PROTOCOLO DE TRATAMENTO Código: COVID19-PRA.003 PROTOCOLO DE TRATAMENTO PEDIÁTRICO - COVID-19 Elaboração: Comitê de Gerenciamento de Crise para Enfrentamento ao Coronavírus Data: 13/04/2020 Versão: 03 Aprovação: Direção Técnica Médica Data: 13/04/2020 Vigência: 06 meses Página 1 de 10 1. INTRODUÇÃO Ate o momento não hb medicamento específico para o tratamento da Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV). No entanto, medidas de suporte devem ser implementadas. No atendimento, deve-se levar em consideração os demais diagnósticos diferenciais pertinentes e o adequado manejo clínico. Em caso de suspeita para Influenza, não retardar o início do tratamento com Fosfato de Oseltamivir. Este protocolo foca na abordagem clínica da Síndrome Gripal e da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), adaptado ao fluxo de atendimento institucional (COVID19-FLX.006). 2. OBJETIVO Estabelecer protocolo de tratamento a pacientes pediátricos com suspeita e ou confirmação de infecção ao Coronavírus, visando diminuir a permanência em observação no Posto 1 para no máximo 6 horas. 3. ABRANGÊNCIA Unidade Teixeira Soares. 4. OPERACIONALIZAÇÃO Respeitado as orientações referente vigilância de COVID-19, contidas na Nota Informativa COE-RS/SES-RS de 09 de abril de 2020, seguem as definições e orientações abaixo: 4.1 DEFINIÇÕES SÍNDROME GRIPAL (SG) Indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por sensação febril ou febre, mesmo que relatada, acompanhada de tosse OU dor de garganta OU coriza OU dificuldade respiratória. EM CRIANÇAS (MENOS DE 2 ANOS DE IDADE): considera-se também obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico específico. EM IDOSOS: a febre pode estar ausente. Deve-se considerar também critérios específicos de agravamento como síncope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência. SINDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) Síndrome Gripal que apresente: dispneia/desconforto respiratório OU Pressão persistente no tórax OU saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou rosto. EM CRIANÇAS: além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. 4.2 DEFINIÇÃO DE CASO CONFIRMADO Critério laboratorial: Caso suspeito ou provável com resultado positivo em RT-PCR em tempo real, pelo protocolo Charité. Critério clínico-epidemiológico: Caso suspeito ou provável com histórico de contato próximo ou domiciliar com caso confirmado laboratorialmente, que apresentar febre OU pelo menos um dos sinais e sintomas respiratórios, nos últimos 14 dias após o contato, e para o qual não foi possível a investigação laboratorial específica. 4.3 CRITÉRIOS DE IMUNOSUPRESSÃO Neutropenia Neoplasias hematológicas com ou sem quimioterapia HIV positivo com CD4 < 350 Asplenia anatômica ou funcional Transplantados Quimioterapia nos últimos 30 dias Corticóides por mais de 15 dias com dose >2mg/kg dia Uso de outros imunossupressores Doenças auto-imunes Imunodeficiência congênita 4.4 PACIENTES COM FATORES DE RISCO RN prematuros Lactentes ou crianças com pneumopatia crônica (fibrose cística, displasia broncopulmonar, asma bronquica, com múltiplas internações ou internação prévia em UTI) Lactentes ou crianças com cardiopatia congênita e sinais de descompensação Crianças menores de 5 anos que iniciaram com quadro súbito de dificuldade respiratória e febre, Crianças imunossuprimidas (ver critérios item 4.3) com ou sem febre e que apresentem tosse ou sinais de disfunção respiratória. Crianças com doenças cromossômicas (S. Down) Crianças com encefalopatia Crianças diabéticas
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Protocolo de Tratamento Pediátrica - COVID-19 - HSVP
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PROTOCOLO DE TRATAMENTO
Código: COVID19-PRA.003
PROTOCOLO DE TRATAMENTO PEDIÁTRICO - COVID-19
Elaboração: Comitê de Gerenciamento de Crise para Enfrentamento ao Coronavírus Data: 13/04/2020 Versão: 03
Aprovação: Direção Técnica Médica Data: 13/04/2020 Vigência: 06 meses
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1. INTRODUÇÃO
Ate o momento não ha medicamento específico para o tratamento da Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV). No entanto, medidas de
suporte devem ser implementadas. No atendimento, deve-se levar em consideração os demais diagnósticos diferenciais pertinentes e o adequado manejo clínico.
