1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : 07/08/2014 a 07/08/2015 ( ) PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: CONTRIBUIÇÃO À QUÍMICA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS DE Bauhinia guianensis. Nome do Orientador: PATRÍCIA SANTANA BARBOSA MARINHO Titulação do Orientador: Doutora Faculdade: Faculdade de Química - FAQUI Instituto/Núcleo: Instituto de Ciências Exatas e Naturais – ICEN Laboratório: Laboratório de Bioensaio e Química de Microorganismos – LaBQuiM Título do Plano de Trabalho: ANÁLISE DO PERFIL QUÍMICO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS DE ESPÉCIES VEGETAIS DA AMAZÔNIA. Nome do Bolsista: JEFERSON RODIRGO SOUZA PINA Tipo de Bolsa : ( ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF ( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA (X) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( )PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/ PIAD ( ) PIBIC/PIBIT
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RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : … · Apresentar relatórios parcial e final. (Concluído) 4 Materiais e Métodos 4.1 MATERIAIS 4.1.1 Equipamentos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF,
UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : 07/08/2014 a 07/08/2015 ( ) PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: CONTRIBUIÇÃO À QUÍMICA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS DE Bauhinia guianensis. Nome do Orientador: PATRÍCIA SANTANA BARBOSA MARINHO Titulação do Orientador: Doutora Faculdade: Faculdade de Química - FAQUI Instituto/Núcleo: Instituto de Ciências Exatas e Naturais – ICEN Laboratório: Laboratório de Bioensaio e Química de Microorganismos – LaBQuiM Título do Plano de Trabalho: ANÁLISE DO PERFIL QUÍMICO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS DE ESPÉCIES VEGETAIS DA AMAZÔNIA. Nome do Bolsista: JEFERSON RODIRGO SOUZA PINA Tipo de Bolsa : ( ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF ( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA (X) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( )PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/ PIAD ( ) PIBIC/PIBIT
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1 Introdução
O reino fungi apresenta-se sob a forma unicelular, filamentosa ou carnudo
(cogumelos), alimentam-se por absorção, sendo classificados como quimio-
heterotróficos (CARLILE & WATKINSON, 1997; MUELLER et al., 2004). De acordo
com Petrini (1992) fungos endofíticos são microorganismos que durante certo período
de suas vidas colonizam os tecidos internos de plantas de forma simbiótica sem causar
qualquer efeito negativo imediato sob circunstâncias normais, além disso, os fungos
endofíticos são muito diferenciados em relação aos demais microorganismos quanto ao
seu modo de associação com as plantas, que pode se dar em níveis muito próximos de
intimidade bioquímica (LI et al., 1998).
Os Fungos são importantes no combate de doenças causadas por outros
microrganismos na promoção de crescimento de plantas e contribui para a fertilidade e
estrutura do solo (DORAN et al., 1996; KIRK et al., 2004 apud BORGES, 2011).
A obtenção de metabólitos bioativos de extratos de fungos é de suma
importância para o combate de doenças negligenciadas possibilitando uma nova
perspectiva diante dos tradicionais métodos de obtenção de fitoterápicos bem como
aplicações na agricultura e na indústria. Assim, essa pode ser uma fonte útil, versátil e
renovável de muitas substâncias potencialmente úteis à humanidade (MARINHO &
RODRIGUES-FILHO, 2011).
Os fungos constituem um vasto grupo de organismos hiperdiversos, podendo ser
encontrados em todos os nichos ecológicos, como o solo, a água, os vegetais, os
animais, o homem e em diversos detritos (MUELLER et al., 2004). Assim, a floresta
amazônica contextualiza-se por se tratar de um dos maiores nichos ecológicos do
mundo, contendo um enorme arsenal de animais, plantas e microorganismos, possui
uma biodiversidade enorme, principalmente no solo, sendo alvo de exploração para a
produção de metabólitos tanto para a indústria internacional farmacêutica quanto à
estética (FEDRIZZI, 2006).
