RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Profa. Nerilde Favaretto Notas de aula - AL 323 - Recursos Naturais Renováveis Universidade Federal do Paraná Departamento de Solos e Engenharia Agrícola
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS
Profa. Nerilde Favaretto
Notas de aula - AL 323 - Recursos Naturais Renováveis
Universidade Federal do Paraná
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola
DEGRADAÇÃO
“São considerados como degradação os processos resultantes
dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se
reduzem algumas de suas propriedades, tais como a
qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais”
(Decreto n. 97.632/89)
DEGRADAÇÃO - Área de mineração
“a degradação de uma área ocorre quando a vegetação
nativa e a fauna forem destruídas, removidas ou
expulsas; a camada fértil do solo for perdida removida
ou enterrada; e a qualidade e regime de vazão do
sistema hídrico for alterado”
DEGRADAÇÃO - Área agrícola
degradação do solo é a perda de uma ou mais de suas qualidades,
seja ela de natureza química, física ou biológica resultando em
reduzida capacidade produtiva e em problemas ambientais”
Física
perda da
qualidade
estrutural;
compactação;
selamento;
erosão
DEGRADAÇÃO DO SOLO
Biológica
redução da matéria
orgânica;
perda da atividade
e diversidade de
organismos do solo
Química
perda de
nutrientes;
acúmulo de
elementos
tóxicos;
acidificação;
salinização
SOLOS DEGRADADOS – ESTATÍSTICA MUNDIAL
15% DO SOLO MUNDIAL e 24% DOS SOLOS HABITÁVEIS
América do
Norte; 5% Oceania; 12%
América do
Sul; 14%
África; 17%Ásia; 18%
América
Central; 21%
Europa; 23%
(Oldeman, 1994; ONU-ISRIC, 1994)
(FAO-SOLAN, 1994)
SOLOS DEGRADADOS – ESTATÍSTICA MUNDIAL
FATORES DE DEGRADAÇÃO DO SOLO - MUNDIAL
35%
29%
28%
6,8%
1,2%Superpastejo
Desmatamento
Atividades
agrícolas
Exploração para
fins domésticos
Atividades
industriais
(Oldeman, 1994)
Desmatamento , superpastejo e agricultura (principais)
Desmatamento regiao amazônica =► pastagem =► 50%
estão degradadas
Mineração (pouca extensão mas intensa degradação)
Estatística =► 5 a 10% dos solos do sul do Brasil estão sendo
abandonados (erosão)
FATORES DE DEGRADAÇÃO DO SOLO - BRASIL
Desmatamento , superpastejo e agricultura (principais)
Brasil – 30 milhoes ha de pastagens degradadas
Regiao amazônica - 50% das pastagens estão degradadas
Sul do Brasil - 5 a 10% dos solos estão sendo abandonados
(erosão)
Mineração (pouca extensão mas intensa degradação)
FATORES DE DEGRADAÇÃO DO SOLO – BRASIL
Dias & Griffth, 1998)
RECUPERAÇÃO, REABILITAÇÃO OU RESTAURAÇÃO?
Divergências e subjetividade na conceituação
Recuperar “significa retornar a área degradada às suas formas e
utilizações, segundo um plano definido para o uso do solo”
Reabilitar “significa fazer com que a área retorne a um estado
biológico apropriado”
Restaurar “significa fazer com que a área degradada retorne ao
seu estado original”
RECUPERAÇÃO
Termo mais utilizado inclusive na Constituição Brasileira de 1988
“A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado
a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido
para o uso do solo, visando obtenção de uma estabilidade do meio
ambiente” (Decreto 97.632, de 10 de abril de 1989)
“Recuperação é um conjunto de ações (idealizadas e executadas por
especialistas das mais diferentes áreas do conhecimento humano)
que visam proporcionar o restabelecimento de condições de
equilíbrio e sustentabilidade existentes anteriormente”
ASPECTOS LEGAIS - Recuperação
Lei n. 6.938/81, dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente (Inciso VIII do artigo 2º)
Constituição Federal (Parágrafo 2º e 3º do artigo 225)
Decreto n. 97.632/89 dispõe sobre a regulamentação
do artigo 2º, Inciso VIII , da Lei 6.938/81
Considerar o tipo de degradação
Levantamento das características naturais do local