Em caso de suspeita para Influenza, não retardar o início do tratamento com Fosfato de Oseltamivir.
Este protocolo foca na abordagem clínica da Síndrome Gripal e da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), adaptado ao fluxo de atendimento
institucional (COVID19-FLX.006).
2. OBJETIVO
Estabelecer protocolo de tratamento a pacientes pediátricos com suspeita e ou confirmação de infecção ao Coronavírus, visando diminuir a permanência
em observação no Posto 1 para no máximo 6 horas.
3. ABRANGÊNCIA
Unidade Teixeira Soares.
4. OPERACIONALIZAÇÃO
Respeitado as orientações referente vigilância de COVID-19, contidas na Nota Informativa COE-RS/SES-RS de 09 de abril de 2020, seguem as definições e
orientações abaixo:
4.1 DEFINIÇÕES
SÍNDROME GRIPAL (SG)
Indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por sensação febril ou febre, mesmo que relatada, acompanhada de tosse OU dor de garganta OU coriza
OU dificuldade respiratória.
EM CRIANÇAS (MENOS DE 2 ANOS DE IDADE): considera-se também obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico específico.
EM IDOSOS: a febre pode estar ausente. Deve-se considerar também critérios específicos de agravamento como síncope, confusão mental, sonolência excessiva,
irritabilidade e inapetência.
SINDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG)
Síndrome Gripal que apresente: dispneia/desconforto respiratório OU Pressão persistente no tórax OU saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou rosto.
EM CRIANÇAS: além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.
4.2 DEFINIÇÃO DE CASO CONFIRMADO
Critério laboratorial: Caso suspeito ou provável com resultado positivo em RT-PCR em tempo real, pelo protocolo Charité.
Critério clínico-epidemiológico: Caso suspeito ou provável com histórico de contato próximo ou domiciliar com caso confirmado laboratorialmente, que
apresentar febre OU pelo menos um dos sinais e sintomas respiratórios, nos últimos 14 dias após o contato, e para o qual não foi possível a investigação
laboratorial específica.
4.3 CRITÉRIOS DE IMUNOSUPRESSÃO
Neutropenia
Neoplasias hematológicas com ou sem quimioterapia
HIV positivo com CD4 < 350
Asplenia anatômica ou funcional
Transplantados
Quimioterapia nos últimos 30 dias
Corticóides por mais de 15 dias com dose >2mg/kg dia
Uso de outros imunossupressores
Doenças auto-imunes
Imunodeficiência congênita
4.4 PACIENTES COM FATORES DE RISCO
RN prematuros
Lactentes ou crianças com pneumopatia crônica (fibrose
cística, displasia broncopulmonar, asma bronquica, com
múltiplas internações ou internação prévia em UTI)
Lactentes ou crianças com cardiopatia congênita e sinais de
descompensação
Crianças menores de 5 anos que iniciaram com quadro súbito
de dificuldade respiratória e febre,
Crianças imunossuprimidas (ver critérios item 4.3) com ou
sem febre e que apresentem tosse ou sinais de disfunção
respiratória.
