1 JUSTIFICATIVA Esse projeto nasceu da necessidade de investigar sobre o tema indisciplina, pois é um dos temas atuais que mais preocupam os professores e todos os envolvidos no processo de ensino. Além de transformar – se em desordem, a indisciplina dificulta a relação com o professor, aluno e aprendizagem e pode apresentar sérias complicações no desenvolvimento cognitivo, moral e social. Assim, por meio do gerenciamento na Educação Infantil pode-se resguardar que todos os alunos estejam ativamente envolvidos nas tarefas. Deste modo o professor previne as questões que desestabilizam a disciplina da sala antes que elas ocorram. O professor torna-se proativo e deixa de ser reativo. É necessário que a criança inicie o seu convívio com regras. É interessante que, ao propor uma atividade, o professor já tenha preparado o material e o ambiente em que trabalhará com o grupo. Além disso, tem que pensar o tempo de duração das atividades. E a convivência necessita do estabelecimento de algumas regras. Por meio da disciplina, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais constrói conhecimentos, desenvolve integralmente. A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida, reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não permitirá que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende. (ANTUNES, 2005). Diante disso, gerou a seguinte problemática,Como resolver o problema da indiscipli na na sala de aula? É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também não para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. (ANTUNES, 2005) O aluno indisciplinado é aquele cujas ações rompem com as regras da escola, mas também aquele que não está desenvolvendo suas próprias possibilidades cognitivas, atitudinais e morais. (GARCIA, 1999). Então, o aluno disciplinado terá um bom rendimento na aprendizagem e no comportamento ético, ou seja, autocontrole, hábitos de obediência, controle da mente e do caráter, que contribuirá para o convívio em sociedade. Contudo, transformar a disciplina em um “valor”. Isto é, fazer com que seja vista como uma qualidade humana, imprescindível à convivência é fundamental para as boas relações interpessoais. Este projeto é relevante socialmente porque oportunizará maior reflexão no contexto da escola e cientificamente possibilitará compreender melhor o processo de indisciplina além de superar lacunas sobre o tema estudado. Este projeto será realizado na creche turma do pré I no CMEI – João Paulo I, localizado na Rua 13 S/N do bairro João de Deus. Envolvendo as disciplinas de Português, Matemática, Ciências e Artes com duração de quinze dias serão colhidas as informações com aprofessora da sala investigada e a coordenadora da instituição.
75
Embed
PROJETO INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL - justificativa
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
1 JUSTIFICATIVA
Esse projeto nasceu da necessidade de investigar sobre o tema indisciplina, pois é um dos
temas atuais que mais preocupam os professores e todos os envolvidos no processo de ensino.
Além de transformar – se em desordem, a indisciplina dificulta a relação com o professor,
aluno e aprendizagem e pode apresentar sérias complicações no desenvolvimento cognitivo,
moral e social.
Assim, por meio do gerenciamento na Educação Infantil pode-se resguardar que todos os
alunos estejam ativamente envolvidos nas tarefas. Deste modo o professor previne as
questões que desestabilizam a disciplina da sala antes que elas ocorram. O professor torna-se
proativo e deixa de ser reativo. É necessário que a criança inicie o seu convívio com regras.
É interessante que, ao propor uma atividade, o professor já tenha preparado o material e o
ambiente em que trabalhará com o grupo. Além disso, tem que pensar o tempo de duração
das atividades. E a convivência necessita do estabelecimento de algumas regras.
Por meio da disciplina, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a
existência dos outros, estabelece relações sociais constrói conhecimentos, desenvolve
integralmente. A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida,
reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não permitirá que o
aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende. (ANTUNES, 2005).
Diante disso, gerou a seguinte problemática,Como resolver o problema da indiscipli na na sala
de aula?
É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor um objetivo a
se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também não para que a aula do
professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao menos se aprenda como tentar
modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. (ANTUNES, 2005)
O aluno indisciplinado é aquele cujas ações rompem com as regras da escola, mas também
aquele que não está desenvolvendo suas próprias possibi lidades cognitivas, atitudinais e
morais. (GARCIA, 1999).
Então, o aluno disciplinado terá um bom rendimento na aprendizagem e no comportamento
ético, ou seja, autocontrole, hábitos de obediência, controle da mente e do caráter, que
contribuirá para o convívio em sociedade.
Contudo, transformar a disciplina em um “valor”. Isto é, fazer com que seja vista como uma
qualidade humana, imprescindível à convivência é fundamental para as boas relações
interpessoais. Este projeto é relevante socialmente porque oportunizará maior reflexão no
contexto da escola e cientificamente possibilitará compreender melhor o processo de
indisciplina além de superar lacunas sobre o tema estudado.
Este projeto será realizado na creche turma do pré I no CMEI – João Paulo I, localizado na Rua
13 S/N do bairro João de Deus. Envolvendo as disciplinas de Português, Matemática, Ciências e
Artes com duração de quinze dias serão colhidas as informações com aprofessora da sala
investigada e a coordenadora da instituição.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL:
Investigar o trabalho desenvolvido pelo professor para minimizar a indisciplina na sala de aula
da educação infantil, na creche do bairro João de Deus.
2.2 ESPECÍFICOS:
Verificar que atividades são utilizadas em sala de aula para desenvolver sentimentos e atitudes
necessários a convivência social.
Identificar as causas motivadoras para o comportamento indisciplinar.
Analisar fatores internos que podem interferi nas questões disciplinares da escola.
3 PROBLEMA
Que fatores que geram a indisciplina numa turma do pré I da educação infantil, numa creche
em Petrolina?
3.1 QUESTÕES NORTEADORAS
Que atitudes docentes são usadas para melhoria comportamental dos alunos?
O que deve fazer a escola para desenvolver regras na convivência?
Que atividades são mais importantes para desenvolver a concentração e criatividade das
crianças?
4 DISCURSSÃO TEÓRICA
A Educação Infantil é o nível educacional que, é parte integrante da Educação Básica do País
destinada a todas as crianças de zero a cinco anos de idade. No entanto, este nível de ensino
nem sempre ocupou um espaço relevante na formação da criança, como nos dias de hoje. Seu
surgimento ocorreu lentamente e foi, durante o século XIX, mediante significativas
contribuições teóricas e das mudanças políticas e econômicas daépoca, que se iniciou seu
desenvolvimento.
É nesta fase que a criança aumenta suas relações sociais e adquire noções de convivência com
o coletivo. Começa também a desenvolver as noções de valores, de justiça e de moralidade, e
a aprimorar seu desenvolvimento aprendizagem, motor e cognitivo. Nesta primeira etapa da
Educação Básica, onde as crianças estão no início de seu desenvolvimento social, as noções de
disciplina já começam a ser expostas e os atos de indisciplina já começam a aparecer.
(OLIVEIRA, 2010)
A indisciplina na etapa da Educação Infantil é demonstrada de formas bem particular e
diferente das que ocorrem em idades mais avançadas. Portanto, ao contrário do que alguns
possam pensar, ela já existe desde que a criança entra na escola e vira uma das maiores
preocupação dos professores desta etapa, que estão focados na estimulação do
desenvolvimento da criança como um todo e na educação para a cidadania.
Karlin e Berger (1977, p. 103) complementa, que “algumas crianças desde que começam a
freqüentar a escola, já demonstram algum tipo de indisciplina”. Então caberia ao professor
desta etapa criar possibilidades da criança se desenvolver para a vida em sociedade,
independente do histórico familiar de cada uma delas.
Assim como em qualquer outro lugar, o espaço da Educação Infantil também apresenta
diferentes demonstrações de indisciplina e que só podem ser percebidas se for considerado o
contexto em que elas ocorrem. Os entendimentos sobre a indisciplina, segundo Vergés(2003,
p. 31) variam, pois dependem da vivência familiar de cada criança, dos costumes, da crença e
da cultura em que a criança está inserida, assim como podem depender dos traços de
personalidade de cada uma, das fases do desenvolvimento em que está passando e, também,
da influência do professor, da escola e da metodologia de ensino utilizada. Há uma variedade
de causas e sentidos por trás das demonstrações de indisciplina escolar e, identificá-las é o
primeiro passo para inibi-las.
O importante é identificar o que envolve um ato de indisciplina para melhor compreendê -lo e
defini-lo, destacando se sua manifestação se trata de uma questão pessoal da criança, familiar,
relacional ou escolar. Vergés e Sana (2009, p. 35) sugerem:
O que devemos entender é que nenhum aluno nasce indisciplinado; ele se torna indisciplinado
em determinadas situações, dependendo do sentido da indisciplina para ele naquele
momento, com vários fatores que possam levá-lo a agir dessa forma.
Na Educação Infantil, de uma maneira geral, os atos indisciplinados envolvem a intolerância à
frustração, a necessidade de atenção, o egocentrismo – ainda característico da faixa etária em
que se encontram as crianças, o desinteresse pela aula, a exclusão do diferente, a falta de
limites definidos e a falta de orientação e consistência no ambiente familiar da criança.
(ESTRELA, 1992). Outro aspecto comumente envolvido nas expressões de indisciplina, nesta
fase, se refere ao desenvolvimento do esquema corporal que emalgumas crianças ainda não
está completo, assim, ainda apresenta um comportamento comunicativo devido à falta de
coordenação motora fina, principalmente. Nestes casos, as crianças são identificadas como
“estabanadas”, pisam nos pé das outras, gostam de brincar de luta, exigindo contato físico,
atingem os outros com peças de jogos, abraçam com força, podendo machucar o colega e
podem, até mesmo, ser identificadas como agressivas.