2 Justificativa
A intercessão dos estudos referentes as interações entre plantas e
microorganismos contribui para o entendimento de vários processos químicos que
ocorre na natureza, tais como, a produção de metabólitos secundários que podem ser
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úteis à planta como, por exemplo, hormônios de crescimento ou antibióticos (Strobel &
Daisy, 2003). Devido à complexidade de tais processos, alicerçada a necessidade de
novos agentes microbianos o estudo destas interações adquiri destaque, resultando
num estabelecimento de fontes alternativas de substâncias de interesse biotecnológico.
Muitos dos metabólitos isolados de fungos endofíticos possuem potencial a ser usado
na medicina, agricultura, indústria e novos antibióticos (STROBEL & DAISY, 2003).
Produtos naturais isolados de plantas e microorganismos representam uma
enorme fonte de estruturas químicas únicas que têm sido produzidas e otimizadas
durante a evolução e em resposta as mudanças nos habitats, incluindo estresse
ambiental. Nos estudos das substâncias, um balanço entre a atividade biológica versus
a toxicidade é um parâmetro fundamental para verificar sua aplicabilidade (CALIXTO,
2001).
As infecções bacterianas é um problema que atinge milhares de pessoas todos
os dias, causando desde infecções limitadas (garganta, ouvido, olhos, etc.)
comprometendo atividades diárias, até mesmo infecções mais severas, tais como
hospitalares, onde são comuns as infecções pós-cirúrgicas causadas por bactérias,
levando alguns pacientes a óbito (WEINSTEIN, 2001). O uso constante de antibióticos
vem ocasionar resistências natural e adquirida de cepas de bactérias resistentes, e em
concomitância a má administração de antimicrobianos agrava a eficácia dos
antibióticos comercializados, tornando-os, ineficazes. Tal cenário sugere uma busca
por fontes alternativas de antimicrobianos aos quais possam ser utilizados contra um
amplo espectro de bactérias multirresistentes, assim, os fungos endofíticos possuem
perfeita consonância com a produção de novos antimicrobianos para serem utilizados
na terapêutica microbiana.
Os microorganismos do solo, também são chamados coletivamente de
microbiota, são representados por cinco grandes grupos: bactérias, actinomicetos,
fungos, algas e protozoários (ANDREOLA; FERNANDES, 2007). Muitos micro-
organismos se encontram concentrados no solo rizosférico devido ao aumento de
disponibilidade de substrato (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006). Vários micro-organismos
de solo apresentam reações de antagonismo a patógenos mantendo em equilíbrio
estas populações, sendo que estudos apontam que o maior controle é apresentado na
cultura de origem dos mesmos (ZAMBONI-PINOTTI, 2005).
O estudo visando à busca de substâncias com atividades biológicas úteis é de
crucial importância para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado do Pará,
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além de contribuir na melhoria das questões de saúde pública do estado. Sabendo-se
que na Amazônia brasileira encontra-se a maior biodiversidade de espécies vegetais e
fúngicas, aumenta, consequentemente, as possibilidades de encontrar moléculas
bioativas. Então, cabe a Universidade Federal do Pará, inserida dentro deste celeiro de
biodiversidade, contribuir para o estudo químico e biológico de espécies fúngicas da
Amazônia e buscar essas moléculas com atividades biológicas variadas.
2.2- DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE VEGETAL Mimosa acutistipula var. ferrea
Mimosa L., com mais de 540 espécies (Figura 01), é o segundo maior gênero de
Mimosoidae. Distrbui-se predominantemente na região Neotropical, com 496 táxons
endêmicos dos Neotrópicos e 40 espécies nativas do Velho Mundo (SIMON et al.,
2011). Suas espécies podem ser encontradas em diferentes ambientes, desde florestas
até áreas mais abertas de savanas, campos, caatingas, ou ainda, em regiões
desérticas do México. Os seus principais centros de diversidade localizam-se na
América do Sul (Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) e no Centro-Sul do México
(BARNEBY, 1991). No Brasil, está representado por 323 espécies (DUTRA; MORIM,
2010).
