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Ernani José Schneider
PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA.
Esta dissertação foi julgada e aprovada para a Obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, 18 de outubro de 2001.
Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph D. Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________ Prof. Álvaro Guilhermo Rojas Lezana, Dr.
Orientador
_______________________________________
Prof. Rogério Cid Bastos, Dr
_______________________________________ Prof. Luiz Fernando J. Maia, Dr
_______________________________________ Profa. Ana Lucia A. de O. Zandomeneghi, Ms
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iii
A minha esposa Marizoli pelo amor e apoio constante.
A meus filhos Nelso Neto, Ernani Jr. e Mayara A meus pais
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iv
Agradecimentos
À Universidade Federal de Santa Catarina, Ao orientador Prof. Álvaro Rojas Lezana,
pelo acompanhamento competente Ao Prof. Lucio Botelho,
pelo incentivo A Secretaria Estadual da Educação e Desporto
Aos Prof. do Curso de Pós-Graduação Aos colegas dos trabalhos
A Ana Lucia A. de O. Zandomeneghi, pelo auxilio
A E. E. B. Paulo Zimmermann A Osnildo Regueira,
pela companhia a minha família Aos que diretamente
contribuíram para a realização desta pesquisa.
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v
“Os grandes educadores atraem não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal.
Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo de surpreendente,
diferente no que dizem, nas relações que estabelecem,
na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se.
São um poço inesgotável de descobertas”.
José Manuel Moran
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Sumário
Lista de figuras ............................................................................................... p.vii Lista de quadros..............................................................................................p.ix Lista de tabelas ................................................................................................p.x Lista de reduções ............................................................................................p.xi Resumo.......................................................................................................... p.xii Abstract ......................................................................................................... p.xiii 1. . INTRODUÇÃO........................................................................................... p.1
1.1. Questões norteadoras ......................................................................... p.6 1.2. Hipótese .............................................................................................. p.6 1.3. Objetivo geral ...................................................................................... p.6 1.4. Objetivos específicos........................................................................... p.7 1.5. Metodologia ......................................................................................... p.7 1.6. Estrutura da dissertação...................................................................... p.9
2. ESCOLA E TRANSDISCIPLINARIDADE................................................. p.11 2.1. Da escola real à escola informatizada............................................... p.11 2.2. Da fragmentação a transdisciplinaridade .......................................... p.21 2.3. Utilização de projetos ........................................................................ p.30
3. NOVAS TECNOLOGIAS.......................................................................... p.36 3.1. Introdução da informática na educação – justificativas ..................... p.36 3.2. Modos de utilização do computador na educação............................. p.40 3.3. O professor e a utilização da informática .......................................... p.45
4. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O LABORATÓRIO
DE INFORMÁTICA.................................................................................. p.47 4.1. Fluxograma........................................................................................ p.47 4.2. Caracterização da unidade escolar ................................................... p.48 4.3. Definições.......................................................................................... p.49 4.4. Metodologia ....................................................................................... p.50 4.5. Procedimentos para viabilização do projeto ...................................... p.51 4.6. Período de execução......................................................................... p.53 4.7. Planejamento das atividades............................................................. p.53
4.7.1. Dos professores....................................................................... p.54 4.7.2. Dos alunos............................................................................... p.54 4.7.3. De pesquisa............................................................................. p.55
4.8. Avaliações ......................................................................................... p.56 5. ESTUDO DE CASO UTILIZANDO PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA.................................................................................. p.58
5.1. Caracterização da unidade escolar ................................................... p.58 5.1.1. Aspecto social.......................................................................... p.59 5.1.2. Aspecto técnico........................................................................ p.61 5.1.3. Aspecto econômico.................................................................. p.62 5.1.4. Aspecto físico........................................................................... p.62 5.1.5. Aspecto organizacional............................................................ p.64
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5.2. Definições.......................................................................................... p.65 5.2.1. Definições iniciais (justificativas e objetivos)............................ p.65 5.2.2. Recursos materiais .................................................................. p.67 5.2.3. Recursos financeiros ............................................................... p.67 5.2.4. Laboratório de informática ....................................................... p.68
5.2.4.1. Formas de utilização do laboratório .............................. p.68 5.2.4.2. Configuração técnica .................................................... p.69 5.2.4.3. Layout ........................................................................... p.69
5.2.5. Envolvidos no projeto............................................................... p.70 5.2.5.1. Professores participantes.............................................. p.70 5.2.5.2. Turmas participantes..................................................... p.71 5.2.5.3. Alunos participantes...................................................... p.72
5.3. Metodologia ....................................................................................... p.73 5.3.1. Revisão bibliográfica................................................................ p.73 5.3.2. Fundamentação teórica ........................................................... p.73 5.3.3. Escolha da metodologia........................................................... p.73 5.3.4. Pesquisas ................................................................................ p.74 5.3.5. Desenvolvimento das atividades.............................................. p.74 5.3.6. Apresentação........................................................................... p.75
5.4. Procedimentos para viabilização do projeto ...................................... p.75 5.4.1. Elaboração do projeto.............................................................. p.75 5.4.2. Apresentação do projeto.......................................................... p.75 5.4.3. Solicitações.............................................................................. p.76 5.4.4. Definição das atividades .......................................................... p.76 5.4.5. Escolhas .................................................................................. p.77 5.4.6. Execução ................................................................................. p.77 5.4.7. Apresentação dos trabalhos efetivados ................................... p.77
5.5. Período de execução......................................................................... p.78 5.5.1. Tempo...................................................................................... p.78 5.5.2. Período .................................................................................... p.78 5.5.3. Número de aulas...................................................................... p.78 5.5.4. Locais ...................................................................................... p.78
