PROPOSTA CURRICULAR DE HISTÓRIA 2013 NÚCLEO DE APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO (UNIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL) COORDENADORA DE ÁREA: SÂMIA ALENCAR PEREIRA. "Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem" Bertolt Brecht
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PROPOSTA CURRICULAR DE HISTÓRIA 2013 NÚCLEO DE APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO
(UNIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL)
COORDENADORA DE ÁREA: SÂMIA ALENCAR PEREIRA.
"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém
chama violentas às margens que o comprimem"
Bertolt Brecht
APRESENTAÇÃO
Tendo como principal ponto de partida a visão do homem como agente responsável pela transformação da sociedade, inserido dentro de um
contexto histórico-cultural que provoca tal ação, fez-se necessário repensar a história, que tenta compreender as grandes transformações na maneira
de se pensar as realidades ao longo dos tempos, estendendo-se as questões políticas, religiosas, filosóficas e econômicas da sociedade, abraçando
ainda a ampliação da noção de fonte histórica ligada à subjetividade e flexibilidade da pesquisa no sentido de desmistificar o conceito de verdade.
É importante salientar ainda que dentro dessa nova percepção historiográfica, fomenta-se a análise das relações culturais, eixo que define as
grandes transformações dentro do ensino de história, implicando no suporte teórico necessário para as análises mais específicas do comportamento
humano.
Os elementos que impulsionaram a crítica referente à história tradicional de tendência expressivamente positivista, estão ligados à história
da educação, uma vez que, gradualmente se pensa novas formas de ensinar história. Termos como eurocentrismo, etnocentrismo e diversidade, são
anexados a prática docente como forma de contextualizar novos métodos, estes que outrora legitimavam os valores minoritários, descartando desta
forma a possibilidade de pessoas “comuns” ou culturas universais serem agentes na construção da história.
Essa contextualização será de fundamental importância e em parceria com os demais contribuidores das ciências humanas, para a
construção de novos parâmetros curriculares que vem a valorizar a interdisciplinaridade e a formação de indivíduos cientes de suas realidades e
relações com o passado, presente e perspectivas para o futuro.
Desta forma, e de acordo com os avanços legislativos educacionais, os conhecimentos escolares passam por reformas curriculares,
intensificando o diálogo entre alunos e docentes, enfatizando realidades e novos métodos voltados para construção da cidadania que aqui não se
confunde mais apenas com a visão de práticas trabalhistas, mas com as relações entre o indivíduo e elementos sociais, identificando, questionando,
avaliando e construindo suas concepções, atuando como parte integrante desta sociedade.
O ENSINO DE HISTÓRIA E SEUS OBJETIVOS.
Os PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais, propostos pelo MEC, norteiam os currículos no sentido geral, e o de História,
especificamente, para consolidação de uma nova concepção de cidadania. Temos como objetivo, propor o desligamento das práticas tradicionais do
Ensino de História, proporcionando abordagens a cerca dos temas, de forma interdisciplinar e sob a ótica das inovações conceituais dos elementos
que constituem o mesmo. Entendendo a história da educação no Brasil como processo contínuo de revisão a cerca dos modelos hegemônicos da
sociedade europeia, propomos ainda o rompimento com as tendências positivistas que tinha como base o eurocentrismo e o etnocentrismo,
entendendo a compreensão da diversidade cultural, assim como o debate sobre fatores políticos e econômicos como avanço para a construção da
educação democrática brasileira, constituída na ideia central para a formação das identidades das novas gerações e das finalidades do referido
ensino. Esta perspectiva sintoniza-se com as mais acolhidas tendências historiográficas que permuta no Brasil e no mundo Ocidental.
Sabemos que, a educação brasileira transitou por momentos de inércia e de resistência. Mediante a influência de novos pensamentos
historiográficos, temas relacionados à cultura e ressignificações de termos como “sujeito histórico” fornece ao Ensino de História no Brasil uma
forma de reconhecimento, de refazer e recontar os chamados “fatos”, que por muito tempo deram aos nossos alunos as falsas impressões heróicas.
