PRODUTOS FLORESTAIS PARA SUBSISTÊNCIA E MERCADOS: MEIO DE VIDA E CADEIAS DE VALORES DO BURITI (MAURITIA FLEXUOSA) EM BARREIRINHAS, MARANHÃO, BRASIL POR ARIKA VIRAPONGSE, PH.D. UNIVERSIDADE DA FLÓRIDA 2013
PRODUTOS FLORESTAIS PARA SUBSISTÊNCIA E MERCADOS: MEIO DE VIDA E CADEIAS DE VALORES DO BURITI (MAURITIA FLEXUOSA) EM BARREIRINHAS,
MARANHÃO, BRASIL
POR
ARIKA VIRAPONGSE, PH.D.
UNIVERSIDADE DA FLÓRIDA 2013
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PRODUTOS FLORESTAIS PARA SUBSISTÊNCIA E MERCADOS: MEIO DE VIDA E CADEIAS DE VALORES DO BURITI (MAURITIA FLEXUOSA) EM BARREIRINHAS,
MARANHÃO, BRASIL
Por
ARIKA VIRAPONGSE, PH.D. 2013
Comitê de revisão Marianne Schmink, Ph.D., Estudos Latino-Americanos, Universidade da Flórida Noemi Miyasaka Porro, Ph.D., Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural,
Universidade Federal do Pará Tamara Ticktin, Ph.D., Departamento de Botânica da Universidade do Havaí no Mānoa Sherry Larkin, Ph.D., Departamento de Economia de Alimentação e Recursos,
Universidade da Flórida Francis (Jack) Putz, Ph.D., Departamento de Biologia, Universidade da Flórida Collaboradores World Agroforestry Centre (ICRAF) Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural (NCADR), Universidade Federal do Pará (UFPA) Financiamento Esta pesquisa foi apoiada pela seguintes bolsa de estudos: Bolsa da Fundação de Ciência Nacional dos EUA - Programa Integrado de Pesquisa de Pós-Graduação; Bolsa de aperfeiçoamento tese de doutorado da Fundação de Ciência Nacional dos EUA [prêmio ID1032034]; Bolsa de programma de Botany em Ação de Phipps Conservatory, Pittsburg, PA, e pela Bolsa de Iniciação Científica Brasileira da Associação de Estudos Brasileiros. Nota de Autor Este documento é um resumo traduzido para o Português de uma tese que foi originalmente apresentado na Universidade da Florida, para cumprir às exigências do programa de doutorado da Escola de Recursos Naturais e Meio Ambiente. O objetivo deste documento é retornar os resultados da pesquisa para as instituições brasileiras, de modo que os resultados obtidos poderão ser aplicados e contribuir para a resolução das questões para a gestão de recursos naturais na região. Para a versão completa e em Inglês deste documento, consultar:
Virapongse, A (2013). Forest products for subsistence and markets: Livelihood systems and value chains of buriti (Mauritia flexuosa) in Brazil. Dissertation, University of Florida. Gainesville, FL.
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ÍNDICE
Pagina
RESUMO ........................................................................................................................ 7
CAPÍTULOS
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 9
2 O PAPEL DO BURITI NO MEIO DE VIDA DA POPULAÇÃO DE RIBEIRINHAS, MARANHÃO ........................................................................................................... 19
3 EFEITO DE ACESSO DE RECURSOS DO BURITI NA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO ............................................................................................................. 35
4 MEIOS DE VIDA E GESTÃO DE RECURSOS POR ATORES DE CADEIA DE BURITI .................................................................................................................... 49
5 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 65
ESBOÇO BIOGRÁFICO ............................................................................................... 69
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RESUMO
Mercados de base florestal são ferramentas importantes para a conservação e
desenvolvimento, embora o seu impacto tanto em usuários da floresta como para a
sustentabilidade dos recursos é muitas vezes discutível. Neste estudo usou a
abordagem de sistema complexo, onde os participantes do mercado de base florestal
foram considerados como uma rede de atores definidos dentro de uma dinâmica sócio-
econômica, política e ambiental operacionando em multi-nível de escalas espaciais e
temporais. Os efeitos de um mercado emergente de artesanato de folha de buriti
(Mauritia flexuosa L.f.) nos residentes no município de Barreirinhas no Estado do
Maranhão foram estudados, analisando as estratégias de meio de vida, as diferenças
sócio-econômicas entre os atores, o efeito do acesso dos recursos em participação de
Mercado, e as percepções desses atores sobre a sustentabilidade dos recursos.
Os dados sócio-econômicos foram coletados através de entrevistas realizadas
com 149 atores, dentre: proprietários de terras, extratores, artesãos, vendedores, e
não-participantes no mercado de buriti, e 07 especialistas locais da história da
comunidade e 10 atores entre governamentais e não-governamentais. Análises
qualitativas e quantitativas foram realizadas através da identificação de padrões entre
as respostas da entrevista, e comparando as médias das variáveis sócio-econômicas
entre os diferentes tipos de usuários de buriti.
Ao mudar a produção de buriti de subsistência para atividade produtiva
destinada à geração de renda, as pessoas adaptaram suas estratégias de meio de vida
para refletir uma economia cada vez mais globalizada em Barreirinhas. Os recursos do
buriti foram importantes como uma fonte de segurança familiar e para a estratégia do
meio de vida diversificada. Pessoas optaram à participar da atividade extrativa do buriti,
dependendo de fatores de gênero, do ciclo familiar, das percepções pessoais, e das
relações entre as diferentes atividades. Contrariamente às expectativas, a pobreza, a
tradição do uso do buriti, e a afinidade com a produção artesanal nem sempre garante
engajamento no mercado. O regime de propriedade e redes sociais afetam o acesso
das pessoas aos recursos de buriti, dependendo de sua distância das florestas. Os
atores da cadeia de valor eram diferentes dependendo das estratégias de subsistência,
8
das características sócio-econômicas e das percepções sobre a sustentabilidade da
coleta de folhas do buriti. O mercado emergente de artesanato buriti introduziu novos
atores e demandas de recursos que interagem com os usuários pré-existentes e as
necessidades de subsistência, e ameaçam a sustentabilidade dos recursos buriti. Ao
demonstrar os desafios sociais e ecológicos de um mercado global de produtos
florestais, este estudo pode ser útil para informar políticas mais eficazes para atingir os
objetivos de conservação e de desenvolvimento, através da aplicação dos mercados
florestais.
9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Os impactos sociais e ambientais de participação dos pessoas locais nos
mercados de produtos florestais são uma questão central em muitas iniciativas de
desenvolvimento e conservação. Embora tenha sido proposto que a conservação
biológica pode ser alcançado, demonstrando a importância econômica dos recursos
naturais (Pearce e Moran, 1994), continua a ser discutível se os mercados de base
florestal, na verdade, reduzem ou não a degradação da floresta e da pobreza (Crook e
Clapp, 1998; Kusters et al, 2006; Shackleton, 2001). E se os produtos florestais, no
entanto, não contribuem para a estabilidade de meio de vida, fornecendo famílias com
uma importante fonte de segurança e composição da renda diversificada (Shackleton et
al., 2007).
A comercialização de produtos da floresta é muitas vezes baseada na existência
de prévio conhecimento local e da tradição sobre a utilização e colheita do produto
florestal. Quando o valor financeiro de um produto florestal cresce, a extração
comercial, muitas vezes se expande rapidamente para fora das regiões com histórico
do uso tradicional do produto florestal (Shackleton et al., 2009). As organizações de
desenvolvimento podem ajudar essa expansão, incentivando as pessoas a participar
de novas oportunidades de mercado de base florestal. Por causa de complexos
relacionamentos homem-ambiente e heterogeneidade sócio-econômica, as pessoas
reagem de forma diferente para a exploração dos recursos florestais e novas
oportunidades de mercado. Isso pode ter diferentes consequências sobre os impactos
da exploração de produtos florestais no meio de vida e sustentabilidade dos recursos.
Este estudo visa avaliar as condições em que as pessoas são levadas a manter
ou a participar de atividades de exploração de produtos florestais, como parte de uma
estratégia de sobrevivência. O estudo de caso foi realizado com usuários folha de buriti
(Mauritia flexuosa L.f.) numa comunidade em Barreirinhas, Maranhão, Brasil, onde com
um recente aumento do turismo é oferecido novas oportunidades de mercado para o
artesanato de buriti. Nesse sentido, as seguintes questões de pesquisa são:
10
Como os novos mercados para os produtos florestais não-madeireiros afetam as
estratégias de meio de vida das pessoas e suas percepções sobre a exploração
sustentável dos recursos florestais?
Qual é o impacto do acesso à recursos e cadeias de valor sobre as pessoas, a
sua participação no mercado e a suas percepções de colheita sustentável?
A comercialização de derivados de buriti contribui para o aumento da segurança
da meio de vida e uso sustentável dos recursos florestais entre as pessoas de
base florestal em Barreirinhas?
Visão Geral Dos Métodos
Minha primeira visita no campo foi em junho de 2009, quando realizei a pesquisa
exploratória na região de Barreirinhas. Ao longo das estradas foram fornecedores de
artesanato coloridos de fibra de buriti, que foram estrategicamente localizadas debaixo
das palmeiras de buriti gigantes que dominaram as margens do rio. Disputando a
atenção de turistas, os vendedores estavam ansiosos para explicar a origem de seus
produtos. Investigação adicional com membros da comunidade que me levou a
descobrir que o mercado de artesanato de fibra de buriti, desde uma visão única em
um sistema homem-floresta complexo que incluía diferentes atores com diferentes
acesso aosrecursos, oportunidades de mercado e pressão, e os ativos sócio-
econômicos. Através destas interações iniciais, considerei questões teóricas sobre o
impacto de novos mercados no relacionamento de pessoas com os recursos florestais,
a dinâmica da família, entre subsistência e utilização de produtos florestais no
mercado, os fatores e contextos que levam as pessoas a explorar e interagir com a
floresta de diferentes maneiras.
Na primavera de 2010, recebi bolsas de investigação para apoiar o meu projeto
da Botânica no Programa de Ação do Phipps Conservatory, Pittsburgh, PA, Bolsa de
Iniciação Científica do Brasil Studies Association (BRASA) e Doutorado Dissertação
Research Improvement Grant (DDRIG) na Ciências de Decisão, Risco e Gestão da
Fundação Nacional de Ciência. Depois de enviar a minha proposta de pesquisa e
levantamentos entrevista para a revisão pelo Conselho de Revisão Institucional (IRB),
da Universidade da Flórida, meu projeto foi considerado isento de protocolos IRB em
11
janeiro de 2010 (# 2010-U-003). O pedido de visto de pesquisa brasileira só foi possível
através da colaboração com a Dra. Noemi Mayasaka Porro, Núcleo de Ciências
Agrárias e Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Pará. Para formalizar a
colaboração, Dra. Porro adicionou meu estudo para seu projeto CNPq certificado
chamada “Cultura na construção e defesa dos territórios tradicionais: legislação e
políticas pública para a proteção dos conhecimentos tradicionais numa sociedade pluri-
étnica.” Além disso, Dr. Roberto Porro do Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF), desde
o apoio institucional, ligando o meu projeto ao do Consórcio Iniciativa Amazônica nos
mercados e estratégias de valor agregado para produtos agroflorestais, que incluiu um
foco nas palmas econômicos. Com o apoio dessas associações formais, meu visto de
pesquisa brasileira foi concedido em maio de 2010. Além do visto de investigação,
estas colaborações também ajudou a melhorar a concepção, aplicação e potencial de
sucesso global do meu projeto de pesquisa.
Coleta de dados de campo na região de Barreirinhas, Maranhão foi realizado em
três fases. Quatro semanas durante junho-julho de 2010, foram utilizados para
identificar os participantes da pesquisa, entrevistas, testes e coletar dados de linha de
base e os dados foram analisados e utilizados para a construção de entrevistas semi-
estruturadas e estruturadas que foram utilizados na próxima fase de coleta de dados.
Sete semanas de outubro e novembro de 2010 foram usados para conduzir as
pesquisas entrevista desenvolvidos na primeira fase. Três semanas no mês de julho de
2011 foram utilizados para verificar os dados e realizar entrevistas de história oral e
entre representantes governamentais e não-governamentais de diferentes grupos de
interesse, a fim de obter uma visão mais ampla do contexto do estudo. Análise final dos
dados e escrita de dissertação foi realizada durante 2011-2012 na Universidade da
Flórida, sob a orientação dos membros do comitê de doutorado.
Local de Estudo
Fibra de Buriti é um dos dez melhores produtos florestais economicamente mais
valiosas registradas no estado do Maranhão (IBGE, 2012). A fibra do Buriti é extraída
de folhas jovens de árvores de buriti, que são de única haste, dióica, e palmeiras
arborescentes que atingem até 25 m de altura. De acordo com o IBGE, apenas quatro
12
distritos do Maranhão coletam fibra de buriti comercialmente, sendo Barreirinhas foi o
maior produtor. Barreirinhas produziu 95-125 toneladas de fibra anualmente 2004-
2012. Valor para a fibra tem aumentado ao longo dos anos, ajustado pela inflação de
2011, uma tonelada de fibra foi de R$ 7.178,00 (EUA$ 3.460) em 2004 e R$ 10.791,00
(EUA$ 5200) em 2011 (IBGE, 2012). Embora os valores exatos da produção de PFNM
são notoriamente difíceis de obter, esses números demonstram o reconhecimento
federal de um PFNM cada vez mais importante na região.
O distrito de Barreirinhas ocupa uma área de 3.112 km2 e tem 54.930 habitantes
(IBGE, 2010), que são na sua maioria caboclos, ou descendentes mistos de indígenas,
europeus e Africano. As palmeiras de buriti crescem naturalmente em florestas
pantanosas como uma espécie de árvore dominante. De acordo com a pesquisa
exploratória de campo realizada em 2008, a população local exploram todas as partes
de árvores de buriti, mas frutas, folhas maduras e folhas jovens foram mais comuns.
Em contraste, as frutas e folhas maduras, que foram utilizados para atender às
necessidades de subsistência, teve uma mudança no mercado de folha jovem
consideravelmente nos últimos 15 anos. Tradicionalmente, a fibra de folha jovem de
buriti usada para fazer redes e cabos, tem sido cada vez mais explorada por membros
da comunidade para fazer artesanato para um mercado de turismo que cresce
rapidamente (Lobato, 2008) decorrente do vizinho Parque Nacional Lençóis
Maranhenses. Em 2005, artesanato de fibra de buriti foi considerada a segunda mais
importante fonte de renda da população de Barreirinhas (Prefeitura Barreirinhas, 2005).
Em comparação com o mercados de frutas e folhas adultas de buriti, a crescente
demanda e produção de artesanato de fibra, têm um grande potencial para afetar a
dinâmica de uso do buriti.
