UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA RELAÇÃO DA MOTRICIDADE FINA COM A FREQUÊNCIA SEMANAL DE ATIVIDADE FÍSICA EM UM GRUPO DE IDOSOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Henrique May Schünke Santa Maria, RS, Brasil 2015
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
RELAÇÃO DA MOTRICIDADE FINA COM A FREQUÊNCIA SEMANAL DE ATIVIDADE FÍSICA
EM UM GRUPO DE IDOSOS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Henrique May Schünke
Santa Maria, RS, Brasil 2015
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RELAÇÃO DA MOTRICIDADE FINA COM A FREQUÊNCIA SEMANAL DE ATIVIDADE FÍSICA EM UM
GRUPO DE IDOSOS
Henrique May Schünke
Trabalho de Conclusão apresentado à Comissão de Graduação do
Curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Maria,
como pré-requisito para obtenção do grau de Cirurgião-dentista.
Orientador: Prof. Ms. Leandro José Corrêa Harb
Santa Maria, RS, Brasil 2015
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Universidade Federal De Santa Maria Centro De Ciências Da Saúde
Curso De Odontologia
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
RELAÇÃO DA MOTRICIDADE FINA COM A FREQUÊNCIA SEMANAL DE ATIVIDADE FÍSICA EM UM GRUPO DE IDOSOS
elaborada por: Henrique May Schünke
como requisito parcial para obtenção do grau de Cirurgião-Dentista
COMISSÃO EXAMINADORA:
Leandro José Corrêa Harb, Ms. (Presidente/Orientador)
Katia Olmedo Braun, Dra. (UFSM)
Beatriz Unfer, Drª. (UFSM)
Santa Maria, 20 de novembro de 2015.
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Elton e Denise, que sempre me apoiaram em minhas decisões,
me orientaram nos meus momentos de dúvida e sacrificaram seu tempo e
sonhos em favor dos meus.
Aos meus amigos, que para mim são como irmãos, e que sempre estão
dispostos a me ajudar ou alegrar, mesmo nos momentos mais difíceis.
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AGRADECIMENTOS
À Deus, por me presentear com a vida e saúde.
À minha família, em especial meus tios Roberto e Rosângela, e meus
amigos por terem me amparado e ajudado nesses últimos cinco anos.
À Universidade Federal de Santa Maria, em especial o Curso de
Odontologia, seu corpo discente pelos ensinamentos, experiências e pela
qualidade de formação oferecida aos alunos, bem como aos pacientes que
estiveram presentes nessa caminhada, por terem sido compreensivos e
atenciosos nos momentos de atendimento e aprendizado.
Agradeço também a colaboração nesta pesquisa, do Grupo PET-
Odontologia (Programa de Educação Tutorial) da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), e dos alunos do Curso de Odontologia da UFSM, que
participaram voluntariamente deste trabalho. Sem este grupo, com certeza eu
não teria uma formação tão humana e rica em experiências.
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“Quando fizeres algo
nobre e belo e ninguém
notar, não fique triste.
Pois o sol toda manhã
faz um lindo espetáculo
e no entanto, a maioria
da platéia ainda
dorme...”
(John Lennon)
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Amostra por gênero e faixas etárias......................................... 17
Tabela 2 – Pontuações de M¹ (EMTI) por faixas etárias – percentual (%)
do total dos grupos e da amostra................................................................ 17
Tabela 3 – Freqüência total de Atividade Física Semanal pelas classifica-
ções de M¹ (EMTI) ....................................................................................... 18
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa.
EMTI – Escala Motora para a Terceira Idade
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILP – Instituições de Longa Permanência para Idosos
NIEATI – Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade
M1 – Motricidade Fina .
UFSM – Universidade Federal de Santa Maria.