Nas reflexões de Ciro Flamarion Cardoso:
O historiador brasileiro tem um compromisso ineludível com a sociedade na qual vive e age. O
seu papel é o de por as suas capacidades profissionais a serviço das tarefas sociais que se
impõem à coletividade da qual forma parte. Haverá alguma dúvida de tais tarefas num país
marcado por desequilíbrios e injustiças sociais tão flagrantes? (CARDOSO. 1994,p.109)
Compreender a história requer uma reflexão a cerca do passado, presente e futuro, e o entendimento do indivíduo como sujeito resultante
de um processo que se deu, se dá e se dará, tendo em vista a sua importância direta ou indireta pela estruturas que se formam a cada época, em
cada lugar. De acordo com Hobsbawm, os jovens de hoje “crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer reação orgânica com o
passado público da época em que vivem...”, é necessário que os nossos alunos percebam que as realidades presentes não tem razão de ser por elas
mesmas, não são imutáveis e fechadas, prisioneira de uma ordem natural, tão pouco que o conceito de cidadania está ligado somente a respeitar e
obedecer os critérios estabelecidos pela sociedade. Este deve reconhecer a aquisição de instrumentos intelectuais e a formação de atitudes para uma
efetiva participação na esfera pública, de maneira motivada, consciente e esclarecida, onde haja o incentivo à descoberta, ao respeito e ao
reconhecimento do outro, de outras culturas, valorização a diversidade étnico-cultural e a convivência com as diferenças. Encontramos em Karl
Marx o entendimento sobre as relações de classes assim como a proposta para o fim das mesmas. Essa ideia não pode ser alcançada enquanto
houver reprodução de discursos que atendam apenas o interesse da burguesia, mas o entendimento daquilo que é público e de como deve funcionar
o público. Os fenômenos sociais somente foram possíveis mediante a compreensão da necessidade de mudança, e em tempos atuais, se faz
necessária a compreensão dessa mesma necessidade voltada para a política que tem dado formato a sociedade brasileira.
Segundo os PCN’S de história, espera-se que, ao longo do ensino fundamental, os alunos gradativamente possam ler e compreender sua
realidade, posicionar-se, fazer escolhas e agir criteriosamente. Desta forma, os alunos deverão ser capazes de:
•Identificar o próprio grupo de convívio e as relações que estabelecem com outros tempos e espaços;
•Organizar alguns repertórios histórico-culturais que lhes permitam localizar acontecimentos numa multiplicidade de tempo, de modo a formular
explicações para algumas questões do presente e do passado;
•Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas,
políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles;
• Reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas, presentes na sua realidade e em outras comunidades, próximas ou distantes no
tempo e no espaço;
• Questionar sua realidade, identificando alguns de seus problemas e refletindo sobre algumas de suas possíveis soluções, reconhecendo formas de
atuação políticas institucionais e organizações coletivas da sociedade civil;
• Utilizar métodos de pesquisa e de produção de textos de conteúdo histórico, aprendendo a ler diferentes registros escritos, iconográficos, sonoros;
• Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade, reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos e como um elemento de
fortalecimento da democracia.
Já é tema discutido a importância da educação no sentido institucional e suas relações com as demais esferas da sociedade. É preciso
realizar uma reflexão acerca da conjuntura atual, verificando elementos que possam vir a contribuir no próprio conceito que se tem de educação ou
de escola atribuídos aos alunos. É necessário conhecer os objetivos para trabalhar com base nos mesmos. Democratizar a educação tem sido um
desses objetivos, onde todos os jovens possam ter oportunidade de receber subsídios formadores de opiniões e de agentes participativos da
sociedade.Assim, os elementos presentes nos PCN’s de História precisam ser direcionados para a construção dessa concepção.
METODOLOGIA NO ENSINO DE HISTÓRIA
Os métodos utilizados no Ensino de História estão ligados aos objetivos, estes que por sua vez estão diretamente ligados as competências e
habilidades que almejamos descobrir e construir juntamente com os alunos. Nesse sentido, percebe-se que, não apenas os métodos, mas todos os
elementos que fazem parte de um plano de ensino devem está interligados e sintonizados para que sejam efetuadas as atividades de acordo com as
expectativas que se faz.
