações sobre o fenômeno social das vulnerabilidades sociais e sobre as práticas
socioeducativas desenvolvidas pelo Programa. Vale destacar que o NEOJIBA é um projeto de
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relevância nacional e internacional, que assiste aproximadamente 1.600 crianças e jovens
prioritariamente em situação de vulnerabilidade social. Está presente em alguns municípios do
Estado da Bahia, em especial na região metropolitana de Salvador, e tem como missão
“promover na Bahia o desenvolvimento e a integração social, prioritariamente, de crianças,
adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social por meio do ensino e prática
musical coletiva”.
2.1.1 O programa social NEOJIBA e experiências significativas da pesquisadora.
Em um estudo etnográfico realizado pelo pesquisador português Alix Sarrouy (2016),
em uma entrevista ao maestro fundador e diretor do programa NEOJIBA, Ricardo Castro, este
afirmou que, sempre foi sensível às questões sociais do país e, inspirado no trabalho feito pelo
El Sistema na Venezuela, propôs um acordo com o Governo do Estado da Bahia e a Secretaria
de Cultura para a criação, a princípio, de um projeto sociocultural na Bahia. Este projeto foi
uma inspiração da união entre a excelência musical e os objetivos sociais, aos quais Ricardo
Castro diz ser sensível, “sempre me interessei pelos problemas sociais (...), “eu queria fazer a
mesma coisa, com a prática inclusiva da Música, a multiplicação dos núcleos, e a excelência
não negociável, porque há que tocar mesmo bem” (SARROUY, 2016, p. 334).
Hoje, após 10 anos de existência, o NEOJIBA continua primando pela excelência
musical, mas com um olhar mais comprometido às causas sociais. Após o deslocamento do
programa para a Secretaria de Desenvolvimento social e combate à pobreza, atualmente,
Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, esse olhar integral aos
integrantes se tornou a missão primordial. A prática pedagógica artística musical não deixou
de ser de excelência, mas, esta sim, passou a ser pensada e planejada para ser um caminho de
promoção social individual, familiar e comunitária. Segundo o Diretor Ricardo, “vai demorar
trinta anos para mudar a realidade daqui, procuro criar uma estratégia política que dure, senão,
não vale a pena. Dirigir um projeto destes não é fácil quando se tem em conta a situação local
e o contexto político-econômico do Brasil” (SARROUY, 2016, p. 335).
Certos dos grandes desafios existentes, o diretor vem buscando nesses últimos anos
redes de parceiros e contando com o apoio das comunidades e lideranças locais para a
manutenção do programa. Em decorrência de inúmeras reuniões de planejamento estratégicos
e pedagógico, chegou-se à conclusão de que na missão da Organização, a Música se constituiria
como um caminho para promover o desenvolvimento e a integração social de crianças,
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adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social no estado da Bahia, sobretudo, na
região metropolitana de Salvador, onde o programa está inserido em diversas comunidades.
Atualmente, não somente as práticas socioeducativas do programa estão presentes nas
pastas da Cultura e do Desenvolvimento social, mas também, da Educação. Por iniciativa do
Governo do Estado, o programa estendeu as suas ações nesse campo por meio das escolas
culturais, das fanfarras e recentemente, agora em 2018, junto à Universidade do Estado da
Bahia, vem ministrando de forma compartilhada o curso de Licenciatura em Música, na capital
e no interior do estado.
Sobre o perfil desses integrantes, segundo os indicadores apresentados no mapa social5,
último documento publicado pela SJDHDS, realizado pela equipe de Desenvolvimento Social,
o qual atuei como Assistente de Desenvolvimento Social, foi identificado que da totalidade do
público inserido no programa, 84% dos integrantes se autodeclararam pardos ou negros, 70%
das famílias possuem uma renda mensal de até dois salários mínimos, desses, 77% possuem
perfil para inserção ao Cadastro Único (Cadúnico)6, o que significa dizer que, estão em
contingência à situação de risco ou à vulnerabilidade social e, portanto, aptos a serem
contemplados com as políticas socioassistenciais do Estado. Dentre o grupo dos participantes
do projeto, 4% dos jovens estiveram em situação de evasão e/ou abandono escolar.
Identificamos famílias residentes em casas de madeira, de taipa, outras sem saneamento básico.
Algumas outras famílias apresentaram jovens em cumprimento de medida socioeducativa, por
terem cometido ato infracional. Há, ainda, famílias com membros fazendo uso abusivo de álcool
e/ou outras drogas, entre outras situações de risco e vulnerabilidade social, que foram
observadas, e que carecem de atenção tanto do Estado, como da sociedade civil (ANDRADE;
SANTOS, 2016).
Mediante os indicadores podemos dizer que o mapa social, elaborado anualmente, tem
sido um suporte técnico para o delineamento das ações que serão executadas pelo respectivo
Setor. E em decorrência do público alvo assistido, no ato do contrato de gestão, entre o IASPM
e o Governo do Estado da Bahia, foram pactuadas metas não somente do eixo social, mas
também pedagógicas para atuação do programa junto às famílias, às comunidades e aos
5 Relatório anual realizado pelas técnicas do Setor de Desenvolvimento Social do programa NEOJIBA,
como uma meta de contrato de Gestão entre o Governo do Estado da Bahia e a Organização Social
IASPM, que consiste em caracterização socioeconômica de todos os integrantes do programa. 6 O Cadastro Único é um conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza
e extrema pobreza. Essas informações são utilizadas pelo Governo Federal, pelos Estados e pelos
municípios para implementação e acesso às políticas públicas capazes de promover a melhoria da vida
dessas famílias.
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integrantes. Dentre elas, está o atendimento psicossocial individualizado e/ou em família; o
acompanhamento do percurso formativo, a fim de erradicar a evasão e/ou o abandono escolar;
a identificação e o encaminhamento do público elegível às políticas socioassistênciais através
do Cadastro Único; realização de encontros trimestrais com palestras socioeducativas para as
famílias; realização de capacitações continuadas aos líderes e monitores; acompanhamento e
planejamento das práticas sociais; assim como, também é realizado o acompanhamento dos
egressos.
Essas ações são sistematicamente acompanhadas pelo Estado e devem ser cumpridas
pela Organização Social (OS), IASPM, com a finalidade de alcançarem a missão proposta. Com
isso, o dever da Instituição enquanto responsável pela gestão do programa social, além de
promover o ensino coletivo de Música com excelência, também é garantir que 100% do público
do programa esteja inserido ou concluído o ensino regular, bem como assistido pelas políticas
de proteção social.
