Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil Racionalização do Processo Construtivo de Edifícios em Alvenaria Estrutural MONOGRAFIA Autor: Wendell Oliveira Figueiró Orientador: Prof. Abdias Magalhães Gomes, Dr. Belo Horizonte, Janeiro de 2009. i
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Racionalização do Processo Construtivo de Edifícios em ...20Wendell%20Olive… · Figura 3.1 - Família de blocos cerâmicos (Rauber, 2005) ... No tocante ao sistema construtivo
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Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia de Materiais e Construção
Curso de Especialização em Construção Civil
Racionalização do Processo Construtivo de Edifícios em Alvenaria Estrutural
A singularidade é uma característica importante das entregas do projeto. Por
exemplo, muitos milhares de prédios de escritórios foram construídos, mas cada
prédio em particular é único—tem proprietário diferente, projeto diferente, local
diferente, construtora diferente, etc. A presença de elementos repetitivos não
muda a singularidade fundamental do trabalho do projeto.
Antes do projeto, é comum ainda o trabalhador fazer a preparação de um
Anteprojeto, que é o estudo preparatório do projeto.
Nos contextos de software, projeto é usado com o sentido do ato de projetar, de
conceber antecipadamente. Neste caso, costuma-se também empregar a palavra
design.
4.2. A importância do Projeto
A etapa de projeto é de fundamental importância para o sucesso de qualquer
empreendimento. Para tal, deve-se dedicar tempo e recursos suficientes para se
alcançar o melhor resultado.
Melhado & Violani (1992) observam que se tem verificado, em geral, uma
dissociação entre a atividade de projeto e a da construção. O projeto, encarado
como instrumento meramente legal, recebe, muitas vezes, a mínima atenção e
sem adequado aprofundamento, cumpre-se seu prazo e custo. Sem a devida
atenção nesta etapa, muitas definições serão feitas na etapa de obra no próprio
canteiro.
A importância e cuidado que se deve dar a esta etapa pode ser melhor entendida
quando se leva em conta que segundo Athanazio & Trajano (1998) problemas de
projetos é a segunda maior causa de falhas nas edificações.
Figura 4.1 – Gráfico de falhas em obras (Athanazio & Trajano 1998).
4.3. Projeto Arquitetônico
O projeto arquitetônico é o principal projeto de uma edificação, pois todos os
demais serão elaborados a partir do mesmo. Desta forma, um projeto
arquitetônico mal concebido trará problemas durante toda a vida útil da edificação,
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desde a concepção dos projetos complementares, retrabalhos no canteiro na fase
de execução e altos custos de manutenção da edificação.
Cabem aos arquitetos, nesta etapa, importantes decisões como: escolha do
sistema construtivo a ser adotado, arranjo (disposição e dimensões) dos
ambientes e abertura dos vãos, tipo de cobertura, previsão de instalações e
equipamentos (elevadores, bombas, etc.) e acabamentos, dentre outros.
Decisões estas que passam pela avaliação e enquadramento da edificação na
legislação vigente, normalização, limite de custos, durabilidade dos materiais
empregados, dificuldade de manutenção e da própria disponibilidade de peças de
reposição.
4.4. Projetos complementares
Projetos complementares são todos os demais projetos da edificação. De forma
geral são divididos em dois grupos: estrutural e instalações.
O projeto estrutural irá detalhar a estrutura da edificação compreendendo a
fundação e superestrutura.
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Já os projetos de instalações detalham os sistemas e equipamentos existentes na
edificação. Dentre os projetos de instalações podem-se destacar como principais:
instalações elétricas, telefonia, SPDA, hidro-sanitários, GLP, Prevenção e
combate a incêndio, elevadores, etc.
Segundo Rauber (2005), tanto o projeto estrutural quanto os projetos de
instalações estão condicionados ao projeto arquitetônico (figura 4.2), uma vez que
este, para organização do espaço, supõe a interferência da estrutura (locação de
pilares, altura de vigas, etc.), além de pré-dimensionar os compartimentos
utilizados pelas instalações (shafts, rebaixos de forro, quadros de medidores,
posição e altura de reservatórios de água, elevadores, etc.). Assim para que não
haja prejuízo aos projetos complementares, a arquitetura deve ser concebida
visando a perfeita compatibilização, o que requer do arquiteto conhecimentos
básicos acerca das condições necessárias para realização dos projetos
complementares.
