RAFAEL BRUGNERA ALCÂNTARA DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE ENSINO ANFITREKKING: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA EDUCAÇÃO, O ESPORTE DE AVENTURA E A PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE DO MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE, RS, BRASIL. Novo Hamburgo 2016
RAFAEL BRUGNERA ALCÂNTARA
DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE ENSINO ANFITREKKING: UMA
CONTRIBUIÇÃO PARA EDUCAÇÃO, O ESPORTE DE AVENTURA E A
PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE DO MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE, RS,
BRASIL.
Novo Hamburgo
2016
RAFAEL BRUGNERA ALCÂNTARA
DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE ENSINO ANFITREKKING: UMA
CONTRIBUIÇÃO PARA EDUCAÇÃO, O ESPORTE DE AVENTURA E A
PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE DO MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE, RS,
BRASIL.
TCC apresentado ao curso de Ciências
Biológicas, como requisito para aprovação
na disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso II.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Pereira de Barros
Novo Hamburgo
2016
RAFAEL BRUGNERA ALCÂNTARA
Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Biológicas- Licenciatura, com título
“DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE ENSINO ANFITREKKING: UMA
CONTRIBUIÇÃO PARA EDUCAÇÃO, O ESPORTE DE AVENTURA E A
PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE DO MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE, RS,
BRASIL. ”, submetido ao corpo docente da Universidade FEEVALE, como requisito
necessário à obtenção do Grau de Licenciado em Ciências Biológicas.
Aprovado por:
__________________________________
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Pereira de Barros
__________________________________
Prof. ª. Me. Janaina Cardoso
(Banca examinadora)
__________________________________
Prof. Me. Luís Eurico Kerber
(Banca examinadora)
Novo Hamburgo, 2016.
Agradecimentos
Agradeço de coração aos meus grandes mentores que
acreditaram no desenvolvimento deste trabalho, meu orientador
Prof. Dr. Marcelo P. Barros, Prof. Me. Rage W. Maluf, Me.
Maria Carmen S. Bastos e o Biólogo Marcelo D. Freire.
As minhas melhores amigas, irmãs e companheiras Camila
Mueller e Bruna S. Souza Alcântara que ficaram sempre ao meu
lado, fazendo desta trajetória algo possível.
Aos meus grandes amigos Rosangela C. Soares, Lisiane Lima
Douglas P. Villagran, Aline Almeida e Anne por serem
parceiros, pelas críticas e pelas palavras de carinho, conforto e
motivação que contribuíram muito para meu desenvolvimento
pessoal e profissional.
Ao meu “tutor” Biólogo Michel Mendes por suas críticas e
análises que contribuíram muito para o desenvolvimento deste
estudo.
A todos meus colegas que enfrentaram junto comigo as
experiências vivenciadas em campo.
Aos meus alunos que foram minha fonte de inspiração e
parceiros fundamentais neste caminho.
Por fim aos meus Pais Maria Jurema e Luís Alberto que
acreditaram em mim e que fizeram o possível e o impossível
para que este sonho se tornasse realidade. E por me passarem
um pouco de suas essências para me tornarem quem eu sou
hoje.
Ao passar por esta terra tenha a bondade de limpar
seus rastros, corra entre as riquezas da floresta e dê
alimento para sua alma, voe como os pássaros se
conseguires ser menos denso que a pureza do ar.
Ouça as variedades de vozes de várias espécies que
compõem esta canção, que é dissipada por todo
morro, para quem quiser ouvir, graças aos córregos
D’água.
Rafael Alcântara
RESUMO
O pensamento contemporâneo sobre a corporeidade fez o homem buscar sua
existenciabilidade no ambiente natural. As práticas desportivas de aventura, fomentadas
pelas indústrias eco turísticas, possuem um impacto significativo sobre os sistemas
naturais. Assim, neste trabalho, buscou-se desenvolver a metodologia anfitrekking, isto
é equivalente a transposição didática entre o desporto de aventura e a educação
ambiental. Desta forma o objetivo da pesquisa é testar atividades de anfitrekking como
uma proposta piloto para atividades de desporto de aventura e educação ambiental, no
município de Porto Alegre - RS. A amostra consistiu-se de 29 (vinte e nove) alunos do
7° ano do ensino fundamental, de faixa etária de 12 à 15 anos de idade e 24 (vinte e
quatro) adolescentes voluntários, com faixa etária de 13 à 17 anos de idade, praticantes
do desporto de aventura, convidados através das redes sociais. Verificou-se a percepção
empírica e construída dos grupos voluntários através de um questionário, aplicado antes
e depois das atividades de anfitrekking. Durante a prática, na modalidade trekking,
desenvolveu-se mecanismos de empatia e aventura, denominados de self in loco e game
in situ no intuito de apurar as visões semânticas: física externa, emotiva interna e
química resultante, dos participantes. Através das respostas indicadas no questionário,
verificou-se, a construção de novos conceitos, concepções e significados sobre a
natureza, aventura e preservação, isto ilustra sua relevância como metodologia de
ensino.
Palavras-chave: Topofilia, corporeidade, preservação e Metodologia de Ensino.
ABSTRACT
The contemporary thinking about the corporeal made the mankind search for its
existentialism. The adventurous sports practice, much increased by the Eco touristic
industries, has a significant impact on the natural system. Thus, this paper has the
purpose of developing an anfitrekking methodology that is as a didactic transposition
between the adventurous sports practice and the environmental education. The main
purpose of this paper consists in an examination of anfitrekking activities as a pilot
proposal for the adventurous sports practice and the environmental education, in Porto
Alegre city. The sample consisted in twenty-nine students from the elementary school’s
seventh year and twenty-four volunteers’ teenagers, all practitioners of adventurous
sports, invited randomly. It was checked an empirical perception building by the
volunteer group. It finds in this result by a questionnaire, applied before and after the
anfitrekking activities. During the anfitrekking activity – in the trekking modality - it
developed mechanisms of empathy and adventurous, called ‘self in loco’ and ‘game in
situ’ with the aim for checking semantic views: external physics, internal emotional and
resulting chemistry, from the participants. By the answers indicated in the
questionnaire, it checked the building of new ideas, conceptions and meanings about
nature, adventurous and preservation. Those illustrate the efficiency of the developing
method.
Key-words: topophilia, corporeal, preservation and teaching methodology.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFAN – Atividades Físicas de Aventura na Natureza
APA – Área de Proteção Ambiental
EA – Educação Ambiental
ICMBio – Instituto Chico Mendes De Conservação Da Biodiversidade
IUCN – International Union for the Conservation of Nature
IDEB -
LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
ONU – Organizações das Nações Unidas
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
PC – Percepção Construída
PE – Percepção Empírica
REBIO – Reserva Biológica
REVIS – Refugio de Vida Silvestre
RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural
UC – Unidades de Conservação
PRÓLOGO
Nasci e me criei numa comunidade ribeirinha no município de Porto Alegre,
situada dentro da Área de Proteção Ambiental Delta do Jacuí. Na época da escola
participei do Projeto Navegar, onde, no turno inverso das aulas, eram realizadas
atividades teóricas e práticas, no lago Guaíba, sobre vela, canoagem e remo.
Durante minha formação acadêmica explorei diversas áreas das Ciências
Biológicas, trabalhando com biologia da conservação, ecologia, educação ambiental,
comportamento animal de grupos como: cetáceos, quirópteros, lacertídeos, primatas,
aves de rapina, ofídios e anfíbios. Tais vivencias foram adquiridas através de estágios
não-obrigatórios, voluntariados e desenvolvimento de projetos acadêmicos.
Posteriormente trabalhei no Sitio das Canjeranas, situado no Município de
Morro Reuter – RS, onde realizava reconhecimento e avaliação de locais para trilhas,
montanhismo, vias de rapel, escalada e acampamento.
Há cerca de um ano, atuando na docência, descobri algo em comum entre todas
as vivencias que havia tido. Percebi que o que me fazia estar próximo da natureza era
descobrir mais sobre ela para aprender a cuida-la corretamente e o desporto de aventura
era mais uma forma que eu entrei para estar mais próximo disto.
