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Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias & Cognio
S u b me t i d o e m 1 5 / 1 0 / 2 0 0 7 | A c e i t o e m 2 6 / 1
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e e m 0 3 d e d e z e mb r o d e 2 0 0 7
Artigo Cientfico
Psicopedagogia: limites e possibilidades a partir de relatos de
profissionais Psychopedagogy: limits and possibilities according
from the professionals experiences
Maria Regina Peres e Maria Helena Mouro Alves Oliveira
Pontifcia Universidade Catlica de Campinas (PUC-Campinas),
Campinas, SP, Brasil.
Resumo
A psicopedagogia tem sido uma das reas de conhecimento que tem
gerado grande interesse nos pro- fissionais ligados educao. Este
trabalho tem por objetivo investigar a prtica do professor - psico-
pedagogo, seus desafios, suas limitaes, suas possibilidades, frente
ao cotidiano da atuao psicope- daggica preventiva em instituies
regulares de ensino. So sujeitos dez professores psicopedago- gos
de diferentes instituies de ensino. O material utilizado um
questionrio de entrevista semi es- truturada. Os resultados mostram
que 100% dos sujeitos so do sexo feminino, entre 26 a 50 anos. As
contribuies obtidas para melhores resultados na atuao nesta rea so
diminuio do nmero de a- lunos nas classes, necessidade da
continuidade de estudos, melhor compreenso sobre as possibilida-
des de realizao do diagnstico psicopedaggico institucional,
valorizao de uma atuao conjunta com diversos profissionais, ampliao
de psicopedagogos em espaos institucionais. Cincias & Cognio
2007; Vol. 12: 115-133.
Palavras-chave: psicopedagogia; aprendizagem; preveno; professor
psicopeda- gogo; atuao psicopedaggica.
Abstract
Psychopedagogy has been one of the areas of knowledge that has
created great interest in profession- als attached to education.
This work has as its objective to investigate the practice of
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teacher/pscychopedagogue; his challenges, his limitations, his
possibilities concerning the day-to-day routine of preventive
psychopedagogy in regular educational institutions. The subjects
studied are ten teacher/psychopedagogues from different educational
institutions. The material used was a ques- tionnaire of
semi-structured interviews. The results show that 100% of the
subjects are of the feminine sex between the ages of 26 and 50. The
contributions obtained for better results in performance in this
area are: diminishing the number of students in the classroom, the
necessity of continuing studies, better comprehension concerning
the possibilities of institutional psychopedagogic diagnosis,
valuing the unified performance of several professionals, and
elevating the number of psychopedagogues in educational
institutions. Cincias & Cognio 2007; Vol. 12: 115-133.
- M.R. Peres Graduada em Biologia (PUC-Campinas) e Pedagogia
(ASMEC), Mestre em Metodologia do Ensi-no (Universidade Estadual de
Campinas) e Doutoranda em Psicologia (PUC-Campinas). Atualmente
Professora daFaculdade de Educao e Coordenadora de Curso de
Especializao em Psicopedagogia (PUC-Campinas). integran-te do Grupo
de Pesquisa Aprendizagem, Linguagem e Leitura (PUC-Campinas).
E-mail para correspondncia:[email protected]. M.H.M.A. Oliveira
Graduada em Fonoaudiologia (PUC-So Paulo), Mestre em Psicolo-gia
Escolar (PUC-Campinas) e Doutora em Psicologia Cincia e Profisso
(PUC-Campinas). Atualmente ProfessoraTitular (PUC-Campinas) e Lder
do Grupo de Pesquisa Aprendizagem, Linguagem e Leitura
(PUC-Campinas). E-mailpara correspondncia:
[email protected].
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Cognio
Key Words: psychopedagogy; learning ability; prevention;
teacher/ psychopeda- gogue; psychopedagogic performance.
Introduo ela tambm considera as valiosas contribui- es, de
outras reas de conheci-mento como A busca pela continuidade de
estudos, a Antropologia, a Sociologia, a Fonoaudiolo-tem-se
constitudo em uma crescente neces- gia, a Medicina, a Neurologia, a
Lingstica.sidade quer seja, por questes pessoais e/ou Desta forma
se valoriza a construo de umaprofissionais. Esta constatao nos
motivou a educao mais ampla que integre as diversasrealizar este
trabalho considerando que uma reas de conhecimento, na construo dos
sa-
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das reas de conhecimento que tm apresen- beres do aluno.tado
grande demanda para a continuidade de A prtica psicopedaggica prev
almestudos, entre os profissionais oriundos de da atuao em
clinicas, a atuao em institui-cursos de formao de professores, tem
sido a es. De modo geral, o atendimento clnicorea de
psicopedagogia. visa intervir em situaes de insuces-sos que Ao se
considerar a importncia da j se apresentam instaladas. A atuao
insti-formao continuada para profissionais de tucional ocorre,
geralmente, em instituiesdiversas reas, destacamos as idias de
Batista de ensino, empresas, organizaes assistenci-(2000), ao
enfatizar a demanda histrica que ais. Esta forma de atuao apresenta
um car-os cursos de especializao, ou seja, que os ter preventivo
que visa evitar ou minimizarcursos de ps-graduao lato sensu vm con-
possveis situaes de insucessos.seguindo na cultura educacional
brasileira. Na prtica institucional preventiva, umEste crescente
interesse, dentre outras ques- dos aspectos que merece destaque tem
sido ates, estaria relacionado s exigncias do dificuldade dos
psicopedagogos em propormercado de trabalho que, juntamente com o
procedimentos de avaliao e de interveno.tempo de durao dos cursos
de especializa- Esta questo tambm uma das preocupaeso, geralmente
um ano letivo, vm atraindo a de Bossa (2000) ao enfatizar que uma
das di-muitos. ficuldades prticas com que se deparam os A
psicopedagogia, concebida como psicopedagogos brasileiros, reside
nos proce-uma rea de conhecimento relativamente atu- dimentos
diagnsticos para a interveno. Se-al, historicamente apresenta como
objeto de gundo a autora, a indefinio quanto ao ins-estudos, o
processo de aprendizagem e suas trumental utilizado no trabalho
psicope-interfaces com os vrios campos de conheci- daggico merece
ser pensada, de forma quemento. Atualmente, segundo Rubinstein e
co- novas perspectivas possam da surgir e aten-laboradores (2004:
227) "o objeto de estudo der as reivindicaes inerentes atividadeda
psicopedagogia contem-pornea continua psicopedaggica. Ela tambm
acrescenta quesendo a aprendizagem, entretanto passa-se a vrios
autores j se debruaram sobre estavalorizar a amplitude do fenmeno
educacio- questo, entretanto enfatiza que ainda h mui-nal" e mais
intensamente a relao do sujeito to por se fazer.com a aprendizagem.
Considera-se assim o Neste mesmo sentido, quanto aos pro-contexto,
a situao e as interaes realizadas cedimentos de diagnstico e
interveno, a-pelo aprendiz durante o processo de ensino e
presentamos as
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recentes inquietaes de Ru-aprendizagem. Diante destes
referenciais binstein e colaboradores (2004) e Masinique a ao
psicope-daggica ser proposta e (2006). Estas estudiosas enfatizam
que a di-desenvolvida. versidade de prticas psicopedaggicas em
Isto, tambm contribui para que se funo da ampliao do campo de atuao
dopossa situar a psicopedagogia como uma rea psicopedagogo impe o
desafio da realizaode conhecimento interdisciplinar. Neste senti-
de novos estudos. Esses estudos poderiam sedo temos que a
psicopedagogia, alm de ter o iniciar junto aos cursos de formao do
psico-seu referencial na Psicologia e na Pedagogia, pedagogo se
estendendo aos programas for-
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mais de pesquisa desenvolvidos nas universi- do? o por que?; o
para que?; se ensina e sedades, especialmente junto a grupos de ps-
aprende. Com isto a viso positivista de edu-graduao. Isto
contribuiria para obtermos cao cede espao a uma concepo de
ensinouma viso mais aprofundada que expressasse e de aprendizagem
decorrente da epistemolo-as atuais tendncias da prtica
psicopedaggi- gia gentica. Este novo enfoque, reala aca brasileira.
construo do conhecimento por meio do a- Assim diante destas e de
outras consi- prender fazendo. Com isto passa-se a conside-deraes,
o interesse pelo tema psicopedago- rar as etapas de desenvolvimento
cognitivo dogia amplia-se e articula-se experincia de aprendiz.uma
das pesquisadoras que atua como profes- Isto segundo Kiguel (1990:
39), vemsora universitria e coordenadora de curso de favorecer a
"[...] compreenso do fenmenopsicopedagogia em uma instituio
particular da aprendizagem de forma a integrar as vriasde ensino.
