UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARACENTRO DE CINCIAS HUMANAS
CAMPUS JUNCO (CCH)CURSO DE HISTRIADISCIPLINA ESTGIO SUPERVISIONADO
II AO EDUCATIVA EM ARQUIVO
RICARDO LUIZ MARTINS
RELATRIO DE ESTGIO NO NCLEO DE DOCUMENTAO HISTRICA (NEDHIS)
SOBRALABRIL-2014UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARACURSO DE
HISTRIA
RICARDO LUIZ MARTINS
RELATRIO DE ESTGIO NO NCLEO DE DOCUMENTAO HISTRICA (NEDHIS)
Trabalho apresentado disciplina de Estgio Supervisionado II Ao
Educativa em Arquivo como requisito para Avaliao Parcial.Prof.
Luiza Leila Velez de Miranda.
SOBRALABRIL-2015ESTGIO SUPERVISIONADO II AO EDUCATIVA EM
ARQUIVORELATRIO
Ricardo Luiz Martins[footnoteRef:1] [1: Graduando do Curso de
Histria da UVA, 5 Perodo.]
Luzia Leila Velez de Miranda[footnoteRef:2]. [2: Professora do
Curso de Histria da UVA e Ministrante da disciplina Estgio
Supervisionado II Ao Educativa em Arquivos.]
Durante o sculo XX, a arquivologia afirmou-se como disciplina
autnoma, com princpios e metodologias prprias, sendo a instituio
arquivo, reconhecida pela UNESCO como patrimnio cultural das
naes.[footnoteRef:3] [3: ECKERT, Marcia Miranda. Historiadores,
Arquivistas e Arquivos. Anais do XXVI Simpsio Nacional de Histria
ANPUH. So Paulo, Julho 2011.]
At os finais do sculo XVIII, o arquivo constitua-se como um
recurso de acesso restrito, uma vez que se encontrava subordinado
ao sigilo e ao arbtrio dos governantes, porm a partir da revoluo
francesa, esta instituio passou a ser patrimnio nacional cujo
acesso tornou-se de direito a todo o cidado.[footnoteRef:4] A
partir das novas tendncias que foram surgindo para o campo das
cincias humanas, a arquivologia foi ganhando status e passou a ser
valorizada principalmente por profissionais do campo da histria,
uma vez que em meio vasta documentao que estes locais comportam que
o mesmo ir selecionar vrios elementos que o ajudaro em sua
pesquisa. [4: ECKERT, Marcia Miranda. Os arquivos e o ofcio do
Historiador. Disponvel em http://www.eeh2012.anpuh-rs.org.br/.
Acesso em 24/04/2015.]
Portanto, o arquivo constitui-se como a matria prima do
historiador, o local em que o mesmo encontrar boa parte dos
subsdios necessrios que o ajudaro em sua pesquisa, pois nesses
locais, encontram-se diversos tipos de fontes que se apresentam de
suma importncia no apenas para o trabalho historiogrfico, mas tambm
para o trabalho interdisciplinar. Diante disso, cabe ao historiador
tomar conhecimento sobre os processos que envolvem as atividades no
arquivo; como o mesmo se organiza? Quais os mtodos utilizados para
manuteno dessas fontes? Quais as prticas que so utilizadas para
disponibilizar a documentao de forma mais rpida e acessvel?Estes so
fundamentos que o historiador deve tomar conhecimento para que o
mesmo desempenhe suas atividades no arquivo, e foi com esse intuito
que foi proposto a ns acadmicos do curso de Histria da UVA, um
perodo de vivncia no Ncleo de Estudos e Documentos Histricos NEDHIS
cujo objetivo consistia em promover maiores conhecimentos sobre as
prticas que envolvem o trabalho com o arquivo e sobre os processos
que ocorrem interior do mesmo. Antes de termos contato com a
documentao, tivemos aulas tericas que nos orientaram sobre os
procedimentos que deveriam ser tomados no trabalho, e aps estas
orientaes, iniciou-se o processo de formao de nossa equipe que
ficou constituda por mim e pelos meus colegas Deyviane, Maciel,
Lucas, Sebastio e Samara. O Ncleo de Estudos e Documentos Histricos
(NEDHIS) comporta um arquivo de vasta documentao, e est localizado
no Centro de Cincias Humanas da UVA. Possui documentos de diversas
categorias como jornais, revistas, processos judicirios e dentre
outros que compem seu acervo, porm, apesar da vasta documentao,
observa-se que o seu espao de funcionamento deixa a desejar em
alguns aspectos, pois apesar de serem salas espaosas no dispe de
climatizadores, o que dificulta o trabalho do historiador e a
preservao do prprio documento. Porm apesar destes pequenos
problemas, o ncleo dispe de um ambiente que favorece ao trabalho da
pesquisa e de profissionais que esto cotidianamente a organiz-lo
para promover mais rpida acessibilidade do pesquisador documentao.
