MAGNUS BERGSTRÖM • NEVES REIS PRONTUÁRIO ORTOGRÁFICO E GUIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ACTUALIZAÇÃO LINGUÍSTICA Prof. Doutora Maria Henriqueta Costa Campos (coord.) Prof. Doutora Maria Teresa Brocardo Mestre Clara Nunes Correia Mestre Maria do Céu Caetano (UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA) ACTUALIZAÇÃO conforme o Novo Acordo Ortográfico G. de Ayala Monteiro 50. a edição
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MAGNUS BERGSTRÖM • NEVES REIS
PRONTUÁRIOORTOGRÁFICOE GUIA DA LÍNGUA
PORTUGUESA
ACTUALIZAÇÃO LINGUÍSTICAProf. Doutora Maria Henriqueta Costa Campos (coord.)
Prof. Doutora Maria Teresa BrocardoMestre Clara Nunes Correia
Mestre Maria do Céu Caetano(UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA)
uma marca da Oficina do Livro – Sociedade Editorial, Lda.uma empresa do grupo LeyaRua Cidade de Córdova2610-038 AlfragideTel.: 21 041 74 10; Fax: 21 471 77 37E-mail: [email protected]
Revisão: G. Ayala MonteiroCapa: Maria Manuel Lacerda/Oficina do Livro, Lda.
Observações sobre o emprego de algumas con-soantes .............................................................. 18
Consoantes finais que se usam em topónimos eantropónimos ................................................... 21
Consoantes mudas e sequências consonânticas ....... 21Sílabas .......................................................................... 22
Divisão silábica na translineação ............................. 22Acentuação .................................................................. 23
Regras de acentuação gráfica .................................. 24Palavras esdrúxulas ou proparoxítonas .................... 24Palavras agudas ou oxítonas .................................... 25Palavras graves ou paroxítonas ................................ 25Homógrafos ............................................................. 26Acento circunflexo em algumas formas verbais ..... 27Ditongos ................................................................... 27Outras regras ............................................................ 28
Hífen ............................................................................ 29Emprego do hífen em compostos ............................ 29Emprego do hífen em formas verbais ..................... 31Emprego do hífen em palavras com prefixos .......... 31Guia prático para uso do hífen na prefixação ......... 33Emprego do hífen na translineação ......................... 34
Apóstrofo ..................................................................... 35Maiúsculas e minúsculas ............................................. 36Particularidades ortográficas de algumas categorias
de palavras ............................................................ 39Substantivos e adjetivos (aumentativos e diminu-
Verbos ...................................................................... 40Verbos em -ear e -iar ......................................... 40Verbos em -isar e -izar ....................................... 41Verbos em -oar e -uar ........................................ 41Verbos em -oer ................................................... 42Verbos caber, saber e trazer ............................... 42Verbo poder ........................................................ 42Verbo pôr (ant. poer) ........................................... 42Verbos derivados de pôr (apor, compor, dispor,
expor, etc.) ....................................................... 42Verbos querer e requerer .................................... 43Verbos ter e vir ................................................... 43Verbos em -uir .................................................... 43
Formas verbais com pronomes átonos .................... 44Sinais de pontuação e outros ....................................... 45
Ponto ........................................................................ 46Vírgula ..................................................................... 48Ponto e vírgula ......................................................... 49Dois pontos .............................................................. 49Ponto de interrogação .............................................. 50Ponto de exclamação ............................................... 50Reticências ............................................................... 50Travessão ................................................................. 51Parênteses ................................................................ 51Aspas ....................................................................... 52
Quanto à grafia ........................................................ 99Quanto ao som e à grafia ........................................ 99Quanto ao sentido .................................................... 101
Concordância entre o substantivo e o adjetivo .... 104Concordância entre o sujeito e o verbo ............... 105
Colocação dos pronomes pessoais clíticos .................. 106Preposições .................................................................. 108
Preposições simples ................................................. 109Valor das preposições .............................................. 110
Emprego do infinitivo .................................................. 113Infinitivo e construções de subordinação ................ 114
