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RELATÓRIO DE PESQUISA
Relatório de Pesquisa apresentado ao Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC)
Pontifícia Universidade Católica
PUC-Rio
Departamento de Educação
BOLSISTAS: Lilia dos Santos de Lima
Marcelly Matos Galvão Freitas Dias
Ramon Bahiense de Melo
Thaís Serrato Cortez Diniz Rocha Lima
Vivian Alves Marques da Silva
ORIENTADORA: Profa Dra Patrícia Coelho da Costa
Rio de Janeiro
2015
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Departamento de Educação
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Projeto de Pesquisa
a) Título: A Universidade do ar: um programa radiofônico
dedicado aos nossos
mestres (1940-1945)
Área do conhecimento: Educação
b) Área de concentração do programa de pós-graduação do
departamento:
Educação brasileira
c) Linha de pesquisa: História das idéias e instituições
educacionais
d) Resumo: O tema da pesquisa é a Universidade do ar, programa
educacional
radiofônico direcionado aos nossos mestres, irradiado entre 1941
e 1944 pela
Rádio Nacional. Organizada pela Divisão do Ensino Secundário do
Ministério
da Educação, esta programação contou com a participação
Francisco Venâncio
Filho, Lourenço Filho, Jonathas Serrano, Carlos Delgado de
Carvalho entre
outros intelectuais que acreditavam na capacidade do rádio de
disseminar o
conhecimento metodológico das disciplinas, desenvolvido na
Faculdade de
Filosofia, situada a cidade do Rio de Janeiro, para os
professores que
trabalhavam nas regiões mais distantes do país. A elaboração de
tal pesquisa
exige a localização, classificação e interpretação de fontes
escritas e orais tais
como ofícios, livros, periódicos, cartas de ouvintes, scripts e
gravações de
programas, disponíveis no Museu da Imagem e do Som, na Casa de
Rui
Barbosa, na Academia Brasileira de Letras, na Associação
Brasileira de
Educação, na Biblioteca Nacional, na Sociedade Amigos da Rádio
MEC, na
Biblioteca Regional da Glória, no Arquivo Nacional e no Centro
de Memória da
Rádio Nacional. O objetivo deste trabalho é analisar através das
fontes citadas a
concepção, a realização e a recepção, assim como os conteúdos da
Universidade
do ar, Desta forma, pretendo colaborar com novas visões sobre o
ensino pelo do
rádio, a história da formação de professores e das disciplinas
escolares.
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Departamento de Educação
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I) Introdução
O objetivo desta etapa da pesquisa foi analisar os scripts
elaborados por Jonathas
Serrano e Manoel Lourenço Filho para a Universidade do ar,
programa radiofônico
dedicado à formação de professores secundários, irradiado entre
os anos de 1941 e
1944. Especificamente, pretendeu-se identificar como estes
radieducadores definiam
seus professores ouvintes ao escreverem seus textos para leitura
ao microfone.
Nos 1930, o ensino secundário no Brasil passou por um processo
de
regulamentação. A partir do Decreto n. 19.890, 18/04/1931 de
Francisco Campos, as
Faculdades de Filosofia Ciências e Letras passaram a ser as
únicas responsáveis pela
formação de mestres para este segmento de ensino. Nesta década,
estas faculdades se
situavam no Rio de janeiro, a Universidade do Distrito Federal
(UDF), entre 1935 e
1939, e Universidade do Brasil (UB), a partir de 1937. Em São
Paulo, a Universidade de
São Paulo (USP) criada em 1934.
Ao longo de quatro anos, Universidade do ar irradiou aulas de
vinte disciplinas
eram elas: Língua e Literatura Espanhola e Hispano-Americana,
Geografia Geral, Org.
do Ensino Secundário, Lingua e Literatura Francesa, Física,
Estatística Educacional,
Sociologia, História Geral, Ciências Físicas e Naturais e
Química, Introdução à
Filosofia, Fundamentos Biológicos da Educação, Língua e
Literatura Latina, Biologia,
História do Brasil (proferida por Jonathas Serrano), Língua e
Literatura Inglesa,
Matemática, Psicologia Educacional (proferida por Lourenço
Filho), Língua e
Literatura Luso-Brasileira, Geografia do Brasil e Filosofia da
Educação. As aulas eram
semanais, distribuídas de segunda a sábado e duravam quinze
minutos.