Considerar o uso previsto para a área após a sua recuperação
•Preservação
•Uso econômico
Empregar técnicas adequadas para o tipo de degradação
•Ambientais
•Econômicas
PREMISSAS BÁSICAS NA RECUPERAÇÃO
DE ÁREAS DEGRADADAS
MINERAÇÃO COMO ATIVIDADE DEGRADANTE
Pequena extensão e alta intensidade
Exploração do xisto (folhelho pirobetuminoso) - São Mateus do Sul
MINERAÇÃO DO XISTO EM SÃO MATEUS DO SUL
PROCESSO INICIAL DE RECUPERAÇÃO –
EXPLORAÇÃO DO XISTO EM SÃO MATEUS DO SUL
ÁREA RECUPERADA
EXPLORAÇÃO DO XISTO EM SÃO MATEUS DO SUL
MINERAÇÃO COMO ATIVIDADE DEGRADANTE
Pequena extensão e alta intensidade
Exploração do calcário (Grupo Votoran) – Rio Branco do Sul
MINERAÇÃO COMO ATIVIDADE DEGRADANTE
Pequena extensão e alta intensidade
Exploração do calcário (Grupo Votoran) – Rio Branco do Sul
PROCESSO INICIAL DE RECUPERAÇÃO –
EXPLORAÇÃO DO CALCÁRIO – RIO BRANCO DO SUL
PROCESSO INICIAL DE RECUPERAÇÃO –
EXPLORAÇÃO DO CALCÁRIO – RIO BRANCO DO SUL
PROCESSO INICIAL DE RECUPERAÇÃO –
EXPLORAÇÃO DO CALCÁRIO – RIO BRANCO DO SUL
PROCESSO INTERMEDIARIO RECUPERAÇÃO –
EXPLORAÇÃO DO CALCÁRIO – RIO BRANCO DO SUL
PROCESSO INTERMEDIARIO RECUPERAÇÃO –
EXPLORAÇÃO DO CALCÁRIO – RIO BRANCO DO SUL
PROCESSO AVANÇADO DE RECUPERAÇÃO –
EXPLORAÇÃO DO CALCÁRIO – RIO BRANCO DO SUL
URBANIZAÇÃO COMO ATIVIDADE DEGRADANTE
Pequena extensão e alta intensidade
URBANIZAÇÃO COMO
ATIVIDADE DEGRADANTE
CONTRUÇÃO DE BARRAGEM - ATIVIDADE DEGRADANTE
Pequena extensão mas alta intensidade
(Foto: Marcelo Lima)
CONTRUÇÃO DE BARRAGEM - ATIVIDADE DEGRADANTE
(Foto: Marcelo Lima)
PECUARIA EXTENSIVA COMO ATIVIDADE DEGRADANTE
PASTAGENS DEGRADADAS - Grande extensão e baixa intensidade
AGRICULTURA COMO ATIVIDADE DEGRADANTE
Grande extensão e baixa intensidade
AGRICULTURA COMO ATIVIDADE DEGRADANTE
Erosão como o centro dos problemas
Baixa produtividadeUso e manejo
inadequado do solo
Erosão do solo
Sedimentação
Enchentes
Poluição de
mananciais
Degradação do
solo
Uso e manejo
inadequado de
insumos
COMO OCORRE A EROSÃO HÍDRICA
Erosão – Estatistica Mundial
Oldeman, 1994)
DEGRADAÇÃO DE SOLOS AGRÍCOLAS X
ANOS DE CULTIVO
REVEGETAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS COM
ESPÉCIES ARBÓREAS
Regeneração Natural:
Depende do grau de destruição do solo
Importante ter banco de sementes
Isolamento da área (exclusão da área de herbívoros)
Processo longo mas de baixo custo
Regeneração Artificial:
Introdução através de sementes ou mudas de espécies
nativas, exóticas e mistas (nativas + exóticas)
29%
21%18%
18%
14%
Mineração
Agricultura
Urbanização
Barragens
Outros
PESQUISAS COM RECUPERAÇÃO DE
ÁREAS DEGRADADAS DESENVOLVIDAS
NO BRASIL COM ESPÉCIES ARBÓREAS
ORIGEM DAS ESPÉCIES EM TRABALHOS DE PESQUISA
COM RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
46%
8%
46%
espécies nativas
espécies exóticas
espécies nativas e exóticas
NÚMERO DE ESPÉCIES ENVOLVIDAS EM TRABALHOS DE
PESQUISA COM RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
39%
22%
17%
17%
5%
> 20 espécies
11 a 20 espécies
6 a 10 espécies
2 a 5 espécies
1 espécie
CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES
DAS ESPÉCIES USADAS EM TRABALHOS DE
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
32%
26%
16%
16%
10%
ocupação
crescimento
diâmetro
sobrevivência
regeneração natural
ESPÉCIES MAIS CITADAS EM TRABALHOS DE
PESQUISA COM RECUPERAÇÃO
Mimosa scabrellla (bracatinga)
Eucalyptus spp (eucalipto)
Tabebuia spp (ipe)
Inga spp
Pinus spp
Acacia spp
Piptadenia rigida (angico)
Peltophorum dubium (canafístula)
Leucaena leucocephala (leucena)
Balfourodendron riedelinnum (pau-marfin)
PROCEDIMENTOS DO PROGRAMA DE REVEGETAÇÃO
DE ÁREAS DEGRADADAS
Escolha do sistema de recuperação e espécies a serem usadas
Escolha da combinação e distribuição das espécies no campo
Preparo da área (sistematização, adubação, calagem ...)
