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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL DE SANTA MARIA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM REDES DE
COMPUTADORES
REDE DE MONITORAMENTO DE FALHAS
TEMPORÁRIAS E/OU PERMANENTES EM
SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Tiago Saidelles
Santa Maria, RS, Brasil 2013
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REDE DE MONITORAMENTO DE FALHAS TEMPORÁRIAS
E/OU PERMANENTES EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA
Tiago Saidelles
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores do Colégio Técnico
Industrial de Santa Maria, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção de grau de
Tecnólogo em Redes de Computadores
Orientador: Prof. Dr. Claiton Pereira Colvero
Santa Maria, RS, Brasil
2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL DE SANTA MARIA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM REDES DE
COMPUTADORES
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
REDE DE MONITORAMENTO DE FALHAS TEMPORÁRIAS E/OU
PERMANENTES EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
elaborado por
Tiago Saidelles
Como requisito parcial para a obtenção de grau de Tecnólogo em Redes de Computadores
COMISSÃO EXAMINADORA:
Claiton Pereira Colvero, PhD. (Orientador)
Eugênio de Oliveira Simonetto, PhD. (UFSM)
Renato Preigschadt de Azevedo, Msc. (UFSM)
Santa Maria. 08 de janeiro de 2014
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DEDICATÓRIA
Primeiramente agradeço a Deus, o centro e o fundamento de tudo em minha vida, por
renovar a cada momento a minha força e disposição e pelo discernimento concedido ao longo
dessa jornada.
A minha namorada Lizandra Teixeira da Rocha que de forma especial e carinhosa me
deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades pelas quais passei durante
esse período de construção do TCC. Obrigado por contribuir com tantas palavras de força e
ajuda.
Aos meus pais, Rubens Flores Saidelles e Rita de Cássia Saidelles, pela vida, amor e
dedicação e por terem me proporcionado essa oportunidade de um futuro promissor.
A meu orientador, prof. Dr. Claiton Colvero, que acreditou em mim; que ouviu
pacientemente as minhas considerações partilhando comigo as suas ideias, conhecimento e
experiências e que sempre me motivou. Quero expressar o meu reconhecimento e admiração
pela sua competência profissional e minha gratidão pela sua amizade, por ser um profissional
extremamente qualificado e pela forma humana que conduziu minha orientação.
Agradeço a todos os professores do curso de Tecnologia em Redes de Computadores
que de uma forma ou outra me auxiliaram na realização deste trabalho e em especial ao
Professores Msc. Célio Trois, Msc. Renato Preigschadt e Msc. Tiago Antonio Rizzetti pela
ajuda no desenvolvimento das atividades de elaboração do projeto, me auxiliando com muito
Profissionalismo e empenho.
E por último, mas não com menos importância meu avô que infelizmente não se
encontra mais entre nós José Garibaldi Saidelles merece um agradecimento especial. Pois com
sua experiência e caráter irretocável, me passou diversas lições de vida e que foram
fundamentais na minha formação como pessoa.
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RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
Colégio Técnico Industrial De Santa Maria
Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores
Universidade Federal de Santa Maria
REDE DE MONITORAMENTO DE FALHAS TEMPORÁRIAS E/OU
PERMANENTES EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
AUTOR: TIAGO SAIDELLES
ORIENTADOR: CLAITON PEREIRA COLVERO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 08 de janeiro de 2014.
Uma nova tendência mundial de tecnologia de redes está surgindo no mercado,
conhecida como rede inteligente ou smart-grid. Atualmente a forma como a distribuição de
energia é realizada e a sua tarifação pode ser considerada arcaica na visão de muitos
especialistas, pois em geral o sistema depende muito de uma única fonte geradora e de
controle, sendo que em caso de falha, toda rede fica sem serviço até a devida correção.
Motivados para atender uma demanda crescente das companhias de distribuição de
energia elétrica, oriunda de um grande número de reclamações de interrupção do
fornecimento de energia juntamente com a interface oferecida pelo Serviço de Atendimento
ao Cliente (SAC), definido como ineficiente pela grande maioria dos consumidores que estão
sem energia e que cada vez mais dependem deste recurso, desenvolveu-se um sistema
completo de monitoramento, sensoriamento e atuação em tempo real para minimizar os
prejuízos causados por falhas em transformadores de distribuição de energia elétrica. Este
sistema também contempla a criação de um Website para visualização de forma remota dos
dados gerados pelo monitoramento. Assim, o projeto visa tornar mais eficiente o atendimento
ao cliente, oferecendo a abertura do chamado e a emissão da ordem de serviço para o
restabelecimento da energia elétrica, através de uma rede de tempo real entre os dispositivos
de monitoramento da rede e de uma Central de Controle e Atendimento Automática.
O desenvolvimento do sistema juntamente com a interface intuitiva e direta do website
visa aumentar significativamente a qualidade do serviço prestado ao cliente e a satisfação do
mesmo com a empresa.
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ABSTRACT
Completion Of Course Work
Colégio Técnico Industrial De Santa Maria
Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores
Universidade Federal de Santa Maria
MONITORING NETWORK OF TEMPORARY AND/OR PERMANENT FAULTSIN
ELECTRICAL ENERGY DISTRIBUTION SYSTEMS
AUTHOR: TIAGO SAIDELLES
SUPERVISOR: CLAITON PEREIRA COLVERO
Date and Place of Defense: Santa Maria, January08, 2014.
A new global trend of network technology is appearing, called smart grid. Currently,
the method of the energy distribution and its control has been considered archaic in point of
the view of many experts, mainly based on a single source generating and control. In case of
fault, all network is out of service until fix the problem.
Motivated by a growing demand from Energy Companies, originated from a large
number of complaints of interruption of electricity supply, and with the interface offered by
the Customer Service (SAC), defined as inefficient by most consumers, who are without
energy and that increasingly depend on this resource, we developed a complete system of
monitoring, sensing and action in real time to minimize losses caused by faults of the energy
distribution transformers. This system also includes the creation of a website for viewing
remotely generated data for monitoring. This project has the objective to make more efficient
customer service, automatically offering the service request and the order service for the turn
on the energy, through a real-time network of monitoring between sensor devices and a
Central Control and Monitoring.
The development of the system together with the simple and intuitive interface of the
website to increase significantly the quality of customer service and satisfaction with the
company.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Canais de Operação do ZigBee. ...................................................................... 19
Figura 2 - Dispositivo de uma Rede ZigBee .................................................................... 20
Figura 3 - Camadas de Protocolos .................................................................................. 21
Figura 4 - Topologia ZigBee.......................................................................................... 23
Figura 5 - Estrutura do Superframe ................................................................................ 25
Figura 6 - Mensagem Broadcast .................................................................................... 25
Figura 7 - Mensagem Multicast ..................................................................................... 26
Figura 8 - Mensagem Unicast ........................................................................................ 26
Figura 9 - Página Inicial em PhpMyAdmin ...................................................................... 29
Figura 10 - Estrutura de um FrameAPI ........................................................................... 31
Figura 11 - FrameAPI .................................................................................................. 32
Figura 12 - Organograma de Funcionamento do Dispositivo Final .................................... 35
Figura 13 - Organograma de Funcionamento do Coordenador .......................................... 36
Figura 14 - Configuração dos Módulos do Sensor ZigBee ................................................ 37
Figura 15 - Configuração dos Módulos ZigBee dos Sensores ............................................ 37
Figura 16 - Organograma Banco de dados da Central de Monitoramento ........................... 39
Figura 17 - Organograma do Banco de dados - Interface de Interação com o Cliente ........... 40
Figura 18 – Tela de Login dos Clientes........................................................................... 41
Figura 19 – Tela de Visualização das Informações da Empresa ......................................... 41
Figura 20 – Tela de Contato com a Ouvidoria ................................................................. 41
Figura 21 – Tela de Visualização dos Dispositivos da Rede de Sensores ............................ 42
Figura 22 – Tela de Login dos Funcionários da Companhia de Energia .............................. 42
Figura 23 – Tela de Cadastro de Novos Sensores Instalados na Rede Elétrica ..................... 42
Figura 24 – Tela com Funcionalidades de Impressão das Ordens de Serviço ...................... 43
Figura 25 – Tela de Visualização de Chamados para Reestabelecimento da Energia ........... 43
Figura 26 – Tela de Consulta e Visualização dos Chamados para a Ouvidoria .................... 43
Figura 27 – Implementação do Banco de Dados .............................................................. 44
Figura 28 - Sistema Desenvolvido em Linguagem Python ................................................ 45
Figura 29 - Sistema para Leitura da Porta Serial .............................................................. 46
Figura 30 - Organograma de Funcionamento do Sistema .................................................. 46
Figura 31 - Arquivos de Log do Sistema ......................................................................... 47
Figura 32 - Dispositivos com Falha de Energia Sinalizados .............................................. 48
Figura 33 - Tabela de Log do Sistema ............................................................................ 48
Figura 34 - Tabela Ordem de Serviço ............................................................................. 48
Figura 35 - Tabela de Dispositivos Cadastrados .............................................................. 49
Figura 36 - Circuito do Sensor Implementado ................................................................. 50
Figura 37 – Protótipo do Sensor Implementado ............................................................... 52
Figura 38 – Especificações do Módulo ZigBee ................................................................ 53
Figura 39 – Descrição das Funções Atribuídas dos Pinos do Módulo ZigBee ...................... 53
Figura 40 - Gateway da Digi Utilizado no Projeto ........................................................... 54
Figura 41 - Servidor WampServerWeb ........................................................................... 55
Figura 42 - Página Inicial da Interface da Central de Monitoramento ................................. 56
Figura 43 - Menu de Opções da Interface da Central Monitoramento ................................. 57
Figura 44 - Ordem de Serviço da Central de Monitoramento ............................................ 57
Figura 45 – Tela de Exemplo do Serviço de Ouvidoria ..................................................... 58
Figura 46 - Cadastro de Novos Dispositivos Sensores na Rede ......................................... 58
Figura 47 - Manutenção Preventiva das Redes de Distribuição de Energia Elétrica ............. 60
Figura 48 - Pesquisa de Satisfação dos Clientes ............................................................... 61
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Figura 49 - Gráfico das Pesquisas de Satisfação dos Clientes ............................................ 62
Figura 50 - Página Inicial da Interface de Interação com os Clientes .................................. 63
Figura 51 - Página de Login da Interface de Interação com os Clientes .............................. 63
Figura 52 - Tela de Consulta de Ordem de Serviço pelo Cliente ........................................ 64
Figura 53 – Informações Sobre a Empresa Distribuidora de Energia Elétrica ...................... 64
Figura 54 – Tela do Cliente na Central de Ouvidoria ........................................................ 65
Figura 55 – Ensaios Realizados com o Protótipo em Escala Reduzida ............................... 66
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A/D Analógico/Digital
ADC Analog to Digital Converter
API Application Programming Interface
CDMA Code Division Multiple Access
CSMA-CA Carrier Sense Multiple Access with Collision Avoidance
HTTP Hypertext Transfer Protocol
m Metros
mA MiliAmpére
µA MicroAmpére
MAC Media Access Control
Mbps Megabits por segundo
MHz MegaHertz
ms Milisegundos
PAN Personal Area Network
PAN ID Personal Area Network Identificator
PHY Camada Física
RFD Reduced Function Device
USB Universal Serial Bus
V Volts
Vcc Tensão Contínua
WLAN Wireless Local Area Network
WMAN Wireless Metropolitan Area Network
WPAN Wireless Personal Network
WWAN Wireless Wide Area Network
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 15
2.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 15
2.2. Objetivos específicos ......................................................................................... 15
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 16
4. DESENVOLVIMENTO ........................................................................................ 18
4.1. Principais características do padrão ZigBee ...................................................... 19
4.2. Configurações de perfil dos dispositivos no padrão ZigBee ............................... 20
4.3. Camadas de protocolos do padrão ZigBee ........................................................ 20
4.3.1. Camada Física (PHY)...................................................................................... 21
4.3.2. Camada Media Access Control (MAC) ............................................................ 21
4.3.3. Camada de Rede (NWK) ................................................................................. 22
4.4. Funções dos Dispositivos ZigBee ...................................................................... 22
4.5. Segurança das informações no padrão ZigBee ................................................. 22
4.6. Topologia de rede do padrão ZigBee ................................................................. 23
4.7. Montagem de uma rede no padrão ZigBee ........................................................ 24
4.8. Modos de operação do padrão ZigBee .............................................................. 24
4.8.1. Modo Non-Beaconing ...................................................................................... 24
4.8.2. Modo Beaconing ............................................................................................. 24
4.9. Tipos de mensagens nas redes ZigBee ............................................................. 25
4.9.1. Mensagens em Broadcast ............................................................................... 25
4.9.2. Mensagens Multicast ....................................................................................... 25
4.9.3. Mensagens Unicast ......................................................................................... 26
4.10. Endereçamento dos módulos no padrão ZigBee ............................................. 26
5. FERRAMENTAS UTILIZADAS NO PROJETO .................................................. 27
5.1. Programação Web ............................................................................................. 27
5.2. Programação em linguagem PHP ...................................................................... 27
5.3. Servidor Apache ................................................................................................. 28
5.4. Banco de dados ................................................................................................. 28
5.5. PhpMyAdmin ...................................................................................................... 28
5.6. Python ................................................................................................................ 29
5.7. SQLite ................................................................................................................ 29
5.8. JavaScript ........................................................................................................... 30
5.9. Software comercial X-CTU ................................................................................. 30
6. MODOS DE OPERAÇÃO DO ZIGBEE .............................................................. 31
6.1. Quadro de dados em modo API ......................................................................... 31
7. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ............................................................... 33
7.1. Configuração dos Sensores ............................................................................... 34
7.2. Configuração dos módulos ZigBee com o X-CTU .............................................. 36
7.3. Operação do Banco de Dados ........................................................................... 39
7.4. Operação da Interface de Relacionamento com os Clientes.............................. 40
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7.5. Operação da Interface da Central de Monitoramento ........................................ 41
7.6. Acionamento dos Sensores e Identificação do Software ................................... 44
7.7. Decodificação e Monitoramento dos Dados Recebidos ..................................... 45
7.8. Operação da Interface em Python ...................................................................... 46
7.9. Tabelas de Log do Sistema ................................................................................ 47
7.10. Teste de Integração em Escala Reduzida ........................................................ 49
8. CONSTRUÇÃO DO MÓDULO SENSOR ........................................................... 50
8.1. Interfaces de Usuários e Controle ...................................................................... 54
8.2. Manutenção Preventiva da Rede ....................................................................... 59
9. ENSAIOS DE LABORATÓRIO: ......................................................................... 66
10. CONCLUSÕES .................................................................................................. 68
11. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 69
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1. INTRODUÇÃO
A energia, nas suas mais diversas formas, é indispensável à sobrevivência da espécie
humana. E mais do que sobreviver, o homem procurou sempre evoluir, descobrindo fontes e
formas alternativas de adaptação ao ambiente em que vive e de atendimento às suas
necessidades. Em termos de suprimento energético, a eletricidade se tornou uma das formas
mais versáteis e convenientes de energia, passando a ser recurso indispensável e estratégico
para o desenvolvimento socioeconômico de muitos países e regiões.