As relações professor-aluno e a metodologia do Ensino de História também foram observadas em meio às inovações historiográficas. Na
presente proposta, dentre outros aspectos, permitiremos uma melhor compreensão acerca dos problemas vividos pelos próprios alunos. Serão
abordados temas relativos à dimensão “local” e regional da história – ou seja, relativos às realidades mais próximas do aluno, partindo-se então
para a abordagem da dimensão histórica nacional em suas articulações com a dimensão histórica internacional. Nessa metodologia contemplamos
o que outrora objetivamos com base no reconhecimento do sujeito como parte integrante do processo histórico. Assim, concordamos que:
A transposição dos métodos de pesquisa da História para o ensino de História propicia situações
pedagógicas privilegiadas para o desenvolvimento de capacidades intelectuais autônomas do estudante
na leitura de obras humanas, do presente e do passado. A escolha dos conteúdos, por sua vez, que
possam levar o aluno a desenvolver noções de diferença e de semelhança, de continuidade e de
permanência, no tempo e no espaço, para a constituição de sua identidade social, envolve cuidados nos
métodos de ensino. (PCN,1998)
Dentro desta perspectiva, o Ensino de História passa a ser questionado, entendendo esta como disciplina complexa e abrangente. Sendo assim,
a proposta para os seus métodos de ensino passam a ser reformuladas. A disciplina de História no Ensino Fundamental deve criar condições para
que o aluno possa ampliar a compreensão de sua realidade e que tenha condições de fazer escolhas e situar-se historicamente no seu tempo . Nesta
perspectiva é de suma relevância que o professor crie intenções significativas para a aprendizagem dos alunos, valorizando as reflexões sobre sua
realidade social e a História. Ainda segundo os PCN’S, variadas abordagens teórico-metodológicas têm se destacado enfatizando:
A problematização do social, procurando ora nos grandes movimentos coletivos, ora nas
particularidades individuais, de grupos e nas suas inter-relações, o modo de viver, sentir, pensar e agir
de homens, mulheres, trabalhadores, que produzem, no dia-a-dia e ao longo do tempo, as práticas
culturais e o mundo social.(PCN,1998)
Na perspectiva da presente abordagem teórica, entendemos como métodos indispensáveis a vivência do aluno, a prática. A pesquisa, os
debates, a construção de trabalhos em grupo, a socialização das ideias, o uso de imagem, a consideração do conhecimento empírico como forma de
identificar os caminhos a ser percorrido na transmissão do conhecimento, o manuseio das fontes, a participação nas atividades culturais, o uso da
interdisciplinaridade, levando em consideração os diferentes níveis de aprendizagem e habilidades, são subsídios que facilitam o trabalho do
educador e a aprendizagem do educando, evitando resultados indesejáveis, fortalecendo o elo entre a escola e a sociedade.
Contemplando a necessidade de se conhecer a realidade em que vive o aluno, adicionando a importância da história local no currículo, e
levando em consideração que o maior objetivo do Ensino de História na realidade atual tem sido construir a prática da cidadania, com base no
respeito à diversidade, temos como meio incluir o ensino voltado para tais questões. Nesse sentido, de acordo com a Lei Federal nº 10.639/2003
alterou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional fixadas pela Lei nº 9.3394/2002, ao tornar obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira no Ensino Fundamental e no Ensino Médio em todos os Sistemas de Ensino. Sendo que esta lei reconhece a existência do afro-brasileiro,
seus ancestrais (africanos), sua trajetória na vida brasileira, na condição de sujeitos na construção da sociedade. A inclusão dessa lei remete aos
métodos de ensino de história, uma vez que envolve ações e discursos feitos pelos professores em sala de aula, norteando a metodologia necessária
para desconstruir o racismo realizando atividades que proporcionem o contato com a cultura africana e afro-brasileira. Aqui especificamente,
sugerimos temas a serem abordados inseridos dentro da importância da referida lei, e dos contextos históricos em que estão incluídos os demais
conteúdos. Trata-se da sugestão de projetos a serem desenvolvidos respeitando os níveis das séries e seus respectivos assuntos, no intuito de
contribuir com essa discussão, e que possam ser interligados com as demais áreas do conhecimento.
Para tanto, se torna evidente a necessidade de se estabelecer uma perspectiva metodológica para o Ensino de História, que possa
desconstruir os elementos que são estabelecidos, e que fragilizam a importante idéia de se desenvolver uma geração transformadora e
verdadeiramente humana, onde os conteúdos sirvam de apoio, eixos norteadores para uma discussão que vai muito além que decorar fatos, mas de
detectar os instrumentos elaborados para impedir esse projeto e então, conquistarmos a autonomia desejada.