Merece tambm destaque, o fato de reas do conhecimento, considerando
ainda,que este tema se converteu em projeto de pes- os diferentes
nveis evolutivos." Este mesmoquisa de doutorado, culminando na
elabora- estudioso sugere que ser pela interdisci-o deste artigo
entre orientadora e orientan- plinariedade, ou seja, por meio da
conjugaoda, junto ao programa de ps-graduao em de esforos das vrias
reas do conhecimentopsicologia. e conseqentemente de vrios
especialistas,
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Nesta perspectiva, o presente estudo ao que se poder intervir no
complexo fenmenopretender desenvolver uma investigao sobre da
aprendizagem humana.a atual prtica do psicopedagogo utilizou co-
Assim, ao considerarmos a psicopeda-mo referencial alm de um
levanta-mento bi- gogia como uma rea de conhecimentos
sen-bliogrfico sobre o tema, uma investigao svel a questes
relativas do processo educa-com professores que tambm so psicopeda-
cional e a contextualizarmos a partir de seusgogos e que estejam
atuando em diferentes referenciais tericos, nos defrontamos
especi-instituies de ensino pblicas e particulares. almente com as
inegveis contribuies daEntendemos que isto nos auxilia a melhor
psicologia e da pedagogia. Segundo Viscacompreender os diversos
limites e possibili- (1987), a psicopedagogia foi sendo
construdadades da atuao psicopedaggica institucio- como uma rea de
conhecimento ao mesmonal preventiva no nosso pas. tempo
independente e complementar da peda- gogia, por considerar as
questes metodolgi-1. O Objeto de estudo, os fundamentos e as cas e
em especial o trabalho docente. E emrelaes da psicopedagogia relao
psicologia, por considerar especial- mente, as contribuies das
escolas psicanal- Existe consenso entre vrios estu- ticas,
piagetiana e da psicologia social, pordiosos da psicopedagogia,
dentre eles Fer- meio de Enrique Pichn-Rivire. A partir des-nndez
(1994), Kiguel (1990), Macedo tes referenciais, a psicopedagogia
enfatiza os(1992), Rubinstains e colaboradores (2004), aspectos
cognos-citivos, afetivos, emocionais,Massini (2006) Visca (2002), e
outros, de que sociais, alm de outros.a psicopedagogia desde a sua
origem tem si- Portanto partimos da premissa de quetuado o seu
objeto de estudo junto s qus- a construo de conhecimentos no pode
setes diretamente relacionadas aprendi- limitar a contribuies
isoladas de qualquerzagem. rea que seja, mas sim da inter-relao
entre Respeitando-se os estudos, o contexto, elas em funo de um
objetivo maior. Assim,as particularidades, dentre outras questes, a
psicopedagogia entendida como uma readestacamos as contribuies de
Macedo de conhecimentos, geradora de uma prtica(1992) e Visca
(1987), que ao enfatizarem o interdisciplinar, no pode ignorar as
contri-objeto de estudo da psicopedagogia consi- buies das vrias
reas de conhecimentos.deram especialmente as questes de origem
Diante
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disto, Lima (1990: 19), apre-metodolgica, dentre elas, o como?;
o quan- senta a importncia de um "dialogo confronto
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especialmente entre a psicologia e a pedago- A atuao clinica na
psicopedagogiagia de forma que se faa algo mais efetivo em
apresenta um carter teraputico, inferindo afuno do sujeito
cognoscente". Desta forma, idia de cura, de resgate da sade do
apren-no se trata de substituir a psicologia pela psi- der. Neste
sentido, ela atende aos portadorescopedagogia, pedagogia,
antropologia, filoso- de dificuldades de aprendizagens, que j
sefia, lingstica, biologia, fonoaudiologia, me- encontram
instaladas. Nada impede, pormdicina, ou por qualquer outra rea de
conhe- que ao se diagnosticar e proceder a interven-cimento.
Entendemos assim que a busca por o, visando eliminar ou minimizar
os pro-melhorias educacionais passa pela articulao blemas, tambm se
atue de forma a prevenirdas diversas reas em busca de significados
outras, possveis dificuldades. Neste sentido,para a atuao
profissional. Neste sentido es- o trabalho psicopedaggico na
clinica, podetamos incluindo tambm a atuao psicope- tambm ser
considerado um trabalho preven-daggica que, no nosso entender, em
muito tivo. Com isto, o psicope-dagogo atua inici-pode contribuir
com o sucesso da dinmica almente realizando o diagnstico da
situaoeducador-conhe-cimento-educando. problema para, em seguida
buscar as formas Dentre os estudiosos que abordam as mais adequadas
para a interveno. O diag-contribuies das vrias reas de conhe-
nstico visa principalmente investigar oscimento rea da
psicopedagogia, destaca- qus? e, por qus?, de determinadas
situa-mos as de Bossa (2000), e de Stroili (2001). es. A fase de
interveno visa a busca dasAssim, segundo os estudos desenvolvidos,
melhores opes de procedimentos para sesobre este tema, temos alguns
subsdios que efetivar a ao.se destacam. Dentre eles, os: da
pedagogia Na atuao institucional, segundo Fa-que ao estudar as
diversas abordagens do pro- gali (1998), a nfase do trabalho
psicopeda-cesso de ensino e aprendizagem procura em- ggico reside
na construo de conhecimentosbasar a ao docente; da epistemologia e
da desenvolvidos em nvel preventivo. Este tra-
-
psicologia gentica que analisa e descreve o balho pode ser
realizado em diversas frentesprocesso de construo do conhecimento
pelo institucionais visando evitar o desenvolvi-sujeito em interao
com outros e com os ob- mento de possveis problemas de
aprendiza-jetos; da psicologia social que se preocupa gem ou de
outras situaes que possam com-com as relaes familiares, grupais,
institu- prometer a educao para a vida social. Den-cionais, com as
interferncias socioculturais e tre as possibilidades de atuao
institucionaleconmicas que permeiam a aprendizagem; do
psicopedagogo temos trabalhos na reada neuropsicologia que
possibilita a compre- hospitalar, empresarial, familiar, escolar,
eenso dos mecanismos cerebrais que servem outras.de base para o
aprimoramento das atividades Em especial, enfocaremos a
atuaomentais; da psicanlise que aborda o mundo psicopedaggica
institucional e neste sentidodo inconsciente, das representaes, que
se podemos constatar que, em grande parte dasexpressa por meio de
sintomas e smbolos; da instituies, o f`azer psicopedaggico'
ocor-lingstica que traz a compreenso da lngua- re, de modo geral,
tendo como referencial trsgem, da lngua enquanto cdigo disponvel
vertentes. A primeira, quando o psicopedago-aos membros de uma
sociedade. go contratado temporariamente, para uma Com isto,
tomando como referencial a assessoria psicopedaggica. Neste
trabalho,idia de complementaridade das funes em geralmente as
intervenes ocorrem direta-busca de articul-las as diversas reas do
co- mente junto ao grupo de docentes que por suanhecimento humano
para a compreenso do vez, esto em busca de metodologias
diferen-fenmeno educacional, temos que a psicope- ciadas de
trabalho, visando um melhor apro-dagogia, segundo Fagali (1998), se
caracteriza veitamento escolar por parte do aluno. A as-como uma
rea de atuao interdisciplinar sessoria pode se dar tambm junto a
pais oudesenvolvida por meio das modalidades, cli- familiares de
alunos que apresentam possveisnica e institucional. dificuldades de
aprendizagem. Neste caso,
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geralmente ocorre o encaminhamento para um cia do processo
integrado de gesto no interi-atendimento psicopedaggico fora do
ambien- or da sala de aula
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visando um melhor aprovei-te escolar. Diante disto, o
psicopedagogo difi- tamento educacional.cilmente ir criar vnculos
com o grupo, uma Desta forma, ao considerarmos os tra-vez que seu
trabalho, na maior parte dos ca- balhos do professor-psicopedagogo,
no inte-sos, espordico, ou seja, se restringe a en- rior da sala de
aula, temos que ele poder in-contros semanais, quinzenais e at
mesmo tervir, dentre outras questes, no sentido demensais. prevenir
ou minimizar possveis dificuldades A segunda vertente se d quando a
de aprendizagem. Esta tendncia se constituiinstituio escolar
contrata o psicopedagogo no aspecto central, portanto de maior
interessepara integrar a sua equipe de trabalho. Ao a- neste
trabalho, pois se vincula diretamente atuar junto a equipe escolar,
geralmente com- nossa inteno de investigar o desenvolvi-posta por
diretores, coordenadores, orientado- mento da prtica do
professor-psicopedagogo.res educacionais, professores, alunos,
pais, Nele estaremos enfatizando os possveis ins-familiares e
outros segmentos o psicopedago- trumentos utilizados no processo de
avaliaogo tem a oportunidade de interagir diretamen- e interveno,
visando a realizao de umate com o cotidiano das aes desenvolvidas
na prtica institucional preventiva.instituio. Neste caso, ele passa
a realizar umtrabalho em conjunto com outros profissio- 2. Algumas
concepes de preveno e pre-nais, contribu-indo assim, dentre outras
ques- veno em psicopedagogiates, com: o desenvolvimento de estudos
ereflexes sobre os materiais didticos escolhi- As primeiras
concepes sobre pre-dos e utilizados; a organizao e seleo dos veno,