Mas na atualidade em que vivemos cada dia mais nos deparamos com situações de
grandes apagões gerados muitas vezes por fenômenos climáticos ou até mesmo por desgastes
de equipamentos com o passar dos anos, proporcionando assim uma grande catástrofe tanto
na economia quanto na vida da população, por falta deste recurso tão precioso.
Com base nos dados relativos as últimas adversidades climáticas que vem castigando
o País, cada dia mais a população vem constatando uma grande demora no atendimento e
solução dos devidos problemas relacionados à falta de energia elétrica.
Em função desta dificuldade e demora do restabelecimento da energia decorrente
destes intempéries, os clientes das companhias de energia elétrica estão reivindicando
melhorias nos setores que dizem respeito à segurança, atendimento e também na agilidade no
restabelecimento deste bem tão importante que é a energia elétrica.
Embora seja possível calcular precisamente os prejuízos para a economia tanto na
zona urbana quanto rural, os incômodos pessoais gerados pela falta de energia elétrica são
significativamente muito impactantes também, como por exemplo, o consumidor ficar
diversas horas consecutivas na escuridão, começar a se preocupar em perder alimentos ou
medicamentos que necessitam de refrigeração, equipamentos elétricos danificados por
oscilações na energia, etc.
Visando diminuir o impacto social da falta de energia agilizando o canal de
reclamações para proporcionar uma melhor solução para as tantas reivindicações dos clientes,
especialmente notado pelos mesmos como demora no atendimento nos Call Centers e
também no deslocamento da equipe de manutenção, está sendo desenvolvido um sistema
automático de monitoramento das redes de distribuição de energia elétrica. Este sistema
possibilita uma maior rapidez no atendimento, não necessitando que os clientes entrem em
contato, via Call Center, para gerar sua ordem de serviço, deixando assim de ter a
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necessidades aguardar por longos períodos de tempo para apenas registrar sua interrupção de
energia elétrica.
O presente Projeto apresenta o desenvolvimento de um Sistema de Monitoramento
Automático de Falhas em Transformadores de Redes de Distribuição de Energia Elétrica, que
concentra os dados coletados e as estatísticas de interrupções de fornecimento permanentes e
temporárias em de um servidor Web. Estas informações permitem a verificação e auditoria
destas informações de forma remota. Este sistema está sendo implementado junto as empresas
de distribuição de energia elétrica com o objetivo de gerar a emissão de ordens de serviço
automaticamente, sem a necessidade de o cliente entrar em contato com a empresa
correspondente, dispensando a emissão manual da mesma.
Como ferramenta mais importante deste projeto, também é apresentada uma base de
dados vital para as distribuidoras de energia elétrica, possibilitando o monitoramento em
tempo real de interrupções temporárias de fornecimento. Estas interrupções temporárias, que
são caracterizadas pela queda momentânea de energia e reestabelecimento automático,
conhecido popularmente como “pico de luz”, funcionam como um termômetro de aviso de
problemas futuros na rede. Problemas temporários frequentes nos mesmos pontos,
devidamente analisados estatisticamente, indicam a necessidade de incursões de manutenção
preventiva necessária, que pode ser realizada com agendamento prévio em condições de
tempo bom. Esta informação agrega para as distribuidoras de energia uma grande vantagem
comercial, pois evita em grande parte a manutenção corretiva emergencial sob condições
adversas do tempo, como chuvas, temporais, granizo, tempestades, ventos, períodos noturnos,
entre outros. A programação de manutenção preventiva, além de proporcionar uma economia
de horas extras e adicionais noturnos, também evita que as equipes de campo sejam expostas
a condições de alto risco oferecidos em geral pelos chamados de emergência, como assaltos e
roubos, perigos de choques elétricos, raios, cargas de ventos, etc.
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2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Este trabalho está sendo desenvolvido com o objetivo de implementar uma rede
industrial de tempo real e adaptativa, montada em topologia mesh, com capacidade de
fornecer o monitoramento e controle automático de falhas em transformadores de redes de
distribuição de energia elétrica, utilizando dispositivos baseados na tecnologia ZigBee.
2.2. Objetivos específicos
Observando o alto índice de ligações aos Call Centers referente a interrupções de
energia e a grande demora relativa das Companhias de Distribuição de Energia Elétrica em
atender as ligações e solucionar os problemas após a emissão da ordem de serviço, e
motivados por esse processo descrito anteriormente, desenvolveu-se um sistema completo de
monitoramento, sensoriamento e atuação em tempo real para minimizar os prejuízos causados
por falhas em transformadores de distribuição de energia elétrica, com armazenamento e
disponibilização dos dados em uma página web. Desta forma destacam-se então:
- Criação de uma sistema de monitoramento e controle de falhas de distribuição de
energia elétrica em tempo real;
- Desenvolvimento de um protótipo de sensor de campo;
- Criação de um banco de dados com eventos selecionados e organizados;
- Desenvolvimento de uma plataforma web de acesso remoto;
- Criação de uma interface simplificada para clientes e administradores;
- Integração do sistema com as redes de distribuição de energia elétrica.
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3. METODOLOGIA
Com o objetivo de otimizar o desenvolvimento das atividades propostas deste projeto,
que contempla diversas áreas de conhecimento, o trabalho está sendo realizado segundo a
seguinte divisão:
a) Pesquisa de mercado por demandas das companhias distribuidoras de energia:
Estudo dos diferentes condições em que o projeto iria atuar no mercado, em que setor
as distribuidoras de energia elétrica teriam maior necessidade de inovação. Para isso ficar de
maneira clara foi feito um estudo baseado no relatório de sustentabilidade da empresa AES Sul
Distribuidora Gaúcha de Energia S/A. Desta forma utilizando os dados destas pesquisas
chegamos ao consentimento que o maior problema está se dando no setor de atendimento ao
cliente, para suprir estas necessidade foi implementado um sistema completo de
monitoramento de falhas em Transformadores de rede de distribuição elétrica baseada em
uma rede sem fio.
b) Pesquisa por tecnologias que suprissem a necessidade do projeto:
Após uma detalhada pesquisa de mercado, não foi encontrada nenhuma solução
comercial que atendesse completamente a demanda do projeto. Desta forma foi estruturado
um conjunto de elementos que pudessem suprir as necessidades de cada etapa do
desenvolvimento, e definido a utilização da tecnologia ZigBee como melhor opção em termos
de qualidade dos equipamentos, confiabilidade e principalmente custo final.
c) Montagem dos protótipos:
Foi realizada a aquisição dos equipamentos necessários para a implementação do
projeto e do seu cenário de testes. Foram comprados componentes eletrônicos e também os
dispositivos relativos aos comunicadores sem fio com módulos ZigBee. Também foi utilizado
um Gateway, da marca Digi para o interfaceamento com uma rede de comunicações com
tecnologia 3G. A partir deste estágio foi executada a montagem dos módulos sensores.
d) Desenvolvimento das interfaces de software e montagem da rede sem fio:
Para a comunicação e interpretação dos dados obtidos, foi necessária a adaptação de
alguns programas em linguagem Python, disponibilizados pelo fabricante dos módulos ZigBee,
e o estudo teórico baseado em pesquisas no site da Digi, monografias, dissertações, teses e sites
que tratam de documentação associada ao conteúdo do trabalho, detalhados no capítulo de
referências bibliográficas deste relatório. Para a organização e seleção dos dados obtidos com os
dispositivos sensores de falta de energia, foi desenvolvido e utilizado um banco de dados com
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capacidade de visualização dos eventos ocorridos por data, horário, local, reincidência,
gravidade, tempo de falha, entre outros. Também foi desenvolvido um ambiente online de
cadastro e consulta das informações adquiridas de forma remota, oferecendo uma interface
simplificada para usuários da rede e operadores.
e) Integração dos sistemas desenvolvidos para a operação:
Com os módulos sensores com tecnologia ZigBee se comunicando e as interfaces de
software operando, foi realizada a integração de todos os sistemas e a correção de eventuais
falhas de análise ou importação de informações, para garantir o total funcionamento em
condições reais de uso no monitoramento de uma rede de distribuição de energia elétrica.
f) Ensaios em laboratório e análise dos dados obtidos:
Para encerrar este projeto, estão sendo realizados ensaios em laboratório com o
sistema operando de forma controlada, garantindo a calibração de todos os eventos
monitorados neste período. Com os dados recolhidos e armazenados, foram realizados
diversos testes de eficiência e compatibilidade de operação em diferentes condições de
utilização. Estes resultados estão descritos no desenvolvimento deste relatório.
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4. DESENVOLVIMENTO
A comunicação sem fio popularmente chamada de wireless está presente algum tempo
na vida das pessoas, desde as primeiras transmissões de rádio no início do Século até nos dias
atuais com a enorme expansão dos padrões.
As recomendações do IEEE (Institute of Electrical and Eletronics Engineers),
particularmente as recomendações da série IEEE 802.11, são os exemplos mais conhecidos para
os padrões de redes sem fio e que nos permitem considerar a existência de quatro grandes grupos:
- WPAN (Wireless Personal Area Network) Onde estão as tecnologias wireless de
pequeno alcance (entre 10 e 100 metros). É um padrão para redes locais, definido pelo IEEE
802.15, para o endereçamento de redes sem fio que utilizam dispositivos portáteis ou móveis
tais como PC’s, PDA’s, periféricos, celulares, pager’s, etc;
- WLAN (Wireless Local Area Network): Onde estão as tecnologias sem fio
destinadas à interligação de redes locais com alcance entre 100 e 300 metros. Trata-se de
padrão implementado como extensão ou alternativa para as redes com cabeamento
convencional (par metálico ou fibra óptica);
- WMAN (Wireless Metropolitan Area Network):Neste grupo temos as tecnologias
que tratam dos acessos de banda larga para última milha para redes em áreas metropolitanas,
com alcance em torno de 6km;
- WWAN (Wireless Wide Area Network): Neste grupo estão as tecnologias voltadas
para redes de longa distância em telecomunicações, atendendo aos serviços de voz e alguns
serviços de dados.
Essa expansão das redes sem fio aconteceu com o avanço da tecnologia. Mas essas
redes sem fio têm como objetivo principal transportar altas taxas de transferência para voz,
dados e imagem, o que torna caros para aplicações mais simples como sensoriamento. As
redes de sensores sem fio são baseadas em uma tecnologia que surgiu recentemente com o
intuito de monitorar e controlar remotamente. Ela consiste de um grande número de sensores
distribuídos numa região de interesse, e são tipicamente alimentados por baterias chegando a
operar por períodos longos de tempo. Dentre as tecnologias de comunicação sem fio para
sensoriamento que se destaca atualmente é o ZigBee (STUHLER, 2012).