Dentro da região de Barreirinhas, dois locais de estudo foram selecionados
durante a pesquisa exploratória para representar áreas com diferentes acesso aos
recursos buriti e mercados (Figura 1-1). “Laranjeiras” consiste de comunidades com
acesso direto ao buriti, localizado a menos de 30 minutos o tempo de viagem a partir
Barreirinhas através de transportes públicos. “Atins” consiste em comunidades que não
têm acesso direto às florestas de buriti, localizados de 2-3 horas (28-45 km) de
Barreirinhas, através de transportes públicos. Ambos os locais têm famílias que
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participam do mercado de artesanato de buriti, sendo Barreirinhas o principal mercado
consumidor e o centro político.
Estratégia de Amostragem
A unidade de trabalho é o indivíduo; agregado foi utilizada como uma unidade
intermediária de medida. Cabeças de adultos de famílias geralmente eram
direcionados para as entrevistas. A definição de um “adulto” utilizado neste estudo é
um indivíduo que exerce ou tenha exercido as responsabilidades de um indivíduo
maduro como o gerenciamento de uma casa, trabalhando para a renda familiar ou de
subsistência e educação dos filhos. A amostra foi constituída por 149 indivíduos, que
representavam 129 famílias. Tabela 1-1 mostra o grupo de amostragem de acordo com
a sua comunidade e local de campo. A população total das comunidades de estudo foi
de cerca de 12.800 pessoas (Secretaria Municipal de Saúde, Barreirinhas, 2010).
Indivíduos para o grupo de amostra foram selecionados durante duas fases de
coleta de dados, utilizando uma abordagem mista de amostragem estratificada, multi-
estágio (Neyman, 1934). Amostragem de respondent-driven (direcionado pelo
entrevistado), o que é apropriado para fazer estimativas sobre populações ocultas
(Salganik e Heckathorn, 2004), foi aplicado por pedir os membros da comunidade para
nomear indivíduos que participaram no mercado de buriti de diferentes maneiras. Na
primeira fase, foram selecionados 47 indivíduos para garantir que o grupo de amostra
incluiu pelo menos três indivíduos por função de usuário no mercado de buriti e por site
por estudo. Se o papel existia, escolhodo os indivíduos de tantas famílias diferentes
quanto possível, a fim de maximizar os dados disponíveis sobre estratégias de meio de
vida. As funções de usuário, que foram identificados com base nos dados exploratórios,
consistia de proprietários de recursos de buriti (proprietários), extratores de buriti
(extratores), artesãos de buriti (artesãos), os vendedores de artesanato de buriti
(fornecedores), e os não-usuários em geral. Entrevistados iniciais foram identificados
usando triangulação (Mathison, 1988), no qual os membros da comunidade foram
convidados a identificar um indivíduo que cumpriu uma das funções do usuário. Então,
a amostragem bola de neve foi utilizada por pedir entrevistados para identificar outros
potenciais entrevistados que se encaixam nos critérios desejados.
Na segunda fase de coleta de dados, os critérios estabelecidos para indivíduos
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não-participantes foram usadas para selecionar 102 pessoas. Os dados da primeira
fase de coleta de dados foram analisados para redefinir as funções do usuário.
Demografia das funções do usuário foram usadas para criar critérios para a seleção de
indivíduos semelhantes que atualmente não extraem derivados de buriti (não-extrator),
atualmente não produzem artesanato de buriti (não-artesão) e atualmente não vendem
artesanato de buriti (não-vendedor). Critérios para não-extratores eram do sexo
masculino, com idades entre 15-55 anos e residente de Laranjeiras. Critérios para não-
artesãos eram do sexo feminino e com idade entre 16-65 anos. Critérios para não-
fornecedores foram todos os indivíduos com idades entre 18-65. Os indivíduos foram
selecionados através de uma estratégia de amostragem intencional, em que os
indivíduos foram selecionados com base em critérios específicos, desenvolvidos
através do processo de estudo (Coyne, 1997). Os números da amostra foram limitados
por restrições de tempo e de recursos humanos, embora tenham sido feitos esforços
para incluir o maior número de pessoas possível para cada grupo de usuários e de
cada local de campo. Indivíduos poderiam preencher mais de uma função de usuário.
Poucos proprietários de buriti e extratores foram localizados em Atins, porque não
havia florestas de buriti na região.
Além do grupo de amostra de membros da comunidade, dez representantes das
partes interessadas e sete idosos da comunidade foram selecionados para a coleta de
dados complementares que poderiam fornecer um contexto qualitativo mais amplo para
o estudo. Indivíduos de grupos interessados eram representantes de Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente, Ministério da
Educação, Sindicato de Trabalhadores Rurais, cooperativas de buriti artesãos/
fornecedor e um operador turístico. Expecialistas comunitários sobre história regional
foram selecionados com base em sua reputação entre os membros da comunidade
como residentes de longa data de uma das comunidades de estudo, que eram
conhecedores da história local e bons contadores de histórias, lúcidos.
Coleta de Dados
Os dados foram coletados a partir das seguintes fontes:
15
Revisão da literatura
Os dados regionais, tais como estatísticas, mapas, estudos informais e
observações, recolhidos a partir de organizações com sede em São Luis e
Barreirinhas de Maranhão.
Entrevistas semi-estruturadas com o grupo da amostra, representantes de grupos
de interesse, e os especialistas de história regional nas comunidades de estudo
Observação participante (Smith e Kornblum, 1996) nas comunidades de estudo
para fornecer dados etnográficos
Mapeamento GPS dos locais de entrevista, a localização das florestas de buriti, e
localização das estradas/rotas de viagem
As entrevistas foram utilizadas para coletar dados sobre a estratégia de meio de
vida, buriti participação cadeia de valor, e história. A entrevista de subsistência foi uma
entrevista semi-estruturada usada para coletar dados sobre as atividades de
subsistência e demografia dos entrevistados e suas famílias. Entrevistas sobre a
cadeia de valor foram realizadas com o proprietário do buriti, extrator, artesãos e
grupos de sub-amostra de fornecedores para coletar dados sobre as cadeias de valor
de buriti. Entrevistas de história foram usadas para entender o contexto histórico do
mercado de buriti, infra-estrutura da comunidade, mudando o acesso aos recursos de
buriti, e partes interessadas. Entrevistas de meio de vida e da cadeia de valor em
média 54 minutos. Entrevistas de história em média de 35 minutos.
As entrevistas foram realizadas pela autora em Português, que era a língua
nativa dos entrevistados. As entrevistas foram realizadas na maioria das vezes na casa
dos entrevistados, apesar de algumas entrevistas foram realizadas no local de trabalho.
A assistente de campo local esteve presente na maioria das entrevistas para facilitar as
apresentações e negociar nuances culturais. As respostas a entrevistas e observações
de campo foram documentados como notas escritas à mão pelo autor, apesar de
algumas entrevistas foram gravadas como gravações de voz. Após cada fase de coleta
de dados, notas manuscritas foram ampliados em contas mais detalhadas e,
posteriormente, codificados para identificar fatores sócio-econômicos que a
participação afetada no mercado buriti, a fim de facilitar a análise dos dados.
Questões de pesquisa foram exploradas do ponto de vista cultural dos
16
entrevistados, em um esforço para descobrir as respostas “correctamento cultural”
(Spradley 1979). Validade, que foi definida como se está ou não a resposta honesta
reflecte a realidade do ponto de vista da cultura, foi verificada por meio de respostas de
correntes cruzadas durante uma entrevista ou entre entrevistas com outros
participantes. Precisão dos dados foi reforçada pelo repetido ouvir gravações de voz
para checar notas escritas à mão tomadas durante as entrevistas.
A análise dos dados foi específico para cada questão de pesquisa; descrições
detalhadas de análise de dados são encontrados em cada capítulo. Utilizou-se análise
qualitativa e quantitativa. A análise qualitativa é normalmente o primeiro passo na
análise, agrupando as respostas da entrevista, verificação cruzada entre entrevistas e
identificar padrões e fatores que poderiam ser analisados quantitativamente. Fatores
sócio-econômicos (variáveis explicativas) foram quantitativamente apresentado como
estatística descritiva, utilizando-se tabelas de freqüência. As relações entre as variáveis
foram testadas estatisticamente usando análise de correlação de Pearson. A
comparação estatística das médias foi realizada usando duas amostras t-test, teste de
Wilcoxon Rank suma, a análise de variância e teste de Kruskal-Wallis. A análise de
regressão logística foi utilizada para identificar os fatores estatisticamente significativos
de modelos sócio-econômicos. A análise quantitativa foi realizada utilizando o Excel da
Microsoft e o software SAS 4.3.
Para compensar as comunidades de estudo, tomei todas as oportunidades para
adquirir produtos de entrevistados durante a coleta de dados. O maioria dos produtos
eram artesanato do buriti comprado nos “preços turisticos” (preços ao consumidor final
da cadeia de valor). Para proporcionar uma renda adicional para as comunidades de
estudo, eu contratei assistentes de campo local e residia em uma casa alugada em
Laranjeiras e Atins durante a coleta de dados. Seguindo consultas dos diretores das
escolas nas comunidades de estudo, comprei e entreguei materiais escolares para as
escolas ao mesmo tempo que os resultados da pesquisa foram apresentados (2013).
Os resultados da pesquisa foram devolvidos de três maneiras: 1. Resumo da tese em
Português para distribuição a instituições governamentais e institutos de ensino
superior (presente documento), 2. Posters resumindo os resultados da investigação em
um meio visual orientada a ser distribuído para as escolas e participantes de
17
artesanato, e 3. Apresentações em escolas locais para o público em geral.
Figura 1-1. Mapa do local de estudo (criado por Mariano González Roglich)
18
Tabela 1-1. Número de entrevistados em cada comunidade nas duas áreas de estudo
Comunidades área Laranjeiras
Número de pessoas Comunidades Área Atins
Número de pessoas
Cidade de Barreirinhas 5 Atins 18
Baixão 3 Bar da Hora 1
Cantinho 9 Mandacaru 8
Ilha de Paraiso 1 Santo Inácio 16
Laranjeiras 47 Vassoura 2
Piaus 6
Tapui 33
Total 104 Total 45
19
CAPÍTULO 2
O PAPEL DO BURITI NO SISTEMA DE MEIO DE VIDA
Introdução
Embora o crescimento de novos mercados PFNM (produtos florestais não-madeireiros)
entre os usuários da floresta é muitas vezes promovido como uma estratégia para
atender às metas de conservação e de desenvolvimento, os mercados não são para
todos. Novos mercados globais de PFNM (produtos florestais não-madeireiros), muitas
vezes competem com os usos florestais de subsistência pré-existentes e mercados
locais. Mercados locais de PFNMs são comumente baseada no conhecimento e
habilidades tradicionais, e são o resultado de uma iniciativa baseada na comunidade,
inovação e auto-suficiência (Shackleton et al., 2007). Em contraste, os mercados
globalmente orientadas são mais complexas e estrangeiros para a maioria dos usuários
de PFNMs (Philip, 2002).
Moldada pela necessidade e oportunidade, PFNMs forma parte de estratégias
de meio de vida das pessoas por ajudando-os cumprir a sua subsistência e
necessidades de geração de renda. Como parte das estratégias de meio de vida de
diversificação, os PFNM pode prevenir a pobreza nas economias domésticas, ajudando
as pessoas a manter um padrão mínimo de vida (Angelsen e Wunder, 2003) e
fornecendo subsistência e de uma rede de proteção contra eventos inesperados entre
as comunidades locais (Shackleton e Shackleton, 2004; Wunder, 2001). A
diversificação, no entanto, também pode conduzir a efeitos adversos do género e da
distribuição desigual dos rendimentos (Ellis, 1999).
Olhando a participação das pessoas nos mercados de buriti em Barreirinhas, este
estudo buscou compreender: Por que as pessoas participam nos mercados de PFNMs
quando outras opções de subsistência estão disponíveis?
Métodos
A análise de sistemas de subsistência foi usado para explorar subsistência e dinâmica
do mercado de produtos florestais, avaliando parâmetros do sistema de meios de
subsistência e identificar fatores sócio-econômicos que a participação afetada no
20
mercado buriti. Em primeiro lugar, os dados coletados a partir de entrevistas com 149
indivíduos em Barreirinhas, Maranhão foram analisadas para identificar recursos,
atividades e estratégias de meio de vida dentro do sistema de meios de subsistência;
preferências e limitações que a seleção influenciado de atividades foram avaliadas. Em
segundo lugar, as características sócio-econômicas de participators (n=83) e não-
Participators (n=66) no mercado de buriti foram comparados. Análise consistiu nos
seguintes passos: 1. Identificar parâmetros do sistema de meios de subsistência por
meio de análise qualitativa das respostas da entrevista e estatísticas descritivas, e 2.
Duas amostras t-test e teste de Wilcoxon rank sum para identificar diferenças
estatisticamente significantes (p<0,05) entre as pessoas que participam e não
participam no mercado de buriti.
Resultados
Sistema de meio de vida
A amostra foi constituída por 40 homens e 109 mulheres, que representaram 129
famílias. Um esquema das famílias foi usado para descrever os recursos disponíveis e
utilização familiar de recursos dentro do sistema de meios de vida (Figura 2-1). Como
mostrado na figura, as famílias participaram de atividades e insumos aplicados, como o
trabalho e dinheiro, para converter os recursos em resultados benéficos, tais como
renda, bens e materiais de subsistência. Embora entrevistados partilhada acesso a
recursos semelhantes, o seu uso de recursos diferentes.
Restrições ambientais influenciaram como entrevistados converteram seus
recursos de subsistência em benefícios. A maioria dos entrevistados identificou
restrições de subsistência específicas que limitam suas oportunidades de subsistência,
incluindo a falta de cuidados de saúde (44% do grupo da amostra), a falta de acesso à
água potável (18%), a escassez de dinheiro (10%), falta de educação e formação (9%),
a falta de disponibilidade e / ou alto custo de energia elétrica (8%), a falta de acesso a
alimentos (5%) e política instável e de governança (3%).
Os indivíduos do grupo de amostra em média 2,2 atividades de subsistência /
pessoa (s=0,19) e 3,3 fontes de renda familiar / pessoa (s=1,46). Atividades de
subsistência foram definidas como atividades que os indivíduos relatados para realizar
21
em uma base comum no dia-a-dia. Fontes de renda foram as fontes de renda familiar
relatado por uma pessoa da família. Atividades e fontes de renda foram avaliados para
à sua contribuição dos objetivos de meio de vida das pessoas de ganhar as
necessidades de consumo de renda, a freqüência de participação, padrões
demográficos, restrições, e benefícios (Tabela 2-2). Atividades mais comuns eram
domésticos, a produção de artesanato, atividades agrícolas, as atividades de pesca, e
possuir um negócio. Fontes mais comuns de renda familiar foram Bolsa Família,
programa de transferência de renda governamental concedido às mulheres com filhos
em idade escolar, a produção de artesanato, atividades de pesca, aposentadoria, e
possuir um negócio.