Crianças com doenças cromossômicas (S. Down)
Crianças com encefalopatia
Crianças diabéticas
PROTOCOLO DE TRATAMENTO
Código: COVID19-PRA.003
PROTOCOLO DE TRATAMENTO PEDIÁTRICO - COVID-19
Elaboração: Comitê de Gerenciamento de Crise para Enfrentamento ao Coronavírus Data: 13/04/2020 Versão: 03
Aprovação: Direção Técnica Médica Data: 13/04/2020 Vigência: 06 meses
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4.5 DIAGNÓSTICO
Exames para decisão clínica:
Hemograma e Coagulograma
Eletrólitos
Ureia e Creatinina
Gasometria arterial
PCR
TGO, TGP
Pesquisa viral para VSR e influenza
- Para PACIENTES QUE NECESSITAREM DE INTERNAÇÃO deverá ser solicitado pesquisa viral para Influenza e VSR.
- Nos QUADROS RESPIRATÓRIOS LEVES COM comorbidades que necessitem avaliação laboratorial para tomada de decisão tentar limitar-se a Hemograma
e PCR, durante a permanência em observação no Posto 1.
- Nos QUADROS RESPIRATÓRIOS MODERADOS COM comorbidades, realizar os exames para decisão clínica, conforme descritos acima.
- As alterações laboratoriais sugestivas de COVID-19: hemograma normal com linfopenia e plaquetopenia, aumento de TGO e TGP, aumento da PCR e da
DHL.
- A solicitação de tomografia em crianças não está rotineiramente indicada, mas deve ser considerada no caso grave.
- Somente para os pacientes que internam deverá ser solicitado coleta de amostra para COVID-19.
4.6 TRATAMENTO DAS DOENÇAS RESPIRATORIAS COMUNS
a. ASMA
História clínica: um ou mais dos seguintes sintomas: dispneia, tosse crônica, sibilância, aperto no peito ou desconforto torácico, particularmente à noite
ou nas primeiras horas da manhã; sintomas episódicos; melhora espontânea ou pelo uso de medicações específicas para asma (broncodilatadores, anti-
inflamatórios esteróides); três ou mais episódios de sibilância no último ano; variabilidade sazonal dos sintomas e história familiar positiva para asma ou atopia
COM diagnósticos alternativos excluídos.
Exame clínico: Paciente com sibilância difusa, TE prolongado, esforço respiratório, saturação < 95%:
Conduta 1: Resgate com Aerolin® + corticoide sistêmico (fazer esta intervenção no Posto 1). Se melhora considerar alta o mais precoce possível, com
Conduta 2: Não havendo melhora – realizar novo resgate com Aerolin®, permanecendo no Posto 1 e considerar comorbidades (atentar para sinais clínicos
de BCP ou IVAS e se necessário solicitar exames para decisão clínica e Raio X).
Manejo conforme gravidade: O2 por ON e/ou broncodilatador inalatório (Aerolin® de 1/1h) e/ou acesso venoso e/ou sulfato de magnésio EV. Considerar a
associação com antibiótico - no caso de BCP.
b. PNEUMONIA
História clínica: lembrar que os sintomas iniciais serão muito semelhantes ao COVID-19 e/ou Influenza: tosse, febre, dificuldade para respirar.
Conduta 1: Paciente em bom estado geral e com ausculta pulmonar alterada, porém, simétrica (clinicamente tentaremos afastar derrame pleural), SEM
ESFORÇO E SATURANDO > 95%: NÃO pedir RX, liberar com antibioticoterapia VO e/ou oseltamivir e orientações para reavaliar na Unidade Básica de Saúde (UBS).
Conduta 2: Paciente em regular estado geral, com sinais de comprometimento respiratório (taquipneia, tiragem IC e BAN), COM SATURAÇÃO < 95% -
considerar BVA (influenza ou VSR) ou pneumonia viral/bacteriana. Verificar na história clínica se tem fatores de risco e o calendário vacinal. Optar por observação
no Posto 1 (máximo de 6 horas). SEMPRE LEMBRAR de deixar o menor tempo possível no Posto 1. SE OPTAR por internação solicitar os exames para decisão clínica
e painel viral. Considerar oseltamivir e/ou antibiótico EV.
Obs1: Pneumonia sem tiragem subcostal deve ser tratada com amoxicilina oral: 50 mg/kg/dia de 12/12 horas ou 8/8 horas, durante sete dias. A associação de
amoxicilina o clavulanato ou o sulbactam ou a cefuroxima podem ser utilizadas como segunda opção por via oral ou parenteral em doses habituais.