Segundo Carissimi uma rede sem fio é um sistema de comunicação ponto-a-ponto
também chamado radio-enlace que utiliza uma portadora eletromagnética que se
propaga pela atmosfera como meio de comunicação entre dois pontos).
(CARISSIMI,2009-p119)
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A tecnologia ZigBee na verdade é um padrão de comunicação wireless que tem por
objetivo prover uma rede de monitoramento e controle com baixas taxas de dados, baixas
taxas de processamento e com grande autonomia de operação. Ele foi desenvolvido
especificamente para aplicações de baixo custo alimentado por baterias, nesta categoria se
aplicam sensores de diversos tipos para uso em automação industrial e comercial.
Seu desenvolvimento serviu para ser uma alternativa de comunicação simples, usado
onde não necessitem de soluções complexas, com isso torna-se viável para aplicações de
baixo custo como sensoriamento.
No protocolo ZigBee utiliza se o padrão 802.15.4, cuja a camada física foi desenvolvida
em um elevado nível de integração permitindo simplicidade nos equipamentos (SANTOS, 204).
A camada física, que é baseada o padrão 802.15.4, pode operar em duas faixas de
frequências livres. Essas frequências operam na banda ISM (Industrial, Scientific and
Medical), não requerendo licença para funcionamento, desde que atendam satisfatoriamente
as restrições de emissão de radiação não ionizante, conforme demonstrado na Figura 1.
Figura 1 - Canais de Operação do ZigBee.
Fonte: http://www.gta.ufrj.br
4.1. Principais características do padrão ZigBee
O padrão ZigBee (IEEE 802.15.4) foi projetado objetivando apresentar as seguintes
características:
Consumo de potência baixo e implementação simples, com interfaces de baixo custo,
dois estados principais de funcionamento: "active" para transmissão e recepção e "sleep",
quando não está transmitindo, simplicidade de configuração e redundância de dispositivos
(operação segura), densidade elevada dos nós pôr a rede. As camadas PHY e MAC permitem
que as redes funcionem com grande número de dispositivos ativos. Este atributo é crítico para
aplicações com sensores e redes de controle, protocolo simples que permite a transferência
confiável de dados com níveis apropriados de segurança.
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4.2. Configurações de perfil dos dispositivos no padrão ZigBee
Os dispositivos podem ser configurados como coordenadores, roteadores ou
dispositivos finais, de acordo com sua aplicação na rede que será implementada.
a) Coordenador (Coordinator): Ele é o responsável por iniciar uma rede ZigBee,
sempre permanece em estado ativo para efetuar o roteamento dos dados e o
controle.
b) Roteador (Router): ele é o responsável por rotear os dados, mais complexos
eletronicamente que os dispositivos finais, possuem tabelas de roteamento que
auxiliam para encontrar o menor caminho para os dados chegar ao destinatário.
c) Dispositivo Final (EndDevice): Como o próprio nome o sugere é o último nó da
rede, eletronicamente mais simples que os demais e, portanto mais baratos, passam
a maio parte do tempo inativo economizando energia. Na Figura 2 pode-se
observar os tipos de dispositivos de uma rede ZigBee.
Figura 2 - Dispositivos de uma Rede ZigBee
Fonte: http://www.projetoderedes.com.br
4.3. Camadas de protocolos do padrão ZigBee
A publicação do padrão IEEE 802.15.4 definiu interfaces com baixas taxas de transmissão
(menores que 250kbps) e estabeleceu uma estrutura de rede que incorpora os conceitos de redes ad-
hoc, características de conexão em malha e em multi-hop (múltiplos saltos).
Adicionalmente, novos algoritmos de segurança e perfis de aplicação foram definidos
objetivando garantir a segurança e a perfeita interação entre os diversos equipamentos, na Figura
3 observam-se as camadas de Protocolos usadas na tecnologia ZigBee.
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Figura 3 - Camadas de Protocolos
Fonte: http://www.projetoderedes.com.br
A camada física (PHY) foi projetada para acomodar as necessidades de interfaces de
baixo custo, permitindo níveis elevados de integração. O uso da técnica de
transmissão de Sequência Direta (DSS) permite que os equipamentos sejam muito
simples, possibilitando implementações mais baratas. A camada PHY oferece a
interface com o meio físico onde as comunicações realmente ocorrem. A camada
PHY é a menor camada do modelo ISO / OSI (GUTIÉRREZ, 2007).
4.3.1. Camada Física (PHY)
A camada PHY é responsável pela ativação e desativação do transmissor/receptor de rádio
(transceiver), detecção de energia (Energy Detection - ED) dentro do canal atual, indicação de
qualidade do link (Link Quality Indication - LQI) para os pacotes recebidos, avaliação de canal
livre (Clear Channel Assessment - CCA) para o (CSMACA) e a seleção da frequência do canal.
A norma IEEE 802.15.4-2003 tem duas camadas PHY que operam em duas faixas de
frequências separadas: 868/915 MHz e 2,4 GHz. A camada PHY de menor frequência
abrange tanto a banda de 868 MHz, utilizada na Europa, quanto à de 915 MHz,
utilizada em países como os Estados Unidos e Austrália. A camada PHY de maior
frequência é usada em todo o mundo. Para cada frequência um número de canais é
disponibilizado: 2,4 GHz (16 canais) / 915 MHz (10 canais) / 868 MHz (1 canal)
(ZIGBEE ALLIANCE, 2007).
4.3.2. Camada Media Access Control (MAC)
Foi projetada para permitir topologias múltiplas com baixa complexidade, onde o
gerenciamento de energia, por exemplo, não requer modos de operação complexos. O MAC
também permite que um dispositivo com funcionalidade reduzida (RFD) opere na rede sem a
necessidade de grandes quantidades de memória disponíveis, podendo controlar também um
grande número de dispositivos sem a necessidade de colocá-los "em espera", como ocorre em
algumas tecnologias sem fio.
Page 22
22 4.3.3. Camada de Rede (NWK)
Foi projetada para possibilitar o crescimento da rede sem a necessidade de
equipamentos de transmissão de potência mais elevada. A camada de rede também pode
operar quantidades grandes de nós de rede com latências relativamente baixas.
Utiliza um algoritmo que permite implementações da pilha de protocolos visando
balancear os custos das unidades em aplicações específicas, o consumo das baterias, buscando
produzir soluções com o perfil específico de custo-desempenho para a aplicação.
As responsabilidades da camada NWK ZigBee incluem em iniciar uma rede, aderir e
abandonar uma rede, configurar um novo dispositivo, endereçamento, sincronização dentro de
uma rede, segurança e roteamento.
4.4. Funções dos Dispositivos ZigBee
Dispositivo de função completa (FFD – Full – Function Device): Está apto a funcionar
como coordenador, roteador ou dispositivo final, com maior complexidade e poder
computacional, pode se comunicar tanto com os FFDs quanto com os RFDs.
Dispositivos de função reduzida (RFD – Reduced – Function Device): São
equipamentos de função reduzida, são mais simples eletronicamente e atuam apenas como
dispositivo final (end-pointings) comunicando somente com os FFDs, sua simplicidade tem
como vantagem um consumo de energia e custo menor.
Devemos observar que em topologias com configuração estrela, uma rede ZigBee requer
pelo menos um dispositivo FFD atuando como coordenador da rede e os demais dispositivos
podem ser do tipo RFD para reduzir o custo do sistema. Para topologias ponto-a-ponto (Peer-to-
Peer) e em árvore, todos os dispositivos devem ser FFD.
4.5. Segurança das informações no padrão ZigBee
O padrão ZigBee adotou a proposta de um novo algoritmo de segurança, baseado na
simplificação do algoritmo de roteamento AODV (Ad-hoc On-demand Distance Vector). Esta
proposta foi adotada como parte da especificação IEEE 802.15.4.
A camada MAC utiliza o padrão AES (Advanced Encryption Standard) como seu algoritmo
de criptografia, descrevendo uma variedade de rotinas de segurança. Estas rotinas têm como
objetivo prover a confidencialidade, a integridade e a autenticidade dos frames da camada MAC.
O padrão suporta diferentes tipos de tráfego de dados que exigem atributos diferentes
da camada MAC. O MAC IEEE 802.15.4 é flexível o bastante para assegurar o transporte de
cada um dos tipos de tráfego como, dados periódicos, provenientes de sensores, dados
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23 intermitentes, provenientes de interruptores e chaves e dados provenientes de dispositivos
repetitivos de baixa latência como, por exemplo, um mouse.
4.6. Topologia de rede do padrão ZigBee
A camada de rede do ZigBee pode possuir três topologias que usualmente são
empregadas: Árvore, estrela ou malha. Essas características determinarão se a rede pode ser
mais robusta, mais econômica, centralizadora ou distribuída.
Nas redes de topologia estrela existe apenas um único coordenador central, tem como
vantagem a simplicidade e proporciona uma vida mais longa da bateria em tempos de
operação, e como desvantagem tem o menor alcance e a dependência da rede sobre um único
coordenador. Já nas redes de topologia em Malha (mesh) existe maior flexibilidade, segurança
e escalabilidade, pois tem como vantagem a possibilidade de mais de um caminho de acesso
entre os nós desde que estejam dentro do alcance, mas continua existindo apenas um
coordenador. E por último na topologia árvore tem-se como vantagem mais de um
centralizador, é uma configuração hibrida que combina o melhor das topologias estrela e
malha. Com a presença de mais de um centralizador e vários roteadores há um aumento da
segurança do alcance da rede. A Figura 4 demonstra alguns exemplos de topologia.
Figura 4 - Topologia ZigBee
Fonte: ZigBee Wireless Technology
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4.7. Montagem de uma rede no padrão ZigBee
A formação de uma nova rede ZigBee é dada e iniciada através de uma primitiva
restrita apenas ao coordenador que não pertence a nenhuma rede, para inicializar uma rede o
coordenador procura por um conjunto de canais, e quando esta procura se completa os canais
são organizados em ordem decrescente de níveis de energia. O coordenador então procura em
cada canal por dispositivos ou redes ZigBee.
Baseado neste resultado, o coordenador escolhe o melhor canal para criar uma nova
rede, dando preferência para canais nos quais não foram encontradas outras redes.
Então o coordenador escolhe um identificador de rede lógico (um número) que será
atribuído a todo dispositivo que ingressar na rede. Finalmente o coordenador permite
outros dispositivos ingressarem na rede. (AZEVEDO, 2006, p. 2).
Para o escaneamento dos canais e enviado um beacon em broadcast para cada canal,
se o canal já estiver em uso é recebido pelo coordenador uma resposta com Personal Area
Network Identificator (PAN ID) do canal este escaneamento e denominado PAN Scan. O
tempo decorrente da entrada de um nó na rede é de um intervalo de 30 ms.
4.8. Modos de operação do padrão ZigBee
4.8.1. Modo Non-Beaconing
Nesse modo a maioria dos nós da rede permanecem sempre com seus receptores ativos,
consumindo mais energia. É importante notar, que nesse modo, os dispositivos devem ser
alimentados com fontes de energia mais potentes e duradouras que pilhas ou baterias comuns.
4.8.2. Modo Beaconing
O tempo todo os dispositivos com funções de roteador, transmitem de tempos em
tempos, sinalização (beaconing) para tentar confirmar sua presença aos outros roteadores da
mesma rede. Já os outros nós da rede só precisam estar ativos no momento da sinalização,
mas esses dispositivos devem ser configurados para perceber o período em que ocorrerá esta
sinalização, pois no modo beaconing a maioria dos dispositivos permanecem dormindo
(Sleep). Nesse modo, o consumo de energia é o mínimo possível (ROGÉRIO, 2008). A Figura
5 demonstra a estruturas de um frame API.
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Figura 5 - Estrutura do Superframe
Fonte: Manual XBee
4.9. Tipos de mensagens nas redes ZigBee
4.9.1. Mensagens em Broadcast
Comunicação na qual um quadro é enviado de um endereço para todos os outros
endereços. Nesse caso, há apenas um remetente, mas as informações são enviadas para todos
os receptores conectados. A transmissão de broadcast é essencial durante o envio da mesma
mensagem para todos os dispositivos na rede local. Um exemplo de transmissão de broadcast
é a consulta de resolução de endereço que o protocolo de resolução de endereços (ARP,
Address Resolution Protocol) envia para todos os computadores em uma rede local. Um
exemplo de mensagem em broadcast está demonstrado na Figura 6.