De acordo com a análise de correlação entre as atividades de gênero e,
entrevistadas dominado trabalho doméstico (r=0,68), Bolsa Família (r=0,50), a
produção de artesanato (r=0,47), possuir um negócio (86% eram mulheres), e trabalhar
para o governo (85% eram mulheres). Entrevistados do sexo masculino foram
correlacionados com a fabricação de tijolos (r=0,40), as atividades agrícolas (r=0,44),
coleta de folha de palmeira (r=0,34), e as atividades de pesca (r=0,50). Não foi
encontrada relação forte entre gênero e educação.
Entrevistados em média 41,7 anos de idade (s=16,3) e tinha 4,7 anos de
educação formal (s=3,5). A fabricação de tijolos, trabalhos domésticos, e emprego do
governo foram todos conduzidos por pessoas com idades entre 32-40 anos de idade,
que era uma faixa etária que muitas vezes tinha uma família em crescimento, com
dependentes. Indivíduos mais educados eram mais propensos a ser empregada
governo. Pessoas menos instruídas eram mais propensos a se envolver em atividades
agrícolas e receber pensão de reforma.
Um índice de riqueza, com base na presença de seis indicadores de riqueza
(teto por exemplo, azulejos, banheiro dentro da casa, bem-feito chão e nas paredes,
canalização de água, e de propriedade do veículo), uma média de 3,82 por pessoa
(s=1,94). Indivíduos que ganhou uma pensão de reforma e de propriedade de uma
empresa eram mais ricos. Famílias mais pobres ganhou rendimentos de fabricação de
tijolos e tinha um grande número de fontes de renda. A falta de correlação entre o
Bolsa Família e de outras fontes de renda sugere que Bolsa Família é muitas vezes
22
uma fonte de renda principal, porque as mulheres tinham limitado as escolhas
geradoras de renda, enquanto a elevar as crianças.
Estações climáticas em Barreirinhas foram distinguidos como chuva ou no
inverno (janeiro a junho), seco ou no verão (julho a dezembro), ventoso (Atins,
novembro-janeiro, Laranjeiras, outubro-novembro), e não-temporada dos ventos.
Estações dirigiu atividades dependentes de recursos naturais, como a pesca e a
produção de artesanato. Atividades ligadas ao mercado de turismo também foram
dependentes da popularidade sazonal da Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses,
que foi popularmente visitada no final da estação chuvosa (junho-julho) e feriados
nacionais.
Investimento de tempo a que se refere à quantidade de tempo necessário para
participar de uma atividade durante os meses ativos. Atividades em tempo integral
requer dias inteiros de compromisso durante todos os meses ativos. Atividades de
alguns dias exigido dias completos de compromisso por curtos períodos durante os
meses de ativos da atividade. Atividades em tempo parcial necessária apenas uma
parte do dia durante os meses de ativos. Actividades esporádicas foram determinados
pela disponibilidade de trabalho imprevisíveis. Atividades que foram alguns dias, a
tempo parcial, e esporádicas eram mais propensos a ser combinados em conjunto
(Tabela 2-4). A maioria dos trabalhos classificados como “tempo integral” e “alguns
dias” eram dominada por homens. Mais tempo parcial e o trabalho esporádico era
dominado por mulheres.
A maioria dos entrevistados tinha fortes laços históricos e culturais para a região
de Barreirinhas, quase todos os entrevistados nasceram e foram criados na região e
cerca de metade dos entrevistados tinham pelo menos um pai que nasceu na
comunidade de residência atual. Atividades com significado histórico, como a pesca,
agricultura e fabricação de tijolos dominada entre os entrevistados, porque eles eram
atividades socialmente familiar.
Restrições, benefícios e tendências sócio-econômicas influenciaram como as
atividades foram combinadas em estratégias para objetivos de subsistência reunião.
Sexo, idade e educação limitada a participação das pessoas em atividades.
23
Participação nas Atividades de Folhas de Buriti
Ao longo das comunidades de estudo, o uso de subsistência de folhas de buriti se
tornou menos importante porque substitutos industriais, como para fins de construção,
eram mais acessíveis e não havia o estigma social associado à permanecendo em
níveis de subsistência. Independentemente disso, recursos buriti folha continuou a
fornecer aos membros da comunidade com uma rede de ambos subsistência e
recursos de segurança de renda. Embora o uso de buriti mercado foi aumentando, o
uso de subsistência de buriti ainda persistiu por causa da preferência cultural, a
utilidade atual e da política, eo papel do buriti dentro de um sistema de subsistência
tradicional.
Estudo de caso da comunidade de Laranjeiras. Uma ampla pesquisa foi
realizada para medir a prevalência de participação no mercado de buriti na comunidade
Laranjeiras, que foi localizado entre florestas buriti. De 375 membros da comunidade,
20% participaram de atividades no mercado de folhas de buriti. Participatores foram
19% do total de homens chefes de família, que na sua maioria extraído folhas de buriti,
44% do total de mulheres chefes de família que fizeram artesanato de fibra de buriti, e
10% do total de homens e mulheres membros mais jovens da família. Havia duas
vezes mais mulheres do que os homens que trabalham com buriti, portanto, um
extractor coletadas as folhas por mais de um artesão. Homens que não extraem buriti
tem idade média de 46 anos (s=14,2); homens que extraem buriti tem a média de 60
anos (s=18,2). Estes homens mais velhos provavelmente coletam folhas para suas
esposas artesanais de árvores menores (<3 m de altura), embora a maioria dos
artesãos consideram pequenas árvores para a produção de fibra de qualidade inferior.
Entre as mulheres, participantes e não-participantes no mercado de buriti,
apresentaram media de idades semelhantes, com média de 41 anos (s=14,1) e 48
anos (s=21,1), respectivamente. Buriti fornece uma importante fonte de renda na
comunidade. Embora essa pesquisa não capta a importância de buriti como fonte de
subsistência, os dados etnográficos mostrou que a maioria, se não todas, as famílias
em comunidade de Laranjeiras teve experiência com buriti.
Fatores sócio-econômicos influentes. A comparação entre um grupo de amostra
de indivíduos que participavam do mercado de buriti (n=83) e não participar no
24
mercado de buriti (n=66) apresentaram os seguintes resultados:
Nível de preocupação sobre sustentabilidade dos recursos do buriti estava ligado
o papel especifico das pessoas no mercado de buriti (por exemplo, proprietário,
exaustor, artesão, vendedor) e exposição a ideologias de marketing verde.
Embora laços históricos com a comunidade de residência atual ter ajudado as
pessoas a acessar o mercado de buriti, eles não foram fatores que determinaram
a participação no mercado.
Embora um indivíduo tinha boa saúde e percepção de que artesanato pode ser
usado para ganhar uma boa renda, esses fatores não garantem que as pessoas
participem de mercados do buriti
Ambos os grupos sub-amostra tiveram semelhante riqueza e possibilidade de
acesso a dinheiro, por isso a riqueza não afetou a participação nos mercados de
buriti.
As pessoas que participaram do mercado de buriti tinha um maior número médio
de fontes de renda familiar e atividades de subsistência, o que sugere que eles
praticaram uma estratégia de meio de vida mais diversificada do que as pessoas
que não participam do mercado de buriti.
Participação de modelagem no mercado buriti. A análise de regressão logística
foi utilizada para construir um modelo que descreve a participação no mercado de buriti
e identificar variáveis significas que influenciaram a participação das pessoas no
mercado (Tabela 2-6). O modelo de melhor ajuste máximo utilizado para análise foi
como se segue:
Logit previsto de (participação no mercado de buriti) = -6.212 + (0.555)*GENDER + (1.252)*ATOTAL + (1.546)*LIVBUR + (0.580)*LEAPAR + (1.000)*LIKBUR + (0.321)*ITOTAL + (0.522)*BOLSAF
Coeficientes positivos indicam que os indivíduos que participaram em mais
atividades de subsistência, teve exposição mais pessoal aos recursos de buriti, ou mais
afinidade com buriti eram mais propensos a participar do mercado de buriti.
Em resumo, os participantes do mercado de buriti foram caracterizados como
pessoas com diferentes estratégias de meios de vida, e quem poderia confiar em suas
25
habilidades existentes, conhecimentos e experiência com buriti. Além disso, a maioria
dos participantes relatou que, pessoalmente, gostavam de trabalhar com buriti como
uma atividade de subsistência, o que sugere que a atitude foi um fator importante para
determinar a participação nos mercados de buriti.
Discussão
Os resultados mostraram que os entrevistados priorizaram a estabilidade e o sustento.
Sua dependência de recursos e atividades de subsistência variou de acordo com as
restrições ambientais, dados demográficos e preferências pessoais. Uso do Buriti foi
influenciado pela identidade cultural, governança, as percepções sociais e culturais, e
relação entre as atividades de buriti e outras atividades de subsistência tradicionais.
Como uma atividade geração de renda, buriti foi favorecido pelos entrevistados,
especialmente as mulheres, porque permitiu em alta flexibilidade, baixo risco, o
dinheiro rápido, de baixo investimento e participação em diversas estratégias de meio
de vida. Uso de subsistência de buriti persistiu devido a identidade cultural, o valor
potencial, a utilidade atual e da política, e o papel do buriti dentro de um sistema de
subsistência tradicional. Apesar de buriti pode fornecer uma boa renda, nem todos
participaram de atividades de buriti para satisfazer as suas necessidades de caixa.
Independentemente de compartilhar um sistema de subsistência semelhante, a
heterogeneidade sócio-econômica da população de estudo determinou se as pessoas
envolvidas nas atividades de buriti.
Existem algumas indicações que podem ser feitas como resultado deste estudo:
Estratificações sociais dentro das comunidades deve ser reconhecida, a fim de
antecipar os tipos de pessoas que estariam mais receptivos aos mercados de
produtos florestais e seus efeitos sobre o mercado.
Afinidade das pessoas para trabalhar com o buriti como uma atividade de meio de
vida era uma das características mais importantes para os participantes do
mercado de buriti. Assim, deve dar mais atenção de desejo pessoal das pessoas
a trabalhar com produtos da floresta como um incentivo para a participação nos
mercados florestais.
26
Artesanato deve continuar a ser uma fonte de renda importante para todas as
mulheres da região de estudo, não só para os grupos mais privilegiados das
mulheres.
Percepções de sustentabilidade de PFNM pode ser influenciada pela relação das
pessoas com produtos florestais e discursos de marketing verde, que tem
implicações para as estratégias de gestão de recursos que buscam usar as
percepções dos usuários locais como base para orientar o uso sustentável da
floresta.
27
Figura 2-1. Esquema mostrando recursos (caixas) e as entradas e saídas, como
resultado do uso de recursos (setas) que estão disponíveis para um agregado familiar
típico de Barreirinhas, Maranhão.
28
Tabela 2-1. Variáveis sócio-econômicas avaliadas no estudo Nome da variável Descrição Alcance
DEMOGRAFIA INDIVIDUAIS Participa mercado buriti Entrevistado participa de buriti mercado de derivativos 0,1 Região Entrevistado morava em Laranjeiras (0) ou Atins (1) área 0,1 Idade Idade (anos) 13-88 Sexo Sexo, sexo masculino (0) ou feminino (1) 0,1 Educação Educação (anos) 1-13 Total de atividades Número de atividades de subsistência relatado 0-5 Anos em comunidade Número de anos vividos em comunidade atual 1-73 Individual > 10 anos buriti Individual> 10 anos perto de buriti 0,1 Pais nasceu em comunidade Um dos pais nascido na comunidade atual de entrevistado 0,1 Pai> 10 anos buriti Pelo menos um dos pais viveu> 10 anos perto de buriti 0,1 Buriti aprendeu dos pais Aprendeu o ofício buriti atual de um pai 0,1 Plantadas buriti árvore Plantou uma árvore de buriti 0,1 Boa saúde Acredita que tem boa saúde 0,1 Árvores de buriti ameaçado Considera árvores de buriti ameaçado 0,1 Folha prejudicial Jovem Considera coleção folha jovem prejudicial 0,1 Afinidade com buriti Gosta ou gostaria de trabalhar com buriti 0,1 Artesanato lucrativos Mercado de artesanato proporciona uma boa renda 0,1
DEMOGRAFIA DOMÉSTICAS Jardim de casa Ativo jardim lar atual 0,1 Campo agrícola Ativo campo agrícola presente 0,1 Trabalho doméstico Os membros da família a ganhar renda / pessoas em casa 0-1 Tamanho da família Número de membros nas famílias 1,10 Chefe de família Chefe de família é uma única pessoa (0) ou casal (1) 0,1 Uso doméstico Buriti Derivado da folha de buriti utilizado para a subsistência familiar 0,1 Renda consistente Recebe renda consistente a cada mês 0,1 Índice de riqueza Índice baseado na presença de telhado, banheiro dentro, bem-
feito chão e paredes, canalização de água, e propriedade do veículo
0-6
O acesso ao crédito Entrevistado percebe tem acesso a emprestar dinheiro 0,1 Assistência externa As pessoas de fora da família contribuir com dinheiro / bens 0,1 Fontes de renda total Número de fontes de renda das famílias relataram 0-6
ATIVIDADES INDIVIDUAIS Bolsa Família Entrevistado recebe Bolsa Família 0,1 Aposentadoria Entrevistado recebe pensões de reforma 0,1 Estudar Entrevistado freqüenta a escola 0,1 Trabalhos domésticos Trabalho doméstico é uma atividade principal 0,1 As atividades de pesca A pesca é a principal atividade 0.1 Atividade empresar. privada Empresário ou cooperado 0,1 Fábrica de tijolos Fabricação de tijolos e cerâmicas são uma atividade principal 0,1 Atividade agrícola A agricultura é a principal atividade 0,1 Empregado pelo governo Empregado pelo governo 0,1 Coleta de folhas de palmeira Coleta de folhas de palmeira 0,1
RENDA FAMILIAR Bolsa Famila renda Bolsa Família para a renda familiar 0,1 Renda de aposentadoria Aposentadoria por renda familiar 0,1 Artesanato renda Artesanato para o rendimento do agregado familiar 0,1 Empregada co privado. Privada emprego empresa para a renda familiar 0,1 Renda Pesca As actividades de pesca para a renda familiar 0,1 Fábrica de tijolos Tijolos e fabricação de cerâmica para a renda familiar 0,1 Empregado pelo governo Emprego do governo para a renda familiar 0,1 Venda de bens Venda de bens sem uma loja para a renda familiar 0,1 Vendendo agricultura Venda de produtos agrícolas para rendimento do agregado familiar 0,1 Transporte Renda familiar, fornecendo transporte 0,1 Vendendo folhas de palmeira Vendendo folhas de palmeiras para a renda familiar 0,1
29
Tabela 2-2. Descrição das atividades de subsistência realizada pelos entrevistados e membros da família Atividade Frequência
1 Descrição e sexo Custos Benefícios
RENDA SÓ Bolsa Família Hshold = 79 Subsídio do governo às mulheres para
apoiar as crianças em idade escolar. Deve viajar para a cidade para retirar dinheiro.
Uma das poucas fontes de renda para as mulheres
Aposentadoria Hshold = 43 Homens e mulheres idosos que têm investido em um programa de aposentadoria.
Deve viajar para a cidade para retirar dinheiro.
Idosos podem ganhar dinheiro.