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LISTA DE ANEXOS
A. Normas da revista Geriatrics & Gerontology International
B. Parecer do CEP
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RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso
Curso de Odontologia
Universidade Federal de Santa Maria
RELAÇÃO DA MOTRICIDADE FINA COM A FREQUÊNCIA SEMANAL DE
ATIVIDADE FÍSICA EM UM GRUPO DE IDOSOS
AUTOR: HENRIQUE MAY SCHÜNKE ORIENTADOR: LEANDRO JOSÉ CORRÊA HARB
Data e local da apresentação: Santa Maria, 20 de novembro de 2015
Este estudo teve como objetivo analisar a capacidade motora fina de idosos
participantes de grupos de terceira idade de Santa Maria, relacionando-a com a
frequência semanal de atividades físicas dos mesmos. A motivação principal
para tal avaliação foi o fato de que a população idosa brasileira tem aumentado
cada vez mais em relação as demais faixas etárias. Desse modo, participaram
voluntariamente 139 idosos independentes, de ambos os gêneros, com idade
igual ou superior a 60 anos, que responderam um questionário envolvendo
vários temas, entre eles a sua freqüência semanal de atividade física, e,
posteriormente, realizaram testes de Motricidade Fina(M¹) de acordo com a
Escala Motora da Terceira Idade (EMTI), cuja pontuação final determina a M¹
individual de cada um. Como resultados, foi constatado que o gênero feminino
foi predominante na amostra estudada . A maioria dos idosos (46,56%)
apresentou M1 Normal Médio, seguido de índices inferiores em 29,5% da
amostra, e resultados superiores em 23,74% dos respondentes. Em torno de
6,5% dos idosos não realizam atividade física semanal, 5% praticam uma vez
por semana, 53% duas vezes por semana e 35,5% acima de duas vezes por
semana. Também foi observado que os pontos obtidos pelo teste de M¹ são
maiores para aqueles que praticam atividade física no mínimo três vezes por
semana (p = 0,039). Concluiu-se que a M¹ Normal Médio foi a classificação
alcançada com maior percentual. Considerando que todos os idosos eram
independentes e que 88,49% realizavam atividades físicas, podemos constatar
que esta é importante para a manutenção de uma boa Motricidade fina.
Palavras-chave: Idoso – Saúde do Idoso – Exercício – Atividade Motora –
Destreza Motora
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THE RELATIONSHIP BETWEEN FINE MOTOR SKILLS AND THE
WEEKLY PRACTICE OF PHYSICAL ACTIVITIES IN A GROUP OF
ELDERS
This study aimed to analyze the fine motor skills of participants of seniors
groups from Santa Maria, linking it to the weekly frequency of physical activity
thereof. The main reason for this assessment was the fact that the Brazilian
elderly population has increased more and more in relation to other age groups.
Thus, they volunteered 139 independent elderly people, of both genders, aged
over 60 years who answered a questionnaire involving various issues, including
its weekly frequency of physical activity, and subsequently held Motricity Thin
tests according to EMTI, which determines the final score of each individual M¹.
As a result, it was found that females predominated (88%) in the sample and
presented M¹ in Normal Average 46.76%, 29.50% involving the three levels
lower than this, and 23.74% to superiors. Around 6.5% of the sample elderly do
not perform physical activity weekly, 5% practice once a week, 53% twice a
week and 35.5% more than twice a week. It was also noted that the points
obtained by M¹ test are higher for those who practice physical activity at least
three times per week (p = 0.039). It was concluded that the M¹ Mean Normal
was the classification achieved with the highest percentage. Whereas all the
seniors were independent and that 88.49% performed physical exercise, we
can see that this is important for maintaining good fine motor skills.
Keywords: Aged – Health services for the Elderly – Exercise – Motor Activity – Motor Skills
independentes, de ambos os gêneros, com idade igual ou superior a 60 anos,
que responderam um questionário envolvendo vários temas, entre eles a sua
freqüência semanal de atividade física, e, posteriormente realizaram testes de
M¹ de acordo com a EMTI, cuja pontuação final determina a M¹ individual de
cada um. Teste de Mann-Whitney foi utilizado para a comparação da
pontuação obtida pelos testes de M¹ em relação à freqüência semanal de
atividade física entre os grupos etários, e, o nível de significância foi de 5%.
Resultados: O gênero feminino foi predominante (88%) na amostra e
apresentou M¹ Normal Médio em 46,76%, 29,50% envolvendo os três níveis
inferiores a este, e 23,74% aos superiores. Em torno de 6,5% dos idosos da
amostra não realizam atividade física semanal, 5% praticam uma vez por
semana, 53% duas vezes por semana e 35,5% acima de duas vezes por
semana. Foi observado que os pontos obtidos pelo teste de M¹ são maiores
para aqueles que praticam atividade física no mínimo três vezes por semana (p
= 0,039). Conclusão: foi observado que a M¹ Normal Médio foi a classificação
alcançada com maior percentual. Considerando que todos os idosos eram
independentes e que 88,49% realizavam atividades físicas com freqüência de
14
duas ou mais vezes durante a semana, podemos constatar que a atividade
física, é importante para a manutenção de uma boa Motricidade fina que não
comprometa as atividades diárias.