Os cursos tinham a duração de um ano, eram gratuitos e qualquer
professor
poderia inscrever-se por meio de cartas. Ao longo do período
letivo, os rádioalunos
recebiam resumos para o acompanhamento das aulas. Ao longo do
período letivo os
professores ouvintes interagiam com os mestres responsáveis
pelos cursos por meio de
missivas. Ao final, os alunos da Universidade do ar deveriam
elaborar um trabalho com
a finalidade de verificar o aproveitamento, sendo este um
pré-requisito para obtenção do
certificado de conclusão.
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Entre os professores da Universidade do ar estavam Manoel
Lourenço Filho,
Carlos Delgado de Carvalho, Jonhatas Serrano, Cândido de Melo
Leitão e Francisco
Venâncio Filho que tinham em comum a participação nas primeiras
experiências
radiofônicas em nosso país e os investimentos no desenvolvimento
de métodos
pedagógicos para o Ensino Secundário. Estes intelectuais
acreditavam no potencial da
radiofonia para a divulgação de conhecimentos sobre
metodologias, conteúdo e
avaliação desenvolvidos nas Faculdades de Filosofia Ciências e
Letras localizadas no
Rio de Janeiro e em São Paulo para os professores que residiam
nos lugares mais
distantes e isolados do nosso país. Como já foi citado, o foco
desta etapa recaiu sobre os
trabalhos de Jonathas Serrano e Lourenço Filho.
Disciplina PROFESSORES DA UNIVERSIDADE DO AR
1941 1942 1943 1944 Biologia Cândido Melo Leitão Cândido Melo
Leitão Cândido Melo Leitão Cândido Melo Leitão
Ciências
Físicas
Naturais e
Químicas
Francisco Venâncio
Filho
Francisco Venâncio
Filho
João Pecegueiro do
Amaral
XXXXXXXXXXXX
XXX
Estatística
Educacional
Fernando Silveira Fernando Silveira Fernando Silveira
XXXXXXXXXXXX
XXX
Física XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
F. Venâncio Filho XXXXXXXXXXXX
XXX
Geografia
Geral e do
Brasil
Carlos Delgado de
Carvalho
Carlos Delgado de
Carvalho
José Veríssmo da
Costa
José Veríssimo da
Costa
História do
Brasil
Jonathas Serrano Jonathas Serrano Jonathas Serrano Américo
Jacobina
Lacombe
História Geral J.B. Melo e Sousa J.B. Melo e Sousa J. B. Melo e
Sousa J.B. Melo e Sousa
Sociologia XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Alceu de Amoroso
Lima
Alceu de Amoroso
Lima
Didática XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Helder Câmara
História
Natural
Cândido Melo Leitão Cândido Melo Leitão XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Matemática J.C.Melo e Souza J.C.Melo e Souza XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Língua e Lit.
Espanhola
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Antenor Nascentes XXXXXXXXXXXX
XXX
Organização
do Ensino
Secundário
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Lúcia Magalhães e
assistentes
XXXXXXXXXXXX
XXX
Língua e Lit.
Francesa
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Maria Junqueira
Schmidt
XXXXXXXXXXXX
XXX
Introdução à
Filosofia
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
José Barreto Filho XXXXXXXXXXXX
XXX
Fundamentos
Biológicos da
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Alair Antunes XXXXXXXXXXXX
XXX
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Departamento de Educação
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Educação
Língua e Lit.
Latina
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Fernando Barata XXXXXXXXXXXX
XXX
Língua e Lit.
Inglesa
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Abgar Renault XXXXXXXXXXXX
XXX
Psicologia
Educacional
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Lourenço Filho XXXXXXXXXXXX
XXX
Língua e
Literatura
Luso
Brasileira
XXXXXXXXXXXX
XXX
XXXXXXXXXXXX
XXX
Clóvis Monteiro XXXXXXXXXXXX
Filosofia da
Educação
XXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXX Teobaldo Miranda
Santos
XXXXXXXXXXXX
Fonte: Arquivo Jonathas Serrano/Arquivo Nacional
Jonathas Serrano (1855 - 1944) foi aluno e professor de História
do Colégio Pedro
II e da Escola Normal do Rio de Janeiro. Advogado por formação,
dedicou-se aos
estudos sobre História e metodologia de ensino desta disciplina.