Então comecei a desenvolver reflexões sobre como aconteceu a minha
conscientização ambiental, resgatei diversos aspectos que contribuíram para isso, e
então fiz a união e sistematização destes aspectos, ao desenvolver o método
denominado de anfitrekking.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 12
3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................... 13
4. OBJETIVOS ............................................................................................................ 13
4.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 13
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 13
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 14
5.1 A RELAÇÃO SIMBIÓTICA ENTRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O DESPORTO DE AVENTURA
................................................................................................................................................. 14
5.2 ENTRE OS MOVIMENTOS CORPÓREOS, AMBIENTAIS E CULTURAIS: UMA REVOLUÇÃO NA
EDUCAÇÃO BRASILEIRA. .......................................................................................................... 16
5.3 UMA PRÁXIS SOBRE A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E AS NOVAS METODOLOGIAS DE ENSINO
................................................................................................................................................. 18
6. METODOLOGIA ..................................................................................................... 20
6.1 O MÉTODO ANFITREKKING ............................................................................................... 20
6.2 LOCAL DE ESTUDO ............................................................................................................. 21
6.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 22
6.3.1 Sujeitos do estudo ....................................................................................... 22
6.3.2 Anfitrekking na prática .............................................................................. 22
6.3.3 Instrumento de coleta de dados .................................................................. 24
6.4 ANÁLISES DOS DADOS ................................................................................................ 25
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 26
7.1 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE AMBIENTAL NA JUVENTUDE A PARTIR DAS PRÁTICAS
DESPORTIVAS DE AVENTURA .................................................................................................. 26
7.2 MECANISMOS DE EMPATIA E AVENTURA: UM ESTÍMULO PROXIMAL PARA AFEIÇÃO E
SENTIMENTO DE CUIDADO DO HOMEM COM A NATUREZA.................................................. 33
7.3 A CORPORIEDADE E A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA ............................................................. 41
7.3.1 Análise da visão simplista do aventureiro entusiasta .............................................. 46
7.3.2 Análise das pegadas ecológicas dos aventureiros .................................................... 48
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 51
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 52
APÊNDICES ................................................................................................................. 54
11
1. INTRODUÇÃO
Atualmente muito se discute as implicações dos impactos ambientais para
qualidade de vida da sociedade. Diversas organizações como ONU, Greenpeace, IUCN,
ICMBio entre outras instituições de proteção ambiental orientam que o ser humano
precisa viver de maneira sustentável para garantir a disponibilidade dos recursos
naturais para futuras gerações. A partir disto iniciou-se um movimento pela
sustentabilidade que vem ganhando cada vez mais adeptos no mundo inteiro graças a
miscigenação cultural gerada pelas redes sociais do campo cibernético (TAKAHASHI,
2000).
Diversos modelos de sustentabilidade vêm ganhando cada vez mais forças no
mundo globalizado, como por exemplo, energias renováveis, reaproveitamento de
produtos, reciclagem, atividades de permacultura doméstica, criação de ciclovias,
hidrovias, atividades de turismo ecológico, esportes de aventura na natureza entre outros
movimentos que vem ganhando cada vez mais adeptos. Todos estes modelos buscam
aproximar o homem ao ambiente natural com intuito de cultivar uma conscientização
ambiental quanto aos cuidados com a natureza.
Este trabalho destina-se em propor um novo método de EA denominado
Anfitrekking. O método consiste em realizar uma transposição didática entre os esportes
de aventura e a educação ambiental com intuito de contribuir com os modelos de
aproximação do homem e a natureza.
Para isso, realizou-se um levantamento bibliográfico sobre os locais e os tipos
de desporto de aventura que são realizados no município de Porto Alegre. Após isto, foi
realizado um teste piloto do método, no Parque Natural Municipal Saint Hilarie, com
dois grupos voluntários, sendo um grupo de crianças do 7° ano do ensino fundamental
de uma escola da rede pública e outro grupo com jovens praticantes de esportes de
aventura convidados, aleatoriamente.
12
2. JUSTIFICATIVA
Há cerca de duas décadas o desporto na natureza está em fase de ascensão no
país, ganhado cada vez mais adeptos a estas práticas. Ideal para sociedade urbana que
busca fugir da correria do dia adia. Existem diversos estudos que apontam que as
Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN) contribuem para conscientização
ambiental do cidadão, pois o praticante constrói uma relação topofólica (relação afetiva
do homem com o ambiente físico) com o local. No entanto, corriqueiramente as AFAN
possuem um impacto significativo nos sistemas biológicos das áreas protegidas. Tal
impacto pode ser observado no Refúgio de Vida Silvestre São Pedro (REVIS São
Pedro) onde as atividades de motociclismo ocasionam erosão, poluição sonora e
atmosférica (BASTOS et. al. 2014).
Nas AFAN, a natureza se transforma num verdadeiro campo de jogos, sendo
tomada pela percepção seletiva de cada praticante (MOREIRA-CASTILHO in
SCHWARTZ, 2006). Esta percepção seletiva do atleta de aventura limita a sua
conscientização da preservação dos recursos naturais.
Atualmente muito se discute estas práticas desportivas dentro das Unidades de
Conservação ou em outros ambientes preservados. Em Porto Alegre, há unidades como
Delta do Jacuí onde ainda são permitidas práticas de AFAN, ao contrário do Morro do
Osso, onde atualmente há proibição quanto às práticas de corridas de orientação, por
exemplo, pois este tipo de atividade infringe as zonas intangíveis da área.
O município de Porto Alegre possui sete Unidades de Conservação: (4)
municipais: Parque Natural Morro do Osso, Parque Natural Saint Hílare, Refúgio de
Vida Silvestre São Pedro e Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger; (2) estaduais:
Parque Delta do Jacuí e APA Delta do Jacuí e (2) particulares: RPPN Costa do Cerro e
Rincão das Flores. Todas estas Unidades de Conservação (UC) recebem visitantes de
forma legal e/ou ilegal diariamente, a fim de praticar atividades desportivas, lazer e/ou
educacionais.
Neste sentido, o presente trabalho propõe a desenvolvimento do método de
ensino anfitrekking, em que a partir desse, vislumbra-se a conscientização ambiental de
praticantes do desporto de aventura no município de Porto Alegre.
13
3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Na presente pesquisa, considera-se o histórico do crescimento gradual de
praticantes de desporto de aventura que vêm ocorrendo nas últimas duas décadas e
adotam-se as práticas desportivas na natureza como um método efetivo de aproximação
do homem com o meio natural.
Dado o exposto, vislumbra-se a possibilidade de utilizar a pedagogia da aventura
para criar uma nova abordagem metodológica a serem agregadas aos métodos atuais de
ensino e aprendizagem que são utilizados por educadores aliados as questões
socioambientais (PEREIRA; ARMBERST, 2010). Tal prática possui amparos legais na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – 9394/96) que institui, no
terceiro caderno dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), as competências e
habilidades para a transversalidade da temática meio ambiente. E na Lei 9795/99 que
institui a Política Nacional de Educação Ambiental.
Portanto, esta pesquisa propõe-se responder a seguinte questão: Qual a
contribuição do método anfitrekking para conscientização ambiental dos praticantes de
esportes de aventura?
4. OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Analisar o método anfitrekking como uma proposta piloto para atividades de
desporto de aventura e educação ambiental.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar a percepção dos praticantes e não praticantes de desportos de
aventura quanto aos impactos causados por estes ao meio ambiente;
Avaliar a contribuição do método de anfitrekking como uma ferramenta na
construção de uma conscientização ambiental em praticantes de desportos
de aventura;
14
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1 A RELAÇÃO SIMBIÓTICA ENTRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O
DESPORTO DE AVENTURA
Diz-se haver uma relação simbiótica entre dois organismos que precisam um do
outro para sua sobrevivência, como, por exemplo, os protozoários que ficam no
aparelho digestório dos mamíferos ruminantes. É uma questão de lógica perceber que
sem a Educação Ambiental o desporto de aventura não existe, pois sem a natureza, não
há o campo da aventura (PIMENTEL, MOREIRA, PEREIRA, 2013). Mas sem o
desporto de aventura a Educação Ambiental existe?
A educação ambiental, desde 1970, vem ganhando cada vez mais espaços nos
meios educacionais e culturais. Sem dúvidas a protagonista inicial desta jornada foi
Rachel Carson, onde em seu livro PRIMAVERA SILENCIOSA, trouxe ao mundo
científico questões plausíveis sobre a nocividade dos pesticidas na produção agrícola,
bem como outros episódios do declínio ambiental antecedente a década de 70, tais como
descritos por Medina (2008):
Contaminação do ar em Londres e Nova York, entre 1952 e 1960;
Os casos fatais de intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata, entre 1953
e 1965;
A diminuição da vida aquática em alguns dos Grandes Lagos norte-americanos;
A morte de aves provocada pelos efeitos secundários imprevistos do DDT e
outros pesticidas;
A contaminação do mar em grande escala, causada pelo naufrágio do petroleiro
Torrei Canyon, em 1966.
Ao analisar estes fatos históricos, sugere-se que estes acontecimentos
subsidiaram a origem de um movimento chamado sustentabilidade, que permeou por
todo o globo, em decorrência as ações ativistas, pelas redes de comunicação e
informação tais como: mídias, jornais, revistas e/ou conexões ciberculturais.
Neste sentido, Sorrentino (2005) contextualiza o nascimento da Educação
Ambiental como um processo de cidadania que viabiliza a materialização de valores
15
éticos e regras políticas em prol da consciência ambiental. Isso implica que todo cidadão
ensine e pratique os mecanismos básicos de uma vida sustentável, pensando nas
gerações futuras.