O local abriga mesas, computadores onde se encontram os acervos
digitalizados e as estantes onde so guardados os documentos que
esto armazenados em caixas sendo organizados de forma cronolgica
obedecendo a uma sequncia especfica de identificao por nome e
data.Conforme o catlogo do NEDHIS, a documentao aparece dividida na
seguinte sequncia;1- Firmas comerciais de Granja.Carvalho Mota
& Irmo Igncio Xavier & CiaJos Xavier2- InventriosSculos
XVIIISculos XIXSculos XX
3- Poder Legislativo de Sobral: Cmara.4- Poder Executivo de
Sobral: Prefeitura.5- Poder Judicirio de Sobral: Processos
Criminais e processos de aes.6- Pr- Reitoria de Extenso da UVA.7-
Pimentel Gomes.8- Servio de Promoo Humanas SPH de Camocim9-
Coordenao de Histria da UVA.10- Padre Lira.11-D. Jos Tupinamb da
Frota (cartas recebidas por ele).
3- RevistasVejaIsto Carta CapitalRevista de Histria da
Biblioteca Nacional Histria VivaBrasil HistriaNossa HistriaCaros
AmigosLa Vie Hevreuse (francesa)LIllutration Theatrale
(francesa)Nova EscolaAventura na HistriapocaDesvendando a
HistriaViso
4- Jornais Correio da SemanaA LuctaA ImprensaO RebateA OrdemO
CearenseA PtriaO Dirio do NordesteO PovoO GloboBrasil de
FatoExpresso do Norte
14- Micros Filmes15- Livros diversosFonte: Catlogo do NEDHIS (Em
nota de rodap)Vale destacar que toda a documentao que o arquivo
dispe recebida por meio de doaes de rgos pblicos e de pessoas que
desejam disponibilizar documentos particulares ou arquivos pessoais
para pesquisas.Na primeira visita ao arquivo nos deparamos com um
velho questionamento que muitas vezes paira sobre a mente do
historiador; o que pesquisar? Sobre este tipo de questionamento
relacionado vastido de documentos do arquivo e o trabalho do
historiador, Arlete Farge adverte:O trabalho em arquivos lento,
[...] as pilhas no acabam nunca de ser consultadas, uma aps outras;
mesmo limitadas em quantidade por sondagens, [...] eles exigem do
leitor muita pacincia. [footnoteRef:5] [5: FARGE, Arlete. O Sabor
do Arquivo/ Arlete Farge; traduo Ftima Murad. So Paulo: Editora da
Universidade de So Paulo, 2009. ]
Diante disso, nos debruamos sobre a imensa gama de documentos
que o ncleo dispe no catlogo com o intuito de encontrar um objeto
que estivesse de acordo com a vontade de todos, uma vez que ambos
da equipe j tinham sua linha de pesquisa traada, fator este que
dificultou um pouco a escolha do objeto pela insistncia de alguns
membros em trabalhar temticas que fossem mais prximas de suas
respectivas linhas de pesquisa. Foram analisados diversos
documentos, processos criminais, jornais e revistas, porm ainda no
tnhamos entrado em um consenso, uma vez que o grupo estava um tanto
dividido entre trabalhar com os processos criminais de defloramento
e os artigos das revistas que se constituam como uma fonte
interessante principalmente pela questo da crtica que poderia ser
feita em relao natureza dos discursos que as mesmas ostentavam.