Proprietário da empresa
Indiv = 22 Hshold = 30
Homens e mulheres possuem uma mercearia, barco / fabricação de tijolos, ou de artesanato, ou participar em co-op.
Investimento: aquisição de produtos, construir, alugar, comprar ou acessar o espaço da loja. Risco: Não vender os produtos, os clientes não-pagantes
Fonte consistente de bom rendimento, pode trabalhar em casa / comunidade, dono da fábrica de tijolos ganha R$ 300/mês
Funcionário público Indiv = 13 Hshold = 22
Homens e mulheres que trabalham para o governo (provedor de saúde, limpador de escola / rua, professor)
Horas inflexíveis Fonte de renda confiável, pode receber benefícios de trabalho, trabalho em comunidade; est. R$ 540/mes
Fornecimento de transporte
Hshold = 21 Homens dirigiu turístico, barcos escolares, moto-táxi, e 4X4 de transporte público, guia de turismo
Às vezes, grandes investimentos em possuir e manter seu veículo
Pode trabalhar na comunidade; trabalho turismo oferece salário alto.
Venda de bens sem possuir um negócio
Indiv = 5 Hshold = 16
Mulheres vender cosméticos e roupas em comunidade. Homens viajar para fora da comunidade para vender peixe e produtos.
Risco: os clientes não-pagantes; produtos frescos podem ir mal antes da venda. Longos períodos entre renda.
Combina bem com outras atividades de subsistência. Pode trabalhar dentro da comunidade.
Empregado para empresa privada
Hshold = 14 Homens trabalham para a companhia de petróleo, as mulheres e os homens trabalham para uma empresa privada.
Longos períodos gasto fora da comunidade (6 semanas várias vezes por ano); trabalho fisicamente exigente
Salário consistente; recebe benefícios de trabalho; longos períodos em casa entre as atribuições de trabalho; alto salário, est R$ 850/mes
Dia do Trabalho Hshold = 6 Principalmente os homens e algumas mulheres que tomam qualquer trabalho por dia por exemplo. moer mandioca, trabalhar com agricultura.
Fonte inconsistente de renda. Muitas vezes trabalho fisicamente exigente.
Combina bem com outras atividades de subsistência; est. R$ 25/dia
RENDA E DE SUBSISTÊNCIA Artesanato Indiv = 67
Hshold = 75 Principalmente as mulheres, alguns homens, tornando buriti ou artesanato à base de carnaúba.
Renda inconsistente, o acesso limitado a recursos, o investimento em materiais
Dinheiro rápido, pode trabalhar a partir de casa, combina bem com outras atividades.
As actividades de pesca
Indiv = 23 Hshold = 49
Principalmente os homens, algumas mulheres. Renda: a pesca oceânica. Subsistência: Oceano e pesca no rio.
Menos lucrativo do que no passado por causa da redução de estoques pesqueiros e de gestão mais rigorosa.
Fazer redes: Renda inconsistente.
Atividade de subsistência familiar. Fazer redes: Pode trabalhar a partir de casa. Estimativa de renda: R$ 140/semana fazendo rio rede de pesca
As atividades agrícolas
Indiv = 33 Hshold = 24
Principalmente os homens, algumas mulheres. Agricultura e à pecuária.
Fornece pouca renda. Risco: o fracasso das colheitas ou gado
Boa fonte de subsistência.
1 Indiv - freqüência de indivíduos que participam de atividades; Hshold - freqüência de domicílios entrevistados participantes
30
Tabela 2-2. Continuação
Activity Frequency1 Description and gender Costs Benefits
Fábrica de tijolos Indiv = 13 Hshold = 22
Homens e mulheres fazem tijolos e telhas. Resultado: trabalhar em casa fábrica de tijolos indústria. Subsistência: a construção de casa.
Para o consumo das famílias: devem pagar para ter acesso a uma boa argila. Fisicamente exigente.
Pode construir a sua própria casa e no trabalho em comunidade. Trabalhadores adultos ganham de R$ 150/1000 tijolos / semana. Os meninos ganham R $ 50-60/semana.
Coleta de folhas de palmeira
Indiv = 6 Hshold = 9
Principalmente os homens são extratores, algumas mulheres cobrar para uso doméstico. De renda e de subsistência: Buriti e Carnaúba folhas.
Trabalho inconsistente, o acesso aos recursos incerto, e coleta de árvores altas é perigoso.
Proporciona renda adicional. Estimativa Buriti renda: folhas maduras: R$ 95-120/100 folhas. Folha jovem: R$ 1.5-2/folha
Cuidar da casa Indiv = 4 Hshold = 7
Homens e mulheres que se preocupam-levar para casa de férias construída em comunidade.
Alta responsabilidade de cuidar da propriedade de um outra persona
Fornece um local de residência. Pode trabalhar em comunidade.
Construção da casa
Indiv = 4 Hshold = 7
Homens que trabalham com construção civil no seio da comunidade
Pode ser um trabalho inconsistente. Requer habilidades.
Pode construir casa de família e trabalhar na comunidade.
Fixação de barcos Hshold = 5 Apenas os homens. Resultado: a pesca oceânica. Subsistência: pesca mar / rio.
Pode exigir alto investimento de materiais e equipamentos.
Alta demanda. Estimativa Salário: R$ 40/dia para consertar barcos.
Produtos de marisco e da floresta (não buriti)
Hshold = 4 Família: Homens e mulheres coletar madeira para construção e carvão. Renda e domésticos: Mulheres vendem mariscos e frutos
Grande investimento de tempo e energia para pouco retorno renda. O trabalho sazonal, dependendo do produto.
Fornece necessário muita renda quando há poucas opções.
Costurando com a máquina de costura
Indiv = 5 Principalmente as mulheres, alguns homens. Resultado: Mulheres alfaiates. Homens e mulheres costurar artesanato. Família: Mulheres costurar para a família.
Investimento: equipamentos de costura.
Pode ser independente e trabalhar em casa.
SUBSISTÊNCIA SÓ Trabalhos domésticos
Indiv = 89 Principalmente as mulheres, alguns meninos adolescentes. Correndo casa por cozinhar, limpar, lavar roupa e cuidar dos dependentes.
Difícil de participar no lucro ganhando atividades fora de casa.
Pode trabalhar a partir de casa
Estudar Indiv = 12 Homens e mulheres que estudam em instituições formais de jovens e adultos.
Custo de oportunidade Pode obter um melhor trabalho no futuro.
1 Indiv - freqüência de indivíduos que participam de atividades; Hshold - freqüência de domicílios entrevistados participants
31
Tabela 2-3. Meses ativos e investimento de atividades de subsistência principais tempo necessário Meses do ano (janeiro-dezembro)
1
Investimento de tempo e tipo de atividade 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
TEMPO INTEGRAL Trabalho doméstico e criação de filhos pequenos x x x x x x x x x x x x Atividades relacionadas com o turismo: guias turísticos, passeios de barco, restaurantes e casas de hóspedes
x x x x x x x x x x x
Trabalhar para uma empresa não-gasolina privado x x x x x x x x x x x x Atividades de fabricação de tijolos: os trabalhadores e proprietário da loja
x x x x x x -x
Pesca oceânica x x x x x ALGUNS DIAS Manutenção pesca oceânica de barcos e redes x x x x x x As atividades agrícolas x x x x x x x x x x x x Construção ou carpintaria de casas x x x x x x x x x x x x Trabalhar para uma empresa de gasolina x x x x x x x x x x x x Fornecimento de transporte x x x x x x x x x x x x Dia do Trabalho e biscates x x x x x x x x x x x x MEIO PERIODO Afazeres domésticos sem crianças pequenas x x x x x x x x x x x x Empregado pelo governo x x x x x x x x x x x x Rio de pesca e fixação / confecção de redes x x x x x x x x x x x x Atividades relacionadas com o turismo: a produção de artesanato de buriti
x x x x x x x x x
A produção de frutos: agricultura e produtos florestais não madeireiros
x x x
Contratado para cuidar-ter uma casa x x x x x x x x x x x x Escola relacionada: os alunos na escola, funcionários de escolas e transporte para estudantes
x x x x x x x x x
Jardinagem x x x x x x x x x x x x ESPORÁDICO Venda de itens de porta em porta x x x x x x x x x x x x Vendendo folhas das árvores de buriti x x x x x De costura x x x x x x x x x x x x Coleta de PFNM, crustáceos e moluscos x x x x x x x x x x x x 1 “x” denota os meses de actividade.
2 Tempo integral: dias completos de trabalho durante os meses de
actividade; Alguns dias:.Dias completos de trabalho, mas por períodos curtos apenas durante os meses de actividade; Part-time: parte do dia dedicado ao trabalho ao longo de meses de atividade; esporádica: trabalhar apenas alguns dias, apenas quando o trabalho está disponível.
Tabela 2-4. Combinações de atividades com base em investimentos de tempo necessários Tempo
integral Alguns dias Part-time Esporádico
Tempo integral
Não Não Não Sim
Alguns dias - Mesmo mês, mas não mesmo dia
Mesmo mês, mas não mesmo dia
Mesmo mês, mas não mesmo dia
Part-time - - Sim Sim Esporádico - - - Sim
Não - atividades não é susceptível de combinar; Sim - atividades combinam bem.
32
Tabela 2-5. Meios de variáveis sócio-econômicas de acordo com a participação no mercado de buriti Variáveis sócio-econômicas Diferentes meios * (X) Participação n = 83 Sem participação n = 51
DEMOGRAFIA INDIVIDUAIS Região - 0.28 0.33 Idade - 41.25 (12.69) 42.29 (20.02) Sexo X 0.81 0.64 Educação - 4.32 (3.02) 5.16 (3.98) Total de atividades X 2.46 (0.74) 1.85 (1.03)
HISTÓRIA INDIVIDUAL Anos em comunidade - 30.78 (15.14) 30.28 (17.41) Individual> 10 anos buriti X 0.85 0.70 Comunidade nascido pai - 0.50 0.54 Pai> 10 anos buriti - 0.81 0.74 Buriti aprendeu com pai X 0.46 0.24 Plantadas buriti árvore - 0.53 0.53
PERCEPÇÃO INDIVIDUAL Boa saúde - 0.71 0.77 Árvores de buriti ameaçado - 0.67 0.54 Folha prejudicial Jovem X 0.14 0.59 Afinidade com buriti X 0.85 0.47 Artesanato lucrativos - 0.80 0.67
DEMOGRAFIA DOMÉSTICAS Jardim de casa - 0.68 0.70 Campo agrícola - 0.52 0.42 Trabalho doméstico - 0.44 (0.21) 0.37 (0.21) Tamanho da família - 4.89 (1.85) 4.82 (1.49) Uso doméstico Buriti - 0.74 0.74 Renda consistente - 0.54 0.65 Índice de riqueza - 2.92 (1.79) 2.94 (1.89) O acesso ao crédito - 0.42 0.39 Assistência externa - 0.16 0.27 Fontes de renda total X 3.29 (0.96) 2.50 (1.27)
ATIVIDADES INDIVIDUAIS Bolsa Família X 0.70 0.56 Aposentadoria X 0.22 0.58 Estudar X 0.04 0.14 Trabalhos domésticos - 0.61 0.58 As actividades de pesca - 0.16 0.18 Atividade empresarial privada X 0.22 0.06 Fábrica de tijolos - 0.11 0.06 A atividade agrícola - 0.18 0.27 Empregada por Govarno - 0.07 0.11 Coleta de folhas de palmeira X 0.07 0.00
RENDA FAMILIAR Bolsa Familia renda - 0.68 0.52 Renda de aposentadoria X 0.24 0.56 Renda Artesanato X 0.84 0.08 Empregada co privado. X 0.67 0.18 Renda Pesca - 0.35 0.33 Renda fabricação de tijolos - 0.16 0.14 Empregada por Gova € ™ t X 0.10 0.21 Venda de bens - 0.11 0.11 Vendendo agrícola - 0.19 0.12 Transporte - 0.18 0.09 Vendendo folhas de palmeira - 0.08 0.03
* De acordo com T-Test e teste de Wilcoxon rank sum (p<0,05); traço denota nenhuma diferença significativa
33
Tabela 2-6. Resultados de regressão logística de participação no mercado de folha de buriti Modelos Coeficiente (MLE) Odds ratio valor de p, *p<0,05
Observações = 102 Modelo de avaliação: da razão de verossimilhança = 38,71 (p <0,0001) Concordante = 82,8 por cento
Sexo– GENDER 0.555 1.75 0.490 Atividades total – ATOTAL 1.252 3.50 0.002* Individual >10 anos buriti – LIVBUR 1.546 4.69 0.013* Buriti aprendeu com pais - LEAPAR 0.580 1.79 0.286 Afinidade com buriti – LIKBUR 1.000 2.72 0.024* Fonte de renda total - ITOTAL 0.321 1.38 0.119 Bolsa Familia - BOLSAF 0.522 1.67 0.385
35
CAPÍTULO 3
EFEITO DO ACESSO AOS RECURSOS DO BURITI NA PARTICIPAÇÃO DO MERCADO
Introdução
O acesso ao PFNM (produtos florestais não-madeireiros), tais como a distância aos
recursos e regime de bens, pode impactar a participação nos mercados florestais e
sustentabilidade dos recursos. Proximidade de plantas produtoras de matérias-primas
pode levar a superexploração de recursos de PFNMs (Murali et al., 1996; Sampaio et
al., 2008; Uma Shaanker et al., 2004). Aldeias distantes, muitas vezes têm acesso às
florestas porém carece de acesso aos mercados. Em contraste, as aldeias perto de
mercados da cidade, muitas vezes têm bem desenvolvida infra-estruturas físicas e
sociais, porém mais problemas com a degradação florestal.
Sistemas de posse da terra e governança, tais como a propriedade privada, as
áreas comuns e acesso aberto pode promover ou desencorajar uso sustentável dos
recursos (Gibson et al., 2000). Nenhum regime de propriedade, no entanto, funciona de
forma eficiente e sustentável para todos os recursos, porque os sistemas de gestão
local e uso de PFNMs variam muito, dependendo do tipo de produto florestal e seus
contextos ecológicos, políticos, socio-económico e cultural (Berkes et al., 1998; Ghimire
et al., 2004; Kusters et al., 2006; Ruiz-Perez and Byron, 1999; Ticktin, 2004).
Quando o valor econômico e demanda por PFNMs sobe, comercialização de
produtos muitas vezes se expande para fora das regiões com histórico de uso
tradicional (Shackleton et al., 2009). A expansão pode levar a colheita mais intensa e
prejudicial e competição descontrolada de recursos de PFNM (Belcher et al., 2005;
Marshall et al., 2006). Para ter empresas bem sucedidas os produtores devem ter a
capacidade de fazer negócios e comercializar, ser bem organizado, ter conhecimento e
habilidade (Arnold e Townson, 1998), e muitas vezes o mão-de-obra familiar apropriada
(Ruiz-Perez e Byron, 1999). Aumento de mercados de PFNMs também pode ampliar
as divisões entre grupos sócio-economicamente díspares (Kusters et al., 2006).