AVALIAÇÃO
A presente proposta curricular, compatível com as renovações no campo da historiografia e das novas concepções de aprendizagem já
expostas, propõe consequentemente novas concepções e práticas de avaliação. Esta que, a nosso ver, é entendida como um processo que se dá com
base em diagnóstico, acompanhamento, observação, busca de superação das dificuldades e não apenas provas e testes para medir o desempenho
final dos alunos. A avaliação está inserida dentro do próprio processo de aprendizagem, como um conjunto de atividades desenvolvidas, sejam
elas, textos, debates, relatórios, gincanas, interferências, atividades artísticas, socialização de trabalhos, entre outros. Quando realizada de forma
contínua, considerando os variáveis aspectos das aulas, independente do seu teor prático ou teórico, é um instrumento facilitador tanto para o
professor quanto para o educando, além de possuir caráter democrático, possibilitando que todos os alunos demonstrem seus potenciais. As
propostas de avaliação aqui presentes visam contemplar aspectos referentes à sociabilidade dos alunos, dando especial atenção ao desenvolvimento
e compromisso com o seu grupo e aplicações do conhecimento no ambiente escolar, estendendo por toda a sociedade.
Nesse sentido, faz-se necessário que a avaliação inclua, além das provas, as observações e registros dos professores, permitindo
acompanhar especificidades individuais dos alunos, o desenvolvimento das habilidades de raciocínio, o processo de construção de cada aluno,
assim como incentivar a elaboração de instrumentos que propiciem a formação da autonomia e reflexão sobre o processo de construção do saber
histórico e do sentido desse conhecimento para suas vidas. O PCN de História diz que:
No processo de avaliação é importante considerar o conhecimento prévio do aluno, as hipóteses
e os domínios dos alunos e relacioná-los com as mudanças que ocorrem no processo de ensino-
aprendizagem. O professor deve identificar a apreensão de conteúdos, noções, conceitos,
procedimentos e atitudes como conquista dos estudantes, comparando o antes o durante e o
depois. (PCN, 1988)
A avaliação precisa estar atrelada a aprendizagem de todos os alunos, no intuito de aperfeiçoar o processo ensino-aprendisagem. O
conceito de avaliação ainda encontra-se bastante associado aos questionários, que explora do aluno, a leitura decorativa e instável dos conteúdos ao
invés de proporcionar o encontro com a essência dos mesmos. Onde estão os objetivos?Onde se deseja chegar?São perguntas que regem a
formulação de um processo avaliativo. São diversas as modalidades de avaliar o aluno, mas é necessário que os professores explicitem para os
mesmos, critérios pelos quais serão avaliados. Em Indagações sobre currículo-avaliação Claudia Fernandes coloca que:
Tradicionalmente, nossas experiências em avaliação são marcadas por uma concepção que
classifica as aprendizagens em certas ou erradas e, dessa forma, termina por separar aqueles
estudantes que aprenderam os conteúdos programados para a série daqueles que não
aprenderam. Essa perspectiva de avaliação classificatória e seletiva, muitas vezes, torna-se um
fator de exclusão escolar.(FERNANDES,2008.)
Elementos como desenvolvimento do raciocínio histórico, estão relacionados à ampliação das capacidades de leitura e interpretação de
informações, diferentes fontes históricas, a identificação de fatos influentes, o estabelecimento de relações entre fatores, a construção de
argumentações com base em dados e interpretações históricas diversas, a elaboração de ideias-síntese, assim como aprender a lidar com diferentes
dimensões da temporalidade histórica são critérios fundamentais a serem considerados no processo avaliativo. O desenvolvimento dessas
capacidades requer dos professores um trabalho cuidadoso, sistemático e muita sensibilidade às diferenças de ritmo de aprendizagem dos seus
alunos.
A avaliação carrega consigo alguns aspectos que determinam suas funções. São as questões pessoais, didáticas, curriculares e educativas.
Por isso reforçamos a ideia de que a avaliação é ao mesmo tempo o processo de aprendizagem, onde esta não pode ser realizada se não for
observada e diagnosticada. Os meios são do tamanho da nossa criatividade em promover momentos avaliativos e não apenas “avaliações.”
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na intenção de aprimorarmos o debate acerca dos itens analisados anteriormente e dos posteriores, acreditamos ser importante a pesquisa e
uso de trabalhos que estejam conectados aos referidos aspectos, que possam ser contribuidores teóricos das nossas perspectivas.