Obs2: Pneumonia grave deve ser tratada com ampicilina parenteral 50mg/kg/dose, de 6 em 6 horas. Gentamicina 7,5 mg/kg/dia, de 12/12 horas, deve ser
associada nos menores de dois meses.
Obs3: Na suspeita de pneumonia atípica recomenda-se azitromicina 10mg/kg/dia dose única por 5 dias ou claritromicina 7,5 mg/kg/dose, 12 em 12 horas, por 10
dias.
c. LARINGITE
História clínica: tosse com estridor de inicio súbito, com ou sem febre, dificuldade para respirar.
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Conduta 1: QUADRO MODERADO/GRAVE - estridor no repouso, não aceita VO, saturação < 95% - O2 por cateter nasal + corticóide VO. Tentar NÃO fazer
resgate com nebulização. Caso seja necessário nebulizar usar adrenalina pura (sem SF): 3ml. Liberar o paciente após 2 horas da última nebulização devido ao
efeito rebote da adrenalina.
Obs.: quando o paciente for nebulizar, o acompanhante usará máscara cirúrgica. O colaborador que estiver auxiliando na nebulização dentro do ambiente deverá
usar a máscara N95 ou PFF2.
Conduta 2: QUADRO LEVE - estridor quando chora, taquipnéia leve e saturação > 95% - ALTA com receitas.
d. INFECÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES (IVAS)
História Clínica: lembrar que a coriza não é o sintoma principal de COVID-19.
Exame físico: investigar diagnóstico de exclusão para OMA, amigdalite ou sinusite.
Conduta: Limpeza nasal em casa (não limpar na emergência pelo aumento do risco de contaminação da equipe) e avaliar necessidade de medicações +
orientações quanto a sinais de gravidade + reavaliação na UBS se necessário, após 48 horas.
e. BRONQUIOLITE
História clínica: Lactente de 0 a 24 meses em que inicia com tosse e dificuldade respiratória devendo-se fazer o diagnóstico diferencial de outros vírus
comuns na sazonalidade principalmente VSR e/ou Influenza. SEMPRE investigar a situação vacinal (H1N1 e palivizumabe) e os fatores de risco. Lembrar que
quadros virais não são concomitantes. Podem ser sobrepostos.
Conduta 1: Paciente em bom estado geral, COM SINAIS DE COMPROMETIMENTO RESPIRATÓRIO LEVE (taquipneia, tiragem IC e BAN), e COM
SATURAÇÃO > 95%, SEM FATORES DE RISCO - considerar BVA (Influenza ou VSR) ou pneumonia viral/bacteriana . Liberar com oseltamivir e/ou antibiótico VO e
revisão na UBS em 48 horas.
Conduta 2: Paciente em regular ou mau estado geral, COM SINAIS DE COMPROMETIMENTO RESPIRATÓRIO (taquipneia, tiragem IC e BAN),
DESIDRATADO, TOXÊMICO, COM SATURAÇÃO < 95% - considerar BVA (influenza ou VSR) ou pneumonia viral/bacteriana. Verificar se história clínica tem fatores
de risco e o calendário vacinal. Optar por observação no Posto 1 (máximo de 6 horas) e manejo conforme BVA (O2 e testar Aerolin® – NÃO nebulizar com solução
hipertônica). Considerar a necessidade exames para decisão clínica para decidir internação. SEMPRE LEMBRAR de deixar o menor tempo possível no Posto 1.
Considerar oseltamivir e/ou antibiótico EV.