PFNMs, no entanto, pode prevenir a pobreza, ajudando as pessoas preencher lacunas
de fluxo de caixa sazonais ou outros, lidar com as despesas e riscos, e responder às
36
oportunidades incomuns, mas também proporcionar a subsistência, seguro, e uma rede
de segurança alimentar (Angelsen e Wunder, 2003; Shackleton e Shackleton, 2004;
Wunder, 2001).
Este estudo avalia o impacto do acesso ao buriti (Mauritia flexuosa), na
participação de mercado e no uso de recursos em Barreirinhas, estado do Maranhão.
Foram feitas as seguintes perguntas de pesquisa: Como o acesso ao recurso afeta a
participação no mercado e percepções sobre a sustentabilidade das colheitas de folhas
de buriti? Como é que as pessoas com diferente acesso a recursos diferente se
comparam quanto à participação no mercado de buriti, nas estratégias de subsistencia,
laços históricos com o buriti, riqueza e percepções sobre os impactos do uso do buriti?
Métodos
O trabalho de campo foi realizado em 12 comunidades (Figura 1-1) categorizados
como comunidades na área de Laranjeiras, localizada a 30 km, menos de 30 minutos
de viagem de Barreirinhas, comunidades na área de Atins, localizado a 28-45 km ou
mais de 2 horas de viagem a partir de Barreirinhas. Foram amostrados 106 indivíduos,
65 indivíduos com acesso direto aos recursos (área de Laranjeiras) e 41 indivíduos
com acesso indireto aos recursos (área Atins). Para entender a história regional e as
legislações de recursos naturais, sete informantes chaves nas Comunidadea foram
selecionados com base em sua reputação como residentes de longa data na região de
estudo, conhecimento da história local, e contadores de histórias lúcidos. Também
foram selecionados quatro representantes de ICMBio, Ministério da Educação,
Ministério do Meio Ambiente, e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreirinhas.
Foi utilizada análise qualitativa para entender as diferenças regionais entre
Laranjeiras e Atins. Para analisar as diferenças sócio-econômicas e o impacto do
acesso a recursos entre os entrevistados, os meios quantitativos de fatores sócio-
econômicos foram comparados entre a) participantes no mercado de artesanato de
fibra de buriti de Laranjeiras (n=47) e Atins (n=22), e b) não-participantes no mercado
de artesanato de fibra de buriti de Laranjeiras (n=18) e Atins (n=19) (Tabela 3-2).
Medias de fatores sócio-econômicos foram comparadas para identificar diferenças
estatísticas entre as sub-amostra usando t-test e teste de Wilcoxon rank sum (p<0,05)
37
para as duas amostras.
Resultados
História regional
De acordo com a história oral, a cidade de Barreirinhas foi criado a mais de 200 anos,
por causa da água fresca abundante, terras aráveis, e de fácil acesso para o litoral
através do Rio Preguiça. A área de Laranjeiras, no interior, fornecia produtos agrícolas,
como mandioca e arroz, e material de construção civil, tais como recursos de palmeiras
e argila. Atins, área costeira, forneceu recursos marinhos, como peixes, mariscos, e
madeira de mangue para a construção. Muitos moradores de Laranjeiras e de Atins
eram descendentes de imigrantes de pesca, que viajavam ao longo da costa e se
estabeleceram ao redor da boca do Rio Preguiça. Alguns moradores eram
descendentes de migrantes que se mudaram do interior para o litoral.
A medida que os assentamentos tornaram-se mais permanente ao longo da
última geração, as famílias extenderam nas áreas de Laranjeiras e Atins. As duas
regiões foram ligados por dependência de recursos naturais comuns e de uma tradição
de comércio, como por farinha e peixe. Nos últimos 50 anos, a população da região
tem crescido tremendamente. Barreirinhas tem crescido a partir de trinta famílias de um
grande centro urbano, com mais de 3.063 famílias (registros da Secretaria Municipal de
Saúde, 2010). No passado, as pessoas trabalharam quase que inteiramente com
atividades baseadas na subsistência, como a pesca ea agricultura, e ganhou pouca
renda. Os entrevistados relataram que, mais recentemente, muito menos recursos
naturais disponíveis, tais como peixes e recursos florestais, e não havia mais o
desenvolvimento da terra e poluição. Não houve famílias totalmente auto-suficientes
encontrados em qualquer site, todas as famílias se baseou em mercados urbanos de
alguns bens essenciais. Devido a uma população crescente e crescente
desenvolvimento, as preocupações em relação a diminuição dos recursos e
aumentando a popularidade da Parque Nacional Lençóis Maranhenses (fundada em
1981), houve aumento aplicação das leis existentes sobre o desenvolvimento da terra e
uso dos recursos.
38
Uso do buriti
Folhas de buriti sempre ajudaram as pessoas da região a atingirem a sua subsistência,
como seu uso para a construção de casa e a confecção de artesanato doméstico, tais
como redes. Mas, o artesanato mais recentes para mercados externos exigiu
habilidades diferentes. Algumas artesãs de Laranjeiras e Atins relataram ter sido
convidado para entrar no mercado de artesanato em torno de 50 anos atrás, quando os
vendedores masculinos oferecidas oportunidades de formação e acesso ao mercado
fora de Barreirinhas, como na capital do Estado de São Luis. Outras mulheres
aprenderam novas habilidades por meio de cooperativas de artesãos.
Maior necessidade de subsistencia e uso no mercado de folhas jovens e adultas
de buriti levaram a superexploração. Segundo os entrevistados, a aplicação de leis
para controlar o acesso aos recursos naturais, bem como o aumento do acesso aos
substitutos industriais para a cobertura dos telhados, ajudaram a recuperar florestas de
buriti ao longo dos últimos quinze anos. Em 1975, uma lei municipal Barreirinhas (nº
161) foi promulgada para restringir coleta de buriti para residentes nas proximidades.
Os membros da comunidade foram proibidos de vender derivados de folha de buriti
para fora do município, embora venda era permitida se o derivado estava na forma
processada, como tapete de fibra de buriti. De acordo com o Código Florestal Brasileiro
(4.771/1965), a terra dentro de 50 m das bordas do rio estava protegida do
desenvolvimento. Porque as árvores de buriti frequentemente crescem nas margens
dos rios, eles também estavam protegidos sob estas leis (Ministério do Meio Ambiente,
8 de julho de 2011). Na época do estudo, os moradores locais poderiam coletar folhas
de buriti para fins de subsistência, desde que as árvores não foram permanentemente
danificadas (ICMBio, 13 de outubro de 2010). Também estima-se que 80% da
população de Barreirinhas contou com o uso do buriti para suprir parte de suas
necessidades de subsistência (Ministério do Meio Ambiente, 8 de julho de 2011).
Ambas as regiões de estudo tinham acesso semelhante ao mercado de turismo,
apesar de Laranjeiras foi mais integrado na economia de mercado, devido à sua
proximidade com a Barreirinhas. Barreirinhas é o principal mercado para o artesanato
da região, mas Mandacaru forneceu um mercado secundário por causa da alta do
turismo na comunidade. Cooperativas apoiadas pelo Sebrae (Serviço de Apoio Micro e
39
Pequenas Empresas do Brasil) têm fornecido artesãos, com o apoio de infra-estrutura,
treinamento de habilidades, equipamentos e acesso a novos mercados. Alguns grupos
de artesãos também tentaram iniciar cooperativas de base comunitária. Estas
cooperativas muitas vezes não encontrararm sucesso porque os membros não tinham
capacidade para comercializar, desconfiavam uns dos outros, e não tinha confiança de
que poderiam competir com outras fontes de artesanato. As únicas cooperativas bem
sucedidas identificadas no estudo que tinha conseguido operar sem ou com pouco
apoio do SEBRAE estavam em Mandacaru (área de Atins).
Para residentes na área do Atins, os buritizais sempre foram distantes, porem
antigamente era possível ser acessados diretamente. Na época do estudo,
entrevistados de Atins não podiam extrair recursos porque as florestas de buriti se
tornaram propriedade privada e cercadas, ou protegidos por leis municipais de
Barreirinhas, e a aplicação da lei tinha recentemente se tornado mais rigorosas. Ainda
dependente de buriti, no entanto, os moradores de Atins acessavam folha de buriti
processado (cozido e seco) através de intermediários que transportaram mercadorias
da região Laranjeiras. Embora residentes na área de Laranjeiras tinham direitos legais
de acesso aos buritizais, o acesso variou devido a diferentes tipos de posse da terra. O
Buriti cresce em terras privadas, terras de propriedade do governo, ou terra gerida
comunalmente, dos quais apenas membros de comunidades específicas tinham direito
de usar os recursos (Sindicato dos Trabalhadores Rurais, 8 de julho de 2011). Como
restrições adicionais, florestas de buriti em áreas de pântano também foram muitas
vezes fisicamente difícil e de perigoso acesso.
Ao nível doméstico, as restrições de extração variaram, dependendo do tipo de
derivado de buriti recolhidos. Do ponto de vista local, frutas e folhas maduras foram
necessárias para atender as necessidades de subsistência e pode ser sustentavel. Em
contraste, a coleta da folha jovem foi usado para satisfazer as necessidades de renda
através de um novo mercado externo e tinha mais potencial para superexploração. Por
estas razões, os proprietários de recursos buriti locais geralmente desencorajaram
coleta de folhas jovens de buriti. Reconhecendo que as folhas jovens e fibras eram
mais fáceis de encontrar e comprar, os entrevistados relataram que a falta de recursos
foi devido ao crescimento da população, aumento da demanda de mercado, o aumento
40
do número de pessoas que entram no mercado e relutância das pessoas para cultivar
árvores e superexploração.
Dentro de uma geração, o movimento das pessoas entre as regiões de Atins e
Laranjeiras tornou-se mais restrita, para que as pessoas se tornaram residentes
permanentes em uma das regiões. Embora houvesse algumas diferenças históricas
aparentes em termos de utilização buriti entre as duas regiões, o aumento da aplicação
da lei havia restringido o acesso a recursos de buriti. Membros da comunidade Atins
poderia recolher já não diretamente os seus próprios recursos. Na época do estudo,
participantes de Atins contou com intermediários, e mais importante, a sua rede social
para garantir preços mais baixos e acesso confiável a fibra de buriti. A procura
crescente de folha jovem de buriti e aplicação mais rigorosa de legislação que controla
o acesso a recursos, pode causar conflitos na região.
Participação de fibra de buriti no mercado de artesanato
Os resultados mostraram que em Laranjeiras entrevistados que não participam do
mercado de buriti não conseguiram fazê-lo porque não tinha tempo e porque a sua fase
no ciclo familiar não era propício para a participação no mercado. Em contraste, a
história forte, a exposição aos recursos de buriti, e as necessidades financeiras
aumentaram a probabilidade dos entrevistados em Atins engajar no mercado de buriti.
Comparações entre participantes de Laranjeiras e Atins do mercado de buriti
mostrou que os entrevistados eram socio-economicamente similares. Os participantes
de ambos os lugares tinham um interesse comum e dependência de derivados de
buriti, apesar de Atins ter mais confiança no artesanato como fonte de renda. Famílias
participantes de ambos os lugares estavam em um estágio inicial do ciclo familiar, com
nascimento de dependentes. Participantes de Laranjeiras basearam em suas
experiências pessoais e em um curso com buriti para alavancar seu envolvimento no
mercado. Em contraste, os participantes de Atins dependiam de seus pais para lhes
ensinar o ofício. Em Laranjeiras os participantes estavam envolvidos em todas as
partes da cadeia do mercado de buriti, enquanto que em Atins os participantes estavam
limitados ao final da cadeia por causa da sua falta de acesso a recursos de buriti e
maior valor de mercado. Ambos os lugares relataram dificuldade na obtenção de fibras
de buriti e de recursos financeiros, o que sugere que os participantes de ambas as
41
regiões foram afetadas por diferentes tipos de controles de acesso aos recursos.
Comparando-se os participantes e não participantes no mercado do buriti
demonstraram que os não-participantes das duas regiões tiveram limitação de
participação no mercado de buriti por causa de compromissos em horários conflitantes
e responsabilidades domésticas. Não participantes em Laranjeiras tinham menos
interesse em ingressar no mercado de buriti de que em Atins. Não participantes em
Laranjeiras tem a percepção de que o processo de artesanato de buriti era difícil e
demorado porque os artesãos eram geralmente envolvidos em toda a cadeia de
produção de buriti. Embora alguns entrevistados de Atins foram impedidos de participar
no mercado devido à falta de acesso aos buritizais, o acesso não foi o principal fator
que afetou a sua participação.
Discussão
Pessoas na área de estudo, uma vez compartilhado o acesso comum aos mesmos
recursos naturais, deslocaram-se para toda a região para aproveitar diferentes recursos
disponíveis no interior e no litoral. Com o crescimento populacional e o aumento da
pressão sobre os recursos naturais, o movimento tornou-se restrito e a maioria das
pessoas se tornaram residentes permanentes em uma região ou outra. Apesar de ter
direito de acesso às árvores de buriti, os usuários de Laranjeiras não teviram maior
vantagem no acesso a recursos quando comparado aos usuários de Atins como era
esperado. Em Laranjeiras, os regimes de propriedade impediram das árvores estarem
legalmente disponível para todos os entrevistados. Entre os usuários de Atins,
restrições legais tiveram menos impacto porque as folhas jovens eram tradicionalmente
transportado para sua região como fibra processada e continuam a ser legalmente
comercializado dessa forma. Ambos os sites relataram dificuldade na obtenção de
fibras de buriti e de recursos, apesar de diferentes tipos de controles de recursos afetar
os entrevistados de ambas as regiões.
Atins eram mais dependentes de artesanato como fonte de renda, porque eles
tinham menos opções para a renda. Localizado perto de Barreirinhas, entrevistados em
Laranjeiras eram mais ricos, tinham acesso a mais fontes de subsistência, e tiveram
mais opções de renda, para que eles pudessem se recusar a trabalhar com o buriti,
42
mesmo que tivesse as habilidades e oportunidades. A pobreza, a história com buriti, a
afinidade com o buriti, as habilidades, o acesso aos recursos e crenças de que a
entrada no mercado era viável e que vale a pena, não garantiram que as pessoas
participassem do mercado de buriti. Independentemente da região, o mercado de buriti
ajudou entrevistados satisfazer as suas necessidades de renda por meio de uma
estratégia de diversificação de meio de vida que ajudam as famílias a serem mais
resilientes, reativa e oportunista (Marschke e Berkes, 2006). Participantes usaram o
artesanato de buriti como uma fonte de renda importante na sua estratégia de vida,
enquanto os não-participantes eram mais diversificadas em suas fontes de renda das
famílias.
Algumas recomendações podem ser feitas a partir dos resultados deste estudo:
As redes sociais, o que proporcionou para as pessoas de fora da área de floresta
os meios para superar os obstáculos na obtenção de recursos de PFNMs,
conhecimentos e habilidades, deve ser reconhecida em estratégias de
sustentabilidade de uso de recursos que dependem de limitação do uso da
floresta para residentes nas proximidades.