Nos outros casos, o aparecimento de indisciplina demonstra uma condição de aborrecimento,
como já citado, pode ser de ordem familiar, pessoal, relacional ou escolar, revelado como
desinteresse, desatenção, resistência, desrespeito e falta de empatia. Dessa forma percebe-se
que não é apenas o contexto familiar ou pessoal que determina a ocorrência dos atos de
indisciplina em sala de aula, como também, a própria sala de aula, o professor, a metodologia
de ensino e a relação pedagógica podem desencadear a indisciplina escolar. Segundo karlin e
Berger (1977, p. 20), quando a aula não está interessante e atraente para as crianças, elas
perdem o interesse ou ficam desmotivadas, o que as leva a agir de forma indisciplinada para
demonstrar que estão insatisfeita com alguma coisa.
As demonstrações de aborrecimento que envolvem os atos de indisciplina nas crianças da
Educação Infantil podem ser caracterizadas por morder, beliscar ou bater no colega, brincar de
luta, destruir o material escolar, conversar enquanto a professora ou outro colega está
falando, apresentarum comportamento desafiador, fazendo caretas ou respondendo mal à
professora e não fazer a atividade proposta em sala de aula, se recusando ou resistindo a
participar.
É válido destacar que a agitação motora é uma característica própria ao comportamento das
crianças nesta faixa de idade que precisam brincar se movimentar e criar para extravasar a
energia. A movimentação e o barulho podem ser esperado. Neste sentido, Vergés (2003, p. 32)
afirma que:
a criança que questiona, pergunta e se movimenta em sala de aula, não pode ser considerada
indisciplinada, porque na construção do conhecimento, a criança precisa buscar as alternativas
para encontrar o melhor caminho para aprender. Agora, aquele aluno que não tem limites,
não respeita a opinião e os sentimentos dos colegas, esse sim, é um aluno que pode ser
considerado indisciplinado.
Os momentos de brincadeiras e jogos, no parquinho ou em sala de aula constituem,
facilmente, um campo de observação das manifestações de indisciplina, pois expressões de
intolerância à frustração e desrespeito são comuns nestes ambientes na Educação Infantil,
onde as crianças ainda estão desenvolvendo suas noções de moralidade. As crianças que não
têm limites estabelecidos e não respeitam os colegas, a professora e as regras, e brincadeiras,
elas freqüentemente apresentam comportamentos indisciplinados. Cabe a escola e ao
professor transmitir os valores e promover a aprendizagem das regras de convivência social, a
auto-regulagem e a autodisciplina.La Taille diz que “as crianças precisam aderir as regras que
implicam em valores e formas de conduta.” Em outras palavras, o pensador em consideração
estava dizendo que a educação deve começar desde os seus primeiros anos trabalhando,
temas concernentes ao assunto. É um meio de diminuir lá na frente os maus comportamentos
dos alunos.
As brincadeiras podem levar o acontecimento de conflitos, de desrespeito aos colegas e a
agressividade. Essa demonstração de intolerância e frustração que envolve o ato indisciplinado
implica, entre outros fatores, a relação que a criança tem com as regras, ou seja, a não relação
que a criança tem desenvolvida com a moral.
A indisciplina manifestada nesses momentos, além de perturbar o ambiente e as relações em
sala de aula, prejudica o desenvolvimento e o processo de aprendizagem da própria criança.
Estas crianças exigem maior atenção e estímulo para que possam se desenvolver moralmente
e, conseqüentemente, socialmente. O campo de relações sociais que a Educação Infantil
propicia, nas atividades, brincadeiras, lanche e higiene, recreio ou educação física, constitui o
ambiente que a criança necessita para desenvolver todas as suas competências e aprender a
conviver com o coletivo. Parte deste desenvolvimento está o desenvolvimento moral, que
envolve o processo de conscientização das regras na criança e que, conduz as crianças à
autonomia e à autodisciplina, faz com que as manifestações de indisciplina se tornem cada vez
mais improváveis.5 METODOLOGIA
O trabalho será feito por meio de uma abordagem qualitativa, propondo entender como
resolver o problema da indisciplina no desenvolvimento cognitivo das crianças na educação
infantil, na creche – João Paulo l, e entender a vivencia do professor em relação a isso.
A pesquisa será realizada na creche turma do pré I no CMEI – João Paulo I, localizado na Rua 13
S/N do bairro João de Deus em Petrolina Pernambuco, serão investigada a professora e a
coordenadora pedagógica, para identificar como se processa a indisciplina na educação infantil
e que fatores geram a indisciplina.
Para a realização da pesquisa será utilizado o método qualitativo, sendo que esse tipo de
abordagem é essencial ao pesquisador, pois propicia uma interpretação melhor dos dados.
Segundo Rodrigues (2006), é utilizada para investigar problemas em beneficio de sua
complexidade. Assim esse tipo é caracterizado pela construção do conhecimento a partir de
hipóteses e interpretações que o pesquisador constrói.
O projeto empregará a entrevista não estruturada e observação não participante, bem como o
uso do questionário. Para a coleta de alguns dados para o trabalho, a pesquisadora observará
os sujeitos desse alvo, pois ́ ´ a observação consiste em uma técnica de coleta de dados a partir
da observação e do registro, de forma direta, do fenômeno ou fato estudado``. (BARROS;
LENFELD, 2010)
Justifica–se a escolha de entrevista por ser um meio em que o pesquisador obtém informações
maiscompletas e detalhadas. A entrevista é uma técnica utilizada para obter informações por
meio de uma conversa orientada com o entrevistado e deve atender a um objetivo
predeterminado. O questionário também é um instrumento de coleta de dados. Constituído
por uma lista de questões relacionadas com o problema de pesquisa, o questionário deve ser
aplicado a um número determinado de informantes. (BARROS; LENFELD, 2000).
O estudo também contará com o diário de campo, que é importante, pois é o registro de fatos
observados através de observações. (BARROS; LENFELD, 2000). O trabalho será direcionado
aos alunos da educação infantil, professor e coordenador.
Os dados serão analisados a partir de observação em sala de aula e entrevista com o professor
e coordenador, estabelecendo-se um confronto com as leituras realizadas sobre o tema.
6 CRONOGRAMA
PERÍODO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
ETAPAS
1ª
2ª
1ª
2ª
1ª
2ª
1ª
2ª
1ª
2ª
Reestruturação do projeto
X
Pesquisa Bibliográfica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Elaboração dos instrumentos
X
Teste dos instrumentos
X
Aplicação dos instrumentos
X
Observação das aulas – entrevistas
X
X
X
Organização dos dados
X
X
Análise dos dados
X
X
Produção final Do TCC
X
X
REVISÃO
X
X
IMPRESSÃOX
ENTREGA FINAL
X
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. A Arte de Comunicar,. Editora Vozes. São Paulo. 2005;
BARROS, Cridil Jesus da Silveira; LENFELDE, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de
metodologia cientifica. 2. ed. emp. São Paulo: Macron Books, 2000.
DE LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, Júlio Groppa (Org.).
Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 14. ed. São Paulo: Summus, 1996. p. 9 –
24.
ESTRELA, Maria Teresa. Relação pedagógica, disciplina e indisciplina na aula. 3. ed. Porto:
Porto, 1992.
GARCIA, Joe. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Revista
Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 95, p. 101 – 108. Jan/Abr de 1999.
KARLIN, Muriel Schoenbrun; BERGER, Regina. Como lidar com o aluno problema.traduçao de
Ana Cecília de Carvalho Gontijo Belo Horizonte, interlivros,1977.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 5. ed. São
Paulo: Cortez, 2010.
RODRIGUES, Auvo de Jesus. Metodologia cientifica. São Paulo: Avercampy 2006.
VERGÉS, Maritza Rolim de Moura; SANA, Marli Aparecida. Limites e indisciplina na educação
infantil. 2. ed. Campinas: Alínea, 2009.
VERGÉS, Maritza Rolim de Moura. Os sentidos da indisciplina na educação infantil, 2003.
Trabalho de Conclusão de Curso (Pedagogia) – Faculdade de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2003.
INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Serrinha
2013
CRESCENCIANA JUNQUEIRA SANTOS
INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo científico apresentado ao Instituto Pró Saber, como requisito parcial obrigatório para
conclusão do curso de Pós Graduação em Educação infantil.
Orientador: Wagner Reis
Serrinha
2013
SUMÁRIO
RESUMO:
Com base nas metodologias aplicadas no ensino da Educação Infantil, discutiu-se ideias que se
considerem importantes para compreender situações de indisciplina com agressividade em
crianças nesta fase da educação. Como suporte teórico, o trabalho foi embasado em Rego,
Carvalho, Camargo, Cardoso, Winnicott, Içami Tiba. O estudo da origem da indisciplina e de
suas formas de manifestação na primeira infância pode nos fornecer elementos importantes
para a compreensão desse tema de modo a entender como essa mudança de comportamento
inicia e se transforma em indisciplina. Por assim ser, percebe-se que um estudo profundo
desses fenômenos pode auxiliar pais, professores e gestores a entenderem os elementos que
levam à prática da indisciplina e encontrar soluções para as mesmas.