Figura 4.2 – O arquiteto como coordenador de projetos (Lamberts, Dutra & Pereira, 1997).
4.5. Compatibilização de projetos
Segundo Rauber (2005), da interferência entre os projetos arquitetônicos e
complementares surge a necessidade de compatibilizar, ou seja, estudar a
maneira de todos os projetos coexistirem harmonicamente na edificação. Em
outras palavras, compatibilizar é fazer com que todas as soluções de projeto se
encaixem perfeitamente na construção.
Para Manzione (2004), a alvenaria estrutural pelas características de seu
processo de produção, requer a compatibilização entre todos os projetos para
eliminação das interferências. Na etapa de elaboração de projetos serão
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conferidos itens como: medidas dos ambientes, espessuras dos revestimentos,
modulação dos vãos de esquadrias e, principalmente, resolvidos os conflitos com
as instalações.
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5. O PROJETO E EXECUÇÃO DA ALVENARIA
ESTRUTURAL
5.1. Conceito de Racionalização
Segundo Barros (1996), a racionalização na construção consiste no esforço para
tornar mais eficiente a atividade de construir, na busca da melhor solução para os
diversos problemas da edificação. Em outra definição, Rosso (1980) aborda o
tema com maior abrangência: “é um processo mental que governa a ação contra
os desperdícios temporais e materiais dos processos produtivos, aplicando o
raciocínio sistemático, lógico e resolutivo”. Sabbatini (1989) aborda de forma
direta o conceito de racionalização “racionalizar é eliminar desperdícios”.
A alvenaria estrutural é um sistema construtivo racionalizado, privilegiando a
integração das soluções em projeto o que evitará desperdício tanto de tempo
quanto de recursos, sejam humanos ou materiais no canteiro de obras.
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5.2. O projeto de alvenaria estrutural
A condição inicial de trabalho do arquiteto ao se adotar a alvenaria estrutural é
entender que o arranjo arquitetônico será elaborado por meio de painéis
(paredes) e não pórticos (pilares e vigas). Condição esta que se apresenta com
melhor desempenho uma vez que as paredes na alvenaria estrutural transmitem
melhor os esforços da estrutura para o solo.
Após a elaboração do estudo preliminar passa-se para a elaboração do
anteprojeto onde o arquiteto deverá escolher o tipo de bloco a ser utilizado na
construção. Esta escolha deve levar em consideração as características dos
materiais encontrados no mercado local para que se tenha uma edificação
segura, econômica e que atenda as necessidades ao fim que se destina.
Na próxima etapa, após definido o tipo de bloco, passa-se para a modulação do
projeto em função do módulo do bloco. Nesta etapa será definido também o tipo
de laje que será usada na edificação.
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Na etapa seguinte, seguirá a etapa de elaboração dos projetos complementares
(estrutural, elétrica, hidráulico, elevador, ar condicionado, gás, etc.). É nesta fase
que se torna fundamental a coordenação e compatibilização de projeto para tratar
as interferências entre a arquitetura, a estrutura e as instalações para evitar
transtornos e desperdícios na obra.
5.3. Modulação
5.3.1. Conceitos básicos sobre modulação
O bloco é o componente básico da alvenaria estrutural e este será definido por
suas 03 dimensões principais que são a largura, comprimento e altura. O
comprimento e a largura definem o módulo horizontal e a altura define o modulo
vertical.
Segundo Manzione (2004), a coordenação modular é a técnica que permite, a
partir de um módulo básico, estabelecer as dimensões dos ambientes tanto no
sentido horizontal (modulação horizontal) com vertical (modulação vertical).
Segundo Ramalho & Corrêa (2003), é importante que o comprimento e a largura
sejam iguais ou múltiplos, de maneira que efetivamente se tenha um único
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módulo em planta. Ocorrendo esta condição, a amarração das paredes terá
grande simplificação, com ganhos significativos em termos de racionalização do
sistema construtivo.
5.3.2. Importância da modulação em projeto
A importância da modulação em projetos de alvenaria estrutural é para que a
edificação seja segura, econômica e racionalizada. Não havendo a modulação,
como os blocos não poderão ser cortados haverá a necessidade de enchimentos
o que aumentará o custo da construção.