As práticas pedagógicas também visam atender a missão proposta e, para tal, uma
equipe experiente e capacitada realiza diversas ações diariamente, no contra turno escolar
dessas crianças, adolescentes e jovens. Das atividades desenvolvidas destaco, além das práticas
de ensino coletivo (iniciação musical, coral e orquestral), as práticas sociais em espaços
comunitários, hospitalares, associações e escolas; os concertos didáticos, em que os integrantes
interagem com as comunidades; as caravanas pedagógicas, em que alguns monitores visitam os
projetos do interior do estado para capacitá-los; o programa multiplicador, em que os jovens do
núcleo de gestão e formação passam a multiplicar o aprendizado em escolas das suas próprias
comunidades, entre outras ações.
Em relação a metodologia do Ensino Coletivo de Música, adotado pelo programa, é
importante salientar e pontuar que, se trata de uma metodologia que vem ganhando destaque
em pesquisas desenvolvidas na área e em textos dos anais dos ENECIM7, devido os aspectos
didático pedagógicos, históricos, psicológicos e sociais, que por meio dela são evocados
(CRUVIEL, 2005). Segundo a autora:
A partir da concepção de educação musical transformadora, o
Ensino Coletivo de Instrumentos Musicais poderá propiciar a formação
humanística e social do educando, proporcionando o despertar da sua
consciência de cidadania. Daí a expressiva utilização do ECIM em
espaços não formais ou alternativos de educação, como os projetos
sociais que visam a inclusão social a partir do fazer musical. Necessário
se faz ressaltar que nenhuma metodologia poderá ser significativa e
transformadora se o educador musical não tiver abertura e flexibilidade
7 Encontro Nacional de Ensino Coletivo de Instrumento Musical
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para enfrentar as dinâmicas de sala de aula “em movimento constante”
(CRUVIEL, 2005)
Até o final de 2017, o programa contava com 84 funcionários, entre gestores, técnicos,
coordenadores e professores, que pensam, se articulam, planejam as ações, assim como,
cumprem as metas para cada eixo, previamente instituídos pelo Governo do Estado, visando
reconhecer a prática artística como meio de desenvolvimento humano. Penso que há um elo,
que precisa também de voz, para que todo esse investimento, e todas as práticas pedagógicas e
sociais sejam justificadas e/ ou melhor orientadas para que se garanta a sua verdadeira
efetividade e identificação.
Creio que apesar de toda essa equipe capacitada para a realização do planejamento
estratégico, das metas, para avaliar os indicadores e as ações, há uma lacuna que precisa ser
pensada a fim de manter o êxito do projeto. Acredito que há na juventude um potencial
avaliativo e mediador também dessas práticas. Não significa dizer que estes não sejam
convocados em determinadas situações, mas ainda assim, essa ação é incipiente. O que
queremos dizer é que, os sujeitos envolvidos, os steakholders, os atores sociais das referidas
políticas públicas podem contribuir de forma mais significativa, a fim de que se possam
identificar junto à equipe técnica possíveis nuances ou práticas assertivas que visam de fato
minimizar as vulnerabilidades encontradas. Essa proposta também está prevista no
planejamento estratégico da organização e pode contribuir para avaliar se de fato o programa
NEOJIBA tem atingido a sua missão junto aos mesmos.
Pensando nisso, foi escolhido a Teoria das Representações Sociais, como suporte teórico
e metodológico para fomentarmos espaço de escuta a esses sujeitos, na intenção de que, ao
darmos o retorno da pesquisa para a instituição, as OS junto ao Estado, possam identificar no
conteúdo das representações Sociais dos jovens inseridos ao programa, pistas justificatórias e
orientadoras das práticas que vêm sendo desenvolvidas.
2.2 DO FENÔMENO SOCIAL AO OBJETO DE ESTUDO: VULNERABILIDADE,
EDUCAÇÃO E REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE JOVENS SOBRE O NEOJIBA.
Mediante essas reflexões iniciais, acreditamos ser pertinente descrever o fenômeno
social que impulsionou o presente estudo. Para tanto, a questão da vulnerabilidade social que
abordaremos com mais propriedade no estado da Bahia, em particular sobre Salvador, tem
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como base o desenvolvimento histórico do seu conceito, na tentativa apenas de facilitar a
compreensão e a contextualização da realidade que circunscreve o objeto social da referida
pesquisa.
É sabido que o tema da vulnerabilidade social não é novo, uma vez que essa
terminologia vem sendo usualmente aplicada por cientistas sociais de diferentes disciplinas há
bastante tempo, entre esses, podemos destacar: Moser (1996; 1997; 1998). Kaztman (1999),
Vignoli (2000a; 2000b; 2001), Busso (2001), Villa (2001), Abramovay (et al., 2002).
Entretanto, ainda que essa temática venha sendo trabalhada ao longo de anos, cabe salientar que
ela consiste em um conceito em construção, tendo em vista sua magnitude e complexidade
(ROCHA, 2007). Portanto, entendemos a emergência de compreendermos e transcendermos a
reflexão sobre a temática devido o esgotamento da matriz analítica da pobreza, que apenas
reduzia a temática as questões meramente econômicas.
Consideraremos aqui, o tema como um complexo campo conceitual, constituído por
diferentes concepções e dimensões que podem voltar-se para o enfoque tanto econômico,
ambiental, de saúde, de educação, de direitos, cultural, étnico, entre tantos outros. Nesse
sentido, considera-se que a compreensão de vulnerabilidade social, no presente trabalho,
contempla dimensão social, educacional, cultural, étnica e econômica que condiciona as
possibilidades de inclusão social dos jovens, pelas contingências que estes estão expostos.
Segundo a área da advocacia internacional pelos Direitos Universais do Homem, o
termo vulnerabilidade designa, em sua origem, grupos ou indivíduos fragilizados, jurídica ou
politicamente, na promoção, proteção ou garantia de seus direitos de cidadania (ALVES, 1994
apud AYRES et al., 2009), que por sua vez, podem ser motivados, segundo o Ministério de
Desenvolvimento Social, por pobreza, privação e/ou fragilização de vínculos afetivos,
discriminação etárias, étnicas, de gênero, por deficiências, uso de substâncias psicoativas,
vítimas de violência, evasão e/ou abandono escolar, inserção precária ou não inserção no
mercado de trabalho, entre outros (BRASIL, 2017).
Segundo Rocha (2007), compreender a vulnerabilidade social é pressuposto para avaliar
o alcance das políticas públicas, tendo em vista programas que objetivem sua superação,
sobretudo, àquelas que estão voltadas para o público de jovens, que fomentem e que estejam
voltadas ao protagonismo juvenil. Assim, segundo a pesquisadora, “definir vulnerabilidade
social é mais do que um exercício intelectual, sociais em outro patamar (ao transcender o seu
caráter focalista e paliativo) e devemos concebê-las na perspectiva proativa e preventiva para
que possam ser potencializadoras e emancipatórias” (ROCHA, 2007, p. 28).