Será feita uma entrevista semi-estruturada estabelecendo questões/temas que devemser
colocadas aos participantes como instrumento que permite entrar em contato com as posições
singulares de cada indivíduo e deverão ser somados a outros indícios sobre o Fenômeno
estudado. Para tal entrevista serão utilizados dois tipos de questionários a serem aplicados na
Creche Criança Feliz I, Praça Agripino Macedo, S/N, Centro, Teofilândia - BA que atende
crianças na faixa etária de dois a seis anos de idade. Divisão dos questionários: Questionário I –
Pais ou responsáveis de alunos e Questionário II – Professores. É válido salientar que todo
trabalho foi precedido de autorização solicitada previamente a Coordenação da Creche citada
acima e das professoras de cada uma das turmas envolvidas, bem como, foi re alizado um
contato com os pais das crianças selecionadas para a participação deles e dos filhos na referida
pesquisa. Através dos dados levantados na pesquisa foi fácil verificar que existe uma
conformidade entre a família e o comportamento dessas crianças. As mais indisciplinadas são
exatamente as que não encontram em casa a segurança necessária para a formação da
personalidade e na falta dessa segurança, a criança manifesta rebeldia em sala de aula como
forma de chamar a atenção dos professores, visto que em casa ela não encontra apoio e
orientação necessária para a formação de sua educação como cidadão. Já a criança que vive
em um ambiente saudável onde é amparada e recebe total apoio eorientação da família,
torna-se uma criança tranquila e disciplinada. Considerando que a função da Instituição Infantil
é de promover o desenvolvimento integral das crianças em parceria com a família, observamos
durante essa pesquisa que, a Creche não possui pessoal habilitado para lidar com essa referida
adversidade que permeiam as Instituições de Educação Infantil. Sendo assim, decidi fazer meu
artigo seguindo essa linha, pretendendo com esse estudo buscar estratégias, de intervenção
educativa, que possibilite a essas crianças, experiências promotoras das capacidades e
habilidades em complementação a ação das famílias, buscando sempre respeitar a
Vasconcellos (1998) apresenta a forma idealizada de disciplina que tanto o professor almeja da
parte dos alunos em sua aula: que eles se comportem; que venham, de maneira específica, a
proceder conforme o desejo do professor. Assim, ele localiza bem a questão da“disciplina” ao
associá-la à “obediência”.
Mas “disciplina” não deixa de ser um conceito um tanto vago e passível de inúme ras
interpretações. Depende do tempo e do lugar em que é empregado. E também possui uma
compreensão que expressa interesses sociais e políticos bem definidos. Para Groppa Aquino
(1996), por exemplo, a disciplina escolar que caracterizava a escola na primei ra metade do
século 20 (e depois) não deixava de representar uma instituição de caráter elitista e
conservador, da qual ainda existe o vestígio e que causa o saudosismo. Não deixava, porém, de
manifestar-se ideologicamente através do controle dos corpos dos alunos e do feitio pouco (ou
nada) democrático por não permitir que esses se expressassem, mas que estivessem
completamente submissos às ordens do professor, denominado pelo autor citado de “general
de papel”. Também Vasconcelos (1998) aponta para uma razão sócio-política de se pensar e
defender um tipo de disciplina que prive o aluno o direito de construir autonomia que o levará
a ser cidadão consciente e participativo na vida social; como ele escreve: “na nossa realidade,
no sentido geral, disciplinar corresponde a adequação à sociedade existente; significa, pois,
inculcação, domesticação, resignação à exploração, etc.” (VASCONCELLOS, 1998)
Não se pode deixar de definir disciplina, também, como sendo uma habilidade interna de cada
pessoa que a ajuda a cumprir suasobrigações, é um autodomínio, é a capacidade de utilizar a
sua liberdade pessoal para poder, livremente, atuar na vida diária, tendo a possibilidade de
superar os seus condicionamentos internos e os externos, que se apresentam.
1.2 — Indisciplina
É definida, segundo o dicionário Aurélio, como “desordem; desobediência; rebelião”
(FERNANDES). Pode ser entendida também como “falta de limite dos alunos, bagunça,
tumulto, mau comportamento, desinteresse e desrespeito às figuras de autoridade da escola e
também do patrimônio” (MACHADO). Com isso a indisciplina é sempre um comportamento
impróprio que pode chegar até a agressão.
Rego (1996) aponta que o conceito de indisciplina é dinâmico, pode variar conforme a
situação, mediante os valores de uma cultura, o momento histórico, não somente difere entre
uma sociedade e outra, mas se modifica em uma mesma sociedade em seus diversos aspectos,
sejam eles relativos às classes sociais, sejam em instituições diversas e também em uma
mesma camada social. E continuando o conceito de indisciplina no plano individual: “a palavra
‘indisciplina’ pode ter diferentes sentidos, que dependerão das vivências de cada sujeito e do
contexto em que for aplicada”. Mas o que vem a ser um aluno indisciplinado? A mesma autora
responde a essa pergunta escrevendo que esse sujeito é aquele que não tem limites, que não
sabe respeitar as pessoas, suas opiniões e sentimentos, não secolocando em seu lugar. Ele
apresenta dificuldade em se relacionar com os demais convivendo de forma cooperat iva e
nem mesmo consegue dialogar para entender o ponto de vista da outra pessoa.
Com a definição do conceito de indisciplina, a autora relata a complexidade dessa palavra e
demonstra que este não é um termo consensual e que necessita de maiores pesquisa sobre o
assunto.
É preciso saber o que realmente alguns professores entendem por esses termos aplicando-os
em sala de aula.
2 — Disciplina e a indisciplina no dia a dia
Para muitos professores, o conceito de disciplina se revela quando as crianças se mantê m
sentadas, não conversam alto e não atrapalham o professor na hora que ele está falando ou
explicando algo.
Vaz, na pesquisa que realizou com o tema “A ‘criança-problema’ e a normatização do cotidiano
da Educação Infantil” (2005), apresenta os procedimentos de ADIs, nas creches, e professoras,
nas EMEIs, em relação ao comportamento disciplinar das crianças, procedimentos estes que
envolvem as restrições a que as crianças são submetidas, o controle das conversas sem
objetivos em sala de aula e até os momentos de atividades recreativas regulamentadas. Nos
depoimentos das ADIs e professoras parece ser inconcebível punir severamente as crianças
pela sua “indisciplina”, exceto em casos extremos, como a autora escreve:
Criança disciplinada severamente, sem direito a voz, pareceser considerado algo inapropriado
“pedagogicamente”, algo que as ADIs somente admitem em casos extremos, quando, como
forma de castigo, excluem do grupo a criança que precisa “pensar sobre o que fez”. O mais
comum é a educadora se utilizar da estratégia de chantagem afetiva, em que a criança, com
medo de perder o afeto da “tia”, cede ao controle.
Nesses depoimentos, as ADIs e professoras também relatam que a conversa também serve
para controlar e disciplinar as crianças, o que acontece “na roda” de conversa dedicada para
este fim, na qual elas ouvem como devem ou não se comportar. Para elas, é necessário que as
crianças fiquem “sossegadas” e “obedientes” para que ocorram o seu desenvolvimento e a sua
aprendizagem.
Ao definir os conceitos de disciplina e indisciplina e a maneira como se manifestam no dia a dia
da sala de aula, resta saber os motivos que levam a situação de indisciplina. É o que será
discutido no próximo capítulo.
CAPÍTULO II
Indisciplina, por quê?
Deve-se perguntar pelos motivos que têm levado a situações de indisciplina em sala de aula. O
quadro é conhecido: alunos falando alto ou gritando, saindo de seus lugares, jogando papel
uns nos outros e o(a) professor(a) nervoso(a), às vezes gritando, tentando colocar orde m na
turma. Qual o motivo desse comportamento das crianças?
Neste capítulo, procurar-se-á chegar a respostas para a perguntacolocada em seu título. Para
isso, será necessário refletir sobre situações que não são as mesmas de quando o(a)
professor(a) era aluno(a)... Em outras palavras, grandes mudanças têm ocorrido em todos os
âmbitos da sociedade e da cultura, verdadeiras transformações no modo como se vive, se vê o
mundo e com ele se relaciona. Daí a subdivisão do primeiro item em três pontos básicos, que
poderão ser considerados fundamentais para se compreender o comportamento das crianças
em sala de aula; pontos esses que visam ao “lugar” da criança. São eles: a sociedade, a família
e a escola.
Em um segundo momento, o foco será colocado sobre a criança, considerando seu
desenvolvimento, a aquisição da “autonomia” e, consequentemente, a sua relação com a
discussão a respeito da disciplina em sala de aula.
2.1 — Refletindo sobre um mundo em transformação
Falar de mundo em transformação é dizer que as coisas já não são como costumavam ser.
Muitos valores, costumes, atitudes, visões de mundo, têm sido questionados, abandonados ou
alterados na segunda metade do século XX. Tais processos de mudança também alcançaram
três elementos essenciais que são importantes para a reflexão sobre a disciplina em sala de
aula: a sociedade, a família e a escola.
2.1.1 — Sociedade
Embora haja uma espécie de “saudosismo” em relação a como a escola mantinha a disciplina
de seus alunos no passado, é preciso que osprofessores e demais profissionais da educação
tenham consciência de que o “mundo” está em constante movimento. Em outras palavras, a
sociedade tem passado por mudanças consideráveis que têm afetado diretamente o
comportamento dos alunos e das alunas. E parece inútil aos professores tentar manter o
antigo comportamento disciplinar nos dias de hoje.
O assunto relacionado à sociedade e suas transformações é vastíssimo de maneira que, neste
item, é possível apenas esboçar algumas considerações.
O aspecto “saudosista” presente nas expectativas de muitos professores ocorre pelo fato de
eles idealizarem o sistema educacional de outrora ao compararem-no com o que consideram a
“anarquia” disciplinar atual.
Groppa Aquino (1996:43) observa que o perfil da escola não corresponde mais àquele
idealizado, porque a “democratização política do país” e a “desmilitarização das relações
sociais” abriram espaço para uma nova escola e um novo aluno. Ele escreve: “temos diante de
nós um novo aluno, um novo sujeito histórico (...)”. Dessa forma, a hierarquização anterior deu
lugar a um tipo de relação professor a aluno no qual aquele não é mais considerado o detentor
do saber, enquanto esse deveria ser apenas a pessoa que absorve conhecimento. Ele (GROPPA
AQUINO, 1996:43) ainda escreve:
É presumível, portanto, que as relações escolares fossem determinadas em termos de
obediência e subordinação. O professor não era sóaquele que sabia demais, mas que podia
mais porque estava mais próximo da lei, afiliado a ela. Sua função precípua, então, passa a ser
a de modelar moralmente os alunos, além de assegurar a observância dos preceitos legais
mais amplos, aos quais os deveres dos escolares estavam submetidos.