Figura 6 - Mensagem Broadcast
Fonte: http://nomundodasredes.blogspot.com.br
4.9.2. Mensagens Multicast
Comunicação na qual um quadro é enviado para um grupo específico de dispositivos
ou clientes. Os clientes da transmissão multicast devem ser membros de um grupo multicast
lógico para receber as informações. Um exemplo de transmissão multicast é a transmissão de
vídeo e de voz associada a uma reunião de negócios colaborativa, com base em rede, como
demonstrado na Figura 7.
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Figura 7 - Mensagem Multicast
Fonte: http://nomundodasredes.blogspot.com.br
4.9.3. Mensagens Unicast
Comunicação na qual um quadro é enviado de um host e endereçado a um destino
específico. Na transmissão unicast, há apenas um remetente e um receptor. A transmissão
unicast é a forma predominante de transmissão em redes locais e na Internet. Entre os
exemplos de protocolos que usam transmissões unicast estão HTTP, SMTP, FTP e Telnet
(ROGÉRIO, 2008). A Figura 8 demonstra a transmissão de uma mensagem em unicast.
Figura 8 - Mensagem Unicast
Fonte: http://nomundodasredes.blogspot.com.br
4.10. Endereçamento dos módulos no padrão ZigBee
O protocolo 802.15.4 o qual o ZigBee faz parte especifica dois tipos de
endereçamento:
a) O endereço de rede de 16 bits é atribuído a um nó quando se integra a rede
distribuído pelo coordenador, por isso, também pode ser chamado de endereço de
rede ou endereço curto, e é único para cada nó da rede.
b) O endereço de 64 bits é definido na fabricação do dispositivo, por isto ele é único
para cada equipamento, é também chamado de endereço estendido. Desta forma é
um endereço permanente.
Os módulos no padrão ZigBee possuem registro livre em sua tabela de rota ou um
registro correspondente ao endereço destino na tabela de rotas;
Se um dispositivo tem ambos, a capacidade de tabela de descoberta de rota e a
capacidade de tabela de rota, então diz-se que ele possui Capacidade de Roteamento.
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5. FERRAMENTAS UTILIZADAS NO PROJETO
Neste projeto foi discutido até o momento o desenvolvimento e a criação de
dispositivos sensores que operam com tecnologia sem fio, montam redes adaptativas e enviam
informações importantes sobre o funcionamento da rede de distribuição de energia elétrica.
Estas informações para se tornarem utilizáveis, necessitam também do desenvolvimento de
ferramentas computacionais com capacidades específicas, como armazenamento, tratamento,
cadastramento ou decodificação destes dados adquiridos pelos sensores.
5.1. Programação Web
A programação para Web ganha cada vez mais espaço nesse imenso mercado virtual,
as linguagens de programação estão mais poderosas, ao mesmo tempo que produtivas e com
excelente desempenho. A construção de sites e aplicações cresce de forma acelerada na
internet e, por trás de grande parte desses projetos, o PHP e o MySQL são utilizados por
serem tecnologias muito eficientes e terem sido criados visando este nicho de mercado:
aplicações web (intranet e internet) com a capacidade de criar códigos de forma simples e
rápida. O PHP é uma linguagem de programação extremamente funcional, com recursos
voltados para web e em constante evolução. Por ser uma das tecnologias mais utilizadas em
aplicações de internet, diversas bibliotecas e módulos são criados e disponibilizados. Além
disso, há outro fator importante: é gratuito e, ao ser integrado com o MySQL, gera um
ambiente perfeito e completo para o desenvolvimento de aplicações (LOBO, 2012).
5.2. Programação em linguagem PHP
Um dos pontos mais fortes das páginas em PHP é a possibilidade de usar bases de
dados mediante funções de destacada simplicidade e potência. Estas bases de dados podem
servir ao site desenvolvido para armazenar conteúdo de uma forma sistemática que permita
classificá-los, procurá-los e editá-los rápida e facilmente.
Uma base de dados é um conjunto de tabelas nas quais são armazenamos diferentes
registros. Estes registos são catalogados em função de diferentes parâmetros que os
caracterizam e que tem uma utilidade específica na hora de classificá-los.
Uma das bases de dados mais difundida é o MySQL. Assim como acontece com o
Apache, que possui disponível uma versão para Windows e pode ser obtida gratuitamente
(ALECRIM, 2012).
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28 5.3. Servidor Apache
O Apache Server é um software livre, o que significa que qualquer um pode estudar ou
alterar seu código-fonte, além de poder utilizá-lo gratuitamente. É graças a essa característica
que o software foi (e continua sendo) melhorado ao passar dos anos. Graças ao trabalho
muitas vezes voluntário de vários desenvolvedores, o Apache Server continua sendo o
servidor Web mais utilizado no mundo
Além de estar disponível para o Linux (e para outros sistemas operacionais baseados
no Unix), o Apache também conta com versões para o Windows, para o Novell Netware e para
o OS/2, o que o torna uma ótima opção para rodar em computadores obsoletos (desde que este
atenda aos requisitos mínimos de hardware).
O servidor Apache é capaz de executa código em PHP erl, Shell Script e até em ASP, e
pode atuar como servidor FTP, HTTP, entre outros. Sua utilização mais conhecida é a que
combina o Apache com a linguagem PHP e o banco de dados MySQL.
A exigência de hardware do Apache depende de sua aplicação, mas um PC Pentium
com 64 MB de memória RAM é capaz de executá-lo tranquilamente em um ambiente
corporativo pequeno. No entanto, quando se trata de um site na internet, é interessante ter
máquinas tão poderosas quanto o que exige o nível de acesso (ALECRIM, 2004).
5.4. Banco de dados
É um arquivo, que permite de maneira fácil e organizada, acessar as informações
contidas nele. Atualmente, é estimado que se possua cerca de 5% das informações do site
armazenadas em um banco de dados. Para este projeto está sendo utilizado o reconhecido
melhor banco de dados gratuito do mercado, o MySQL.
Um sistema de banco de dados é um ambiente de hardware e de software, composto
por dados armazenados em um banco de dados (BD), o software de gerência do banco de
dados (SGBD) e os programas de aplicação. Dentro dos bancos de dados ficam as tabelas
(como se fossem as categorias da estrutura dos dados) e nessas tabelas ficam as informações.
5.5. PhpMyAdmin
PhpMyAdmin é uma aplicação de fácil utilização que serve para controlar seu banco
de dados MySql. Pode-se utilizá-lo para criar, copiar, deletar, renomear e alterar tabelas, fazer
a manutenção de tabelas, deletar, editar e adicionar campos, exportar ou importar um banco
de dados, e muito mais. A Figura 9 demonstra uma tela inicial do PhpMyAdmin.
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Figura 9 - Página Inicial em PhpMyAdmin
5.6. Python
O desenvolvimento inicial da linguagem Python começou em instituto de pesquisa em
Amsterdam chamado CWI, uma sigla holandesa para uma frase que se traduz em português
como Centro para Matemática e Ciência da Computação. CWI era um local interessante;
financiado pelo Departamento de Educação do governo holandês e outros fundos de pesquisa,
que conduz pesquisas acadêmicas em ciência da computação e matemática (DRUMOND,
2009).
É uma linguagem orientada a objetos muito dinâmica que pode ser usada para o
desenvolvimento de tipos variados de software. Ela oferece um forte suporte para a integração
com outras linguagens e ferramentas, é oferecida com extensivas bibliotecas padrões, e no
geral pode ser aprendida em poucos dias.
5.7. SQLite
O SQLite é um banco de dados relacional cuja estrutura (tabelas, índices, dados) está
contida em um único arquivo no sistema. O acesso aos dados é implementado por uma
biblioteca de funções escritas em C por Richard Hipp e a manipulação dos dados é realizada
através da linguagem SQL.
É uma ferramenta que permite com que desenvolvedores possam armazenar os dados de
suas aplicações em tabelas e manipular esses dados através de comandos. A diferença é que
tudo isso pode ser feito sem que seja preciso acessar um SGBD. Devido a sua simplicidade e
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30 eficiência, o SQLite está se tornando cada vez mais popular, especialmente entre as pessoas que
programam nas linguagens PHP, C / C++ e Python (DALL’OGGLIO, 2009).
5.8. JavaScript
É uma linguagem de script incorporada a um documento HTML. Historicamente,
trata-se da primeira linguagem de scripts para a web. Esta linguagem é uma linguagem de
programação que traz melhorias para a linguagem HTML, permitindo a execução de
comandos do cliente, ou seja, em termos do navegador e não do servidor web.
Assim, a linguagem Java Script é altamente dependente do navegador que chama a
página web onde o script está incorporado, mas por outro lado, não requer nenhum compilador,
ao contrário da linguagem Java, com a qual ela tem sido confundida há muito tempo.
O JavaScript foi desenvolvido pela Netscape em 1995. Originalmente, era chamado
LiveScript e fornecia a uma linguagem de script simples para o navegador Netscape
Navigator. Ele foi criticado durante muito tempo pela sua falta de segurança, seu
desenvolvimento pouco elaborado e pela ausência de alertas de erro explícitos, tornando seu
uso difícil. Em 4 de dezembro de 1995, após uma associação com o fabricante Sun, Netscape
renomeou sua linguagem Java script.
Na mesma época, a Microsoft desenvolveu a linguagem Java Script, uma linguagem
de script muito semelhante. Assim, para evitar excessos de ambos os lados, uma norma foi
definida para padronizar as linguagens de script, trata-se da ECMA 262, criada pela
organização de mesmo nome (ECMA European Computer Manufacturers Association)
(NOUIRA, 2013).
5.9. Software comercial X-CTU
É um aplicativo baseado no Windows ou Linux fornecido pela Digi. Este programa foi
concebido para interagir com os arquivos de firmware encontrados em produtos de RF da
Digi e para fornecer uma interface gráfica simples de usar para eles. X-CTU foi inicialmente
projetado para funcionar exclusivamente com todos os computadores baseados em Windows
como o Microsoft Windows 98 SE ou superior. O X-CTU pode ser baixado diretamente do
site da Digi ou um CD de instalação.
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6. MODOS DE OPERAÇÃO DO ZIGBEE
Uma característica da tecnologia ZigBee é proporcionar dois modos distintos de operação,
sendo o modo AT ou modo Transparente o mais básico: os dados e comandos podem ser
enviados diretamente via terminal de modo serial (enfileirados) através da UART do dispositivo,
ou o modo de operação API (Application Programming Interface) que é uma alternativa ao modo
de operação transparente. A API, baseada em quadros (frames), estende o nível no qual a
aplicação pode interagir com os recursos de rede do módulo. Nesse modo de operação, todos os
dados enviados e recebidos pelo módulo XBee são organizados em pacotes (com formato
especificado pelo fabricante) que definem as operações ou eventos dentro do módulo.
A estrutura geral de um pacote API é: O primeiro byte é o delimitador de início, que
possui o valor 7E em hexadecimal. Qualquer dado recebido antes do delimitador de início é
descartado. Os bytes 2 e 3 informam o tamanho do quadro que está sendo recebido. Os bytes 4
a n compõem o quadro de dados e definem a operação a ser realizada. O último byte contém a
soma de verificação (checksum) do quadro de dados, calculado pela equação em hexadecimal:
0xFF – Somatório dos bytes 4 a n do pacote. Caso o recebimento dos dados ou o valor do
checksum esteja incorreto, um pacote de status indicando a natureza do erro é retornado.
O modo de operação API e uma é uma alternativa ao modo transparente, neste modo
sempre as informações são transmitidas em pacotes que interagem com as funções de rede do
módulo, permitindo a este uma interação maior com a rede, facilitando muitas operações. As
informações podem ser transmitidas para múltiplos destinos sem a necessidade de alterar
parâmetros internos do firmware, com recebimento de sucesso ou falha para cada pacote
transmitido via RF, e ainda identifica de forma automática o endereço de origem de cada
pacote recebido.
6.1. Quadro de dados em modo API
Um Pacote API é constituído por quatro campos como ilustrado na Figura 10:
Figura 10 - Estrutura de um Frame API
Fonte: Manual XBee
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O Start Delimiter é o byte que indica o início de um pacote API. Possui as
informações que deseja ser transmitida, é dividido em API Identifier que indica qual
mensagem API está contida no segundo campo e identifier-specific data que possui os dados
especifico para a mensagem e por último o campo, campo Checksum é utilizado para verificar
a integridade da mensagem através do cálculo da subtração de 0xFF com os 8bits menos
significativos da soma de todos os bits do campo do frame data (DIGI, 2010). A estrutura de
um frame API é demonstrado na Figura 11.
Figura 11 – Frame API
Fonte: Manual XBee
O endereço de 16-bits é um endereço de rede única atribuído a cada nó quando se une
a uma PAN. No entanto, os endereços de rede não são estáticos e podem alterar. Uma das
duas condições seguintes validará um nó a receber um novo endereço de rede:
a) Se um dispositivo final não pode se comunicar com seu pai ele pode precisar sair
da rede e voltar para encontrar um novo pai;
b) Se houver alterações do tipo roteador para dispositivos final ou vice versa, o
dispositivo irá deixar a rede e voltar como um dispositivo novo.