historicamente aparecem associadas temas de ensino; o processo
metodolgico e idia de sade, a idia de bem estar fsico eavaliativo;
as situaes de sucessos e insu- emocional. Entretanto, Durlak (1997)
concei-cessos escolares; os relacionamentos interpes- tua a preveno
como um conhecimento mul-soais e outros temas e questes que sejam
de tidisciplinar que envolve as diversas reas deinteresse e
necessidade da instituio. O psi- conhecimentos, dentre elas a
educao, a psi-copedagogo tambm alm de desenvolver tra- cologia, a
medicina, a sociologia, alm de ou-balhos sistemticos junto a equipe
escolar po- tras. Isto se justifica em funo da multicausa-de atuar
junto a grupos de pais, ou como al- lidade dos fatores e dos
objetivos que devemguns estudiosos preferem, junto a `escola de
contemplar, os programas de preveno, empais'. Neste caso, dentre
outros, o objetivo funo das necessidades pessoais ou dos gru-
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maior seria a busca de melhorias nas relaes pos. Diante disto,
os trabalhos preventivosentre pais e filhos frente aos desafios de
um devero considerar objetivos mltiplos, dentremundo em constante
mudana. eles os de: evitar o aparecimento de proble- Na terceira
vertente temos a presena mas, evitar que os problemas j existentes
sedo professor-psicopedagogo, cuja atuao ir agravem, reduzir a
gravidade de novos pro-ocorrer diretamente com alunos em sala de
blemas ou mesmo, retardar o desenvolvimen-aula. Isto certamente
favorecer, um relacio- to do problema.namento de proximidade, de
confiana propi- Historicamente temos, segundo Albeeciando um melhor
conhecimento das poss- e Gullotta (1997), que as primeiras
propostasveis dificuldades de aprendizagem dos alunos. formais de
interveno em sentido preventivo,Possibilidade semelhante a esta tem
sido alvo consideraram o aspecto mental, emocional edos recentes
estudos dos pesquisadores fran- educacional. Essas aes ocorreram no
sculoceses Htu e Carbonneuau (2002), que inves- XX e tiveram como
referencial a segundatigam as contribuies dos psicopedagogos no
guerra mundial e a guerra do Vietn. Assimprocesso de gesto da sala
de aula em institui- ao final dos anos setenta, os Estados Unidoses
de ensino da Frana. Esses pesquisadores foi o primeiro pas a
oficializar a criao daenfatizam, dentre outras questes, a importn-
primeira comisso de preveno sade. Esta
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proposta envolvia a participao de diversos tamente implicar em
melhorias sociais. Comprofissionais, dentre eles, os mdicos, os pa-
isto, podemos observar que o nvel de maiorramdicos, os psiclogos,
os educadores que abrangncia para o desenvolvimento das a-atuavam
junto a vitimas de problemas emo- es psicopedaggicas preventivas o
que vaicionais. Dentre os problemas mais comuns, atuar junto aos
processos educativos no senti-entre as vtimas das guerras, estavam
a pobre- do de evitar ou diminuir os problemas de a-za, a depresso,
a raiva, a discriminao, o prendizagem.desemprego. Com o tempo as
aes preventi-vas se ampliaram e passaram a ser desenvol- 2.1.
Interveno psicopedaggica institu-vida junto a famlias e instituies
escolares, cional preventivano somente para as vitimas da guerra,
massim em sentido preventivo, para toda a comu- Ao tomarmos
-
como referencial os n-nidade. veis de preveno, Bossa (2000)
prope trs Desta forma se amplia a importncia e nveis de interveno
psicopedaggica. Noa necessidade do desenvolvimento de pro- primeiro
nvel, o psicopedagogo atuaria juntogramas de interveno. Os estudos
e pesqui- aos processos educativos visando evitar ossas sobre este
tema tambm se expandem. possveis problemas de aprendizagem. ParaCom
isto, podemos encontrar em Albee e Jof- isto, proposto um trabalho
que considere asfe (1977) uma das mais significativas contri-
questes didtico-metodolgicas, e tambm abuies, ao proporem
diferentes nveis para formao e a orientao de professores, almum
trabalho preventivo. Assim segundo estes do aconselhamento aos
pais. No segundo n-autores, temos a preveno primria, a secun- vel,
a finalidade esta em, ao mesmo tempo,dria e a terciria. A preveno
primria se diminuir e tratar os problemas de aprendiza-constitui de
aes a serem realizadas visando gem que j se encontram instalados.
Para isto,evitar as situaes problemas. Elas ocorrem a proposta
reside na elaborao de um diag-especialmente por meio do
desenvolvimento nstico da realidade institucional, a partir dade
programas educacionais. Esses programas se iniciaria a elaborao dos
planos de inter-so destinados todos e no somente a um veno. Esse
plano dever considerar tanto odeterminado grupo da populao. A
preven- currculo como o trabalho dos professores,o secundria
consiste em, aps o diagnsti- visando evitar que os problemas, os
transtor-co de um determinado problema, propor uma nos, se repitam.
No terceiro nvel, o objetivointerveno focalizada a um determinado
gru- consiste na eliminao dos trans-tornos quepo. Com isto ela tem
por objetivo proteger j se encontram instaladas. Neste caso, o
car-determinadas populaes de risco. A preven- ter preventivo
estaria em prevenir o apareci-o terciria mais ampla que as
anteriores mento de outros problemas, decorrentes outendo por
objetivo a interveno em popula- mesmo diferentes dos j eliminados.
Para isto,es ou grupos onde os problemas j esto a proposta de
interveno dever ser a de pro-instalados. Desta forma ela visa
reduzir os por alternativas para minimizar as decorrn-efeitos, as
conseqncias desses problemas. cias dos problemas, alm de atuar para
preve- Diante disto, podemos constatar a im- nir o surgimento de
outras conseqncias.portncia das aes de preveno, em especial Ao
ampliar essas idias, e enfatizarda preveno primria, pela
possibilidade de concretamente a elaborao de aes para o
-
se trabalhar de forma ampla, ou seja, com to- desenvolvimento de
propostas de intervenoda a populao. Isto contribuiria para evitar o
em nvel preventivo, com o objetivo de apri-surgimento de possveis
problemas, para im- morar o processo de construo do conheci-pedir a
instalao de situaes indesejveis, mento, Fagali e Vale (1994) tambm
propeantes mesmo que elas se manifestem concre- algumas
alternativas. Essas alternativas con-tamente. Programas como este
tambm cola- sideram a importncia da: reviso dos pro-bora para o
envolvimento e conseqente gramas curriculares das instituies bem
co-comprometimento da coletividade, o que cer- mo a articulao dos
mesmos aos aspectos
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afetivo-cognitivos; ateno para a utilizao mesmos. Desta forma, o
professor-de diferentes formas de trabalhar o contedo psicopedagogo
tambm estaria trabalhando noprogramtico; elaborao de diversos
materi- sentido de fortalecer as relaes do grupo, noais para uso do
prprio aluno de forma a inte- deixando de considerar a influncia da
escola,grar o raciocnio, a afetividade, a cognio, o da famlia e da
sociedade.conhecimento. Ao abordarmos a importncia da pre- Assim, a
interveno psicopedaggica veno e da interveno psicopedaggica,
nopreventiva proposta, toma como referencial a podemos ignorar a
fase que precede a essasao curricular e os aspectos afetivo-cogni-
aes. A etapa de avaliar, ou seja, a avaliaotivos dos aprendizes. No
que se refere a ques- psicopedaggica, que dever anteceder a todato
curricular, se torna evidente a necessidade e qualquer proposta de
interveno, seja elado desenvolvimento de prticas que sensibili-
clinica ou institucional.zem os docentes sobre a importncia da
refle- A avaliao psicopedaggica, de mo-xo critica e possvel reviso
de: concepes do geral, aparece associada a uma queixa.de educao;
orga-nizao e seleo dos con- Segundo Barbosa (2001), os sintomas
regis-tedos de ensino; metodologia e avaliao. trados em uma queixa,
so em princpio, ori-Aliado a isto se destaca a importncia de se
ginrios das observaes desencadeadas naconsiderar a existncia de
vnculos afetivo- instituio. Essas observaes devero, por
-
emocionais, como possveis elementos facili- um lado, considerar
as atitudes da criana outadores do processo de ensino e aprendiza-
adolescente ao assistirem as aulas, durante osgem. intervalos e
recreios, nas atividades extra Entretanto, se torna oportuna a
consta- classe, nos relacionamentos com os colegas etao de que as
propostas apresentadas, apesar professores. Por outro lado, na
avaliao psi-de serem muito adequadas e pertinentes, nas copedaggica
a instituio de ensino tambmaes que so sugeridas, para a interveno
dever ser considerada. Desta forma, a anlisepsicopedaggica
institucional, no se conside- da adequao dos materiais did-ticos,
dara a possibilidade, do professor ser um psico- proposta
pedaggica, da mtodo-logia, da a-pedagogo. Neste sentido partimos do
pressu- valiao, associadas a entrevistas com profes-posto de que,
em tese, o professor- sores, tem se constitudo em importante
ins-psicopedagogo, sendo um profissional especi- trumento de
avaliao.alizado e estando diria-mente inserido no Assim diante das
diversas possibi-ambiente da sala de aula, poderia tambm in-
lidades de interveno psicopedaggica, po-tervir preventivamente.