5.6. Planejamento das atividades............................................................. p.79 5.6.1. Atividades desenvolvidas pelo professor ................................. p.79 5.6.2. Atividades desenvolvidas pelo aluno ....................................... p.80 5.6.3. Atividades de pesquisa ............................................................ p.82
5.7. Avaliações ......................................................................................... p.85 5.7.1. Resultados positivos obtidos ................................................... p.86 5.7.2. Resultados a serem alcançados .............................................. p.89 5.7.3. Possibilidades a serem conquistadas ...................................... p.89 5.7.4. Problemas encontrados ........................................................... p.90
6. CONCLUSÕES........................................................................................ p.92 6.1. Limitações ......................................................................................... p.94 6.2. Recomendações................................................................................ p.94
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................... p.96 ANEXOS ..................................................................................................... p.104
Carta da transdisciplinaridade................................................................ p.104
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Lista de figuras
Figura 1: Interações com o computador e os elementos sociais................... p.19
Figura 2: Complementaridade ....................................................................... p.29
Figura 3: Fluxograma do projeto ................................................................... p.48
Figura 4: Fluxograma da caracterização da unidade escolar ........................ p.49
Figura 5: Fluxograma das definições ............................................................ p.50
Figura 6: Fluxograma da metodologia........................................................... p.51
Figura 7: Fluxograma dos procedimentos ..................................................... p.52
Figura 8: Fluxograma do período de execução............................................. p.53
Figura 9: Fluxograma das atividades ............................................................ p.54
Figura 10: Fluxograma das avaliações.......................................................... p.57
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Lista de quadros Quadro 1: Compreendendo o que mudou..................................................... p.13
Quadro 2: Visões contrastantes de instrução e construção .......................... p.14
Quadro 3: Possíveis funções do computador no ensino ............................... p.44
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Lista de tabelas
Tabela 1: Divisão por séries e números de alunos da
E. E. B. Paulo Zimmermann .......................................................... p.60
Tabela 2: Espaço físico ................................................................................ p.63
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Lista de reduções ACT = admitido em caráter temporário APAE = Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais APP = Associação de Pais e Professores CAC = comunicação assistida por computador CAI = Instrução assistida por computador CAP = desempenho assistido por computador CD = compact disk CIRET = Centro Internacional de Pesquisas e Estudos Transdisciplinares DST = doenças sexualmente transmissíveis E. E. B. P. Z. = Escola de Ensino Básico Paulo Zimmermann ex: = exemplo LIE = laboratório de informática MEC = Ministério da Educação e Cultura NTE = Núcleo de Tecnologia Educacional p. = página PPP = plano político pedagógico PROCOMP = empresa vencedora da licitação ProInfo = programa nacional de informática educativa SED = Secretaria de Estado da Educação e Desporto SENAI = Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SESI = Serviço Social da Indústria TIC = tecnologias da comunicação e da informação TV = televisor U. E. = unidade de ensino UNESCO = Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a
Cultura
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Resumo
SCHNEIDER, Ernani José. Procedimentos para elaboração de um projeto transdisciplinar utilizando o laboratório de informática. Florianópolis, 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 2001. O presente estudo viabiliza procedimentos, através do fluxograma e do delineamento das etapas desse, para elaboração de projetos transdisciplinares na utilização dos laboratórios de informática em uso efetivo e em implantação em escolas do país. Está referenciando a escola “real” e a escola “informatizada” buscando traçar um paralelo entre essas. Enfoca a transdisciplinaridade, da fragmentação a busca da totalidade, trazendo a abordagem de projetos no sentido de explicitar o que ele é e em que ele pode auxiliar na modificação do processo de ensino aprendizagem. Retrata as novas tecnologias, principalmente a informática, enfocando suas possibilidades de uso dentro da educação, traçando os objetivos e justificativas a eles imposta pelos órgãos vinculados. Apresenta um estudo, utilizando os procedimentos como referência para elaboração de um projeto transdisciplinar, mostrando os resultados a que se chegou. Palavras chaves: Transdisciplinaridade, Novas Tecnologias e Laboratório de Informática.
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Abstract
SCHNEIDER, Ernani José. Procedures for elaboration of a trandisciplinar
project using the computer laboratory. Florianópolis, 2001. Essay (master’s in Production Engeneering) – Post Graduation Program in Production Engeneering, UFSC, 2001.
The present study makes procedures happen, through the flowgram and the delineation of this stages, to elaboration of trandisciplinar projects in the use of computer laboratory in an effective way and by introducing in schools of the country. This refers to the “real” school and the “computerized” school trying to draw a parallel between these two. It focus the trandisciplinarity of the fragmantation in surch of the totality, bringing the approach of the projects in what concerns expliciting what it is and in what it can help at the modification of learning/teaching process. It shows the new technologies, mainly the computer science, focusing its possibilities of the use inside the education, drawing the goals and justifications imposed to them by the linked organs. It shows a study, using the procedures as reference to creation of a trandisciplinar project, showing the results that it came into. Key-words: Trandisciplinarity, New Tecnologies and Computer Lab.
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CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO
Na sociedade contemporânea e mais precisamente nas duas últimas
décadas, inúmeras transformações aconteceram motivadas pelo
desenvolvimento tecnológico. As tecnologias estão modificando a maneira de
viver, de se divertir, de informar, de trabalhar, de pensar, e de aprender a
aprender, afetando todas as pessoas envolvidas no processo de ensino
aprendizagem, sem ter algumas vezes, consciência disto.
Vive-se um processo irreversível de desenvolvimento tecnológico,
trazendo consigo mudanças na vida em sociedade e nas formas de trabalho
humano.
A sociedade vai usufruindo tecnologia a medida em que as necessidades
das atividades requerem o uso de recursos tecnológicos e da disponibilidade
deles no mercado.
“Cada vez mais a linguagem cultural inclui o uso de diversos recursos
tecnológicos para produzir processos comunicativos, utilizando-se
diferentes códigos de significação (novas maneiras de se expressar e se
relacionar)”. Brasil (1998, p. 135)
As mudanças no processo de comunicação e produção do conhecimento
geram transformação na consciência individual, na percepção de mundo, nos
valores e nas formas de atuação social.
É importante lembrar que se multiplicam os instrumentos de
comunicação a cada instante, e é enorme a quantidade de informação. “Além
dos meios gráficos, inúmeros meios audiovisuais e multimídia disponibilizam
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2
dados e informações, permitindo novas formas de comunicação”. Brasil (1998,
p.135)
Outro ponto a ser observado é o fato que informação em quantidade,
não quer dizer necessariamente informação de qualidade.
O uso adequado das tecnologias disponíveis representa a manutenção e
a transformação das relações sociais políticas e econômicas em nossa
sociedade.
Nos dias atuais faz-se necessário o questionamento de paradigmas e
estar habilitado para lidar com as mudanças na forma de produzir, armazenar e
transmitir o conhecimento que dão origem a novas formas de pensar, aprender
e fazer.