5.3.3. Blocos usuais
Segundo Ramalho & Corrêa (2003), os blocos que são facilmente encontrados no
Brasil são os de modulação longitudinal de 15 e 20 cm, com comprimentos
múltiplos de 15 e 20 cm. Considera-se ainda que nas regiões Norte e Nordeste é
comum bloco de módulo 12cm, sendo que este bloco já começa a ser utilizado
em outras regiões do pais, mas limita-se a construções de até 02 pavimentos.
Normalmente a largura é igual ao módulo longitudinal, mas para blocos de módulo
longitudinal 20 cm, pode-se encontrar larguras de 15 ou 20 cm. Quanto a altura é
pouco comum encontrar valores diferentes de 20 cm, exceto para blocos
compensadores.
Para modulação longitudinal de 15 cm, são encontrados blocos com 15, 30 e 45
cm. Já para modulação de 20 cm têm-se blocos com comprimentos de 20 e 40
cm, nas larguras de 15 e 20 cm.
5.3.4. Modulação horizontal
Definido o módulo básico a ser utilizado, faz-se o lançamento da primeira fiada.
Para as demais fiadas deve-se atentar quanto a não utilização de juntas a prumo.
Desta forma, as fiadas subseqüentes são lançadas de modo a se ter a melhor
concatenação entre os blocos. Essa condição significa defasar as juntas numa
distância de meio bloco conforme demonstrado na figura 5.1.
Figura 5.1 – Fiadas 1 e 2 e elevação de parede sem juntas a prumo (Ramalho & Corrêa 2003).
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Serão apresentados outros exemplos de plantas de locação da primeira fiada e
elevações, bem como Ias informações mínimas que devem conter nestas plantas.
Tabela 5.1. Informações mínimas para a planta da primeira fiada (Manzione, 2004).
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Figura 5.2. Planta de primeira fiada preparada para locação de alvenaria (Manzione, 2004).
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INFORMAÇÕES MÍNIMAS PARA A PLANTA DA PRIMEIRA FIADA
Eixos de locação com medidas acumuladas a partir da origem.
Eixos de locação com medidas acumuladas até a face dos blocos.
Dimensões internas dos ambientes com medidas sem acabamentos.
Indicação de blocos estratégicos com cores diferentes.
Indicação de elemntos pré-fabricados.
Posicionamento de shafts e furação de lajes.
Representação diferente entre as paredes estruturais e as de vedação.
Numeração das paredes e indicação de suas vistas.
Indicação dos pontos de graute.
Medidas dos vãos das portas.
Representação das cotas de forma direta evitando a obtenção de medidas por diferenças.
Tabela 5.2. Informações mínimas para a planta da primeira fiada (Manzione, 2004).
INFORMAÇÕES MÍNIMAS PARA OS DESENHOS DAS ELEVAÇÕES
Indicação da posição de todos os blocos.
Identificação com cores diferentes dos blocos especiais e dos compensadores.
Representação colorida das tubulações elétricas e caixinhas.
Representação de todos os pré-moldados leves (vergas, coxins, quadros, etc.).
Cotas dos vãos das portas e janelas.
Cotas dos níveis dos pavimentos e a espessura das lajes.
Indicação dos pontos de graute com textura mais escura.
Indicação das barras de aço verticais e horizontais.
Indicação das canaletas e vergas.
Legenda.
Tabela com resumo de quantidades de blocos, aço, graute e pré-moldados.
Tabela 5.3. Informações mínimas para desenhos das elevações (Manzione, 2004).
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Figura 5.3. Elevação da parede (Manzione, 2004).
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Deve-se ter especial atenção a cantos e amarrações uma vez que são pontos de
transferência de cargas entre paredes e de concentrações de tensões. Utilizando
blocos modulares as soluções a serem aplicadas podem ser simples. A seguir,
apresentam-se detalhes de amarrações e cantos sugeridos por Manzione (2004).
Quando se trabalha com blocos modulares as situações são:
a) Amarração em “L” – com a aplicação de blocos da família 29, nos encontros de
duas paredes ortogonais, pelo fato do comprimento modular do bloco ser igual ou
múltiplo de 15 cm, não há necessidade de outro componente semelhante ao B34
da família 39 (figura 5.4).
Figura 5.4. Amarração em “L” – B29 (Manzione, 2004).