demos constatar, que no Brasil os recursos Esta nova configurao, em
principio, mais utilizados para a avaliao na
instituio,oportunizaria a reflexo e a possibilidade de tm sido as
entrevistas, as observaes, osreviso da prtica do
professor-psicopeda- inventrios, as pesquisas, as dinmicas gru-gogo
e talvez, at mesmo da proposta pedag- pais e em especial os jogos
pedaggicos.gica da instituio. Diante disto, consi- Comtudo a
importncia da ao psico-deramos que, este profissional estaria mais
pedaggica preventiva, dever sempre consi-sensvel a buscar propostas
de trabalho que, derar a subjetividade do aluno, bem como asao
mesmo tempo em que, atendessem aos in- particularidades de cada
situao, alm dateresses e necessidades pessoais e sociais de
complexidade dos fatores que a permeiam.seus alunos, propicias-sem
possveis melhori- Uma realidade diferente da brasileira,as nos
relacionamentos e no prprio ato de no que se refere a avaliao e
interveno psi-ensinar e de aprender. No que se refere ao a-
copedaggica, pode ser encontrada na Ar-luno, esse professor
especializado em psico- gentina. Neste pas, prtica comum, o
psico-pedagogia por meio do convvio dirio, pode- pedagogo utilizar,
tanto na clinica como naria, dentre outras questes, estar atento
para instituio, diversos testes como instru-mentomelhor auxiliar no
desenvolvimento cogniti- para a avaliao do
-
aluno. Entretanto o refe-vo, afetivo, emocio-nal, psicomotor,
dos mes-
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rencial para o atendimento tanto clinico como gente deve
considerar as contribuies dasinstitucional est na famlia e na
escola. escolas de Genebra, da Psicanaltica e da Psi- Desta forma,
as propostas de interven- cologia Social. Dentre outros fatores, os
tra-o, de modo geral, se iniciam a partir de en- balhos da escola
de Genebra subsidiariam ostrevistas estruturadas ou
semi-estrutu-radas fundamentos sobre a construo do conheci-com pais
ou familiares, com os docentes ou mento, os da escola psicanaltica
auxiliariamcoordenadores das escolas e com o aluno. Es- na explicao
de questes relaci-onadas a afe-sas entrevistas se constituem em uma
anam- tividade e os trabalhos da psicologia socialnese que, com os
pais ou familiares, tem por enfocariam as questes culturais, os
processosobjetivo principal conhecer o histrico de vi- grupais e
suas relaes com o individuo.da do aluno e as relaes que permearam
es- Assim, ao abordarmos a diversidadesas histrias. As entrevistas
com os docentes, de recursos da avaliao psicopedagogia
insti-coordenadores ou orientadores, visam obter tucional na
Argentina e confront-la com ainformaes sobre o processo de ensino e
a- realidade da avaliao psicopedaggica noprendizagem, conhecer a
proposta da institui- Brasil, podemos constatar a existncia de umo,
a metodologia, a avaliao, o material enorme distanciamento entre
elas. Talvez adidtico, e especialmente as relaes profes- mais
significativa diferena relacionada ava-sor e aluno e entre os
alunos. A entrevista ini- liao e interveno psicopedaggica
residacial com o aluno, dentre outros, tem por obje- na prpria
questo da formao do psicope-tivo o levantamento de hipteses sobre
os dagogo. Na Argentina os cursos que formamcomportamentos, os
relaciona-mentos, os in- o psicopedagogo apresentam disci-plinas
co-teresses, e at mesmo os pos-sveis silncios muns nos dois
primeiros anos formao dodo aluno diante de algumas questes.
psiclogo e do psicopedagogo. Alm disso, Juntamente com a
entrevista, o psico- os currculos dos cursos de
psicopedagogiapedagogo argentino, tambm utiliza com as apresentam
uma significativa carga horria
-
crianas, alguns instrumentos especficos de para disciplinas de
tcnicas de diagnsticoavaliao. Dentre os instrumentos que iro
psicopedaggico, diagnstico psicopedaggi-nortear as propostas de
interveno psicope- co institucional, interveno
psicopedaggicadaggicas esto os testes de inteligncia, as em
instituies escolares, alm de outras dis-provas de nvel do
pensamento ou tambm ciplinas. Isto, dentre outros fatores, favorece
achamadas de piagetianas, a avaliao do nvel possibilidade da
liberao do o uso de testespedaggico, a avaliao perceptomotora, os
tanto para os psiclogos como para os psico-testes projetivos, os
testes psicomotores e ou- pedagogos argentinos, alm de propiciar
umatros. melhor possibilidade de preparao para o exerccio
profissional.Tambm merece destaque como forma de ins- No Brasil a
avaliao por meio do usotrumento mais amplo e subjetivo de avaliao
de testes psicolgicos, de inteligncia, proje-o que Fernndez (1990:
44) denomina de "o tivos e outros, so de uso exclusivo dos
psic-olhar e a escuta psicopedaggica". Segundo a logos. No nosso
entender isto muito coeren-autora, essa postura revelada por meio
da te, especialmente com os pressupostos quedisponibilidade do
psicopedagogo ouvir aten- norteiam a formao do psicopedagogo
notamente a famlia, a instituio escolar e o a- Brasil que muito
diferente dos valorizadosluno visando formular hipteses sobre
deter- em alguns outros paises. Assim temos queminados fatos,
situaes, contextos. dentre outros paises, na Argentina, a forma-
Temos ainda que o referencial terico o bsica do psicopedagogo
ocorre aps qua-mais utilizado na avaliao psicopedaggica tro anos de
estudos, em nvel de graduao.argentina, o da "Epistemologia Conver-
Em continuidade a formao inicial, so pro-gente em Psicopedagogia" .
Nesta proposta o postos cursos de especia-lizao, mestrado
oupsiclogo argentino Visca (2002) parte da doutorado.concepo de que
a psicopedagogia conver-
122 Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias &
Cognio
Na Frana, a formao inicial ocorre fisso regulamentada no nosso
pas, ela en-por meio dos programas de cincias da educa- contra-se
legitimada.