“Os primeiros computadores apareceram há trinta anos, a rede de
Internet foi criada a dez e neste momento estamos esperando reunir e
utilizar o computador, a TV e a recepção por cabo, se tratando de
inovações recentes sem a devida noção se sua presença nas escolas é
boa e também não é difícil prognosticar que sua presença e influencia
vão aumentar rapidamente e irão produzir uma autentica revolução nos
modos de ensinar comparados ao que representou a invenção da escrita
no começo da história e o que produziu a introdução da imprensa e a
difusão dos livros no começo da época moderna”. (Siguan, 1998 p. 3)
Pode-se dizer que com referência ao mercado de trabalho, surgiram
novas funções, desapareceram outras, gerando o desemprego em alguns
setores e criando outros novos com especialidades bem diferentes, o que
levará alterações no perfil do trabalhador, bem como das formas de aquisição e
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3
utilização do conhecimento além da necessidade de possuir iniciativa,
flexibilidade mental, atitude crítica, competência técnica, capacidade de criar
soluções frente às novas formas de informação e de acesso, e a educação
poderá contribuir na medida em que acompanhar os processos de mudança.
A velocidade da produção do conhecimento e a quantidade de
informações no mundo de hoje impõe novas tendências para a vida em
sociedade, pois é necessário que a humanidade aprenda a conviver com a
provisoriedade, com as incertezas, com o imprevisto e com a novidade,
desenvolvendo a capacidade de aprender continuamente, ou seja, a
capacidade de analisar, refletir, tomar consciência do que já se sabe,
transformar o seu conhecimento, processar novas informações e a partir daí
produzir novo conhecimento contribuindo para a formação de um indivíduo
ativo, agente criador de novas formas e habilidades.
“Conhecer e saber usar as novas tecnologias implica a aprendizagem de
procedimentos para utilizá-las e, principalmente, de habilidades relacionadas
ao tratamento da informação”. Brasil (1998, p. 139)
É necessário reflexão para que a tecnologia possa de fato contribuir para
a formação de indivíduos competentes, críticos, conscientes e preparados para
a realidade em que vivem.
“Se entendemos a escola como um local de construção do
conhecimento e de socialização do saber; como um ambiente de
discussão, troca de experiências e de elaboração de uma nova
sociedade, é fundamental que a utilização dos recursos tecnológicos
seja amplamente discutida e elaborada conjuntamente com a
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4
comunidade escolar, ou seja, que não fique restrita às decisões e
recomendações de outros”. (Brasil, p. 140)
O poder público e a escola devem contribuir para que a formação do
indivíduo alcance plenamente sua cidadania, participando do processo de
transformação e construção da realidade de nossa sociedade aberta a
incorporar novos hábitos, comportamentos percepções e demandas, como
também é necessário desenvolver as habilidades para utilizar os instrumentos
de sua cultura, principalmente com a utilização adequada das tecnologias da
comunicação, especialmente a informática.
“É evidente que a revolução informática no ensino tropeça em muitas
dificuldades, e a primeira é o desconhecimento e a falta de familiaridade dos
professores com estas técnicas”. (Siguan, 1998 p. 5).
Em tempos passados o professor detinha maior conhecimento da técnica
do que seus alunos, e hoje é freqüente que alguns alunos detenham maior
familiaridade com as novas técnicas ou estão mais abertos para recebe-las.
Para Froés (1998, p. 63):
“Não se trata, portanto, de fazer do professor um especialista em
informática, mas de criar condições que se aproprie, dentro do processo
de construção de sua competência, gradativamente, das formas de
utilização dos referidos recursos informatizados: somente uma tal
apropriação da tal tecnologia pelos educadores poderá gerar novas
possibilidades de sua utilização educacional”.
Deve-se conceber a prática da sala de aula através da utilização dos
recursos tecnológicos disponíveis como: livro didático, giz e quadro, televisão,
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5
calculadora, rádio, videocassete, filmadora, máquina fotográfica, gravador,
computador...
“A tecnologia deve ser utilizada na escola para ampliar as opções de
ação didática, com o objetivo de criar ambientes de ensino e
aprendizagem que favoreçam a postura crítica, a curiosidade, a
observação e análise, a troca de idéias, de forma que o aluno possa ter
autonomia no seu processo de aprendizagem, buscando e ampliando
conhecimentos”. Brasil (1998, p.156)
A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, e não
é possível pensar num modelo único para a incorporação de recursos
tecnológicos na educação, pois são necessárias propostas que atendam os
interesses de cada região ou comunidade.
“O computador, em particular, permite novas formas de trabalho,
possibilitando a criação de ambientes de aprendizagem em que os
alunos possam pesquisar, fazer antecipações e simulações, confirmar
idéias prévias, experimentar, criar soluções e construir novas formas de
representação mental”. Brasil (1998, p. 141)
Deve-se debater, portanto, constantemente a implantação de políticas,
estratégias e formas de implantação, para o desenvolvimento e disseminação
de propostas de trabalhos utilizando os meios eletrônicos de informação e os
meios de comunicação.
“A incorporação de computadores no ensino não deve ser apenas a
informatização dos processos de ensino já existentes, pois não se trata
de aula com ‘efeitos especiais’. O computador permite criar ambientes de
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6
aprendizagem que fazem surgir novas formas de pensar e aprender...”.
Brasil (1998, p. 147)
Assim, esse trabalho, buscará atender parte dos anseios dos
professores no que tange a utilização das novas tecnologias e em especial o
uso do computador, e com isto desobstruir barreiras existentes na utilização
dos “laboratórios de informática”.
1.1. QUESTÕES NORTEADORAS
As questões norteadoras da pesquisa são as seguintes:
− Qual a forma de utilização dos laboratórios de informática?
− Quais as possibilidades de utilização desses laboratórios?
− Que modificações serão necessárias em função da forma e das
possibilidades de utilização?
1.2. HIPÓTESE
A hipótese deste trabalho de pesquisa é:
“Os procedimentos para elaboração de um projeto
transdisciplinar utilizando os laboratórios de informática como um
meio para a construção do conhecimento levará a melhor
utilização desses”.
1.3. OBJETIVO GERAL
− Propor procedimentos para elaboração de um Projeto
Transdisciplinar, utilizando o laboratório de informática como um
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7
meio para a construção do conhecimento em Unidades de Ensino
médio.
1.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
− Buscar através da Metodologia Transdisciplinar, uma nova forma
de trabalhar na educação.