ÍNDICE
388
Formas do infinitivo ................................................. 114Infinitivo impessoal ................................................. 114Infinitivo pessoal ...................................................... 115
Emprego do gerúndio .................................................. 115Formas do gerúndio ................................................. 116Relação temporal ..................................................... 116Outras relações ........................................................ 116Gerúndio e auxiliares ............................................... 117
Uso de alguns tempos gramaticais .............................. 117Presente do indicativo .............................................. 117Imperfeito do indicativo .......................................... 118Presente do conjuntivo ............................................. 119Imperfeito do conjuntivo ......................................... 119
Particularidades sintáticas ............................................ 119Que?, ou o que? ....................................................... 119
Construções com aconselhar, informar, ordenar,insultar, preferir, dizer/falar ................................ 120Verbos do tipo aconselhar .................................. 121Verbos do tipo informar ..................................... 121Verbos do tipo ordenar ....................................... 121Verbos do tipo insultar ....................................... 122Verbos do tipo preferir ....................................... 122Os verbos dizer e falar ....................................... 122
ALGUMAS DIFICULDADES DA LÍNGUAPORTUGUESA .......................................................... 124
REVISÃO DE PROVAS .................................................. 373Algumas indicações úteis ............................................ 373Prova de revisão ........................................................... 374Prova emendada ........................................................... 375Correspondência de sinais ........................................... 375
LOCUÇÕES LATINAS E DE OUTRA ORIGEM ......... 376
ACORDOS ORTOGRÁFICOS ....................................... 383Breve nota sobre os acordos ortográficos ................... 383
ÍNDICE
390
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INTRODUÇÃO
Embora a última atualização deste prontuário seja recente— data de 2007 —, a entrada em vigor do novo Acordo Orto-gráfico tornou indispensável, como é óbvio, a introdução dasalterações por ele impostas, e que visam especialmente quatroaspectos: eliminação das chamadas consoantes mudas em cer-tos grupos consonânticos, modificações nas regras de acentua-ção, hifenização e uso de letras maiúsculas e minúsculas.
Assim, foram introduzidas ou alteradas no vocabulário ge-ral, praticamente, todas as palavras cuja grafia foi afetada peloNovo Acordo, registadas as formas duplas agora aceites nanossa língua e incluídos mais alguns aportuguesamentos jádicionarizados.
Lisboa, Novembro de 2010
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ORTOGRAFIA
RELAÇÕES ENTRE GRAFIA E SOM
Para representar na escrita as palavras de uma línguausam-se sinais gráficos, designados letras, cujo conjunto orde-nado constitui um alfabeto. Usam-se ainda, em português, si-nais adicionais (como os acentos e o til) que têm a função deindicar de forma mais aproximada a pronúncia de alguns sons.O conjunto de normas que estabelece a utilização dos sinaisgráficos constitui a ortografia de uma língua.
Estas normas, no entanto, não permitem representar deforma rigorosa os sons produzidos pelos falantes, uma vezque, de um modo geral, não existe uma relação direta e uní-voca entre os sinais gráficos e os sons representados. Con-vém, pois, distinguir de forma clara os sons da fala dos sinaisgráficos que usamos na escrita para os representar, tendo emconta que essa representação é apenas aproximada e conven-cional.
Alfabeto
O alfabeto português compõe-se fundamentalmente de vin-te e seis letras:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.
nele tendo sido introduzidas oficialmente, via Acordo, as letrask (capa ou cá), w (dáblio ou dâblio, designado tradicional-mente por duplo vê), e y (épsilon, também por tradição chama-do i grego), as quais, no entanto, têm um uso restrito. Assim,empregam-se, de um modo geral, apenas em nomes próprios eseus derivados, em unidades monetárias, em símbolos de utili-zação internacional e em derivados de topónimos, como seexemplifica no Vocabulário Geral.
Como é evidente, estas letras surgem também nos nomespróprios e nos estrangeirismos cuja grafia, por manifesta im-possibilidade, não foi adaptada ao português.
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Transcrição fonética
Quando se pretende indicar de forma rigorosa a pronúncia(ou as várias pronúncias possíveis) de uma dada palavra ousequência recorre-se à transcrição fonética, que é a reprodu-ção sistemática dos sons da fala feita com base num conjuntode símbolos fonéticos chamado alfabeto fonético. Utilizare-mos, sempre que necessário, este tipo de transcrição recorren-do ao subconjunto de símbolos do Alfabeto Fonético Interna-cional (AFI) atualmente usado para representar os sons doportuguês.