Crítico dos métodos de
ensino do seu tempo escreveu livros didáticos, como Epítome de
História Universal
(1913), História do Brasil (1931), História da Civilização
(1935), além de obras
dedicadas aos professores, como Metodologia da história na aula
primária (1917), A
escola nova (1932) e Como se ensina História (1935)
As aulas de História do Brasil da Universidade do ar eram
divididas em uma parte
teórica e outra metodológica. As aulas de teoria tinham seu
conteúdo baseado nas
pesquisas e discussões desenvolvidas no Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro
(IHGB), do qual Jonathas Serrano era sócio. Já as aulas de
metodologia eram elaboradas
a partir das obras que Serrano publicou dedicada aos mestres de
História do Ensino
Secundário, sendo Como se Ensina História (1935) o maior
referencial para suas aulas
radiofônicas
Como se ensina História (1935) foi analisado com dedicação, pela
natureza do
seu conteúdo, endereçado aos professores do ensino secundário,
com propostas
metodológicas desenvolvidas a partir da experiência do autor de
mais de trinta anos de
sala de aula. O livro é dividido em onze pequenos capítulos e
trata a História desde sua
concepção como Ciência, os perigos e as seguridades que seu
entendimento poderia
proporcionar, e como deveria ser ensinada. Serrano era contrário
às metodologias de
ensino de História de seu tempo, como, por exemplo, o método de
se decorar todas as
datas e nomes históricos, o que ao seu olhar não levava a
disciplina contribuir para o
desenvolvimento do aluno como ser autônomo e consciente.
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Manoel Bergstrom Lourenço Filho (1897-1970) era graduado em
Ciências
Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo.
Ainda nos anos 1920,
desenvolveu estudos sobre Psicologia, e foi nomeado Professor de
Pedagogia e
Psicologia da Escola Normal de Piracicaba, em São Paulo. Em
1922, foi indicado
Diretor da Instrução Pública do Ceará, quando realizou uma
reforma educacional
baseada nos princípios da Escola Nova. Em 1930, foi indicado
Diretor-Geral da
Instrução Pública de São Paulo, quando criou o primeiro serviço
de Psicologia Aplicada
do país, de caráter oficial. Em 1932, a convite de Anísio
Teixeira, dirigiu o Instituto de
Educação do Rio de Janeiro. Foi professor de Psicologia
Educacional da Universidade
do Distrito Federal (UDF) e da Faculdade Nacional de Filosofia
(FNFi).
Ao longo de sua trajetória, Lourenço Filho trabalhou na
divulgação de conteúdos
pedagógicos aos professores seja por via impressa ou
radiofônica. A partir de 1927,
organizou a coleção Biblioteca da Educação da Companhia
Melhoramentos de São
Paulo. Entre as obras publicadas é possível citar Psicologia
Experimental de Henri
Piéron (1927) e a Escola e a Psicologia Experimental de Ed.
Claparede (1928). Como se
ensina História também foi publicado por esta coleção. No
prefácio assinado por
Lourenço Filho anunciava os principais destinatários da
obra:
Podendo ter composto obra de alta erudição, especialista que é
na matéria, e cultor
apaixonado tanto nas letras históricas como das questões de
educação em geral, de que
não desconhece qualquer dos aspectos, o Professor Jonhatas
Serrano conteve-se em
escrever uma obra simples, ao alcance de todos os nossos
mestres, para servir às escolas
brasileiras, na realidade de suas condições presentes (LOURENÇO
FILHO, 1935, p.10).
No prefácio de Radio e Educação (1934) Lourenço Filho destacou a
importância
do radio para a educação nacional: Se é certo que não se
organiza um povo sem intenso
trabalho de educação, será certo também que o Brasil não se
organizará rapidamente
se lançar mão dos instrumentos modernos de cultura popular,
entre os quaes radiofonia
talvez ocupe hoje um dos primeiros lugares (LOURENÇO FILHO,
1934, p.10) .
Lourenço Filho participou da organização da radiofonia educativa
em nosso país.
Na década de 1930, foi membro da Comissão Radio Educativa da
Confederação da
Confederação Brasileira de Radiodifusão. O objetivo desta
comissão era:
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promover o emprego da radiodifusão como meio de educação direta,
pelo meio
de informações técnicas e profissionais, pelo auxílio ao ensino
público, pela
melhoria da saúde e higiene, pelo apuro do gosto artístico, pelo
desenvolvimento
do espírito de paz e concórdia entre os povos, pela propagação
de notícias de
interesse em geral. (ESPINHEIRA, 1934, p.104).