Algumas ações resultantes deste processo são: incentivos de reciclagem de
resíduos, diminuição de consumo através do reaproveitamento e reuso dos produtos,
energias renováveis entre outros. Estas pequenas ações foram gradativamente dando
cada vez mais enfoque para o meio natural, neste sentido nasce o desporto de aventura
(maiores detalhes no item a seguir) em busca de suprir a necessidade do homem de estar
junto à natureza, se desvencilhar dos alicerces urbanos onde está inserido
cotidianamente e ser um cidadão ecologicamente correto, como atualmente, é imposto
pela mídia, em comerciais das indústrias ecoturísticas. (MARINHO; INÁCIO 2007;
PIMENTEL, MOREIRA, PEREIRA 2013).
O desporto de aventura traz uma forma mais dinâmica de se inserir na natureza.
Deixando de lado os aspectos teóricos que implicam a educação ambiental, focando-se
mais para parte de desafio, lazer, técnicas laborais e motoras. Hoje, acredita-se que as
Atividades Físicas de Aventura na Natureza – AFAN, estão contribuindo para
conscientização ambiental da sociedade (MARINHO; INÁCIO, 2007).
A prática ecoturística proporciona aos praticantes uma relação topofólica
involuntária (ato de envolver-se de modo parcial ou integral com o meio físico a partir
das manifestações afetivas), onde o homem integra-se ao ambiente natural,
ultrapassando a barreira da exploração comercial destas atividades (CARDOSO;
SILVA; FELIPE, 2006).
Após avaliar os pressupostos descritos neste capítulo referente à educação
ambiental e o desporto de aventura, retoma-se à questão inicial: há uma relação
simbiótica entre o desporto de aventura e a educação ambiental? Nesta pesquisa,
levanta-se a hipótese, que, metaforicamente esta relação simbiótica exista, pois como
descritos nos parágrafos anteriores, involuntariamente ao praticar uma atividade física
de aventura na natureza, o indivíduo já está realizando uma vivência de educação
ambiental e está exposto a ter uma sensibilidade para com o cuidado com o meio
(CARDOSO; SILVA; FELIPE, 2006; DIAS; MELO; ALVES JUNIOR, 2007;
MARINHO & INÁCIO 2007; PIMENTEL; MOREIRA; PEREIRA, 2013).
16
5.2 ENTRE OS MOVIMENTOS CORPÓREOS, AMBIENTAIS E
CULTURAIS: UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.
Ao final do século XX, com o avanço dos estudos sobre a motricidade humana,
houve uma revolução quanto a Educação Motora. A perspectiva biológica e mecânica
relacionada à qualidade de vida, nesta época, no Brasil, foram incorporadas nos
discursos médicos e militares. Nesse sentido, o adestramento físico tornou-se um aliado
para combater o sedentarismo e as práticas desportivas passaram a ser associadas a uma
vida saudável (INFORSATO; FIORANTE, 2010).
Esta nova perspectiva em relação ao corpo é antagônica aos sistemas
dicotômicos e cartesianos herdados pelos paradigmas de Newton e Descartes. Então
surge a corporeidade contemporânea, onde o homem redescobre que é corpo e não
possui corpo. A corporeidade, numa dimensão ontológica, trata o corpo como
importância essencial do homem, afirmando sua existência e colocando-o como única
alusão em relação ao mundo. Assim como descreve Venâncio, (1998 p. 131) apud.
Inforsato e Fiorante, (2010) em sua perspectiva dialética do ser sujeito/objeto:
[...] meu corpo um ser no mundo é a fonte inesgotável de minha possibilidade
de relação com o mundo; assim, ele não é nunca um em si por ser esta
constante abertura a essa possível relação. Neste sentido é que meu corpo não
pode ser tratado como objeto no sentido de coisa; o objeto em si não traz esta
intencionalidade, este apelo em direção a um fora dele, mas minha
corporeidade sim, por isso, ter um corpo não é ser um objeto no mundo, mas
ele é o mediador de minha comunicação com o mundo.
Numa busca existencial, o homem, indagado por encontrar o seu lugar no
espaço, iniciou um percurso de auto superação física e mental e encontrou na natureza a
partir das explorações econômicas, cientificas e militares um ambiente oportuno para
pratica aventureira (PEREIRA et. al., 2008 apud. PEREIRA 2010). A palavra aventura
deriva do latim “adventura” que quer dizer algo que está por vir, imprevisível, é algo
intangível num primeiro momento e assim surgem os esportes de aventura (PEREIRA,
2010, p. 16).
Os esportes de aventura ou Atividades Físicas de Aventura na Natureza –
AFAN, bem como outras diversas nomenclaturas, ganharam, a partir da década de 1990,
17
divulgação pela mídia numa oferta de ecoturismo, turismo sustentável, esportes na
natureza entre outros. Supostamente, o movimento em prol a adesão das práticas de
aventura, ganhou mais forças devido às expressões ciberculturais derivadas da Era da
informação instantânea (TAKAHASHI, 2000).
É possível relacionar o crescimento exponencial da procura das Atividades
Físicas de Aventura na Natureza às explorações comerciais “ecoturisticas”. Esta por sua
vez, incorpora o discurso “ecológico” para corroborar com suas ofertas de mercado,
mesmo que não estejam verdadeiramente comprometidas com nenhum aspecto
educacional de desenvolvimento da consciência ambiental (BAHIA, 2008). De forma
geral, as pessoas acabam aderindo a estes pacotes, devido à tendência ou modismo
vigente, na sociedade, acerca do marketing: cidadão ecologicamente correto, como
tratado no tópico anterior.
Também é possível atrelar o desporto de aventura à educação básica, uma vez
que, este, atende aos pressupostos dos Parâmetros Curriculares Nacionais no que tange
a cultura do movimento corporal e a intensão de trabalhar as práticas cinestésicas para o
desenvolvimento do ensino e aprendizagem (BRASIL, 1998). Como explica Galvão:
“No âmbito mundial, a cultura corporal de movimento pode ser entendida como uma
parte da cultura humana, definindo e sendo defendida pela cultura geral numa relação
dialética” (GALVÃO et. al. 2005 apud. PEREIRA 2010 p. 41).
A ideia de inserir as Atividades Físicas de Aventura na Natureza como proposta
interdisciplinar na educação básica, principalmente empregada na disciplina de
Educação Física vem ao encontro dos princípios educacionais estipulados pela LDBEN
(Lei 9394/96). As corridas de orientação, por exemplo, proporcionam aos discentes uma
forma esclarecida sobre fenômenos básicos de seu cotidiano, tais como: deslocamento e
localização, fornecendo ao professor subsídios para serem trabalhadas questões
geográficas, matemáticas, históricas, biológicas, linguísticas entre outros (SILVA;
PINTO, 2009). Afirmando mais uma vez a relação dialética da cultura do movimento
corporal.
Por fim, esta relação dialética, da corporeidade, cibercultura, ecoturismo e
sustentabilidade podem ser explorados de forma inesgotável por educadores das
diversas áreas do conhecimento, originando-se assim, diversos modelos pedagógicos
interdisciplinares, tais como, o modelo apresentado por este estudo, o anfitrekking.
18
5.3 UMA PRÁXIS SOBRE A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E AS NOVAS
METODOLOGIAS DE ENSINO
Considera-se a vivência da informação instantânea pelo público discente para
responder alguns atributos indicados pelos dados do IDEB (2014), que detém o aumento
do desinteresse, desafeto e defasagem escolar dos alunos. Percebe-se a carência para
construção de novas abordagens metodológicas de ensino, já que o professor não é o
“dono de todo saber”. Tão pouco é o conhecimento expresso exclusivamente por um
livro ou textos.
A falta de aderência à pedagogia contemporânea expressa por autores como
Cachapuz, Praia e Jorge (2004); Vidotto, Laburú e Barros (2002); Milaré (2008); Demo
(2002); Bizzo (2002); Ramozzi-Chiarottino (2010); Ferreira e Marturano (2002);
Dodge, Pettit e Bates (1994); Carless et al. (2015) e Shaw e Emery (1988) resulta em
um cenário de fragilidade no âmbito educacional brasileiro.
Estes pressupostos, mencionados no parágrafo acima são explicados por Pedro
Demo (2002) que elabora duas causas para este período: relações sociais a qual estes
indivíduos são expostos e/ou pela abordagem de ensino. Ambos os fatores relutam
contra o sistema de “aprendizagem por cópias”, uma vez, que se vive a era cibercultural,
o desafio do professor, deve ser direcionado em ensinar o aluno a pensar, refletir e
contribuir com argumentos críticos para sociedade.
Em detrimento a problemática apresentada pelo texto, buscou-se as medidas
adotadas pelo Poder Público para mudar esta realidade apresentada. Diante aos
precedentes históricos observou-se que o Ministério da Educação, na década de 90
promulgou a Lei 9394/96 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN), trazendo desafios e oportunidades aos professores interessados em aprender
e aplicar novas metodologias de ensino. Dentre estas novas técnicas de ensino, podemos
citar: mapas conceituais, saídas de campo, jogos, projetos, oficinas entre outros
(ANASTASIOU; ALVES, 1999).