− Levantar os usos da informática na escola;
− Integrar o laboratório de informática ao conhecimento tecnológico
que o professor dispõe, disciplinas curriculares, professores,
alunos, escola e sociedade;
− Utilizar temas ligados ao cotidiano do aluno seja no mundo do
trabalho, no mundo da educação ou na própria vida, para a
construção do seu conhecimento através de projetos;
− Analisar de forma parcial o processo de ensino-aprendizagem;
− Buscar a melhoria da qualidade do processo de ensino-
aprendizagem;
− Diversificar as formas de construção da aprendizagem e do
conhecimento;
1.5. METODOLOGIA
Constitui a metodologia deste trabalho segundo Silva & Mendes (2000,
p. 20):
− Revisão de literatura, análise e compilação para abordagem do
tema escolhido;
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− Análise do estudo de caso, dos documentos de viabilização, de
implementação e resultados do projeto.
Dos pontos de vista:
− Quanto à Natureza: Pesquisa Aplicada – por gerar novos
conhecimentos, para aplicação prática, e auxiliar em um problema
específico;
− Quanto à Abordagem: Pesquisa Qualitativa – por buscar
subjetivamente a interpretação dos fenômenos, buscando no
ambiente natural à descrição indutiva do processo de aplicação
do projeto e seus significados;
− Quanto aos Objetivos: Pesquisa exploratória – por envolver
levantamento bibliográfico e análise de um estudo de caso;
− Os procedimentos técnicos: Pesquisa Bibliográfica/Estudo de
Caso – por ser elaborada através de material publicado em livros,
artigos, periódicos e na Internet, envolvendo estudo de um projeto
permitindo seu conhecimento;
− De Método Dialético Fenomenológico – por buscar a descrição tal
como ela é, a interpretação dinâmica e de totalidade, não
desconsiderando o contexto social, político e econômico.
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1.6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O presente trabalho está estruturado em sete capítulos, dos quais, dois
são dedicados ao levantamento bibliográfico e outros dois são dedicados ao
estudo de caso, como explicitado abaixo:
− O capítulo um (I) introduz o tema, abordando a problemática e a
utilização do tema, as questões norteadoras, a hipótese, os
objetivos gerais e específicos, a metodologia e a estruturação do
tema;
− No capítulo dois (II) Escola e Transdisciplinaridade, referencia-se
a escola “Real” e a escola “Informatizada” buscando traçar um
paralelo entre essas. Enfoca-se a transdisciplinaridade, da
fragmentação a busca da totalidade. Traz-se a abordagem de
Projetos no sentido de explicitar o que ele é e em que ele pode
auxiliar na modificação do processo de ensino aprendizagem.
− O capítulo três (III) enfoca as Novas Tecnologias, principalmente
a informática, objeto de trabalho do projeto, enfocando suas
possibilidades de uso dentro da educação, traçando os objetivos e
justificativas a eles imposta pelos órgãos vinculados.
− No capítulo quatro (IV) tem-se uma proposta de procedimentos
para a elaboração de um projeto transdisciplinar. E através do
fluxograma e do delineamento das etapas desse busca-se
caracterizar os passos pelos quais deve-se passar para atingir os
objetivos.
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− O capítulo cinco(V) apresenta o estudo de caso, utilizando os
procedimentos como referencia para elaboração de um projeto
transdisciplinar, mostrando os resultados a que se chegou nesse.
− Nos capítulos seis (VI) e sete (VII) são apresentados às
conclusões, recomendações, a bibliografia consultada, e o anexo
respectivamente.
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CAPÍTULO II
2. ESCOLA E TRANSDISCIPLINARIDADE
Num passado distante o ser unitário vivia presente em todos os
aspectos, hoje se tem um ser fragmentado em partes, e desejando recompô-lo
unitariamente, levar-se-ia um bom tempo. Há que ressaltar a necessidade
urgente de unir esforços neste sentido, buscando pela unidade disciplinar e
escolar que se chegue a tal resultado.
2.1. DA ESCOLA REAL À ESCOLA INFORMATIZADA
Inicia-se o século XXI como se estivesse iniciando no século IXX ou XX,
sem mudanças, ou até com alguns retrocessos significativos na educação,
muitos pedagogos e pensadores deixaram suas contribuições, mas a escola
continua reproduzindo, outros tantos projetos foram lançados e a forma de
executá-los ainda leva resquícios do passado.
Hoje, da mesma forma que há muito tempo atrás, a escola, reflete a
seguinte fotografia: Carteiras, quadro negro, giz, professores e alunos. Nada se
modificou apesar de muitos esforços.
“Se você fechar os olhos e imaginar uma sala de aula, há grandes
chances de que você irá ver um adulto em pé na frente da sala que contem
mais ou menos 30 alunos sentados em fileiras retas de carteiras escolares”
(Sandholtz, 1997, p. 27), alunos ouvindo o professor e levantando a mão para
poderem se pronunciar.
“... a educação contemporânea privilegia, em geral, essa concepção
individualista e mecanicista, que se apóia em uma visão tecno-
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econômica, numa realidade fechada, de exclusão e de marginalização,
que é praticada pela economia, pela sociedade e também,
estranhamente, pelas pessoas para consigo mesmas”. Mello (2001, p. 1)
Segundo Fichtner (1998, p. 25) a escola tem dificuldades para atingir
seus objetivos atuais, mesmo os mais fundamentais, como o domínio da leitura
e do raciocínio, pois necessário é, portanto, reavaliar a escola,
fundamentalmente a postura dos professores. Professores que na lida diária
com o aluno incorporem ao processo de ensino, o desenvolvimento do novo,
de forma construtiva para a construção do cidadão.
Para Kenski (2000, p. 1):
“... é assustador o desamparo em que se encontram os professores de
muitas escolas, principalmente das redes públicas. Em geral, falta-lhes a
infra-estrutura básica para a manutenção das atividades cotidianas em
sala de aula”.
Metz (1988) citado por Sandholtz (1997, p. 27) refere-se a esta escola,
citada acima, como a “escola real”, utiliza-se essa mesma referencia nesse
trabalho.
“A escola real existe não apenas em nossas mentes, mas é, de fato, o
que a maioria de nossos filhos encontram cinco dias por semana em suas
escolas”. (Sandholtz, 1997, p.27).