Este professor também participou da programação radiofônica
Quartos de Hora
da Comissão Radio Educativa da CBR, ministrando aulas de
Psicologia aos nossos
mestres diariamente. É interessante destacar que outros
professores da Universidade do
ar também atuaram nesta programação como Jonathas Serrano, Maria
Junqueira Smith
e Antenor Nascentes.
II) Metodologia e fontes
Como bolsistas do PIBIC, nosso trabalho abarcou a coleta e a
seleção de fontes
em locais como: no Arquivo Nacional, na Biblioteca Nacional, no
CPDOC (Centro de
Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil -
Fundação Getúlio
Vargas) e na biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, assim
como leituras de outros textos para discussões efetuadas
quinzenalmente pelo grupo ao
longo do ano.
Neste período de pesquisa foram feitas o mapeamento das fontes
localizadas do
acervo pessoal de Jonathas Serrano no Arquivo Nacional, assim
como o de Lourenço
Filho no CPDOC.
O material encontrado na biblioteca da PUC foi a obra “Cinema e
educação” de
Jonathas Serrano. Outros títulos utilizados como apoio sobre
Jonathas Serrano, para a
pesquisa, foram encontrados na Biblioteca Nacional, são eles:
“Contra a corrente”
(localização I,313,4,16) páginas de 9 a 12, 64 a 68, 132 a 136;
“Homens e ideas”
(localização 342,6,21) páginas de 132 a 138; e “Discursos
separata do caderno 19”:
(localização I, 207,1,21) páginas 24 a 35, 37 a 57.
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SCRIPTS – Jonathas Serrano
1. Aviso preliminar de J.S. em agradecimento a referencias sobre
as
palestras a professora em SP. s/ data;
2. Aviso prévio de J.S sobre a carta do professor Romão dos
Santos de
Franca em SP e sobre a inscrição de Mario Tavares de
Oliveira
Cavalcanti em 10/06/1943;
3. 12º aula do ano de 1941 em 13/10/1941;
4. 13º aula do ano de 1941 em 28/10/1941;
5. 14º aula do ano de 1947 em 12/11/1941;
6. 17º aula do ano de 1941 em 30/12/1941;
7. 1º aula do ano de 1943 realizada em 29/04/43;
8. 4º aula do ano de 1943 em 20/05/1943;
9. 16º aula do ano de 1943 em 09/08/1943;
10. 36º aula de História do Brasil de 30/12/43;
11. 8º aula em 12/08 s-ano;
12. 11º aula em 27/09 s-ano;
13. Relação dos professores aprovados na disciplina História do
Brasil;
14. Relação dos professores aprovados na disciplina História do
Brasil
17/04/44;
15. Explicação sobre materiais referentes à História Geral para
series do
curso ginasial.
Em referência a Lourenço Filho, encontramos no arquivo do CPDOC,
rolos
fotográficos dos manuscritos utilizados em suas aulas
radiofônicas, são eles:
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Código Rolo/ Nº de Fotografia/ Titulo
LF t UA Rolo7 FOT. 548 à 705
LF p/Lourenço Filho 1955.04.27 Rolo2 FOT. 803 à 814
GC b Sousa F. Rolo6 FOT. 243 (2)
GC g 1937.12.27/2 Rolo49 FOT. 200 à 261
GC b Amado, G. Rolo 1 FOT. 683 (3) à 683 (4)
GC g 1936.12.00 Rolo 45 FOT. 1 a 257
SCRIPTS – Lourenço Filho
Produção Intelectual (parte) de LF/ LF.MB pi 39.06.25 a LF/LF.MB
pi
58.07.15, reunindo mais de duzentos e sessenta slides.
1. CPDOC LF t UA - (slide 548 à 705 - rolo LF02);
2. CPDOC LF p/Lourenço Filho 1955.04.27 - (slide 803 à 814 -
rolo LF07).
CPDOC LF t UA - (slide 548 à 705 - rolo LF02) – Trata da melhor
escola da América
e faz uma discussão a partir das suas experiências com colegas
professores e congressos
assistidos como a radio educadora pode promover um satisfatório
aprendizado mesmo
que diferente da educação escolar tradicional.
