DA PARTE CORDILLERA PERu RECONHECIMENTO GEOLoGICO SETENTRIONAL DA HUALLANCA, Por ANDREA BARTORELLI ABSTRACT RESUMO The Huallanca Cordillera with a lenght of about 20 km, is situated in the Northwestern part of Peru and belongs to the Western Cordillera of the Andes. It was visited in June 1968 by the Braslleira 1968 aos Andes Peruanos", whose aim was to climb for the first time the peaks of Nevado Huallanca (5 .480 m), Nevado Hual- lanca Sur (5.400 m), Tunacancha (5.320 m) and Mina Pata (5.260 m), and make the orographic and geo- logic reconaissance of the region. Rocks are mostly deposited, in the Cordillera Huallanca, during the Cretaceous period that, in Peru, is represented by outcrops that occupy more than 75% of the total area of the mesozotc rock expositions. In the small visited area the Lower Cretaceous (Pos-Portlandian to Pre-Valanginian) is represented by the Chimu Formation sandstone and the Upper Cretaceous (Upper Albian to Upper Turonian interval) is represented by the massive dark lImestones of the Jumasha Formation. Out- crops of the older Chicama beds (Upper Jurassic) are known to the East, at the small village of HualJanca (Bodenlos and Erickson) and to the West, at the Caullaraju Mountains, in the southern part of the CordiJIera Blanca (Rocha Campos and CordanIJ. It is thus probable that these jurassic rocks occur beneath the Cordillera HualJanca, as well as under the Huayhuash more to the south (P. Coney), and are disconformably overlain by the Chimu sandstone. The Santa, Carhuaz, Pariahuanca, Chulec and Pariatambo Formations, mapped by Peter Coney (3) in the southern part of the Cordillera Huallanca, were not recognized in its northern portion. In restricted places. covering the mesozoic for- mations, "Breccioid" rocks are found related to small terciary hlpabyssal intrusions, which are more numerous at the vicinity of the ridges formed by intensely folded limestones. Small flJling and replacement mineralizations on the limestones are associated to these intrusions, and allow for a rudimentary copper. silver, anti- mony, lead and zinc exploration. A Cordillera Huallanca, com pouco mals de 20 km de extensiio, situa-se na parte noroeste do Peru e faz parte da Cordllheira Ocidental dos Andes. Foi visitada em Julho de 1968 pela "Ex- Brasileira aos Andes Peruanos", que visou conquistar os cumes ainda virgens de HualJanca (5.480m), HualJanca Sur (5.400m), Tunacancha (5.320 m) e Mina Pata (5 .260 m), e executar reco- nhecimentos orograricos e geol6gicos na regiao. Predominam, na Cordillera Huallanca, rochas depositadas durante 0 Cretaceo que, no Peru, esta representado por afloramentos que ocuparn mais de 75% da area total ' de exposicoes das rochas do Mesoz6ico. Na pequena area estudada, 0 Cretaceo Inferior (Pos-Portlandiano ao Pre- Valangintano) esta representado pelo arenito da Chimu e 0 Cretaceo Superior (intervalo do Albiano Supe- rior ao Turoniano E'ouperior), esta representado pelos calcartos negros mactcos da F'ormacao Ju- masha, Sao conhecidos afloramentos das camadas Chicama, mals antigas, a leste, no povoado de Hual- lanca (Bodenlos e Erickson) e a oeste, no do Caullaraju, na extremidade sui da Cordillera Blanca (Cordani e Rocha Campos). Jlj bern prova- vel. assirn, que essas roehas de idade jurnssica ocorram por baixo da Cordillera Huallanca, bern como da Huayhuash , mats ao sui (3). estando so- brepostas em desconformidade pela Chlmu. As Santa, Carhuaz, Pariahuanca, Chulec e Pariatambo, mapeadas por Peter Coney (3) na parte sui de Huallanca, niio foram reconhe- cidas em sua setentrionaJ. Em lugares restrttos, recobrtndo as formacdes mesoz6icas, arloram rochas "Brech6ides" relacio- nadas a pequenos tntrusoes hipabissals de idade terclarla, que se distribuem, preferencialmente, nas proximidades das cristas constituldas de cal- carlos intensamente dobrados, A essas intrus5es estiio associadas pequenas mlneralizaqdea de preen- chimento e substttuicdo em calcarlos, que permitem uma rudimentar de cobre, prata, anttme- nio, ehumbo e zlnco. Os vales e "quebradas" apresentam aeumula- de material principalmente aluvial e glacial,
15
Embed
RECONHECIMENTO GEOLoGICO DA PARTE SETENTRIONAL …boletim.siteoficial.ws/pdf/1970/19_1-26-40.pdf · SETENTRIONAL DA HUALLANCA, Por ANDREA BARTORELLI ABSTRACT RESUMO The Huallanca
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
DA PARTECORDILLERAPERu
RECONHECIMENTO GEOLoGICOSETENTRIONAL DA
HUALLANCA,
PorANDREA BARTORELLI
ABSTRACT RESUMO
The Huallanca Cordillera with a lenght ofabout 20 km, is situated in the Northwestern partof Peru and belongs to the Western Cordillera ofthe Andes. It was visited in June 1968 by the"Expedi~iio Braslleira 1968 aos Andes Peruanos",whose aim was to climb for the first time thepeaks of Nevado Huallanca (5 .480 m), Nevado Huallanca Sur (5.400 m), Tunacancha (5.320 m) and MinaPata (5.260 m), and make the orographic and geologic reconaissance of the region.
Rocks are mostly deposited, in the CordilleraHuallanca, during the Cretaceous period that, inPeru, is represented by outcrops that occupy morethan 75% of the total area of the mesozotc rockexpositions. In the small visited area the LowerCretaceous (Pos-Portlandian to Pre-Valanginian) isrepresented by the Chimu Formation sandstoneand the Upper Cretaceous (Upper Albian to UpperTuronian interval) is represented by the massivedark lImestones of the Jumasha Formation. Outcrops of the older Chicama beds (Upper Jurassic)are known to the East, at the small village ofHualJanca (Bodenlos and Erickson) and to theWest, at the Caullaraju Mountains, in the southernpart of the CordiJIera Blanca (Rocha Campos andCordanIJ. It is thus probable that these jurassicrocks occur beneath the Cordillera HualJanca, aswell as under the Huayhuash more to the south(P. Coney), and are disconformably overlain bythe Chimu sandstone.