O modo de ensinar precisa urgentemente de uma guinada, demonstra-se
abaixo um quadro de Alencar & Prado (2000, p.15) onde esse compara o que
era e o que deve ser a escola e seus aspectos.
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Quadro nº 01 - Compreendendo o que mudou
Na escola Era E deve ser O conteúdo Um fim em si mesmo Um meio para desenvolver competências O conhecimento Fragmentado, dividido por
disciplinas, de caráter enciclopédico, memorizador e cumulativo.
Interdisciplinar, contextualizado, privilegia a construção de conceitos e a criação do sentido.
O currículo Fracionado, estático, organizado por disciplinas.
Em rede, dinâmico, organizado por áreas de conhecimento e temas geradores.
A sala de aula Espaço de transmissão e recepção do saber
Local de reflexão e de situações de aprendizagem
Toda atividade Padronizada rotineira Centrada em projetos e resolução de problemas
O papel do professor Transmissor do conhecimento Facilitador da aprendizagem, mediador do conhecimento.
A avaliação Classificatória e excludente Formativa, busca avaliar as competências adquiridas.
Fonte: Alencar & Prado (2000, p.15)
Sabendo-se que escola informatizada não é aquela que possui o seu
laboratório, mas aquela que em tendo este, utiliza-o de forma a abranger
integralmente, professores, alunos e disciplinas, transformando cada momento
em um único, desenvolvendo atividades transdisciplinares, demonstramos no
quadro abaixo, Sandholtz et alii (1999, p. 30) as modificações necessárias
passando da instrução para a construção dos conhecimentos:
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Quadro nº 02 – Visões contrastantes de Instrução e Construção
Instrução Construção Atividade em sala de aula Centrada no professor
Didática Centrada no aluno Interativa
Papel do professor Contador de fatos Sempre o especialista
Colaborador Às vezes o aprendiz
Papel do aluno Ouvinte Sempre o aprendiz
Colaborador Às vezes o especialista
Ênfase institucional Fatos Memorização
Relações Indagação e invenção
Conceito de conhecimento Acúmulo de fatos Transformação de fatos Demonstração de êxito Quantidade Qualidade da
compreensão Avaliação De acordo com a norma
Itens de múltipla escolha De acordo com o critério Pastas e desempenhos
Uso da tecnologia Exercícios de repetição e prática
Comunicação, colaboração, acesso á informação e expressão.
Fonte: Sandholtz et alii (1999, p. 30)
Entende-se neste caso por instrução, aulas expositivas, exercícios de
repetição e prática, introdução de conceitos ou habilidades, o reforço de ações
repetitivas e através dela atingir de forma mais rápida determinado conteúdo
em determinado tempo e por construção a estratégia para criar habilidades e
conceitos para resolução de problemas, onde o aluno deve ter participação
efetiva em todo processo educacional.
“...na medida em que os professores tenham consciência da concepção
de aprendizagem que possuem, não se limitando, desta forma, às
metodologias do tipo instrução programada, ensaio e erro, máquinas de
aprender sozinho; que reforçam apenas a concepção behaviorista,
tecnicista e positivista, ou ainda na mistificação da máquina como única
forma eficiente de aprendizagem.” (Zardo, 1998 p. 235)
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15
Fichtner (1998 p. 24) diz que muitas vezes ouve-se a proposta de que se
deve melhorar a escola, e melhorar significa já mudar algo de tal maneira que
isso possa cumprir os seus objetivos e as suas finalidades. Neste caso os
objetivos e finalidades são conhecidos e assegurados.
Necessita-se uma visão de futuro, onde se inclua, sociedade,
informações, alunos, professores e projetos de trabalho, na busca de soluções.
Perrenoud (2000, p. 11) citando Meirieu (1989), observa as
competências que devem conduzir a uma nova forma de ensinar:
− Prática Reflexiva;
− Profissionalização;
− Trabalho em Equipe;
− Trabalho por Projetos;
− Autonomia;
− Responsabilidade Crescente;
− Pedagogias Diferenciadas;
− Centralização Sobre os Dispositivos e Sobre as Situações de
Aprendizagem;
− Sensibilidade à Relação com o Saber e com a Lei.
Há o entendimento e necessidade de que se introduza os laboratórios de
informática nas escolas para modificá-las e auxiliar na modernização da
educação, com isso entende-se que o processo pedagógico deve ser
modificado conjuntamente.
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16
Baseado no referencial de competências adotado em Genebra (1996)
Perrenoud (2000, p.14) enumera as 10 competências, que entende como
sendo aquelas que emergem atualmente com relação à prática do professor:
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem;
2. Administrar a progressão das aprendizagens;
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
5. Trabalhar em equipe;
6. Participar da administração da escola;
7. Informar e envolver os pais;
8. Utilizar novas tecnologias;
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10. Administrar sua própria formação contínua.
Nesta perspectiva, diz Zardo (1998 p. 236), os computadores
(laboratórios de informática educativa - LIE) representam mais uma ferramenta
de suporte e apoio ao trabalho pedagógico do professor.
Para atingir a finalidade descrita por Zardo acima, estabeleceu-se certos
procedimentos como:
- Análise do material (software) existente quanto à concepção teórico-
filosófica, metodologia e recursos gráficos e sonoros empregados
pelo mesmo, para definir sua aplicabilidade ou não no laboratório de
informática educacional (LIE);
- Elaboração de material pedagógico que sirva como apoio e
orientação ao trabalho do professor;
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17
- Orientação a professores e alunos quanto ao uso dos equipamentos
e desenvolvimento das aulas no LIE;
- Avaliação do projeto LIE em reuniões pedagógicas e conselhos de
classe;
- Compreensão do que o LIE não é um apêndice, mas sim parte
integrante da escola e, como tal, deve estar contemplado no plano
político pedagógico e planejamento do professor.
No entremeio a estas atividades, no laboratório, o professor solicita as
justificativas numa atitude mediadora, desafiadora fazendo com que os alunos
auxiliem-se, apropriando-se do conhecimento trazendo-os a uma reflexão
sobre as formas de pensar ou desenvolver uma atividade para que filtrem as
informações coletadas, acontecendo tudo de forma coletiva.
“Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso
crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de
observação e pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e
classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação
de redes de procedimentos e de estratégias de comunicação”.
Perrenoud (2000, p. 128).