Plantio ou semeadura
Manutenção (roçadas, adubações, controle de formigas)
• 50% pioneiras + 40% clímax (exigentes de luz) +
10% clímax (tolerantes a sombra) (mais indicado)
• 50% pioneiras + 50% clímax (exigentes de luz)
• 75% pioneiras + 25% clímax (tolerantes a sombra)
• 100% pioneiras
EXEMPLOS DE COMPOSIÇÃO
EXEMPLO COMPOSIÇÃO E ARRANJO
P
C
P
C
3,0 msulco
1,5 m
pioneira
clímax de luz clímax de sombra
50% pioneiras + 40% clímax (exigentes de luz) +
10% clímax (tolerantes a sombra)
COMPOSIÇÃO E ARRANJO
P
C
P
C
3,0 msulco
1,5 m
pioneira clímax de luz
50% pioneiras + 50% clímax (exigentes de luz)
PASTAGENS AUXILIANDO NA RECUPERAÇÃO
Recuperação das condições físicas
Aumento da estabilidade estrutural (agregados)
Produção de resíduos para atividade microbiana
Produção de resíduos para formação de humus
Atuação do sistema radicular e cobertura vegetal
Recuperação das condições químicas do solo
Aumento do teor de matéria orgânica
Disponibilidade de nutrientes
Fornecimento de N principalmente leguminosas
Recuperação das condiçoes biológicas
Aumento da miicro, meso e macrofauna aumenta
Maior suprimento de carbono
Melhoria das caracteristicas físicas
Diversidade na exudações radiculares
MATÉRIA ORGÂNICA X
ESTABILIDADE DE
AGREGADOS
USO X MATÉRIA ORGÂNICA X DENSIDADE X POROSIDADE
PAPEL DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS
Gramíneas (estruturação do solo)
Leguminosas ( N e MO fácil decomposição)
INTEGRAÇÃO LAVOURA –
PECUÁRIA
Pisoteio animal e sua relação
com a degradaçao física
PDPA
Aumenta compactação mas
Não diminui densidade de raízes
USO DE PASTAGEM NA RECUPERAÇÃO DE SOLO
DEGRADADO PELA MINERAÇÃO DO XISTO
RECUPERAÇÃO DE SOLOS FISICAMENTE
DEGRADADOS EM ÁREAS AGRÍCOLAS
Causas da degradação física do solo:
cobertura superficial inadequada,
preparo do solo inadequado,
perda da matéria orgânica,
manejo inadequado de animais
Manifestação da degradação física:
formação de crostas na superficie
formação de camadas compactadas
Implicacões da degradação:
menor infiltração, maior escoamento, maior erosão, menor aeração,
dificuldade mecânica à penetração de raízes
RECUPERAÇÃO DE SOLOS FISICAMENTE
DEGRADADOS EM ÁREAS AGRÍCOLAS
Como recuperar um solo fisicamente degradado:
Recuperar a estrutura do solo (atividade biológica)
Processo de recuperação lento (requer muitos anos)
Planejamento de quais práticas aplicar depende:
grau de degradação,
caracteristicas do solo
realidade sócio econômica e cultural do produtor
Resultados esperados:
maior infiltração e menor escoamento
melhor aeração e distribuição de raízes,
preservação de água no solo,
maior estabilidade de agregados e menor erosão
maior rendimento.