A transcrição fonética de um segmento (vogal, semivogal,consoante), de um conjunto de segmentos (sílaba, ditongo), deuma palavra ou de uma sequência é sempre dada entre parênte-ses retos. As transcrições apresentadas pretendem representara pronúncia normal, em registo pausado, do português europeucontemporâneo. Quando há, neste espaço linguístico, diferen-ças quanto à pronúncia que se julgue oportuno assinalar, serãofornecidas indicações sobre as mesmas.
Damos em seguida a relação dos símbolos utilizados aolongo deste guia com exemplos de palavras em que ocorremos sons representados (destacados a negro).
Vogais são os sons da fala produzidos com vibração dascordas vocais, saindo o ar livremente através da cavidade bu-cal. As diferenças entre as diversas vogais são consequência,fundamentalmente, das diferentes configurações da cavidade
2 [�] representa a consoante com uma articulação na zona posterior dacavidade bucal, tal como ela é geralmente pronunciada na zona de Lisboa;[r] corresponde a uma articulação mais anterior, que é a pronúncia maisfrequente noutras regiões.
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bucal durante a sua produção, determinadas pela posição dosarticuladores (lábios, língua, maxilar inferior).
Em português, existem, além de vogais orais, produzidascom passagem do ar apenas através da cavidade bucal, vogaisnasais, em cuja produção o ar passa também através da cavi-dade nasal.
Em português, só as vogais podem constituir núcleo dasílaba, isto é, o seu elemento central — uma sílaba pode serformada apenas por uma vogal, o que não acontece com osoutros tipos de segmentos. As vogais costumam distinguir-seem função do acento, determinado sobretudo pela intensidadecom que são produzidas. As que ocorrem em sílaba acentuadasão chamadas tónicas e as que ocorrem em sílaba não acentua-da designam-se por átonas, podendo distinguir-se estas quantoà sua posição relativamente à sílaba acentuada — átonas pre-tónicas e átonas postónicas (v. Acentuação, p. 23).
As vogais distinguem-se quanto ao timbre, podendo serabertas, como [�], [�], [a], ou fechadas, como [i], [o], [u].3
Chamamos também vogais aos sinais gráficos ou letras queusamos na escrita para representar, de um modo geral, as vo-gais (fonéticas), isto é, os sons vocálicos. Não sendo direta arelação entre a escrita e os sons que ela pretende representar,torna-se, por vezes, necessário distinguir vogais fonéticas devogais gráficas. Veja-se, por exemplo, a sequência en da pala-vra vento, em que usamos na escrita uma vogal e uma con-soante gráficas para representar apenas uma vogal fonética.
São as seguintes as vogais que ocorrem em português:
ORTOGRAFIA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA E EXEMPLOS
a [a] fala, animal[�] pano, luva
e [�] neto, café, papel[e] dedo, saber[�] (ocorre apenas em sílaba átona e é fre-
quentemente suprimida na fala, sobretu-do em final de palavra) se, levar, chave
[i] elevadorNa pronúncia de Lisboa, pode ainda corres-
ponder a [�] (por vezes ditongado) empalavras como lenha, espelho, texto, vejo
i [i] lima, funil, ideiao [�] bola, anzol, horta
3 Mais rigorosamente, [�] e [�] costumam classificar-se como semiaber-tas e [e] e [o] como semifechadas.
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[o] todo, vapor[u] pato, total
u [u] lua, azul
As vogais nasais que ocorrem, com frequência, em portu-guês são [��], [��], [��], [õ] e [u �]. Na escrita representam-se comtil, m ou n:
OBSERVAÇÃO: As vogais nasais, no fim das palavras, são represen-tadas por ã (ãs), im (ins), om (ons), um (uns): afã, cãs, flautim, folhe-tins, tom, bons, alguns, etc.
DITONGOS
Chama-se ditongo a uma sequência de uma vogal e uma se-mivogal (ditongo decrescente) ou de uma semivogal e umavogal (ditongo crescente). As semivogais são sons muito pró-ximos das vogais, distinguindo-se destas por nunca poderemconstituir sozinhas núcleo de sílaba (uma sílaba pode ser cons-tituída apenas por uma vogal, uma semivogal ocorre semprejunto de uma vogal na mesma sílaba). Existem em portuguêsditongos orais e ditongos nasais formados por combinação devogais com as semivogais [j] e [w].