Palavras-chave: Idoso – Saúde do Idoso – Exercício – Atividade Motora –Habilidades Motoras
INTRODUÇÃO
O aumento da expectativa de vida do brasileiro e a sua baixa taxa de
natalidade fazem com que o Brasil avance rapidamente a um perfil demográfico
cada vez mais envelhecido1. Com o envelhecimento, há uma tendência natural
na diminuição da atuação do indivíduo idoso em seu meio, devido ao risco de
sua incapacidade na atividade motora e da piora de sua qualidade de vida2.
Entretanto, esta longevidade só terá valor se houver qualidade de vida,
verificando-se que um dos fatores que a promovem é uma atividade física
constante3.
O processo de envelhecimento, atenuado pela atividade física regular4,5,
é variável para cada indivíduo e não ocorre necessariamente paralelo a idade
cronológica do idoso6. Este processo pode afetar a perda de várias funções do
corpo, como a atividade motora, que está relacionada a alterações do sistema
nervoso periférico, ocorrendo principalmente a partir dos 60 anos6,7, sendo o
fator idade o mais importante no declínio do desempenho motor8 . Associado a
isto, soma-se a diminuição da massa muscular , o que torna sua coordenação
motora mais frágil e instável, acarretando perda parcial ou total de sua
independência na realização de suas tarefas do dia-a-dia9–11, principalmente
para aquele que é sedentário3. Assim, haverá uma dificuldade de locomoção,
risco de quedas, e alterações nos movimentos mais delicados6,9–12
O isolamento e a falta de atividade física são fatores que aceleram esse
processo6 o qual pode variar devido a diversos fatores internos, externos, idade
e sexo13, Entretanto a atividade física regular é um fator importante para
melhorar significativamente a musculatura esquelética dos idosos14. A
realização de atividade física uma vez por semana em curto prazo não melhora
a qualidade de vida desta população, porém quando essa freqüência é de duas
15
vezes por semana, em diversos aspectos, há uma grande melhora, entre elas a
saúde mental, vitalidade e percepção de dor15.
A motricidade fina (M¹), que está relacionada à coordenação motora, é
uma das seis áreas motoras do corpo humano16. Ela compreende a
coordenação visuomanual, que atua nas atividades que exigem precisão e
destreza, por exemplo na higienização oral e de próteses dentais, podendo
determinar dificuldades na sua eficiência quando comprometida. A Escala
Motora para a Terceira Idade - "EMTI"16 provém de testes motores aplicados
individualmente para avaliar o desenvolvimento motor de idosos, sendo
possível quantificar e avaliar os possíveis comprometimentos motores que o
estejam prejudicando em suas atividades diárias, como no caso da M¹16.
Portanto, este estudo objetiva conhecer o grau de M¹ de um grupo de
idosos independentes verificando a possível associação com a frequência
semanal de atividade física.
MATERIAL E MÉTODOS
Sujeitos e Delineamento do Estudo: O presente estudo transversal,
aprovado pelo CAAE 14863013.6.0000.5346, foi realizado através da coleta
dos dados nos anos de 2013 e 2014. Durante três dias de cada ano, atividades
da oficina do curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), com a participação voluntária de 200 idosos do projeto ACAMPAVIDA
do Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade (NIEATI), em Santa
Maria, RS, Brasil. Todos acima de 60 anos e participantes de grupos de
terceira idade, mediante assinatura prévia do termo de consentimento livre e
esclarecido. Após o relato de cada participante, foram incluídos no presente
estudo apenas os idosos considerados independentes na execução de
atividades diárias e foram excluídos aqueles que apresentavam alterações
sensoriais, mentais e neurológicas perceptíveis que dificultavam a aplicação de
testes motores. O tamanho da amostra foi calculado com um poder de 80%,
grau de confiança de 95%, e a prevalência máxima de 0,5 de aderência ao
estudo, com um erro de 5%, obtendo-se um cálculo amostral mínimo de 133
indivíduos. A amostra final ficou composta de 139 indivíduos, de ambos os
16
gêneros, que responderam a um questionário estruturado e com posterior
realização de testes de M¹ de acordo com a EMTI 16.