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Traçando um paralelo dessas primeiras discussões à nossa realidade local, ao se pensar
na vulnerabilidade social dos jovens baianos - sujeitos escolhidos para essa pesquisa -
identificamos que, apesar do potencial transformador dessa população, são eles os mais carentes
de políticas públicas por serem potenciais sujeitos da exposição frente às situações de
vulnerabilidades na sociedade contemporânea.
A priori, é importante ressaltar que, alguns dados foram tratados em função da última
pesquisa realizada pelo IBGE em 2010, e são os dados mais atuais que encontramos. Como este
banco de dados tem sido prioritariamente utilizado por diversos departamentos de estatísticas
citados aqui, a atualização destes sobre a população referida pode ficar prejudicada, uma vez
que, a maioria dos bancos de estatísticas tomam como referência os indicadores do Censo mais
recente do IBGE.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos
(DIEESE8, 2017), a população juvenil baiana entre 16 e 29 anos totalizou aproximadamente 3,7
milhões de pessoas em 2010, representando 26,1% da população total do estado. Em relação
aos três subgrupos etários, 14,7 % do total dos jovens baianos tinham entre 16 e 17 anos, 49,5
% estavam na faixa de 18 a 24 anos e 35,8% possuíam entre 24 e 29 anos. A juventude baiana
era composta ainda de 49,6% homens e 50,4% mulheres; sendo 78,2% jovens negros baianos e
21,8% não negros. E do total de jovens baianos, 26,2% residiam na região metropolitana de
Salvador.
Ainda segundo o mesmo estudo, no Estado da Bahia cerca de 82,2% dos jovens
economicamente ativos estão ocupados (DIEESE, 2017). Todavia, podemos inferir que esse
dado diz respeito à ocupação de qualquer atividade que gere algum tipo de renda, mas não
qualifica a informação acerca dos tipos de ocupação da população jovem, os “dados sobre a
proporção de jovens assalariados sem carteira de trabalho no Estado da Bahia indicam que
56,9% trabalham informalmente, sem garantias legais. A porcentagem é alta, mas tem
apresentado melhoras, comparadas a 2004, por exemplo, em que essa porcentagem era de
63,1%.” (UNFPA9, 2013, p.24).
Os dados acima ajudam a criarmos uma ideia do cenário da juventude na Bahia. O que,
mais uma vez, indica que, independente da classe econômica desses indivíduos, necessário é
pensarmos em estratégias emancipadoras e que fomentem nesses sujeitos o despertar do
8 http://www.dieese.org.br/ 9 Fundo de População das Nações Unidas
Os elementos intermediários, assim como, os elementos periféricos, são sensíveis ao
contexto imediato, permite adaptação à realidade concreta e também protegem o núcleo central.
Encontramos como elementos intermediários as palavras: “Valores”, “Aprendizagem” e
“Desenvolvimento Social”. Como visto na tabela acima, essas palavras emergiram com certo
nível de importância e de frequência quando caracterizam o objeto, contudo, não tanto, quanto
ao elemento do núcleo central.
Já em relação ao núcleo central, a palavra mais evocada e com maior nível de
importância para eles foi “Música”. Segundo Abric (2003 apud MAZZOTTI, 2007), o elemento
do núcleo central está ligado à memória coletiva, à história do grupo. É consensual, define a
homogeneidade do grupo, é estável, coerente e rígido, resiste às mudanças, pouco sensível ao
contexto imediato, gera a administração da RS e determina a sua organização. Mediante o
68
exposto, podemos apresentar a seguinte núcleo figurativo, como uma primeira ideia de como
esses jovens estruturam a imagem da representação social do NEOJIBA.
Figura 01 – Núcleo figurativo do NEOJIBA
Fonte: Elaboração da autora (2017)
5.2 DESENHANDO E DISCUTINDO SOBRE O NEOJIBA.
No intuito de melhor compreender a especificidade de significação que é conferida ao
objeto representado, utilizamos o recurso do desenho como mais um dispositivo para, no
discurso dos jovens mediante o grupo focal (em anexo), revelar com mais clareza a
representação social desses meninos e meninas sobre o NEOJIBA. Interessava-nos, ainda,
refletir sobre a emergência de sua integração e sobre o modo pelo qual influenciam e são
influenciados pelos elementos que aí se encontram, assim como identificar os meios pelos quais
69
a representação é utilizada como sistema de interpretação da realidade social e instrumentaliza
as condutas, por meio da Ancoragem e da Objetivação (JODELET, 1990).
Ao utilizarmos o desenho como dispositivo indutor do grupo focal buscávamos uma
estratégia menos interrogativa e que ajudasse a nortear e a desencadear discussões do grupo
sobre as representações do NEOJIBA, a fim de complementar o teste de associação livre de
palavras. Sodré et al. (2007), por exemplo, afirmam que atividades gráficas, como o desenho,
podem reproduzir signos que indiquem conhecimentos, interesses, valores e dificuldades dos
sujeitos frente a determinado objeto. O que implica dizer que, através do desenho e das palavras,
os jovens podem expressar sua subjetividade por meio de informações mais espontâneas, além
de proporcionar uma aproximação imagética das representações sociais, composta por
elementos presentes em seus valores, suas atitudes e suas opiniões.
A cada jovem foi solicitado que elaborasse um desenho a partir da imagem que lhe
viesse à cabeça a respeito do NEOJIBA. Ao final das produções, cada jovem apresentou o seu
desenho e teceu comentários a respeito de acordo com o que lhe conviesse. Estes, por sua vez,
foram sendo complementados, refutados ou ratificados pelos demais sujeitos participantes da
investigação. O material produzido pelo e no grupo focal foi gravado para, então, ser analisado
de forma coletiva.
Para a análise do conteúdo, tivemos como referência a teoria da análise do discurso de
Bardin (2009). Para a organização dos discursos, primeiramente foi realizada uma pré-análise,
a partir do conteúdo gravado, em seguida, a exploração do material e, por fim, o tratamento dos
resultados obtidos, por meio da codificação.
Para Bardin (2009), tratar o material é codificá-lo. A codificação corresponde a uma
transformação dos dados brutos em unidade de significação, apresentados por meio das falas,
em texto. Transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração visa permitir atingir
uma representação do conteúdo ou da sua expressão.