19
No entanto, precisa-se ainda amadurecer uma ideia diferente de aula inovadora,
contrapondo-se aquela que o professor fala e o aluno escuta descrito na pedagogia do
oprimido de Paulo Freire. Para Becker (2008), um dos alicerces para prática
construtivista diante a teoria relacional é o emprego da interdisciplinaridade proposta
nos atuais Parâmetros Curriculares Nacionais da educação básica brasileira (BRASIL,
1998).
A partir deste novo contexto de educação, iniciou-se uma caminhada em busca
de uma relação interdisciplinar, dado como exemplo os temas transversais, tais como:
meio ambiente, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural. É plausível reconhecer
também a aplicabilidade de projetos de diversas temáticas como uma metodologia
interdisciplinar no ambiente escolar. Pois, neste momento, presume-se que o aluno
explore, busque e permeie entre os universos curriculares de modo a construir sua
própria identidade em relação ao objeto estudado, assim como foi exposto no tópico
anterior sobre a relação interdisciplinar do desporto de aventura. (SILVA & PINTO,
2009 e DEMO, 2002).
O emprego de projetos na escola permite trazer assuntos relacionados ao
cotidiano dos alunos. Esta metodologia oferece ao professor subsídios para elaboração
de um diagnóstico básico sobre o seu aluno. É possível levantar hipóteses sólidas em
relação aos seus conhecimentos empíricos, interesses (musica, jogos, poesia, desenhos e
etc.) e desinteresses.
Ao realizar esta pesquisa de campo é possível fazer uma práxis sobre o sistema
de ensino que o professor adota e em caso de uma práxis negativa é possível
redirecionar suas metodologias de ensino com objetivo de despertar o interesse do
discente ao objeto estudado de acordo com sua realidade e afinidades (PIMENTEL,
MOREIRA & PEREIRA, 2013).
A arte de reinventar a maneira de aprender e ensinar, em busca da adaptação de
conteúdos programáticos para uma versão transversal é uma liberdade infinita e
defendida pelos autores já citados neste texto. As metodologias alternativas de ensino na
educação formal, não formal e informal, são de suma importância como
desenvolvimento de pesquisa e aplicação, porque em geral a educação tradicional já não
atende as necessidades de uma geração que vive em torno de informações instantâneas
ligadas à cibercultura. (BECKER, 2008; ALVES FILHO, 2000).
20
Nesse sentido, autores como: Alves Filho (2000); Silva & Pinto (2009); Ferreira
e Marturano (2002) indicam que a relação interdisciplinar ocorre quando o professor
instruir-se a estabelecer uma transposição didática, isto é criar um novo objeto a partir
de um aspecto comum entre dois ou mais elementos de estudos já conhecidos.
6. METODOLOGIA
O presente trabalho possui caráter quali-quantitativo de cunho descritivo, que
segundo Prodanov e Freitas (2013) é caracterizada como uma pesquisa de campo, pois
se estuda um determinado grupo e a coleta de dados no próprio campo de atuação dos
investigados, utilizando técnicas de interrogação e diferentes metodologias de ensino e
avaliação.
6.1 O MÉTODO ANFITREKKING
O termo anfitrekking, foi criado pelo autor deste estudo. A etimologia da
expressão tem origem, a partir da junção dos termos “amphi” e “trekking”, cujo, a
primeira é de origem grega e significa dois ou dupla e a segunda tem origem sul-
africana e quer dizer seguir um trilho. Conceitualmente, anfitrekking é transposição
estável de dois elementos didáticos que simultaneamente desenvolvem mecanismos de
ensino e aprendizagem ao ar livre no que tange a educação ambiental e o desporto de
aventura, a partir de expressões físicas, emocionais e químicas.
Espera-se que numa atividade de anfitrekking que os praticantes vivenciem
alguma Atividade Física de Aventura na Natureza, tendo que pensar nos modos de vida
de um determinado organismo, grupo biológico e/ou situações que envolvam os
sistemas naturais. Esta proposta metodológica é vista como uma transposição didática
entre a Educação Ambiental e o Desporto de Aventura, tal como sugere Filho (2000).
21
Esse método consiste em aplicar conhecimentos biológicos sobre o meio físico o
qual o praticante do desporto de aventura está inserido. Desenvolvendo técnicas
motoras, laborais e intelectuais sobre um sistema biológico.
É uma tarefa simples de reflexões e associações. O método anfitrekking busca
resgatar a relação biofílica do homem para com a natureza, fazendo-o sentir-se
novamente parte dela. Nesta abordagem metodológica pretende-se dar respostas práticas
aos fenômenos fiscos e biológicos simples que ocorrem no meio natural.
6.2 LOCAL DE ESTUDO
O município de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, situa-se entre a
Depressão Central e o Escudo Sul-rio-grandense. Possui uma área territorial de 496,8
Km² e sua população total é cerca de 1,409 milhões habitantes (IBGE, 2010).
O encontro entre os Biomas Mata Atlântica e Pampa confere a Porto Alegre a
heterogenia em suas belezas cênicas naturais. Formações vegetais como Florestas
Ombrófilas Densa e Mista, Florestas Estacionais Semideciduais e Deciduais, e campos
sulinos e rupestres são grandes atrativos para indústria ecoturisticas e aos praticantes do
desporto de aventura para o município (COSTA, 2006).
Para garantir a preservação dos belos morros, banhados, planícies, nascentes,
maricazais, a diversidade biológica e o registro histórico-natural, o município conta com
sete Unidades de Conservação (4) municipais: Parque Natural Morro do Osso, Parque
Natural Saint Hílare, Refúgio de Vida Silvestre São Pedro e Reserva Biológica do Lami
José Lutzenberger; (2) estaduais: Parque Delta do Jacuí e APA Delta do Jacuí e (2)
particulares: RPPN Costa do Cerro e Rincão das Flores.
22
6.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
6.3.1 Sujeitos do estudo
Para o desenvolvimento do estudo foram analisados dois grupos voluntários que
realizaram de forma experimental o método anfitrekking, desenvolvido pelo
pesquisador. O primeiro foi constituído por uma turma de alunos do 7° ano do ensino
fundamental atendidos pela rede pública, com faixa etária de 12 a 15 anos de idade,
num total 29 alunos participantes.
O segundo grupo foi composto por um grupo de jovens com faixa etária de 14 a
17 anos de idade que realiza periodicamente atividades como trekking, acampamento,
slackline, rapel entre outros. O segundo grupo foi convidado para atividade mediante a
criação de um evento na rede social Facebook, no qual participaram da atividade 24
indivíduos.
6.3.2 Anfitrekking na prática
Ambos os grupos realizaram em dias diferentes, no turno da manhã, totalizando
4 horas de atividade anfitrekking, para cada grupo amostral, no Parque Natural
Municipal Saint Hilarie, localizado entre os limites dos municípios de Porto Alegre e
Viamão.
O método anfitrekking foi aplicado na modalidade trekking como caráter
experimental. A atividade consistiu em ambos os grupos criarem personagens a partir de
um determinado grupo ou conteúdo biológico, preenchendo uma ficha anfitrekking
(figura 1). Suas personagens deveriam ter habilidades e relações com o assunto
biológico designado para ser relacionado com situações simuladas e reais de
singularidade com o ambiente a qual estavam inseridos.
Durante a prática foi criado um circuito trekking para os voluntários passarem e
irem jogando com seus personagens como se estivesse em um campo real de RPG (Role
Playing-Game) ou em Português, o jogo da interpretação de personagens. Ao decorrer
23
da trilha eles tiveram que preencher o campo recursos de cura/vida da ficha
anfitrekking (figura 1) a partir de suas percepções de recursos naturais que poderiam
auxiliar seu personagem.
Foram simuladas “batalhas” entre os personagens, onde o participante que
obtivesse mais recursos de cura/vida recolhidos ao decorrer do trajeto, teve maior
sucesso na realização dos seus ataques e defesas. Havia também a possibilidade das
equipes jogadoras formarem “alianças” ou ajudar umas às outras durante os combates.
Esta estratégia foi adotada intencionalmente para que voluntários incorporassem seu
personagem durante a trilha. Assumindo a premissa do método anfitrekking de viver
como um determinado grupo biológico ao realizar um desporto de aventura.
Vale ressaltar que o grupo 1 teve seu tema pré-estabelecido antes da prática que
consistia em o grupo criar personagens com habilidades biológicas que articulassem
com as teorias de evolução biológicas, vírus, reino monera, reino protista e reino fungi.
Estes conteúdos eram os conteúdos que a turma estava trabalhando na disciplina de
Ciências da Natureza na época do estudo.
Já o grupo 2, tomou conhecimento do método anfitrekking ao chegar no local da
pratica. No evento do Facebook, havia somente informações básicas sobre o que se
passaria ao participar da atividade anfitrekking. Desta maneira, formaram-se quatro
equipes entre os jovens participantes, e cada equipe ganhou um grupo de vertebrados
terrestres como modelo biológico para prática, tais como: anfíbios, répteis aves e
mamíferos. Após esta definição, eles tiveram que realizar os mesmos procedimentos
que o grupo 1.