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b) Amarração em “T” – no encontro de duas paredes contínuas com uma terceira
ortogonal (encontro em “T”) utiliza-se bloco B44 (bloco de três módulos) para que
não ocorram juntas a prumo (detalhe visto na figura 5.5). A família de blocos mais
utilizada é a 39, não modular, que requer a utilização de blocos especiais para
cantos e encontros de paredes.
Figura 5.5. Amarração em “T” – B29 (Manzione, 2004).
Já quando se trabalha com blocos não modulares, a opção é a família de bloco
39. Agregados às peças especiais e permitem os ajustes necessários à
modulação e amarração de fiadas sem necessidade de uso de grampos. Nesta
condição as situações são:
a) Amarração em “L” – utilizando a família 39 em encontros de duas paredes
ortogonais, adota-se o B34 para restabelecer a unidade modular de 20 cm,
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afetada pela largura dos blocos de 14 cm. Assim, não deverão ocorre juntas a
prumo (figura 5.6).
Figura 5.6. Amarração em “L” – B39 (Manzione, 2004).
b) Amarração em “T” – em encontros entre paredes contínuas com uma terceira
ortogonal utiliza-se o B54 para restabelecer a unidade modular de 20 cm que foi
alterada pela largura modular dos blocos de 15 cm e não ocorrer juntas a prumo
(figura 5.7).
Figura 5.7. Amarração em “T” – B39 (Manzione, 2004).
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5.3.5. Modulação Vertical
Por ser mais simples, a modulação vertical raramente provoca alterações
relevantes no layout arquitetônico.
Consideram-se duas situações básicas: piso a teto e piso a piso.
Na primeira opção onde a distância modular é considerada de piso a teto (figura
5.8), as paredes em extremidade terminarão com o emprego do bloco “J”. Este
bloco tem uma de suas laterais com altura maior que a convencional de forma
encaixar a espessura da laje. Nas paredes internas serão aplicados blocos tipo
canaleta.
Um problema identificado na aplicação do bloco “J” é a quebra da aba devido a
fragilidade em função da altura, o que dificulta a montagem e gera desperdício e
entulho no canteiro de obra.
Figura 5.8. Uso do bloco J (Manzione, 2004).
Outra opção ainda na modulação de piso a teto, no caso da não utilização do
bloco “J” na parede externa é optar por utilizar blocos tipo canaleta também nesta
parede (figura 5.9). Neste caso há a necessidade de utilização de forma auxiliar.
Figura 5.9. Parede externa sem bloco J (Ramalho & Corrêa, 2003).
A segunda opção para modulação vertical é considerar a distancia modular de
piso a piso. Na última fiada da parede externa será aplicado o bloco “J”, cuja aba
tem altura menor que o convencional (“jotinha”), também proporcionando o
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encaixe da laje. Nas paredes internas serão aplicados os blocos compensadores
(figura 5.10).
Figura 5.10. Detalhe genérico de modulação vertical piso a piso (Manzione, 2004).
Segundo Manzione (2004), esta segunda solução torna-se mais complicada que a
modulação de piso a teto, pois introduz mais dois tipos de blocos (“jotinha” e
compensadores) no canteiro de obras, reduzindo a produtividade da mão-de-obra.
Outra condição a ser considerada é que este bloco não é fornecido com
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freqüência pelo mercado e desta forma será necessário serrar o bloco canaleta.
Esta atividade completar onera o custo da edificação, pois é necessária a
aquisição e manutenção de serra, disco de corte e contratação de mão-de-obra
especifica e ainda pode ocorrer patologias futuras.
5.4. Fundação
Desde que as características do solo permitam, aconselha-se a execução de
fundações diretas com o uso de radier em detrimento de sapatas corridas (figura
5.11). Esta solução construtiva dispensa o uso de formas de madeiras e podem
ser armadas com tela eletrosoldada, o que agiliza o processo e o torna
econômico.
Figura 5.11. Fundação em placa de concreto – “radier” (Manzione, 2004).
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5.5. Laje
É de grande importância a definição das lajes no sistema de alvenaria estrutural.
As lajes recebem e transmitem as cargas permanentes e variáveis atuando com
diafragma, redistribuindo as tensões.
As lajes são classificadas conforme o processo de fabricação (Tabela 5.4).
Tabela 5.4. Tipos de lajes (Manzione, 2004).