Figura 1 – Representantes do gênero Mimosa na APA (Área de Proteção Ambiental) Serra Branca.
Fonte: DOURADO et al., 2013.
3 Objetivos
3.1 OJETIVOS GERAIS
Obter o perfil químico de fungos endofíticos isolados de espécies vegetais da
Amazônia visando contribuir na busca de compostos bioativos.
3.2 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS
Realizar atualização bibliográfica. (Concluído)
Escolher as espécies para obtenção do perfil químico. (Concluído)
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Cultivar as espécies fúngicas escolhidas em meios de cultura sólido (arroz) e
líquido (Czapek). (Concluído, porém o meio escolhido foi o BDA)
Obter os extratos orgânicos dos meios de culturas. (Concluído)
Obter o perfil químico dos extratos fúngicos utilizando cromatografia líquida
analítica de alta eficiência (CLAE). (Concluído)
Obter os constituintes químicos principais de um dos fungos escolhidos após a
análise do perfil químico. (Concluído)
Identificar a estrutura dos constituintes químicos isolados através de métodos
espectroscópicos de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), Infravermelho (IV),
Ultravioleta (UV) e Espectrometria de Massas (EM). (Concluído)
Avaliar a atividade antimicrobiana dos extratos e das substâncias isoladas.
(Concluído)
Apresentar relatórios parcial e final. (Concluído)
4 Materiais e Métodos
4.1 MATERIAIS
4.1.1 Equipamentos
Capela de luxo laminar (PANCHANE PA320) para o manuseio dos
microorganismos;
Autoclave vertical modelo PHOENIX;
Estufa de incubação do tipo B.O.D. (Biochemical Oxigen Demand) (QUIMIS)
para crescimento dos microorganismos;
Estufa de secagem e esterilização FAMO mod. Fic 0.3 série 0196;
Balanças analíticas modelo TECNAL e modelo BOITTON;
Câmara de UV: Boitton – Boit Gab01 Série 0196;
Evaporadores rotativos HEIDOLPH e LABOROTA 4000 para a concentração
dos extratos;
Chapa aquecedora: Quimis ISO 9002 Série Q-261-22;
Aparelho de Ressonância Magnética Nuclear: Oxford NMR 300 e 600
Cromatógrafo da linha Alliance 2695 (Waters);
Espectrômetro de massa micromass UK Limited Serial QBB 1478 (Waters).
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4.1.2 Solventes
Solventes comerciais: metanol, acetato de etila, hexano, diclorometano para a
extração e nos procedimentos cromatográficos;
Solventes grau HPLC: Tedia Brazil;
Solventes deuterados para análise de RMN; Tedia Brazil;
Ce(SO4)2 para a revelação das placas cromatográficas.
4.1.3 Técnicas cromatográficas
Cromatografia em camada delgada: placas cromatográficas em folhas de
alumínio medindo 4 x 5 cm, , 250 µm Layer, Whatman;
Cromatografia em coluna: Sílica gel Silia Flash G60, 70-230 mesh, coluna de
vidro.
Coluna SunfereTM C18 5µm, 4,6 x 150mm (Waters).
4.1.4 Meios de cultura
B.D.A (batata, dextrose, Ágar);
Czapek dox Broth;
4.2 MÉTODOS
4.2.1 Coleta das amostras dos fungos endofíticos da Mimosa acutistipula var.
ferrea e dos fungos do solo
Em janeiro de 2013, na Floresta Nacional de Carajás (PA) na área da
Companhia Vale, foi realizada a coleta de amostras de Mimosa acutistipula var. ferrea
(Leguminosae Mimosoidae) para o posterior isolamento dos fungos endofíticos, cuja
matriz vegetal cresce diretamente sobre o afloramento rochoso de ferro da Serra de
Carajás conhecida como "canga hemalítica”. Na ocasião, amostras do solo da rizosfera
da planta citada, da Canga (foram realizados 2 pontos de coletas – C1 e C2), da
Floresta e da mina Fe N4W Norte (Figura 3) também foram coletadas para o isolamento
dos fungos de solo destas áreas.
