FILO NEMATODA Profª Andréa Bezerra de Castro Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA Disciplina: Zoologia
FILO NEMATODA
Profª Andréa Bezerra de Castro
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRADisciplina: Zoologia
1. Características Gerais
• Nematoda (Gr. nema, fio);
• Aproximadamente 20.000 espécies;
• Vivem no mar, na água doce e no solo, desde as regiões polares até os trópicos;
• Parasitas de animais e plantas;
• Os de vida livre alimentam-se de bactérias e fungos, podem ser saprófagos ou coprófagos;
• São animais triblásticos, protostômios e pseudocelomados;
• Tem forma cilíndrica, cutícula flexível não-viva, ausência de cílios móveis ou flagelos;
• Tem o corpo não segmentado e com simetria bilateral;
• Possuem sistema digestivo completo;
• Pseudocele preenchida por fluido, formando um esqueleto hidrostático. Pseudoceloma
• Sistemas circulatório e respiratório ausente;
• Sistema excretor: 2 canais longitudinais em forma de H;
• Sistema nervoso parcialmente centralizado, com anel nervoso ao redor da faringe;
• Musculatura exclusivamente longitudinal: limitando a locomoção;
• A maioria das espécies são dióicas (fecundação interna);
• Alguns com dimorfismo sexual (espinhos copulatórios e cauda encurvada);
2.2. Enterobius vermicularis
• Causa verminose intestinal: enterobiose ou oxiurose;
• É incômoda: intenso prurido anal;
• Acomete principalmente crianças;
• Habitam o ceco e apêndice;
• Fêmeas grávidas são encontradas na região perianal;
• Tem alto poder de infecção: larvas em 6 horas;
• Em mulheres instala-se na vagina, útero e bexiga.
• Ciclo biológico monoxênico.
2. NEMATÓIDES DE INTERESSE MÉDICO
Morfologia
• Macho: mede de 5 mm x 0,2 mm, com espículo;
• Fêmea: mede 10 mm x 0,4 mm, põem cerca de 10.000 ovos;
• Ovo: mede 50 µm x 20 µm, tem aspecto de “D”, membrana dupla, lisa e transparente. Com larva já formada.
Ciclo biológico de Enterobius vermicularis
Diagnóstico
“Swabs anais” ou de método da fita adesiva ou fita gomada;
2.2. Strongyloides stercoralis
• Causa a Estrongiloidíase;
• Danos em órgãos como pulmão, fígado e canais biliares;
• Só fêmeas podem ser parasitas, os machos vivem sempre livres no solo, alimentando-se de detritos orgânicos;
• No ciclo parasítico, as fêmeas reproduzem-se assexuadamente por partenogênese (clones: sexo feminino);
• As formas livres são de reprodução sexual;
• A infecção se dá pela penetração das larvas da pele nua;
Morfologia de vermes e ovos de Strongyloides stercoralis
Ciclo biológico do Strongyloides stercoralis
2.3. Ancylostoma duodenale e Necator americanus
• Causam a Ancilostomíase e Necatoríase;
• Conhecidos popularmente como amarelão;
• Parasitas comuns de humanos nos trópicos e subtrópicos;
• Estes organismos aderem às vilosidades do intestino delgado e sugam sangue;
• Causam diarréia, anorexia e anemia;
• As suas extremidades anteriores têm a forma de um gancho, com boca armada: placas ou espinhos duros.
Larva filarioide Larva rabditóideOvoBolsa copuladora
Necator americanusAncylostoma duodenale
Morfologia de vermes e ovo de Ancylostoma duodenale e Necator americanus
Ciclo biológico de Ancylostoma duodenale
2.4. Ascaris lumbricoides
• Causa a ascaridíase ou lombriga;
• Uma fêmea pode conter 27 milhões de óvulos, chegando a botar 200 mil ovos por dia, durante um ano;
• Nutrem-se de proteínas, carboidratos, lipídios e vitaminas A e C de seus hospedeiros.