-
o. A formao continuada ocorre nos cursos Desta forma, a questo
da formaode ps-graduao na rea de psicopedagogia. interfere
diretamente na avaliao psicopeda-Isto caracteriza uma enorme
diferena em re- ggica perpassando pela possibilidade delao a atual
formao do psicopedagogo no construo e sedimentao de um
referencialBrasil. Podemos afirmar que, exceto rarssi- terico que
ir servir de parmetros para amas excees, so os cursos de
especializa- organizao de instrumentos avaliativos e,o, geralmente
com durao de aproxima- sobretudo para analises dos resultados
obti-damente 360 horas distribudas em um ano dos.letivo, que
teoricamente formam o psicopeda-gogo brasileiro. No podemos nos
esquecer 3. Objetivostambm que estes cursos de especializaorecebem
profissionais de diversas formaes Diante do exposto so objetivos
desteiniciais, porm de `reas afins'. Isto certamen- estudo
descrever e analisar a prtica de pro-te se constitui em um
diferencial altamente fessores que tambm so
psicopedagogos,significativo, para o exerccio desta atividade,
investigar seus possveis limites e possibili-que j se inicia na
formao, perpassa pela dades. So objetivos especficos:atuao e
reflete diretamente na identidade ena questo da regulamentao da
profisso. caracterizar o professor psicopedagogo, a No Brasil a
psicopedagogia no pos- partir de alguns dados pessoais e
profis-suem o status de profisso regulamentada, ela sionais;esta
oficialmente catalogadas, junto ao Cdi- identificar a instituio em
que estes pro-go Brasileiro de Ocupao CBO, como uma fissionais esto
atuando;ocupao. Este fato no desmerece o trabalho descrever a
prtica cotidiana do professor -do psicopedagogo. Ao contrrio,
partimos do psicopedagogo;pressuposto de que este posicionamento
alm verificar a opinio dos entrevistados so-de mais coerente em
sentido educacional con- bre as influncias da formao inicial
natribui para se evitar dificuldades que esbar- prtica
psicopedaggica;ram, sobretudo, na construo da identidade e
verificar os trabalhos de interveno psi-da legalidade para o
exerccio profissional. copedaggica preventiva e os procedi- mentos
de diagnsticos mais utilizados;Se por um lado o exerccio da
psicopedagogia descrever as propostas de interveno psi-esbarra na
questo da legalidade, por outro copedaggica considerada como bem
su-lado, temos tambm a realidade de que vrios cedida;municpios,
especialmente nos estados do Sul identificar, segundo os
participantes, as
-
e de So Paulo, ignoram o reconhecimento da contribuies da
psicopedagogia institu-profisso e realizam concursos pblicos para
cional preventiva, os seus desafios e suaspsicopedagogos. No estado
de So Paulo, sugestes, para a obteno de melhoriastambm temos a
aprovao do projeto lei n. na prtica psicopedaggica.128/2000, que
estabelece a assistncia psico-lgica e psicopedaggica em todas as
institui- 4. Metodologiaes de ensino bsico, abrindo a
possibilidadedo psicopedagogo se integrar profissional- Assim,
visando atingir os objetivosmente na rea educacional. Acreditamos
que, propostos buscamos, por meio da trajetriafatos como estes
contri-buem com idias po- metodolgica, dos relatos e das aes,
des-pularmente dissemi-nadas entre os psicopeda- crever os limites
e as possibilidades da prticagogos de que, apesar da psicopedagogia
ainda cotidiana do professor psicopedagogo. Parano ter conquistado
o status de ser uma pro- isto utilizamos como referencial os dados
ob- tidos por meio de questionrio semi estrutura-
123 Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias &
Cognio
do alm da anlise qualitativa para os dados apresentou trs
partes, sendo que na primeiraobtidos. buscamos informaes referentes
a dados pes- Para isto, utilizamos inicialmente um soais dos
entrevistados. Na segunda parte,pr-teste com dois psicopedagogos,
tivemos buscamos situar o professor psicopedagogocom isto, o
objetivo de verificar validade do quanto a sua formao inicial e
continuada einstrumento. Diante dos resultados obtidos, o seu tempo
de atuao. Na terceira parte, enfo-instrumento sofreu pequenas
adequaes vi- camos os relatos sobre a atuao profissionalsando
atender ao novo universo da pesquisa e a possvel existncia de
intervenes psico-que passou a considerar o grupo de professo-
pedaggicas preventivas.res psicopedagogos que deveriam estar
atu-ando em sala de aula, junto ao Ensino Fun-
Procedimentodamental, em instituies publicas ou particu-lares do
estado de So Paulo. No contato inicial com os partici- pantes
apresentamos o Termo de Consen-Participantes timento Livre e
-
Esclarecido. Este termo foi aprovado pelo Comit de tica e
Pesquisa, Os dez professores psicopedagogos por meio do protocolo
362/06, tendo tambmparticipantes desta pesquisa, foram convida-
sido registrado junto a Comisso Nacional dedos pela pesquisadora,
para que pudssemos tica em Pesquisa CONEP, por meio da fo-obter um
universo variado em termos de tem- lha de rosto FR 97120. Ao
apresentarmos opo de experincia profissional e de realidades termo
aos participantes da pesquisa, ressalta-de instituies de ensino.
mos a importncia do registro de aceite, bem Os entrevistados foram
escolhidos in- como explicitamos os objetivos da
mesmatencionalmente em funo de pertencerem a alm da forma de
participao dos envolvi-diferentes realidades educacionais e atende-
dos, e do carter sigiloso das informaes arem aos objetivos da
pesquisa. Isto segundo serem obtidas. Enfatizamos assim que todo
oThiollent (1986), se apresenta como um prin- desenvolvimento da
ps-quisa considerou acpio perfeitamente adequado ao contexto de
preservao da integridade fsica, cognitiva,uma pesquisa que enfatiza
aspectos qualitati- afetiva e moral dos partici-pantes.
Atendendovos. Apesar do convite, a participao na pes- assim as
normas ticas implcitas nas pesqui-quisa, se deu de forma voluntria,
sendo pos- sas com seres humanos.svel que o participante se
retirasse em qual- Os procedimentos utilizados na ps-quer momento
sem que houvesse nenhuma quisa foram desdobrados nas seguintes
etapas:espcie de penalidade ou nus. Tambm foidestacado o nosso
compromisso em respeitar Elaborao de pr-teste. O pr-teste foia
privacidade e o sigilo em relao aos dados realizado de forma
voluntria com doisou informaes obtidos, bem como o nosso
psicopedagogos;objetivo de retornar aos participantes os resul-
Contato inicial com os professores psi-tados obtidos com este
trabalho. copedagogos. Neste encontro, foram apre- sentados os
objetivos do trabalho de pes-Material quisa, sendo questionado o
interesse ou no em participar da mesma. Em caso a- O material
utilizado consistiu de um firmativo, o termo de consentimento
livrequestionrio semi-estruturado. Os participan- e esclarecido foi
entregue, formalizandotes da pesquisa tiveram acesso a este instru-
assim a concordncia na participao;mento de diferentes formas,
conforme a mani- Encaminhamento dos questionrios. Essa
-
festao explicitada. Assim o questionrio etapa ocorreu para os
pesquisados que nochegou aos participantes, nos meses de maro
contato inicial manifestaram o desejo dee abril de 2007, via
correio eletrnico ou pes- colaborarem com a pesquisa. Conforme
asoalmente, isto em mos. O questionrio opo de cada participante, o
questionrio
124 Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias &
Cognio
j foi entregue ao final do contato inicial Em relao a instituio
de Ensino para que depois de respondido, fosse de- Fundamental em
que os participantes atuam volvida por meio de correio, via carta
se- como professores psicopedagogos, temos lada. Para outros
participantes que dese- que 50% delas so instituies de origem jaram
responder por correio eletrnico, foi pblica, 40% de origem
particular. Temos solicitado o e-mail pessoal, sendo o ques- tambm
10% do total de participantes que a- tionrio encaminhado
posteriormente; tuam ao mesmo tempo em instituio publica
Sistematizao e anlise dos dados obti- e particular. dos. Ao
relatarem como desenvolvem os seus trabalhos os entrevistados
indicaram co-5. Resultados e discusso mo principais procedimentos
metodol-gicos: aula terica, aula prtica (jogos variados, mu- Os
entrevistados so todos professores sica, alfabeto mvel), exerccios
de compre- psicopedagogo pertencentes ao sexo femi- enso e aplicao,
leitura e releitura de textos,nino com idades entre 26 a 50 anos.
Do total produo de textos. Os recursos didticos re-de
entrevistados, 60% so formados exclusi- latados foram: livro
didtico, livro paradidti-vamente em pedagogia, 20% fizeram cursos
co, materiais concretos, televiso e vdeo.de licenciatura, sendo,
portugus e ingls e Os dados obtidos revelam a predomi-matemtica,
10% possui dupla formao, pu- nncia de duas reas de conheci-mentos,
a deblicidade e propaganda e pedagogia e 10% lngua portuguesa e a
de matemtica. Isso o-apresenta a formao em psicologia. correu
apesar de contarmos somente com um Neste ltimo caso, podemos
constatar entrevistado formado em lngua portuguesa ea existncia do
psiclogo, atuando como pro- um formado em
-
matemtica que atuam espe-fessor em sala de aula. Isto no nos
causou cificamente nestas reas de conhecimento. Osgrande surpresa,
pois de conhecimento p- demais esto atuando preferencialmente
nes-blico, a existncia de vrios outros profissio- tas reas, no
ensino de 1. a 4.srie. Podemosnais que embora no apresentem a
formao considerar que isto j era esperado em funodesejada para a
atuao, desenvolvem seus das orientaes da atual LDB 9394/96, que
notrabalhos como coordenadores, como orienta- artigo 32, enfatiza
que o Ensino Fundamental,dores educacio-nais e at mesmo como gesto-
dentre outros, dever ter por objetivos o de-res, especial-mente
junto a instituies parti- senvolvimento da capacidade de
aprender,culares de ensino. Para isto, partimos do pres- tendo como
meios bsicos o pleno domnio dasuposto de que, neste caso, embora no
se jus- leitura, da escrita e do clculo. Desta forma setifique, o
curso de psicopedagogia deve ter ressalta o desenvolvimento das
habilidadescontribudo para auxiliar na preparao deste diretamente
ligadas essas reas. Justamenteprofissional para o desempenho da
funo de as duas reas de conhecimento mais enfatiza-professor -
psicopedagogo. das pelos entrevistados. Temos tambm que 70% dos
entre- Entretanto, se por um lado a atualvistados realizaram seus
cursos de formao LDB ressalta a importncia de um trabalhoinicial em
instituies particulares e 30% so nas reas de lngua portuguesa e
matemtica,provenientes de instituies pblicas de ensi- por outro
lado, no mesmo artigo 32, da LDB,no. O tempo de formao inicial dos
entrevis- outros objetivos so propostos. Dentre elestados varia
entre dois anos a vinte e dois anos. destacamos os relacionados
compreenso doDos participantes, 90% atuam na formao de ambiente
natural e social do sistema poltico,origem e somente 10% no atua na
formao da tecnologia, das artes e dos valores em quede origem.