O protocolo que requer que os dados sejam enviados para um destino através de seu
endereço de 16-bits.Para tanto o endereço precisa ser descoberto antes de transmitir os dados.
No endereço de 64-bits cada nó contém um endereço único de 64-bits.Este identifica um nó e
é nativo do dispositivo.
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7. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Este projeto está sendo desenvolvido em etapas para melhor adequação do sistema
com as reais demandas das companhias de distribuição de energia elétrica, resumidamente
dividido como uma análise de caso e referência bibliográfica, análise das necessidades e
problemas de atendimento das companhias, montagem de um protótipo em escala para prova
de conceito dos sensores e funcionalidades da rede, e o desenvolvimento do software de
controle e monitoramento de falhas.
Utilizando como premissa alguns requisitos básicos avaliados como obrigatórios para
o bom funcionamento do sistema e a viabilidade técnica e econômica do projeto, foi iniciada
uma pesquisa detalhada sobre as tecnologias atuais disponíveis no mercado de sensoriamento
e rede que suprissem as demandas do projeto. Dentre estas necessidades, observamos o baixo
consumo de energia, a possibilidade de comunicação entre dispositivos com alta
confiabilidade, o grande alcance, a capacidade de suportar vários diapositivos conectados na
mesma rede e não menos importante, o custo de implementação e manutenção.
Após uma detalhada avaliação das tecnologias de redes industriais comerciais de
tempo real, optou-se pela utilização da tecnologia conhecida como ZigBee, que foi criada em
2002, quando algumas empresas, (Honeywell, Invensys, Philips e a Mitsubishi Electric),
uniram seus esforços para criar um consórcio, a ZigBee Alliance, com o intuito de
desenvolver um padrão que atendesse a diversos requisitos, entre eles, confiabilidade na
entrega dos dados, baixo consumo de energia, baixo custo de produção, baixa irradiação de
espúrios no meio, padrão global aberto.
Observando as tendências de mercado das redes industriais com comunicação sem fio,
em 2003, a IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) estabeleceu o novo
padrão 802.15.4, que serve como base para as camadas física (PHY) e de enlace (MAC) do
ZigBee. Esta tecnologia é dotada ainda das camadas de rede e de aplicação (subdividida), o
que faz dela uma categoria singular e com propósitos específicos de WPAN (Wireless
Personal Area Network). Diferente das redes de comunicação sem fio dos padrões 802.11 e
802.16, que também compartilham faixas de frequências de operação similares ISM (livres de
licença), o padrão 802.15.4 foi especialmente desenvolvido para comunicações de longo
alcance com consumo reduzido utilizando baixa potência de transmissão, sem a necessidade
de altas taxas de transmissão de dados no enlace.
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34 7.1. Configuração dos Sensores
Para iniciar a configuração dos dispositivos de comunicação ZigBee foi definida a
topologia de rede e as funcionalidades específicas de cada um dos módulos de rede
configuráveis, optando-se assim pela implantação de uma rede adaptativa do tipo mesh, com a
configuração de maior economia de energia para os dispositivos definidos como sensores
através da programação da função RFD (Reduced Function Device) e os demais
coordenadores e roteadores como FFD (Full Function Device).
Na prova de conceito, realizada através de um modelo em escala reduzida, foram
utilizados dispositivos de rede ZigBee, relés de corrente, chaves de operação binárias (On-Off),
LEDs e demais componentes eletrônicos de interfaceamento, simulando a situação real de uma
rede elétrica com dois transformadores operando em regime constante, sendo que cada um
possuía um dispositivo ZigBee de sensoriamento atuando configurado como End Device
(dispositivo final) na função RFD, para economia de energia, e as chaves de operação binária
simulavam uma situação de falha por desarme de fusível de um determinado transformador
escolhido. Quando o sensor instalado em cada transformador percebe esta queda de energia
elétrica da rede de distribuição, o dispositivo final envia imediatamente uma requisição de
verificação e manutenção para a central de monitoramento e controle, já informando os seus
endereços de 16 bits e 64 bits e o nome de rede em ASCII, chamado de NI, que contém além de
uma chave de banco de dados, as informações de endereço do transformador e do ponto de falha.
Para melhorar a dinâmica da rede e proporcionar um maior alcance, entre os
dispositivos finais que atuam como sensores de falhas, foram posicionados novos dispositivos
ZigBee configuradores como roteadores autônomos, atuando somente como nós alternativos
da rede mesh para garantir a entrega do frame de dados gerado pelo sensor, aumentando a
confiabilidade da rede pela redundância de caminhos de entrega e roteamento.
Na central de monitoramento e controle foi instalado um dispositivo ZigBee
configurado na função FFD como coordenador, com o objetivo de receber todas as
informações de falhas enviadas pelos dispositivos finais e passar as mesmas diretamente ao
software de gerenciamento, para que assim ele possa converter este frame enviado em modo
API para um formato de melhor visualização e emissão de uma ordem de serviço automática
para as equipes de manutenção.
Os módulos ZigBee configurados como dispositivos finais para atuarem como
sensores, devem ser instalados diretamente nos postes de transformadores de distribuição de
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35 energia elétrica, de baixa e médias tensões de corrente alternada, porém eles operam com
tensões de corrente contínua de no máximo 3,4V. Como solução mais segura e eficiente do
ponto de vista da fonte de alimentação do sensor, optamos por utilizar nestes dispositivos uma
bateria interna, e para aumentar a vida útil da mesma para pelo menos 5 anos de operação, os
dispositivos ZigBee atuam configurados como dispositivos finais com funções reduzidas
(RFD) e são forçados para permanecerem modo sleep (dormindo) até que algum problema
seja detectado no transformador, fazendo com que o ZigBee sensor acorde (wake-up)
imediatamente e assim, de forma totalmente automática, envie um frame de dados ao
coordenador da rede, que está instalado na central de controle e monitoramento, informando
em qual transformador ocorreu a falha e gerando uma ordem de serviço para a equipe de
manutenção mais próxima, conforme pode ser visto no fluxograma da Figura 12.
Figura 12 - Organograma de Funcionamento do Dispositivo Final
No caso de um destes dispositivos finais configurados como sensores não conseguirem
estabelecer a conexão direta com o coordenador por qualquer que seja o motivo, os demais
dispositivos configurados como Router da rede terão a finalidade de apenas encaminhar este
frame de requisição de atendimento através de seus nós, Configurando assim uma rede mesh.
Na central de controle e monitoramento está sendo utilizado um dispositivo configurado
como Coordinator (coordenador) que atua como FFD, sendo este encarregado de receber o frame
contendo as informações sobre o problema detectado e procedendo ao encaminhamento da
tomada de decisão, conforme demonstrado na Figura 13.
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Para o sensoriamento das falhas nos transformadores foram utilizadas as facilidades das
portas de comunicação I/O dos dispositivos ZigBee configurados com perfil de Router/End
Device, fazendo com que os mesmos permanecessem em modo sleep até que fosse detectado
algum problema de interrupção de energia no transformador, desta forma acordando (Wake-up) o
dispositivo, que está programado para enviar imediatamente um frame de dados ao coordenador
da rede informando exatamente em qual transformador ocorreu o problema, com respectivas data
e hora do evento. Os demais dispositivos ZigBee da rede, que também são configurados como
Router/End Device possuem a função adicional de rotear o sinal quando for necessário para
garantir a entrega do dado, formando assim uma rede adaptativa (mesh).
Figura 13- Organograma de Funcionamento do Coordenador
7.2. Configuração dos módulos ZigBee com o X-CTU
Ao utilizar-se um módulo Xbee pela primeira vez é necessária a realização de uma
configuração por meio de um computador, através do software disponibilizado gratuitamente
pela Digi, chamado X-CTU.
Através do programa X-CTU é possível à realização dos testes de comunicação, bem
como a configuração dos parâmetros para comunicação dos dois modos de operação à nível
de modificação do firmware interno de cada módulo (API e AT). A configuração do módulo
do sensor ZigBee esta exemplificada na Figura 14.
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Figura 14 - Configuração dos Módulos do Sensor ZigBee
Para configuração dos módulos ZigBee é necessário que o firmware do dispositivo
esteja atualizado. Além da atualização é necessária a modificação de alguns parâmetros para
que os módulos se comuniquem e se comportem de acordo com suas funcionalidades
(coordenador, roteador e dispositivo final).
Os procedimentos de configuração para o módulo coordenador são descritos abaixo e
a impressão da tela de configuração pode ser observada na Figura 15.
Figura 15 - Configuração dos Módulos ZigBee dos Sensores
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Para a programação dos módulos ZigBee foram configurados os seguintes pontos
utilizando o software X-CTU:
a) O campo PAN ID, que é necessário para se criar uma rede privada, somente
ZigBee’s com a mesma PAN ID conseguiram se enxergar na rede.
b) DH (SH do módulo roteador), que tem a finalidade para a comunicação ponto a
ponto, onde é necessário preencher com o endereço SH do módulo roteador. Caso
a conexão seja para múltiplos dispositivos na rede, utilizar o valor em zero.
c) NI (Node Identifier) é o nome no qual o ZigBee será reconhecido na rede, no qual
está livre sua escolha, para um melhor entendimento o nome coordenador foi
escolhido.
No dispositivo configurado como dispositivo final, a configuração diferencia somente
na parte da configuração do modo sleep, que fará com que o dispositivo que estará no ponto
da rede, permaneça em estado sleep, ou seja, dormindo até que aja alguma anomalia na rede e
imediatamente ele acorde mandando um frame API para o coordenador.
Após a configuração dos dispositivos começou- se um estudo das linguagem de banco
de dados que seria utilizada no projeto, chegando à conclusão que o banco de dados Mysql e
respectivamente sua linguagem SQL seria a que mais supria as necessidade e as características
do banco de dados que o trabalho exigiria.
O banco de dados é o responsável por armazenar as informações dos dispositivos e
também dados de geoposicionamento do sensor em campo, e manter todas as informações do
sistema gravadas para consulta em qualquer tempo.
Este banco de dados foi escolhido devido seu alto desempenho, confiabilidade,
compatibilidade com ferramentas de desenvolvimento. A linguagem de programação web
usada no projeto que é o PHP, que oferece entre outras vantagens já discutidas anteriormente,
a baixa exigência de processamento (em comparação com outros SGBD), os recursos como
transactions (transações), a conectividade segura, a indexação de campos texto e replicações.
Após ser definida a linguagem mais adequada para as atividades de interfaceamento e
arquivamento das informações obtidas, foi desenvolvido o diagrama de funcionamento do
banco de dados, onde estão contidas todas as tabelas e relacionamento que o banco de dados
necessita e gera durante a operação.
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39 7.3. Operação do Banco de Dados
Na Tabela usuários estão contidos todos os logins de acesso dos colaboradores que
trabalham na Central de Monitoramento da Distribuidora de Energia Elétrica. O colaborador
só pode acessar as demais tabelas se a situação do sistema de autenticarão for satisfeita. Na
Figura 16 está exemplificada a estrutura de funcionamento do banco de dados.
Figura 16 - ER do Banco de dados da Central de Monitoramento
Na Tabela “Serviço” estão todas as ordens de serviços que foram emitidas
automaticamente após o acionamento do sensor, juntamente com seus respectivos dados de
localização.
Na tabela “Mensagens” estão contidas todas as mensagens enviadas pelos cliente
através do serviço de ouvidoria, com fim de interagir de forma eficiente para assim contribuir
com o crescimento da empresa.
Na Tabela “Cadastro_Dispositivos” estão contidas as informações de localização de
todos os novos dispositivos que irão integrar algum ponto da rede de distribuição de energia
elétrica da concessionária monitorada.
A Tabela “Dispositivo_Acionado” tem a finalidade de receber as informações de
endereço auto e baixo dos dispositivos que foram acionados nos determinados pontos da rede
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40 elétrica em que houve a falha. Estes endereços são comparados com os Campos “Ni
transformador” da Tabela “Cadastro_Dispositivo”, e caso seja igual ele irá realizar um select
nos dados daquele determinado dispositivo, e assim gerar a Tabela Serviços.
Na Figura 17 observa-se a interface de interação com o cliente. A tabela “Cliente”
consta os dados de identificação dos clientes, como código do cliente e nome. O cliente só
poderá ter acesso as demais tabelas se a situação do sistema de autenticação for satisfeita.
Figura 17 - ER do Banco de dados - Interface de Interação com o Cliente
Na tabela “Mensagens” ficam armazenadas as mensagens enviadas pelo clientes
através do serviço de ouvidoria, com finalidade específica de interagir de forma eficiente com
os mesmos, para assim contribuir com o crescimento da empresa.