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As lajes podem ser armadas em uma ou em duas direções, devendo ser sempre
apoiadas em paredes estruturais. As de uso mais recomendado são as lajes
maciças armadas em duas direções. Contudo, como são moldadas in loco, há a
necessidade do uso de formas, escoramentos, montagem de armação,
relativamente mais complexas, o que reduz a racionalização e produtividade da
construção. Uma alternativa é a utilização de lajes pré-fabricadas. Dentre as pré-
fabricadas destaca-se o uso da pré-laje que apresenta grandes vantagens
(Tabela 5.5) quanto a racionalização do processo construtivo e
conseqüentemente reduz custos.
VANTAGENS NO USO DE PRÉ-LAJES
Não são utilizadas fôrmas de madeira nem mão-de-obra de carpinteiros
Utiliza apenas escoras pontuais no centro por 21 dias, eliminado o sistema convencional de cimbramento e facilitando a circulação em fôrmas metálicas, niveladas e sem emendas.O acabamento do teto é liso, pois as peças são fundidas em fôrmas metálicas, niveladas e sem emendas.O processo garante que o acabamento do piso seja nivelado e polido, pois a pré-laje não se deforma com o peso da capa de concreto.A marcação das caixas elétricas e a furação dos shafts não precisas, pois suas indicações estão fixadas nas fôrmas metálicas, o que evita o desperdício de mangueiras e erros nas subidas da interligação da laje com a alvenaria.
Rapidez na montagem, pois a laje é transportada semi-pronta ao local.
Utiliza-se mão-de-obra em quantidade muito inferior a que seria necessária no processo convencional.
Indicação das barras de aço verticais e horizontais.
Menor custo final.
Maior garantia de qualidade e de cumprimento de prazo.
Tabela 5.5. Principais vantagens no uso de pré-lajes (Manzione, 2004).
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Segundo Rauber (2005), no caso de lajes armadas em uma única direção é
importante evitar que as armações das lajes estejam na mesma direção. A figura
5.12 ilustra como deve ficar a disposição das armaduras, tomando o devido
cuidado de equalizar a quantidade de armação em ambos os sentidos.
Figura 5.12 – Disposição da armadura recomendada para lajes armadas em uma única direção
(Rauber – 2005).
5.6. Vergas e contra-vergas
A utilização de verga e contra-vergas é indispensável quando da utilização do
sistema de alvenaria estrutural. Estes elementos atuam na absorção de esforços
nos cantos de abertura que são locais de concentração de tensões.
Podem ser executados a partir da utilização de:
a) Blocos canaletas armados e grauteados (figura 5.13);
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b) Peças de concreto armado moldada in loco (figura 5.14);
c) Peças de concreto armado pré-fabricadas (figura 5.15);
Figura 5.13. Verga e contra-verga executada com bloco tipo canaleta (Santos, 2004).
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Figura 5.14. Verga de concreto moldada in loco (Santos, 2004).
Figura 5.15. Verga pré-fabricada de concreto (Santos, 2004).
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5.7. Esquadrias
De forma a racionaliza a produção das esquadrias é de fundamental importância
o controle durante a execução da alvenaria para garantia da precisão de medidas
dos vãos.
5.7.1. Portas
Pode-se optar pela utilização de batentes metálicos ou de madeira.
a) Batentes metálicos – estes facilitam a elevação da alvenaria, pois servem de
gabarito, entretanto não permite a utilização do “kit” porta-pronta.
b) batentes de madeira – permitem a adoção do sistema de porta pronta cuja
fixação é feita pelo uso de espuma de poliuretano.
5.7.2. Janelas
Deve-se optar por esquadrias que acompanhem a modulação vertical e horizontal
evitando-se quebras ou enchimentos.
Podem-se utilizar esquadrias de ferro ou alumínio, sendo o usualmente o
emprego de caixilhos de alumínio sem contramarcos. Para a proteção dos vãos
pode-se aplicar ainda marcos de concreto pré-moldado (figura 5.16).
Figura 5.16. Marcos de concreto pré-moldados envolventes (Manzione, 2004).
5.8. Escadas
As escadas, assim com as lajes, podem ser pré-fabricadas ou moldadas in loco.