Coleta de Dados: Os dados relativos ao questionário demográfico e os
testes de M¹ foram coletados por seis duplas de examinadores treinados,
sendo todos alunos de graduação do curso de Odontologia da UFSM.
Dados Demográficos: foi aplicado um questionário estruturado
abordando temas, como gênero, idade, escolaridade, informações sobre a
saúde geral, e de sua frequência semanal de atividade física. Foram ainda
categorizados dois grupos de idade, 60-70 anos e acima de 70 anos, conforme
outros estudos2, 20, 22.
Testes de M¹: foram aplicados de acordo com a EMTI16,
compreendendo 10 níveis, dos 2 ao 11, como o “lançar uma bola com uma
mão”(Nível 9), “agarrar uma bola com uma mão”(Nível 11), “fazer bolinha de
papel com uma mão” (Nível 7) dentre outros testes16, todos em um tempo
estabelecido. Cada idoso inicia no nível 5, e tendo obtido êxito, avança um
nível superior, e assim sucessivamente até o 11 (máximo), ou finalizando o
teste no nível que não o conseguir realizar. Caso não seja obtido êxito no
início dos testes (nível 5), retrocede-se a um inferior, e assim sucessivamente
até o nível 2 (mínimo), ou finaliza naquele que conseguir realizar. Cada teste
realizado com sucesso equivale a 12 pontos, quando o teste avaliar os dois
membros superiores isoladamente e apenas em um membro teve êxito, este
teste terá equivalência de 6 pontos. Caso o teste não seja realizado, este
equivale a 0 pontos. A soma total dos pontos realizados ao final dos testes
determina a sua M¹, como segue: Muito Superior (130 ou mais pontos),
Superior (120 a 129 pontos), Normal Alto (110 a 119 pontos), Normal Médio (90
a 109 pontos), Normal Baixo (80 a 89 pontos), Inferior (70 a 79 pontos) e Muito
inferior (69 ou menos pontos).
Avaliação da M¹: foi verificada a diferença entre as pontuações de M¹
nas categorias de frequência semanal de atividade física. Os idosos foram
agrupados por 2 faixas etárias (60 a 70 anos e acima de 70 anos) e quanto à
atividade física em 3 grupos (não realizam atividade regular; realizam
17
atividades até duas vezes por semana; realizam no mínimo três vezes por
semana)
Análise Dos Dados
Foi utilizado o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS
versão 17.0; SPSS Inc, Chicago, Ill), através de uma análise estatística
descritiva das pontuações obtidas pelos testes de M¹ de cada idoso. Pelo teste
Kolmogorov-Smirnov foi observado a não normalidade dos dados, e
posteriormente aplicado o Teste Mann-Whitney para verificar diferenças entre
as pontuações de M¹ nas categorias de idade e de frequência semanal de
atividade física. O nível de significância utilizado foi de 5%17.
RESULTADOS
Tabela 1: Amostra por gênero e faixas etárias
Fonte: Pesquisa dos autores
Tabela 2: Pontuações de M¹ (EMTI) por faixas etárias – percentual (%) do total dos
grupos e da amostra
Idade
M¹ (EMTI) 60 - 70 anos > 70 anos Total
Muito Superior (130 pontos ou mais) 1% 5% 3%
Superior (120 a 129 pontos) 22% 14% 19%
Normal Alto (110 a 119 pontos) 4% - 2%
Normal Médio (90 a 109 pontos) 53% 38% 47%
Normal Baixo (80 a 89 pontos) 6% 9% 7%
Inferior (70 a 79 pontos) 2% 7% 4%
Muito Inferior (até 69 pontos) 11% 28% 18%
Total 100% 100% 100%
Idade
Gênero
60 - 70
anos > 70 anos TOTAL
n %
n % n %
Homens 7 9 9 15 16 11
Mulheres 74 91 49 86 123 89
Total 81 100 58 100 139 100
18
Fonte: Pesquisa dos autores
Tabela 3: Freqüência total de Atividade Física Semanal pelas classificações de M¹
(EMTI)
Freq. de Ativ.