Conferiu-se que as escolas são diferentes em tamanho e abordagem
de ensino. "[...] as
escolas americanas são dos mais variados tipos, tamanhos,
feitios e resultados."
Segundo Lourenço Filho, a mais interessante foi uma escola que
não cobrava
freqüência, matrícula e sem aparatos como os que são valorizados
materialmente: livros,
quadro negro, provas e corpo docente fixo. Mesmo com essas
características a escola,
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que por vezes é próxima a realidade nacional brasileira, segue
as aulas (ele trata de
como as aulas oferecidas pela NBC - National Broadcasting
Company, em NY,
funcionam).
Lourenço Filho comenta a estrutura do ambiente da Rádio que
alcançava cerca de 50
milhões de pessoas pela irradiação das ondas. Seleção de
artistas, conferencistas e
orgãos de publicidade (radio teatro).
Relata minuciosamente como as técnicas da apresentação em rádio
são rigorosas na
estética: "Fale mais claro!"; "Afaste-se do microfone!" e "Ria
mais devagar". Refere-se
também a grande dificuldade de encontrar artistas fonogenicos na
América dos anos
1930.
Reforça a importância da radio educação no Brasil pelo fato do
país ser extenso e com
diferentes culturas. Segundo Lourenço Filho, "Em um país de tão
largas distancias,
como o Brasil, esquecer a utilização do rádio na alma da
educação popular
representaria um delito contra a civilização."
CPDOC LF p/Lourenço Filho 1955.04.27 - (slide 803 à 814 - rolo
LF07) – Trata os
dados da Secção de Programas e Atividades Extra-Classe pedidos
pelo Sm. Diretor do
IPE. - exemplares vendidos. (Documento de Rio de Janeiro -
16/10/1935)
Retrata os panoramas dedicados aos programas elaborados às
escolas públicas em 1932,
seu respectivo regulamento oficial de serviço e objetivos aos
propósitos de utilização do
mesmo. Elaboração de programas com muito esforço devido a
condições desfavoráveis:
estruturais e de pessoal.
Neste último, era necessário ajustar-se a um "auto-preparo" para
realizar
satisfatoriamente o programa exigido que incluía disponibilidade
de tempo. Além disso,
o investimento pessoal na carreira, como: compra de livros,
tempo para elaborar
programas escolares, etc. sem dispor de verba especial. Todo o
material utilizado para a
elaboração do programa (canetas, penas, lápis) era de iniciativa
particular (dos
professores).
Consta uma breve apresentação da metodologia da disciplina
Psicologia Educacional,
da qual Lourenço Filho elaborara e narrara no programa
Universidade do Ar, um
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exemplo de prova de raciocínio mental para professores
secundaristas e scripts das aulas
irradiadas.
Após este mapeamento inicial das fontes e discussões no grupo de
estudos surgiram as
seguintes questões:
Qual a concepção de ouvinte-modelo definida por Jonathas Serrano
e Lourenço Filho
em suas aulas na Universidade do Ar? Qual foi o diálogo
estabelecido entre Jonathas
Serrano e Lourenço Filho com os professores ouvintes? Como,
segundo Eco (1988),
pode se estabelecer as referencias de conhecimento do speaker
com o do ouvinte?
Desta forma, foram selecionados alguns conceitos que nortearam o
diálogo com as
fontes.
As análises de um programa de rádio pressupõem duas
perspectivas: a escrita e a oral.
Nesta etapa o grupo realizou estudos a partir da perspectiva
escrita, em especial os
scripts das aulas de Jonathas Serrano e Lourenço Filho com os
professores ouvintes.
O script só se materializa na voz do speaker. Como nos lembra
Vinao Frago (2001), o
escrito não é o espelho da oralidade. Como sujeito da
enunciação, o responsável pela
irradiação utiliza a entonação expressiva, lançando mão de
recursos como, por exemplo,
as interjeições e a pronúncia, que variam de acordo com o
contexto. Para tentar diminuir
a interferência que compõe a enunciação, o autor, como speaker,
conta com outras
estratégias tais como marcas, palavras sublinhadas, orientações
e recados nas folhas das
aulas. Apenas por meio do contato com o texto utilizado pelo
speaker, a saber, o script,
é possível analisar esta dimensão do formato das programações,
uma vez que ele guarda
as marcas do autor, em seu esforço de orientar a fala.