The Santa, Carhuaz, Pariahuanca, Chulec andPariatambo Formations, mapped by Peter Coney(3) in the southern part of the Cordillera Huallanca,were not recognized in its northern portion.
In restricted places. covering the mesozoic formations, "Breccioid" rocks are found related tosmall terciary hlpabyssal intrusions, which aremore numerous at the vicinity of the ridgesformed by intensely folded limestones. SmallflJling and replacement mineralizations on thelimestones are associated to these intrusions,and allow for a rudimentary copper. silver, antimony, lead and zinc exploration.
A Cordillera Huallanca, com pouco mals de20 km de extensiio, situa-se na parte noroeste doPeru e faz parte da Cordllheira Ocidental dosAndes. Foi visitada em Julho de 1968 pela "Expedi~ao Brasileira aos Andes Peruanos", que visouconquistar os cumes ainda virgens de HualJanca(5.480m), HualJanca Sur (5.400m), Tunacancha(5.320 m) e Mina Pata (5 .260 m), e executar reconhecimentos orograricos e geol6gicos na regiao.
Predominam, na Cordillera Huallanca, rochasdepositadas durante 0 Cretaceo que, no Peru, estarepresentado por afloramentos que ocuparn mais de75% da area total ' de exposicoes das rochas doMesoz6ico. Na pequena area estudada, 0 CretaceoInferior (Pos-Portlandiano ao Pre-Valangintano)esta representado pelo arenito da Forma~iio Chimue 0 Cretaceo Superior (intervalo do Albiano Superior ao Turoniano E'ouperior), esta representadopelos calcartos negros mactcos da F'ormacao Jumasha, Sao conhecidos afloramentos das camadasChicama, mals antigas, a leste, no povoado de Huallanca (Bodenlos e Erickson) e a oeste, no Maci~o
do Caullaraju, na extremidade sui da CordilleraBlanca (Cordani e Rocha Campos). Jlj bern provavel. assirn, que essas roehas de idade jurnssicaocorram por baixo da Cordillera Huallanca, berncomo da Huayhuash, mats ao sui (3). estando sobrepostas em desconformidade pela Forma~ao
Chlmu.As Forma~oes Santa, Carhuaz, Pariahuanca,
Chulec e Pariatambo, mapeadas por Peter Coney(3) na parte sui de Huallanca, niio foram reconhecidas em sua por~ii.o setentrionaJ.
Em lugares restrttos, recobrtndo as formacdesmesoz6icas, arloram rochas "Brech6ides" relacionadas a pequenos tntrusoes hipabissals de idadeterclarla, que se distribuem, preferencialmente,nas proximidades das cristas constituldas de calcarlos intensamente dobrados, A essas intrus5esestiio associadas pequenas mlneralizaqdea de preenchimento e substttuicdo em calcarlos, que permitemuma extra~iio rudimentar de cobre, prata, anttmenio, ehumbo e zlnco.
Os vales e "quebradas" apresentam aeumula~oes de material principalmente aluvial e glacial,
28 BDL. DA SOCIEDADE BRASILElRA DE GEOLOGIA - V. 19, N" 1, 1970
ex ist indo tamb em abunda ntes depositos de taludee mat eri al fragm ent ado incoeso ao longo das encostas ab rup tas .
INTROD UQAO
Duraeilo dos trabalhos, meios e metodos
Em Junho de 1968 foi realizada a «E xped i<;ao Brasileira 196 8 aos Andes Peruanos»,organizada pelo Engenheiro e Alpinista Domin gos Giobbi , pre sidente do Clube AlpinoP au lista. A fin alidad e da exped icao consistiuna conquista dos principals curnes, ainda virgens, da Cordillera HualJanca e na execucaode reconhecimentos cient ificos e cartograragemde uma reg iao praticamente desconhecida.
Localiz ada n a regiao noroeste do Peru epertencendo a Cord ilhe ira Ociden tal dos And es,a Cordillera HualJanca dista de Lima aproximadamente 400 km por estrada de rod agem .Com seus 20 km de comprlmen to, acompanhaa llnha divisoria entre os de partamentos deAncash e Huanuco, numa dire<;ao noroeste,ocupando a a rea compreendida entre os meridianos 77000' e 77 005' Oeste e os paralelos 10000'e 9050' SuI (vide figura ane xada ao mapa ).A noroeste intercepta a parte meridional daCordillera Blanca e, a apenas 3 km de sua extremidade sudeste, er guem-se os majestosos nevados da Cordillera Huayhuash.
Al gum as referenclas it geologia da regiaosao encontradas em trabalho de Peter Coney(1964) sa bre a Geologia e Geografla da Cordillera Huayhuash, que considera Huallanca comouma continuidade estratigrafica e estruturalda cordilheira por ele estudada. 'I'ambem G.E. Erickson e A. J . Indacochea (1949) visitaram a regiac e elaboraram urn mapa com aIocaltzacao de pequenos depositos de chumboe ·zinco na parte norte de Huallanca, principalmente nas quebradas Shicra-Shicra e Min aPata, marcando urn total de 32 ocorrencias.
o reconhecimento da regtao foi feito como auxillo de fotografias aereas executadas pelaFiirl;a Adrea Norte Americana em 196 2, quepermitl ram a conreccao de uma ca rta orogra flea em esca la aproximada de 1 :30 .000 (mesal co nao cont rolado j , na qual Ianearam-se osdados topograncos e geologicos obt ldos nocampo e atraves de fotointerpretacao, A toponimia dos acidentes geograficos foi feita seguindo-se a denornlnacao usada pela escassapopulacao local e alguns nomes ja adotados perKinzl (1939 ). Erickson e Indacochea (1949) eConey (1964).