Tambm temos uma variao que se fundamenta a sociedade. Neste
sentidocompreende a faixa de um a nove anos, para o tambm se
valoriza o trabalho com outras -tempo de formao como especialista
em psi- reas de conhecimentos, como as de cinciascopedagogia.
naturais, histria, geografia, artes. Enten- demos como altamente
significativa essa falta
125 Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias &
Cognio
-
de referncias a outros componentes curricu- Outro diferencial a
ser considerado na prticalares. Esperamos que isto no signifique a
au- do professor - psicopedagogo, se refere a op-sncia de um
trabalho com as reas de cin- o de escolha do material didtico a ser
utili-cias, histria, geografia, dentre outras, pelos zado. Assim,
mesmo que a instituio escolarprofessores psicopedagogos, em
detrimento imponha determinados materiais e recursosda
exclusividade para a realizao de um tra- didticos, em especial, o
livro didtico, que obalho isolado somente com as reas de lngua
professor - psicopedagogo no se detenha aportuguesa e de matemtica.
este nico material. Que ele tenha a sensibili- Os procedimentos
metodolgicos dade de possibilitar aos seus alunos a experi-mais
utilizados pelos entrevistados so a aula ncia de trabalhar com
diferentes materiais,terica, a aula prtica, exerccios de compre-
por meio de diversos procedimentos metodo-enso e aplicao, leitura e
releitura de textos, lgicos. Tambm seria fundamental que oproduo de
texto. No nosso entender so professor psicopedagogo considerasse
aprocedimentos viveis que devem ser utiliza- possibilidade da
efetivao da avaliao diag-dos de forma variada. Entretanto,
independen- nstica. Ela poderia se consti-tuir em um pro-temente do
procedimento que se utilize, enfa- jeto, visando inicialmente,
dentre outras ques-tizamos a importncia de que o professor - tes, a
prpria organizao do como e dopsicopedagogo incentive os alunos para
que quando seria mais oportuno realiz-la. Nesteregistrem as
atividades desenvol-vidas. Esta sentido esta proposta
possibilitaria melhorestratgia se constitui em um referencial sig-
situar o aluno, frente as diferentes reas denificativo, pois
auxilia na melhor compreen- conhecimentos, alm de se transformar
emso dos temas estudados, possibilitando a or- um recurso de
trabalho do professor - psico-ganizao de idias e estimulando a
aprendi- pedagogo, que se somaria a outros visandozagem dos alunos.
Ela tambm pode se cons- uma aprendizagem mais real e
significativa.tituir em parte do processo avaliativo. No nosso
entender, isso tambm atuar pre- Partindo do referencial de que os
pro- ventivamente na sala de aula.fessores - psicopedagogos
utilizam nas aulas Obtivemos tambm como resultadoprticas, materiais
concretos, recorre-mos a que 90% dos entrevistados percebem as
influ-Lorenzato (2006), que se refere aos materiais ncias da formao
inicial na atual prtica.
-
concretos como recursos didticos que agem Eles afirmam que, de
modo geral, isto se re-diretamente no processo de ensino e aprendi-
vela por meio do desenvolvimento de ativida-zagem, dependendo dos
objetivos a serem a- des na escola. Isto vem de encontro s
idiastingidos. Assim de fundamental importncia de Castanho (2001)
ao explicitar que na atua-que ao utilizar esses materiais em sala
de aula, lidade se valoriza a formao inicial bem co-o professor
planeje muito bem o seu trabalho, mo a formao continuada com base
na reali-selecione e organize os contedos a serem dade da prtica e
na constituio da profissodesenvolvidos bem como a possibilidade de
docente. Deste grupo que consegue perceberutilizao dos mesmos.
Diante disto, se torna as influncias da formao inicial na
atualinteressante ressaltar a importncia de um tra- prtica, se
destacam 60% de professores balho com uma grande variedade de
materiais psicopedagogos que se referem s dificulda-concretos bem
como, com a explorao de des de aprendizagem. Essas dificuldades
apa-atividades diversas com um mesmo tipo de recem compreendendo
vrios fatores, dentrematerial, atendendo assim as diferentes, mas
eles, os de origem cognitiva, emocional, dis-complementares reas de
conhecimentos. ciplinar. Relacionamos situa-es como estas Assim,
diante dos dados obtidos junto s idias de Visca (2002) ao se
referir a psi-aos entrevistados, seria altamente relevante
copedagogia como uma rea de conhecimentoque o professor -
psicopedagogo construsse que favorece inter-relaes com outras
reas,uma prtica apoiada em slidos referenciais no dever se prender
somente a busca detericos e que ao exerc-la, no se limitasse
respostas que envolvam a questo cognitivaao ensino de lngua
portuguesa e matemtica. de forma isolada. Ao contrrio, na
interao
126 Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias &
Cognio
dos vrios fatores, dentre eles os de origem Esta realidade
altamente preocu-cognitiva, afetiva, emocional, social, familiar,
pante, uma vez que a psicopedagogia institu-neurolgica, que esto as
respostas mais pre- cional se caracteriza especialmente pelo
de-cisas e coerentes s questes de aprendiza- senvolvimento de um
trabalho em nvel pre-gem. ventivo. Desta forma, segundo Bossa
(2000),
-
Juntamente a isto, temos que 70% dos o trabalho psicopedaggico
preven-tivo naentrevistados afirmam realizarem um trabalho
instituio, est diretamente relacio-nado aopsicopedaggico
preventivo. Constatamos processo de ensino e aprendizagem de
formauma tendncia, em indicar os jogos como um individual ou
grupal. Neste sentido caber aodos recursos mais utilizados para o
diagnsti- psicopedagogo, dentre outras aes, identifi-co visando um
trabalho preventivo. Alm dos car as possveis perturbaes no processo
e-jogos, os entrevistados indicaram os brinque- ducacional, atuar
conjuntamente com demaisdos, as brincadeiras, os desenhos, as
produ- profissionais da instituio, contribuir na ori-es escolares,
os questionrios para entrevis- entao do trabalho didtico
metodolgicotas com a famlia, a observao, o olhar e a junto aos
docentes, buscar melhorias educa-escuta psicopedaggica, o inventrio
com os cionais. Como, estamos aqui com um gruporegistros dos dados.
de professores psicope-dagogos, entende- A importncia dos jogos
como instrumento mos que aes como estas, alm de outras,avaliativo,
para a realizao de um trabalho que considerassem especial-mente a
questopreventivo inegvel, entretanto, Lorenzato metodolgica,
afetiva, o envolvimento dos(2006), lembra que por melhor que seja
um pais e familiares bem como dos demais pro-material didtico, ele
no garantia sucesso fissionais da escola, deveriam ser uma cons-na
aprendizagem. Isto vai depender muito de tante na rotina de
possibilidades de trabalhocomo o material ser utilizado. Isto
obvia- dos entrevistados.mente tambm vai depender dos referen-ciais
Ao serem questionados sobre o(s)tericos do psicopedagogo. Tambm
ressal- procedimento(s) diagnstico(s) utilizados paratamos que os
jogos, os brinquedos, as produ- a interveno psicopedaggica, os
professoreses do aluno, por exemplo, podem ser utili-
psicopedagogos mais uma vez indicaram oszados inicialmente como
instrumento de di- jogos e em seguida as atividades de leitura
eagnstico e posteriormente como junto s pr- escrita. Outros
procedimentos tambm foramticas de interveno, como um recurso meto-
citados como: atividades matemticas, ativi-dolgico, visando superao
de possveis dades ldicas, representaes, dramatiza-o,dificuldades de
aprendizagem. desenho, brincadeiras, entrevistas com pais, Os dados
obtidos revelam a existncia de entrevistas com alunos, observaes e
a avali-professores - psicopedagogos que apresentam ao dinmica do
potencial da aprendizagemmaior clareza sobre que a atuao
preventiva, LPAD. Este ultimo proce-dimento pro-
-
chegando a apresentar algumas aes concre- posto por Reuven
Feuerstein, se refere Pro-tas. Outros se referem a importncia do
traba- grama de Enriquecimento Curricu-lar P.E.I.lho preventivo,
mas no chegam a apresentar que dentre outras questes, compreende
umaes para a sua realizao, eles apresentam a trabalho de avaliao do
potencial cognitivo.inteno, mas explicitam como seria o desen- Os
resultados tambm revelam a difi-volvimento do trabalho preven-tivo
institu- culdade de muitos dos entrevistados em rela-cional. tarem
ou at mesmo de situarem e se posicio- Temos tambm um significativo
grupo narem sobre a utilizao de procedi-mentosrepresentado por 30%
dos entrevistados, que para um diagnstico institucional. Isto
podeapesar de estarem atuando como professores - ser constatado
quando os professores psico-psicopedagogos em instituies de ensino