4.7 MEDICAÇÕES
a. OSELTAMIVIR: cápsulas de 75mg. Diluir o conteúdo de uma cápsula em 7,5mL de água fervida ou filtrada. Doses:
<3 meses 12 mg ou 1, 2 ml de 12/12horas por 5 dias
3-5 meses 20 mg ou 2,0 ml de 12/12 horas por 5 dias
6- 11m 25 mg ou 2,5 ml de 12/12horas por 5 dias
< 15 kg 30 mg ou 3,0 ml de 12/12horas por 5 dias
15-23 kg 45 mg ou 4,5 ml de 12/12 horas por 5 dias
23-40 kg 60 mg ou 6,0 ml de 12/12hrs por 5 dias
40 kg 75 mg de 12/12horas.
Condições de risco para complicações, a quais recomenda-se o uso de oseltamivir:
Menores de 5 anos, independente do quadro vacinal;
Crianças indígenas;
Crianças em uso continuo de AAS;
Crianças com pneumopatia, incluindo asma;
Tuberculose;
Cardiopatia congênita;
Nefropatia;
Hepatopatia;
Doença hematológica, incluindo anemia falciforme;
Distúrbio metabólico, incluindo diabetes;
Criança com doença neurológica e risco de aspiração;
Criança imunossuprimida;
Obesidade.
b. AEROLIN® SPRAY: pode-se usar o peso/2 para o resgate, máximo 10 jatos. Repetir de 20/20 min por 3x.
c. BENZETACIL®: apresentação 1.200.000 UI - até 26kg meia ampola IM. Acima de 26kg: 1 ampola IM.
d. CEFTRIAXONA IM: 50-100 mg/kg/dia. IM apresentação rocefin ou triaxin – ampolas com 1 grama.
e. CEFUROXIMA: 250mg/5ml: 30mg/kg/dia de 12/12horas. Macete Peso/3 por dose.
f. CELESTAMINE® SOLUÇÃO: dar de 8/8horas. 2-6 anos 1,25 a 2,5 ml por dose. 6-12 anos: 2,5 ml por dose. > 12 anos 5-10 ml por dose ou 1 comprimido por
dose.
g. CLARITROMICINA: 15 mg/kg/dia de 12/12horas. Klaricid® 50mg/ml.
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h. PREDNISOLONA: Peso/3 no máximo 10 ml, na asma fazer 1x. Na alta para casa deixar prescrito por 5 dias em casos moderados e 3 dias em casos leves.
i. DESLORATADINA: até 5 anos 2,5 ml 1x ao dia, > 5 anos: dar 5ml 1x ao dia. Nomes comerciais: Desalex® xarope, Esalerg®, Sigmaliv® – todos são 0,5mg/ml.
j. DEXAMETASONA EV OU IM: apresentação no sistema de 2,5 mg/ml ampola com 4 ml – em uma ampola tem 10 mg. Dose 0,6 mg/kg/dia máximo 1 ampola,
dose única em caso de estridor grave, anafilaxia ou extubação. Se manter a dose por mais dias dividir de 6/6hrs.
k. DIPIRONA: Uso a partir de: 3 meses ou 2kg. Dose: 15 mg/kg/dose a cada 4 a 6 horas. >15 anos ou 33kg: 500mg de 6/6h. Dose máxima: máximo 4g/dia.
l. HIDROXIZINE: macete do Peso/4 de 6/6hrs – pode usar uma dose menor pois tem como efeito adverso a sonolência. Apresentações: Hidroalerg®, Hixizine®,
Pergo®, todos são 2mg/ml.
m. IPATRÓPIO (Duovent® que é a associação de ipatrópio + fenoterol) <10 kg fazer 3 puffs, > 10 kgs 6 jatos, inicialmente fazer na forma de resgate de 20/20 min
por 3x, após pode ser deixado de 4/4horas. Não fazer intervenções na forma de nebulização, sempre que possível usar spray com espaçador.
n. NEBULIZAÇÃO COM ADRENALINA: 3x de 20/20 minutos para laringite grave: pode-se usar até 3ml puro de adrenalina nos pacientes graves. Dose usual: 3ml
de adrenalina se não obtiver resposta repetir de 20/20 min por 3x. Usar corticóide sistêmico. Atentar para o efeito rebote da adrenalina. Liberar para casa com
nebulizaçao com corticóide (Pulmicort® ou Clenil A® ½ ampola com 3 ml de SF – fazer nebulização de 12/12hrs por 5 dias). TENTAR NÃO USAR ESSA OPÇÃO e
corticóide sistêmico.