• Estima-se em um bilhão e meio de pessoas infectadas (1/5) com cerca de 100 mil mortes;
• O ovo tem cerca de 50 µm, cor castanho, duas membranasinternas e uma externa: resitência a dessecação;
Morfologia de vermes e ovos Ascaris lumbricoides
Ciclo biológico de Ascaris lumbricoides
As complicações graves da ascaridíase
Grande número de parasitas na passagem pelos pulmões e faringe podem provocar crises de asfixia;
Migração de parasitas pode causar colecistite, pancreatite ou apendicite;
Forma errática da infecção pode provocar hemorragias internas.
Enovelamento no intestinoEliminação do verme pela boca e nariz
2.5. Trichuris trichiura
• Causa a Tricuríase ou Tricuriose;
• Vermes adultos vivem no intestino grosso
Poucos vermes: ceco e colo ascendente;
Muitos vermes: colo descendente, reto e até no íleo;
• Seus ovos tem grande resistência ao meio externo;
• Longevidade: mais de 5 anos.
• Infecções extensas causam necrose da mucosa intestinal
com hemorragias e diarréia sanguinolenta.
Morfologia do verme e ovo de Trichiurus trichiura
Fêmeas: 7.000 ovos por dia
Ciclo biológico de Trichuris trichiura
Prolapso retal causado por infecção da mucosa retal
Complicações na infecção por Trichuris trichiura
2.6. Wuchereria bancrofti
• Causa a filariose ou elefantíase;
• As filárias se alojam nos vasos e gânglios linfáticos:
linfedema: inchaço;
• O edema é irreversível;
• Os vetores são os mosquitos do gênero Culex;
• Homem é o reservatório;
• As fêmeas medem de 0,5 a 1,5 cm
• A reprodução é exclusivamente sexual;
• Microfilárias são larvas fusiformes com 0,2 mm.
Ciclo biológico de Wuchereria bancrofti
Complicações da filariose ou elefantíase
• A doença afeta 120 milhões de pessoas em todo o mundo.
• Causa inchaço dos gânglios linfáticos com edema nos membros, escroto ou mamas.
3. NEMATÓIDES FITOPARASITAS DE INTERESSE AGRÍCOLA
Os fitonematóides constituem-se um fator limitante para a produtividade de culturasalém de depreciar a qualidade do produto;
• Importância como Fitopatógenos (ou Pragas)
Endoparasitas
• Infectam o interior das raízes, diminuindo o volume de seiva à planta impedindo a boa produção de frutos;
Ectoparasita
• Obtêm o seu alimento na superfície das raízes;
Importância como Agentes de Controle Biológico
Alguns nematóides podem ser parasitas de insetos:
• Parasitas facultativos: passam parte do período de desenvolvimento dentro do inseto.
Exemplos: Neoplectana, Diplogaster, etc..
Neoplectana
• Parasites obrigatórios: desenvolvem-se totalmente dentro do hospedeiro. São os mais utilizados em programas de controle biológico de pragas.
Exemplos: Mermithidae, Tetra-donematidae, Rhabditidae e Diplogasteridae.
RhabditidaeMermithidae
Um exemplo clássico de controle biológico é o uso do nematóide Deladenus siricidicola no controle de Sirexnoctilio a vespa da madeira, praga chave de florestas de Pinus no sul do Brasil.
Deladenus siricidicola Sirex noctilioPinus com larva da vespa da madeira
Os nematóides ectoparasitas podem ser sedentários e migradores:
• Endoparasitos migradores: Pratylenchus, Radopholus, Rhadinaphelenchus
• Endoparasitos sedentários: Meloidogyne, Nacobbus
• Ectoparasitos sedentários: Tylenchus, Helerudem, Globodera e Rotylenchitlus
• Ectoparasitos migradores: Helicotvenchiis. Trichodonis, Xiphinema, Rotylenchus e Criconemella
Todas as partes das plantas, podem ser invadidas por estes animais:
raízes, tubérculos, bulbos, caules, folhas, flores, frutos, sementes,
estruturas subterrâneas são as mais frequentemente atacadas.
A ação dos nematóides sobre as plantas se manifesta de três maneiras:
• Ação traumática: advém das injúrias mecânicas resultantes da movimentação que certos nematóides realizam no interior do vegetal, através de seus tecidos.
• Ação espoliadora: resulta das substâncias nutritivas que são desviadas para o sustento do organismo do animal parasito.