A presente proposta fundamenta-se principalmente nos autores inseridos dentro das novas abordagens historiográficas e educacionais, tendo
em vista o sentido amplo e ao mesmo tempo complexo em que se constrói a sociedade atual, que tem sido analisada especialmente sob os aspectos
cultuais, entendendo ser essa, uma forma de dialogar com todos aqueles que fazem parte do processo histórico, questionando e desmistificando os
fatos e elementos estabelecidos.
Com base nessas premissas surge a ideia de uma história que não se entenda simplesmente como resultado do puro desvelamento das
coisas que efetivamente acontecem no passado, superando uma história meramente narrativa, abrindo caminhos para novas abordagens
historiográficas, determinando consequentemente novos métodos no Ensino de História e ainda para inserir temas que contemplem uma “história
das atitudes, dos comportamentos e das representações coletivas inconscientes” como expões Michel Vovelle. As novas abordagens históricas que
derivam desse pensamento e que se dispõem a cada historiador, refletem no ensino, na abordagem dos temas e em suas metodologias, servindo
inclusive como base para se desenvolver os Projetos Políticos Educacionais. A exemplo disso, entendemos como uma das nossas principais
referências os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs específicos da área de História, e que já traz incluso tais percepções. Segundo o PCN:
As constantes transformações pelas quais passa a História, como ciência de referência, evidentemente
comparecem ao Ensino de História. As noções de fato histórico, sujeitos e fontes foram, no campo da
historiografia, em alguns momentos, ressignificadas. Como fato histórico passou-se a considerar toda
uma diversidade de acontecimentos, criações, rituais, técnicas, comportamentos, valores,
representações. (PCN,1998)
Desta forma, os critérios utilizados para abordar ou construir um projeto voltado para o Ensino de História não se limita a elementos
específicos, mas a todo um contexto que envolve um debate muito mais que interdisciplinar. Significa partir de esferas sociais e reflexão sobre as
relações culturais. Contribuindo com essa discussão, Roger Chartier ressalta que “Deixou de ser sustentável pretender estabelecer
correspondências estritas entre clivagens culturais e hierárquicas sociais, [...] o que é necessário é reconhecer as circulações fluidas, as práticas
partilhadas que atravessam os horizontes sociais.” É nessa concepção que temas específicos são inseridos dentro das Propostas Curriculares das
escolas e que podem auxiliar nas novas percepções e formação de gerações conscientes da importância de se “estudar” história.Compreender que
esta compete o nosso cotidiano o reconhecimento como sujeito, naquele “fazer”. São guinadas que não descartam os demais critérios analíticos,
mas adéquam ao estudo da religiosidade, da sexualidade, da infância, da história das mulheres, das festas, dos rituais, das atitudes diante da morte,
dos grandes medos, uma história responsável por colocar no centro das atenções o que até então era considerado periférico.
É nessa perspectiva que As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) são aqui utilizadas, como critério fundamental para
complementar as ideias outrora expostas, pois, nos seus artigos 26A e 79B, encontramos a Lei 10.639/63 que Altera a Lei 9.394, de 20 de
Dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Aqui encontramos a base necessária para realização
da inclusão do tema dentro dos conteúdos dessa proposta assim como utilização dos seus respectivos descritores, com o objetivo primordial de
tornar esta uma abordagem interada na educação brasileira, tanto quanto os demais conteúdos, pois a História da Cultura Africana, assim como a
Afro-Brasileira é a nossa história.
Assim, evidencia-se a base pela qual buscamos desenvolver a presente proposta, visando à concretização de um ensino em que todos
possam não apenas ir para escola, mas entender a escola e a sociedade em que vive. Em Libâneo, reforçamos tais ideias quando consideramos que:
Proporcionar a todas as crianças e jovens o acesso e a permanência na educação básica, de 8 anos, no
mínimo, provendo-lhes uma sólida e duradoura formação cultural e científica, é dever da sociedade e,
particularmente, do poder público.A escolarização é um dos requisitos fundamentais para a
democratização da sociedade, entendendo por democratização a conquista, pelo conjunto da população
das condições materiais, sociais, políticas e culturais que lhe possibilitem participar na condução das
decisões políticas e governamentais.