Com a introdução do Projeto Político Pedagógico na Escola, sua
estruturação como entidade responsável pelo seu trabalho, a escola se torna
capaz de superar dificuldades antes inimagináveis e nada poderia ser mais
trágico do que inserir computadores em uma sala ou laboratório se mais nada
fosse modificado.
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18
Ao desejar formar as crianças com os referenciais destacados por
Perrenoud, anteriormente descritos, onde se deve formar para as novas
tecnologias e com a introdução do Plano Político Pedagógico na escola, deve-
se observar o que diz Froés (2001, p. 3) no que se torna indispensável:
- Apoiar os professores no trato dos novos instrumentos, dando
condições para que estes se apropriem nas suas utilização;
- Desenvolver atividades que permitam a discussão da melhor forma
de empregar os recursos informatizados, analisando as
características de cada disciplina, e o interesse de cada professor;
- Associar essas atividades ao cotidiano de cada professor, praticando
a necessária interação entre as diversas disciplinas e os referidos
recursos informatizados;
- Conhecer e discutir experiências anteriores, apoiando a análise e a
decisão de cada professor e da própria escola.
A tecnologia por si só não mudará a educação o que refletirá
diferentemente é sua forma de utilização, voltada para criar ambientes nos
quais as tecnologias são usadas na construção do conhecimento para a
comunicação e a cooperação, repensando o processo educacional, seus
fundamentos para a prática do dia a dia.
Hoje a multimídia invade os cenários de vida dos alunos, espetáculo de
luz e som muito sofisticado, amanhã a realidade virtual permitirá experiências
deslumbrantes permitindo ao aluno que este seja roteirista, diretor e ator deste
espetáculo.
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“... não se poderia pensar hoje uma pedagogia e uma dialética do texto
sem estar consciente das transformações a que a informática submete
as práticas de leitura e escrita. ... não se poderia pensar uma pedagogia
e uma didática da pesquisa documental sem avaliar a evolução dos
recursos e dos modos de acesso”. Perrenoud (2000, p. 139)
Deverá haver sempre nesse processo evolutivo uma experiência
construída e reconstruída, através de interações com o meio, mas as
atividades práticas por si só não levam a uma experiência significativa ou
aprendizado construtivo se estas não estiverem conectadas e orientadas para
as vivências dos momentos atuais.
Valente (2001, p. 4) mostra através da figura abaixo, a interação com o
computador e os elementos sociais que permeiam e a suportam.
Figura 1 – Interações com o computador e os elementos sociais
Fonte: http://divertire.com.br/artigos/valente2.htm
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20
Essas interações e os elementos sociais fazem o processo evolutivo ser
desencadeado a medida em que temos abstração, reflexão e depuração com
aprendizagem e mudança de pensamento e de práticas.
Perrenoud (2000, p. 156), cita as mudanças nas práticas pedagógicas,
impondo-lhes lentidão, mas com profundidade, e essas levarão a uma escola
menos real e mais informatizada:
− Baseadas em objetivos de nível taxonômico cada vez mais elevado,
por exemplo, aprender a aprender, a raciocinar, a comunicar;
− Visa cada vez mais freqüentemente a construir competências, para
além dos conhecimentos que mobilizam;
− Recorre mais aos métodos ativos e aos princípios da escola nova,
às pedagogias alicerçadas no projeto, no contrato, na cooperação;
− Manifesta maior respeito ao aluno, por sua lógica, seu ritmo, suas
necessidades, seus direitos;
− Valoriza a cooperação entre alunos e propõem-lhes atividades que
exigem uma forma de partilha, uma divisão de trabalho, uma
negociação;
− Considera cada vez menos a reprovação escolar como uma
fatalidade e evoluem no sentido de apoio pedagógico e da
diferenciação do ensino como discriminação positiva contínua e
preventiva;
− Interage cada vez mais com outros profissionais, inseridos em uma
cooperação profissional regular, até mesmo, como uma verdadeira
equipe pedagógica;
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21
− Tornam-se mais dependentes das tecnologias audiovisuais e
informáticas e utilizam-nas mais;
− Atribui maior importância à pesquisa, a saberes estabelecidos fora
de uma experiência prática, através de outros métodos.
Entende-se da mesma forma que Fróes (2001, p. 7), que os
“...computadores não apenas ajudam a aprender, eles interferem na
aprendizagem, criando novas formas de aprender...” e a cada modificação
destes, a cada criação nova, outras construções da aprendizagem se fazem,
criando relações cognitivas ainda não previstas e instáveis para novas
estabilizações e instabilizações sucessivas.
Juntando a necessidade de repensar a escola, a necessidade de se ter
em auxílio as mais modernas tecnologias, deve-se incorporar uma “nova
metodologia” apoiada em projetos, tema que se aborda a seguir.
2.2. DA FRAGMENTAÇÃO A TRANSDISCIPLINARIDADE
Abandona-se o homem total, tem-se ao homem compartimentado (no
trabalho, na escola, em casa, na igreja...), papéis que são representados em
cada momento do nosso cotidiano, busca-se o aperfeiçoamento por partes,
definindo-se que este é o ideal.
O homem se fez máquina, mecanizando suas rotinas e seu trabalho,
esquecendo-se que seu trabalho, vida e seu ser são um único elemento neste
cosmo. Perde-se a beleza, o encantamento da integralidade e reduziu-se o
homem à pobreza das partes.
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Tem-se uma fragmentação enorme no homem e em suas relações
observada por Weil (1993, p. 16) em três (3) níveis:
1. No Nível do Ser:
a. Separação do Sujeito e o Objeto;
b. Separação entre o Conhecedor, Conhecimento e Conhecido.
2. No Nível do Sujeito:
a. Divide o “Homo Sapiens” do “Homo Faber”;
b. O Pensador e o Ativo;
3. No nível do Conhecimento:
a. O Conhecimento Puro e as Tecnologias;
b. Conhecimento pelo Conhecimento e o Conhecimento de
Métodos e Técnicas de Ação.
A fragmentação ocorreu igualmente na educação onde o número de
disciplinas aumentou tanto que se tornou necessário a transdisciplinaridade. E
essa, busca reunir em um conjunto mais abrangente as disciplinas,
correlacionando-as, visto que se parecem em sua natureza.