a- pedagogos confundem procedimentos comfirmaram no realizarem um
trabalho psico- materiais utilizados. Assim, temos
entrevis-pedaggico preventivo. tados que diante da solicitao de
registrarem os procedimentos mais utilizados indicaram
127 Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias &
Cognio
materiais como: noticias de jornais e revistas; intervenes para
a realizao de um trabalhoatividades que envolvem o uso da viso, da
integrado.audio, de coordenao motora grossa e fi- A importncia do
trabalho integrado,na; histrias clssicas e em quadrinhos. j foi
apontada por Barbosa (2001), Visca Diante disto, seria fundamental
que os (2002), Saravali (2004) dentre outros, comoprofessores
psicopedagogos no tomassem um dos diferenciais da prtica do
psicopeda-um nico instrumento como fonte exclusiva gogo. Neste
momento, entretanto, retomamospara a avaliao, mas sim considerassem
a e ampliamos estas idias destacando a rele-possibilidade de
utilizao de vrios proce- vncia de que o professor
psicopedagogodimentos bem como das vrias frentes de realize um
trabalho diagnstico e de interven-investigao, dentre elas a escola,
a famlia, o, articulado com as equipes interna e ex-as relaes
sociais, os interesses pessoais e terna da escola.outros. Tambm
deve ser analisada a possibi- Diante dos relatos de intervenes
-
lidade de se recorrer a avaliao de outros bem sucedidas, podemos
perceber que muitasprofissionais em funo das necessidades a- das
questes relacionadas a aprendizagem sepresentadas. misturam as
relacionadas a afetividade. Neste Assim temos segundo Rubinstains e
caso o professor psicopedagogo parece as-colaboradores (2004), que
as prticas avalia- sumir a posio de um mediador entre conhe-tivas e
de interveno psicopedaggica so cimentos formalmente exigidos pela
escola, oextremamente variadas no Brasil uma vez que interesse dos
alunos, o nvel de desenvolvi-os psicopedagogos ancorados em suas
forma- mento cognitivo dos mesmos, as expectativases, em seus
referenciais tericos desenvol- da famlia, as relaes afetivas,
dentre outras,vem um estilo prprio de avaliao e inter- que permeiam
o processo educacional.veno psicopedaggica. Elas ainda explici- Ao
considerar a indicao das contri-tam que apesar das
particularidades, podemos buies essenciais da psicopedagogia
obtive-encontrar pontos comuns na prtica psicope- mos junto aos
entrevistados resultados que sedaggica brasileira. Isso se revela
especial- referem a: busca de melhorias na aprendiza-mente na opo
em atuar utilizando recursos gem; melhor compreenso do processo
decomo os jogos, a observao, o P.E.I., os pro- construo do
conhecimento; reviso da pr-jetos de trabalho. pria prtica docente;
preveno a problemas Ao serem convidados a relatarem uma de
aprendizagem; diagnostico das dificulda-interveno psicopedaggica
considerada bem des de aprendizagem; considerao do con-sucedida
muitos professores psicopedago- texto emocional e cognitivo do
aprendiz; pos-gos a fizeram em vrias instan-cias. Desta sibilidade
de realizao um trabalho conjunto;forma eles destacaram interven-es
realiza- avaliao do aluno como um todo; aprendiza-das diretamente
com os alunos, com os pais e gem para a ouvir o aluno e sua famlia;
com-com outros profissionais da instituio. Os preenso da
complexidade dos diversos fato-entrevistados tambm utilizaram ou
mencio- res envolvidos no processo educacional; de-naram a
importncia da utilizao de vrios senvolvimento de um olhar
diferenciado pararecursos para isto. Com os alunos os recursos a
aprendizagem e para as dificuldades de a-cognitivos mais utilizados
foram: histrias, prendizagem; analise do processo de ensino
ecaderno, lousa, leituras, figuras, representa- aprendizagem a
partir do sujeito que aprendees grficas, materiais concretos para
alfabe- e da instituio que ensina; busca de metodo-tizao,
atividades pedaggicas. Com os alu- logias diferenciadas
-
de trabalho.nos tambm foram destacadas situaes que Como pode ser
constatado, a grandeenvolvem a afetividade, a estimulao, a ob-
parte dos entrevistados, atribuem como con-servao, a auto-avaliao.
Com os pais fo- tribuies da psicopedagogia, os fatores queram
destacadas as conversas informais e as se articulam diretamente ou
indiretamente aentrevistas. Com os demais profissionais as obteno
de melhorias relacionadas ao pro- cesso de ensino e aprendizagem.
Entre-tanto
128 Cincias & Cognio 2007; Vol 12: 115-133 Cincias &
Cognio
entendemos que a psicopedagogia vai alm aprendizagem, promovendo
a aprendizagem;disto pois, segundo Kolyniak Filho (2001) a realizao
de um trabalho integrado; o reco-tambm seria importante que os
psicopedago- nhecimento profissional e cientifico.gos que atuam em
escolas, no se limitassem Ao retomarmos a idia do excessivoa
considerar somente a superao de possveis nmero de alunos em sala e
da dificuldade dedificuldades de aprendizagem. Eles poderiam se
fazer um bom trabalho ou um trabalho psi-e deveriam, criar
mecanismos pelos quais os copedaggico por causa disto, os
entrevista-alunos pudessem interagir com mais seguran- dos
reforaram as idias de Angelini (2006)a, apreo, solidariedade,
respeito, dentre ou- que destaca a existncia de condies que im-tros
valores. Enfim, que a psicopedagogia pedem ou comprometem a
qualidade da edu-tambm pudesse contribuir para a formao cao no
Brasil. Dentre elas, esta pesquisa-tica e cidad do aluno. dora
destaca as classes numerosas; o que se Ampliando os dados obtidos
junto aos entende por progresso continuada; a ausnciaentrevistados,
temos tambm os estudos e de condies mnimas para o trabalho; a
de-pesquisas dos educadores franceses Htu e sestruturao das
famlias; a inadequada for-Carbonneuau (2002), que dentre outras
ques- mao de muitos professores; a m remu-tes, apontam que uma das
atuais contribui- nerao dos professores.es da psicopedagogia
institucional reside Essas questes, com exceo da que seem auxiliar
na reflexo individual e do grupo refere a m remunerao, j haviam
sido a-sobre a prtica dos docentes e sobre a adequa- pontadas em
outros
-
momentos tambm peloso e diversidade dos projetos da instituio.
entrevistados. Assim entendemos que seriaEssa diversidade se
refere, aos projetos insti- importante que, de um lado, as
instituies detucionais, objetivos esperados, interesses e ensino,
sejam elas pblicas ou particularesnecessidades dos alunos, seus
possveis limi- revissem as questes de carter estruturais etes e
suas possibilidades, seus vnculos afeti- pedaggicas que possam
estar comprometen-vos, emocionais, familiares e mais recente- do a
qualidade da aprendizagem. Por outromente as situaes de violncia
por eles en- lado, tambm se torna fundamental que o pro-frentados.
fessor, se prepare para o trabalho educacional, A seguir
registramos os resultados ob- que aps a sua formao inicial, dentre
outrastidos diante da solicitao de tomar como re- questes, ele
invista na continuidade de seusferencial a relao teoria e prtica e
indicar os estudos.principais desafios na rea psicopedaggica. Neste
sentido, a expectativa de traba-Mais uma vez se destaca a preocupao
com lho com o professor psicopedagogo, se tor-elevado nmero de
alunos em sala de aula. E na uma alternativa, se considerarmos que
essenovamente esta situao apontada como e- profissional j apresenta
um diferencial quelemento que dificulta o bom desenvolvimento
reside na formao continuada. A isto acres-do processo educacional.
Juntamente a isto, centamos a expectativa de que ele tambmos
entrevistados agora, evocam esta realidade apresente uma
sensibilidade maior para o de-tambm como elemento desafiador para
um senvolvimento de uma prtica diferenciada,trabalho psicopedaggico
institucional. Ou- que no ignora as possveis dificuldades dostros
fatores tambm foram apontados como seus alunos, mas que diante
dela, trabalha desafiadores da rea de psicopedagogia como: partir
das possibilidades do mesmo.a ausncia de superviso que acompanhe o
A coerncia entre a relao teoria etrabalho psicopedaggico; a
existncia de tra- prtica, o elemento essencial que ir funda-balho
psicopedaggico na escola; a existncia mentar as aes
psicopedaggicas. Isto talvezda psicopedagogia na rede pblica de
ensino; se constitua em um dos maiores desafios daa ampliao do
nmero de professores psi- psicopedagogia, resgatar a concepo de
edu-copedagogos; a ampliao dos atendimentos cao do professor -
psicopedagogo e sensibi-psicopedaggicos nas escolas; a
possibilidade liz-lo para a sua importncia no trabalho dede
auxiliar na superao das dificuldades de diagnstico e interveno
junto a seus alunos.