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Figura 3- Fotografias da espécie vegetal Mimosa acutistipula var. ferrea e dos solos estudados.
4.2.2 Processo de assepsia e de isolamento dos fungos endofíticos de Mimosa
acutistipula var. ferrea
Após a coleta de um espécime M. acutistipula var. ferrea, o material botânico foi
dividido em folhas, raízes e caules. As amostras foram lavadas em água corrente, sem
ferir as amostras e descartando-se as danificadas. A desinfecção superficial das folhas
e dos caules deu-se através de lavagens por imersão (Figura 4). Primeiramente, o
material vegetal foi mergulhado duas vezes por 2 minutos em hexano para retirada de
gordura existente na superfície. Em seguida, mergulhou-se em uma solução de
hipoclorito de sódio a 11% por 4 minutos. Posteriormente, foram expostas em solução
de álcool etílico a 70% por 30 segundos para matar os fungos epifíticos (os que vivem
na superfície das plantas) e três vezes em água destilada esterilizada por 1 minuto
para retirar os resquícios dos agentes esterilizantes. Já, as raízes foram desinfectadas
somente com água destilada esterilizada por 5 minutos e após secagem, foram
maceradas em seguida.
Figura 4 - Processo de assepsia das folhas e dos caules de Mimosa acustistipula var. ferrea.
As folhas, os caules e as raízes foram cortados em fragmentos circulares de
aproximadamente 6-9 mm. Nove fragmentos foram transferidos para placas de Petri
contendo meio de cultivo B.D.A (infuso de 200 g de batata; dextrose, 20 g; ágar, 15 g).
O meio BDA foi adicionado a 1.000 mL de água destilada e autoclavado a 125 ºC por
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15 minutos. Após a esterilização do meio BDA e o mesmo atingir a temperatura
ambiente, foi adicionado o antibiótico tetracicilina (100 mg/L) ao meio em capela de
fluxo laminar. Por fim, as placas de Petri contendo os fragmentos foram incubadas à
temperatura ambiente de 25 ºC em estufa B.O.D durante 3 dias.
Figura 5- Processo de isolamento de fungos endofíticos de Mimosa acustistipula var. ferrea.
4.2.3 Processo de assepsia e de isolamento dos fungos do solo (Método Clark
adaptado)
Para o isolamento de fungos do solo, aplicou-se a técnica de diluição sucessiva
(CLARK, 1965) com algumas adaptações (Figura 6), utilizando 10 g de solo úmido
previamente peneirado em malha de 2 mm, transferidos para tubos de ensaio e
agitados em agitador de tubos do tipo Vortex (100 rpm) por 10 minutos. Dessa diluição,
1 mL foi adicionado a 9 mL de água destilada esterilizada obtendo-se a diluição de 10²;
repetiu-se esse procedimento para se obter a diluição 10³. Da diluição 10³ retirou-se 0,1
mL, que foi colocado em placas de Petri contendo meio de cultivo B.D.A e em outras
placas de Petri contendo o meio de cultivo Sabouraud (30 g por 1.000 mL de água
destilada esterilizada).
Figura 6- Processo de isolamento dos fungos de solo (Método de Clark adaptado).
Figura 7- Processo de isolamento de fungos do solo em placas de Petri.