Em português, pode dizer-se que apenas os ditongos cres-centes são estáveis, isto é, são sempre pronunciados comoditongos e nunca como sequências de duas vogais. A pronún-cia dos ditongos crescentes, com exceção dos que são consti-tuídos pela semivogal [w] precedida das consoantes [k] (escri-ta q) ou [g] (quatro, água), pode alternar com a pronúncia dasmesmas sequências gráficas como vogais pertencendo a síla-bas diferentes (v. Hiatos, p. 15).
É o que acontece, por exemplo, com as sequências escritasia, io, ea, ue em palavras como pátria, exercício, veado, Ma-nuel, que numa fala mais rápida podem ser pronunciadas comoditongos crescentes e numa fala mais pausada podempronunciar-se como duas vogais de sílabas diferentes, isto é,como hiatos.
Indicam-se em seguida alguns ditongos decrescentes com arespectiva grafia.
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DITONGOS ORAIS
ORTOGRAFIA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA E EXEMPLOS
ai [aj] pai, baixarei [�j] (na pronúncia de Lisboa) ou [ej] leite,
em formas verbais quando tónico: estão,são, cantarão
am [��w �] em formas verbais quando átono:amam, amavam, saibam
OBSERVAÇÕES
1 — ae pronuncia-se como ditongo em Caetano.2 — Nos substantivos e adjetivos terminados em ão não agudos
acentua-se graficamente a sílaba tónica: bênção, Estêvão, órfão.3 — O u gráfico pronuncia-se como [w] sempre que é precedido de
q ou g e seguido de a e nalguns casos em que é precedido das mesmasconsoantes e seguido de e ou i. Nestas situações, pode considerar-se,portanto, que [w] constitui com a vogal seguinte um ditongo crescente:quatro, quanto, água (e também aquoso), cinquenta, aguentar, tran-quilo.
4 — Há oscilações na pronúncia de u quando precedido de q eseguido de o, podendo não ser pronunciado em palavras como quota,quotidiano.
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5 — O o gráfico pronuncia-se também como [w] em palavrascomo mágoa.
HIATOS
Chama-se hiato à sequência de duas vogais fonéticas quepertencem a sílabas diferentes. Na escrita não se distinguem oshiatos dos ditongos (representados também por duas vogaisgráficas), pelo que será sempre necessário ter em conta a pro-núncia para os diferenciar. Recorre-se normalmente à divisãosilábica (v. Sílabas, p. 22), visto que, ao contrário do que acon-tece com os hiatos, os elementos que constituem o ditongo(vogal e semivogal) fazem parte da mesma sílaba.
Temos hiatos em palavras como boa, dia, lua.Em português, distinguem-se claramente ditongos decres-
centes, cuja pronúncia é estável, de hiatos, mesmo quando têmgrafias semelhantes (confronte-se pais [ paj�] e país [p� i�]).O mesmo não acontece, como já foi notado, com os ditongoscrescentes, em que uma mesma sequência gráfica pode serpronunciada como ditongo, numa fala mais rápida, ou comohiato, numa fala mais pausada.
CONSOANTES
Consoantes são os sons da fala produzidos com uma obs-trução total ou parcial à passagem do ar através da cavidadebucal. O seu modo de articulação, que é definido justamentepela forma como o ar passa na referida cavidade, permite dis-tinguir, por exemplo, consoantes oclusivas, produzidas comuma oclusão, isto é, um obstáculo total à passagem do ar, deconsoantes fricativas, em que a obstrução é apenas parcial,sendo o ar forçado por uma passagem estreita e criando-seruído. Vejam-se os seguintes exemplos:
Chamamos também consoantes aos sinais gráficos ou le-tras que usamos na escrita para representar, de um modo geral,as consoantes (fonéticas), isto é, os sons consonânticos. Nãosendo directa, como já foi notado, a relação entre a escrita e ossons que ela pretende representar, torna-se, por vezes, neces-sário distinguir consoantes fonéticas de consoantes gráficas.