O mundo tem mudado, princípios e valores também mudaram, dando origem a um novo
tempo, no qual crianças e adolescentes têm assumido novos “lugares” na sociedade.
Vasconcellos (1998:23-24) explica que tais mudanças têm ocasionado vários elementos que
afetam diretamente as pessoas, como “crise ética”, “concentração de renda”, “economia
recessiva” “desemprego” e “subemprego”. Com tudo isso, gerou-se uma “crise dos sentidos e
dos limites” (VASCONCELLOS, 1998:24-26), que repercute na escola, ou melhor, na sala de
aula.
2.1.2 — Família
Mudanças sociais implicam em transformações em todos os âmbitos da sociedade, inclusive o
da família. Considerando a natureza social do indivíduo, a família é o “lugar” por excelência
onde ele desenvolve, em grande medida, sua identidade.
Atualmente, a estrutura familiar tradicional tem deixado de ser um paradigma em relação à
realidade social vigente. A família dita “nuclear” não apresenta mais o caráter normativo de
tempos atrás. Segundo Clarice Ehlers Peixoto, no prefácio que escreve ao livro de François de
Singly (2007:16) e sintetizando a própria opinião destesociólogo: “a família muda de estatuto
ao se tornar um espaço relacional mais do que uma instituição”.
Em outras palavras, já não se pensa como família apenas na existência de um grupo composto
por pai, mão e filhos; atualmente, devido às mudanças no papel da mulher (nesse caso, aos
próprios movimentos feministas), sua emancipação (devido ao trabalho em cujo mercado ela
tem se inserido e ao controle da contracepção), e a tantos outros fatores (por exemplo, o
crescente número de divórcio), “família” passa a se referir à vivência de uma pessoa na sua
relação com outras, mesmo não possuindo laços sanguíneos.
Nesse contexto, inserem-se as crianças que frequentam as escolas. Elas também trazem suas
histórias de vida, produtos dos relacionamentos familiares e extrafamiliares; e assim vivem
seus relacionamentos intraescolares.
A partir dessa nova realidade que se estabelece no âmbito escolar, surge a apreensão dos
professores relativa à “indisciplina” dos alunos e a culpa que lançam na família, como lugar de
desagregação, desestruturação etc.
Partindo de uma visão caracterizada pelos estudos de Vygotsky, Rego (1996:95-97) salienta a
importância da família como contexto ou meio de interação da criança. Dessa forma, o caráter
indisciplinado ou disciplinado do aluno também se relaciona com seu desenvolvimento no
meio histórico-cultural a que pertence. E, aqui, leva em conta o papel dos pais
comoeducadores (REGO, 1996:97):
A família, entendida como o primeiro contexto de socialização, exerce, indubitavelmente,
grande influência sobre a criança e o adolescente. A atitude dos pais e suas práticas de criação
e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento individual e, consequentemente,
influenciam o comportamento da criança na escola.
A partir daí, a autora apresenta três modelos de pais: os “autoritários”, os “permissivos” e os
“democráticos”. Os primeiros restringem seus filhos exigindo deles um comportamento
“exemplar”, de maneira que são inibidores das crianças e de suas iniciativas; o segundo grupo
refere-se àquele tipo que não impõe regras aos filhos, permitindo que eles façam o que
queiram; o terceiro grupo trabalha com as crianças de maneira a respeitar sua liberdade, mas
se importam mais em desenvolver nos filhos senso de responsabilidade (REGO, 1996:97-98).
Resumindo, o conceito de “família” atualmente deve levar em conta a multiplicidade relacional
em que se inserem as crianças; consequentemente, seus valores, crenças e comportamentos.
2.1.3 — Escola
“Ir à escola pra quê?” Podemos começar essa reflexão sobre as mudanças na escola com essa
pergunta que, há algumas décadas atrás, seria fácil de ser respondida. Vasconcellos (1998)
apresenta mudanças fundamentais que têm ocorrido no Brasil, no que se refere à escola e ao
professor, nos últimos 30/40 anos.Começa relatando que, antes, a escola era valorizada
socialmente e vista como uma forma de ascensão social; o professor era valorizado, possuía
certo “status”, sendo considerado um mediador da ascensão social, e sua formação era mais
consistente em relação a sua realidade; a remuneração do professor era mais condizente com
sua função; ele era visto pela escola como uma pessoa privilegiada para a transmissão de
informações; a escola tinha total apoio da família em relação à educação de seus filhos; a
“clientela” que freqüentava a escola também tinha mais facilidade em acompanhar os
conteúdos que ali eram ensinados.
Em contraste com esse passado, Vasconcellos (1998:22-23), aponta as transformações radicais
nas últimas décadas, como o aumento do número de escolas para suprir a demanda por um
lado, e queda da qualidade do ensino, do outro; aumento de vagas no Ensino Fundamental e
Médio nas escolas públicas e no Ensino Superior, nas escolas particulares; a formação do
professor um tanto vaga e fragmentada; a “diminuição drástica do salário do professor”; falta
de condições de trabalho no que se refere ao material pedagógico, equipamentos, instalações
etc.
Os dados acima descritos, e que denunciam o que o autor denomina de “crise de identidade
da escola”,revelam as dificuldades que os profissionais da educação têm sentido em relação a
como lidar com os novos tempos e, de maneira específica, com o“novo aluno”
(VASCONCELLOS, 1998:25).
Groppa Aquino (1996:43) tece certas críticas ao modelo tradicional de escola:
Também é possível deduzir que a estrutura e o funcionamento escolares de então espelhavam
o quartel, a caserna; e o professor, um superior hierárquico. Uma espécie de militarização
difusa parecia, assim, definir as relações institucionais como um todo.
Também ele considera esse modelo “elitista e conservador” (GROPPA AQUINO, 1996: 44). Isso
significa que é necessário repensar o nosso modo de ver a escola, não mais segundo a forma
antiquada e conservadora, mas, sim, como espaço democrático da inclusão das maiorias antes
excluídas do processo educacional.
A reflexão sobre as transformações ocorridas na sociedade, na família e na escola auxilia
quando se trata de entender qual a relação do desenvolvimento da criança e sua autonomia
com todas as consequências dessas mudanças. Por isso, uma abordagem à questão relativa a
esses assuntos se faz necessária ao se estudar o tema de disciplina em sala de aula.
2.2 — A criança
Após algumas considerações sobre três aspectos considerados importantes em relação à
educação formal das crianças, ou seja, sobre a sociedade, a família e a escola, cabe agora um
espaço para a reflexão a respeito do desenvolvimento da criança, no sentido de compreendê -
la cada vez mais como sujeito do processo educacional e, por conseguinte, como o
elementofundamental para a questão da disciplina em sala de aula, é claro.
Dois teóricos são muito importantes quando se fala em desenvolvimento infantil, para
compreendê-lo no contexto da escola e da disciplina: Jean Piaget (1896-1980) e Lev
Semyonovitch Vygotsky (1896-1934).
2.2.1 — Jean Piaget
A obra desse pesquisador é fundamental para se refletir a respeito do comportamento da
criança em sala de aula. Primeiramente porque esse ambiente acolhe pessoas com diversas
experiências que deverão ser trabalhadas pelo professor pedagogicamente; mas também
porque, na sala de aula, há o ambiente para a contribuição da formação da autonomia dos
alunos.
Baseado em pressupostos kantianos, Piaget desenvolveu a teoria de que a formação da
moralidade da criança se caracteriza por três “momentos”: o da anomia, o da heteronomia e o
da autonomia.
A anomia diz respeito à fase da criança recém-nascida, que não está submetida a nenhuma
regra, mas, completamente, a um estado de egocentrismo, sendo ela o “centro” do mundo e
cujas necessidades devem ser satisfeitas. Como define Araújo (GROPPA AQUINO, 1996:107):
Utilizando o exemplo da criança recém-nascida, ela encontra-se na anomia, num estado de
egocentrismo radical em que não se diferencia do mundo, sem perceber a existência dos
outros, sem saber que existem regras de convivência social — coisas que devem ou não ser
feitas.
É importante observar que odesenvolvimento do juízo da criança também é compreendido por
Piaget sob o pano de fundo dos trabalhos de Durkheim e de Bovet. Não entrando aqui nos
detalhes elaborados por cada um, basta, porém, perceber o que eles têm em comum:
“consideram o sentimento do bem e a consciência do dever como aspectos essenciais para se
compreender a ação miral” e mais: “quando Durkheim e Bovet fortalecem o papel da
autoridade como única fonte para a sua constituição da moral, acabam por submeter o bem
ao dever”. Com isso Piaget demonstra a sua cumplicidade com os autores citados em relação à
moral autônoma, resultado da ação da criança em ultrapassar a moral do dever, heterônoma,
que procede da autoridade da pessoa adulta. Esse é um desenvolvimento interno, segundo o
qual a criança se sente obrigada a “agir autonomamente de acordo com o bem” (GROPA
AQUINO, 1996: 109). Essas são as conclusões de Piaget concernentes ao assunto; como ele
escreve (PIAGET, 1994:91):
Em suma, quer nos coloquemos num ou noutro dos dois pontos de vista de Durkheim e de
Bovet, é preciso distinguir, para compreender os fatos, dois grupos de realidades sociais e
morais: coação e respeito unilateral, de um lado, cooperação e respeito mútuo, de outro (...).
Piaget escreve a respeito da convivência com os “outros”, isto é, na família, na sociedade,
como o contexto de onde a criança aprende regras mediante a coação. Ele a define
como“unilateral” por se caracterizar pela ordem imposta pelos adultos. Dessa forma, o
pequenino passa da anomia para a heteronomia.