Nessa perspectiva, segundo as orientações de Bardin (2009), foi criada uma matriz com
quatro itens para elaboração da análise do conteúdo. (1) Como item Categoria, utilizamos o
tema eixo-base da pesquisa “Representações Sociais sobre o NEOJIBA”, agrupando-se todos
os dados brutos apresentados a partir do que emergiu dos entrevistados sobre os objetivos da
pesquisa; dessa forma, (2) na Subcategoria, foi agrupada a questão norteadora, a qual teve como
consigna: “Vocês irão usar a criatividade através do desenho. Solicitamos que desenhem a
imagem que vem à cabeça de vocês quando pensam sobre o NEOJIBA”.
70
Como (3) Unidade de Registro, organizamos os conteúdos em três unidades bases:
“Pensar”, “Agir” e “Sentir”, considerando a categorização e a frequência dos discursos com
base nos temas tratados relacionados semanticamente. E por meio das (4) Unidades de
Contexto, pudemos encontrar as repostas obtidas pelos jovens entrevistados a partir da questão
indutora. Esse tratamento de dados somente é possível pelo processo de ancoragem,
considerando o fato de podermos transformar o não usual em nosso mundo familiar e pela
objetivação, ao transformarmos noções, ideias e imagens em coisas concretas e materiais que
constituem a realidade vivida (MOSCOVICI, 2015).
Mediante as unidades de registro e de contexto apresentadas, o que perceberemos aqui
é que, a TRS a partir de uma Abordagem Processual permite apreender a análise do conteúdo e
dos processos constitutivos da representação que unem, como uma amálgama, o pensamento
que esses jovens possuem sobre o NEOJIBA, ou seja, a dimensão cognitiva do indivíduo, e,
também as imagens, através das ações e sentimentos, que somente nos foi ancorada pela
possibilidade dessa análise integrada dos processos de pensar, sentir e agir dos sujeitos frente
ao objeto de estudo em questão
Começarei com a apresentação de alguns desenhos que considero significativos para
ilustrar a análise do conteúdo do discurso originado no grupo focal. É importante dizer que o
desenho não faz parte do corpus de análise desse estudo, entretanto é um dispositivo importante
para a compreensão do pensamento, do sentimento e das ações desses jovens diante do
programa social. Nesse sentido, os resultados serão apresentados por um conjunto e
interlocução de linguagens (desenho e texto) que sobrepõem as suas aproximações e distâncias
que fazem emergir as representações sociais sobre o NEOJIBA.
5.2.1 Dimensão cognitiva dos atores sociais sobre o NEOJIBA (o pensar)
Mediante o que foi exposto percebemos que os meninos e meninas do NEOJIBA na
maioria das suas falas retratam o que pensam a respeito do programa, fazendo alusão a um
espaço socioeducativo onde se predomina a Música como eixo central, em que, se reúnem
pessoas de diversos lugares, de diferentes realidades, em prol de uma finalidade em comum,
fazer música. A ex.: “NEOJIBA é música” (Participante 21).
Alguns outros jovens também relataram por meio do discurso o que pensavam sobre o
NEOJIBA, recebendo anuência dos demais, a respeito de que, o programa tem sido uma
oportunidade de socialização, de demonstrar a cultura da Música clássica, de inclusão social,
71
de manifestação da arte e da cultura, de ação social e de preparação para o futuro. Como
podemos ver por meio de algumas falas e de imagem a seguir.
“NEOJIBA reúne pessoas de diversos lugares, de diferentes realidades, em um lugar
só, em prol de fazermos uma mesma coisa, que no caso é a música”. (Participante 19)
“Eu pensei na primeira imagem sobre o NEOJIBA, várias pessoas na estrada em uma
ponte para chegar para o outro lado, para compartilhar música com outras pessoas, e eu
pensei em Ricardo Castro13 do outro lado chamando os músicos. E a ideia é que eles atravessam a ponte para compartilhar com as pessoas que estão do outro lado. ” (Participante 20).
“Eu coloquei o que para mim o NEOJIBA representa: Música. Como todo mundo, oportunidade cultural, inclusão social, ação social e alguns compositores” (Participante 23)
“Eu desenhei [o que] para mim representa o símbolo da sabedoria, o símbolo que
representa o conhecimento que é transmitido através da arte, a sabedoria, que você trabalha
através da arte. A arte tem sempre algo a se comunicar melhor que o diálogo. ” (Participante
16)
Figura 02 – Desenho 1
Fonte: desenho elaborado pelo (a) participante 3 (2017)
13 Ricardo Castro é o Fundador, Diretor Geral e Maestro do Programa NEOJIBA.
72
5.2.2 O cotidiano do NEOJIBA (o agir)
Quanto às atitudes e tomadas de posição em relação ao NEOJIBA, os meninos e meninas
entrevistados (as) em sua grande maioria descreveram a suas práticas musicais como um
caminho de emancipação e de socialização, devido às oportunidades recebidas que constituíram
como ponto de partida para demais realizações pessoais e coletivas, como ingresso em
universidades, novas possibilidades de trabalho, de monitoria, turnês nacionais e internacionais,
novos aprendizados, entre outros.
A exemplo:
“Esse aqui é uma viola 4/4, que representa a música que eu faço e as asas é como se fossem a música salvando vidas. O NEOJIBA é assim” (Participante 6)
“(...) desenhei meu instrumento, que comecei a tocar aqui. A UFBA que entrei na
faculdade por causa do NEOJIBA, e, hoje sou professora também por causa do NEOJIBA. E
um aviãozinho que são as viagens. ” (Participante 8)
“(...)esse é o professor, aqui são os alunos, aqui é o quadro e aqui tem duas interações,
eu comecei com a turma, como uma integrante do NEOJIBA, foi com o professor X, depois eu
me tornei monitora, multiplicando” (Participante 11)
“Bem, aqui eu coloquei algumas oportunidades que o NEOJIBA me deu como poder
tocar, viajar, fazer novos amigos, tocar meu instrumento” (Participante 13)
Figura 03 – Desenho 2
Fonte: Desenho elaborado pelo (a) participante 9 (2017)
73
5.2.3 Sentimentos, emoções e relações interpessoais (o sentir)
Em relação a percepção que os mesmos possuem sobre o NEOJIBA por meio dos
sentidos, identificamos que a maioria optou em expressar a importância das práticas
socioeducativas (sociais e pedagógicas), sobretudo por meio da Música, das suas vidas e a das
comunidades atendidas.
Os jovens expressaram, por meio do discurso e pelas imagens, o sentimento de orgulho
e de valorização por estarem vivenciando oportunidades como viagens, dar aulas, ter contato
com professores de renome nacional e internacional, receber bolsa auxílio formação e serem
multiplicadores do aprendizado recebido em demais comunidades. Também foi percebido a
valoração das relações interpessoais presentes no cotidiano, por meio da importância das
amizades consolidadas e das oportunidades de conhecimento mútuo. Não podemos perder de
vista que a insegurança e a auto exigência também estiveram presentes em algumas falas.