• Ação tóxica: é a ação que causa a maior parte dos prejuízos, provém das reações às substâncias liberadas pelos nematóides no vegetal.
Os sintomas, geralmente apresentados pelas plantas são:
1. Sintomas gerais no campo:
a) Tamanho desigual de plantas;b) Murchamento durante a parte mais quente do dia;c) Amarelecimento e queda prematura;d) Folhas e frutos pequenos;e) Deperecimento e declínio vagaroso;f) Nanismo e entouceramento de plantas;g) Sintomas exagerados de deficiência de certos elementos
essenciais;h) Diminuição na produção.
2. Sintomas nas plantas atacadas:
a) Sistema radicular muito denso, com formação excessiva de laterais;b) Sistema radicular pobre, deficiente;c) Formação de galhas em raízes, tubérculos, bulbos e mesmo órgãos aéreos que estiverem em contato com o solo;d) Raízes com íbrma de dedos;e) Descolamento e quebra do córtex radicular;f) Rachaduras;g)Paralisação do crescimento (raízeí amputadas) ou morte da ponta das raízes;h) Necrose em órgãos aéreos •>• subterrâneosi) Manchas escuras em folhas, caules, frutos, etc..
Aphelenchoides besseyi
• É um parasita de folhas;• Folhas de brotos infestados apresentam-se pequenas, estreitas, deformadas e de coloração verde-escura;• Parasita de morango, arroz. • A produção de frutos é mínima ou nula.• A disseminação ocorre por meio de mudas;
Aphelenchoides besseyi
Aphelenchoides fragariae
• É um ectoparasita: alimenta-se na coroa e nos tecidos externos dos brotos em desenvolvimento;
• Ocasionalmente, pode ser encontrado dentro do tecido da folha e na polpa dos frutos;
• Em casos de infestações severas, o nematóide pode provocar o morte da planta.
Aphelenchoides fragariae
• Plantas atacadas apresentam
crescimento lento, porte
reduzido, encurtamento dos
entrenós, deformações de
botões e flores, produção de
frutos em menor tamanho e
número, deformação das folhas
centrais e morte da coroa;
Tubérculo com Aphelenchoides sp.
Ciclo biológico do Aphelenchoides sp.
Aphelenchoides fragariae
Meloidogyne hapla
• São nematóides formadores de galhas radiculares;
• Causam crescimento desordenado dos tecidos da raiz: colar de pequenas pérolas, descascamentos, necroses, lesões e redução do sistema radicular.
Meloidogyne hapla
• Os sintomas na parte aérea incluem redução no crescimento, amarelecimento e murcha temporária das folhas, culminando com baixa produção;
• As plantas infectadas não respondem à adubação, pela falta de raízes sadias para a absorção dos nutrientes;
Ciclo biológico do Meloidogyne spp
Meloidogyne haplaem cultura de cenoura e mandioquinha salsa
Meloidogyne hapla
Pratylenchus spp.
• São nematóides que causam lesões radiculares;
• São endoparasitas migratórios;
• Grandes populações causam lesões necróticas de cor marrom escuro no tecido cortical da raiz;
• São considerados os parasitos que causam maiores perdas econômicas na agricultura mundial;
• No Brasil, Pratylenchus brachyurus ocorre com elevada freqüência em culturas importantes como: soja, café, cana-de-açúcar, algodão, entre outras.
Efeito de Pratylenchus brachyurus em cafeeiro 0, 2, 6, 18 e 54 nematóides por cm³ de solo
Pratylenchus brachyurus
Lesões necróticas enegrecidas nas raízes de mandioquinha-salsa causadas por Pratylenchus spp.
Pratylenchus brachyurus
Em cultura de mandioquinha salsa
Da esquerda para a direita:
• planta não infectada;
• infectada com P. coffeae.
Da esquerda para a direita: desenvolvimento das raízes de planta
• não infectada;
• infectada com P. coffeae .
Pratylenchus coffeae
Pratylenchus coffeae
Ditylenchus destructor
• A batata é o principal hospedeiro do D. Destruidor;
• O nematóide pode também ser ocasionalmente encontrado em cenouras, amendoins e alho;
Batata infectada por Ditylenchus destructor
e outra não infectada
Ditylenchus destructor