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4.2.4 Extração dos metabólitos secundários em micro-escala (Método de
Smedsgaar adaptado)
Colônias de fungos com 21 dias de crescimento em placas de Petri em meio
BDA foram extraídas de acordo com o método de extração de metabólitos secundários
em micro-escala, descrito por Smedsgaar (1997), com algumas adaptações: de cada
colônia foram retirados, com o auxílio de alça de platina devidamente esterilizada, 12
fragmentos de 6 mm de diâmetro que foram transferidos para frascos de penicilina
autoclavados a 1210C por 15 min contendo 10 mL do sistema de extração (Acetato de
etila-Diclorometano-Metanol 3:2:1). As amostras foram lacradas com papel alumínio e
posteriormente papel filme para diminuir a evaporação do sistema. As amostras foram
deixadas em repouso na ausência de luz por um período de 3 dias. Após este tempo,
as amostras foram filtradas e transferidas para pequenos potes devidamente
esterilizados, pesados e identificados. Foi acrescentado novamente o sistema de
extração por 2 vezes com o mesmo intervalo de extração por vez. Os pequenos potes
foram secados em capela de exaustão e após secos submetidos à análise de seus
perfis cromatográficos em Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE).
4.2.5 Obtenção do perfil químico dos micro-extratos por CLAE-PDA
A análise dos extratos por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) foi
realizada em um cromatógrafo da linha Alliance e2695 (Waters) equipado com
amostrador automático (autosampler) e detector de arranjo de fotodiodos (PDA), o qual
coleta dois espectros por segundo na região do ultravioleta e visível, na faixa entre 210
e 600 nm. As separações foram realizadas em uma coluna de fase reversa Sunfire C18
(150 mm x 4,6 mm de diâmetro interno, tamanho de partícula 5 µm; Waters, Ireland)
com uma coluna de guarda C18 (20 mm x 4,6 mm de diâmetro interno, tamanho da
partícula 5 µm, Waters). O volume de amostra injetado foi de 20 µL e a temperatura da
coluna foi mantida a 40 ºC. O sistema cromatográfico foi operado pelo software
Empower3 Personal Single System (Waters, 2008) serial number W2KAR8091M.
Método de eluição usado: A fase móvel constituiu-se de uma mistura de H2O e MeOH.
O gradiente exploratório linear de eluição usado foi de H2O-MeOH 90:10 a 0:100 em 40
min com mais 5 min mantidos na última concentração. O gradiente foi retornado ao
valor inicial em 5 min e mantido por mais 15 min, para o equilíbrio do sistema, antes da
injeção da próxima amostra. O fluxo do eluente foi de 0,5 mL/min. Os cromatogramas
foram obtidos em dois comprimentos de onda 248 nm e 268 nm.
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4.2.6 Cultivo do fungo de solo FRIZ 12 em meio sólido (arroz)
Após o oitavo dia de incubação em meio BDA, foi feito o cultivo em meio sólido
(arroz Tio João ® parbolizado). Foram usados 3,0 Kg do cereal que foram distribuídos
uniformemente em 15 frascos de Erlenmeyer de 1.000 mL, 200 g de cereal por frasco,
em seguida adicionou-se 75 mL de água destilada. Todos os frascos de Erlenmeyer
foram autoclavados a 121 ºC por 45 minutos. Deixou-se o material atingir a temperatura
ambiente e introduziram-se por frasco três pequenos fragmentos de aproximadamente
0,5 cm2 do fungo para 13 dos 15 frascos de Erlenmeyer utilizados. O fungo de solo
FRIZ 12 (Figura 8) foi incubado em modo estático sem presença de luz por 25 dias,
tempo estipulado para o crescimento do fungo. Dois frascos de Erlenmeyer foram
usados para controle.
Figura 8- Crescimento das colônias do fungo de solo FRIZ 12 em meio sólido (arroz) após 25 dias de
incubação.