A exemplo:
“Coloquei uma cédula escrita “money”, importante ressaltar a importância financeira
para gente (...) Coloquei pessoas e aqui era para ser uma flauta, ressaltando a importância da
amizade que eu fiz aqui, meus amigos. Aqui coloquei insegurança e exigência porque no
NEOJIBA, eu encontrei meu sonho e por seu um sonho, eu sou muito exigente comigo mesma.
E o acolhimento que o setor pedagógico me dar. ” (Participante 3)
“Na verdade, o meu desenho é uma representação de um jovem que está se sentindo
orgulhoso. Nós sabemos que a maioria dos integrantes do NEOJIBA vêm de bairros
periféricos, que não tem muitas oportunidades, de certa forma marginalizados. Então o
NEOJIBA é um meio de mostrar o seu valor, então ele está se sentindo orgulhoso por isso.
(Participante 12)
“Aqui eu coloquei a escola que eu sempre estudei e o NEOJIBA foi para lá e eu o
conheci. Onde eu fiz também várias amizades que eu considero uma segunda família, onde eu
adquirir muita coisa, aprendi muita coisa, a gente aprendeu a se gostar”. (Participante 15).
“Meu desenho é a imagem que o NEOJIBA passa, aqui tem uma criança tocando
instrumento musical no meio do caos, que é na periferia, eu fiz pessoas, moradores de rua,
pessoas usando drogas, um cara procurando emprego, em volta tem prédios, e ele está tocando
cercado pelos prédios e estas pessoas estão fazendo isso tudo na rua” (Participante 18)
74
Figura 04 – Desenho 3
Fonte: desenho elaborado pelo (a) Participante 18 (2017)
Figura 05 – Desenho 4
Fonte: desenho elaborado pelo (a) Participante 12 (2017)
5.3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O NEOJIBA: EDUCAÇÃO SUSTENTÁVEL
DE JOVENS BAIANOS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
A partir da leitura da fundamentação teórica e das análises realizadas até o presente
momento desta pesquisa, podemos chegar a importantes inferências no que diz respeito as
representações sociais que esses meninos e meninas participantes da pesquisa possuem sobre
o NEOJIBA. Haja vista, a notoriedade que o programa social vem ganhando nesses últimos
anos, no âmbito nacional e internacional.
75
Mas, como falar de avaliação do impacto social desse notório programa, sem
considerarmos as representações sociais dos atores sociais envolvidos. Para tal, necessário é
compreender como esse objeto é apreendido por esses sujeitos. Segundo MEUNIER (1998,
p.28 apud BOMFIM, 2017, p.37) “para conhecer qualquer coisa é preciso ter uma representação
desta coisa, é preciso situar as representações dos lugares no conjunto de atividades
sociocognitivas”. Somente dessa maneira, de fato, estabeleceremos uma relação com a
construção do conhecimento, o sujeito e o meio, e poderemos enfim, justificar as atitudes e
orientar as práticas socioeducativas e sustentáveis desenvolvidas.
Para Bomfim (2017), é preciso entender a noção de atitude, considerada como uma
manifestação de sentimentos, revelada pela disposição do sujeito para agir ou reagir em face do
objeto. Sendo assim, após esses dez anos de existência do programa, podemos, por meio da
realização desta pesquisa de abordagem Estrutural e Processual da Teoria das Representações
Sociais, em que, utilizamos a análise do discurso como dispositivo complementar, a fim de
apontar e ratificar os elementos presentes no núcleo figurativo das representações sociais,
chegar à conclusão de que a Música se apresenta como representações sociais partilhadas pelos
sujeitos, atores sociais, deste ambiente socioeducativo, e estão referendadas em um campo
figurativo que pode ser reificado pelo modo de agir, pensar e sentir frente as práticas
pedagógicas, sociais e artísticas existentes, ancoradas pelos valores (excelência, respeito,
compromisso, disciplina, responsabilidade) da instituição e apreendidas coletivamente, assim
como pelo compromisso com o desenvolvimento social e pela aprendizagem, evocados como
elementos intermediários que ancoram o respectivo núcleo central.
A Música, para os educadores da área, é um tipo especial de ação social que pode ter
importantes consequências em outras ações sociais. A “Música constrói nosso senso de
identidade mediante as experiências que ela oferece para o corpo, o tempo e a sociabilidade,
experiências que nos capacitam a colocarmo-nos nas narrativas culturais imaginativas”
(EYERMAN; JAMISSON, 1998, p. 173 apud KLEBER, 2014, p.38)
Nesse sentido, “a Música é um modelo do sistema do pensamento humano, parte da
infraestrutura da vida humana, não somente reflexiva, mas também geradora, tanto no sistema
cultural como na capacidade humana” (BLACKING, 1995 p. 223-234 apud KLEBER, 2014,
p.37).
Uma vez identificando a relevância que o elemento Música tem para eles (elas),
podemos inferir que, por meio das representações construímos conhecimentos e saberes sobre
o NEOJIBA que nos permitirão compreender melhor a realidade na qual as práticas se
76
circunscrevem. Com relação às funções de orientação e de justificação, os conhecimentos que
construímos acerca do programa, permitirão apreender como se orientam as práticas para com
os indivíduos ali inseridos, ao mesmo tempo, como se justificam tais práticas.
A partir dos discursos desses meninos e meninas participantes da pesquisa, percebemos
que, para eles, as práticas socioeducativas desenvolvidas por meio da Música, vêm unindo
pessoas diversas, de realidades distintas para uma mesma finalidade, fazer Música (o pensar).
Reforçando a ideia de socialização e de integração, apontadas também no TALP realizado.
Segundo eles, como uma linguagem universal de socialização, o NEOJIBA tem ofertado a esses
meninos e meninas oportunidades (o fazer), outrora inexistentes, pelas suas próprias situações
de vulnerabilidades, exemplificadas por eles por meio de atividades como: realizar turnês
nacionais e internacionais, receber uma bolsa auxílio formação, além de vivenciar oportunidade
de máster classe com professores nacionais e internacionais de renome, além de dar aulas, serem
multiplicadores do aprendizado, uma vez que tem como filosofia “aprende quem ensina”, bem
como, ter acesso a demais políticas socioassistênciais, entre outros.
Por meio da pesquisa, descobrimos que, o programa NEOJIBA, vem despertando (o
sentir) nesses jovens, orgulho, sentimento de valorização, de esperança, assim como, também
senso de comprometimento mútuo, de responsabilidade, de respeito e de excelência,
principalmente, pela metodologia de ensino coletivo (por meio das orquestras e coros), em que
o resultado final depende da coletividade e da cooperação mútua.