A geologia de campo restringtu-se principalmente a area vizinha dos cumes mais altos,por ser est a a parte de maior interesse paraa expedicao, F oram dispendidos 12 dias nocampo, tendo sido possivel 0 estudo siimentedos afloramentos a oeste da area reconhecida,devido a dificuldade de transposi cao da zona decristas. A parte leste da mesma foi mapeadapor fototnterpretacao e infericoes feitas a part ir do mapa de Coney e de outras informa<;oes obtidas,
A alti tude dos plcos foi determinada, dentro de urn provave l limIte de erro de 20 metros,atraves de t riangulacao (nivel de Abney etrena ) e medidas altlrnet ricas (altimetro Thommen ) executadas por ocas iao da escalada dosmesmos. 0 mais alto, Ne vado Huallanca, tevesua altitude determinada em 5.480 metros, seguindo-se 0 HualJanca Sur com 5 .400 m , Tunacancha com 5 .320 m e Mina Pata, com 5.260 m(Vide mapa ) .
o termo «quebrada», repetldas vezes aquiaplicado, e usado pelos habitantes da Cordilheira dos Andes para designar vales glaciais, naomais submetidos a aeao de geleiras, que permitem 0 acesso , mesmo para animals de carga,as partes mais altas das cordllheiras e posstbilitam, as vezes, a sua travessia. Neste caso,entao, sao conhecidos como «puntas» ou«pasos»,
A expedicao foi realizada sem apoio econ6mico por parte de qualquer tipo de entidade,tendo sido financiada exclusivamente pormetes particulares.
Fisiografia e Clima
A Cordillera Hualianca, apesar de estaralinhada com a Cordillera Huayhuash que seextende por 30 km para sudeste, nao deixa deconstituir uma cordilhelra independente. Asvias de acesso a cadeia principal sao constltuidas pelas quebradas, que estao separadas entreai por cristas sem neve alcaneando altitudesde ate 5 .000 metros.
A nordeste da cordilhe ira 0 limi te de nevesperenes est a a uma altitude de 4.800 m a4.900 m, enquanto que no flanco sudoeste sobepara mais de 5 .000 m. Uma excessao notavele constituida pela geleira da quebrada MinaPata (foto 12 ) , que, estando protegida contraa ablaeao pela crista formada entre os cumesprincipais (Vide mapa ) , chega a descer ate umaaltitude ao redor de 4.600 m. li:ste limite estaria numa cota ainda rna is baixa nao fessea forte Incllnacao da encosta recoberta pela
ANDREA BARTORELLI - Reconhecimento Geologico da Parte Setentrional... 29
MAPA DE RECONHECIMENTO GEOLdGICO DASETENTRIONAL DA CORDILLERA
HUALLANCA - PERU
PARTE
." ..r
LEGENDA•• 1 Povoodo
::-~ Rios e Corregos~ t.ccccs<3 Neve e gela perenes
.r.;:;;;";'Zona de crlsrcs orogrcif.jcos{oprox.l... Cumes de montonhos
• Estrodos e cominhos~ Depositos minerois em exptcroccc
~ Depositos oluvjois, Qlociois e talus~ fllmlOCOO JumoshQE3illLJ formoolio Chim<i
oE S CA L A
Km
A. BARTORELL.i
D.G .I? - F.'F.'C.Lu, S . F?
-1969-
30 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 19, NQ I, 1970
geleira, que provoca 0 rompimento de sua partefrontal e permite 0 despreendimento de grandes blocos de gelo, os quais sao acumulados nopequeno lago, a uma altitude de 4.350 m, daquebrada Mina Pata.
A direrenca entre os limltes inferiores dogelo, a noroeste e a sudeste da cordilheira, deve-se a predominancia de ventos provindos denordeste. Esse vento e responsavel, ainda, pelarormacao das cornijas de neve que estao voltadas para oeste, permitindo um grande acumulotambem nsste lado, apesar de predominarem aspreclpitacoes nas encostas voltadas para 0 ladedo vento.
Como em toda regiao andina do Peru, naCordillera Huallanca 0 clima e caracterlzadopor uma estaeao de chuvas fortes nos meses deiNovembro a Abril, e por uma relatlva epoca deestiagem durante 0 resto do ano . A regiao estacompreendida em uma faixa onde as precipitacoes anuais variam de 200 a 1.000 milimetros,
A temperatura e mals ou menos constantedurante t6do 0 ano , sendo que as maiores diferencas ocorrem entre 0 dia e a noite. Duranteo dia , tanto sobre as geleiras como nas quebradas, a temperatura alcanca 200C enquantoque a norte, em ambos os lugares, atinge valores inferiores a 50C abaixo de zero.
A vegetacao arbustiva e bastante pobre,existindo bosques ralos de «Quenuas» (polyle-
COLUNA GEOLOGICA
pis ), principalmente na crista norte da quebrada de Gara e alguns arbustos na confluenciada mesma com as quebradas Quenuaracra eShicra-Shicra. 0 restante da flora e constltuldo por gramineas que recobrem as encostase, sobre tudo, 0 fundo das quebradas, propiciando pastagens para carneiros e gada bovtno,
Ressaltam-se, no inicio da quebrada deGara, em sua encosta suI, numerosos exemplares de Puya raimondit, bromeliacea rara quechega a alcancar 10 m de altura, s6 encontrada a grandes altitudes, em poucos vales e quebradas dos Andes Bolivianos e Peruanos(foto 13).