Para incentivar a comercialização de PFNM como uma estratégia de
desenvolvimento e conservação, divisão do trabalho dentro de cadeias de valor
de PFNMs por homens e mulheres devem ser consideradas como fatores
importantes.
Falta de habilidades, compromissos de tempo e estágio no ciclo familiar foram as
principais motivações que as pessoas que tiveram acesso aos buritizais não
participassem do mercado de buriti. Participação nos mercados de buriti pode ser
estimulada entre as mulheres com famílias jovens, proporcionando um acesso
mais local para recursos e mercados, como um ponto de mercado ou fornecedor
localizado em sua comunidade.
Melhores parcerias entre os usuários florestais locais e partes interessadas de
outros setores de gestão, como governamentais, pode ajudar a melhorar a
governança dos recursos de PFNM
Em conclusão, o acesso a recursos afetaram os entrevistados de Atins mais do
que os entrevistados de Laranjeiras, sendo uma barreira para a participação no
43
mercado de buriti. Os entrevistados de ambas as regiões, no entanto, sentiram os
impactos das crescentes restrições à utilização dos recursos. Apesar de entrevistados
em Atins eram esperados de representar um mercado em expansão, o estudo mostrou
que entrevistados em Atins faziam parte de um mercado tradicional local e do uso para
subsistência. Em contraste, o acesso ao buriti dos participantes de Laranjeiras tornou-
se restrito porque poucos entrevistados possuíam buritizal. Como a demanda de
recursos continua a crescer, espera-se que a aplicação dos direitos de propriedade e
leis de uso de recursos vai intensificar e restringir o acesso ao buriti ainda mais.
Embora os usuários de Atins podem continuar a ter acesso ao buriti através de suas
redes sociais tradicionais, no futuro vai sentir os efeitos das restrições de acesso aos
buritizais assim como em Laranjeiras extratores já têm mais dificuldade de acesso aos
recursos.
44
Tabela 3-1. Definições de variáveis sócio-econômicas
Nome da variável Descrição Alcance
DEMOGRAFIA INDIVIDUAIS
Educação Educação (anos) 1-13
Idade Idade (anos) 13-66
Sexo Sexo, sexo masculino (0) ou feminino (1) 0,1
HISTÓRIA INDIVIDUAL
Nascido comunidade Entrevistado nasceu na comunidade atual 0,1
Individual> 10 anos buriti Individual> 10 anos perto de buriti 0,1
Pais nasceu em comunidade Pelo menos um dos pais nascido na comunidade 0,1
Pai> 10 anos buriti Pelo menos um dos pais viveu> 10 anos perto de buriti 0,1
Buriti aprendeu dos pais Aprendeu o ofício buriti atual de um pai 0,1
Plantadas buriti árvore Plantou uma árvore de buriti 0,1
DEMOGRAFIA DA FAMÍLIA
Renda principal buriti Buriti fornece a principal fonte de rendimento do agregado familiar 0,1
Uso doméstico Buriti Derivado da folha de buriti utilizado para a subsistência familiar 0,1
Tamanho da família Número de membros nas famílias 1,10
Trabalho doméstico Número de membros do agregado familiar a ganhar renda / número de membros do agregado familiar
0-1
Quintal Ativo quintal na casa atual 0,1
Campo agrícola Ativo campo agrícola presente 0,1
Membro da familia util buriti Número de membros da família participando de atividades de buriti 0-5
RIQUEZA DAS FAMÍLIAS
Renda consistente Recebe renda consistente a cada mês 0,1
Assistência externa As pessoas de fora da família contribuir com dinheiro / bens 0,1
Índice de riqueza Índice baseado na presença de telhado, banheiro dentro, bem-feito chão e nas paredes, canalização de água, e propriedade do veículo
0-6
O acesso ao crédito Entrevistado acredita que tem acesso a emprestar dinheiro 0,1
PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL DE BURITI
Associação Tem participado em associação de artesãos ou vendedores 0,1
Membro da família recolhe Folhas jovens coletadas por membro da família 0,1
Experiência de venda Tem trabalhado com as coisas que vendem (não buriti produtos) 0,1
Feito passado artesanato Fez artesanato de fibra de buriti no passado 0,1
Sabe fibra tira Sabe como tirar fibra e tem feito isso antes 0,1
Independência Sente que trabalhar com buriti oferece mais independência 0,1
Sem acesso buriti Tem tido dificuldade em acessar recursos buriti 0,1
PERCEPÇÃO INDIVIDUAL
Artesanato lucrativos Investiu tempo e energia renda pena para fazer artesanato 0,1
Afinidade com buriti Gosta ou gostaria de trabalhar com buriti 0,1
Aprenda Fácil buriti Considera que é fácil de aprender a trabalhar com buriti 0,1
Juros buriti Tem interesse em participar do mercado de buriti 0,1
ATIVIDADES INDIVIDUAIS
Bolsa Família Entrevistado recebe Bolsa Família 0,1
Aposentadoria Entrevistado recebe pensões de reforma 0,1
Atividades domésticas Trabalho doméstico é uma atividade principal 0,1
Atividade de artesanato Produção de artesanato é uma atividade principal 0,1 Proprietário empresa Empresário ou cooperado 0,1
45
Tabela 3-1. Contínuação
Nome da variável Descrição Alcance
Estudar Entrevistado freqüenta a escola 0,1
Número de atividades Número de atividades de subsistência relatado 1-5
RENDA FAMILIAR
Renda de aposentadoria Aposentadoria por fonte de renda familiar 0,1
Bolsa Famila renda Bolsa Família para a renda familiar 0,1
Fábrica de tijolos Tijolos e fabricação de cerâmica para a renda familiar 0,1
Artesanato renda Artesanato para o rendimento do agregado familiar 0,1
Empregada co privado. renda
Privada emprego empresa para a renda familiar 0,1
Renda proprietário da empresa
Renda familiar de possuir empresas privadas ou como um membro da cooperativa
0,1
Venda de bens Venda de bens sem uma loja para a renda familiar 0,1
Empregada pelo governo Emprego do governo para a renda familiar 0,1
Renda Pesca As actividades de pesca para a renda familiar 0,1
Cuidados leva casa Cuidados leva uma casa para a renda familiar 0,1
Renda marisco Vende mariscos e outros produtos florestais não madeireiros (além de buriti)
0,1
Número de renda Número médio de renda familiar 0-7
Tabela 3-2. Sub-grupos das amostras comparadas no estudo
Laranjeiras– acesso direto às árvores de buriti
Atins– acesso indireto às árvores de buriti
Total
Não-participantes 18 19 37
Participantes 47 22 69
Total de pessoas 65 41 106
46
Tabela 3-3. Fatores sócio-econômicos entre os participantes e não participantes do mercado em Laranjeiras e Atins
Participators (n = 69) Não-participantes (n = 37)
Meios diferentes*
Laranjeiras (n=47)
Atins (n=22)
Meios diferentes*
Laranjeiras (n=18)
Atins (n=19)
DEMOGRAFIA INDIVIDUAIS
Educação - 4.80 (3.01) 4.55 (3.31) X 7.78 (4.15) 4.68 (2.60)
Idade - 38.72 (11.5)
42.91 (11.4)
X 28.50 (10.67) 40.53 (13.52)
HISTÓRIA INDIVIDUAL
Nascido comunidade - 0.51 0.36 X 0.78 0.42
Individual> 10 anos buriti X 0.96 0.55 X 0.83 0.32
Pais nasceram comunidade - 0.51 0.32 X 0.69 0.39
Pai> 10 anos buriti - 0.84 0.63 X 0.88 0.47
Buriti aprendeu dos pais - 0.43 0.55 - 0.31 0.28
Plantada árvore buriti - 0.43 0.45 - 0.50 0.53
DEMOGRAFIA DOMÉSTICAS
Renda principal buriti - 0.68 0.73 - - -
Uso doméstico Buriti X 0.89 0.41 X 0.83 0.58
Tamanho da família - 4.66 (1.68) 5.05 (2.15) - 5.17 (1.42) 4.79 (1.58)
Trabalho doméstico - 0.46 (0.22) 0.45 (0.21) - 0.32 (0.15) 0.35 (0.20)
Quintal X 0.76 0.50 - 0.72 0.42
Campo agrícola - 0.48 0.36 - 0.44 0.26
Membro da família buriti X 1.70 (1.01) 0.82 (1.60) - - -
RIQUEZA DAS FAMÍLIAS
Renda consistente - 0.64 0.41 - 0.72 0.47
Assistência externa - 0.14 0.27 X 0.22 0.42
Índice de riqueza X 3.08 (1.75) 2.36 (1.59) - 2.56 (1.89) 2.68 (1.86)
O acesso ao crédito - 0.46 0.36 - 0.22 0.47
PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL BURITI
Associação X 0.22 0.71 - - -
Membro da família recolhe X 0.68 0.16 - - -
Experiência de venda - - - - 0.67 0.76
Feito passado artesanato - - - - 0.53 0.79
Sabe fibra tira - - - - 0.14 0.44
Independência - - - - 0.73 0.81
Sem acesso buriti - 0.73 0.72 - - -
PERCEPÇÃO INDIVIDUAL
Artesanato lucrativos - 0.71 0.91 X 0.71 0.87
Afinidade com buriti - 0.93 0.90 - 0.76 0.76
Aprenda Fácil buriti - 0.88 0.92 - 0.79 1.00
Juros buriti - - - X 0.33 0.56
Atividades individuais
Bolsa Família - 0.68 0.47 - 0.44 0.56
Aposentadoria - 0.04 0.15 - 0.06 0.26
Atividades domésticas - 0.64 0.82 - 0.94 0.95
* ”X” denota meios com diferença estatisticamente significativa de acordo com o T-Test e teste de Wilcoxon rank sum (p <0,05); traço significa que o fator não apresentou diferença estatisticamente significatante
47
Tabela 3-3. Contínuação
Participantes (n = 69) Não-participantes (n = 37)
Meios diferentes*
Laranjeiras (n=47)
Atins (n=22) Meios diferentes*
Laranjeiras (n=18)
Atins (n=19)
Atividade de artesanato - 0.94 0.95 - 0.06 0
Atividade proprietário da empresa
- 0.23 0.27
- 0.00 0.16
Estudar - 0.04 0.05 - 0.17 0.05
Número de atividades - 2.43 (0.85) 2.55 (0.86) - 1.56 (0.62) 2.05 (0.85)
RENDA FAMILIAR
Renda de aposentadoria - 0.17 0.18 - 0.22 0.37
Bolsa Famila renda - 0.76 0.53 - 0.56 0.56
Fábrica de tijolos - 0.21 0.05 X 0.22 0.00
Renda Artesanato - 0.91 0.91 - 0.11 0
Empregada co privado. renda
X 0.21 0.05
- 0.06 0
Renda proprietário da empresa
- 0.25 0.36
- 0.11 0.21
Venda de bens - 0.11 0.14 - 0.06 0.32
Empregada pelo governo - 0.13 0.09 X 0.50 0.05
Renda Pesca X 0.23 0.55 - 0.22 0.53
Vendendo folhas de palmeira
- 0.02 0
- 0.11 0.00
Renda marisco - 0 0 X 0.00 0.21
Número de renda - 3.62 (1.29) 3.68 (1.25) - 2.94 (1.63) 3.37 (1.46)
* ”X” denota meios com diferença estatisticamente significativa de acordo com o T-Test e teste de Wilcoxon rank sum (p <0,05); traço significa que o fator não apresentou diferença estatisticamente significatante
49
CAPÍTULO 4
MEIOS DE VIDA E GESTÃO DE RECURSOS POR ATORES DA CADEIA DE VALORE DO BURITI1
Introdução
Mercado para Produtos florestais não-madeireiros (PFNM) são frequentemente
utilizados como uma ferramenta de desenvolvimento para melhorar a estabilidade de
vida de comunidades sócio-economicamente vulneráveis. No entanto, Intervenções
para incentivar o crescimento dos mercados de PFNMs são muitas vezes bem
sucedidos apenas em alcançar subconjuntos de populações-alvo. Em Barreirinhas,
fibra de folha jovem tem sido cada vez mais procurada para atender às demandas de
um mercado em crescimento, mais o mercado de frutas e folhas maduras ainda são
necessárias por parte dos consumidores locais para uso de subsistência. Nesse
sentido, havia um conflito de interesses, o que pode ser entendido considerando-se o
mercado de buriti como as interações entre os diversos grupos de usuários. O caminho
dos derivados de buriti da árvore ao consumidor necessita da cooperação de vários
atores, incluindo os proprietários dos recursos, os extratores, os artesãos e os
vendedores, com benefícios do mercado de forma variada.
Para avaliar os fatores que impulsionaram as interesses da participação das
pessoas no mercado de buriti de Barreirinhas, as seguintes questões de pesquisa
foram abordados neste estudo: Quais os fatores sócio-econômicos contribuíram para
determinar os diversos papéis na cadeia de valor da fibra de folha jovens? Quais foram
as implicações da dinâmica e heterogeneidade da cadeia de valor na sustentabilidade
dos recursos do buriti?
1 Capítulo extraído do artigo: Virapongse, A., M. Schmink, and S. Larkin (2013). Livelihoods and resource
management by value chain actors of an emerging buriti handicraft market. Forest, Trees, and
Livelihoods.
50
Métodos
Quadro analítico
Cadeia de valor e análises de sistemas de meio de vida foram utilizados para avaliar a
estrutura dos mercados de buriti e dinâmicas entre os mercados e subsistência. Análise
da cadeia de valor é uma ferramenta metodológica para a identificação de atores e
suas atividades, rotas comerciais, e os atributos de oferta e demanda (Kaplinsky and
Morris, 2001; Marshall et al., 2006; Wilsey, 2008). Como complemento à cadeias de
valor, análise de sistemas de meios de vida fornece uma lente para avaliar a resposta
dos atores às mudanças ambientais. Análise de sistemas de meios de vida é usado
para examinar estratégias e tomada de decisões por pessoas dentro de um sistema
comum de meio de vida (Collinson, 2000).
Para esse estudo, sub-amostra dos grupos foram utilizados. Para comparação
indivíduos foram classificados como proprietários privados e comunitário dos recursos
do buriti (n=28), extratores de derivados de buriti (n=12), artesãos (n=52) e vendedores
(n=19) de buriti. Diagramas de cadeia de valor do buriti, incluindo atores e blocos de
produção (Kaplinsky e Morris, 2001; Velde et al, 2006) foram construídas com base em
resultados de agrupamento qualitativos, checagem cruzada e identificação de padrões
entre as respostas da entrevista.
Variáveis sócio-econômicas foram selecionadas a partir das respostas da
entrevista (Tabela 4-1). Os teste de médias dessas variáveis foram comparadas por
meio de testes estatísticos ANOVA e Kruskal Wallis (p<0,05) e análise de correlação de
Pearson (p<0,0001), para identificar a significância estatisitica dos fatores sócio-
econômicos afetando os atores da cadeia de valor (Tabela 4-2). Estes fatores sócio-
econômicos foram então usados para construir modelos de regressão logística para a
análise dos fatores associados à heterogeneidade entre os atores.