Estas representações envolvem intersubjetividades e são definidas pela relação entre o
pensar, o sentir e o agir no cotidiano das práticas desenvolvidas, quer a partir de contradições
ou de complementaridades, constituídas coletivamente (ROCHA, 2007). Dito isso,
consideramos, que, possuímos agora elementos que nos apontam possíveis pistas justificatórias
e orientadoras das práticas socioeducativas e sustentáveis no referido programa e nas
comunidades atendidas. O que, nos conduzirão possíveis reflexões acerca das atitudes que
poderão aperfeiçoar as ações pedagógicas e de gestão de engajamento juntos aos respectivos
atores sociais.
77
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto e, compreendendo que as sucintas reflexões não se esgotam neste
presente estudo, faremos algumas considerações. A priori, faz se necessário lembrarmos que as
políticas sociais (educacionais) no Brasil têm suas raízes nos movimentos populares do século
XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no período do desenvolvimento
das primeiras revoluções industriais. A noção de Educação nesse contexto era entendida como
uma política pública de corte social, de responsabilidade exclusiva do Estado. Mas, ao longo
de nossa história, essa realidade foi se modificando. As fragilidades do Estado fizeram emergir
novas organizações não estatais a fim de provocar mudanças significativas frente essa realidade.
Nesse contexto, surgem os projetos e programas sociais como mais um espaço de
transformação social e de formação cidadã voltado para os meninos e as meninas que ficaram
fora da nova ordem moderna. Nos últimos dez anos, temos visto o NEOJIBA sendo consolidado
na comunidade baiana como um desses programas, de iniciativa de uma Organização Social
(IASPM) em parceria com Governo do Estado da Bahia, com a missão de promover o
desenvolvimento e a integração social de crianças, adolescentes e jovens em situação de
vulnerabilidade social, por meio do ensino coletivo da Música.
Lembrando que o objetivo deste estudo foi apreender o conteúdo das representações
sociais sobre o NEOJIBA junto aos jovens atendidos na perspectiva de levantar pistas que
justifiquem atitudes e/ou orientem práticas socioeducativas no programa e nas comunidades
assistidas. Nessas considerações entendemos a importância de legitimarmos e consolidarmos
um espaço de fala e de escuta dos participantes desse estudo, a quem as políticas sociais são
destinadas, como uma forma também de fomentar a participação propositiva e ativa deles, além
de, avaliarmos os impactos sociais das práticas sociais desenvolvidas, como uma forma também
de promovermos uma educação sustentável.
Uma vez dito que, a missão da organização social é promover o desenvolvimento e a
integração social desses meninos e meninas por meio da música, e todos os esforços do Comitê
Gestor é adequar o planejamento pedagógico para esses fins, é mister concluir que, as
representações sociais encontradas nesse estudo se aproximam do impacto social esperado pela
instituição e pelo Governo do Estado. Nesse sentido, reforçamos a relevância das
representações sociais, enquanto uma teoria do senso comum, uma vez que, elas nos permitem
orientar as práticas cotidianas, ao mesmo tempo, em que, contribuem para justificar as suas
ações.
78
É importante ressaltar que, as representações sociais, aqui apreendidas, foram definidas
como um conhecimento elaborado socialmente e partilhado entre esses jovens sobre o
NEOJIBA. A partir dos resultados encontrados, identificamos pistas de como eles
compreendem o programa, bem como, os elementos que utilizam para orientar e justificar suas
ações.
A Música emergiu como elemento central das representações sociais que estes jovens
possuem sobre o programa, ancorada por elementos intermediários e periféricos que nos
permitiram, por meio do discurso, uma maior caracterização da imagem produzida
coletivamente por eles, assim como, nos propiciou aproximarmos de como eles pensam, sentem
e agem diante das práticas socioeducativas desenvolvidas.
Nessa perspectiva, esse conteúdo nos remete a função de orientar práticas
socioeducativas e sustentáveis pelas RS. Essas nos possibilitaram então termos uma noção de
como os comportamentos são guiados e como as práticas são exercidas. Certos de que, à
medida que irão dando significado e sentido as suas práticas, vão legitimando ou refutando as
mesmas. A pesquisa revelou que, a Música tem se apresentada como o caminho escolhido pelo
programa NEOJIBA, não somente de representação, mas de ressignificação e transformação
social, individual e coletiva. Aqui vimos que, o ensino coletivo da Música, na medida que media
e regula a convivência entre os mesmos, faz emergir valores como respeito, comprometimento,
responsabilidade, disciplina, superação, excelência, características apreendidas sem dúvidas
pelas práticas cotidianas inerente a Educação musical.
Enquanto pesquisadora e ex-técnica da instituição afirmo que, o ensino coletivo de
Música, por meio das práticas coletivas do canto coral, das orquestras, da iniciação musical têm
sido uma estratégia pedagógica que tem promovido e despertado nesses participantes um senso
de corresponsabilidade, de parceria, de respeito mútuo, valores significativos para a formação
cidadã, imprescindíveis para as relações intrapessoais e interpessoais em nossa sociedade
contemporânea. A pontualidade e os estudos individuais prévios são indispensáveis aos ensaios
coletivos. Visto que, na pedagogia do ensino coletivo, o êxito e/ou o fracasso, não são vistos de
forma individualizada, mas sim, coletiva. Nesse sentido, a ajuda mútua, a colaboração, a
solidariedade, também são componentes que se fazem presentes nesse contexto.
Além disso, na dinâmica orquestral, em que se tem cargos e funções estratégicas como
spalla, chefes de naipe e maestros, estes contribuem também para fomentar lideranças,
habilidades e competências, que vão sendo construídas e estimuladas cognitivamente e
socialmente no cotidiano desses jovens. Entretanto, a competição e a auto exigência também
79
podem emergir como um desafio, elemento periférico que também emergiu no núcleo periférico
do TALP.
Quanto a função justificatória das atitudes, afirmamos que as representações sociais
suscitadas visam permitir, posteriormente, entender as tomadas de posição e os
comportamentos nos grupos sociais. Esta função tem um papel fundamental junto à construção
das práticas cotidianas, pois revelam as atitudes tomadas frente à rotina institucional e estão
ancoradas em fragmentos da construção da realidade e da dinâmica da instituição.