PRINCIPAIS MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO
1) Descompactação da camada adensada
Mecanicamente (subsolagem ou escarificação)
Biologicamente (plantas com raizes agressivas)
2) Recuperação da fertilidade do solo
3) Fornecimento de cobertura vegetal do solo
4) Utilização de rotações culturais
5) Utilização de preparos de solos adequados
DESCOMPACTAÇÃO DA CAMADA ADENSADA
Mecanicamente X Biologicamente
PLANTAS DE COBERTURA X INFILTRAÇÃO
ROTAÇÃO X INFILTRAÇÃO
ESTABILIDADE DE AGREGADOS X PREPARO DO SOLO
Infiltração X preparo do solo
PD > infiltração
Infiltração X preparo do solo
PD < infiltração
FUNDAMENTAL NA RECUPERAÇÃO DE ÁREA
DEGRADADA POR QUALQUER ATIVIDADE
Manter o solo coberto
Melhorar fertilidade do solo
Aumetar matéria orgânica do solo
Melhorar estrutura física
BIBLIOGRAFIA
BOTELHO, S. A., DAVIDE, A. C., PINTO, L. V. Recomposição de Matas Ciliares (Minicurso) V SINRAD – Simpósio Nacional de
Recuperação de Áreas Degradadas, Belo Horizonte, 2002.
COGO, N.P. Elementos essenciais em manejo e conservação do solo e da água para aumento da produtividade agrícola e preservação do
ambiente. Porto Alegre: UFRGS/DS, 2002. 70 p. (Apostila de curso).
DERPSCH et al.. Controle da erosão no Paraná: sistemas de cobertura do solo, plantio direto e preparo conservacionista. GTZ/IAPAR.
1991. 271 p.
DIAS, L.E. & MELLO, J.W. de (ed.). Recuperação de áreas degradadas. Viçosa: UFV/DS/SBRADE, 1998. 251 p.
FAVAETTO et al. Pesquisa Agropecuária Brasileira v.35, n.2, p. 289-297 e p.299-306. 2000.
FREITAS, V.H. de & PARCHEN, C.A. Recuperação de solos fisicamente degradados. Florianópolis: ACARESC, 1987. 43p.
IBAMA. Manual de recuperação de áreas degradadas pela mineração. Brasília: IBAMA, 1990. 95p.
INFORME AGROPECUÁRIO. Recuperação de áreas degradadas. V.22, n.20, Belo Horizonte: EPAMIG, 2001.
MORAES, A.de. Pastagem como fator de recuperação de áreas degradadas. PG. 191-215. In: 2º Simpósio sobre ecossistemas de pastagens.
Jaboticabal: UNESP/FUNEP/FAPESP. 1993.
REINERT, D.V. Recuperação de solos em sistemas agropastoris p. 163-176. In: DIAS, L.E. & MELLO, J.W. de (ed.). Recuperação de
áreas degradadas. Viçosa: UFV/DS/SBRADE, 1998.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Manula de uso, manejo e conservação do solo e da água. 2 ed.
Florianópolis: EPAGRI, 1994. 338p.
UFPR. Anais do I simpósio sul-americano e II simpósio nacional sobre recuperação de áreas degradadas.
Curitiba:UFPR/FUPEF. 1994. 679p
UFPR. Anais do simpósio nacional sobre recuperação de áreas degradadas. Curitiba:UFPR/FUPEF. 1992. 520p
UFPR. Curso sobre recuperação de áreas degradadas. Curitiba: UFPR/FUPEF/APEF. 1993. v. I e II.
EXERCÍCIO
1. Discuta os conceitos de degradação de acordo com o uso atribuido ao solo, por exemplo
mineração, agricultura, engenharia civil, e apresente indicadores de qualidade do solo
que poderiam caracterizar a degradação/recuperação de uma área.
2. Discuta a conceituação dos termos recuperação, restauração e reabilitação
3. Apresente os aspectos legais (legislação) em relação à recuperação de áreas degradadas.
4. Comente o efeito das forrageiras gramíneas e leguminosas no preocesso de recuperação.
5. A recuperação do conteúdo de carbono orgânico do solo é um processo lento.
Considerando que 10% do material orgânico adicionado permanecerá no solo na
forma estabilizada, calcule a quantidade de matéria orgânica que deve ser adicionada
em um hectare (20 cm de profundidade) para aumentar 1% o teor de matéria orgânica
no solo. (Considere 1 ha=2000 Mg)
6. Discuta o sistema de integração lavoura pecuária com ênfase no pisoteio animal e a
relação com a degradação e recuperação estrutural do solo