Mas, o último estágio relativo ao desenvolvimento do juízo moral é significativo quando se
trata de estabelecer a autonomia da consciência que agirá, não mais pelo dever, mas por saber
o que é certo e errado, e por respeito aos outros.
Kamii (1994:106), quando escreve sobre a autonomia como finalidade da educação tendo em
vista a teoria de Piaget, formula um questionamento sobre como alguns adultos podem se
tornar moralmente autônomos:
A resposta de Piaget para essa pergunta era a de que os adultos reforçam a heteronomia
natural das crianças, quando usam recompensas e castigos, e estimulam o desenvolvimento da
autonomia quando intercambiam pontos de vista com as crianças.
Na sequência, ela demonstra as consequências da punição e da troca de ponto de vista com a
criança. Em relação à punição, esta tem como consequência o fato da repetição do ato pela
criança, mas desta vez evitará ser pega, pois o medo está em ser descoberta; a criança se torna
uma criança conformista, obedecendo cegamente ao que lhe é imposto e, com isso, não
precisará tomar decisões, bastando obedecer; e a revolta como sendo mais uma das
consequências da punição. Esta última pode se apresentar quando as crianças, que sempre
foram punidas, mas que sempre tiveram um bom comportamento (talvez pormedo de serem
castigadas ou por serem conformista) resolvem se revoltar, cansadas de obedecer a outros e
decidindo seguir por conta própria, apresentando características de indisciplina contra aqueles
aos quais se submeteram, pais e professores. Esta atitude faz com que elas saiam do
conformismo, mas não de maneira autônoma e sim com sentimento de revolta, pois há uma
“vasta diferença entre autonomia e revolta”. Com isso nota-se que a punição reforça a
heteronomia e não permite que as crianças desenvolvam a autonomia (KAMII, 1994:106-108).
Segundo a autora, Piaget diz que não se pode “evitar totalmente a punição”, isto é , não é
possível permitir que a criança faça o que bem quiser, tendo em vista os perigos de algumas
ações, e se ela o fizer, terá as suas consequências. Dessa forma faz uma “distinção entre
punição e sanções por reciprocidade”. Punir, para Piaget, é não fazer relação entre o ato
praticado e o castigo: “privar a criança da sobremesa por dizer mentiras é um exemplo de
punição, pois a relação entre mentira e sobremesa é arbitrária”. Já sanções por reciprocidade,
relacionam o ato com a “consequência” do mesmo. É nesse ponto que se deve aplicar a “troca
de ponto de vista com a criança” para o desenvolvimento da autonomia. Kamii aponta quatro
dos seis exemplos de sanções dadas por Piaget, entre elas: “exclusão do grupo”: isolando a
criança do grupo quando esta não se portaadequadamente, atrapalhando os demais; “apelar
para a consequência direta e material do ato”: quando se diz que não se poderá acreditar mais
na criança quando esta disser uma mentira; “privar a criança da coisa que ela usou mal”:
quando a criança usa determinados brinquedos, por exemplo, e a professora coloca regras
para que sejam obedecidas e a criança não as cumpre, ela é impedida de se utilizar novamente
do brinquedo até que se julgue que ela é merecedora. E por fim o quarto exemplo é o da
“reparação”: quando a criança, por exemplo, estraga um trabalho de um colega e a professora
pede que o culpado a ajude a consertá-lo. A autora finaliza essa colocação sobre o último
exemplo dizendo que “quando as crianças não têm medo de ser punidas, elas se manifestam
espontaneamente e fazem a reparação.”(KAMII, 1994:107-111).
Ao se abordar o assunto da indisciplina em sala de aula, a obra de Piaget sobre a formação
moral da criança se torna relevante ao proporcionar ao professor instrumental importante
para a compreensão e, mais que isso, o discernimento do aluno como pessoa, talvez
“indisciplinada”, mas não “imoral” (Araújo, 1996:110), já que ele traz seus valores, oriundos
das relações familiares e extra-escolares.
E, também, tal conhecimento poderá ser útil ao professor em sala de aula para realizar seu
projeto pedagógico no sentido de estimular o aluno a desenvolver consciência autônoma, ou
seja, queo leve a ser uma pessoa de boa convivência social, que respeite as pessoas porque
isso é o certo a fazer e não porque seja obrigado a tal, e que contribua para uma sociedade
melhor. Nesse caso, o ambiente de sala de aula será adequado como o “espaço da
autonomia”. Mas isso será discutido detalhadamente no capítulo III.
2.2.2 — Lev Semyonovitch Vygotsky
Grande estudioso e representante do “interacionismo”, tendência que acredita que a pessoa
se desenvolve na interação, na ação recíproca, com a sociedade, sendo ela, portanto,
fortemente marcada pela história e pela cultura na qual se criou.
Rego (1996:91-95) apresenta alguns aspectos do pensamento do escritor russo que são
fundamentais para se compreender a formação da pessoa. São eles: a linguagem, “o papel
mediador exercido por outras pessoas nos processos de formação dos conhecimentos,
habilidades de raciocínio e procedimentos comportamentais de cada sujeito” e a
“internalização” desses conteúdos.
Em A formação social da mente, Vygotsky apresenta sua teoria concernente à formação do
que ele denomina “funções psicológicas superiores”. Após apresentar dados extraídos de
experiências realizadas por ele e sua equipe, e de discutir resultados apresentados em
pesquisas de outros cientistas, ele enfatiza como a mente da criança se desenvolve, em seus
primeiros anos, no contato com outras pessoas que contribuem e incentivam o seu
avançopara estágios superiores — de maneira particular, isso ocorre com a brincadeira
(VYGOTSKY, 2007:107-124) e com a linguagem, mediante a qual a criança internaliza “as
formas culturais de comportamento” (VYGOTSKY, 2007:58).
Quando se fala sobre indisciplina em sala de aula, os postulados de Vygotsky são muito
importantes para a compreensão da criança como pessoa que tem interagido com um
contexto social que, de certa forma, tem lhe provido de conteúdos com os quais se
relacionam. Como afirma Rego:
(...) É possível afirmar que um comportamento mais ou menos indisciplinado de um
determinado indivíduo dependerá de suas experiências, de sua história educativa, que, por sua
vez, sempre terá relações com as características do grupo social e da época histórica em que
se insere.
Assim, o contexto social, histórico e cultural, mais o desenvolvimento da criança ao apreendê -
lo por intermédio da linguagem (sobretudo na internalização de signos lingüísticos) e do
brinquedo, são fatores importantes para a compreensão do aluno, não no sentido de se acusar
tal e tal ambiente como o “responsável” por sua “indisciplina”, mas como importante
instrumento pelo qual seja possível a construção de “pontes” que visem à formação do aluno
mediante sua interação com o ambiente escolar. É o que também será discutido no próximo
capítulo.
cAPÍTULO iii
O professor e a indisciplina em sala de aula
Depois da tentativade se definir “disciplina” e “indisciplina’ (o que foi realizado no capítulo I) e
de procurar entender os motivos que levam á indisciplina em sala de aula (capítulo II), é
importante que se reflita a respeito das atitudes do professor frente ao problema, de modo
que sua reação seja construtiva e inserida em um projeto pedagógico que vise o
desenvolvimento dos alunos. Para tanto, três pontos de discussão serão abordados neste
capítulo por se entender serem relevantes: primeiramente uma reflexão sobre os conceitos
“autoridade” e “autoritarismo”; a seguir, outra discussão a respeito da importância de se
compreender como se dá a construção da identidade da criança; e, como terceiro ponto, de
que maneira o professor poderá usar a indisciplina como instrumento pedagógico.
3.1 — Autoridade ou autoritarismo
É comum a confusão que ocorre entre “autoridade” e “autoritarismo”. Quantas vezes, em sala
de aula, o segundo conceito é aplicado pelo professor imaginando que está expressando o
primeiro. Por isso, é relevante uma reflexão sobre ambos, para que o professor tenha
consciência e a habilidade necessária para interagir e/ou reagir aos alunos ditos
“indisciplinados”.
A concepção que normalmente se tem de autoridade em sala de aula relaciona-se ao da
posição do professor como alguém que impõe a ordem e o respeito mediante sanções e gritos.
Geralmente, esse conceito vincula-se a uma ideia deescola que pertence ao passado, a outra
realidade, quando os alunos eram controlados pelo sistema escolar em seus corpos e falas,
como bem aponta Groppa Aquino (1996) ao mostrar, como exemplo, o sistema escolar como é
apresentado pelas Recomendações disciplinares de 1922. Tal descrição é considerada pelo
autor citado como “militar” e expressava, na figura do professor, a encarnação da ordem e da
disciplina. Como ele escreve (GROPPA AQUINO 1996:43):
É presumível, portanto, que as relações escolares fossem determinadas em termos de
obediência e subordinação. O professor não era só aquele que sabia mais, mas que podia mais
porque estava mais próximo da lei, afiliado a ela. Sua função precípua, então, passa a ser a de
modelar moralmente os alunos, além de assegurar a observância dos prece itos legais mais
amplos, aos quais os deveres escolares estavam submetidos.
Tal conceito, porém, traz problemas sérios à formação dos alunos porque idealiza um sistema
escolar do passado (e, diga-se de passagem, deficiente) em relação a uma realidade
completamente diferente. Eis aqui a grande questão: tratar uma situação do presente com
“soluções” do passado.
Em outras palavras, o que está descrito acima se define como “autoritarismo” e não como
“autoridade”.