Algumas temticas foram sendo observadas nas revistas, e desta
forma, foram chamando a ateno da equipe para a conjuntura poltica
dos anos 90, no qual apresentava algumas semelhanas com o contexto
atual. O incio da dcada de noventa na histria poltica brasileira
marcado pela eleio de Fernando Collor de Melo que aps uma intensa
disputa eleitoral derrotou o candidato petista Lus Incio Lula da
Silva, em um pleito eleitoral marcado por uma intensa articulao da
mdia na construo de uma imagem virtuosa do candidato eleito.Porm,
um ano aps a posse de Collor, comearam a surgir diversos escndalos
de corrupo que envolvia a figura do presidente e de seu homem de
confiana PC Farias no qual protagonizaram diversos esquemas de
lavagem de dinheiro e desvio de verbas pblicas; fato este que
causou intensos rebolios nas conjunturas poltica e social culminado
com o clamor das massas nas ruas e o consequente pedido de
impeachment do ento presidente. Outro fato que chamou nossa ateno
foi o fato do posicionamento da mdia que se antes havia contribudo
para a idealizao da imagem do presidente, num perodo posterior
passou a desconstruir essa imagem.A grande visibilidade que o
candidato recebeu da mdia e o crescimento vertiginoso da
candidatura de uma figura inexpressiva no cenrio nacional, bem como
o impeachment aps um escndalo de grande repercusso estavam
intrinsecamente relacionados s formas de comunicao miditica e ao
poder da mdia de influenciar rumos da poltica no
Brasil.[footnoteRef:6] [6: GONALVES, Josimar da Silva. A mdia na
construo e destruio da imagem: o caso Collor de Melo. Revista Senso
Comum, n 2, 2012, p. 88-106 Pg. 89. Disponvel em Acesso em
23/04/2015.]
Ao tomar conhecimento sobre estes fatos que se descortinavam nas
pginas das revistas, associamos de imediato ao momento atual em que
se inseria a poltica brasileira. Apesar de serem contextos
diferentes, algumas semelhanas foram sendo observadas, uma vez que
exemplo dos anos noventa, no momento atual tambm se verifica a
existncia de diversos esquemas de corrupo descobertos pela operao
lava jato e que ao serem veiculados pela mdia, levaram grandes
massas s ruas para protestar contra tais prticas. Tambm se
verificou, que a exemplo do que aconteceu com Fernando Collor, se
cogitou um provvel impeachment da atual presidente Dilma Rousseff,
porm diferentemente do que aconteceu com o caador de marajs onde se
tinha provas concretas de sua participao nos esquemas, proposta de
retirada da atual presidente esteve embasada apenas em suposies da
oposio e dos setores conservadores, que sem contar com provas
concretas insuflaram a populao com ideias infundadas fazendo com
que muitos manifestantes fossem as ruas protestar contra o
governo.Ao associar estes fatos a equipe em fim entrou em um
consenso e decidimos trabalhar com esta temtica, o impeachment de
Fernando Collor, e a fonte escolhida para as anlises sobre o objeto
forma as Revistas Isto , um conjunto de peridicos semanais da
editora globo que trata sobre diversos temas dando uma maior nfase
aos acontecimentos polticos. O trabalho com fontes impressas requer
grandes cuidados do historiador no que se refere anlise dos
discursos que estes editoriais ostentam.Se num perodo anterior este
instrumento se constitua apenas como um auxlio na pesquisa
histrica, agora ele passa a ser fonte de pesquisa, no qual como
afirma Tania Regina de Luca, O impresso revista merece ser
analisado com vagar, uma vez que o seu discurso, objetiva um fim
especfico que dependendo de como o historiador o analisa, pode
leva-lo a tomar concluses precipitadas. [footnoteRef:7] [7: PINSKY,
Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de (org.). O historiador e suas
fontes. So Paulo: Contexto, 2009, 333 p.]
Foi partindo desse pressuposto que delimitamos a linha que
devamos seguir para a construo de nosso projeto de pesquisa.
Faramos uma anlise das revistas entre os anos 1992 e 1993, perodo
em que os fatos ocorreram de forma mais incisiva, e desta forma,
estabelecemos que o critrio da pesquisa consistiria em fazer uma
anlise do discurso que havia na revista. Como o peridico repercutia
os acontecimentos que se desenrolavam, se o mesmo era imparcial, e
porque um aparelho miditico que foi to importante para a eleio do
presidente, posteriormente assumiu uma postura contrria de oposio
ao ento gestor. Esses foram alguns questionamentos que
fundamentaram nossa pesquisa, e desde a escolha do objeto ao trmino
do projeto, foram-se estabelecidas e seguidas as seguintes etapas.
1.Escolha do Objeto A primeira visita ao arquivo objetivou a
escolha do tema a ser trabalhado para a construo do projeto de
pesquisa. Apesar das divergncias iniciais, a equipe chegou um
consenso escolhendo a rea da poltica, especificamente o impeachment
de Fernando Collor. A fonte escolhida foram s revistas Isto sendo
delimitado o reconte temporal nos anos 1992 e 1993. Diante disso
foi separado um total de 42 revistas sendo divididas igualmente num
total de sete para cada membro da equipe. As revistas a mim
destinadas encontravam-se na caixa n 05 num total de 20 exemplares,
porm recolhi apenas as sete que analisaria sendo uma do ms de
junho, cinco revistas do ms de julho e uma do ms de agosto do ano
de 1992.