Agradecimentos
EspecIal agradecimento cabe ao Engenheiro Domingos Giobbi pela organizacao da expedi«;iio e pelo idealismo e incentivo dispensadosa Geologia. Ao Prof. Dr. Viktor Leinz e devido 0 grande apoio que possibilttou a participa<.;Ao na expedicao e incentivo para os trabalhos de campo. 0 Dr. Umberto G. Cordanimuito auxiliou atraves de material gentilmente cedido e na revelacao de excelentes conhecimentos, adquiridos por ocastao de sua participa«;iio na expedicao de 1961, que visitou 0
Macico do Caullaraju, na Cordillera Blanca. 0Prof. Dr. Jose Moacyr Vianna Coutinho e 0
Dr. Vicente Girardi prestaram precioso auxilio
(SIMPLIFICADA)
oc>oj
Q
NoZf;I;lc
oc>oj
Q
NorLJ
~
Quaternario
Terciario
Cretaceo
Jurlissico
{
{
Recente - Depositos glaciais em iniclos de vales e encostas(acima de 5. 000 metros)
Pleistoceno - Depositos glaciais ate 4.000 metros
Rochas vulcanicas acidas - diques, sills e stocks de granitep6rfiro e «Brechas»
Rochas vulcantcas intermediarias - stocks de granodiorito
- Inconf. -
Superior - Formacao Jumasha (rochas carbonaticas macicamente acamadas, formando os cumes mats altos)
- Desconf. -
Inferior - Arenito Chirmi (camadas mactcas de arenitealtamente cimentado com Intercalaeoes de folhelhocarbonaceo)
- Desconf.
Superior - Formacao Chicama?
ANDREA BARTORELLI - Reconhecimento Geologico da Parte 8etentrional... 31
no estudo de laminas petrograficas, as quaisforam dedicadamente preparadas pela 8ra. Melany Isauk.
No Peru foi prestada Inestimavel ajudapela Cerro de Pasco Mining Co., nas pessoasdo Eng. Miguel Abele e Macario Angeles, quetambem participou da expedicao, e pelos geologos Dr. Victor Benavides Caceres, da International Petroleum Co. e Dr. Eleodoro BellidoB., da Comision de la Carta Geologica Nacional.
LlTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA
Depositos Recentes
as depositos recentes sao constituidos porsedimentos inconsolidados que preenchem osfundos de vales e quebradas. Sao sedimentosheterogeneos constituidos, em parte, por rnateriai de talude e antigas morenas retrabalhadas e, em menor parte, por solos humicos negros , as depositos de cascalho adquirem maiorlmportancia nos vales dos rios Tunacancha,Piscapaccha e Pativilca (ao suI de Pachapaqui) , os quais correm sobre leitos altamentepedregosos. Material desagregado recobre,ainda, boa parte das encostas abruptas dasprincipals quebradas.
G1aci~o
a limite inferior atual da neve pereneesta numa cota aproximada de 5 .000 m, existindo excessoes que dependem da alimentacaode algumas geleiras e da intensidade de ablagao. A geleira que desce para a quebrada MinaPata, chega a atingir a cota de 4.600 m pelofato de estar protegida contra a agao dos raiossolares pela crista existente entre os NevadosHuallanca e Tunacancha. Na realidade, 0 gelonao chega a constituir verdadeiras geleiras porestar restrito, quase unicamente, as regioesmais elevadas, limitando-se sobretudo a recobrir, sob a forma de espessas capas, as encostas ingremes de montanhas.
Alem da presenca de vales glaciais, evldencias de uma glaciagao preterita muito maisdesenvolvida que a atual sao encontradas soba forma de estrias nos afloramentos de granltoe metarenito do fundo de alguns vales, baixando ate a cota de 4.200 m, como na quebrada Mina Pata. Proximo a mina Esperanza,a aproximadamente 200 m abaixo do atual nivel do gelo, encontram-se perfeitamente preservadas estrlacoes glaciais na superficie deafloramento de granito p6rfiro (foto 10).
Existem, ainda, dep6sitos moremcos, tambern na cota de 4 . 200 m, em alguns dos quaisforam encontrados seixos estriados e facetados.as depositos rnorenicos, freqUentemente associados a depositos de talude provlndos das encostas, formam verdadeiras barragens contra 0
escoamento da agua de degelo, constltuindo represamentos que dao origem aos numerososlagos exlstentes na regiao (Foto 11) . Essasbarragens naturals, muitas vezes, rornpem-sedando origem a Inundacoes repentinas que setomam catastr6f1cas ao atingirem vilas epovoados.
Forma~ Jumasha
A Formacao Jumasha foi definida por MeLaughlin (1924) que escolheu a localidade tiponas colinas pr6ximas a Jumasha, perto do lago
Punrum, no Peru central. A formacao e porele descrita como sendo constituida por urn calcarlo homogeneo, cinza claro, geralmente malscompacto que as camadas Machay, assentadoem conformidade sabre as mesmas, e estandorecoberta por folhelhos vermelhos e arenitos deprovavel idade terciaria,
A Formacao Jumasha e, orograficamente,a mais importante, por formarem as suas rochas a crista principal da Cordillera Huallanca . a mesmo ocorre na Cordillera Huayhuash,onde e encontrada na crista axial e se extende,segundo Coney (3 ), ate a Cordillera Huallanca , desenvolvendo-se , principalmente, na partenorte da mesma. Consiste em urn calcario cinzaa cinza escuro, as vezes negro, mactcarnenteacamado, rnicrogranular e parcamente fossilifero (na Cordillera Huallanca, se bern que naotenha side feito urn perfil completo da formagao, nao foi encontrado nenhum resto organico ). Benavides (2), descreve a Formacao Ju
.m asha em Pomachaca, onde encontrou umaespessura de 800 m de dolomitos e catcariosmarrom-amarelados e cinzentos, extremamentepobres em fossels, Urn afortunado achado derestos de Lyelliceras ulrichi Knechtel e Oxytropidoceras douglasi Knechtel, permitiu-lhe conferir uma ldade Albiano-Turoniana a esse pacote calcarlo, Cita, ainda, a presenca de restosde Foraminiferos, especialmente na parte superior da formacao. Coney (3 ) encontrou, naCordillera Huayhuash, especlmens de Inoceramus concentricus proximo a base da FormacaoJumasha.
A avaliacao da espessura da Formacao Jumasha, na Cordillera Huallanca, nao foi possivel devido a falta de urn perfil total da mes-
32 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 19, N9 1, 1970
rna e pelo conhecimento Incomplete das estruturas tectonlcas que a afetam. Benavides (2)calculou uma espessura de 800 m para essaformacao em Pomachaca, nos Andes centroocidentais do Peru. A espessura, na CordilleraHuaIIanca, certamente e desta ordem de grandeza, pols, se bern nao tenham side consideradas as repeticoes estrattgraflcas devidas aointenso dobramento sofrido pela regiao, podernse medir no mapa mais que 5 km de rochas daFormacao Jumasha, perpendicularmente it direcao das camadas.