Ainda nesse sentido, Araújo (1996), tendo por base os conceitos de heteronomia e de
autonomia em Jean Piaget, apresenta uma crítica ao modo que eleentende ser “autoritário” e
que caracteriza muitas posturas e ideais de professores, quando esses entendem que uma
classe “disciplinada” é a que corresponde a seus interesses
Como vimos no capítulo I, no qual Vaz apresenta o resultado de entrevistas efetuadas com
ADIs,em creches, e professoras de EMEIs a respeito da disciplina das crianças, que, segundo a
qual, ela constata a ênfase teórica numa formação democrática com o objetivo de fazer com
que a criança atinja a autonomia. É preciso salientar o que Vaz escreve sobre a “ênfase
teórica”, pois, muitos professores conhecem a teoria de como se deve agir em sala de aula,
mas na hora de por em prática a coisa é outra: agem de maneira autoritária, impondo a sua
vontade, pensando que estão exercendo sua autoridade. Vaz, porém, percebe na prática os
procedimentos que envolvem as restrições a que as crianças são submetidas acabam
enquadrando as crianças num sistema normativo que as desconsidera como crianças “reais”
em nome de uma idealização que se faz delas, caracterizando o processo educativo como
“passagem” de um nível a outro. Como a autora observa: “A ideia de ‘passagem’, recorrente
nas representações das professoras e ADIs, sugere não existir, nessas práticas, tempo e espaço
para a criança de ‘aqui, agora’ ”. (VAZ, 2005)1.
A esse respeito D’Antola (1989:50) também observa que:
(...) nossas escolas têm uma tradição autoritária. Nelas, opoder de decisão está sempre
colocado na autoridade hierarquicamente superior e as relações se dão de cima para baixo.
(...) Ora, os alunos são os sujeitos a quem as ações da escola se destinam. Por que não tomam
parte nas decisões que os envolvem?
A resposta convencional é a de que só os educadores têm competência para decidir o que é
melhor para os alunos (...).
Será que as relações de poder em nossas escolas estão funcionando de acordo com esses
padrões de competência?2
E logo a seguir a autora responde negativamente, pois mostra como o procedimento desses
profissionais da educação ainda se prende a um modelo tradicional autoritária que não traz
benefícios aos alunos em termos de desenvolvimento saudável.
Daí ela observar em vários professores a diferença entre teoria (democrática) e prática
autoritária (D’Antola, 1989) e propõe o que ela denomina de “clima democrático”, no qual,
deverá existir a participação e a voz do aluno até na elaboração de regras a serem seguidas na
escola. Nesse contexto, o professor continua sendo o educador, possuindo autoridade, mas
usando dela de forma respeitosa em relação ao aluno e não impositiva e ditatorial, como
ocorre no caso de autoritarismo do modelo escolar tradicional.
Abrir espaço para o diálogo e a cooperação entre alunos e professores, não significa minimizar
a autoridade desses últimos, nem cair na anarquia. Significa apenas respeitar econsiderar os
alunos como sujeitos do aprendizado e não apenas objetos passivos do ato de “aprender”.
Essa é a opinião de outro educador que deixou suas marcas na história: Paulo Freire. Para ele,
“autoridade”, por um lado, não significa “autoritarismo” e, por outro, não quer dizer
“libertinismo”.
Paulo Freire discute a respeito desses limites entre um conceito e outro. Em outras palavras, é
necessário não confundir “liberdade” com “desordem”. Como ele escreve (FREIRE, 1996:105):
O grande problema que se coloca ao educador ou à educadora de opção democrática é como
trabalhar no sentido de fazer possível que a necessidade do limite seja assumida eticamente
pela liberdade. Quanto mais criticamente a liberdade assuma o limite necessário tanto mais
autoridade tem ela, eticamente falando, para continuar lutando em seu nome.
E mais adiante (FREIRE, 1996:108), afirma esta ideia:
O que sempre deliberadamente recusei, em nome do próprio respeito à liberdade, foi sua
distorção em licenciosidade. O que sempre procurei foi viver em plenitude a relação tensa,
contraditória e não mecânica, entre autoridade e liberdade, no sentido de assegurar o respeito
entre ambas, cuja ruptura provoca a hipertrofia de uma ou de outra.
Se autoritarismo não deve caracterizar a relação entre professor e aluno, autoridade e,
portanto, limites, são fundamentais para o exercício de relações democráticas na escola,
asquais beneficiarão alunos e professores.
3.2 — Construindo a identidade da criança
Ao refletir a respeito do tema “autoridade ou autoritarismo”, tinha-se em mente “preparar o
terreno” para se discutir sobre a relação do professor com os alunos em sala de aula. A
aplicação da autoridade, porém, deve-se ao conhecimento (quanto mais melhor) da criança e
do desenvolvimento de sua identidade. E esse é o assunto deste item.
Após apresentar a aplicação que Jean Piaget faz dos conceitos kantianos de heteronomia e
autonomia, Araújo (1996:114) defende que o professor contribua, em sala de aula, para que os
alunos construam uma identidade autônoma, pautada nos “ideais democráticos de justiça e
igualdade”. Para esse autor, tais princípios são aplicáveis quando o professor dá a liberdade
para os alunos participarem ativamente da elaboração de regras e de um comportamento
cooperativo, fazendo-os sentirem que também são respeitados. Ao mencionar duas posturas
do professor existentes no contexto de sala de aula, a autoritária e a democrática, ele escrev e
(ARAÚJO, 1996:111):
Acredito que se deve buscar uma perspectiva que rompa essa dicotomia. De acordo com o
referencial teórico apresentado, isso só será possível com a democratização das escolas, a
partir de relações de respeito mútuo e reciprocidade que modifiquem a visão sobre o papel
que as regras devem exercer nas instituições.
Sobre aquestão de cooperação, De La Taille (2000:113) escreve que a criança deve viver em
ambientes que não apenas sejam dirigidos pela autonomia, mas que proporcionem a sua
participação na mudança dos destinos dos próprios ambientes. O autor deixa claro que é a
partir da cooperação que a criança terá incorporado a autonomia em sua personalidade, pois
“só assimilamos o que experimentamos”. Cooperar neste caso não teria o sentido de “ajudar”
e sim, de fazer junto com o outro, ser autor em união com o outro e, ao estabelecer essas
relações de cooperação e de construção de regras, a criança envolve toda a sua personalidade
e passa a respeitar essas regras construídas conjuntamente. É por meio da cooperação que a
“criança aprende a organizar seus argumentos e a escutar e compreender os das outras
pessoas”. A cooperação para De La Taille, portanto, significa “acordo, diálogo, envolvimento e
compromisso. E autonomia é respeito pelo outro e exigência de ser respeitado”.
Quando o autor escreve que a autonomia é respeito pelo outro, ele se refere ao surgimento de
um sentimento advindo da admiração, da dependência e do medo: o respeito, o qual a criança
sente pelos pais quando estes a submetem “às suas ordens, às suas vontades, às suas
punições” e “ao respeitar os pais, tende a assumir seus valores e a obedecer às suas ordens.
Ora, o sentimento do respeito moral equivale ao sentimento de obrigatoriedade” (De LaTaille,
2000:92). Sendo assim, a criança se sente no dever de respeitar o outro. Esse sentimento de
respeito, como coloca o autor, tem origem na relação entre o adulto (pais e/ou professores) e
a criança, quando aquele exerce sobre esta a função de autoridade, colocando valores e
limites às suas ações. De La Taille enfatiza que o desenvolvimento da criança em direção a
autonomia nasce dessa relação, que para Piaget, é “pedagogia necessária para a entrada da
criança no mundo da moralidade“ e que também depende de outras relações e maneiras de
colocá-los (De La Taille, 2000:92-93).
Antes de abordar tais relações, De La Taille deixa claro que, embora a criança deva ter
experiências de relações de autoridade com uma educação “bem pensada e bem feita desde a
mais tenra idade”, isso não impede que um adolescente, que não teve essas experiências, não
possa ter a sua educação modificada radicalmente frente a novas situações, decorrentes das
relações com o outro e com acontecimentos na sociedade, a qual também interfere na sua
formação e que “exige” essa mudança.
As relações entre o adulto e a criança, e a maneira de colocar os limites, abrangem três tipos
de educação que se referem ao tema “autoridade” e “autoritarismo”: a “educação autoritária”
(caracterizada pela “imposição de regras”, castradora, no indivíduo, de qualquer autonomia); a
“educação por ameaça de retirada de amor” (chantagememocional que certos pais e
professores fazem com a criança para que ela lhes seja submissa) e a “educação elucidativa”
(que consiste em ordem e/ou repreensão que traz os motivos e as consequências das atitudes
censuradas) (De La Taille, 2000:95-96).
Segundo De La Taille, a “educação elucidativa” possui três dimensões fundamentais para que o
desenvolvimento moral da criança ocorra de modo satisfatório. Primeiramente, é importante
que a criança experimente os valores que lhe são transmitidos nos relacionamentos com seus
pais e professores (em outras palavras, eles devem viver o que ensinam). Também é de se
esperar que ela participe de atividades de cooperação, como já mencionado anteriormente. E,
finalmente, que pais e professores trabalhem a afetividade das crianças, valorizando o bem e
rejeitando o que for prejudicial ao seu convívio com o outro (De La Taille, 2000).
Esse trabalho de explicação das razões da ordem e da repreensão é uma forma que se
aproxima mais de uma educação democrática, sem autoritarismo e sim, com autoridade,
embora não seja uma relação autêntica de democracia, pois ordem e repreensão são
colocadas para a criança sem a participação da mesma, no entanto, possibilitam que ela
alcance e valorize a igualdade essencial para a autonomia.
3.3 — Um novo olhar sobre a “indisciplina”
O ponto a que se quer chegar neste trabalho de pesquisa é justamente o de propor
aosprofessores algumas atitudes que visem solucionar problemas de indisciplina.
Groppa Aquino argumenta que é necessário que as escolas re-criem seus conteúdos e
métodos para que se tornem interessantes para os alunos (AQUINO:52-53). E o professor teria
como papel tornar concreto, na escola e para os alunos, todo aparato conceitual que deverá
ser utilizado. E, dessa forma, disciplina não deverá ser considerada sinônimo de “silêncio”, mas
de aprendizagem, mesmo por meio de um comportamento que se expresse como “barulho” e
“agitação”. Ele escreve:
É presumível, portanto, que uma nova espécie de disciplina possa despontar em relações
orientadas desta maneira: aquela que denota tenacidade, perseverança, obstinação, vontade
de saber. Um outro significado muito mais interessante para o conceito de disciplina, não?