A metodologia adotada buscou averiguar a eficiência do método anfitrekking
para conscientização dos praticantes do desporto de aventura em áreas protegidas, a
partir de um questionário, descrito no item 6.3.3 deste capitulo. Além disso, ao fazer
uma separação entre os grupos 1 e 2, onde grupo 1 havia tido o preparo para realização
da pratica anfitrekking e o grupo 2 não, foi possível verificar se o método pode ser
empregado no ato das realizações das práticas desportivas de aventura ou será preciso
fazer adaptações para incluir didáticas preparatórias antes de realizar a prática.
24
A organização da atividade foi realizada de acordo com a logística e estabilidade
climática, considerando-se fatores de preços de locação de ônibus, dias menos úmidos e
encurtamento de percurso devido a redução do tempo da atividade.
6.3.3 Instrumento de coleta de dados
Para avaliar os conhecimentos empíricos e desenvolvimento de novos
conhecimentos dos grupos criou-se a ficha anfitrekking (figura 1), nela os participantes
elencaram seus conhecimentos sobre os grupos biológicos á sua capacidade cognitiva e
criativa para criação de um personagem, além de utilizá-la como “guia” para captação
de novos conhecimentos sobre a via trekking onde estava sendo desenvolvida a
atividade.
Figura 1: Ficha Anfitrekking
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Para análise quantitativa, utilizou-se um questionário (Apêndice) por se tratar de
uma pesquisa exploratória (PRODAV & FREITAS, 2013). Esta metodologia adequa-se
para este estudo, pois se busca conhecer uma determinada realidade, a fim de criar
categorias de cunho explicativo para evidenciar a problemática abordada pela pesquisa.
25
Questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao
informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o
pesquisado devolve-o do mesmo modo (MARCONI; LAKATOS, 2003,
p.201).
Por fim, realizou-se também uma entrevista informal com intuito de investigar a
aderência ou não dos esportes de aventura. Vale ressaltar que este procedimento
metodológico possibilita que o pesquisador tenha maior permeabilidade sobre os
assuntos de uma nova área de pesquisa que está sendo explorada (COSTA, 2006).
6.4 ANÁLISES DOS DADOS
Tanto o grupo 1 quanto o grupo 2 tiveram que responder ao questionário
(apêndice) antes e depois das atividades realizadas. Os questionários foram
posteriormente analisados a partir do método de análise de conteúdo de Bardin, segundo
Farago e Fofonca (2016) é possível analisar perguntas abertas e fechadas de um
questionário a partir da sistematização dos dados, agrupamento por semelhanças de
informação e categorização das respostas em eixos temáticos que a pesquisa propõe
responder.
Ainda para analise, considerou-se Percepção Empírica (PE), aquela percepção
ambiental que os participantes já carregavam consigo antes do desenvolvimento do
método anfitrekking, ao contrário da Percepção Construída (PC), que foi a análise de
percepção após a aplicação do método.
26
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
7.1 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE AMBIENTAL NA JUVENTUDE A
PARTIR DAS PRÁTICAS DESPORTIVAS DE AVENTURA
Em maio de 2016, foram realizadas as práticas do método anfitrekking com os
grupos 1 e 2 no Parque Natural Municipal Saint Hilarie. Todos os participantes, antes da
prática, preencheram a ficha anfitrekking (figura 1), bem como o questionário. As
primeiras lacunas do instrumento de pesquisa destinaram-se em traçar um perfil dos
grupos voluntários.
A amostra constitui-se de cerca de 53% dos participantes do sexo masculino e
47% do sexo feminino. A faixa etária levantada para o grupo 1 foi de 66% dos
participantes com 12 anos de idade (gráfico 1) e o grupo 2, 79% dos participantes com
idades entre 14 e 15 anos de idade na época da pesquisa (gráfico 2).
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Gráfico 1: caracterização etária do 1° grupo voluntário que realizou a
pratica anfitrekking, no Parque Natural Municipal Saint Hilarie.
27
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
No grupo 1 somente 41% dos participantes já haviam tido contato com as
práticas do desporto de aventura, sendo estas práticas ligadas ao grupo de escoteiros a
qual eles fazem parte, ao contrário do grupo 2, onde 71% dos participantes já possuíam
vinculo às práticas desportivas de aventura e lazer na natureza, sendo por meio de
programas de escoteiros, familiares, grupos de amigos e práticas profissionais realizadas
em unidades de conservação como a APA Delta do Jacuí, destacando-se esportes como
remo, vela e canoagem (gráfico 3).
Gráfico 2: caracterização etária do 2° grupo voluntário que realizou a
pratica anfitrekking, no Parque Natural Municipal Saint Hilarie
28
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
A análise do gráfico 3 permite concluir que o desporto de aventura está cada vez
mais cedo presente na vida dos cidadãos brasileiros. Este processo vem ocorrendo de
forma natural e gradativa a partir de incentivos governamentais e não governamentais.
Uvinha (2001) afirma que a adesão à estas práticas, é mais evidente na fase da
adolescência, cujo segundo a Unesco (1977), é um grupo social representado por
indivíduos de 15 a 25 anos de idade. Ao analisar os gráficos 1 e 2 é possível perceber
que o grupo que possui maior vinculo as atividades de aventura na natureza é o grupo 2
o qual possui jovens de 14 a 17 anos de idade, reforçando a ideia de Uvinha.
A maior representatividade de adolescentes as práticas desportivas de aventura,
pode estar relacionada a fatores como: maior tempo ocioso, experiências e descobertas,
busca pela identidade de grupo entre outros (PAIS 1993 p. 189 apud UVINHA 2001).
Para Magnani, 1998, p. 39 (apud Uvinha 2001) estudar as práticas desportivas e de lazer
na adolescência é compreender o espirito da juventude, para estimular a cultura de
menos violência e maior qualidade de vida, isto auxilia na construção de uma sólida
identidade na fase adulta, como sugere o trecho abaixo:
O momento do lazer – instante de esquecimento das dificuldades do dia-a-dia
– é também aquele momento e oportunidade do encontro, do estabelecimento
Gráfico 3: análise da experiência dos participantes quanto às práticas do desporto de
aventura.
29
de laços, do reforço dos vínculos de lealdade e reciprocidade, da construção
das diferenciações (MAGNANI, 1998, p.39 apud UVINHA 2001).
Nota-se que há uma tendência crescente de jovens e adultos terem perspectivas
de auto superação, mudança de rotina, efemeridade ou perpetuação de padrões e
modismos vigentes quanto às práticas de Atividades Físicas de Aventura na Natureza –
AFAN, (SCHWARTZ, 2006 p.25).
Para Moreira-Castilho (2006) as AFAN possuem um importante papel para
construção da consciência ambiental, pois a partir das práticas desportivas de aventura o
homem constrói uma relação topofólica, isto é, uma relação de amor com o meio a qual
está inserido, devido à repercussão das emoções e da aventura praticada junto ao
ambiente natural (BRUHNS, 1997 apud SCHWARTZ et. al. 2006). Ainda para
Schwartz (apud Burgos e Pinto, 2002) a experiência do homem em meio ao ambiente
natural, auxilia na construção de novos conceitos e significados do estilo de viver em
frente as perspectivas sustentáveis.
No entanto, ao avaliar as respostas dos grupos 1 e 2, antes da realização do
método anfitrekking, referente à pergunta: o que você entende por um ambiente
preservado? Verificou-se que 33% dos participantes do grupo 1 acreditam que um
ambiente preservado configura-se por ser ambiente intocado pelo homem e outros 20%
relaciona a preservação ambiental a um conjunto de regras e/ou leis proibindo a
interferência do homem na natureza (gráfico 4). Para o grupo 2, um ambiente
preservado é aquele local sem nenhum tipo de poluição e sem a interferência do homem
(26%), para outros o ambiente preservado é aquele que possui árvores, mato, flores,
animais e sem construções feitas pelo homem (22%) como é possível observar no
gráfico 5.
31
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Ao analisar os gráficos 4 e 5 é possível perceber que a maioria dos participantes,
antes da realização da atividade, tinham o homem como um fator determinante de
destruição, poluição e degradação do ambiente natural. Isto ficou evidente ao analisar os
resultados para o grupo 2.
Esta percepção negativa quanto a relação ao homem e a natureza, evidenciada
por meio da presente pesquisa, pode ser explicada através das análises das formas e
mecanismos de transmissão de conhecimento e informações geradas através das
conexões ciberculturais, onde há a peculiaridade de das notícias serem difundidas de
maneira errônea ou exagerada, quanto à determinados assuntos (TAKAHASHI, 2000).
Gráfico 5: concepções do grupo 2 sobre ambiente preservado.