o. PARACETAMOL (ACETAMINOFENO): Uso a partir de: recém-nascido. Dose: lactentes, crianças e adolescentes 10 a 15 mg/kg/dose a cada 4 a 6 horas. Dose
máxima: não exceda 5 doses em 24 horas; dose diária máxima: 75 mg/kg/dia para não exceder 4.000 mg/dia. Antídoto: Acetilcisteína. Apresentação: gotas
p. SULFATO DE MAGNÉSIO: 50-75 mg/kg correndo em bolus (+-20-30minutos), observar FC pelo riso de arritmia. Máximo de 2 gramas. Diluição mínima de 60
mg/ml.
q. TRIFAMOX® IBL BD 200/5: P/10 de 12/12horas.
4.8 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA (SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO)
a. PREPARO DO PROCEDIMENTO:
Preparar o isolamento para a intubação: Drogas de SRI; Mascara facial de tamanho adequado; Reanimador manual (Ambu®); Filtro HME adequado para
peso/idade; Lamina e cabo de laringoscopio; Tubo traqueal com balonete; Pinca para oclusão do tubo traqueal; Mascara laringea ou tubo laringeo; 2
Seringas de 5 mL; Sonda gastrica; Estetoscopio; Fixacão para TOT; Sistema de aspiracão fechado; Ventilador mecanico; Filtro HEPA; Carrinho de parada.
TUBOS OROTRAQUEAIS: 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0; 5,5; 6,0; 6,5 – TODOS COM CUFF adequados para a idade.
LARINGOSCOPIO CONVENCIONAL: cabo pediátrico com laminas retas 1 e 2 para lactentes e criancas < 3 anos; cabo adulto com laminas curvas 2 e 3 para
criancas ≥ 3 anos.
MÁSCARA LARINGEA: tamanhos 1,0 (< 5 Kg); 1,5 (5 – 10 Kg); 2,0 (10 – 20 Kg); 2,5 (20 – 30 Kg); 3,0 (30 – 50 Kg) – opcão apenas de resgate, quando tentativa
de IOT fracassa.
Máscara laringea ou outros dispositivos supragloticos podem ser utilizados para ventilacão no caso de falha na tentativa de intub acão, mas caso não haja
vedacão adequada pode permitir dispersão de aerossol. Em pacientes que necessitam de altas pressoes (> 20cmH2O de pressão de pico) o dispositivo
supraglotico pode não selar adequadamente a via aerea, sendo insuficiente para ventilar o paciente alem de dispersar aerossois. O dispositivo supraglotico
deve ser entendido como de resgate e temporario (não e via aerea definitiva), devendo ser substituido assim que possivel por tubo endotraqueal.
Paramentação: utilizar os equipamentos de proteção individual de acordo com Protocolo de Orientações de Utilização e Descarte de equipamentos de
proteção individual (COVID19-PRA.002).
Tendo em vista que a abordagem definitiva da via aerea e um procedimento gerador de aerossois, deve-se minimizar a exposicão dos profissionais. Desse
modo, devem participar do procedimento o medico, o enfermeiro e um tecnico de enfermagem (uma equipe ideal precisaria de um kit de EPI para um potencial
segundo intubador). Para evitar potencial exposicão, alem de maximizar o sucesso em primeira tentativa, o intubador deve ser o medico mais experiente em
manejo de vias aereas criticas, incluindo dispositivos supragloticos.
Montar o VPM sem a jarra de aquecimento e posicionando o filtro HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance) no final da via expiratoria.
Parametrizar VPM para as caracteristicas do paciente:
- Checar sensor de fluxo;
- Checar abertura de gases;
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- Configurar o peso ideal do paciente no sistema do VPM;
- Configurar modo e valores dos parametros ventilatorios;
- Configurar alarmes;
- Deixar o VPM pronto em Standby;
Organizar a equipe de assistencia deixando claro a funcão de cada um durante o procedimento.