Para análise das fontes escritas acima descritas, em especial os
scripts, estudamos
o conceito de leitor-modelo elaborado por Eco (1988). Em seus
estudos, o autor afirma
a produção de um texto envolve a análise do destino
interpretativo. Os fatores
considerados na elaboração do escrito são muitos: a escolha da
língua, o patrimônio
estilístico, sinais de gênero que são fundamentais para tentar
compreender o perfil do
destinatário. Ao estudarmos os scripts nos apropriamos do
conceito, pensamos que
poderíamos identificar nos scripts dos professores da
Universidade do ar a ideia de um
ouvinte-modelo. Desta forma, tentamos perceber como autores dos
scripts idealizavam o
mestre que ouviria a irradiação, dentro do contexto de formação
para o ensino superior
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daquele período. Observamos os pronomes de tratamento e os
recursos estilísticos do
textos para percebermos qual o destinatário idealizado por
Lourenço Filho e Jonathas
Serrano.
III) Conclusões
A análise permitiu conferir as discussões e os processos
políticos/pedagógicos da
educação na década de 1940.
Segundo Eco (1988), o autor de um texto projeta um modelo de
leitor com base em
suas referências de conhecimento, mesmo que esse leitor, o
destinatário, não seja
conhecido pelo autor.
Em seus scripts, Jonathas Serrano discursa citando alguns
aspectos de sua
experiência de mais de vinte anos em sala de aula. Ele
acreditava que estes relatos
auxiliariam os professores na devida compreensão da concepção de
História,
fundamental ao ensino da disciplina. Criticava valorização pura
e simples da cronologia
e alertava sobre a necessidade da atualização do professor. Sua
metodologia claramente
mescla elementos da Escola Nova à sua prática pedagógica como,
por exemplo, a
postura do mestre perante seus alunos e a responsabilidade do
mesmo fazê-los
interessados.
Já Lourenço Filho cita casos hipotéticos e suas possíveis
resoluções sob o prisma da
Psicologia Educacional. Nos seus scripts é possível perceber,
que este mestre da
Universidade do ar acreditava que os professores do nosso Ensino
Secundário tinham
pouco conhecimento sobre Psicologia, o que levava a
incompreensão de problemas de
aprendizagem e de disciplina.
Os scripts convertidos pela oralidade do speaker eram a forma de
comunicação entre
os professores da Universidade do Ar e ouvintes. Hoje se
constituem como fonte para a
pesquisa sobre a história da formação de professores no Brasil.
Os textos mostram que
Jonhatas Serrano e Lourenço Filho pressupunham que os
professores ouvintes tinham
pouco conhecimento sobre metodologia de ensino. Para estes
mestres, isso era
prejudicial a ampliação do nosso Ensino Secundário. Neste
sentido, eles empreendiam
esforços para divulgar uma metodologia específica para cada
disciplina. Nos programas
era anunciada a importância da associação do conhecimento
teórico ao metodológico.
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Neste aspecto, é interessante pensar que Serrano e Lourenço
Fillho utilizavam o
conhecimento experiencial dos mestres como estratégia de
aproximação dos ouvintes.
As experiências dos professores ouvintes são sempre citadas nos
scripts, mas são
seguidas de sugestões com base de conhecimentos metodológicos da
disciplina.
IV) Outros:
Produção do documentário Educadores nas ondas do radio
(1920-1950)
submetido ao comitê de avaliação da Mostra Curta ANPEd 2015:
Mostra de
filmes educativos.
Referências Bibliográficas
DO VALLE, L.; BOHADANA, E. Interação e interatividade: por uma
reantropolização
da EaD online. Educação & Sociedade. Campinas, vol. 33, nº
121, 2012.
ESPINHEIRA, Ariosto. Rádio e educação. São Paulo: Companhia
Melhoramentos,
1934.
ECO, Umbeco Lector in fabula. São Paulo: Perspectiva, 1988.
FÁVERO, Maria de Lourdes; BRITTO, Jáder (org.). Dicionário de
educadores no
Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, MEC-Inep, 1999.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Editora 34,
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SERRANO, Jonathas. Como se ensina história. São Paulo:
Companhia
Melhoramentos, 1935.
VINAO FRAGO, Antonio. Por uma história da cultura escrita. In:
Cadernos do
projecto museológico sobre Educação e Infancia, n. 77, p.3-59,
2001