Na tabela “Serviço” estão todas as ordens de serviços que foram emitidas
atomicamente após o acionamento do sensor juntamente com seus respectivos dados de
localização, levando em consideração a hierarquia de atendimento.
7.4. Operação da Interface de Relacionamento com os Clientes
Com o intuito de oferecer aos clientes uma maior transparência e uma sensação de
atendimento semelhante ao Call Center, foram desenvolvidas diversas telas de interface
remota com a Central de Monitoramento e Controle, conforme observado nas Figuras 18, 19 e
20, que demonstram o funcionamento do sistema de maneira completa:
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Figura 18 – Tela de Login dos Clientes
Figura 19 – Tela de Visualização das Informações da Empresa
Figura 20 – Tela de Contato com a Ouvidoria
7.5. Operação da Interface da Central de Monitoramento
De forma análoga a interface do cliente, também são oferecidas telas de operação
interna da Central de Controle e Monitoramento das falhas de distribuição de energia,
conforme demonstrado nas Figuras 21a 26:
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42
Figura 21 – Tela de Visualização dos Dispositivos da Rede de Sensores
Figura 22 – Tela de Login dos Funcionários da Companhia de Energia
Figura 23 – Tela de Cadastro de Novos Sensores Instalados na Rede Elétrica
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43
Figura 24 – Tela com Funcionalidades de Impressão das Ordens de Serviço
Figura 25 – Tela de Visualização de Chamados para Reestabelecimento da Energia
Figura 26 – Tela de Consulta e Visualização dos Chamados para a Ouvidoria
Após o desenvolvimento do diagrama de atendimento, foi iniciada a implementação
propriamente dita do banco de dados, onde utilizou-se o phpMyAdim, que gerou as tabelas
com seu respectivos campos, exemplificada na Figura 27.
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Figura 27 – Implementação do Banco de Dados
7.6. Acionamento dos Sensores e Identificação do Software
Após o termino do banco de dados foram iniciados os processos de criação do
software de controle e a interação com os sensores. Foi realizado um estudo relacionado as
linguagem de programação existente no mercado e chegou-se a uma conclusão que a
linguagem que se adaptava melhor com os sensores ZigBee era a linguagem Python, por ser
uma linguagem orientada a objeto e que faz uso de várias bibliotecas de interação com os
sensores, utilizando uma ferramenta disponibilizada pela Digi ESP for Python.
O funcionamento do software segue a seguinte sequência: no momento que o sensor é
ativado pelo acionamento da relé, ele faz o aterramento do pino 20 do sensor, que por sua vez
faz com que ele saia do modo sleep e envie automaticamente para a central um Frame API
contendo o endereço alto e baixo do dispositivo. O sistema de interface que foi programado
usando a linguagem Python gera um arquivo de log com os dados recebidos por este frame e
posteriormente compara estes dados de log com o campo da tabela do banco de dados. Após
isto, se a condição for satisfeita é gerada uma outra tabela no banco de dados contendo o
endereço de localização daquele determinado ponto de falha em que o sensor foi acionado.
Estes dados serão gerados automaticamente para a central de monitoramento, que também
integra nesta tabela o mapa do ponto exato da falha, mapa este gerado por meio de uma
interação com a ferramenta de geoposicionamento do Google Maps.
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45 7.7. Decodificação e Monitoramento dos Dados Recebidos
Para leitura da porta serial do computador localizado na Central de Controle e
Monitoramento, onde o ZigBee coordenador está conectado, foi elaborado um programa para
checagem desta porta COM, que é o caminho por onde os dados gerados pelos dispositivos
finais utilizados como sensores enviam o frame quando são acionados no momento da falha
no transformador. O programa necessita permanecer monitorando o fluxo de dados nesta
porta serial de forma contínua. Cada vez que algum informação é trafegada por esta porta o
software desenvolvido em Python analisa o frame e realiza uma tentativa de decodificação
para verificar se não se trata de um falso positivo. Uma vez que este dado é realmente
originado de um dispositivo sensor em campo, o frame é separado através de uma função de
Parse para que as informações necessárias sejam extraídas, como o endereço alto e baixo e o
NI para a identificação do ponto de falha. Estes dados separados são armazenados em
arquivos de log vinculados as datas e horários da interrupção de energia e a volta ao estado
normal. Foi utilizada esta opção de monitoramento da porta serial ao invés de interrogar os
sensores em intervalos de tempo pré-determinados para facilitar a leitura dos dados e também
para conseguir um maior desempenho no sistema, pois o mesmo apenas gera os dados de
localização dos dispositivos que tenham sido atuados por falta de energia ou pelo retorno da
mesma. As Figuras 28 e 29 demonstram a programação do sistema em Linguagem Python.
Figura 28 - Sistema Desenvolvido em Linguagem Python
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Figura 29 - Sistema para Leitura da Porta Serial
7.8. Operação da Interface em Python
Conforme comentado anteriormente, o programa desenvolvido monitora a porta serial
em busca de tráfego, e em caso positivo, realiza a tentativa de decodificação deste pacote para
a separação do endereço de instalação do sensor de falha de distribuição de energia. Estas
informações são agrupadas com sua respectiva data e hora em um banco de dados, conforme
demonstrado na Figura 30:
Figura 30 - Organograma de Funcionamento do Sistema
Page 47
47 7.9. Tabelas de Log do Sistema
Um log de eventos é gerado sempre que um sensor for ativado, e este arquivo é
chamado de Dispositivos_Problemas.txt, onde o sistema adiciona informações contendo os
dados individuais de localização de cada dispositivo, ou seja, o seu endereço alto e baixo, que
é uma identificação única de cada sensor. Desta forma, através da leitura deste arquivo é
possível realizar a comparação destes dados, juntamente com os campos responsáveis por esta
identificação no banco de dados, possibilitando gerar um arquivo de log com os dados de
localização deste determinado dispositivo que foi acionado. Após esta comparação, as
informações de geoposicionamento são cadastradas em uma tabela nos SGBD, gerando assim
uma ordem de serviço automática pela Central de Monitoramento e Controle.
Neste projeto foi utilizada a gravação de arquivos de log para análise posterior devido
as seguintes vantagens de operação:
a) Os arquivos permitem gravar os dados de um programa de forma permanente em
mídia digital;
b) Armazenamento permanente de dados: As informações permanecem disponíveis
mesmo que o programa que as gravou tenha sido encerrado, ou seja, podem ser
consultadas a qualquer momento.
c) Grande quantidade dados pode ser armazenada: A quantidade de dados que pode
ser armazenada depende apenas da capacidade disponível da mídia de
armazenamento. Normalmente a capacidade da mídia é muito maior do que a
capacidade disponível na memória RAM.
d) Acesso concorrente: Vários programas podem acessar um arquivo de forma
concorrente. Na Figura 31 é demonstrado o arquivo gerado pelo sistema
(Dispositivo_problema.txt). Este arquivo apresenta todos os dispositivos que foram
acionados, armazenando os endereços MAC de 64 bits de identificação, sendo
estes dados únicos, pois são fornecidos pelo fabricante dos módulos.
Figura 31 - Arquivos de Log do Sistema
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Após a comparação dos dados do arquivo Dispositivo_problema.txt com os dados do
respectivos campos do banco de dados, se a condição for satisfatória é gerado uma arquivo de
log chamado Aquivo_de_Log.txt, onde são armazenados todos os dados de localização dos
sensores que foram acionados, conforme demonstrado na Figura 32:
Figura 32- Dispositivos com Falha de Energia Sinalizados
No momento da criação do arquivo de log pelo sistema, os dados são cadastrados em
uma tabela no banco de dados, sendo que nesta constam os nomes dos dispositivos que foram
acionados de acordo com o campo NI dos módulos, conforme demonstrado nas Figuras 33 e 34:
Figura 33 - Tabela de Log do Sistema
Figura 34 - Tabela Ordem de Serviço
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Estes dados são comparados com os respectivos campos do da tabela, onde estão
contidos todos os dispositivos que estão disposto na rede. Desta forma a consulta só retorna os
dados de localização dos dispositivo onde o campo “Número” corresponder, conforme
demonstrado na Figura 35.
Figura 35 - Tabela de Dispositivos Cadastrados
Após esta etapa de comparação os dados são armazenados em uma tabela no banco de
dados chamada “Serviços”.
7.10. Teste de Integração em Escala Reduzida
Para os primeiros ensaios de funcionamento da integração das interfaces com os
sensores foi desenvolvido um protótipo em escala reduzida, onde foram utilizados três
dispositivos ZigBee, relés de comutação à seco, chaves de comutação binárias (on–off), fontes
de alimentação, Leds de sinalização, resistores, entre outros componentes. Foi montada uma
maquete simulando a situação real de uma rede elétrica com dois transformadores, sendo que
cada transformador possuía um dispositivo ZigBee atuando como sensor de falta de energia,
configurado em modo sleep e End device (dispositivo final). As chaves binárias simulavam
uma situação de queda de fusível de um determinado transformador. Com esta queda, o
dispositivo final enviava um sinal para a central de monitoramento informando o endereço
auto e baixo do sensor que estava atuado naquele momento. Entre os dispositivos finais foram
colocados ZigBee atuando somente como roteadores para estender o alcance de comunicação,
formando uma rede mesh com maior confiabilidade. Estes dispositivos posteriormente foram
substituídos por gateway com interface de comunicação 3G para ter um maior dinamismo na
operação e uma entrega mais segura dos dados na Central de Monitoramento.
Os módulos de comunicação XBee foram escolhidos para todas as comunicação RF do
projeto, por se tratar de um dispositivo pequeno, de baixo consumo e por possuir diversas
funções embarcadas.
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8. CONSTRUÇÃO DO MÓDULO SENSOR
Sensores são dispositivos que mudam de estado conforme a interação com o ambiente.
Seu hardware pode ser composto por diversos componentes eletrônicos ou por apenas um
componente. Estes dispositivos podem interagir com diversos tipos de grandezas físicas, tais
como temperatura, movimento, pressão, entre outras, convertendo essas grandezas em sinais
elétricos analógicos ou digitais.
Os sensores que possuem saídas analógicas tem seu valor oscilando conforme a
variação da grandeza de entrada. Já os sensores com saída digital, geralmente digital binários,
assumem apenas dois valores discretos bem definidos.
Este talvez tenha sido o desafio mais complexo do projeto, pois como pode ser visto
anteriormente, cada tipo de sensor tem as suas especificidades e são eficazes para algumas
situações, mas não para outras. O ambiente externo das redes elétricas é agressivo e necessita
de um maior cuidado com o aspecto relacionado a desgastes físicos causado por chuva,
sujeira, vento e demais fatores, dificultando muito a instalação de um dispositivo que atenda
bem aos requisitos com tantas variáveis.
O sensor utilizado no projeto foi construído usando vários componentes eletrônicos,
para que assim se desenvolvesse um sensor resistente e que suprisse a necessidade real do
projeto, levando em consideração os pré-requisitos da rede de comunicação, conforme
diagrama demonstrado na Figura 36.
Figura 36- Circuito do Sensor Implementado
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Para confecção do sensor foram utilizados os seguintes dispositivos:
1 - Entrada de energia geral - Alimenta o circuito todo, carrega as baterias e aciona o
relé para indicar que tem energia na rede elétrica.
2 - Pino de aterramento do sistema e entrada de energia - Serve de proteção contra
eventuais descargas elétricas e segurança dos operadores e equipamentos.
3 - Transformador de energia - É um transformador de potência constante, onde é
alimentado com 220V de corrente alternada (ou a tensão que for necessária) e rebaixa esta
tensão para 5V também em corrente alternada, com o objetivo de acionar o relé de detecção
de energia e alimentar o resto do circuito.
4 - Ponte retificadora - Serve para transformar a tensão de 5V de corrente alternada
para 5V de corrente contínua.
5 - Regulador de tensão LM 1117 3,3V - Serve para regular a tensão de 5VDC em
3,3VDC.
6 - Capacitor eletrolítico de 100uF x 16V - Serve como um filtro de ripple para a
tensão de entrada oriunda da ponte retificadora.
7 - Capacitor eletrolítico de 10uF x 16V - Serve como um filtro para eliminação de
ruído para a tensão de saída de 3,3V que foi regulada pelo LM 1117.
8 - Bateria recarregável - Estas baterias recarregáveis tem o objetivo de manter o
módulo ZigBee alimentado durante uma falta de energia, transmitindo o sinal necessário para
a central de controle. Estas baterias na atual configuração tem a capacidade de manter o
ZigBee operando por mais de 72 horas ininterruptas após o término da energia, e necessita em
torno de 1 hora após a volta da energia para estar totalmente recarregada.
9 - Diodo 1N4007 - Semicondutor responsável pelo bloqueio da tensão das baterias
para o resto do circuito em caso de falta de energia, onde somente o ZigBee será capaz de
utilizar sua carga para operar.