(AQUINO, 1996:53).
Tal abordagem ao tema torna-se interessante por manifestar uma representação do ambiente
escolar mais próximo da realidade atual.
Também foi possível perceber como os novos tempos demandam novas formas de se lidar
com a indisciplina em sala de aula, considerando todas as mudanças ocorridas na sociedade e,
consequentemente, na família e na própria escola. Seguem algumas observações.
É possível que, em muitos casos de indisciplina em sala de aula, o problema esteja no método
pedagógico usado pelo professor. Deve-se perguntar como ele faz o planejamento de sua aula,
se orealiza, ou se tem por hábito improvisá-lo. O “diz-que-diz” sem objetivo específico torna a
aula entediante e, claro, muitos alunos não agüentam ficar parados.
Também é importante que o professor acredite no que faz. Sem essa fé e o amor à sua
profissão, ele mesmo poderá contribuir, sem o querer, para que a aula se torne um “inferno”.
Abrir espaços para a interação dos alunos e aproveitar suas energias para a elaboração
conjunta e a realização de projetos pedagogicamente viáveis. Assim, como escreve Groppa
Aquino (1996:53):
(...) A partir daí, o barulho, a agitação, a movimentação passam a ser catalisadores do ato de
conhecer, de tal sorte que a indisciplina pode se tornar, paradoxalmente, um movimento
organizado, se estruturado em torno de determinadas ideias, conceitos, proposições formais.
Gentile (2002) entra na questão do agir democrático na relação do professor e aluno. Esse
modo não se limita a lidar com o problema de disciplina e indisciplina, mas de compreender o
aluno como ser humano que traz sua própria formação sócio-cultural e familiar. A partir dessa
disposição, compete ao professor construir pontes que façam a ligação entre ele e a pessoa do
aluno em um processo de interação em que ambos contribuam para a efetivação do
amadurecimento e desenvolvimento do aluno. Cabe ao professor se dispor a conhecer e
sensibilizar-se com a necessidade do aluno, procurando dialogar,discutir sobre o caso de
indisciplina e, se preciso for, aplicar sanções que dizem respeito ao ato em questão. Segundo a
autora (GENTILE, 2002)3:
O professor precisa desempenhar seu papel o que inclui disposição para dialogar sobre
objetivos e limitações e para mostrar ao aluno o que a escola (e a sociedade) esperam dele. Só
quem tem certeza da importância do que está ensinando e domina várias metodologias
consegue desatar esses nós. (...) O truque é transformar a contestação em aliada, dando
atenção ao jovem e ajudando-o a entender o que o incomoda.
Nesse contexto, não caberia mais ao professor “colocar a criança sentada em um lugar para
pensar”, pois, consciente de seu papel como educador, ele sabe das implicações desse ato,
que não proporciona a autonomia da criança por ser uma atitude autoritári a, não a respeita
como um ser em formação e impede o seu desenvolvimento.
Vasconcellos (s/d)4 em seu artigo Os Desafios da Indisciplina em Sala de Aula e na Escola, dá
algumas sugestões a respeito do procedimento do professor em relação ao aluno: cuidar para
não cair em modismos, mas levar ideias a sério; a necessidade de se estabelecer “sentido e
exigência” na construção de um projeto pedagógico que seja relevante para a realidade dos
alunos e para o próprio professor, considerando a formação crítica de cada um no que se
relaciona aos diversos aspectos de sua vida; estabelecer “sentido para oestudo”
(VASCONCELLOS:243), percebendo o professor qual seja a importância que sua função de
educador e que a própria escola possuem para a transformação da realidade ( VASCONCELLOS:
243-244)5.
Um ponto que se torna relevante para Vasconcelos6 é o tema do respeito. O professor
conseguirá lidar melhor com a questão de indisciplina em sala de aula, e, portanto, com o
estabelecimento de disciplina ao ganhar o respeito de seus alunos mediante a confiança neles
como pessoas que têm capacidade de crescer e produzir. Isso significa mudança de
perspectivas metodológicas, passando de uma visão “metafísica” do ensino (“isso é ou não é”)
para uma dialética (“isso é e não é”) (VASCONCELLOS:246-247).
Levando a sério o seu papel de educador inserido na realidade de seus educandos, verá o
mestre que essa interação e a abertura de espaço para atuação (“indisciplinada”) deles, agora
utilizada no projeto pedagógico por meio de elaboração conjunta de regras, de atividades etc.,
apenas mostrará com maior clareza a autoridade que ele tem em relação aos alunos, o que
criará um ambiente no qual ele será respeitado (VASCONCELLOS7).
É claro que a discussão em torno da autoridade do professor e do autoritarismo, realizada no
início deste capítulo, também terá aqui o seu desfecho. Com base no respeito e no modo sério
com que demonstrar sua atenção à importância de seu papel de educador, o professor
exercerá legítimaautoridade, como pessoa que agirá segundo “a necessidade do grupo
naquele momento e tendo em vista, com muita clareza, os objetivos que se buscam, para ter
critérios de orientação para a tomada de decisão” (VASCONCELLOS: 248)8.
Considerações finais
Utopia é o lugar que não existe, um ideal com o qual sonhamos, mas nem por isso pode
continuar deixando de existir, é preciso ter o olhar voltado para esse “lugar”, o horizonte a ser
alcançado, para que se seja impulsionado pela vontade de chegar lá, procurando caminhos
que permitam atingir esse alvo essa meta.
Pode-se dizer que esse é o caminho proposto por essa pesquisa: contribuir com algumas
observações para que o professor venha a lidar com o problema da indisciplina em sala de
aula.
Diante da questão da disciplina e da indisciplina em sala de aula, e de sua dura realidade para a
maioria dos professores, buscou-se delimitar o problema perguntando como os professores
poderiam solucionar problemas de indisciplina na educação infantil, por meio da construção
de limites bem claros. Abordaram-se as causas de comportamentos indisciplinados em sala de
aula, e considerou a formação da criança em seu contexto mais amplo, ou seja, o da sociedade
e, consequentemente, da família e da escola.
Delimitado o problema, buscaram-se para ele possíveis soluções mediante uma reflexão sobre
autoridade e autoritarismo, a construçãoda identidade da criança e os procedimentos que
seriam interessantes para que o professor lidasse com a questão da indisciplina em sala de
aula. Constatou-se a necessidade da re-elaboração de conteúdos e métodos pela escola e
pelos professores, da paixão do professor pelo que faz, da abertura de espaços para a
interação com os alunos, implicando em ações conjuntas de cunho democrático, pelas quais se
deixaria evidente a responsabilidade dos alunos para eles mesmos, ao lidar com situações de
disciplina e, principalmente, para cultivar o respeito uns com os outros
Não existem fórmulas mágicas para a resolução de problemas dessa ordem; mas, pode haver
força de vontade no potencial transformador do diálogo, da amizade e da responsabilidade. O
caminho não é curto e muito menos fácil, porém, faz parte de um processo de pequenos
passos, mas de passos concretos, decisivos, conscientes e crendo que a disciplina em sala de
aula, iniciando-se pela educação infantil, poderá deixar de ser uma utopia, transformando-se
em possibilidade.
Referências Bibliográficas
Livros
AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 10ª ed. São
Paulo: Summus, 1996.
ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. Moralidade e indisciplina: uma leitura possível a partir do
referencial piagentiano. In AQUINO, J.R.G. (Org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e
práticas. 10ª ed. São Paulo:Summus, 1996. p. 103-115.
DE LA TAILLE, Yves. Limites:três dimensões educacionais. 3ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2000.
FREIRE, P. et al . Disciplina na escola: autoridade versus autoritarismo. São Paulo: EPU, 1989.
________. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção leitura).
PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. 4ª ed. São Paulo: Summus, 1994.
REGO, Teresa Cristina R. In AQUINO, J.R.G. (Org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e
práticas. 10ª ed. São Paulo: Summus, 1996. p. 83-101.
SINGLY, François de. Sociologia da família contemporânea. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. .
(Família, geração e cultura).
VASCONCELLOS, Celso dos S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em
sala de aula e na escola. São Paulo: Libertad – Cadernos pedagógicos da Libertad, 1998.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007
(Psicologia e pedagogia).
Dicionário
FERNANDES, Francisco. Dicionário brasileiro Globo. 30ª ed. São Paulo: Globo, 1993.
Documentos eletrônicos
GENTILE, Paola. A indisciplina como aliada. Revista Nova Escola, 2002. Disponível em:
. Acesso em: 06 mar. 2010.
VAZ, Solange. A criança problema e a normatização do cotidiano da educação infantil. Centro
de Estudos Sobre Intolerância - Maurício Tragtenberg, s/d. Disponível em: . Acesso em: 02 out.10.
INDISCIPLINA E LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
São José dos Campos
Junho / 2012
Universidade Anhanguera – Uniderp
Centro de Educação a Distância
Heloisa Helena Pontes do Amaral – 2314341809 – SJC
Kleber Alexandre de Paula – 4336819542 – SJC
Márcio Francisco Martins – 3306507054 – SJC
Maria Cristina Ramos Marinho – 2307349443 – SJC
Thalita de Castro Braga Vilas Boas – 2320370304 – SJC
INDISCIPLINA E LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
Trabalho de Projeto Multidisciplinar I apresentado à professora Maria Clotilde Bastos da
Faculdade Anhanguera – Uniderp, polo de São José dos Campos – SP para fins de avaliação
parcial nesta disciplina do curso de pedagogia.
São José dos Campos
Junho / 2012
APRESENTAÇÃO.