Quando reavaliamos as ações pedagógicas emancipatórias e sustentáveis, a exemplos
do: PROMS (Programa de Orquestra e Coral com Monitoria Supervisionada) - projeto em que
os jovens monitores multiplicam o aprendizado nas comunidades onde há núcleos do programa;
do PROMULTI (Projeto Músico Multiplicador)- projeto que fomenta a multiplicação do
aprendizado nos territórios de identidade como em associação de bairro, em igrejas, em escolas,
independente dos núcleos já existentes; e da Escola de Luthier - projeto em que os jovens
aprendem a reparar e a confeccionar instrumentos musicais, percebemos que na fala dos jovens,
estas práticas e experiências têm despertado desejos e sonhos de emancipação profissional e de
realização pessoal na área, que ainda é pouco valorizada no ensino formal.
Os resultados, também, apontaram de forma significativa nos discursos desses jovens,
o desejo e/ou a inserção dos mesmos ao ensino superior, sobretudo no curso de Licenciatura ou
Bacharelado em Música, bem como, esteve presente o anseio de se manter fazendo Música para
além do programa. Algo relevante a se pensar, sobretudo, acerca da expectativa quanto ao
futuro, sobre a identificação com as práticas desenvolvidas e o desejo de profissionalização na
área.
Possivelmente, a parceria com a Universidade do Estado da Bahia, por meio do curso
de Licenciatura em Música, tenha sido uma ação assertiva, quanto à possibilidade de
emancipação social desses meninos e meninas, principalmente, pelas vagas contratuais que
poderão emergir no futuro, que, por sua vez, poderão servir de acolhimento aos egressos do
programa. O referido programa poderá se constituir como mais uma possibilidade de
aperfeiçoamento por meio de uma graduação, gerando assim uma maior valorização e
reconhecimento na área.
Mediante o que vimos, como pistas justificatórias e orientadoras, reforçamos por meio
das representações sociais desses meninos e meninas que o NEOJIBA tem sido um espaço não
formal da educação que vem exercendo um papel singular ao campo da Educação e do
Desenvolvimento Social no Estado da Bahia, principalmente, na região metropolitana de
80
Salvador. Sem dúvida, por meio dos discursos dos atores sociais, participantes da pesquisa, a
Música tem sido um caminho de promoção do desenvolvimento e da integração social, ao
propiciar diversas oportunidades, como: turnês; bolsa auxílio formação; multiplicação do
aprendizado nas diversas comunidades em situação de vulnerabilidades sociais; intercâmbios
com outros programas e projetos sociais do interior da Bahia; internacionalização; máster
classes com professores internacionais e nacionais; concertos didáticos em hospitais, abrigos,
associações e escolas. Enfim, para esses jovens, o programa além de ser um espaço educativo
é um espaço também de socialização, de inclusão social, de bem-estar, de afeto, de desafios,
uma vez que, também inclui a comunidade e a família nas metas de ações estratégicas. Assim
sendo, podemos inferir que, para eles e elas, a Música se constitui como um elemento central
que propicia tanto o desenvolvimento social, quanto a aprendizagem para a vida.
Frente ao apresentado, podemos considerar então que a Música para o NEOJIBA é um
elemento de transformação social, de emancipação e de cidadania. Dito isso, elencamos
algumas sugestões e recomendações sobre dimensões epistemológicas, políticas e pedagógicas,
contributos dessa pesquisa, que nos apontarão para possíveis reflexões acerca das atitudes que
poderão aperfeiçoar as ações pedagógicas e de gestão de engajamento juntos aos respectivos
atores sociais no programa e nas comunidades atendidas.
Na dimensão epistemológica, nós pesquisadores do GIPRES e outros grupos temos o
desafio de fazer avançar a teoria na perspectiva do pensamento social sobre a Música, devido à
carência de estudos encontrados a respeito das representações sociais e esse constructo. Assim,
proponho uma maior articulação da TRS com o campo das artes, uma vez que, nesse contexto,
também emergem elementos que nos convidam a repensar o lugar do pensar, do sentir e do agir,
frente a práticas sociais carregadas de afeto e que evocam emoções e sensibilidade.
Com o estudo em questão, iniciamos algumas tessituras do conceito de Educação
Sustentável, entendendo a mesma como uma educação transformadora em que pretende-se
propiciar a formação humanística e social dos educandos envolvidos, valorizando as diversas
manifestações de saberes e práticas sociais presentes, assim como, as potencialidades e os
recursos locais, individuais e comunitários, com a intenção primordial de propiciar o despertar
da consciência e da cidadania por meio da intersetorialidade nos espaços educacionais. E essa
pesquisa, uma vez que, legitima a participação dos jovens no processo de avaliação e
monitoramento dos impactos sociais advindos do programa social em voga, já nos direciona
para a necessidade de ampliação desse conceito e de uma maior reflexão da temática para os
avanços emergentes na Educação da Contemporaneidade.
81
Na dimensão política sugiro que, em espaços de fomento à discussão acerca das
políticas públicas, como fóruns, conferências, etc., os educadores musicais, a comunidade e as
juventudes participem para que essas representações sociais se façam presentes. Reitero, a
Música ainda precisa ser mais valorizada em nosso país, sobretudo, em nosso Estado.
Um grande desafio para os jovens, na contemporaneidade, é a inserção nas grandes
orquestras nacionais e internacionais, devido à crise no corte de orçamento das mesmas. Por
conta disso, atuar no campo da Educação tem sido uma oportunidade sine qua non para esses
jovens. Quanto ao campo da Educação, encontramos um cenário em que os educadores
musicais têm buscado consolidar e se fazer valer a LEI Nº 13.278, DE 2 DE MAIO DE 2016,
em substituição à Lei 11.769, que institui a obrigatoriedade do ensino da Música, Artes Visuais,
Teatro e Dança na Educação Básica. A consolidação e a valorização da Música como disciplina
curricular fundamental à formação cidadã ainda é uma lacuna ainda presente nos debates entre
as duas áreas. Mas que, com certeza, será vencida.
Na dimensão Pedagógica, apresento algumas sugestões para o programa. a) a primeira
diz respeito a criação de um fórum semestral com ampla participação dos jovens inseridos e
não inseridos no programa para discussão sobre temas correlacionados, acreditando ser
importante validar e creditar a participação ativa dos mesmos nas decisões, no que se refere ao
pensar e ao fazer políticas públicas infanto-juvenis dentro e fora do programa; b) Sugiro
também a inclusão de pelo menos 01 (um) membro da comissão orquestral/coral nas reuniões
do planejamento pedagógico, junto ao Comitê Gestor. Uma vez, reconhecendo o potencial de
legitimar e refutar as práticas desenvolvidas, a participação ativa dos mesmos reitera o
compromisso com a democratização do acesso as decisões a eles (elas) destinadas; c) por fim,
recomendo a consideração das dimensões afetivas e das relações interpessoais no planejamento
pedagógico e social. Foi comprovado através do estudo que o fazer e o agir não estão
desassociados do sentir;
Para além das sugestões acima, faz-se necessário algumas recomendações para
pesquisas futuras. Reconhecermos a relevância da temática e carência de estudo envolvendo os
três constructos: RS, Música e Educação, que deve ser empreendido com a inserção dos projetos
sociais como objeto de estudo no âmbito das pesquisas em Educação e contemporaneidade.