Essas questões respaldadas por Libâneo, geram um forte reflexo na abordagem do ensino e em particular na área de humanas. Esta que deve
cumprir um papel fundamental na socialização das ideias e contextualização da história em uma relação quase que inseparável do conhecimento
científico e empírico, entendendo este último como o conhecimento já contido no individuo, adquirido pela experiência diária. É justamente nessa
concepção que encontramos o subsídio para destacar a importância da história local. A associação de elementos geradores da língua, dança, forma
de pensar e agir, maneiras de se vestir ou comer do espaço em que vivemos, com as formas atuais, fornece um entender, um olhar diferenciado
acerca da história, tornando-a acessível e reconhecida dentro das nossas concepções. Com a ampliação da visão de agentes elaboradores da
história, a necessidade do conhecimento a nível local junto à percepção de que a Nova História passa a se interessar por virtualmente toda ação
humana, como nos sugere o historiador Peter Burke “o que era previamente considerado como imutável, é agora encarado como uma construção
cultural, sujeitas a variações tanto no tempo quanto no espaço” (BURKE,1992,p.11), a história local passa a ganhar um papel fundamental uma
vez que esta aproxima o historiador do seu objeto de estudo, e aqui especificamente, aproxima o educando ao seu objeto de pesquisa e
consequentemente o espaço escolar.
Tais concepções puderam trazer para o Brasil, uma nova forma de “fazer” história. Atrelada as novas abordagens historiográficas e ao
próprio perfil pluralista da cultura brasileira que se faz tema nessa discussão. Analisar o Brasil sob essa perspectiva outrora colocada exigiu muito
mais que um resgate cultural, mas a própria admissão de complexidade da mesma.
Sendo assim, é possível refletir acerca da transição para uma sociedade brasileira que entenda suas relações como resultado de um processo
histórico, onde o mesmo possa ser compreendido, auxiliado nas relações do agora como elemento indissociável do ambiente escolar, e por isso,
cumpridor do seu papel enquanto disseminadora das mudanças necessárias.
PROPOSTA CURRICULAR DISCIPLINA: HISTÓRIA
SÉRIE/ANO: 6º ANO
1º BIMESTRE
DESCRITORES CONTEÚDOS/DETALHAMENTOS PRODEDIMENTO SUGESTÃO DE AVALIAÇÃO
- Compreender a história como estudo
dos seres humanos no tempo, e sua
importância para o despertar do senso
crítico;
-Entender a importância da nova noção
de fontes históricas refletindo acerca da
construção dos valores antigos e atuais da
humanidade;
-Identificar nas diferentes culturas
conceitos de tempo e valores;
-Conhecer os vários tipos de
discriminação racial praticados no mundo
atual, estimulando o respeito às
diferenças, tendo como base os estudos
realizados acerca da origem humana,
independentemente da teoria em que se
crê;
-Perceber a tecnologia como elemento
pertencente a todas as culturas
independente do tempo, desmistificando
o conceito da mesma atrelado aos
aparelhos tecnológicos do século XX;
-Analisar as relações de trabalho no
decorrer do tempo, assim como
reconhecer esta como fator determinante
para construção de uma sociedade;
-Conhecer as principais hipóteses e
teorias sobre os caminhos percorridos
pelos primeiros povoadores da América,
bem como os debates em torno do
assunto;
-Incentivar a valorização da cultura
regional assim como identificá-las no dia-
a-dia;
HISTÓRIA, CULTURA E TEMPO.
Introdução aos estudos de História
-Porque estudar história?
-Fontes históricas e seus novos conceitos.
-A história e demais áreas do
conhecimento
-Quem faz a história?
Cultura e tempo
-Diferentes conceitos e tipos de tempo.
-Diferentes culturas e
cotidianos.
-Divisão tradicional da história
Sobre a origem do ser humano
-Verdades absolutas ou versões
históricas?
-O evolucionismo
-O criacionismo
-Os primeiros hominídeos
Os primeiros povoadores da terra
-A vida no paleolítico
-A vida no neolítico
-As relações de trabalho: Modo de
produção primitivo.
-Trabalhando os metais
-O surgimento das cidades e da escrita.
História, cultura e tempo no Brasil
-Da África para outros continentes.
-Os primeiros habitantes da terra onde
hoje é o Brasil.