Carro de parada checado e na porta de entrada do quarto do paciente.
Procedimento realizado com a porta fechada.
b. DURANTE O PROCEDIMENTO:
MONTAGEM DO SISTEMA FECHADO PARA INTUBACAO:
1. Conectar o conjunto bolsa-valvula (AMBU®) a fonte de oxigenio.
2. Conectar filtro HME entre o AMBU® e a mascara.
3. Iniciar com menor fluxo de oxigenio possivel 6-7L/min para manter SaO2 > 94% (não ventilar o paciente).
4. Ocluir o tubo traqueal com o embolo da seringa de 5 mL
5. Conectar sistema de aspiracão fechado ao circuito do ventilador.
PRE-OXIGENACAO:
Entre 3 a 5 minutos com O2 a 100% com unidade “mascara- filtro HME- valvula- bolsa-reservatorio”. Evitar ventilacão assistida com a unidade ventilatória
(Ambu®), pelo potencial de producão de aerossol e contaminacão do ambiente e dos profissionais. Não ventilar ate que o paciente esteja intubado.
SEQUENCIA RAPIDA DE INTUBACAO:
1. Considerar atropina se pre-oxigenacão for ineficiente (SaO2 < 94%), se for utilizar succinilcolina ou se houver instabilidade hemodinamica.
2. Considerar lidocaina como supressor do reflexo laringeo, sendo ainda mais importante na ausencia de bloqueador neuromuscular, a fim de se evitar a
tosse. Deve ser feita 3 minutos antes da inducão.
3. Inducão com quetamina – droga de escolha para não causar instabilidade hemodinamica além de propriedade broncodilatadora.
4. Midazolam associado ou não a fentanil podem ser usados para indução na ausência ou contraindicação específica para uso da quetamina, desde que não
haja instabilidade hemodinamica e para os pacientes que não sedarem com quetamina + lidocaína. Lembrar que o fentanil tem como principal efeito
adverso rigidez torácica – no caso de infusão de fentanil a mesma deve ser a mais lenta possível.
5. Bloqueador neuromuscular para evitar a tosse: Rocuronio ou Succinilcolina.
6. Evite as doses mínimas das medicacoes:
Medicação Dose EV Inicio da ação Duração da ação
Quetamina 2 mg/kg 60-120 seg 30-60 min
Fentanil 2mcg/kg 60 seg 30-60 min
Midazolam 0,1- 0,5 mg/kg 60-120 seg 30-60 min
Rocuronio 0,6-1 mg/kg 60-90 seg 15-30 min
Succinilcolina 1 – 2mg/kg 30-60 seg 5-10 min
Lidocaina 1 mg/kg Fazer 3 min antes da indução
Atropina 0,02 mg/kg Sat O2 <94%, uso de succinilcolina ou
instabilidade hemodinâmica
7. Fazer laringoscopia e inserir tubo orotraqueal ocluído.
8. Insuflar o balonete.
9. Clampear o tubo orotraqueal com pinca antes de desoclui-lo.
10. Acoplar o tubo orotraqueal ao VPM e imediatamente iniciar a sua operação.
11. Desclampear o tubo orotraqueal.
12. Confirmar posição do tubo (de preferência com capnografia).
13. Verificar escape de ar laríngeo ajustando volume de selamento do balonete.
14. Fazer laringoscopia e inserir tubo orotraqueal ocluido.
15. Insuflar o balonete.
16. Clampear o tubo orotraqueal com pinca antes de desoclui-lo.
17. Acoplar o tubo orotraqueal ao VPM e imediatamente iniciar a sua operação.
18. Desclampear o tubo orotraqueal.
19. Confirmar posição do tubo (de preferência com capnografia).
20. Verificar escape de ar laringeo ajustando volume de selamento do balonete.
c. APÓS O PROCEDIMENTO:
1. Realizar RX de torax.
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2. Aspiracoes de secrecoes sempre com sistema fechado de aspiracão.