2 Digitalizao das Fontes.Num segundo momento voltamos ao ncleo
para digitalizao das fontes. Esta foi atividade mais rdua do
processo, uma vez que requereu mais tempo e disponibilidade fsica
de cada membro da equipe. O Ncleo de Estudos e Documentos Histricos
da Uva dispe de um aparelho de scanner para digitalizao de
material, porm optei por utilizar a cmera fotogrfica por ser um
equipamento de fcil manuseio e pela maior praticidade e desempenho
em relao mquina de scanner. As fotos foram tiradas sem a presena de
flash, uma vez que a utilizao de tal recurso no recomendada pelos
efeitos nocivos que pode ocasionar ao documento.Para o manuseio das
fontes, foi a mim disponibilizado um par de luvas e uma mscara
cirrgica, para que desta forma, o pesquisador no venha a sofrer
consequncias fsicas devido ao possvel estado de deteriorao do
documento. Aps sucessivas visitas ao local, o material foi
digitalizado estando apto para ser disponibilizado em formato
digital, o que facilita o ato da pesquisa e tambm funciona como
recurso de preservao do documento original.3 Elaborao do Projeto de
Pesquisa.Passadas as etapas iniciais de leitura e digitalizao das
revistas iniciamos o processo de construo do projeto de pesquisa
cujo tema foi Histrias de um quase Impeachment. Brasil: e suas
Transformaes Politico-Administrativas: (1992-1993), no qual aps a
elaborao e apresentao deste em sala de aula, finalizamos a
atividade proposta e consequentemente nosso perodo de experincia no
arquivo.
CONSIDERAES FINAISEsta nova experincia no arquivo da UVA
constituiu-se de suma importncia para meu aprendizado sobre as
prticas que envolvem o trabalho de organizao, manuteno e pesquisa
nos arquivos. Apesar de j ter sido voluntrio do Programa PET e
desta forma, possuir alguns conhecimentos sobre o trabalho com
arquivos, esta vivncia contribuiu ainda mais para a aquisio de
maiores conhecimentos sobre o assunto, uma vez que tivemos aulas
tericas que nortearam como deveriam ser os procedimentos a serem
tomados para um trabalho satisfatrio e enriquecedor. Apesar do
ncleo ainda contar com alguns problemas de infraestrutura como a
falta de ambiente climatizado e pouco espao adequado para a
pesquisa, o local se apresenta como um ambiente agradvel e
estimulante pesquisa histrica, uma vez que as l existem diversos
tipos de fontes que revelam um universo de fatos do passado e que,
portanto, impele o historiador a pesquisa. A disciplina de Estgio
Supervisionado II, tambm se constituiu de fundamental importncia
para minha futura profisso de historiador, uma vez que me
proporcionou os subsdios necessrios para realizar atividades em
arquivos, e desta forma, abriu-me o olhar para a complexidade de se
trabalhar com as fontes, uma vez que quando o documento se anima a
ponto de levar a crer que ele se basta em si mesmo, a escrita
torna-se um simples comentrio positivista, no qual os resultados
obtidos no passaram pelo crivo da crtica.[footnoteRef:8] [8: Idem
Pg. ]
Portanto, realizar mais uma vez atividades no arquivo da UVA,
proporcionou-me a oportunidade de adquirir maiores conhecimentos
sobre a rea, e me fez perceber que muito alm de um recurso
tipicamente acadmico, o arquivo pode ser um instrumento didtico
para estimular nossos alunos pesquisa e consequentemente a obteno
do conhecimento histrico.
E as fontes? Caixa 00 Revista Isto 1990 a 1990?
REFERNCIAS
ECKERT, Marcia Miranda. Os arquivos e o ofcio do Historiador.
Disponvel em http://www.eeh2012.anpuh-rs.org.br/. Acesso em
24/04/2015.ECKERT, Marcia Miranda. Historiadores, Arquivistas e
Arquivos. Anais do XXVI Simpsio Nacional de Histria ANPUH. So
Paulo, Julho 2011.GONALVES, Josimar da Silva. A mdia na construo e
destruio da imagem: o caso Collor de Melo. Revista Senso Comum, n
2, 2012, p. 88-106 Pg. 89. Disponvel em Acesso em
23/04/2015..PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de (org.).
O historiador e suas fontes. So Paulo: Contexto, 2009, 333 p.FARGE,
Arlete. O Sabor do Arquivo/ Arlete Farge; traduo Ftima Murad. So
Paulo: Editora da Universidade de So Paulo, 2009.
ANEXOS
FOTOS DA EXPERINCIA NO NEDHIS