10 - Relé de 5V de dois estados com contatos secos - Este dispositivo tem a função de
chavear o funcionamento do circuito de detecção de energia. Em condições normais da rede
elétrica monitorada, o circuito está alimentado e o relé por sua vez está acionado pelos 5V de
corrente contínua. Nesta condição o contato normalmente aberto do relé está fechado e não
está alimentando a entrada D0 do pino 20 do ZigBee. Quando a energia elétrica é
interrompida, o relé é desenergizado e o contato normalmente fechado aterra o pino 20
(entrada D0) do ZigBee, fazendo com que ele envie um frame de dados para a central de
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52 controle com suas informações. Neste caso de falta de energia, o relé não consome energia
das baterias porque está desligado e bloqueado através do diodo 9.
11 - Contato de alimentação do polo negativo do relé de 5V de corrente contínua.
12 - Contato de alimentação do polo positivo do relé de 5V de corrente contínua.
13 - Contato comum do relé - Conexão do relé que será responsável pelo aterramento
do pino 20 do ZigBee em caso de falha de energia elétrica.
14 - Contato normalmente fechado do relé - Este contato está sempre conectado
quando o relé não estiver energizado.
15 - Módulo ZigBee - Módulo configurado como Router/End Device.
16 - Entrada D0 do ZigBee - Pino 20 do ZigBee.
17 - Entrada GND do ZigBee - Pino 10 do ZigBee - Alimentação do polo de tensão
negativa de 3,3V de corrente contínua.
18 - Entrada VCC do ZigBee - Pino 1 do ZigBee - Alimentação do polo de tensão
positiva de 3,3V de corrente contínua.
A última etapa de montagem e a versão final podem ser visualizadas na Figura 37,
com o sensor devidamente instalado e todos os módulos ligados.
Figura 37 – Protótipo do Sensor Implementado
O modulo fabricado pela Digi internacional, que é o modulo XBee, possui diversos
modelos que alteram a distância máxima de comunicação do dispositivo, a potência consumida,
as opções de configuração, entre outros, como por exemplo, podemos citar o XBee serie 2 que
possui uma distância máxima de comunicação de 120 metros e o XBee Pro serie 2, que é o
modelo que foi utilizado no projeto e possui uma distância máxima de comunicação de 1.600
metros. Na figura 38 estão demonstradas as especificações dos módulos ZigBee.
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Figura 38 – Especificações do Módulo ZigBee
Fonte: Manual XBee
Na Figura 39 está descrito o significado de cada pino dos módulos XBee/XBee-pro.
Como pode-se observar, existem pinos que podem exercer diferentes funções como, entrada
analógica, entrada/saída digital e outros.
Figura 39 – Descrição das Funções Atribuídas dos Pinos do Módulo ZigBee
Fonte: Manual XBee
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54
Quando ocorrer uma queda de fusível em algum transformador o pino 20 do ZigBee é
aterrado através do relé, e desta forma o dispositivo sai do modo sleep e envia um frame de
dados em modo API para o coordenador.
Os módulos XBee podem ser configurados para dormir em determinados momentos
para que o seu consumo seja reduzido significativamente, permitindo que seja alimentado por
pilhas comuns durante um período de tempo prolongado.
O Modulo XBee tem seu consumo normal de aproximadamente de 40 mA, mas quando
está em modo sleep seu consumo cai para menos de 1 µA.
O dispositivo que atuará como concentrador das informações e transmissor de longa
distância será um gateway3G do fornecedor Digi.
Gateways Digicom conexão WAN no padrão celular e WiMAX podem fornecer boa
conectividade sem fio e com alta taxa de dados, para aplicações online e dispositivos remotos.
Estes produtos podem ser utilizados em redes que exijam alta confiabilidade na conexão para
interligar equipamentos em locais remotos. (DIGI, 2010), na Figura 40 contém informações
do Gateway usado no Projeto.
Figura 40 - Gateway da Digi Utilizado no Projeto
Fonte: Digi.com
8.1. Interfaces de Usuários e Controle
Com o desenvolvimento dos sensores em fase avançada, iniciou-se a programação da
interface web que automatiza a Central de Monitoramento e Controle.
No primeiro estágio do desenvolvimento da página web foi realizado um estudo das
linguagens de programação web que melhor se enquadravam nas necessidades do projeto. Com
o decorrer do estudo optou-se por um conjunto de linguagens que supria estas necessidade, com
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55 a implementação de PHP, HTML,JavaScript e CSS. Após a escolha das linguagens foi
realizada uma análise de quais pontos seriam mais importantes no desenvolvimento e que
necessitavam de maior cuidado, já que o sistema trabalha com dados confidenciais da empresa e
dos clientes. O crescimento das redes abertas fez com que surgissem vários problemas de
segurança, que vão desde o roubo de senhas e interrupção de serviços até problemas de
personificação, onde uma pessoa faz-se passar por outra para obter acesso privilegiado. Com
isso, surgiu a necessidade de autenticação, que consiste na verificação da identidade dos e
funcionários da empresa e usuários.
Primeiramente foi criado um servidor web Apache por meio de um pacote completo
chamado WampServer, que possibilita a instalação e a configuração de maneira fácil das
versões mais recentes do servidor web Apache, da linguagem de programação PHP e do
servidor de base de dados Mysql. As versões que foram instaladas para a elaboração do
projeto foram a Apache 2.2, PHP 5.3 e MySQL 5.5.
Uma das vantagens de usar o WampServer é que a instalação modifica os arquivos de
configuração (.conf) direto no diretório onde os programas se localizam. Ela também cria um
diretório chamado "www" que será a raiz de todos os seus documentos.
Mas o WampServer não é só um pacote de software. Esta aplicação instala um interface
que reside na barra de tarefas e que lhe permite lançar, supervisionar e parar os diferentes
serviços. Na Figura 41 pode-se verificar a tela inicial do Servidor WampServer.
Figura 41 - Servidor WampServerWeb
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Para a elaboração das páginas web foi utilizado um software chamado Adobe
Dreamweaver CS6, que é uma ferramenta inteligente para desenvolvimento de websites. Nela,
o usuário dispõe de uma série de aplicativos intuitivos para criação/edição de páginas HTML.
Na elaboração da página de Login dos funcionários que atuam na central de
monitoramento foi levada em consideração a segurança destes dados, que seriam lançados no
banco de dados. Uma das maneiras de atribuir segurança nestas informações seria com auxílio
de uma ferramenta de criptografia de dados chamada MD5.
O MD5 (Message - Digest Algorithm 5) é um algoritmo de hash de 128 bits
unidirecional desenvolvido pela RSA Data Security, Inc., descrito na RFC 1321, e muito
utilizado por softwares com protocolo ponto-a-ponto (P2P, ou Peer-to-Peer, em inglês), com
verificação de integridade e logins.
Nesta página de login o usuário digita os dados de usuário e senha para que possa
acessar os demais recursos do sistema de monitoramento, caso o mesmo seja um funcionário
que foi admitido, ele irá cadastrar-se no sistema através de um campo de login e senha, desta
forma poderá acessar o sistema normalmente.
Nas Figuras 42 e 43 são demonstrados exemplos da tela inicial do sistema de
monitoramento automático de falhas em transformadores de redes de distribuição de energia
elétrica, observando que é o sistema de administração e não dos clientes da rede de energia.
Após clicar no ícone de login o usuário poderá inserir seu usuário e senha para ter
acesso as demais ferramentas de monitoramento incluídas no sistema.
Figura 42 - Página Inicial da Interface da Central de Monitoramento
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Figura 43 - Menu de Opções da Interface da Central Monitoramento
Realizada a autenticação de maneira correta pode-se navegar no sistema e ter acesso as
ordens de serviço que são geradas automaticamente pelo desarme dos dispositivos sensores que
atuam nos pontos da rede de distribuição de energia elétrica. Nesta informações da tabela do
banco de dados, que é responsável por armazenar as informações de localização dos dispositivos
que foram acionados, é aplicado um select. Esta tabela contém os dados de geoposicionamento e
Número, Estado, Cidade, Bairro, Rua, Quadra, CEP, além dos dados físicos do dispositivo, como
seu endereço alto e baixo. Concluindo a busca, existe um link de interação com a ferramenta de
geoposicionamento Google Maps para dar maior agilidade as equipes de manutenção na
localização exata deste ponto de falha. A Figura 44 demonstra a ordem de serviço.
Figura 44 - Ordem de Serviço da Central de Monitoramento
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O colaborador também tem acesso a outras funções do sistema, dentre elas as
mensagens enviadas para central de ouvidoria. A central de ouvidoria tem por objetivo
aperfeiçoar os serviços prestados em busca da satisfação dos seus clientes. Ela possui um
campo aberto para sugestões, reclamações, elogios e críticas, visando o crescimento social da
empresa, conforme demonstrado na Figura 45.
Figura 45 – Tela de Exemplo do Serviço de Ouvidoria
Outro fator importante no sistema é o fato de que podemos cadastrar os dispositivos
sensores novos, que irão integrar na rede de distribuição de energia elétrica. Estes sensores
são cadastrados no banco de dados através de um formulário como demonstrado na Figura 46.
Neste formulário contém os dados de localização deste sensor e seu endereço alto e baixo
fornecido pelo fabricante do módulo.
Figura 46 - Cadastro de Novos Dispositivos Sensores na Rede
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Durante a navegação pelas funcionalidades do sistema, o funcionário da Central de
Monitoramento vai se deparar com ferramentas de uso simples, mas muito úteis, como a
impressão de ordem de serviço ou a consulta por dispositivos já cadastrados, desta forma
podendo ter uma maior visão da área de cobertura do sistema.
Com o desenvolvimento deste sistema de monitoramento de redes de distribuição
elétrica baseado na informação de sinal recebido, a equipe de manutenção terá uma maior
agilidade em chegar no ponto exato da falha pois terá uma ferramenta potente em mãos, para
assim suprir as necessidades da distribuidora de energia elétrica neste quesito.
Através da utilização destas ferramentas a empresa pode melhorar o atendimento ao
cliente, possibilitando uma maior agilidade no restabelecimento da energia elétrica naquele
determinado ponto, proporcionando assim para o cliente uma maior confiança para com a
empresa prestadora de serviço.
Outro ponto favorável na elaboração deste sistema é a prevenção, pois nos dias de hoje
as distribuidoras de energia elétrica não têm em seus dados estatísticos uma relação das falhas
temporárias, falhas estas que geram uma interrupção por minutos ou até mesmos segundos,
mas que não são levados em conta nem mesmo pelos clientes por se tratar de uma interrupção
muito rápida. Sem possuir este dados as empresas não poderem fazer um plano de
manutenção preventiva, o que seria de extremo valor, pois desta forma poderiam diminuir em
grande parte as falhas permanentes, falhas estas que geram um transtorno muito grande tanto
para o cliente quanto para a empresa.
Sem contar que quando se tem uma falha permanente, em grande parte ela foi gerada por
um conjunto de falhas temporárias que não foi levado em consideração pelas empresas, gerando
assim um grande desgaste da equipe de manutenção para chegar muitas vezes neste ponto em que
ouve a anomalia, por se tratar de situações climáticas desfavoráveis ou trânsito intenso no local.
8.2. Manutenção Preventiva da Rede
Tratam a manutenção preventiva como uma atuação realizada que visa reduzir ou evitar,
tanto a falha quanto a queda de desempenho, obedecendo a um plano estratégico
previamente elaborado, e baseado em intervalos de tempo definidos. Ratificando a
definição anterior, define manutenção preventiva como sendo a ação efetuada segundo
critérios predeterminados, com a intenção de se reduzir a probabilidade de falha de um
bem. (KARDEC e NASCIF, 1999)
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60
Nela a intervenção é feita em intervalos fixos, baseada em uma expectativa de vida
mínima dos componentes. Estes intervalos são frequentemente determinados pela estatística e
pela teoria da Probabilidade (BALDESSAR, 2006).
A manutenção preventiva será mais conveniente quanto maior for a simplicidade na
reposição; quanto mais altos forem os custos de falhas; quanto mais as falhas
prejudicarem a produção e quanto maiores forem as implicações das falhas na
segurança das pessoas e no sistema operacional (KARDEC e NASCIF, 1999).
A manutenção preventiva é uma tarefa que projeta e aumenta a confiabilidade do
equipamento. Sua programação deve ser designada ao engenheiro de produção, mantendo um
alto nível de flexibilidade em blocos de tempo ou nos finais de caso não haja uma manutenção
preventiva eficiente, tais como, perder tempo da produção devido a quebras de equipamento,
redução da vida útil do equipamento, acidentes relacionados com segurança devido ao mau
funcionamento do equipamento ou variação da qualidade do produto. Na Figura 47 são
demonstrados procedimentos de manutenção na rede elétrica.
Figura 47 - Manutenção Preventiva das Redes de Distribuição de Energia Elétrica.