No vale do rio Cajon Racra 0 calcarioaflora em camadas escuras, nao ultrapassando30 em de espessura, intercaladas com camadasde 50 a 70 ern de folhelho negro afossilifero. Oscalcarios da Formacao Jumasha, que soem sermuito hornogeneos, apresentam uma outra varia<;ao Iitologlca nas proximidades da minaEsperanza, localizada na encosta leste da quebrada Mina Pata, onde estao finamente marmorizados, com uma cor mais clara da que lhese caracteristica e mostram intercalacoes, deigual espessura, de material fino, escuro, compactado e ligeiramente piritizado (foto 2). 0
material marrnoreo, quando examinado sob 0
mlcroscopio petrografico, denota tipica texturasacar6ide devida it interpenetracao dos pequenos cristais de calcita, ao passe que a rochaintercalada mostra alguns graos muito finos dequartzo, dispersos numa matriz escura argilosae levemente piritizada. 0 conjunto representa,provavelmente, 0 calcarlo com intercalacoes detolhelho afetado pela intrusao de granito porfire da mina Esperanza.
Pela homogeneidade do pacote sedimentarao longo de toda a espessura da FormacaoJumasha, acredlta-se (2) que ela resulte deuma sedimentacao continua durante a epoca dedeposicao e represente um ambiente de aguasmais profundas que as de sedimentos contemporaneos do Peru setentrional.
Arenito Chimli
o Arenito da Formacdo Chimu foi descrito POl' Victor Benavides Caceres (1956) emBanos de Chimu, onde existe uma conhecidafonte tel' mal na parte superior do vale do Chicarna, na estrada de Trujillo a SayapuIIo. 0rio abrlu, nesta regiao. uma profunda gargantadelimit ada POl' paredes abruptas constltuidaspelos arenitos da Formacao Chimu, A secaotipo foi medlda de urn ponto a partir de 250 ma juzante da fonte termal, ate um ponto 400 ma montante da mesma.
o Arenito Chirnu e encontrado na Cordillera HuaIlanca sob a forma de uma rochaaltamente cimentada e compacta, branca aclnza clara, estando a oeste, ao longo do valedo rio Tunacancha, intercalada com fin as camadas (10 ern) de folhelho siltoso carbonaceo,rico em restos mal conservados de vegetais(foto 1). As camadas psamiticas, com umaespessura ao redor de 40 em, denotam estratifica<;ao cruzada, Benavides (2) avalia a espessura da Formacao Chimu, na se<;1io tipo,em 685 m, enquanto Coney (3) mediu 650 mpara a mesma na Cordillera Huayhuash. A espessura nao foi medida na Cordillera HuaIIanca, mas e provavel que seja da mesma ordemde grandeza, sendo que Wilson avalia umaespessura de 500 a 700 m para a FormacaoChimu nos Andes Centrais do Peru.
Na encosta leste da quebrada Tunacancha,numa cota de 4.180 m, intercalada no quartzito , existe camada de folhelho negro endurecidoque atinge uma espessura de pouco mais de10 rn, Essas camadas de folhelho siltoso ocorrem de maneira bastante irregular e suas espessuras somadas constituem pouco menos que1/10 da espessura total da Formacao Chimu(2).
A idade do Arenito Chimu corresponde aoIn tervalo que val do post-Portlandlano ao Va langlniano. Foi determinada por Benavides,que observou 0 seu contacto inferior com ascamadas marinhas, Chicama, nas quais umafauna portlandiana foi descrlta por Welter(1913) . POl' outro lade, observou 0 mesmoautor que 0 Arenito Chimu esta s6breposto emdesconformldade pela Formaeao Santa, neovalangin iana.
o Arenito Chimu e constituido POl' umagregado de graos de quartzo com tamanhomedic, emprestando-lhe um carater de quartzitopelo fato de tel' sido submetido, na CordilleraHuallanca, a urn metamorfismo regional matsintense nas areas de dobramento complexo.
Sob 0 mlcroscopio, 0 arenito Chirrni revel aurn agregado consistente de graos imbricados eequidimensionais de quartzo e pouca pirita, soba forma de cristais quadrangulares, clrcundadosper fina pelicula de oxide de ferro. Os graosde quartzo tern diametro medic de 0,5 mrn, denotando, multos deles, extincao ondulante,
A estratirtcacao cruzada nao foi observadanos pormenores, porern, Coney (3) mediu naCordillera Huayhuash estratificag6es indicando direcoes de corrente para sudoeste, sendoprovavel que esta mesma direcao se repita em
ANDREA BARTORELLI - Reconhecimento Geologico da Parte Setentrional... 33
Huallanca, a arenito Chiml1 indica ambientede deposicao continental aquosa, sugerindo, noentanto, a boa selecao e a superficie bastantefosca dos graos uma previa agao eolica e dertvacao, ou de urn terreno granttico altamenteintemperizado, ou de urn sedlmento areniticomais antigo (2). Deve ter sldo depositado sobcondicoes tectonicamente calmas, sendo a fonteconstituida por regicSes relativamente baixas,
Pelas observacoes de campo, constatou-seque 0 arenito Chiml1 aflora, continuamente, aolange de todo 0 flanco sudoeste da CordilleraHuallanca (a NE foi mapeado por fotointerpretacao), tendo uma dlrecao geral paralela aoseu contacto com a Formacao Jumasha sobrejacente, ou seja, ao redor de N -30 oW. Essecontacto raramente ultrapassa a cota de4.300 m e e dificil de ser observado, por estaro seu plano ocupado por rocha calcossilicatadamacica, mostrando evidencias de origem cataelastica e movimentacao, freqtientemente ultrapassando a espessura de 20 m.