4.2.7. Obtenção dos extratos e fracionamentos do fungo de solo FRIZ 12:
Após o tempo de incubação em meio sólido (arroz), foram obtidos os extratos da
biomassa. Inicialmente foram acrescentados 300 mL de hexano em cada frasco de
Erlenmeyer para destruir os esporos do fungo de solo FRIZ 12, assim eliminar perigos
de contaminação no manuseio das amostras. Após 24 horas da adição do metanol o
material foi filtrado à vácuo com o uso de papel de filtro e de funil de Büchner, obtendo
uma parte da solução hexânica e a massa fúngica. Depois disso, adicionou-se hexano
à biomassa por mais duas vezes e cada adição foi deixada em repouso por três dias
sendo posteriormente filtrado à vácuo e obtida então uma solução hexânica. A solução
hexânica foi concentrada em evaporador rotativo para a obtenção do extrato hexânico.
O mesmo procedimento usado para a extração da biomassa com hexano (Hex.)
foi realizado também com o solvente acetato de etila e, por último, metanol, obtendo,
respectivamente, uma solução de acetato de etila e outra solução de metanol (MeOH-
2) para os referidos fungos endofíticos. As soluções AcOEt e MeOH foram
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concentradas em evaporador rotativo, obtendo-se os extratos AcOEt e MeOH-2,
respectivamente. Após concentração em rotaevaporador, uma alíquota do extrato
metanólico sofreu partição com hexano (3 x 250 mL) e AcOEt (3 x 250 mL), obtendo-se
as fases hexânica, AcOEt e hidroalcoólica do extrato metanólico.
Parte do extrato hexânico (5.728,0 mg) foi submetida ao fracionamento por
CCVU em sílica-gel, utilizando-se como eluente metanol em modo isocrático,
resultando em oito frações que foram concentradas em evaporador rotativo e
monitoradas por CCDA. O Fluxograma 01 resume alguns fracionamentos do extrato
hexânico.
4.2.9 Ensaios Antimicrobianos
Os ensaios antimicrobianos foram realizados no Laboratório de Bioensaios e
Química de Micro-organismos (LaBQuiM) do Laboratório de Química – Pesquisa da
UFPA. Foram utilizadas cepas certificadas das bactérias Bacillus subtilis (ATCC 6633),
No estudo químico do fungo FRIZ 12, foram isoladas substâncias da classe dos esteroides.
5.5.1. Substâncias isoladas do fungo de solo FRIZ 12
Foram obtidos 3 esteroides do fracionamento do extrato hexânico, a mistura de
β-sitosterol e estigmasterol (CHENG et al., 2015), esteroides comuns em plantas, mas
isolado de outras espécies de fungos; e cerivisterol, esteroide comum em fungos.
6 Conclusão
A Amazônia brasileira detém de um grande arsenal biotecnológico a ser
explorado de forma consciente em sua fauna e flora. Este estudo apresenta resultados
promissores e em andamento referente à biodiversidade amazônica.
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Foram isolados, 56 fungos endofíticos, sendo que 21 fungos endofíticos foram
isolados das raízes (fungos micorrizos), 10 das folhas e 25 do caule. Além disso, ainda
foram isolados 3 fungos do solo da mina Fe N4W Norte, 34 fungos rizosféricos, 17
fungos do solo da floresta, 10 fungos do solo da Canga.
Os ensaios antimicrobianos mostraram-se com resultados promissores frente às
bactérias B. subtilis, E.coli e P. aeruginosa.
Foram isolados três metabólitos secundários da classe dos esteroides, a mistura
de β-sistosterol e estigmasterol, e o cerevisterol.
Desta forma essa pesquisa vem contribuir para o conhecimento da diversidade
química dos micro-organismos da Amazônia, demonstrando seu potencial na produção
de substâncias biologicamente ativas, bem como se estabelecendo como excelentes
matrizes de estudo na área de produtos naturais.
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O bolsista é aplicado e tem bastante domínio das técnicas de laboratório e conhecimento de seu projeto.
Sou FAVORÁVEL a aprovação deste Relatório Final.
DATA : 16/08/2015
_________________________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR
____________________________________________ ASSINATURA DO ALUNO