G. Michaud, citado por Weil (1993, p. 33), define os termos ligados às
disciplinas da seguinte forma:
− Disciplinar: conjunto específico de conhecimentos;
− Multidisciplinar: justaposição de diversas disciplinas, às vezes sem
relação aparente;
− Pluridisciplinar: justaposição de disciplinas diversas, com
conhecimentos mais ou menos aparente;
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23
− Interdisciplinar: interações existentes entre duas ou várias
disciplinas, num esforço de comunicação e de procura de um ponto
comum;
− Transdisciplinar: efetivação de um ponto axiomático comum a um
conjunto de disciplinas, buscando o encontro e transposição dos
pontos em comum.
“A transdisciplinaridade propõe uma nova teoria do conhecimento e
talvez ela possa ser o campo ou um dos campos epistemológicos nos quais a
Pedagogia da Alternância deleite suas raízes“ Sommerman (2001, p. 1). Este
considera a transdisciplinaridade como “Método Transdisciplinar”.
A visão transdisciplinar advém da civilização Greco-Judaica-Cristã. Na
filosofia, há 2.600, anos os pré-socráticos, a partir do conceito de phisis, tinham
a concepção unitiva da transdisciplinaridade. Tales, Demócrito e Heráclito
afirmavam o tema da unidade, não dissociando a ciência da filosofia, nem a
arte da mística.
Wail (1993, p. 30) cita Basarab Nicolescu, para afirmar que o termo
“transdisciplinar” foi utilizado pela primeira vez por Jean Piaget em 1970,
quando do encontro sobre interdisciplinaridade, promovido pela Organização
da Comunidade Européia (OCDE), posteriormente Jantsch (1972) e Morin
(1972) entre outros versam sobre o tema. Piaget define então:
“Enfim, na etapa das relações interdisciplinares, pode-se esperar que se
suceda uma fase superior que seria ‘transdisciplinar’, a qual não se
contentaria em atingir interações ou reciprocidades entre pesquisas
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24
especializadas, mas situaria tais ligações no interior de um sistema total,
sem fronteiras estáveis entre as disciplinas”.
Transdisciplinaridade deve ser, e é, um passo além da
interdisciplinaridade, um avanço qualitativo em busca da união das disciplinas
da integração e da inclusão do homem ao mundo que o cerca.
A Declaração de Veneza (1986), promovida pela UNESCO, “Ciências e
as Fronteiras do Conhecimento: Prólogo do nosso Passado Cultural”,
patrocinado pelo Fórum Sobre Ciência e Cultura, e elaborado por cientistas,
filósofos, artistas e representantes das tradições espirituais, é um marco
histórico na direção da transdisciplinaridade.
Em 1991, em Paris, organizado pela UNESCO, realiza-se o congresso
“Ciência e Tradição: Perspectivas Transdisciplinares para o século XXI”,
resultou no considerado segundo documento da transdisciplinaridade (Ciência
e Tradição).
O Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade em 1994,
organizado pelo Centro Internacional de Pesquisas e Estudos
Transdisciplinares (CIRET), sediado em Paris, com parceria da UNESCO,
acontece na cidade de Arrábida, Portugal, resultando na “Carta da
Transdisciplinaridade” (anexo), documento norteador de todo trabalho posterior
sobre transdisciplinaridade.
Em 1997 foi realizado o Segundo Congresso Mundial da
Transdisciplinaridade, também organizado pelo CIRET e pela UNESCO na
cidade de Locarno, do qual resultou o documento “A Síntese do Congresso de
Locarno”.
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25
Como resultado destes dois congressos mundiais da
transdisciplinaridade Sommerman (2001, p. 4) cita os setes eixos básicos da
evolução transdisciplinar na educação:
1. A educação intercultural e transcultural;
2. O diálogo entre arte e ciência;
3. A educação inter-religiosa e transreligiosa;
4. A integração da revolução informática na educação;
5. A educação transpolítica;
6. A educação transdisciplinar;
7. A relação transdisciplinar: os educadores, os educandos e as
instituições, e, a sua metodologia subjacente.
O mesmo autor cita os três pilares do pensamento transdisciplinar:
1. A Complexidade;
2. O Terceiro Incluído;
3. Os Diferentes Níveis de realidade.
O termo transdisciplinar representa a tentativa e talvez a possibilidade de
sair da fragmentação das disciplinas e do conhecimento humano. “... encontro
de várias áreas do conhecimento de uma axiomática comum, ou princípios
comuns subjacentes” (Crema 1993, p.132). Significa transcender a
disciplinaridade necessitando o entendimento da origem, função e limitações
dos desafios contemporâneos da disciplinaridade moderna. Para G. Michaud,
“axiomática comum a um conjunto de disciplinas” e para Ernest Jantsch apud
Wail (1993, p. 31) “é o reconhecimento da interdependência de todos os
aspectos da realidade. ...e a conseqüência normal da síntese dialética...”
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26
Transdisciplinaridade é um modo de conhecimento, é uma compreensão
de processos, é uma ampliação da visão do mundo e uma aventura de espírito,
para Mello (2001, p. 2), ela continua ainda, é uma nova atitude, uma maneira
de ser diante do saber.
Deverá haver uma desterritorialização das disciplinas, com muitas
trocas, desmoronando as fronteiras entre si.
Para Morin, citado por Weil (1993, p. 33), não existe um princípio unitário
de todos os conhecimentos, mas estes buscam a complementação, que ao
mesmo tempo separa e sócia.
Sommerman (2001, p. 2) fundamenta em cinco, às necessidades da
transdisciplinaridade:
− Para contrapor-se às sucessivas rupturas epistemológicas pelas
quais o Ocidente passou desde o século XIII;
− Para contrapor-se à redução cada vez maior do real e do sujeito;
− Para contrapor-se à fragmentação cada vez maior do saber;
− Para levar em conta os dados da ciência contemporânea (física
quântica, biologia, genética, neurologia...);
− Para reencontrar a unidade do conhecimento.
Weil (1993, p. 34) resume o pensamento de Piaget, Jantsch, Morin,
Michaud, Yearbook of World Problems na Human Potential, UNESCO,
Nicolescu, entre outros, colocando os pontos em comum de suas contribuições
originais:
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27
1. Transdisciplinaridade resulta do encontro de várias disciplinas do
conhecimento, em torno de uma axiomática comum. Axiomas são
princípios ou paradigmas subjacentes a estas disciplinas;
2. O encontro interdisciplinar, entre duas ou várias disciplinas, favorece
a transdisciplinaridade;
3. Transdisciplinaridade é considerada como resposta à solução da
crise de fragmentação da epistemologia, com objetivo reparador dos
danos e ameaças à vida deste planeta;
4. Existência de vários tipos de transdisciplinaridade, falando-se,
portanto em transdisciplinaridade.