OS ÍNDIOS KARIRIS
-Os índios Kariris e suas contribuições
para a formação da cultura local.
-Grupo de preservação cultural no Crato.
-Identificar o conhecimento empírico do
aluno como ponto de partida para
compreensão do conceito de História;
- Uso de fontes históricas (imagens,
objetos e documentos) para trabalhar
novos conceitos, priorizando a
familiarização do aluno com as mesmas;
-Visitação ao CDPH- Centro de
Documentação e Pesquisas Históricas, na
Universidade Regional do Cariri.-URCA
-Realizar uma exposição de fontes
históricas trazidas pelos alunos a partir do
conceito estudado;
-Dica de filme: Os Croods;
-Proporcionar ao aluno conhecimento de
textos evolucionistas e criacionistas;
-Debater sobre pesquisas mais recentes a
cerca da origem humana;
-Realizar atividade artística que
proporcione a exteriorização do aluno
acerca dos conceitos das teorias que
envolvem a origem do ser humano;
-Expor dois tipos de objetos resultantes
da tecnologia, onde uma pertença à
contemporaneidade e outro do período
pré-histórico, realizando um debate sobre
conceito de tecnologia;
-Aula de campo;
-Esclarecer os alunos sobre a presença da
cultura indígena no Cariri;
Considerar as atividades práticas
para serem avaliadas de acordo com
o nível de participação e habilidades
específicas dos alunos, identificando
os conhecimentos já presentes nos
mesmos, como ponto de partida para
o processo avaliativo;
Analisar através de texto dissertativo
a capacidade de interpretação do
aluno verificando se os objetivos da
proposta foram alcançados;
Realizar roda de conversação
abordando os temas considerados
insuficientes, para fixar os objetivos
ainda não alcançados;
Detectar através da leitura de
atividades artísticas a compreensão
dos elementos que interligam os
temas abordados, avaliando a
aprendizagem com base nas
competências e habilidades;
Avaliação parcial escrita elaborada
sob a perspectiva interdisciplinar, de
acordo com práticas de ensino
vivenciadas pelos alunos que
contemplem os descritores;
Pesquisa.
PROPOSTA CURRICULAR DISCIPLINA: HISTÓRIA
SÉRIE/ANO: 6º ANO
2º BIMESTRE
DESCRITORES CONTEÚDO/ DETALHAMENTO PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS SUGESTÃO DE AVALIAÇÃO
- Entender a importância das antigas
civilizações na formação das estruturas
sociais, assim como o caráter religioso na
formação das hierarquias e relações de
poder;
-Ressaltar os aspectos geográficos como
elemento fundamental para a formação das
antigas civilizações e atividades econômicas
desenvolvidas em suas respectivas
localidades;
-Realizar um paralelo entre os estudos
arqueológicos e sua importância na
compreensão das antigas civilizações,
referenciando as novas descobertas acerca
da periodização da existência humana na
terra;
-Preparar o aluno para compreender o
importante papel da mulher em algumas
sociedades da África antiga, ressaltando os
conceitos de matriarcado e patriarcado;
-Reconhecer na cultura Africana os
elementos formadores da cultura brasileira,
desmistificando a visão de estranhamento;
-Construir no debate os elos que envolvem a
cultura Oriental e Ocidental, destacando a
importância dos hebreus na disseminação de
valores existentes até hoje, e as
contribuições históricas dos fenícios e
Persas;
- Entender o processo que conduziu a
constituição do Império Chinês e
destacando o papel dos camponeses na
história da China;
-Conhecer algumas tradições milenares da
cultura Chinesa e perceber sua permanência
nos dias atuais;
CIVILIZAÇÕES DA ÁFRICA E DO
ORIENTE.
Mesopotâmia
-A importância dos rios
-Os povos mesopotâmicos: Sumérios,
Acádios, Amoritas, Assírios e Caldeus
-Economia e sociedade mesopotâmica.
-Contribuições culturais.
Egito
-Localização geográfica
-A importância do rio Nilo
-Sociedade e poder
-O império Egípcio e expansão territorial
-Cultura egípcia – Religião e arte.
A Núbia e o reino kush
Núbia, berço da civilização na África
Características do reino de Kush
A CULTURA AFRICANA E SUAS
CARACTERÍSTICAS
(Religião, relações políticas e arte)
-Grupos de preservação cultural da cultura
Afro-brasileira no Crato.