Física/Semana
Amostra
Teste de Motricidade Fina
Muito
Inferior Inferior
Normal
Baixo
Normal
Médio
Normal
Alto Superior
Muito
Superior
N % n % n % n % n % n % n % n %
Sedentários 16 12 3 2 - - - - 7 5 - - 6 4 - -
2x 74 53 13 9 5 4 8 6 35 25 3 2 10 7 - -
3x ou mais 49 35 9 7 1 0 2 1 23 17 - - 10 7 4 3
Total 139 100 25 18 6 4 10 7 65 47 3 2 26 19 4 3
Fonte: Pesquisa dos autores
Em relação às categorias de idade (60-70 anos e acima de 70 anos) foi
observado que os classificados na categoria de maior idade, significativamente
tiveram menores pontuações alcançadas nos testes de M¹ (p = 0,001) e
segundo a classificação de prática de atividade física, os idosos que praticam
acima de duas vezes por semana, têm significativamente um melhor
desempenho de M¹ (p=0,039).
DISCUSSÃO
Quanto ao gênero, este estudo apresentou um percentual bem maior
feminino (em torno de 89%) e está de acordo com os dados do IBGE1, que
destacam a prevalência feminina idosa em relação à masculina, caracterizando
o chamado Fenômeno da Feminização de Envelhecimento (GIACOMIN,
2012)24. Assim como outros estudos que evidenciam esta predominância em
suas amostras, acima de 68%2,18,19 e acima de 80%3,20. Em virtude do pequeno
número de idosos masculinos (11%), não foram considerados isoladamente
para comparação, mas sim a amostra total.
A divisão da amostra deste estudo em dois grupos etários foi feita para a
comparação e/ou caracterização das faixas etárias quanto ao nível de M¹, de
maneira similar a outras pesquisas2,20,22. No estudo de Piccoli et al. (2009) foi
utilizada a EMTI em 202 idosos de ambos os gêneros sem especificar se eram
sedentários ou não, foi constatado no grupo com faixa etária entre 60 e 70 M¹
19
Normal Alto, e no grupo com idades maiores de 70 anos M¹ Normal Médio. No
presente estudo foi encontrado um comportamento semelhante de redução da
M1 quando comparada as duas faixas etárias, embora tenha apresentado
diferença no grupo entre 60 e 70 anos onde foi alcançada M¹ Normal Médio.
Esta diferença pode ser explicada porque o envelhecimento apresenta
variações entre os indivíduos e não ocorre necessariamente paralelo a idade
cronológica do idoso6. Considerando a amostra total, independente da faixa
etária, no presente estudo e no de Piccoli et al. (2009) foi obtida M¹ Normal
Médio, com pontuação de média de 97,34 de 103,60, respectivamente3. Com
resultados semelhantes, com uma amostra de 142 idosos entre 70 e 79 anos,
ao utilizarem a EMTI foi obtida uma média de 90,3 (M¹ Normal Médio) 20.
Embora não tenham utilizado a escala EMTI, outras pesquisas também
observaram perdas da capacidade motora relacionadas com o
envelhecimento21,22, evidenciado na amostra do presente estudo pelo teste
estatístico (Teste Mann-Whitney, com significância de 5% p = 0,001), através
da pontuação mais baixa adquirida pelos testes de M¹ aos mais envelhecidos.
Entretanto é interessante ressaltar que, enquanto um avaliou a coordenação
motora fina em 112 idosas praticantes de atividade física (duas vezes por
semana)21, o outro22 avaliou questionários sobre capacidade funcional
respondidos por 182 idosos, dos quais aproximadamente 75% eram
sedentários. Mesmo com um percentual bem menor de sedentários (6%), no
presente estudo, foi obtido o mesmo comportamento de declínio motor com
relação ao envelhecimento. Observando que a realização de atividade física
uma vez por semana em curto prazo não melhora a qualidade de vida do
idoso15 foi incluído nesse percentual os 5% praticantes de atividade física de
uma vez por semana, totalizando 12% de idosos sedentários, conforme na
Tabela 3.
Em um estudo onde avaliaram 73 idosos de instituições de longa
permanência (ILPs), considerados independentes, de ambos os gêneros na
sua amostra, foi obtida uma média de M¹ Inferior19. Este resultado contrasta
com o do presente estudo, provavelmente pela diferença de características dos
idosos destes estudos. Uma sugestão para esta diferença é de que os idosos
20
que vivem nesta ILP vivem em um espaço físico limitado e com menores
exigências cotidianas, executandovatividades físicas diárias de menor
complexidade, o que leva a uma menor estimulação motora.