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Cognio
Neste sentido temos as contribuies de Moo- mos". Esses estudos
foram realizados pelojen (2004), que resgata a importncia de um
Instituto PNBE (Pensamento Nacional dastrabalho de diagnstico e de
interveno coe- Bases Empresariais) que tem a sua principalrentes,
subsidiados por teorias atuais que, atividade centrada na educao e
contou comdentre outras questes, considerem os avan- a participao
de renomados educadores. Osos do mundo cultural. resultados obtidos
foram divulgados no ano Ao serem questionados sobre as con- de 2003
visando a obteno de melhorias paratribuies visando melhorias na
atuao psi- o pas em diversos setores. No que se refere
acopedaggica, 90% dos professores psico- educao e ao estado de So
Paulo, temos porpedagogos se manifestaram indicando a ne- meio do
relatrio apresentado em 27.04.06, acessidade de: diminuio do nmero
de alu- nfase dada a necessidade do desenvolvimen-nos nas classes;
investir na continuidade de to de estudos, para que se possa
diminuir oestudos, melhorias no diagnstico psicopeda- nmero de
alunos em sala de aula. Segundoggico, atuar de maneira conjunta
conside- esse mesmo estudo, o estado de So Paulorando o
envolvimento da famlia e dos diver- conta hoje com a mdia de
quarenta estudan-sos profissionais, ampliar o nmero de psico- tes
em sala de aula, o que tende a comprome-pedagogos nas instituies.
Muitas das indi- ter a qualidade do ensino.caes j haviam sido
apresentadas em mo- Diante disto, torna-se evidente a ne-mentos
anteriores, o caso do elevado nme- cessidade da reduo do nmero de
alunos emro de alunos em sala de aula, da importncia a sala de
aula. Entretanto, entendemos que istocontinuidade de estudos, do
diagnstico psi- no poder se constituir como condio
isola-copedaggico e da atuao conjunta com os da para a obteno de
melhorias educacionaisdiversos profissionais. e muito menos para a
realizao de um traba- Ao considerarmos as contribuies a- lho
psicopedaggico preventivo. Outros fato-presentadas pelos
professores - psicopedago- res merecem considerao dentre eles, a
pr-gos, partimos do pressuposto que elas se ca- pria formao do
professor e do psicopedago-racterizam como elementos
complementares. go; as condies
-
fsicas, estruturais da insti-Os elementos ou atitudes isoladas,
dificilmen- tuio escolar; a questo curricular; o projetote se
caracterizam como melhorias. Se to- pedaggico da escola; a avaliao
e interven-marmos como referencial, por exemplo, a im- o
psicopedaggica em nvel preventivo; aportncia da continuidade de
estudos, isto cer- formao de uma equipe para o desenvolvi-tamente
influir na realizao de um melhor mento de um trabalho
integrado.diagnstico, na sensibilidade para a formaode uma equipe
de trabalho, no desenvolvi- 6. Consideraes finaismento de aes
conjuntas, dentre outras ques-tes. Os resultados indicam por um
lado, a A queixa sobre a dificuldade de se fa- existncia de vrios
elementos limitantes, ouzer um trabalho de melhor qualidade, por
cau- dificultadores do trabalho psicopedaggicosa do alto nmero de
alunos em sala de aula e institucional. Estas questes perpassam,
ema proposta de se diminuir a quantidade consi- muitos casos, pela
prpria dificuldade de con-derada como excessiva, no se caracteriza
ceber em que se constitui um trabalho institu-como uma dificuldade
exclusiva do professor cional preventivo. Juntamente ao desafio de-
psicopedagogo. Temos vrios estudos que, se elaborar e realizar
diagnsticos e interven-dentre outras questes, apresentam a necessi-
es na instituio. Estas dificuldades, nodade de se rever o excesso
de alunos em salas nosso entender, dentre outras, se relacionamde
aula, especialmente em algumas regies do diretamente a ausncia
deste tipo de experin-nosso pas. Dentre esses estudos e propostas,
cia que deveria ter sido propiciada, especial-destacamos as do
"Projeto Brasil 2022 Do mente pelos cursos de especializao em
psi-pas que temos para o pas que queremos" copedagogia e tambm
pelas prprias institui-que enfoca o tema "A educao que quere- es
onde estes profissionais atuam.
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Cognio
Por outro lado, os resultados tambm ta voltada para o trabalho
do professor -apontam para a enorme possibilidade que se
psicopedagogo, investindo na preparaoconstitui o trabalho do
professor - psicopeda- de seus alunos tambm para este tipo degogo
realizado de maneira preventiva na insti- atuao;
-
tuio. Como este trabalho estaria sendo rea- os professores
psicopedagogos sejamlizado diretamente pelo professor - psicope-
incentivados a construir instrumentos pr-dagogo, portanto, de
maneira natural, mas in- prios para uma melhor investigao
dastencional, ele excluiria a necessidade de no- situaes apontadas
como dificuldades novos espaos, bem como a de novos profissio-
processo de ensino e aprendizagem. Essesnais da psicopedagogia que
fariam o contato instrumentos deveriam considerar a pro-com o
professor, visando obter informaes posta pedaggica da escola, o
material di-para trabalhar com o aluno. No estamos com dtico, o
prprio trabalho do professor isso, excluindo a necessidade de um
trabalho psicopedagogo, as expectativas do aluno,extra-instituio,
mas estamos atentando para da famlia, os relacionamentos
familiaresa possibilidade de que este trabalho tambm a estabilidade
afetivo emocional, dentreseja realizado pelo professor psicopedago-
outras;go, de forma rotineira e preventiva em sala de a auto
avaliao da prpria atuao dosaula. professores psicopedagogos seja
uma Assim, os resultados obtidos revelam prtica constante, assim
como a realizaouma tendncia na direo da importncia de de atividades
que desenvolvam a constru-se ampliar os trabalhos institucionais
preven- o e a formao da autonomia e de umtivos em funo de minimizar
o surgimento autoconceito positivo por parte do aluno;de possveis
dificuldades de aprendizagem, ao a atuao do professor
psicopedagogomesmo tempo em que contribui com a auto- seja
registrada, discutida e apresentada emnomia, com a cidadania, com o
preparo do fruns especiais, produzindo material ci-aluno para o
enfrentamento de novos e cons- entificamente qualificado, com
conse-tantes desafios. qente aumento nas publicaes da rea. Neste
sentido temos segundo Tonet(2004), que as mudanas sociais esto
alte- Essas contribuies, no nosso enten-rando as caractersticas da
sociedade e conse- der, so viveis, apesar de ainda
convivermosqentemente de seus grupamentos humanos. com
questionamentos sobre a validade do tra-Isto implica diretamente em
alteraes na es- balho psicopedaggico. Questionamentoscola e no
perfil desejado pela mesma, para estes veementemente contestados
por vriosseus professores. Desta forma o professor - estudiosos,
dentre eles, Bossa (2002), Fernn-psicopedagogo se constitui como um
profis- dez (2001), Htu e Carbonneau (2002), Viscasional
qualificado que dentre outras questes, (2002), ao
-
enfatizarem que a psicopedagogiapromove condies para que seus
alunos te- busca respostas onde as outras reas de co-nham de forma
continua e independente, o nhecimento parecem ter deixado
lacunas.acesso a cultura. Isto contribui para a melhor Desta forma,
o valor da psicopedago-preparao do aluno para o desenvolvimento gia
preventiva, j se encontra comprovado,de suas potencialidades e,
conseqentemente em uma dimenso institucional, ao ser aceitapara a
vida. e considerada como um diferencial para a a- Diante disto,
apresentamos algumas quisio de melhorias educacionais. A
psico-contribuies que consideramos essenciais pedagogia tambm j
adquiriu o status de serpara a ampliao do trabalho a ser realizado
reconhecida como objeto de pesquisa nos cur-pelo professor
psicopedagogo em sala de sos de graduao e ps-graduao,
ampliandoaula. Assim sugerimos que: assim a possibilidade de se
estender cada vez mais aos educadores e reas afins. Mais re- os
cursos de especializao em psicope- centemente estamos constatando a
exigncia dagogia passem a considerar uma propos- desta especializao
ou mesmo a indicao de
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Cognio
literatura referente a esta rea de conhecimen- prevention
programs for children and adoles-to, em concursos pblicos para
professores. cents. (pp.01-25). New York: JohnPodemos tambm
acrescentar a estas situa- Winley&Sons.es, os resultados
obtidos neste trabalho, on- Fagali, E.Q. (1998). Por que e como a
psico-de os professores psicopedagogos entrevis- pedagogia
institucional?. Rev. da Assoc. Bras.tados legitimam, por meio de
suas aes, a Psicopedagogia, 17(46), 37-41.possibilidade da atuao
psicopedaggica ins- Fagali, E.Q. e Vale, Z.R.(1994).
Psicopeda-titucional preventiva. gogia institucional aplicada: a
aprendizagem escolar dinmica e construo na sala de au-7. Referncias
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mulher escondida naGullotta, T.P Primary prevention works. (pp
professora: uma leitura psicopedaggica do03-21). New Delhi: Sage
Publications. ser mulher, da corporalidade e da aprendiza-A