Para representar alguns sons consonânticos usam-se tam-bém dígrafos, como ch, lh, nh, rr, ss, que são combinações deduas letras que reproduzem um único som; gu e qu são tam-
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bém dígrafos quando u não é pronunciado, como em guita,querer.
Dá-se em seguida o inventário das consoantes gráficas doportuguês com indicações sobre os sons a que podem corres-ponder.
ORTOGRAFIA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA E EXEMPLOS
b [b] bata, blusa, breve, lobo, subtilc [k] antes de a, o, u e consoante: casa, clave,
cravo, facto[s] antes de e, i: cena, aceso, cinza, ácido
ç [s] só se usa no meio da palavra antes de a,o, u: graça, aço, açúcar
d [d] data, droga, admitirf [f] fala, flor, fraco, aftag [g] antes de a, o, u ou consoante: ganhar,
gosto, gula, globo, agradar, água[�] antes de e ou i: gente, fugir
gu (dígrafo)4 [g] antes de e, i: guerra, guitah Não é pronunciado (excepto em dígrafos, cf.
abaixo nh e lh), devendo-se o seu uso arazões de natureza etimológica ou a con-venções meramente ortográficas. Usa-seapenas em início de palavra, no fim dealgumas interjeições ou no interior dederivados e compostos quando o elemen-to iniciado por h é separado por hífen:haver, hélice, homem, ah!, oh!, anti-hi-giénico, anti-humano, contra-haste,mal-humorado, pré-história, sobre--humano, super-homem
j [�] jarro, jeito, jibóia, jornal, jurar, ajudal [l] leite, mal, falta (em fim de sílaba tem
uma pronúncia velarizada [�])m [m]mola, ama, omnipotente
Antes de consoante p ou b (e também antesde outro m) e em fim de palavra ou deelemento de palavra derivada ou com-posta separado por hífen não se pronun-cia como consoante, mas usa-se paramarcar a nasalidade da vogal precedente(ou ditongo — v. Ditongos, p. 13): cam-po, ambos, lembrar, pombo, comum-mente, bem, bem-vindo, cantam
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4 Note-se que gu não será dígrafo quando o u é pronunciado.
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n [n] nota, análise, hífenQuando seguido de consoante não se pro-
nuncia como tal, usando-se para marcara nasalidade da vogal precedente (ou di-tongo — v. Ditongos, p. 13): canto,Benfica, ponte, entender, pinto, Alen-tejo, parabéns
de u pro- quilo (v. Ditongos, p. 13, Observaçõesnunciado) 3 e 4, p. 14)qu (dígrafo [k] apenas antes de e ou i: quente, aquele,seguido química, aquilode u não pro-nunciado)
r [] entre vogais (gráficas), em final de síla-ba ou em grupo consonântico homossilá-bico (em que as consoantes fazem parteda mesma sílaba): cara, carta, partir,prémio, atrito
[�] ou [r] (mais ou menos recuado) em iní-cio de palavra ou no meio de palavraem início de sílaba quando precedido deconsoante (gráfica), mais frequentemen-te l ou n: roupa, melro, honra, desres-peito
rr (dígrafo) [�] ou [r] (mais ou menos recuado) entrevogais: correr, arredondado
s [s] em início de palavra ou no meio de pala-vra quando precedido de consoante (grá-fica): saber, falso, penso, psicológico
[z] entre vogais (gráficas): asa, mesa[�] em final de palavra ou sílaba: nós, peste5
ss (dígrafo) [s] entre vogais: assim, cantasset [t] tela, atar, troca, atlas, atriz, optarv [v] vento, haver, palavrax [�] em início, no meio ou (mais raramente)
no fim de palavra: xarope, caixa, expe-
5 Note-se que a pronúncia varia nesta posição em função do segmentoseguinte. Veja-se a diferença entre peste, em que a pronúncia é [�], consoan-te não vozeada (produzida sem vibração das cordas vocais), porque a con-soante seguinte é também não vozeada, e desde, em que se pronuncia como[�], com vozeamento (com vibração das cordas vocais), pois a consoanteseguinte é vozeada. Quando em fim de palavra, se seguido de palavra come-çada por vogal, pode ainda pronunciar-se [z], como, por exemplo, em osolhos.
s e zO emprego do s e do z, quando pronunciados da mesma
forma (no interior ou no fim de palavra), coloca, naturalmente,certas dificuldades. Indicam-se algumas generalizações cujoobjectivo é esclarecer, na medida do possível, sobre a utiliza-ção destas duas letras. Deve notar-se que o seu emprego se
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justifica, de um modo geral, pela etimologia, mas também pormera convenção ortográfica, pelo que nem sempre é possívelestabelecer «regras» precisas.