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Com base na ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) as atividades de
operação e manutenção em redes ou subestações, de forma a atender os níveis de qualidade
exigidos no contrato de concessão e outras normas aplicáveis as atividades são classificadas
conforme segue:
a) Operação: atuação sobre a rede em situações programadas ou situações de
emergência ou imprevistas. As operações incluem as ações que permitem a
execução de manutenção nas instalações ou as ações que garantem a recomposição
do serviço após as intervenções.
b) Manutenção Preventiva e Preditiva: compreendem as tarefas de revisão periódica
das instalações e incluem ações corretivas decorrentes dessas revisões, desde que
estejam ao alcance das equipes que realizam essas tarefas.
Outro ponto favorável para a implementação do sistema de monitoramento automático
de falhas em transformadores de rede de distribuição energia elétrica é o que diz respeito ao
índice de satisfação do cliente referente ao atendimento, confiança e satisfação para com as
concessionárias, levando em consideração os dados obtidos em pesquisas de satisfação
realizadas demonstrado na Figura 48. Foi verificado que em alguns pontos as empresas
distribuidoras de energia elétrica deixam muito a desejar perante os clientes, conforme
demonstra a pesquisa de satisfação.
Figura 48 - Pesquisa de Satisfação dos Clientes
Fonte: http://revista.grupointegrado.br
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A análise dos índices baseou-se nas seguintes escalas de referência: de 0,00 a 0,39 -
grau baixo de insatisfação, de 0,40 a 0,69 - grau médio insatisfação, e de 0,70 a 1,00 - grau
alto de insatisfação. Diante dos resultados da Análise de Distribuição de Frequência
observaram-se índices de grau médio em cada uma das três dimensões utilizadas no estudo.
Entretanto, quando se verificam os questionamentos que compõem cada dimensão,
constata-se que o item que trata a respeito da “facilidade de contato telefônico com a
concessionária” registra um grau alto de insatisfação (0,71), seguido do item “frequência nas
interrupções de fornecimento de eletricidade” (0,70). As interrupções no fornecimento de
eletricidade são frequentes, o que ocasiona um aumento substancial no número de ligações na
intenção de solucionar o problema. Assim, a insatisfação cresce severamente durante períodos de
interrupções.
Sobre a “facilidade de contato telefônico com a concessionária” que registra uma alta
insatisfação por parte dos consumidores, identifica-se como um polo extremo de insatisfação
junto à amostra analisada.
O menor grau de insatisfação foi registrado no item “atendentes são gentis e cordiais”
(0,31), o que revela um preparo por parte dos profissionais de atendimento, que independe das
dificuldades enfrentadas pelas concessionárias em normalizar problemas referentes aos
serviços prestados de energia elétrica.
No tocante aos resultados dos índices médios de insatisfação em cada uma das três
dimensões analisadas, verificou-se que as dimensões “fornecimento de energia” (0,57) e
“tempo” (0,56) são as dimensões com maior índice de insatisfação, o que indica a necessidade
de revisão dos procedimentos operacionais por parte das concessionárias.
Através do gráfico podemos observar Índices médios de insatisfação dos
consumidores nas dimensões de análise dos serviços prestados por concessionárias de energia
elétrica. (QUADROS, 2013), conforme demonstrado na Figura 49.
Figura 49 - Gráfico das Pesquisas de Satisfação dos Clientes
Fonte: http://revista.grupointegrado.br
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Para sanar esta dificuldade citada na pesquisa foi elaborada uma interface de interação
para o cliente ter acesso total a estes dados que foram gerados automaticamente pelo sistema.
Esta interface foi desenvolvida com intuído de fazer com que os clientes das concessionárias
de energia elétrica tivesse um maior índice de satisfação perante os serviços prestados pela
empresa, tornando assim um vínculo mais fidelizado para ambos os lados.
A interface web foi desenvolvida usando linguagem PHP, JavaScript e CSS.
Primeiramente foi desenvolvido um sistema de login para que o cliente pudesse fazer uso dos
recursos. O login é feito usando como senha seu código do cliente e usuário seu nome
propriamente dito, desta forma podendo oferecer um sistema mais fácil de autenticação para o
cliente. Foi utilizado também o recurso de criptografia de dados para maior segurança dos
dados referente aos clientes, e para isso usou-se a ferramenta de criptografia de dados
chamada MD5. As Figuras 50 e 51 demonstram a interface web.
Figura 50 - Página Inicial da Interface de Interação com os Clientes
Figura 51 - Página de Login da Interface de Interação com os Clientes
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Após efetuar o login o cliente pode acessar os recursos para visualizar a sua ordem de
serviço, realizando assim a busca utilizando o nome da sua rua ou o seu CEP, e desta forma ter
um visão do determinado local que ouve o problema, fazendo o uso da ferramenta de interação
com o Google maps. O Cliente também pode visualizar o horário de quando ouve a interrupção e
qual a estimativa de tempo que levará para a energia ser restabelecida no local, possibilitando ao
cliente uma maior organização durante o período de falta de energia, por estar falando deste bem
tão precioso e indispensável que é a energia elétrica, conforme pode ser visualizado na Figura 52.
Figura 52 - Tela de Consulta de Ordem de Serviço pelo Cliente
Com o auxílio do sistema o cliente também poderá conhecer mais a empresa, podendo
acessar o a guia de informações e ficar sabendo mais sobre quem presta o serviço para ele,
conforme demonstrado na Figura 53.
Figura 53 – Informações Sobre a Empresa Distribuidora de Energia Elétrica
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No decorrer da navegação o cliente poderá fazer uso da comunicação com a empresa
através do setor de ouvidoria. O objetivo geral desta interface com a ouvidoria é a criação de
mais um canal de entrada das opiniões, sugestões, reclamações e problemas da sociedade e
dos respectivos clientes que fazem uso da eletricidade. Este canal de entrada também
formaliza o compromisso de bom atendimento da empresa perante seus clientes, originando
um maior índice de satisfação e a sensação de um relacionamento mais pessoal entre ambos
os lado. Desta forma, visando garantir os direitos dos cidadãos, concretizando assim, o
princípio da eficiência, os princípios da ética e da transparência nas relações cliente e
empresa, demonstrado na Figura 54.
Figura 54 – Tela do Cliente na Central de Ouvidoria
Após a conclusão da programação das interfaces do sistema proposto, foi realizada a
integração de todos os equipamentos e softwares desenvolvidos, para que fossem realizados
os ensaios de laboratório em protótipos de escala reduzida e posteriormente a operação em
condições reais de utilização em uma distribuidora de energia elétrica comercial.
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9. ENSAIOS DE LABORATÓRIO:
A primeira fase de testes foi realizada com o auxílio de uma maquete em escala
reduzida onde era simulada uma situação de queda de fusível em um transformador de uma
rede de distribuição elétrica. Através deste ensaio foi possível testar um protótipo simplificado
do sensor e o envio das informações por meio dos dispositivos ZigBee. A Figura 55
demonstra os primeiros passos para a realização dos ensaios com os protótipos.
Figura 55 – Ensaios Realizados com o Protótipo em Escala Reduzida
O envio das informações oriundas dos sensores é realizado através de frames de dados
gerados pelos dispositivos finais em modo API, estes frames carregam as informações em
hexadecimal. Uma primeira dificuldade encontrada na fase de testes foi decodificar estas
informações recebidas em hexadecimal para uma linguagem que fosse possível interpretar de
forma simples. Desta forma, foi realizado um estudo sobre uma linguagem de programação
que possibilitasse a implementação de um software para leitura e interpretação destes dados.
Como resultado deste estudo foi selecionada a linguagem Python. O sistema de
decodificação foi implementado de forma que possibilitasse a leitura dos dados de forma
simplificada por qualquer operador. O software executa uma função de “parse” deste frame
recebido, e com estes dados separados é realizada uma comparação com uma tabela do banco
de dados, o seja, seu endereço alto e baixo, que foi enviado automaticamente pelo dispositivo
sensor, é separado pelo “parse” e comparado no banco de dados para definir a localização da
falha da distribuição de energia, onde estes dispositivos foram previamente cadastrados.
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Na segunda fase de testes foi detectado mais um desafio, que era como transmitir este
sinal gerado pelo sensor por uma distância maior do que o próprio alcance do ZigBee. A
opção encontrada foi de utilização de dispositivos autônomos configurados como roteadores
posicionados estrategicamente em locais onde o sinal necessita ser repetido, aumentando
consideravelmente o alcance até as informações chegarem nos concentradores. Estes recursos
foram utilizados no intuito de aproveitar as facilidade de criação de redes mesh que os
dispositivos ZigBee possuem. Na sequência dos testes foi concluído que os roteadores
deveriam ser colocados nos postes da rede de distribuição elétrica onde não haviam
transformadores, desta forma os dispositivos podem ser alimentados pela rede elétrica e
ficariam sempre “acordados” ou seja, fora do modo sleep para que pudesse retransmitir os
pacotes sempre que necessário. Já nos transformadores monitorados os dispositivos devem
permanecer somente em modo sleep, para que no momento que um evento de falha ocorra,
este seja acordado (wake-up) e automaticamente envie um frame de dados ao coordenador.
É evidente que não podemos utilizar roteadores indefinidamente até que os dados
enviados sejam entregues na Central de Controle e Monitoramento, isto geraria uma
fragilidade muito grande do sistema de comunicação e sobrecarregaria toda a rede com
informações trafegando através de muitos saltos. Utilizando estas premissas, foi analisada a
possibilidade de utilizarmos concentradores em alguns pontos estratégicos da área
monitorada, e estes com função de gateway encaminham os frames de dados através de outra
tecnologia de comunicação mais adequada para longas distâncias. Após um detalhado estudo
sobre as tecnologias no mercado que atendem aos requisitos da rede de monitoramento de
transformadores, foi definida a utilização de um equipamento comercializado pelo mesmo
fabricante dos módulos ZigBee. Estes equipamentos são gateways que servem de interface
entre os módulos ZigBee utilizados nos sensores de falha e outras tecnologia de comunicação,
como USB, Ethernet, Wi-Fi e também a tecnologia 3G, sendo esta última a mais indicada
para utilização em campo.
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10. CONCLUSÕES
Os sistemas elétricos de potência estão passando por profundas mudanças em nível
mundial por diversos motivos diferentes. Existe a necessidade de se atender demandas ambientais
e de conservação de energia por meio de uma rede mais confiável, que necessita aumentar sua
eficiência operacional e melhorar a qualidade para o consumidor. As mudanças que estão
acontecendo são particularmente significativas para as redes de distribuição de energia elétrica,
em que as operações manuais, juntamente com componentes eletromecânicos, precisam se
transformar em uma RI – Rede Inteligente (Smart Grid). Essa transformação é necessária para se
alcançar objetivos ambientais, acomodar a resposta pelo lado da demanda, suportar veículos
elétricos e híbridos plugáveis, bem como a geração distribuída em baixa tensão e dispositivos com
capacidade de armazenamento de energia elétrica.
Este projeto tem como objetivo oferecer uma ferramenta baseada em comunicação de
redes de computadores, que atenda a muitas destas demandas antes apresentadas. Ele foi
idealizado e desenvolvido com o objetivo de automatizar um processo das companhias de
distribuição de energia elétrica, tendo como base os conhecimentos adquiridos no curso. O maior
incentivo, foi a possibilidade de buscar uma solução que possa proporcionar maior segurança e
eficiência no atendimento ao cliente, podendo preservar tanto o aspecto físico como também
financeiro quando corretamente aplicada.
As atividades propostas no cronograma do projeto foram totalmente desenvolvidas, apesar
do tempo reduzido para concretizar todos os objetivos apresentados.
O aprendizado e a dedicação permitiu o contato direto com profissionais que atuam com
modernas técnicas de trabalho, e a experiência permitiu uma visão maior desta área de tecnologia.
O projeto de monitoramento de transformadores de redes de distribuição de energia elétrica
mostrou ser viável e com uma interação de alto nível para com a Distribuidora de energia e seu
respectivos clientes.
A montagem dos equipamentos foi determinada e executada de forma a atender aos
objetivos de recursos mínimos necessários para a implementação do sistema, por meio não
guiado, trabalhando na faixas de frequências ISM.
A análise dos dados obtidos permitiu mostrar que o padrão ZigBee funciona dentro de
uma hierarquia similar aos conceitos adquiridos em aula, no que se refere a topologias e estrutura
dos protocolos conhecidos. É possível determinar com mais clareza que, no momento em que é
estabelecida a comunicação, não existem limites de distância e cobertura para o sensoriamento
remoto de qualquer dispositivo.
Para trabalhos futuros será implementado um sistema de cálculo de rota para melhor
distribuição das ordens para as equipes de manutenção, fazendo com que desta forma se obtenha
uma maior agilidade na manutenção destes pontos de falhas.
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11. REFERÊNCIAS
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