Hebreus, Fenícios e Persas
-Os Hebreus e os egípcios
-A Diáspora
-O monoteísmo Hebreu e o Judaísmo
-O legado hebraico no mundo.
-Os Fenícios - Artesanato e alfabeto
-Os Persas- Império e religião
China
-A China antiga: Natureza e sociedade
-As primeiras dinastias.
-Filosofia
-Arte e religião
-Contribuição econômica e cultural na
sociedade moderna
-Utilizar imagem e a história da torre de babel
como elo entre o conteúdo a ser abordado e o
conhecimento empírico do aluno para iniciar a
abordagem do tema;
- Aula expositiva;
-Construir maquetes das pirâmides egípcias,
abordando o trabalho escravo na construção
das mesmas no antigo Egito;
-Uso de imagem como fonte para observar os
elementos da cultura Afro;
-Exibição do filme: O príncipe do Egito,
realizando posteriormente, um debate acerca
do mesmo.
-Visitação as comunidades que comportam
grupos de preservação cultural;
-Trabalhos em grupos divididos de acordo
com a civilização a ser abordada.
-Expor as principais leis constituídas pelo
povo Hebreu que contribuíram para formação
da cultura Oriental e Ocidental;
-Socialização de equipes acerca dos seus
respectivos temas, destacando os respectivos
elementos característicos;
-Pesquisa: Identificar elementos na sociedade
brasileira que pertencem à cultura Chinesa.
Considerar a participação nos
trabalhos grupais e individuais
como formas de avaliação;
Solicitação de pesquisa como
forma de sondagem da prática do
aluno e suas habilidades;
Verificar a concretização dos
trabalhos artísticos, assim como a
contextualização do aluno com o
tema em cima dos mesmos;
Aplicar texto com tema voltado
para questão racial no intuito de
trabalhar a interpretação textual do
aluno;
Utilizar as produções de texto
como base para identificar o nível
de capacidade de interpretação dos
temas;
Avaliação parcial escrita que possa
verificar as possibilidades de
adiantamento dos conteúdos.
PROPOSTA CURRICULAR DISCIPLINA: HISTÓRIA
SÉRIE/ANO: 6º ANO
3º BIMESTRE
DESCRITORES CONTEÚDO/ DETALHAMENTO PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS SUJESTÃO DE AVALIAÇÃO
- Compreender os conceitos de cidadania
como participação social inspirados nos
referenciais gregos, modernos e
contemporâneos, percebendo que se
constituem a partir de referencias
históricas diferentes;
- Estabelecer relações entre as formas
clássicas de democracia grega e as
características atuais das sociedades
democráticas;
-Identificar as principais diferenças
políticas na periodização da história grega;
-Trabalhar a resistência a escravidão com
base na revolta liderada por Espártaco;
- Reconhecer a importância da cultura
grega para o Ocidente;
- Refletir sobre as criações gregas como os
jogos olímpicos e sua presença no mundo
atual;
-Construir as noções de mitologia,
democracia direta, filosofia, comédia e
tragédia;
-Incentivar a valorização do patrimônio
étnico – cultural para a preservação da
memória e da identidade dos variados
grupos sociais;
CIVILIZAÇÕES DO
OCIDENTE: GRÉCIA ANTIGA.
O mundo Grego
-Estrutura política da sociedade (dos
genos as cidades-estado e pólis)
-As civilizações cretense, micênica
e troiana.
-Atenas e a democracia: A questão
dos escravos,mulheres e estrangeiros.
-O século de Péricles.
-Esparta e a sua cultura militar.
-As guerras Médias
-As guerras Fratricidas
-O domínio macedônico e o império
de Alexandre
A Cultura Grega
-Religião (A influência religiosa na
sociedade grega)
-A mitologia grega.
-Esporte (As olimpíadas)
-Arte grega: Teatro, Escultura e
Pintura.
-A filosofia e o papel dos filósofos.
-A cultura helenística
-Relacionar os deuses da mitologia grega e suas
respectivas finalidades para despertar o interesse do
aluno levando em consideração que os deuses são
personagens, em sua maioria, presentes nas suas
leituras;
-Aula expositiva com auxílio do livro didático;
-Utilizar a música de Chico Buarque: “Mulheres de
Atenas” para contextualizar a situação da mulher na