Este trabalho trata-se de um projeto para alunos da Educação Infantil sobre Indisciplina e
Limites, um contexto muito rico, porém pouco usado nos dias de hoje.INTRODUÇÃO.
Foi feita uma pesquisa à respeito de tema: “Indisciplina e Limites na educação Infantil. Tema
este muito comentado nas escolas, porém pouco praticado. Talvez por medo, falta de
informações concretas, insegurança por parte dos educadores.
Hoje é gritante a falta de disciplina das crianças na Educação Infantil, muitas vezes as
justificativas dadas são: hiperativismo, carência familiar, falta de convívio social, falta de status
entre outras mais.
Os professores não conseguem impor regras em uma sala de aula, sentem muitas dificuldades
quando se deparam com situações de agressividade, principalmente com crianças na faixa
etária entre 03 e 06 anos.
OBJETIVO.
Nosso objetivo é fazer com que o leitor tenha em mão métodos simples, mas eficaz para
aplicar no dia a dia em suas aulas.
JUSTIFICATIVA.
Atualmente nossas crianças encontram-se totalmente sem limites, nossos educadores
encontram-se encurralados diante de tantas “leis”, que muitas vezes não ajudam, somente
complicam. Vivemos numa sociedade que cada vez mais pede por ética. Mas como agirmos
diante de tais situações, onde a lei muitas vezes favorece o aluno, deixando o professor sem
ação?
Nossa proposta é convencer o professor que ele pode e develevar para sala de aula métodos
que o auxiliará em suas dúvidas, e também conscientizar a família sobre a importância do
convívio escola-família.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.
O educador e psicólogo francês, Yves de La Taille tem várias matérias sobre o assunto, entre
elas:
Labirintos da Moral, Mario Sérgio Cortella e Yves de La Taille, 112 págs., Ed. Papirus.
Limites: Três Dimensões Educacionais, Yves de La Taille, 152 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-
152, Moral e Ética - Dimensões Intelectuais e Afetivas, Yves de La Taille, 192 págs., Ed. Artmed.
Vergonha, a Ferida Moral, Yves de La Taille, 288 págs., Ed. Vozes,
METODOLOGIA.
Foi usado como base de estudo para nosso projeto a experiência do educador e psicólogo
francês, Yves de La Taille. Várias entrevistas dada por ele sobre o contexto.
Yves é especialista em moral, e em uma de suas palestras fala sobre exemplos de pais e falhas
das escolas no ensino de ética. Ele afirma que as crianças são observadoras, e mesmo não
sendo capazes de raciocinar ou fazer deduções com aquilo que estão vendo elas percebem as
contradições entre o discurso dos pais e sua prática. A criança guarda tudo, e com o tempo
constrói seus próprios costumes.
As escolas de hoje não conseguem aplicar a ética para seus alunos, o que se tem são regras
emexcesso. Se por acaso acontecer uma situação fora do que se tem previsto na escola, todos
se perdem, não sabem como agir.
A indisciplina existe quando a postura do aluno é gerada e alimentada no interior da escola.
Precisamos construir um ambiente cooperativo e respeitoso entre professor e aluno e unir
escola e família, pois assim poderá atingir passos importantes para se vencer a indisciplina.
A personalidade da criança é formada por características hereditárias juntamente com o
ambiente familiar.
A agressividade da criança muitas vezes é associada pela: falta de carinho no âmbito familiar,
ou até mesmo quando a família é desestruturada emocionalmente acaba refletindo no
desenvolvimento emocional da criança. Se a criança receber agressão seu comportamento
com os colegas será também de agressividade.
Hoje o que se percebe é que os adultos estão preocupados somente com questões individuais,
ou seja, passam grande parte do tempo fora de casa tentando realizar seus desejos, (às vezes
por necessidade, precisam trabalhar) e acabam inconscientemente, abandonando seus f ilhos,
deixando que outras pessoas façam o papel de “família”.
Na Educação Infantil a palavra LIMITE tem vários significados. Começa no potencial de cada
criança com o grupo e vai até sua tolerância e aceitação com as regras impostas.
Na criança o limite só é alcançado quando se tem um autoconhecimento. O pedagogotem o
papel de dar condições para que a criança adote uma disciplina própria.
A criança traz para sala de aula tudo o que sente tudo o que vivencia em família.
Na sala de aula, em todo momento é cobrado a disciplina e também em qualquer situação
lúdica, pode ser trabalhado o conceito limite, portanto cabe ao professor mediar as relações e
as atitudes das crianças durante as brincadeiras.
A criança quando é indisciplinada não aceita os limites, não cumpre as regras, e por muitas
vezes é agressiva com os colegas.
Para se tentar amenizar a situação devemos como pedagogos, nos unirmos e tentarmos um
trabalho conjunto juntamente com os pais, afinal tudo é iniciado em “casa”, e nós não temos
autoridade diante dos alunos.
Segundo Vasconcellos:
[...] o professor com autoridade é também aquele que deixa transparecer as razões pelas quais
a exerce: não por prazer, não por capricho, nem mesmo por interesses pessoais, mas por um
compromisso genuíno com o processo pedagógico, ou seja, com a construção de sujeitos que,
conhecendo a realidade, disponha-se a modificá-la em consonância com um projeto comum
(1995, p. 44).
Devemos trazer os pais para participar mais ativamente com seu filho, na vida escolar. Fazê -los
entender a importância da presença familiar para a criança. Conscientizá-los que a disciplina é
indispensável para o desenvolvimento da criança, é extremamente importantepara seu
crescimento e seu desenvolvimento social, e que ensinar a criança a seguir regulamentos e
regras ajuda a adaptar-se ao mundo e a ter um comportamento aceitável. Sendo assim a
criança terá noção dos direitos dos outros e passará a respeitá-los.
Fazê-los entender que a disciplina se constrói pela interação do sujeito com outros e com a
realidade, até chegar ao autodomínio e que é muito importante a maneira como a família
valoriza a educação.
Para Vasconcellos:
A construção do relacionamento humano é fundamental para o processo educativo. Os
próprios alunos percebem que uma classe unida, onde há calor humano, respeito, aceitação, é
motivo de “dar gosto vir para a escola”, ajudando, inclusive, cada um a lidar com seus defeitos,
com seus limites. Não podemos perder de vista que a construção do conhecimento em sala de
aula necessita da construção da pessoa e esta depende da construção do coletivo, base de
toda construção (1995, p. 81).
Professores, pais e alunos devem refletir sobre a indisciplina e apresentar pontos diferentes à
ser trabalhados de maneira conjunta na luta pela qualidade educativa e pela criação de um
ambiente adequado ao processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Freire:
“Ninguém disciplina ninguém. Ninguém se disciplina sozinho. Os homens se disciplinam em
comunhão, mediados pela realidade” (1981, p.79).
Para que possamos realizar nossoprojeto seguiremos as seguintes etapas:
1ª Etapa: Trazer para escola os pais juntamente com seus filhos, realizando palestras sobre
falta de disciplina de uma forma dinâmica onde haja interação entre todos.
2ª Etapa: Trabalhar com as crianças por meio de jogos educativos, sempre trabalhando a
disciplina para que percebam a importância da mesma.
3ª Etapa: Fazer peças de teatro envolvendo as crianças para que elas percebam na prática
como deve ser uma criança disciplinada.
4ª Etapa: Elaborar cartazes com imagens das crianças que se destacarem disciplinadamente
durante o mês em cada sala, e incentivar os outros para que eles também possam estar nos
cartazes.
CRONOGRAMA.
MÊS / ETAPAS
1º mês
2º mês
3º mês
4º mês
1ª Etapa: Interação: pais – filhos – escola.
Uma vez a cada 15 dias, durante o 1º mês.
2ª Etapa:
Jogos educativos.
Uma vez por semana, durante o 2º mês.
3ª Etapa:
Teatro na escola.
Uma vez a cada 15 dias, durante o 3º mês.
4ª Etapa:
Mural com cartazes.
Uma vez no mês, durante os quatros meses.
Trazer para escola os pais juntamente com seus filhos, realizando palestras sobre falta de
disciplina de uma forma dinâmica onde haja interação entre todos.
Trabalhar com as crianças por meio de jogos educativos, sempre trabalhando a disciplina para
que percebam aimportância da mesma.
Fazer peças de teatro envolvendo as crianças para que elas percebam na prática como deve
ser uma criança disciplinada.
Elaborar cartazes com imagens das crianças que se destacarem disciplinadamente durante o
mês em cada sala, e incentivar os outros para que eles também possam estar nos cartazes.
ORÇAMENTO.
Para realização das etapas será preciso:
Cartazes
Fotos dos alunos.
Vídeos educativos
Palestrantes.
Grupos de teatros.
BIBLIOGRAFIA.
TAILE, Yves de La. As Crianças notam contradições éticas. Disponível em: , Acesso em 30 mai.
2012.
TAILE, Yves de La. Nossos alunos precisam de princípios, e não só de regras. Disponível em: <
http://revistaescola.abril.com.br>, Acesso em 30 mai. 2012.
TAILE, Yves de La. Disponível em: < http://2.forumcec.org.br/convidado/yves-de-la-taille/>,
Acesso em 01 jun. 2012.
TODERO, Francieli, Disponível em: , Acesso em 01 jun. 2012.
Revista do Educador, ano4 - nº42 julho 2006. Editora Lua
Revista do Educador, ano5 - nº59 dezembro 2007. Editora Lua.
Projetos Escolares Educação Fundamental, ano3 - nº27. Editora On line.
Projetos Escolares Educação Infantil, ano3 - nº29. Editora On line.
Revista Nova Escola, Educação Infantil, edição especial nº9, editora Abril 2006. CHALITA, Gabriel, Educação: A solução está no afeto. 6. Ed. São Paulo: Gente, 2002.