1. Escrevem-se com z as palavras portuguesas em que aesta consoante corresponde t ou c das palavras latinas que lhesderam origem: avareza < AVARITIA; cozer < COCERE; dizer <DICERE; fazer < FACERE; luz < LUCE; vizinho < VICINU; etc.
2. Escrevem-se com z os sufixos -ez ou -eza (do lat. -ITIA)que ocorrem em substantivos derivados de adjetivos: lucidez(de lúcido), sisudez (de sisudo), beleza (de belo), lindeza (delindo). (Não confundir com -esa, como em defesa, despesa,devesa, presa, etc.).
3. Escreve-se com s o sufixo -esa (do lat. -ENSA) que ocor-re: a) no feminino dos nomes de nacionalidade ou naturalidadeem -ês, como francesa, marselhesa, portuguesa; b) na formafeminina de alguns nomes que designam cargos ou títulos,como arquiduquesa (de arquiduque), baronesa (de barão),consulesa (de cônsul), dogesa (de doge), marquesa (de mar-quês), etc.; c) em substantivos com origem no particípio passa-do de verbos com radical terminado em d, como despesa(de despender), presa (de prender), etc.
4. Escrevem-se com z as palavras derivadas com os sufixosaumentativos -az, -zão, -zarrão, -zada, -zona, e diminutivos-zinho, -zito, como velhacaz, mauzão, canzarrão, chazada,mazona, irmãozinho, jardinzito (v. Aumentativos e diminuti-vos, p. 39).
5. Escreve-se com z o sufixo verbal -izar, idealizar (ideal),suavizar (suave) e também os verbos derivados de palavrascom z (que têm, portanto, a mesma terminação), deslizar (dedeslize), matizar (de matiz) (v. Verbos em -izar, p. 41).Escrevem-se também, naturalmente, com z os nomes deriva-dos de verbos terminados em -izar, como civilização (de ci-vilizar), divinização (de divinizar), fertilização (de fertili-zar), galvanização (de galvanizar), hipnotização (dehipnotizar), simbolização (de simbolizar), utilização (de uti-lizar).
6. Escreve-se com s a terminação -isar de verbos deriva-dos de palavras com s, visto que neste caso o sufixo verbalserá apenas -ar, como analisar (de análise), avisar (de avi-so), bisar (de bis), pesquisar (de pesquisa) (v. Verbos em-isar, p. 41).
7. Emprega-se z no fim de palavras agudas terminadas emaz, iz, oz, uz: falaz, feliz, algoz, capuz.
A terminação -iz encontra-se: a) no sufixo que indica agen-te da ação: aprendiz (de aprender), chamariz (de chamar);b) na forma fem. de nomes com masc. em -or: atriz (ator),imperatriz (imperador).
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Há um número razoável de palavras com -iz final: almo-fariz, ambulatriz, bissetriz, cerviz, chafariz, cicatriz, codorniz,giz, locomotriz, matiz, nariz, perdiz, sobrepeliz, trissetriz, va-riz, verniz, etc.
Escrevem-se com z, de acordo com a etimologia, os topóni-mos e antropónimos: Ormuz, Queluz, Romariz (top. e antr.),Cruz, Forjaz, Luz, Vaz, etc., mas usa-se s e não z em Avis, Brás,Gerês, Inês, Luís, Queirós, Tomás, etc.
8. A terminação -ez usa-se em palavras agudas quando o eé fechado ([e]), como em vez (cf. os exemplos dados em 2.).Escrevem-se, porém, com s os nomes de nacionalidade ounaturalidade, como português, francês, mirandês, e tambémrês, mês.
9. Se o e for aberto ([�]), usa-se s: através, revés.10. Usa-se sempre s quando a terminação marca o plural:
más, pés, vis, pós.11. Nos nomes próprios com origem em patronímicos (no-
mes que indicam a filiação), as terminações es, s (emboraprovenientes de ICI latino) escrevem-se em geral com s: Dias,Gonçalves, Martins, Miguéis, Nunes, Rodrigues, etc.