ROCHAS MAGlUATICAS
As rochas magmaticas sao encontradas portoda a Cordillera Huallanca sob a forma dediques, sapatas (sills) e pequenas bossas(stocks). Ocorrem dois tipos petrograficos distintos, sendo 0 mais importante constituido POl'
urn granito porfiro branco, lntroduzido noscalcarios das cristas montanhosas e responsavel por numerosas mlneralizacoes hidrotermais.A outra rocha e urn granodiorito, as vezes porfiritico, encontrado no fundo de vales e quebradas e intrometido, preferencialmente, nosarenitos da Formacao Chiml1. A sua composicao mineralogica e textura sugerem uma provavel associacao com 0 grande batolito daCordillera Blanca, do qual deve fazer parte.Na extremidade suI da quebrada Mina Pata11a bons afloramentos cujas amostras revelaram,sob 0 mlcroscopio, a presenca de plagioclasio(cristais de 0,5 em), ortoclasio em menor quantidade, biotita (l mm), pequena quantidade dehornblenda e, ainda, como acessorlos, titanita,apatita e opacos . A textura tende a porfiritica,sendo os fenocristais constituidos principalmente de feldspato, imersos em uma matriz holocristalina de feldspato e quartzo, com tamanhomaximo de 0,5 mm.
a granito porfiro predomina na regiao dosaltos cumes e, na parte norte da CordilleraHuallanca, ocorre sob a forma de diques e bossas(stocks), tendo side observados sills s6mentenas fotograf'ias aereas que cobrem a area ao
suI da mapeada. A sua agao metam6rficasobre as encaixantes resume-se em recristaliza~cSes e silicifica~cSes restritas as zonas de contacto. As bossas (stocks) raramente ultrapassam a area de 1/4 de km2 e a espessura dosdiques varia de alguns metros ate pouco maisde 20 m. Na parte sudeste da regiao reconhecida, na encosta NE da quebrada Shicra-Shiera, ressaltam-se do calcario negro, pela suacoloracao clara, quatro diques de granito porfire com dire gao leste-oeste e mergulhando 850para 0 suI (foto 3). l1J urn granito leucocratieo , branco-amarelado, mostrando fenocrlstaisde quartzo bipiramidado e de feldspato alterado, com cor marrom-alaranjada, imersos emuma matrlz fina, branco-acinzentada.
Existe uma bossa (stock) de granito porfiro no inicio da encosta SE da quebrada MinaPata, a qual esta associada a rocha «brecholde » que aflora desde a base da encosta(4.300 m), ate quase 0 topo da mesma, atingindo a mina E'speranza, na cota de 4.820 m.
a exame microscoptco de secao delgada deamostra desse granito revelou a existencla defenocristais euhedrais de quartzo hexagonal,atingindo ate 4 mm de diametro, imersos emmatriz holocristalina de granulacao muito fina.Existem tarnbem fenocristais, com 2 mm decomprimento, de feldspato totalmente substituido por agregados de sericita fibro-radiada ecalcita e, em menor quantidade, quartzo. l1J
provavel que os pseudomorfos sejam antigosfenocristais euhedrais de feldspato, os quais roram alterados por solucoes hidrotermais durante, ou logo apos a consolidacao da rocha, asminerais opacos sao constituidos por cristaiscublcos de pirita, com 1,5 mm de aresta, emmedia, dispersos na massa fundamental fina,microcristalina, composta por graos de quartzoe, em menor quantidade, sericita, calcita epirita.
a granito porflro deve corresponder asrochas igneas que Coney (3) descreveu, naCordillera Huayhuash, como quartw monzonito-porf'iros, que ocorrem sob a forma de diquese sills, podendo representar uma diterenciacaotardia de rochas plutonicas associadas, que serlarn constituidas pelo granodiorito da Cordillera Blanca.
a granodiorito foi introduzido em fins doCretaceo e, talvez, principles do Terciario, poisesta intrometido rios calcarios da FormacaoJumasha apes 0 seu dobramento e, na Cordillera Blanca, encontra-se cortado por diquesde rochas basicas associadas ao vulcanismo terciario (8). as corpos de granito p6rfiro sao ,
34 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DID GEOLOGIA - V. 19 , N° 1, 1970
entretanto, mais novos, pols, alern de cortaremos calcarlos albiano-turonianos da FormacaoJumasha, na Cordillera Huayhuash sao encontrados intrometidos nos vulcanitos terclarios deTsacra (3).
Associadas ao granito p6rfiro da quebradaMina Pata, aflorando na encosta leste damesma, ocorrem rochas brech6ides (foto 4)
constituidas essencialmente de fragmentos degranito e calcario negro. Os fragmentos degranite, principalrnente, atingem diametros demais de meio metro e alguns mostram evidencias de terem sido depositados no estadoplastlco, com as bordas irregulares e englobando fragmentos de calcario (foto 6).Tambem na matriz sao encontradas estruturasque evidenciam uma deposicao sob 0 estadofluido, Tanto a matriz como as bordas dosfragmentos calcarlos encontram-se bastante piritlzadas. Arocha mostra uma estratlficacaoincipiente e no meio do espesso pacote rudaceoencontra-se camada de arenito grosseiro comuma espessura de 40 em (foto 5).
As estruturas sugerem, portanto, a formaQao de urn aglomerado vulcanico concomitantecom uma deposicao elastica grosseira aquosa,resultando na formacao de uma rocha decarater misto, que pode ser consideradacomo uma «brecha» . Essa rocha afloradesde a mina Esperanza, na cota de4.820 m, onde esta em contato com 0 granito p6rfiro, ate a base da quebrada MinaPata, na cota de 4. 350 m, tornando-se maisespessa e alargando-se it medida que desce aencosta formada pelos calcarlos da FormacaoJumasha. Sob 0 microsc6pio observam-se fragmentos de calcario e granito p6rfiro muito sericitizado e calcitizado. Plrita e calcita ocorremesparsas na rocha, tanto nos fragmentos comona matriz. Ha, ainda, raros pedacos de metarenito de granulacao muito fina. Os fragmentos , principalmente de calcar io, sao bastanteangulosos e emprestam um carater brech6idea rocha, que se encontra muito endurecida ecoesa.
Os afloramentos dessa roche. «brech61des mostram evldenc ias de terem sidosubmetidos a esrorccs tecto nicos, sofrendo rupturas posterlores a sua consolidacao, como bemo Ilustram os planes de falhas de pequeno rejei to que os a t ravessam .