No estudo de Alencar et al. (2011) que comparou o nível de atividade
física entre idosos praticantes de atividades físicas formais (caminhada regular,
hidroginástica, ...) três vezes por semana por 30 minutos com praticantes de
atividades físicas não formais (atividades domésticas, ...) utilizando instrumento
diferente da EMTI, concluiu que a prática de atividade física regular melhora os
níveis de atividade motora23. Este achado corrobora os resultados do presente
estudo, sendo comprovado estatisticamente.
Já em outro estudo verificando a associação entre a qualidade de vida
de idosos praticantes de atividades formais (duas vezes por semana no
mínimo) e idosos não praticantes de atividades físicas formais mas que
realizam atividades físicas rotineiras (caminhar pelos cômodos da casa, higiene
pessoal, varrer a casa, ...). Foi observado que o nível de atividade nem sempre
está relacionado à prática de exercícios físicos formais, pois idosos não
praticantes de atividades formais apresentavam níveis de atividade física tão
bons quanto, porém assim praticantes de atividades físicas formais apresentam
melhor qualidade de vida18.
CONCLUSÃO
Considerando os idosos deste estudo, foi observado que a M¹ Normal
Médio foi a classificação alcançada com maior percentual, tanto no grupo entre
60 a 70 anos, como no grupo acima de 70 anos. O que nos mostra que estes
idosos permanecem aptos a executarem suas tarefas cotidianas normalmente,
mesmo aquelas que exigem maior precisão e destreza, como a sua higiene
bucal e de eventuais próteses dentárias. Também pode-se concluir que a
prática de atividades físicas com frequência de duas ou mais vezes por
semana podem contribuir significativamente para a manutenção da motricidade
fina em idosos, e consequentemente para a preservação de uma boa qualidade
de vida desta população
21
AGRADECIMENTOS
Sincera gratidão é oferecida ao Grupo PET-Odontologia (Programa de
Educação Tutorial) e aos alunos do Curso de Odontologia da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) por sua colaboração nesta pesquisa. Sem
eles, este estudo jamais seria concluído.
DECLARAÇÃO DE DIVULGAÇÃO
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
22
REFERÊNCIAS
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24
ANEXOS
Anexo A
Author Guidelines Important Note to Authors
It is journal policy that changes to authorship or the named corresponding author are not permitted after a paper has been submitted, other than in exception circumstances. If authors feel there are reasonable grounds to request a change in authorship or the named corresponding author, the submission of the official letter to the Editor-in-Chief is necessary. Please follow the relevant COPE (Committee on Publication Ethics) flowchart for more details. COPE flowcharts regarding changes in authorship are available on the COPE website here:http://publicationethics.org/resources/flowcharts
Latest information
Journal became online only, and it became a monthly journal from 2015.
Letter to the Editor: GGI publish letters to the Editor that fall under the following categories: Case Report,
Research Studies, Comments.
Case Report: GGI no longer publish Case report.
Disclosed Potential Conflict of Interest, Manuscript Categories and Parts of The Manuscripthave
been updated. Please read carefully.
Copyright form has been changed to COPYRIGHT TRANSFER AGREEMENT.
AIMS AND SCOPE
Geriatrics & Gerontology International is an interdisciplinary journal. Upon submission, authors will be
asked to identify the category for their article in Biology / Behavioral and Social Sciences / Epidemiology,
Clinical Practice and Health / Social Research, Planning and Practice, in order to allow their manuscripts
to be processed with speed and efficiency.
The acceptance criteria for all papers are the quality and originality of the research and its significance to
our readership. Except where otherwise stated, manuscripts are peer reviewed by two anonymous
reviewers and Editor. The Editorial Board reserves the right to refuse any material for publication and
advises that authors should retain copies of submitted manuscripts and correspondence as material
cannot be returned. Final acceptance or rejection rests with the Editorial Board.
SUBMISSION OF MANUSCRIPT
All articles submitted to the Journal must comply with these instructions. Failure to do so will result in
return of the manuscript and possible delay in publication.
Manuscripts should be written so that they are intelligible to the professional reader who is not a specialist
in the particular field. Where contributions are judged as acceptable for publication on the basis of
scientific content, the Editor or the Publisher reserve the right to modify typescripts to eliminate ambiguity
and repetition and improve communication between author and reader. If extensive alternations are
required, the manuscript will be returned to the author for revision.
ENGLISH IMPROVEMENT
Manuscripts must be written in English. Authors whose native language is not English are strongly
recommended to have their submissions checked by a qualified, native speaker. Where contributions are
judged as acceptable for publication on the basis of scientific content but where the English is poor, the