32
Segundo Hutchison (2000) a situação ambiental no planeta é preocupante e deve
ser trabalhada em todos os níveis educacionais. No entanto, alguns enfoques trazem o
homem como “o grande destruidor do planeta” e isto resulta numa desarmonia entre o
homem e a natureza, pois não há mais um sentido ético e cultural para cuida-la se é
preciso afastar-se para tudo ficar bem e ser preservado (HUTCHISON, 2000, p.65).
Ao continuar analisando os resultados apresentados pelos gráficos 4 e 5 é
possível perceber que ambos os grupos construíram novos conceitos em relação ao
ambiente preservado, após a realização do método anfitrekking. Posteriormente ao
experimento, percepção construída por eles destaca o ser humano como um agente que
auxilia neste processo de preservação do ambiente.
Para Boff (apud Ferraro-Junior, 2013) a educação é um grande instrumento para
formar alianças de cuidados com o planeta, uma vez que segundo as novas pesquisas, já
estamos vivendo uma nova era geológica denominada de antropoceno que marca a ação
negativa do homem para os sistemas terrestres. Como destaca em seu texto:
É que nos últimos decênios, como muitos cientistas afirmam, inauguramos
uma nova era geológica: o antropoceno. Esta expressão quer dizer quem
ameaça o sistema-terra é o sistema-vida, não é algum meteoro rasante que,
como no passado, dizimou grande parte da biodiversidade e num curto lapso
de tempo exterminou os dinossauros. Hoje, o meteoro rasante se chama ser
humano. Criamos duas bombas que nos podem matar: a nuclear e a ecológica
(BOFF apud FERRARO JUNIOR, 2013 p. 107).
O mesmo autor mencionado anteriormente acredita que o amadurecimento da
sociedade em vista as questões sustentáveis, fará nascer uma civilização que deve ser
denominada de biocivilização ou ecocivilização. Esta será a fase da humanidade
ecológica, onde o homem viverá em harmonia com a natureza e irá dominar todos os
níveis de conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais quanto às práticas de
cuidados com o meio ambiente. No entanto, isto ocorre quando o homem conhece a
natureza a partir de uma relação proximal, entende a necessidade de preserva-la a partir
de transmissão de conhecimentos e saberes, bem como porque tem prazer de ajudar no
cuidado do meio.
Neste contexto o presente estudo, assume a postura que o desporto de aventura
possui a capacidade de aproximar o homem para a natureza e gerar reações topofólicas e
biofólicas (amor pela vida, pelas demais espécies) a partir das emoções vivenciadas
durante as práticas de AFAN, em outras palavras, o desporto de aventura não possui um
33
papel de construção de identidade ou consciência ambiental. Numa relação causal
direta, é preciso haver estratégias didáticas para que ocorra verdadeiramente esta
conectividade entre o homem e a natureza para o amadurecimento do afeto e cuidado
pelos recursos naturais e o direito intrínseco das demais espécies existirem, sendo de
incumbência do mediador, das práticas desportivas de aventura, realizar tal
proximidade.
7.2 MECANISMOS DE EMPATIA E AVENTURA: UM ESTÍMULO PROXIMAL
PARA AFEIÇÃO E SENTIMENTO DE CUIDADO DO HOMEM COM A
NATUREZA
O renomado botânico Liberty Hyde Bailey, fundador do movimento para o
estudo da natureza na virada do século, disse “A sensibilidade em relação à
vida é o fruto mais precioso da educação”. Se quisermos cultivar uma atitude
de relevância para com a vida, em primeiro lugar precisamos desenvolver a
percepção, que, por sua vez, pode se transformar em amor e empatia. À
medida que começamos a sentir uma comunhão com os seres vivos que nos
rodeiam, nossas atitudes tornam-se mais harmoniosas e fluem com
naturalidade, e, por conseguinte, passamos a nos preocupar com as
necessidades e o bem-estar de todas as criaturas. O eminente
conservacionista japonês Tanaka Shozo definiu: “cuidar dos rios não é uma
questão de rios, mas do coração humano”. No entanto, um simples contato
direto com a natureza nem sempre é o suficiente (CORNELL, 1997, p.13).
Como descrito no subcapitulo anterior deste trabalho as práticas desportivas de
aventura possuem um importante papel proximal entre o homem e a natureza, no
entanto como referido no trecho à cima às vezes um simples contato direto com a
natureza não é o suficiente para construção de amor e empatia com o meio.
Ao desenvolver o método anfitrekking, se descobriu mecanismos para realizar
esta proximidade afetiva do homem e a natureza a partir do desporto de aventura. São
aspectos básicos de assimilação do praticante do desporto de aventura com o meio o
qual ele está inserido, como se fosse qualquer outra criatura existente em nosso planeta.
Como exposto no subcapitulo 6.3, utilizou-se a criação de personagens a partir
de conhecimentos empíricos dos participantes sobre alguns conteúdos das ciências
biológicas (estimulo da self in loco), esta metodologia foi adotada com intuito de barrar
a visão antropocêntrica que os participantes poderiam vir a ter durante a realização da
34
atividade desenvolvida. Para verificar a percepção ambiental empírica dos participantes
questionou-se a eles que características do ambiente você julga importante para
sobrevivência do seu personagem?
O grupo 1 criou personagens em relação a aspectos evolutivos, vírus, reino
monera, reino protista e reino fungi. Então a partir de seus conhecimentos baseados em
experiência passadas, os participantes do grupo 1 descaram características básicas
como: sujeira, floresta, umidade, ambiente preservado, todos os tipos de ambiente entre
outros (gráfico 6).
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Ao analisar o gráfico 6 é possível perceber que alguns conceitos foram
desmistificados em relação a alguns organismos trabalhados no anfitrekking, por
exemplo, 7% dos participantes inicialmente não sabiam responder tal questão, pois não
haviam incorporado o seu personagem. Supostamente, os 7% dos participantes que
responderam que o recurso de vida de seu personagem envolvia poluição e sujeira, se
Gráfico 6: características do ambiente para sobrevivência dos personagens originados a partir da
evolução biológica, vírus, reino monera, reino protista e reino fungi.
35
referiam aos microrganismos patológicos, eles deixaram de ter uma percepção
superficial em relação aos recursos de vida, pois novos conceitos foram atribuídos tais
como: recursos abióticos (7%), preservação do ambiente para manter a biodiversidade
(22%) e a percepção de todo tipo de ambiente como uma possibilidade de vida (41%).
A mesma situação ocorreu para grupo 2 que deu origem aos personagens das
classes dos vertebrados terrestres, a saber: anfíbios, repteis, aves e mamíferos. Ao
comparar os resultados do grupo 1 e 2, percebe-se que o grupo 2 atribuiu uma gama
maior de possibilidades de recursos de vida para seus personagens, totalizando 10
(gráfico 7) em contraponto de 6 atribuídos pelo grupo 1. Provavelmente, tal resultado
esteja relacionado com a maturidade perceptiva do ambiente do grupo 2 em relação ao
1.
Ao analisar o gráfico 7, torna-se notável a percepção superficial dos
participantes antes do desenvolvimento do método, mesmo que a maioria já tenha uma
percepção ambiental mais aguçada em relação ao grupo 1, percebível pela descrição
mais minuciosa dos recursos naturais para sobrevivência do personagem (gráfico 7),
ainda sim 21 % dos participantes possuíam uma visão dos recursos naturais muito
superficial levantando hipóteses de que tudo que a natureza tem para oferecer é
suficiente para sobrevivência de seu personagem.
36
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Após a realização do método anfitrekking, esta categoria de resposta reduziu
para 9%, dando espaço para novos conceitos, uma nova percepção do ambiente e dos
recursos de vida para os demais organismos vivos. Carvalho-Moura, C. I in Ferraro-
Junior, (2014 p. 301) definiu a subjetividade ou self como: “um modo de ser ou estar no
mundo que resulta em estilos de vida e valores adotados por indivíduos e grupos sociais
nas suas relações com outros humanos e não humanos”. Tal como o método adotado
neste estudo.
Este resultado ilustra a incorporação efetiva do personagem, pelo participante,
durante a realização do método anfitrekking, em outras palavras, a self in loco foi um
importante mecanismo para construção de uma nova percepção ambiental para os
praticantes anfitrekking.
Outro mecanismo explorado neste estudo foi a pedagogia da aventura. A palavra
aventura deriva do latim “adventura” significando algo que está por vir, imprevisível, é
algo intangível num primeiro momento, fato característico dos esportes na natureza,
Gráfico 7: características do ambiente para sobrevivência dos personagens originados a partir dos
vertebrados terrestre: anfíbios, repteis, aves e mamíferos.