5.8.1. Escada pré-moldada tipo “jacaré”
Formada por vigas dentadas (“jacaré”), degraus, espelhos e patamares pré-
moldados (figuras 5.17). Tem como principal vantagem a fácil montagem da
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escada, em contrapartida a desvantagem de ser viável sua aplicação quando há
parede central de apoio entre os lances. São indicadas para obras habitacionais
de baixo custo.
Figura 5.17. Representação esquemática da escada tipo jacaré (Rauber, 2005).
Figura 5.18. Etapas de execução da escada tipo jacaré (Santos, 2004).
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5.8.2. Escada de concreto armado moldada in loco
Há a necessidade da utilização de forma e escoramento o que torna uma
desvantagem da utilização. Como vantagem, não necessita de equipamentos
especiais para sua execução (figura 5.19).
Figura 5.19. Representação esquemática da escada de concreto armado moldada in loco (Rauber,
2005).
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Figura 5.20. Execução da forma para execução da escada moldada in loco (Santos, 2004).
5.8.3. Escada pré-moldada de concreto
São escadas maciças, fabricadas com lances inteiros. Tem com vantagem a
rapidez para instalação e como desvantagem a necessidade de equipamento de
içamento (guindaste) para movimentação e instalação.
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Figura 5.21. Representação esquemática da escada pré-moldada de concreto (Rauber, 2005).
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Figura 5.22. Exemplo de escada pré-moldada de concreto (Santos, 2004).
5.9. Instalações
Uma premissa do emprego da alvenaria estrutural é a integração do projeto
arquitetônico com os projetos complementares, notadamente com relação aos
projetos de instalações (elétrica, hidráulico, gás, telefonia, etc.). Não se pode
admitir a execução de rasgos nas paredes para passagem de tubulações
conforme figura 5.23. Desta forma o projeto deve estar integrado com a
arquitetura e estrutura deve prevê a solução para lançamento das instalações.
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Figura 5.23. Execução de instalação elétrica através do rasgo em alvenaria estrutural o que é uma
prática inaceitável (Santos, 1998).
Na alvenaria estrutural as instalações hidráulicas apresentam maior dificuldade
durante a execução. Uma opção bastante empregada é o shaft (figura 5.24), que
possibilita a passagem das tubulações hidráulicas num mesmo local e que
apresenta como grande vantagem a facilidade de acesso no caso de
manutenção. Esta solução deve se prevista em projeto pelo arquiteto em conjunto
com o projetista de instalação.
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Figura 5.24. Shafts hidráulicos visitáveis (Santos, 2004).
Outra opção é a utilização de paredes hidráulicas, que é a concentração das
tubulações numa mesma parede, que não tem função estrutural. Adotada em
cozinhas e banheiros (figura 5.25).
Figura 5.25. Exemplo de parede hidráulica (Rauber, 2005).
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Nas instalações elétricas a passagem das mangueiras é feita após a elevação da
alvenaria (figura 5.26). É desaconselhável a pratica de lançamentos das
mangueiras elétricas durante a elevação da alvenaria. Esta prática reduz a
produtividade uma vez que será necessário encaixar os blocos nas mangueiras.
Figura 5.26. Lançamento da mangueira elétrica após elevação da alvenaria.
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As caixas elétricas (tomadas e interruptores) devem-se chumbadas em blocos
elétricos que recebem o corte no tamanho da caixa, sendo estes cortados em
bancada específica com emprego de ferramentas apropriadas. Desta forma evita-
se a execução de furos após a executada a parede (figura 5.27)
.
Figura 5.27. Colocação da caixinha elétrica (tomada e interruptor) no bloco.
Para assentamento de quadro de distribuição, devido ao tamanho dos mesmos,
será necessário executar cortes na alvenaria. Conforme manual ABCI (1990),
este procedimento pode ser feito tanto em alvenaria de vedação quanto em
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paredes estruturais. Em paredes estruturais o seu emprego deverá ser
previamente avaliado e previsto em projeto pelo calculista da estrutura. Este
verificará se a abertura necessária para embutir o quadro com dimensões
maiores, com conseqüente redução de seção resistente da parede, não prejudica
a estabilidade da mesma.