DEPOSITOS HIDROTERMAIS
Na Cordillera Huallanca, especialmente aolongo das encostas da quebrada Mina Pata,
ocorrem numerosas mlneralizaqoes de chumbo, cobre, zinco e de outros metais nao-ferrosos.Ja em 1949, Erickson e Indacochea (5 ) localizaram, na parte norte de Huallanca, 32 ocorrencias de chumbo e zinco .
o unlco dep6sito visitado, atualmente emexploracao, e 0 da mina Esperanza, localizadoproximo ao topo da encosta leste da quebradaMina Pata (v. mapa) . Foram observados tambern outros depositos ja abandonados que naopermitiram, porern, uma lnvestigacao mats pormenorizada da assoctacao mineral6gica e tipode mineralizacao.
f::sse dep6sito esta associado a pequena intrusao de granito p6rfiro que aflora nas proximldades, tendo 0 veio seguido, aproximadamente, 0 contato da intrusao, numa direQaoN -80oE . 0 metal mais abundante e 0 cobre,contido na calcopirita, que e 0 principal mineral do minerio da mina, e esta associado a esfalerita, galena (argentifera), calcosina e minerais de ganga como rodonita, quartzo, calcltae pirita.
Do mesmo modo que as demais mineraIizacoes da regiao, esta se deu nos calcarios daFormacao Jumasha, os quais mostram-se recristallzados e piritlzados proximo ao contatocom 0 veio, cuja espessura alcanca, incluindoos minerals de ganga, 0 valor de 1 metro. 0calcarlo da entrada da mina apresenta-sebrechado estando os fragmentos, aproxirnadamente esfericos, recobertos por pelicula de 2 mmde sulfetos, constituidos quase unicamente porcalcosina. No interior da gale ria, 0 calcariornostra-se sempre macico e piritizado, estandoas cores cinza escuro e cinza claro intercaladasde maneira irregular. A pirita ocorre sob aforma de pequenos cristais cublcos, homogeneamente disseminados, estando 0 granito p6rfiro igualmente piritizado pr6xlmo ao contato.
Em junho de 1968 a galeria da mina Es=peranza tinha atingido 80 m de comprimentoe sua producao era de 60 toneladas de mineriobruto por mes. 0 material extraido e moidoem Pachapaqui, produzindo 18 toneladas mensais de sulfetos concentrados, que sao exportados para refino.
ESTRUTURAS E TECToNICA
A Cordillera Huallanca, bem como aHuayhuash mais ao sul, resultou da rase culminante da Orogenia Andina. Representa umacrista de maxima intensidade de dobramento,ladeada por regioes que sofreram um dobramento menos complexo. A crista montanhosa
ANDREA BARTORELLI - Reconhecimento Geol6gico da Parte Setentrional.. . 35
e constituida essencialmente por uma sucessao de sinclinais e anticlinais com eixos isoorientados para noroeste. Predominam as dobras isoclinais, nao deixando de ter importancia, entretanto, as dobras assimetricas e recumbentes (fotos 7: 8 e 9). Sao tambem comuns os flexuramentos e ondulacoes em pequena escala, que afetam tanto os arenites daForma!:ao Chimii (foto 1) como os calcarios daFormacao Jumasha.
A Cordillera Huallanca pode se enquadrarna parte dos Andes peruanos que foi submetida as tres rases de atividade teetontca reconhecidas por Steinmann (1930), abaixo relacionadas:
a) Fase Peruana (Neocretaceo)
b) Fase Incaica (Eocenoz6ico)
c) Fase Quechua (Plioceno ao atual)
Pelo fata dos sedimentos estarem dobradosintensamente apenas ate 0 Neocretaceo (Formacao Jumasha) , nao tendo sido afetadas asrochas vulcanlcas terciarias (vulcanicas Tsacrae camadas vermelhas continentais, que, naCordillera Huayhuash, se assentam horizontalmente sobre as primeiras), e provavel que aCordillera Huallanca, do mesmo modo que aHuayhuash, tenha side afetada mais intensamente pela Fase Peruana. Segundo Coney (3),as vuleanicas Tsacra e camadas vermelhas contmentais da Cordillera Huayhuash foram pouco
perturbadas pela Fase Incaica. Somente naFase Quechua, a partir do Plioceno, que a regiao foi submetida a levantamentos ate atingiras etevacoes atuais.
Outras deformacoes devidas a esforcos tectonicos manifestam-se, na Cordillera Huallanca, atraves de falhamentos, principalmente dotipo empurrao, como 0 existente na regiao docontato sudoeste entre as rormacees Chiml1 eJumasha (v. mapa) . Nessa zona e . encontradarocha milonitica fina macica, que atinge espessuras de ate algumas dezenas de metros. Arocha e de coloracao branca a cinza esverdeada e mostra orientacao evidencaida pelo alinhamento de minerais. No vale do rio Tunacancha e encontrada, a aproximadamente 1 Kmao norte do contato entre as rormacses Chiml1e Jumasha, outra zona de milonitiza¢o queafeta, neste local, somente a Formacao Jumasha.
o exame microsc6pico da rocha milonitizada revelou a presence de epidote, diopsidio,plagioclasto, quartzo (pouco), titanita e pirita,evldenciando a!:ao metassomatica que ...foi, provavelmente, contemporanea a movimentacao.
Ocorrem, ainda, falhas transversais de pequeno rejeito, que sao facilmente observadasnas fotografias aereas, principalmente nas regioes de contato entre as camadas areniticase calcarias, onde as linhas de contato entre asduas litologias mostram-se deslocadas.
BIBLIOGRAFIA
1 - BELLIDO B. , ELEODORO e SIMONS, F . S.(1957) - "Memo r ia Explica ti va del Ma pa Ge6logico del Peru" . Boletin de la Soci edadGeolog ica del P eru, Torno 31 : 1er. CongresoNacional de Geo logia.
2 - BENAVIDES CACERES, V. E. (1956) - "Cretaceou s System in Northern P eru". Bulletinof the Am erican Mu seum of Natural History,vol. lOB, art. 4, New York.