Finalizo questionando: Qual o impacto social das práticas socioeducativas e sustentáveis nas
comunidades atendidas pelos programas sociais? Como as RS dessas práticas podem servir de
avaliação, monitoramento e validação das políticas sociais a elas destinadas?
82
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88
ANEXO A – Quadro 01 – Estado da arte
89
QUADRO 1
ESTADO DA ARTE
JUVENTUDES “AND” VULNERABILIDADES
Autoria Título Local e ano de
publicação
Tipo de
publicação
Palavra chave Objetivos
FERREIRA, Danielle de
Farias Tavares
Programa de
educação (em
tempo) integral:
uma análise do
discurso de
atores
participantes do
programa mais
educação
UFPE – Recife
2015
Mestrado em
Educação
Programa Mais
Educação;
Educação em
Tempo Integral;
Discurso
governamental
sobre
juventudes;
Modo de
tratamento dos
jovens;
Município do
Ipojuca – PE
Identificar e delimitar as
concepções de
educação
integral e
juventude a
partir da análise
crítica do
discurso oficial
e dos discursos
de seus agentes
envolvidos
VULNERABILIDADE SOCIAL “AND” REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Autoria Título Local e ano de
publicação
Tipo de
publicação
Palavra chave Objetivos
SERPE, Bernadete
Machado
Educação,
escola e
instituições de
contraturno
social na cidade
de Ponta
Grossa:
entrecruzament
os de valores e
representações
por diferentes
vozes'
Doutorado em
educação
2015
Universidade
Estadual De
Ponta Grossa,
Ponta Grossa
Valores.
Crianças e
adolescentes.
Relação
família-escola.
Vulnerabilidade
social.
Epistemologia
genética.
Representações
sociais
Investigar as
representações
sobre o
processo
educacional
abrangendo
família, escola e
valores; e o seu
dimensionamen
to por distintas
vozes, que
envolvem o
olhar para
crianças e
adolescentes em
situação de
vulnerabilidade
social atendidos
em instituições
de contraturno
social na cidade
de Ponta Grossa.
REPRESENTAÇÕES “AND” PROJETOS SOCIAIS
Autoria Título Local e ano de
publicação
Tipo de
publicação
Palavras
chaves
Objetivos
90
LAZZARI, A Rio Grande do Mestrado Projetos sociais, Investigar como
Andre heterogeneidad Sul, 2013 futebol, se articulam as e de crianças e expectativas e significados da adolescentes interesses dos prática coordenadores, futebolistica orientadores e num programa das crianças e social adolescentes no esportivo: um cotidiano do estudo programa social etnográfico' Esportivo em Cada Campo uma Escolinha (ECCE), e compreender de que forma isso se relaciona com a existência (e manutenção) do referido programa na agenda da política pública municipal.
VALLE, A favela que Rio de Janeiro, Mestrado Favela; Identificar
Marcelo não cabia na 2014 Representação como são
Goncalves fotografia: os social; produzidas as
Moura limites da Fotografia; representações representação' Democratizaçã sociais acerca o da das favelas e Comunicação como elas se materializam em imagens, em fotografias
MELLO, Joao Homens idosos Rio de Janeiro, Mestrado Homens idosos. Identificar os
Gabriel De em programas 2015 Esporte. Lazer. fatores que de esporte e Alternativas interferem na lazer' participação de homens idosos em programas de esporte e lazer
CALEGARO Qual a parte que Bahia, 2014 Mestrado Desenvolvimen Compreender as
Paulo Roberto lhe cabe neste to territorial. expectativas e
Rosa latifúndio? As Responsabilida crenças que representações de Social balizam as sociais como Empresarial. ações da instrumento de Representações sociedade civil integração entre Sociais e poder público a de modo a responsabilidad orientar as e social práticas de empresarial e responsabilidad desenvolviment e social da o territorial' empresa
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ALMEIDA, Convivência Minas Gerais, Mestrado Crianças; Conhecer as
Izabela Amaral familiar e 2013 adolescentes, representações
De comunitária: acolhimento; das crianças e um estudo de Convivência; adolescentes caso sobre as Família; Piaget, inseridos na representações Jean 1896- modalidade de de crianças e 1980; Abrigo adolescentes Representações Institucional do dos abrigos de Sociais; município de Viçosa, MG Viçosa - MG, no que diz respeito à convivência familiar e comunitária.
Projetos de Juventudes. terceiro ano do terceiro ano do
Futuro de Projetos de ensino médio ensino médio
Jovens /Alunos futuro integrado do integrado do
do Instituto IFAL, como se IFAL, como se
Federal de dá a experiência dá a experiência
Alagoas de de escolarização escolarização nesta etapa de nesta etapa de ensino e as ensino e as expectativas expectativas que carregam que carregam em relação a em relação a formação no formação no IFAL e seus IFAL e seus projetos de projetos de futuro. futuro.
PROJETOS SOCIAIS “AND” JUVENTUDE
Autoria Título Local e ano
de
publicação
Tipo de
publicação
Palavra
chave
Objetivos
MOURA, “Eles levam para Pernambuco, Mestrado Movimento Analisar como as
renata paula a escola um 2015 hip hop. ações advindas do
santos rebelar-se Juventude. movimento hip hop – diferente, eles Engajamento. espaço de produção e levam para a Práticas de transmissão de escola um Educativas. saberes – dialogam rebelar-se que Gestão com a gestão da escola talvez a gente Escolar. pública, refletindo não esteja se Cultura mais especificamente dando conta Democrática. as práticas educativas (...)”: novos promovidas por meio olhares, novas do hip hop e suas costuras... O repercussões no movimento hip cotidiano escolar.
GRANDOLFO, Formação de Rio Grande Mestrado Educação Possibilitar a
Maria Ângela Professores de do Sul, 2010 continuada; reflexão sobre
Pauperio Ensino Médio e Protagonismo relações (In)visibilidade Juvenil; Cultura estabelecidas entre de Experiências escola, professores e de jovens, Protagonismo oportunizando um Juvenil' outro olhar e uma outra compreensão das formas de produção das culturas juvenis contemporâneas, das representações sociais sobre os jovens e suas implicações na cultura escolar.
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ANEXO B – Tabela 02 – Hierarquização de palavras – “NEOJIBA”