37
presentes principalmente naquelas modalidades, onde a distância, clima, esforço físico,
a privação e as incertezas estão presentes (PEREIRA, 2010 p. 16). Neste estudo o
método anfitrekking assumiu uma forma de jogo ou game in situ a fim de estimular o
entusiasmo e a competitividade dos participantes. Como indica o trecho abaixo:
O gosto pela competição, à busca da sorte, o prazer pela simulação e a
atração pelo vertiginoso surgem, indiscutivelmente, como fatores
predominantes do jogo, mas a sua ação se envolve na vida das sociedades e,
em outra forma, a vida das pessoas inseridas na sociedade se engendra nos
jogos, embora de modo e intensidade diferentes (CALLOIS, 1994 & ANJOS,
2005 apud PEREIRA, 2010 p. 49).
Estes mecanismos de empatia e aventura também auxiliaram para construção de
novos conceitos em relação a execução dos esportes de aventura em áreas protegidas,
para verificar a contribuição do método anfitrekking para construção destes novos
valores, realizou-se um levantamento das concepções positivas dos participantes em
relação a execução dos esportes de aventura no Parque Natural Municipal Saint
Hilarie.
Para o grupo 1 os aspectos positivos agregam-se aos seus valores pessoais tais
como melhoria do condicionamento físico (10%), ambiente propício a realização da
pratica (13%), Novas experiências (16%) e 10% dos participantes incialmente não
encontrou pontos positivos em relação a estas atividades. Ao analisar o gráfico 8,
percebe-se que a questão do condicionamento físico após a pratica anfitrekking já não
existe, foi tomada por novas concepções tais como: contato direto com a natureza
(23%), diversão (16%) e aprender e conhecer para cuidar do Parque. O número de
participantes, após a realização do método anfitrekking, foi de 3% para 6% em relação a
não enxergar pontos positivos em relação a estas atividades. Segundo estes
participantes, todos estes esportes de aventura, causam algum tipo de impacto no
parque, mesmo que sem querer, mas é divertido e legal.
38
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Ao analisar o gráfico 9, nota-se que o grupo 2 atribuiu uma gama maior de
aspectos positivos em relação ao grupo 1. Destacando-se aspectos como: explorar e
conhecer a natureza (27%), Melhoria no condicionamento físico e saúde (15%), estar
em um ambiente intocado pelo homem (12%), estimular as pessoas a praticarem
esportes (12%), quebra de rotina/ reflexão sobre os problemas
ambientais/conscientização (8%). Assim como o grupo 1, o grupo 2 também atribuiu
novos valores as práticas desportivas de aventura após a realização do método
anfitrekking. Concepções como: contato íntimo com a natureza (15%) e perceber que
somos parte da natureza (4%) tomaram espaço na percepção construída a partir do
método, é possível destacar também o aumento de participantes relatando sobre a
Gráfico 8: levantamento das concepções positivas que o grupo 1 possui em relação a realização dos
esportes de aventura no Parque Natural Municipal Saint Hilarie.
39
sensação de bem-estar e calmaria (15%) e a exclusão do conceito de modismo dos
esportes de aventura (estimular as pessoas a praticarem esportes).
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Durante a realização da pratica observou-se que a empatia dos participantes com
o meio a qual estavam inseridos ocorreu a partir da aventura, e pode ser entendida a
partir de momentos, tais como:
a. Entusiasmo;
b. Percepção detalhada do meio;
c. Simulação de batalhas entre os grupos e incorporação de conceitos
construídos;
Gráfico 9: levantamento das concepções positivas que o grupo 2 possui em relação a realização dos
esportes de aventura no Parque Natural Municipal Saint Hilarie.
40
d. Argumentação e percepção crítica do ambiente e da preservação dos recursos
naturais.
e. Novas concepções das relações dos seres vivos.
Estes momentos estão relacionados às regras atribuídas ao jogo, bem como a
ação do mediador durante a prática (HUIZINGA, 2000). Basicamente as regras
consistiam em cada participante “captar” recursos de vida para seu personagem a partir
das observações durante o percurso trekking, atribuindo estes recursos às necessidades
do tipo de organismos que deu origem ao personagem. O mediador simulava batalhas
entre os personagens, bem como situações que poderiam ocorrer no ambiente, o
personagem vencedor das batalhas era classificado a partir do número de recursos de
vida corretos observados por eles.
O jogo e a aventura assumem um papel estimulante da imaginação de quem o
pratica. Além de, construir novos significados aos seus objetos de estudo, esta estratégia
pedagógica faz com que as “caixas disciplinares” sejam abertas para serem trabalhadas
em conjunto despertando a interdisciplinaridade. Três fatores fundamentais para
desenvoltura da consciência ambiental dos voluntários desta pesquisa foram: a
experimentação, a descoberta e a organização (SOUZA, 2001; FREIRE 2002;
CALLOIS 1994; MORIN 1986 & VYGOTSKY 1998 apud PEREIRA, 2010, p. 49-51).
Dado o exposto, conclui-se que os mecanismos de empatia e aventura devem
ser trabalhados simultaneamente se o objetivo for desenvolver a consciência ambiental
em praticantes do desporto de aventura. Assim como ilustra o diagrama da figura 2.
41
Figura 2. Representação esquemática dos princípios e missões da atividade anfitrekking.
Fonte: elaborado pelo autor (2016)
7.3 A CORPORIEDADE E A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA
Ao decorrer deste estudo já foram relatados diversos aspectos que levam o
homem a buscar o desporto de aventura, tais como: sensações, emoções,
autossuperação, fuga de rotina, proximidade com o meio, entre outras. Assim como,
Breton explica:
(...) o corpo tornar-se então um caminho possível da salvação, numa
perspectiva leiga em que o indivíduo determina as provas a que ele se inflige
para testar seu valor. Trata-se de encontrar enraizamento sólido em sua
existência (LE BRETON, 2006, p.116 apud. PEREIRA, D. W. 2010 p.15).
É possível relacionar o crescimento exponencial da procura das Atividades
Físicas de Aventura na Natureza às explorações comerciais “ecoturisticas”, esta por sua
vez, incorpora o discurso “ecológico” para corroborar com suas ofertas de mercado,
mesmo que não estejam verdadeiramente comprometidas com nenhum aspecto
educacional de desenvolvimento da consciência ambiental (BAHIA, 2008).
42
Para Bruhns (1998 apud Bahia, 2002) é possível perceber uma mescla semântica
de três visões de vida e de mundo no perfil do praticante do desporto de aventura,
sendo: a visão física externa (natureza, água, velocidade), a visão emotiva interna (risco,
liberdade) e a visão química resultante (adrenalina).
Tais aspectos resultam numa experiência aparentemente positiva ao ecoturista,
no entanto, não passa de uma visão superficial do meio à qual ele está inserido. E o
discurso ecológico feito pela indústria turística, na pratica, é muitas vezes, antagônico a
filosofia sustentável, e mais uma vez, o homem utiliza a natureza de forma exagerada na
exploração comercial (MARINHO, A., 1999).
As práticas de AFAN, quando executadas de forma desordenada e sem
planejamento ocasionam vários impactos socioambientais, tais como os indicados na
tabela 2 (COSTA, 2006; BAHIA, 2008; COSTA-MENEZES & PAIXÃO 2009).
Principais AFAN realizadas em POA Possíveis impactos ambientais Grau de
intensidade
Asa Delta e Parapente
Impacto nas trilhas onde o salto
acontece, Poluição: barulho, lixo,
Alteração e destruição da vegetação,
Alteração no habitat de animais,
Compactação e erosão do solo,
Interferência social e cultural em
comunidades próximas envolvidas.
Baixo
Mountain bike
Compactação e erosão do solo,
Poluição: barulho, lixo,
Alteração e destruição da vegetação e
do habitat de animais,
Interferência social e cultural em
comunidades próximas envolvidas.
Baixo
Motocross
Impacto na abertura e utilização de
trilhas,
Compactação e erosão do solo,
Poluição: barulho, lixo, emissão de
gases e
petróleo (combustível),
Alteração e destruição da vegetação e
do Habitat de animais,
Interferência social e cultural em
Médio
Tabela 1: levantamento bibliográfico dos possíveis impactos ambientais derivados das principais
práticas de AFANs realizadas no município de Porto Alegre.
Fonte: Adaptado pelo autor com base em Bahia e Sampaio (2005 apud BAHIA, 2010).
43
comunidades próximas envolvidas.
Trekking/Escalada/ Rapel/Boulder
Por tais modalidades utilizarem trilhas
para
chegar a pontos de descida, subida ou
mesmo a caminhada pela mata, há
impacto na utilização das trilhas,
Impacto na vegetação onde se fixa o
equipamento de segurança (canyoning,
escalada, cascade, espeleologia, rapel),
Poluição, barulho, lixo, distúrbios,
alteração e destruição do habitat e
vegetação (trilha),
Compactação e erosão do solo,
interferência social e cultural em
comunidades próximas envolvidas.
Baixo
Canoagem, rafting e duck
Poluição: barulho, lixo,
Distúrbios e alteração da fauna,
Possíveis quebras de pequenos pedaços
de rocha em corredeiras (contato com
os boias ou caiaques),
Interferência social e cultural em
comunidades próximas envolvidas.