Resultados
Cadeias de valor buriti
O sistema de produção, os atores da cadeia de valor e distribuição estimado dos
benefícios entre os atores como circulação de derivativos através da cadeia estão
representados na Figura 4-1. A figura mostra os regimes de propriedade para a
51
extração de buriti e diferentes papéis dos proprietários de terras, extratores de buriti,
intermediários, artesãos e vendedores em três cadeias de valor para frutos de buriti,
folhas maduras e folhas jovens. O mercado emergente para os artesanato de fibra de
folha jovens foi contrastada com aspectos importantes das cadeias de frutas e folhas
maduras. Em primeiro lugar, o acesso a recursos de palmeiras foi mais difícil, porque a
maioria dos proprietários desencorajaram a colheita das folhas jovens de sua
propriedade. Em segundo lugar, os artesãos e os intermediários foram dois novos
atores presentes apenas na cadeia de valor de fibra jovem. Artesãos acrescentaram
valor à fibra de buriti, fazendo artesanato para vender por preços mais altos do que
fibra de buriti cru. Intermediários desempenharam papéis importantes no fornecimento
de artesãos com acesso a fibra e os consumidores. Em terceiro lugar, e mais
importante, o mercado de artesanato foi orientada exclusivamente para os mercados
externos; consumidores eram turistas e os intermediários nacionais e internacionais.
Sistema de produção
A maioria dos derivativos de buriti foram extraídas de populações nativas onde a
regeneração é um processo natural; árvores foram raramente cultivada em plantações.
Buriti foram considerados como crescendo naturalmente, desse modo o manejo era
mínimo. Coleta de frutas e de folhas maduras foi de baixo impacto e não intenso.
Folhas jovens estavam na demanda durante a maior parte do ano e, particularmente,
para a temporada turística, que foi maior nos meses de junho e julho. Folhas jovens
mais valorizados pelos artesãos foram coletados na forma de feichos de mais de 2 m
de comprimento e de árvores adultas com altura tronco maior de 3 m. Segundo os
entrevistados, cerca de uma folha nova por árvore foi coletada a cada mês, e a colheita
da folha era sustentável se pelo menos 2-3 folhas permanecer na árvore e duas folhas
jovens posteriores nunca fossem colhidas na mesma árvore. Era evidente que a
colheita era excessiva ao longo das margens dos rios, sugerindo que extratores nem
sempre seguiram as regras locais de colheita ou que os métodos de colheita locais
eram insuficientes para proteger as árvores. Em comparação com as frutas e as
cadeias de valor de folhas adultas, o aumento de procura, da produção e do valor de
artesanato de fibra poderia ter impactos negativos sobre os recursos de buriti.
52
Atores principais
A maioria dos proprietários são homens que valorizavam as árvores de buriti
por seu valor econômico atual ou potencial, de modo que raramente são cortados ou
removido árvores. Mais da metade dos donos de amostragem não participou
diretamente nos mercados de buriti. Havia também potenciais conflitos de uso entre os
atores. Por exemplo, muitos proprietários conservaram as árvores femininas para a
produção de fruta. Em contraste, os artesãos priorizavam a coleta de fibra de folha
jovem em árvores do sexo feminino, o que poderia reduzir a produção de frutas.
Extratores eram homens jovens, que são atleticamente aptos a subir nas altas árvores
de buriti. Coleta da folha foi considerada uma atividade de risco que não remunera
bem; extratores muitas vezes desanimam seus filhos de participar. Artesãos eram
geralmente mulheres jovens com uma boa visão e habilidade para fazer artesanato
Quase todos os artesanatos foram feitos para a venda ao invés de uso doméstico. A
maioria dos artesãos acreditava que eles deveriam obter retornos mais elevados para
os seus artesanatos. Foi relativamente fácil para um fornecedor a ser um artesão,
enquanto um artesão teve de superar as limitações sócio-econômicas para a transição
para um fornecedor. Os vendedores foram considerados um tipo de intermediário que
fornece o acesso ao mercado para os artesãos, comprando regularmente e praticando
a re-venda de artesanato de outros fornecedores ou consumidores conseguindo um
ganho de pelo menos 25%. No geral, a maioria dos vendedores eram bem sucedido
financeiramente, muitas de suas lojas tinham acesso ao mercado durante todo o ano.
Fatores sócio-econômicos que afetam os atores da cadeia de valor
A maioria dos fatores sócio-econômicos demonstraram diferenças estatisticamente
significativas (Tabela 4-2), por isso houve uma forte heterogeneidade social entre os
atores. Fatores sócio-econômicos identificados na seção anterior foram usadas para
construir modelos de melhor ajuste para cada ator, a fim de identificar a probabilidade
de que certos fatores sócio-econômicos serem correlacionados com diferentes papéis
na cadeia de valor (Tabela 4-3). Modelos de regressão logística foram os seguintes:
53
Previsto logit de (proprietário) = -2.479 + (-1.829)*GENDER + (-0.008)*EDUCAT + (-0.667)*MFAMBA + (2.222)*PLABUR + (0.503)*WEALTH+ (0.091)*BORCOM + (0.620)*LEAPAR + (-0.124)*ATOTAL Previsto logit de (extrator) = 3.443 + (-0.113)*AGE + (-0.647)*EDUCAT + (-1.663)*HOMEGA + (0.475)*MFAMBA + (0.966)*PLABUR + (-0.351) *WEALTH + (3.129)*BORCOM + (-1.017)*LEAPAR + (0.571)*ATOTAL + (-0.627)*MINCBU Logit previsto de (artesão) = 6.200 + (-0.048)*AGE + (0.628)*MFAMBA + (-0.594)*WEALTH + (-0.966)*BORCOM + (0.896)*LEAPAR + (-0.873)*ATOTAL + (-0.420)*MINCBU Previsto logit de (vendedor) = -16.509 + (0.008)*AGE + (0.675)*GENDER + (0.457)*EDUCAT + (-0.254)*HOMEGA + (-0.607)*MFAMBA + (1.684)*WEALTH + (2.403)*LEAPAR + (1.721)*ATOTAL + (2.276)*MINCBU
Os resultados mostraram que a probabilidade de ser um proprietário foi menor
para os homens, e maior para aqueles que plantaram árvores de buriti ou tiveram um
índice de riqueza superior. A probabilidade de ser um extrator foi menor para os
respondentes mais velhos e para aqueles com ensino superior, mas havia maior
probabilidade para os indivíduos nascidos na comunidade. A probabilidade de ser um
artesão era, como por extratores, menor para os respondentes mais velhos e para
aqueles com um índice de riqueza mais elevado e que participou em mais atividades.
Se a família tivesse mais membros que trabalham com buriti, eles eram mais
propensos a ser artesãos. A probabilidade de ser um fornecedor foi maior, se um
indivíduo era mais educado e rico, tinha aprendido sobre o seu comércio através de um
dos pais, relatou mais atividades, e ganhou a principal fonte de renda a partir de buriti.
Em resumo, as pessoas mais velhas eram menos propensos a ser extratores ou
artesãos. Embora a maioria dos proprietários serem homens, alguns proprietários eram
do sexo feminino. Os homens muitas vezes tomaram decisões de uso da terra, mas as
mulheres muitas vezes tinham herdado terra no qual eles mantiveram a posse. Aqueles
que foram mais educados eram menos propensos a ser extratores, e mais propensos a
ser vendedores. Produção artesanal foi trabalhoso, os membros da família para que os
jovens muitas vezes assistido no processo, o que levou a maiores probabilidades de
artesãos. Indivíduos que plantou uma árvore de buriti eram mais propensos a ser um
proprietário, o que era esperado, porque eles eram os gestores da terra. Famílias mais
ricas eram mais propensos a ser proprietários ou vendedores, mas menos provável de
54
ser um artesão. Indivíduos nascidos na mesma comunidade que atualmente residia
eram mais propensos a ser extratores. Aqueles que aprenderam seu ofício de um dos
pais eram mais propensos a ser um fornecedor. Famílias relatando mais atividades de
uso do buriti como meio de vida eram mais propensos a ser vendedores e menos
propensos a ser artesãos. Por fim, as famílias cuja principal renda era de buriti são
mais propensos a ser vendedores.
Discussão
Embora os mercados de PFNMs são muitas vezes baseadas no conhecimento
existente e uso dos recursos florestais, os mercados emergentes globais para PFNMs
podem introduzir desafios sócio-econômicos e ecológicos. Grupos privilegiados, como
os atores no final da cadeia de valor do mercado de buriti tendem a dominar sobre os
outros usuários em mercados globais de PFNMs exportação (Belcher e Schreckenberg,
2007; Shackleton et al, 2007). A medida que os mercados amadurecem, tendem a
favorecer produtos de maior qualidade. Diferenciação de mercado pode reconfigurar
cadeias de valor por excluir as pessoas que não conseguem cumprir as normas do
produto (Kanji et al. 2005; Velde et al, 2006). Essas dinâmicas, no entanto, também
podem criar novas funções na cadeia de valor, tais como entrada de artesãos menos
habilidosos, com a venda de produtos para outros artesãos mais qualificados que
finaliza os produtos.
Estratégias utilizadas para superar as limitações no mercado do buriti também
teve implicações para a sustentabilidade dos recursos. Extratores que recolheram as
folhas jovens para artesãos no domicílio, em vez de vender as folhas diretamente,
participaram de dinâmicas de agregação de valor. Esta prática pode levar ao uso mais
sustentável dos recursos do buriti, porque uma família investe mais tempo em menos
produtos (menos recursos PFNMs) para gerar retorno financeiro mais elevado. Investir
em produtos mais rentável, de maior qualidade, pode reduzir os impactos destrutivos
da exploração de PFNM (Varghese e Ticktin, 2008) e aumentar a vantagem do
mercado (Belcher e Schreckenberg, 2007).
Artesãos supereraram a limitação de acesso ao recursos de buriti, baseando-se
em redes sociais, como intermediários ou relações familiares, garantindo um
55
fornecimento de folhas jovens. Através de maior escolaridade, renda e habilidades,
artesãs encontraram um caminho de mobilidade ascendente através da cadeia de
mercado, passando a trabalhar como vendedores de artesanato.
Embora os usuários de buriti tinha encontrado algumas soluções para superar
os desafios do mercado, sustentabilidade dos recursos de buriti permaneceu
vulnerável. Quando aumentaram comercialização de produtos florestais não
madeireiros, as pessoas costumam intensificar as atividades de extração para
aproveitar as oportunidades de mercado (Godoy et al., 1993). Na comparação com
frutas e folhas maduras, coleta de folhas de buriti jovens apresentaram maior potencial
para superexploração.
Proprietários das árvores de buriti e extratores, que estavam mais perto do final
da cadeia de valor, eram geralmente ignorado pelos esforços externos para melhorar a
distribuição de benefícios e sustentabilidade dos recursos. Proprietários e extratores,
no entanto, teve ampla exposição e contato com os recursos naturais, fazendo a
ligação entre os extratores de buriti e artesãos. Tendo grande influência sobre práticas
de colheita e investimentos na protecção dos recursos, os proprietários de árvores e
extratores seriam bons candidatos como atores alvos para iniciativas de conservação e
desenvolvimento.
Com base neste estudo, algumas recomendações são feitas para enfrentar os
desafios sócio-econômicos e ecológicos introduzidas por um mercado emergente de
artesanato de buriti:
Mais segurança e direitos de propriedade para os usuários de buriti. Demanda
desecandeada por novos mercados representa uma ameaça à sustentabilidade do
buriti em parte porque extração de folha jovem ocorre principalmente em área de
domínio público ou de livre acesso.
Priorizar a estabilidade do meio de vida nas intervenções de desenvolvimento. A
população local contou com recursos de buriti, tanto para fins de subsistência
como de mercado, dependendo de sua estratégia de meio de vida e as limitações
sócio-econômicas. Proteger contra superexploração de folha jovens de buriti
ajudaria a garantir que todos os grupos se beneficiassem do buriti.
Priorizar proprietários e extratores para programas de formação destinadas a
56
melhorar a colheita sustentável de folhas jovens de buriti.
Formar um grupo maior de artesãos, incluindo pessoas que não otimizam para
alta produção de artesanato. Desta forma, todos os artesãos têm a oportunidade
de produzir artesanato de qualidade superior, com mais consciência dos efeitos da
intensidade de colheita sobre os recursos de buriti.
Esta análise das cadeias de valor de fibra de buriti contribui para a nossa
compreensão das complexas relações entre mercados emergentes e os recursos
naturais, que podem ser usados para informar e orientar as intervenções políticas e de
desenvolvimento que buscam influenciar os meios de vida e gestão sustentável dos
recursos por meio da participação em mercados de PFNMs. Gerenciando a colheita e
estratégias de uso que são afetados pela dinâmica da cadeia de valor e
heterogeneidade pode ajudar a atenuar os impactos negativos do aumento e mudança
de uso de PFNM.
57
Figura 4-1. Modelo esquemático da cadeia de valor do artesanato de buriti mostrando diferentes opções e cenários para os regimes de propriedade, os atores da cadeia de valor, bem como a distribuição dos benefícios auferidos por cada ator, como os resultados derivados da movimentação ao longo da cadeia.