3 - CONEY, P . (1964) - "Geology and Geographyof the Cor dillera Huayhuash, Peru". A d issertion su bm lted in partial fulfillment of therequirements for the D egree of Doctor ofPhilosophy on Geology at the University ofNew Mexico. Nao publicad o.
4 - DE SITTER, L. U. (1956) - "StructuralGeol ogy" . Mc Graw-Hill Book Company Inc.,Netherlands.
5 - ERICKSON, G. E . e INDACOCHEA, A. J .(1949) - "Lead and Zinc Deposits , CordillerasBlanca and Huayhuash " . Cerro de P as coMining Co. (Rela t6r io) .
6 - KINZL, H. (1949) - "Die Vergletscherung inder Sudhalfte der Cordillera Blanca, Peru, mitKarte1:100.ooo" . Zeitschr. F. GIetscherkundeund GIazi algeol. , Vol. 1.
7 - KINZL, H. et a l (1954) "CordilleraHuayhuash, Peru'. Verlag Tiroler Graphik,Ges. M .B .H., Innsbruck.
8 - RO CHA CAMPOi:', A. C. e CORDANI, U. G.(1962) - "Reconh eclmento Geol6glco no Macleo do Caullaraju, Peru" . Bol. da Soc. Bras.Geo!. , Vo!. 11, no 1.
9 - STEINMANN, G. (1930) - "Geologia delP eru". Carl Winters Universitli.tsbuchhandlung,H eidelberg.
10 - WILSON, J. J. e REYES, R. L. (1964) "Geologia del Cuadrangulo de Pataz". Comision Carta Geologica Nacional, Boletin no 9,L im a.
11 - WILSON, J . J. - REYES R., L . e GARAYARS., J. (1967) - "Mapa Geologico de los Cuadran gulos de MoIIebamba, Tayabamba, Huaylas. Pomabamba, Carhuaz y Huari" . Escala1 :200.000. Carta Geologica del P eru, Ministeri o de Fomento y O. P., Lima.
36 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 19, N · 1, 1970
,,F oto 1 - Ar enito da F ormacao Chi rnu fl exurado e mostrando finas Intercalacoesde siltito argiloso , con t endo restos carbonizados de vegetais. Vale do rio
Tunacanch a , 3 km ao norte de Pach ap aqul,
Foto 2 - Calcarto da Formacao Jumasha mostrando tonalidade mais clara da normal, d evida arecristaiiza~ao causada pela proximidade da intruSao de granite p6rfiro da mina Esperanza. As intercalacoes mais es curas, regularrnente. espacadas, saode folhelho end urec ido contendo pirita. As camadasmergulham 55. p ara SW. Encosta leste da quebrada Min a Pata , proximo a laguna hom6nima, a4.420 m de alti t ude.
ANDREA BARTORELLI - Reconhecimento Geol6gico da Parte Setentrional... 37
Foto 3 - Diques de granito porfiro cortando a Formacao Jumasha segundo umadire~ao leste-oeste e mergulhando 85. para sut, Os cones de deiec!:ao sao originados a partir dos diques, POI' serem estes menos resistentes a desagregacao fisicado que os calcarios encaixantes. Foto tomada da quebrada Sohicra-Shicra, de uma
altitude de 4 .400 m, d ir ig ida para E.
Foto 4 - "Brecha" da mina E speranza. E constituida de fragm entos de granitoe calcarto (escuro) ocorrendo, casualrnente, metarenito
38 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 19, N· 1, 1970
Foto 5 - Banco de arenite grosselro no conglomerado agtomeratlco da mlna Esperanza, em afloramento na base da quebrada Mina Pata, A estratlficagao do arenite acornpanha a do conglomeradoe e paralela ao declive da encosta sObre a qual seassentam ~sses sed imentos que, no local, mostram
caracterlstlcas ttptcas de deposlgao aquosa,
Foto 6 - Mesmo afloramento do regtstrado na fotografia anterior, apenasalguns metros mais abalxo. Observam-se grandes fragmentos de granlto p6rfiro(brancos). Os fragmentos calcarios mostram as bordas plritlzadas, enquanto que
alguns granltlcos tern a forma t1plca de blocos aglomeraticos.
ANDREA BARTORELLI - Reconhecimento Geologico da Parte Setentrional. . . 39
Foto 7 - Sinclinal isometrico nos calc4rios da Formacao Jumasha. com eixo dirigldo para noroeste. Crista SW do Nevado Mina Pata, tomada do vale do rio
Cajon Racra.
Foto 8 - Dobras recumbentes nos calcarios da Formacao Jumasha., no sope doCerro Tankan. vlsto do vale do Cajon Racra.
40 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEffiA DE GEOLO GIA - V. 19, N" 1, 1970
.l"oto 9 - Anticlinal assimetrteo no arenito da Formacao Chimu. 0 plano axialesta inclinado e mergulha para sudoeste. Encosta noroeste da quebrada de Gara,
na porcao inicial da mesma.
Foto 10 - Estria~5es glaciais no granite p6rfiro da mina Esperanza, a 200 m aosui da galerta da mesma. A frente atual da geleira encontra-se numa cota 200 m
mats acima (para a lado esquerdo da foto). A altitude local ~ de 4.800 m.
ANDREA BARTORELLI - Reconhecimento Geologico da Parte Setentrional. . . 41
Foto 11 - Laguna Mina Pata, represada POl' material taludar e glacial que impedeIQ eseoamento imediato da agua de degelo. 0 gelo flutuante e originado de bloeosprovindos do desmoronamento de "seracs" da geleira da quebrada Mina Pata,
250 m mais acima.
F oto 12 - N evado HuaUan ca Sur (5 .400 m) , vistodo acampamento-base da qu ebrada Mina P ata ;avista-se, tambem, parte da geleira que desce para
a mesma. A altitude local e de 4.200 m .
Foto 13 - Exemplar de Puya raimondii apos aflorac;ao, atingindo urna altura de 8,5 m. Encostasudeste da quebrada de Gara, em sua extremidade