Baixo
Esqui na Água, Jet Sky e Wake board
Poluição por meio da emissão de gases
do motor
da lancha (que reboca esqui, parasail,
prancha) e
motor do Jet Sky,
Poluição: barulho, lixo, algum
derramamento combustível na água,
Distúrbios e alteração da fauna,
interferência social e cultural em
comunidades próximas envolvidas.
Médio
Kitesurf, Windsurf/Vela
Alteração e Distúrbios da fauna dos
ecossistemas aquáticos, Poluição: lixo,
Interferência social e cultural em
comunidades próximas envolvidas.
Baixo
Fonte: [adaptado] Bahia e Sampaio (2005 apud. BAHIA, 2008).
44
Cabe salientar que não é responsabilidade do leigo ter e continuar com uma
percepção superficial sobre o ecossistema o qual está inserido, sem ter um
conhecimento real sobre os impactos ambientais decorrentes da exploração comercial da
corporeidade contemporânea que envolve a (re) consolidação do homem com a
natureza.
Ao desenvolver o presente estudo, é possível ilustrar os aspectos negativos da
execução dos esportes de aventura em áreas protegidas como o Parque Natural
Municipal Saint Hilarie, estes aspectos estão expostos pelos gráficos 10 e 11 que trazem
as concepções negativas, dos grupos 1 e 2, que tangem em relação a este assunto.
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Gráfico 10: levantamento das concepções negativas que o grupo 1 possui em relação a realização dos
esportes de aventura no Parque Natural Municipal Saint Hilarie.
45
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Ao confrontar os resultados levantados pela tabela 2 com os gráficos 10 e 11,
constatou-se a similaridade entre as informações obtidas por fontes bibliográficas e em
campo. No entanto, numa análise proporcional das categorias de respostas, em relação
as percepções empíricas e construídas, constatou-se algumas “falhas” em relação a
construção da consciência ambiental a partir da aplicação do método anfitrekking.
Destaca-se, que após a aplicação do método anfitrekking, houve um aumento da
percepção de que a execução dos esportes de aventura em áreas protegidas não possui
aspectos negativos.
Desta maneira, se avaliou algumas variáveis destes dados qualitativos, tais
como:
a. Faixa etária dos participantes;
b. Tempo de contato com o desporto de aventura;
Gráfico 11: levantamento das concepções negativas que o grupo 2 possui em relação a realização dos
esportes de aventura no Parque Natural Municipal Saint Hilarie.
46
c. As três visões semânticas de vida e mundo: a física externa, emotiva interna
e química resultante.
7.3.1 Análise da visão simplista do aventureiro entusiasta
Precedentemente, ao analisar as concepções negativas expostas pelo grupo 1
(gráfico 10) é preciso recordar que neste grupo 66% dos participantes possuíam 12 anos
de idade na época da pesquisa (gráfico 1). Outro aspecto relevante é que 57% deles não
haviam tido nenhum contanto com estas práticas desportivas (gráfico 3).
Esta visão abstrata e distante que os participantes possuíam sobre o desporto de
aventura, pode ser ilustrada pelos resultados do gráfico 12, onde ao questionar sobre
qual esporte de aventura não causaria impacto na vida do personagem criado, eles
buscaram, trazer a ideia de invencibilidade de seu personagem, demonstrando que
nenhum esporte de aventura poderia causar impacto na vida de seu personagem (53%
numa percepção construída a partir do método anfitrekking).
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Gráfico 12: A visão simplista do grupo 1, a partir da self in loco, sobre os impactos ambientais
provenientes dos esportes de aventura.
47
Supostamente, as técnicas laborais e lúdico-corporais, atribuídas aos
mecanismos de empatia e aventura utilizados para de desenvolver a self in loco,
colaboraram para o desenvolvimento da ideia de que os esportes de aventura aproximam
o homem da natureza de forma divertida e dinâmica, além de fazer bem para saúde
física e mental, como foi atribuída pelo grupo no gráfico 13, ao questioná-los sobre a
relação entre a natureza e os esportes de aventura (HUIZINGA 2000; SOUZA 2001;
FREIRE 2002; CALLOIS 1994, MORIN 1986 e VYGOTSKY 1998 apud PEREIRA,
2010 p. 49-51).
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
20%
30%
27%
10%
0%
0%
0%
7%
3%
3%
10%
23%
13%
3%
3%
17%
13%
10%
3%
10%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
os esportes de aventura aproximam o homem e anatureza, fazendo-o ter um contato direto com o
meio
obstáculo, trajeto e/ou circuito proporcionadopelas características geográficas do meio natural
aprendizagem e conhecimento da natureza, sabersua importância para cuidá-la
estes esportes causam impacto para natureza
Testar de habilidades físicas
aprender sobre a natureza de maneira dinâmica,aventureira e divertida
os esportes de aventura são essenciais paraaproximar o homem e a natureza
sensação de bem estar e leveza/ faz bem para saúdedo corpo e mental
nenhuma relação
inválido/não respondido/nulo
Que relação tu achas que existe entre a natureza e a realização dos esportes de aventura?
percepção construída percepção empírica
Gráfico 13: A visão do grupo 1 sobre a relação entre a natureza e a realização dos esportes de
aventura.
48
Conclui-se então, que o fato, deste grupo ter se “empoderado” do aspecto
recreativo em relação ao método anfitrekking e as demais Atividades Físicas de
Aventura na Natureza, levou a maioria a crer na inexistência de aspectos negativos em
relação a estas práticas (gráfico 10), uma vez que, segundo eles, estas práticas
desportivas contribuem para aproximar o homem e a natureza (gráfico 13). Este fato é o
resultado das variáveis sociológicas e didáticas implicadas ao desenvolver a
metodologia e não compromete as afirmativas apresentadas ao decorrer deste capítulo
em relação a construção da consciência ecológica a partir da aplicação do método
anfitrekking.
7.3.2 Análise das pegadas ecológicas dos aventureiros
Ao analisar o gráfico 11, é notável que a percepção empírica e construída dos
representantes do grupo 2 é maior em relação ao grupo 1. Este fator pode ser associado
as experiências anteriores destes participantes, uma vez que 71% deles já haviam tido
contato com o desporto de aventura (gráfico 3).
Não obstante, ao fazer a análise proporcional, entre a percepção empírica e
construída, acerca de não haver aspectos negativos na execução dos esportes de
aventura no Parque Natural Municipal Saint Hilarie, contatou-se o aumento deste
significado assim como ocorreu com o grupo 1.
Novamente, este resultado está associado aos mecanismos self in loco e game in
situ realizado ao decorrer do método anfitrekking, todavia, as experiências anteriores
dos participantes deste grupo, fez com que houvesse uma percepção mais profunda em
relação as visões de vida e de mundo. Tais como ilustradas pelos gráficos 14 e 15.
49
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
É possível destacar, no que diz respeito à concepção, cujo, todos os esportes de
aventura causam impacto, surgiu somente após a realização do método anfitrekking.
Sustentando a ideia, de que, se não existir a natureza, não existe a prática desportiva de
aventura levantada pelo grupo 2, após desenvolver os mecanismos de empatia e
aventura: self in loco e game in situ (gráfico 15).
Gráfico 14: A visão dos aventureiros do grupo 2, a partir da self in loco, sobre os impactos
ambientais provenientes dos esportes de aventura.
50
Fonte: elaborado pelo autor (2016).
Dado o exposto, constatou-se um enraizamento sólido e consciente sobre as
visões semânticas de vida e de mundo descritas por Bruhns (1998 apud Bahia, 2008),
onde:
A visão física externa aguçou-se ao perceber os detalhes dos recursos a
naturais e dos organismos que precisam deles;
A visão emotiva interna eclodiu ao competir, sorrir, brincar, ao sentir a
sensação de bem-estar, de respirar o ar puro, aprender coisas novas e dar-se
autonomia para cuidar da natureza com o entendimento correto (gráfico 9).
Gráfico 15: A visão do grupo 2 sobre a relação entre a natureza e a realização dos esportes de
aventura.
51
A visão química foi depurada a todo instante com as simulações, narrações,
estratégias, batalhas entre outras ações proporcionadas pela vivência e prática
de anfitrekking.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo definiu-se como um teste piloto para modelar o método
anfitrekking a partir da realização de uma trilha guiada. Porém, a proposição deste
método pressupõe que, outras modalidades de desportos de aventuras poderão, também,
estar embasados nesta mesma metodologia, bastando para isso, uma adaptação
adequada a cada prática desportiva.
Enfim, o anfitrekking surge não para contestar ou questionar os esportes de
aventura, por estes, serem, muitas vezes, impactantes ao meio ambiente, mas sim como
agregador das práticas desportivas da natureza e à preservação do meio ambiente.
Destacando que, uma prática desportiva consciente, onde o esportista tenha a percepção
do meio onde ele se encontra e, que as dificuldades de superação não sejam somente a
sobreposição dos obstáculos, mas sim a construção de uma sintonia onde praticante e
natureza estejam conectados.
52
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