3. Evitar ao maximo desconexão do VPM.
4. Em situacoes onde seja necessaria a desconexão do paciente do VPM o tubo devera ser clampeado por uma pinca (se possivel hiperoxigenar e
hiperventilar previamente) e o ventilador devera ser mantido em modo standby para evitar aerossol a partir do ramo inspiratorio.
5. e necessario usar o AMBU®, este devera ser utilizado com filtro HME interposto ao paciente.
6. Manter o paciente sob sedacão e analgesia continua.
7. Considerar acesso venoso profundo pelos mesmos profissionais, ainda no quarto (mesmo EPIs).
Desparamentação: a equipe deve proceder a desparamentação iniciando ainda dentro da unidade de isolamento:
- Retirar as luvas;
- Higienizar as mãos com álcool gel 70%;
- Desamarrar o avental impermeáveis e descartáveis, e retirá-los encostando apenas na parte externa, até a retirada total;
- Higienizar as mãos com álcool gel 70%;
- Retirar do protetor de face, que deverá ser acondicionado em caixa apropriada, ou óculos de proteção;
- Higienizar as mãos com álcool gel 70%;
- Calçar luvas descartáveis limpas;
- Higienizar os oculos/protetor facial com solucão alcoolica 70%;
- Retira a mascara N95 tocando-a pelo elastico, de tras para frente, nunca toque na superfície externa da mascara. Guarde-a em saco de papel apropriado.
- Retirar as luvas e higienizar as mãos.
Observações importantes:
- Evitar ao máximo VPP.
- Em caso de via aérea difícil, previamente conhecida, avisar CTI pediátrica.
- Após duas tentativas de IOT sem sucesso avisar CTI pediátrica.
- Em caso de manobras de reanimação cardiopulmonar os profissionais envolvidos devem usar mascara N95.
DIVISÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR/CVE, GRUPO TÉCNICO MÉDICO HOSPITALAR/SERSA/CVS. Novo Coronavírus (2019nCoV): medidas de prevenção e controle de
infecção a serem adotadas na assistência à saúde. Brasília/DF-2020.
SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Plano de Contingência e Ação Estadual do Rio Grande do Sul para Infecção Humana pelo novo
Coronavírus (2019-nCoV). Rio Grande do Sul, Janeiro de 2020. Versão 2
PROTOCOLO DE TRATAMENTO
Código: COVID19-PRA.003
PROTOCOLO DE TRATAMENTO PEDIÁTRICO - COVID-19
Elaboração: Comitê de Gerenciamento de Crise para Enfrentamento ao Coronavírus Data: 13/04/2020 Versão: 03
Aprovação: Direção Técnica Médica Data: 13/04/2020 Vigência: 06 meses
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SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Nota Informativa. Rio Grande do Sul, 22 de março de 2020.
COE-RS. SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Nota Informativa. Rio Grande do Sul, 09 de abril de 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico: Novo Coronavírus (2019-nCoV). Brasília/DF. COE Nº 01. Versão 2. 28 de janeiro
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de manejo clínico do coronavírus (COVID-19) na atenção primária à saúde. Secretaria de atenção primaria a saúde. Versão 6.
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Novo Coronavírus (COVID 19) - Documento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado em 14 de fevereiro de
2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Criança com cardiopatia nos tempos do COVID-19: Posicionamento oficial conjunto. Publicado em 27 de março de 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico de Infectologia. Orientações a respeito da infecção SARS-Cov2 (conhecida como COVID-19) em
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Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE). 2018
AMIB. Intubação de pacientes pediátricos com suspeita ou confirmação ao COVID-19. Publicado em 23 de março de 2020.
Quick Guideline. Manejo de Pacientes com COVID-19 (traduzido e adaptado do Brigham and Women’s Hospital - Boston).
Aprovação:
Dr Adroaldo Baseggio Mallmann CREMERS: 8073 Diretor Técnico