12. Escrevem-se sempre com s os sufixos -oso e -osa:amoroso, chuvoso, fogoso, harmonioso, orgulhoso, saudoso,etc.
mm e nnAs sequências mm e nn ocorrem apenas quando as con-
soantes m e n são precedidas por uma vogal nasal cuja nasali-dade é marcada também por m e n, como em circum-medir,circum-murado, comummente, ruimmente, connosco.
rrQuando, em derivados ou compostos, o r inicial passa a
interior e ocorre entre vogais (gráficas), usa-se rr: anterrosto,arritmia, derrogação, derrogar, monorrítmico, prerrogativa,prorrogação, prorrogar, etc.
ssQuando, em derivados ou compostos, o s inicial passa a
Consoantes finais que se usam em topónimose antropónimos
As consoantes finais b, c, d, g e t conservam-se em antro-pónimos e topónimos que a tradição consagrou, especialmentenos de origem hebraica, de acordo com o uso comum: Jacob,Job, Moab; Isaac; David, Gad, Nemrod; Gog, Magog; Bensa-bat, Josafat.
Incluem-se nesta norma: a) o antropónimo Cid em que o dé sempre pronunciado; b) os topónimos Madrid e Valhadolid,em que o d final ora é pronunciado ora não; c) o topónimoCalecut, em que o t é geralmente pronunciado.
Consoantes mudas e sequências consonânticas
O Novo Acordo consagra — é uma das suas importantesalterações — a eliminação das consoantes ditas mudas emalgumas sequências consonânticas, e cuja presença era enten-dida como forma de marcar a abertura das vogais que se lhesseguiam. Contudo, nessas sequências (cc; cç; ct; pc; pç; pt),casos há em que a referida consoante se articula claramente,pelo que se mantém (exemplos: faccioso; convicção; facto;capcioso; corrupção; adepto), e outros ainda em que se registauma oscilação na pronúncia da mesma nas sequências conso-nânticas cc, cç e ct, donde resulta que se admitem as duplasgrafias (exemplos: infeccioso e infecioso; sector e setor; carac-terística e caraterística).
A grande maioria dos vocábulos afetados por estas altera-ções ou cuja grafia se mantém, assim como os que admitemdupla grafia, encontram-se registados, na sua forma correta,no Vocabulário Geral.
Seguem-se exemplos de algumas sequências consonânticasque ocorrem em português em que as respectivas consoantessão sempre articuladas:
Os falantes de uma língua têm, de um modo geral, cons-ciência das sílabas, que correspondem às unidades em que sedividem as palavras quando são pronunciadas lentamente.Pode, pois, dizer-se que a sílaba constitui uma unidade depronúncia intuitivamente reconhecida. Qualquer falante, mes-mo não alfabetizado, saberá dividir, por exemplo, a palavraboneca nas sílabas que a constituem, bo-ne-ca.
Em português, o elemento obrigatório da sílaba é a vogal,que constitui o seu núcleo ou elemento central. Assim, umasílaba pode ser constituída: apenas por uma vogal, como ema-bo-no, lu-a; por um ditongo (vogal e semivogal), comoem au-men-tar, eu-ro-peu; por uma vogal ou ditongo prece-didos e/ou seguidos de consoantes, como em pro-pos-ta,pa-péis, cris-tãos.
Chamam-se sílabas abertas às terminadas por vogal, comoem pa-ti-nho, e sílabas fechadas às que terminam em con-soante, como em fal-tas.
Quanto ao número de sílabas, as palavras classificam-seem monossílabos (com uma única sílaba): chá, pé; e polissí-labos (com mais de uma sílaba): cho-que, di-ton-go, u-ni--ver-si-tá-rio. Dentro dos polissílabos podem distinguir-se osdissílabos (com duas sílabas) e os trissílabos (com três síla-bas).
Divisão silábica na translineação
Quando, na escrita, separamos uma palavra no final de umalinha usando um hífen, essa divisão, chamada translineação,deve respeitar a divisão silábica, não se podendo separar asletras que representam segmentos que pertencem à mesma