58
Tabela 4-1. Definições de variáveis independentes. Nome da variável Descrição Alcance
DEMOGRAFIA Região Região onde viveu entrevistado; Laranjeiras (0) ou Atins (1) 0,1 Idade Idade (anos) 13-88 Sexo Sexo, sexo masculino (0) ou feminino (1) 0,1 Educação Educação (anos) 1-13 Quintal de casa Ativo quintal lar atual 0,1 Campo agrícola Ativo campo agrícola presente 0,1 Tamanho da família Número de membros do agregado familiar 1-10 Trabalho doméstico Trabalho doméstico: os membros da família Número de geração de
renda / número de pessoas no domicílio (%) 0-1
Membros da família de buriti
Número de membros da família participando de atividades de buriti 0-5
Uso doméstico Buriti Derivado da folha de buriti utilizado para a subsistência familiar 0,1 RIQUEZA
Renda consistente Recebe renda consistente a cada mês 0,1 Índice de riqueza Índice de riqueza com base na presença de itens de material 0-6
HISTÓRIA Nascido na comunidade Nascido na comunidade de residência atual 0,1 Individual> 10 anos buriti Indivíduos que vivem> 10 anos perto de buriti 0,1 Pais nasceu em
comunidade Pelo menos um dos pais nascido na comunidade atual 0,1
Pai> 10 anos buriti Pelo menos um dos pais tem vivido> 10 anos perto de buriti 0,1 Buriti aprendeu com pai Aprendeu o ofício buriti atual de um pai 0,1 Plantadas buriti árvore Plantou uma árvore de buriti 0,1
PERCEPÇÕES Árvores de buriti ameaçado Árvores de buriti ameaçado 0,1 Folha jovem prejudicial Coleção Folha jovem prejudicial 0,1
ATIVIDADES Atividades domésticas Trabalho doméstico é uma atividade principal 0,1 Atividade de artesanato Produção de artesanato é uma atividade principal 0,1 Atividade empresarial
privada Empresário ou membro da cooperativa é uma atividade principal 0,1
Atividade agrícola A agricultura é a principal atividade 0,1 Total de atividades Número de atividades de subsistência relatado 0-5
RENDA FAMILIAR Renda principal buriti Buriti fornece uma fonte de renda principal Artesanato renda Artesanato proporcionar renda familiar 0,1 Bolsa famila renda Bolsa famila fornece fonte de rendimento do agregado familiar 0,1 Renda de aposentadoria Aposentadoria fornece fonte de rendimento do agregado familiar 0,1 Vendendo folhas de
palmeira Vendendo folhas de palmeira fornece a renda familiar 0,1
Fontes de renda total Número de fontes de renda das famílias relataram 0-6
59
Tabela 2. Variáveis de meios sócio-econômicos para os atores da cadeia de valor (n=97) Proprietário
n = 28
Extrator
n = 12
Artesão
n = 52
Vendedor
n = 19
DEMOGRAFIA Região 0,04 0,00 0,27 0,42 Idade 57,70 (17,0) 36,25 (12,5) 39,90 (10,9) 38,37 (14,4) Sexo 0,36 0,00 0,90 0,89 Educação 2,60 (2,71) 3,67 (3,42) 4,71 (2,98) 5,88 (4,01) Quintal de casa 0,86 0,58 0,75 0.44 Campo agrícola 0,96 0,67 0.44 0,50 Trabalho doméstico 0,38 (0,26) 0,42 (0,25) 0,42 (0,19) 0,57 (0,26) Tamanho da família 4,68 (1,44) 5,67 (1,82) 4,98 (1,78) 4,32 (2,00) Membros da família de buriti 0,46 (0,93) 1,75 (1,54) 1,50 (1,50) 1,05 (1,13) Uso doméstico Buriti 0,86 0,91 0,77 0,60
RIQUEZA Renda consistente 0,79 0,17 0,52 0,79 Índice de riqueza 3,82 (1,54) 2,42 (1,83) 2,42 (1,56) 4,42 (1,43)
HISTÓRIA Nascido na comunidade 0,61 0,75 0,45 0,56 Individual> 10 anos buriti 0.96 1,00 0,88 0,65 Pais nasceu em comunidade 0,54 0.91 0.44 0,47 Pai> 10 anos buriti 0,81 1,00 0,79 0,71 Buriti aprendeu com pai 0,50 0,25 0,45 0,58 Plantadas buriti árvore 0,77 0,60 0,38 0,64
PERCEPÇÕES Árvores de buriti ameaçado 0,68 0,75 0,68 0,67 Folha jovem prejudicial 0,57 0,20 0,05 0,00
ATIVIDADES Atividade de artesanato 0,25 0,17 0,94 0,89 Atividade empresarial privada 0,14 0,08 0,08 0,79 Total de atividades 2,11 (1,04) 2,75 (0,75) 2,33 (0,71) 2,53 (0,77)
RENDA DOMICILIAR Renda principal buriti 0,18 0,67 0,69 0,68 Artesanato renda 0,29 0,83 0,92 0,84 Bolsa Famila renda 0,48 0,70 0,78 0,29 Renda de aposentadoria 0,43 0 0,15 0,21 Atividades de pesca de renda 0,15 0,33 0.37 0,16 Vendendo folhas de palmeira 0,04 0,50 0,02 0 Fontes de renda total 2,96 (1,37) 3,83 (0,67) 3,67 (0,97) 3,26 (1.27)
Desvio padrão entre parênteses para variáveis contínuas
60
Tabela 4-3. Os resultados dos modelos de regressão logística para os atores da cadeia de valor relatando relação, coeficientes, probabilidades e p-valor entre parênteses. Variáveis Proprietário Extrator Artesão Vendedor
Estatísticas modelo: Observações Modelo de Avaliação: da razão de
verossimilhança Por cento concordante
54 16,62 (0,0343) 85,1
54 21,93 (0,0155) 89,5
65 23,20 (0,0031) 82,8
75 43,24 (<0,0001) 93,0
Idade AGE
- -0,113 0,893 (0,048) *
-0,048 0,953 (0,094) **
0,008 1.01 (0,880)
Sexo GENDER
-1,829 0,161 (0,066) **
- - 0,675 1.97 (0,583)
Educação EDUCAT
-0,008 1,00 (0,957)
-0,647 0,524 (0,033) *
- 0,457 1,58 (0,065) **
Jardim de casa Homega
- -1,663 0,189 (0,186)
- -0,254 0,776 (0.812)
Membros do agregado familiar buriti MFAMBA
-0,667 0,513 (0,117)
0,475 1.61 (0,254)
0,628 1,88 (0,021) *
-0,607 0,545 (0.158)
Plantadas buriti árvore PLABUR 2.222 9,22 (0,029) *
0,966 2,63 (0,401)
- -
Árvores de buriti ameaçado AMEAÇA - - -0,285 0,752 (0,681)
-
Índice de riqueza RIQUEZA
0,503 1.65 (0,040) *
-0,351 0,704 (0.320)
-0,594 0,552 (0,007) *
1,684 5,39 (0,001) *
Nascido na comunidade BORCOM 0,091 1,10 (0,923)
3.129 22,84 (0,027) *
-0,966 0.381 (0,164)
-
Buriti aprendeu com LEAPAR pai 0,620 1.86 (0.468)
-1,017 0,362 (0,406)
0,896 2,45 (0,186)
2,403 11,05 (0,052) **
Total de atividades Atotal
-0,124 0,884 (0,798)
0,571 1.77 (0,419)
-0,873 0,418 (0,019) *
1,721 5.59 (0,031) *
Renda principal buriti MINCBU - -0,627 0,534 (0,604)
-0,420 0,657 (0,534)
2,276 9,73 (0,089) **
* P <0,05, ** p <0,10; traço indica que o factor não foi incluído no modelo específico
61
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
Este estudo sobre o mercado emergente de artesanato de folha de buriti em
Barreirinhas, Maranhão, ofereceu sinais sobre os impactos de um novo mercado
crescente nos meios de vidas locais e a sustentabilidade do recurso, considerando
heterogeneidade social presente entre os usuários, abordando três questões de
investigação principais:
Como novos mercados para os PFNM afetam as estratégias de meio de vida das
pessoas e percepção da colheita sustentável dos recursos florestais?
Qual é o impacto do acesso a recursos e cadeias de valor sobre a participação no
mercado e a percepção da sustenatabilidade na colheital?
Como a comercialização de derivados de buriti contribuem para o aumento da
segurança do meio de vida e do uso sustentável dos recursos florestais entre as
pessoas em Barreirinhas?
O novo mercado de artesanato de fibra apresentou uma mudança de uso de
subsistência dos PFNM para a exploração do mercado, que teve consequências para
as estratégias de meio de vida das pessoas e extrativismo sustentável dos recursos
florestais. Apesar de folhas maduras serem historicamente mais valorizadas do que as
folhas jovens, o mercado de folha jovem ultrapassou o mercado folha madura e
continua a se expandir. Por se encaixar bem nas estratégias de meio de vida,
atividades de coleta de folha jovens de buriti tinha muitas das características preferidas
para atividades de subsistência. Baixo estresse e baixo risco, permitir que as pessoas
trabalhem perto de casa, permitir flexibilidade de tempo, prover fluxo rápido de dinheiro
e requerer baixa responsabilidade. Entre as mulheres, em particular, artesanato de
folhas de buriti foi uma das únicas atividades de geração de renda que podem
complementar suas atividades domésticas. Contrariando as expectativas, a pobreza, o
acesso direto aos recursos de buriti, tradição e afinidade com buriti não garante que as
pessoas participarão no mercado. Em vez disso, a preferência pessoal, habilidades,
62
compromissos de tempo e exposição histórica de buriti teve maior influência. Embora o
uso de buriti estava mudando rapidamente, o uso de subsistência de buriti ainda
persistia devido a identidade cultural, a percepção de valor potencial, a utilidade atual e
da política, e o papel do buriti dentro de um sistema de meio de vida tradicional. O buriti
promove uma rede de segurança de subsistência e uma fonte de renda que poderiam
ser utilizados quando necessário. Moradores de área de estudo teve uma variada gama
de opções de meio de vida à sua disposição, e sua heterogeneidade social afetaram a
participação no mercado de buriti.
Como o mercado de artesanato de buriti tem crescido, as pessoas localizadas
perto de recursos de buriti e com direitos legais para acessar diretamente as florestas
de buriti tinha cada vez mais restrita o acesso aos recursos por maior aplicação das leis
e os regimes de propriedade. Em contraste, as pessoas localizadas longe dos recursos
de buriti que dependiam de intermediários para o acesso aos recursos do buriti tiveram
acesso cada vez mais restrito, devido à maior competição pelo recurso. Para essas
pessoas, as redes sociais ajudaram a agilizar o caminho de acesso à fibra de buriti e
na superação as limitações de habilidades, tais como a aprendizagem de novas
técnicas para fazer artesanato. Curiosamente, as pessoas localizadas longe do recurso
tem similar tradição e a dependência de recursos de buriti que as pessoas localizadas
perto de árvores de buriti. Pessoas localizadas longe dos recursos tiveram maior
interesse para aderir ao novo mercado de artesanato, em comparação com pessoas
localizadas perto de árvores de buriti. Pessoas localizadas longe das árvores de buriti
participaram apenas no final da cadeia de valor do buriti, e não tinham opções de
geração de renda. Em contraste, as pessoas localizadas perto de árvores de buriti
estavam envolvidos com a extração e preparação da fibra, que foi a parte mais difícil,
árdua e trabalhosa do processo de artesanato. Pessoas próximas às árvores também
estavam em estreita proximidade com o centro urbano, de modo eles eram mais
propensos a escolher outras atividades de geração de renda, caso disponíveis.
O novo mercado orientado para a produção de artesanato e venda de folha
jovem de buriti introduziu novos atores (ex. intermediários, artesãos e vendedores) e
demandas de recursos que competiram com usos pré-existente de subsistência dos
frutos de buriti e das folhas maduras. Usuários perto do fim dos recursos da cadeia de
63
valor, como extratores e artesãos, eram muitas vezes envolvidos em estratégias de
meio de vida diversificadas, o que era comum entre os usuários de PFNMs que utilizam
produtos florestais como um complemento a outras atividades de meio de vida das
famílias (Arnold e Townson 1998) e como uma rede de segurança (Shackleton
Shackleton e 2004). Em contraste, os vendedores eram mais propensos a usar uma
estratégia especializada por meio da otimização de venda de artesanato de buriti.
Atores mais perto do fim da cadeia de valor, perto do buritizal, sofreu o estigma social
por causa de sua associação com o uso de recursos de subsistência. Em contraste, os
vendedores ganharam um status social mais elevado, como os empresários. Através
da cadeia de valor, mulheres artesãs também tiveram uma importante via de ascensão
social, trabalhando como vendedores de artezananto de buriti. No entando, as
estratégias de vida poderiam mudar desde que as circunstâncias e composição familiar
mudassem ao longo do tempo.
Com base na percepção pelos entrevistados, a nova demanda do mercado por
folhas jovens representam uma ameaça para a sustentabilidade de buriti,
principalmente por causa da extração acontecer principalmente áreas de de acesso
público ou aberto e o aumento na intensidade de extração. A maioria dos participantes
do mercado de buriti não possuem buritizais próprios, e os proprietários estavam
relutantes em conceder às pessoas os direitos de recolher folhas jovens. Extratores,
que eram os mais socio-economicamente vulnerável de todos os atores, também
poderiam ser facilmente pressionadas a sobrexplorar os recursos do buriti. Pessoas na
floresta, localizados no final da cadeia de valor, foram os mais envolvidos com
atividades de subsistência e mais propensos a acreditar que a coleta de folhas jovens
foi prejudicial. Em contraste, os agentes no final da cadeia de mercado foram mais
dependentes da economia de mercado. Não foi nenhuma surpresa que eles também
eram mais propensos a defender seu ofício como ecologicamente sustentável.
Existem alguns potenciais cenários para o futuro do uso buriti. Em primeiro
lugar, maior freqüência de operadores no mercado pode levar a maior heterogeneidade
entre os usuários de buriti, no qual os grupos mais privilegiados teriam a vantagem. A
medida que os mercados se desenvolvem favorecendo produtos de alta qualidade,
existe o risco da exclusão de participantes da cadeia menos qualificados que não pode
64
cumprir determinados padrões (Kanji et al, 2005; Velde et al, 2006). Em segundo lugar,
o status sócio-econômico das pessoas pode melhorar, fazendo que outras atividades
de geração de renda tornem-se acessível. Neste caso, o mercado de buriti seria
deixado para aquelas pessoas que se identificam culturalmente com o buriti ou
apreciam a arte. Se extratores de tornar-se mais relutantes em subir em árvores, as
pessoas terão de desenvolver novas maneiras de coletar as folhas jovens. Com a falta
de extratores, as folhas podem ser coletadas de árvores cada vez menores e mais
jovens, que podem trazer impactos negativos sobre as árvores e sobre a qualidade do
artesanato. Terceiro, as pessoas podem começar a intensificar o cultivo de árvores de
buriti, a fim de aumentar o seu acesso aos recursos, o que poderia afetar o uso da terra
e manejo na região.
Em resumo, o estabelecimento dos direitos de propriedade e a aplicação das
leis ambientais são importantes mecansimos para incentivar a gestão responsável dos
recursos naturais. As cadeias de valor também ajudam as pessoas a superar os
desafios de distância e as restrições de recursos, bem como garantir o acesso das
pessoas aos recursos e ao mercado, fornecendo uma maneira para as pessoas atingir
melhores posições sociais. A mudança do uso do buriti de subsistência para estratégia
de renda na região de Barreirinhas demonstra como as pessoas adaptam suas
estratégias de meio de vida para se adaptar a uma economia cada vez mais
globalizada.
65
LISTA DAS REFERÊNCIAS
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ESBOÇO BIOGRÁFICO
Arika Virapongse nasceu em New Haven, Connecticut, EUA. Ela é a primeira
geração de Thai-americano, e mantém a dupla cidadania. Em 2000, ela recebeu
Bacharel em Ciências graus da Universidade da Flórida, com especialização em
zoologia e estudos interdisciplinares. Em 2001, Arika foi premiado com uma bolsa
Fulbright para realizar pesquisas sobre o papel dos quintais em segurança da
subsistência na zona rural de Tailândia. Em 2006, Arika recebeu um Maestro do
Ciências em química farmacêutica e de produtos naturais a partir de Universidade do
Khon Kaen, Tailândia para sua pesquisa sobre a medicina tradicional de curandeiros
tradicionais do Kui indigenos. Em 2013, Arika recebeu um doutorado da Escola de
Recursos Naturais e Ambiente, da Universidade da Flórida.