Para lançamento horizontal das tubulações, conforme Rauber (2005), alguma
soluções racionalizadas podem ser adotadas, evitando-se rasgos na alvenaria:
a) Tubulação embutida no piso (figura 5.28);
b) Tubulações executadas sob a laje, escondidas com a aplicação de forro
rebaixado, podendo ser removível (madeira) ou não (gesso) (figura 5.29);
c) Utilização de blocos mais estreitos, formando reentrâncias para a
passagem da tubulação no sentido horizontal (figura 5.30);
d) Trecho horizontal da tubulação embutido na parede em blocos adaptados
executados quando da elevação da alvenaria (figura 5.31);
e) Emprego de bloco tipo canaleta para passagem de tubulação (figura 5.32).
Figura 5.28. Tubulação de água fria embutida no piso (Santos, 2004).
Figura 5.29. Tubulação horizontal sob a laje, escondida pelo forro rebaixado (Santos, 2004).
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Figura 5.30. Tubulação embutida em parede com reentrâncias (Santos, 2004).
Figura 5.31. Tubulação embutida em blocos adaptados (Rauber, 2005).
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Figura 5.32. Tubulação embutida em bloco canaleta (Rauber, 2005).
5.10. Revestimento
Conforme manual ABCI (1990), com a utilização de blocos industrializados de boa
qualidade, mão-de-obra qualificada e controle rigoroso durante a execução e
possível ter boas soluções de revestimentos com redução de custos e
racionalização do processo construtivo.
Para revestimento interno, observadas as premissas acima, é possível dispensar
camadas regularizadas (reboco ou emboço) permitindo que se aplique o
revestimento final (gesso, massa fina, azulejos, etc.) diretamente sobre o bloco.
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Para revestimento externo, sugere-se sempre a aplicação de chapisco para
melhor aderência do reboco ou massa única.
Tanto em revestimentos internos quanto externos deve-se observar
procedimentos de norma.
Figura 5.33. Opções de Revestimento (Manual ABCI, 1990).
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5.11. Cobertura
A cobertura tem função importante na alvenaria estrutural, a última laje deve
receber atenção e cuidados especiais uma vez que sofre efeitos térmicos de
dilatação. Conforme Rauber (2005), quando projetadas de forma inadequada, as
lajes, em geral do último pavimento, se deformam excessivamente, podendo
cisalhar a alvenaria, causando fissuras e originando patologias. Como uma das
soluções recomenda-se o isolamento térmico da cobertura.
Para se evitar que a dilatação térmica da laje do último pavimento provoque o
cisalhamento da alvenaria pode adotar duas soluções opostas: impedir o
movimento, enrijecendo sua vinculação com as alvenarias através de cintas
armadas, ou inversamente, desvinculá-las destas, permitindo o seu movimento
livre. Sendo este último o mais empregado.
Outro problema que pode ocorre na laje de cobertura é infiltração que pode ser
solucionado através da impermeabilização e adoção de telhado.
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6. CONCLUSÃO
A alvenaria estrutural pode ser entendida como um sistema construtivo
racionalizado. A consideração parte da condição indispensável e imprescindível
do planejamento adequado e cumprimento de cada etapa de projeto para se
edificar um empreendimento sem desperdícios, retrabalhos ou improdutividade.
Neste cenário é peça fundamental o arquiteto, pois é ele que desde a fase de
anteprojeto definirá a melhor modulação do bloco, elemento fundamental na
alvenaria estrutural, para racionalização do processo construtivo. Considera-se
ainda de extrema relevância que o projeto arquitetônico esteja compatibilizado e
integrado ao projeto estrutural e de instalações o que evitará que sejam feitas
adaptações no canteiro de obras ao se deparar com interferências não tratadas
em projeto.
O aproveitamento dos recursos e soluções disponíveis no mercado aliado com
boas práticas de desenvolvimento de projetos trará para a construção em
alvenaria estrutural uma significativa redução de custos e conseqüentemente
competitividade em detrimento de outros processos construtivos.
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O desafio é vencer o preconceito que a alvenaria estrutural é sinônimo de
habitação de baixa renda, devido a condição imposta de limitação de vãos
pequenos para o seu emprego. Para tanto é necessário a constante pesquisa e
desenvolvimento dos métodos de calculo, bem como pela melhoria constante da
qualidade dos materiais empregados na alvenaria estrutural.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGÁRFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA. Manual
Técnico de Alvenaria. São Paulo: Projeto; PW, 1990. 274 p.
Autor desconhecido. Qual o conceito de projeto? Disponível em