5. Existe a possibilidade de uma transdisciplinaridade geral que
consistiria em encontrar uma axiomática comum entre ciência, arte,
filosofia e tradições sapienciais.
Pode-se dizer, segundo a Universidade Holística Internacional de
Brasília, citada por Crema (1993, p. 132) que a transdisciplinaridade está
dividida em duas:
− Transdisciplinaridade Parcial: conjugação de um número limitado de
áreas ou disciplinas;
− Transdisciplinaridade Geral: envolve uma axiomática comum entre
ciência, filosofia, arte e tradição de sabedoria.
Para uma efetiva pesquisa transdisciplinar Weil (1993, p. 69) afirma e
enumera aperfeiçoamentos metodológicos de pesquisa necessários para esta
em três planos:
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1. Elaborar princípios de trabalho para as equipes interdisciplinares
[princípio lingüístico, psicossociológicos, psicológicos (cognitivos,
afetivos e conotativos), metodológicos e transdisciplinares];
2. Formar as equipes interdisciplinares para uma atuação de alta
qualidade visando a transdisciplinaridade (estudo, formação inter-
relacional e acompanhamento);
3. Definir as axiomáticas transdisciplinares dentro do novo paradigma
holístico;
Crema (1993, p.140) afirma que transcender as disciplinas de modo
algum significa negá-las, e que o enfoque transdisciplinar não é contra a
especialização, reconhecendo sua necessidade e importância, na realidade o
que se quer é à busca do especialista ao todo que o envolve sem negá-lo
buscando a complementaridade, o trabalho em equipe e a convivência com a
diversidade.
“Complementaridade”, termo usado por Bohr, possui a virtude inclusiva
do método analítico e do sintético, da interdisciplinaridade e da
transdisciplinaridade. Permanecendo na interdisciplinaridade não se chegará
ao todo, portanto deverá ser complementada pela transdisciplinaridade.
Crema (1993, p. 153) representa a afirmação de complementaridade,
através de uma figura, “... onde o símbolo do infinito (∞) conecta dinâmica e
heuristicamente os pólos, viabilizando a vinculação e superação da polaridade”.
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Figura 2 - Complementaridade
Fonte: Crema (1993, p. 153)
“A abordagem transdisciplinar exige atuação conjugada, no indivíduo e
na equipe, do analista e do sintetista, o que abre caminho para um metamétodo
imprescindível quando se quer lograr uma visão de inteireza” Crema (1993 p.
154).
Nicolescu, citado por Crema (1993, p. 155), diz que a abordagem
transdisciplinar jamais poderá ser realizada por uma pessoa só, sendo
necessário reunir diversas competências e diferentes domínios, sem estar
preso a uma determinada ideologia, partido político ou poder econômico.
As características necessárias ao indivíduo para participar de uma
equipe transdisciplinar são citadas por Crema (1993, p. 155) como:
− Abertura e Inclusividade;
− Humildade;
− Supremacia;
− Convivência com a Diferença (suportar as frustrações e
persistência);
− Respeito.
MÉTODO ANALÍTICO MÉTODO SINTÉTICO ∞
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Para Sommerman (2001, p. 6), quando a transdisciplinaridade fala em
transcultura, transnação e transreligião, “...propõe que cada cultura, cada
nação e cada religião mergulhem cada vez mais em si mesmas, com respeito
pelas outras, mas preservando a sua identidade, pois desse modo os princípios
comuns que estão por trás da diversidade emergirão. Podendo emergir então o
verdadeiro diálogo, o verdadeiro respeito, a verdadeira paz.”
Desta forma:
“...urge o desenvolvimento de uma proposta transdisciplinar que vise, em
última instância, um conhecimento reconectado à dimensão amorosa,
possibilitando uma atitude de solidariedade frente ao bem comum”.
(Crema,1993, p. 142).
Pode-se vislumbrar que a transdisciplinaridade, como uma nova
metodologia de trabalho, em um futuro muito próximo, poderá auxiliar na
transformação da sociedade e, em especial, á educação, mesmo essa estando
em início de estudos e aplicações.
2.3. UTILIZAÇÃO DE PROJETOS
No entender de Vieira (2001) apud Dewey (1897) educação é um
processo de vida e não uma preparação para a vida, e a escola deve
representar a vida presente, tão real e vital para o aluno, como a que ele vive, o
entendimento então é de que a forma de trabalhar também deve ser repensada
e modificada. A busca desta forma de trabalhar levará o ser humano a um
grande objetivo, que é o de educar as gerações vindouras com maior
objetividade e facilidade.
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31
Os seres humanos são capazes de dar valor, refletir e interagir nas
formas de ação, frente aos desafios impostos pelo meio e por nós mesmos,
emergindo o ato de planejar, de fazer projetos.
O planejamento foi e será sempre, um ato ou necessidade em todas as
atividades humanas, tornando-se imprescindível, dado à complexidade dos
problemas culturais, sociais, políticos e econômicos das sociedades em virtude
do que as escolas e professores buscam nestes, o desenvolvimento de seus
trabalhos.
Para que aconteça o planejamento é necessário diretrizes norteadoras,
como o projeto pedagógico, segundo Moretto (1997) citado por Vieira (2001, p.
1), projeto pedagógico é um: “conjunto de princípios orientados que vai dizer
cotidianamente, como dar identidade ao seu trabalho.”
Para Vieira (2001, p. 1) um projeto pedagógico contempla várias faces, e
possui três dimensões:
− Dimensão Política: que explicita o lugar que a educação formal
imagina e pensa ocupar dentro da sociedade e que seus alunos
deverão ocupar;
− Dimensão Econômica: em virtude da globalização;
− Dimensão de Aprendizagem: em virtude da dedução das formas de
ensino.
Do planejamento surge o projeto, a esse se associam às idéias, os
professores, os alunos e a escola, modificando-se o processo de ensino
aprendizagem.
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A utilização de projetos para Perrenoud (2000, p. 36) só acontece se os
alunos aceitarem o projeto e se desejarem saber do conteúdo a ser abordado,
mencionando os três dispositivos didáticos necessários:
1. Motivação;
2. Relação com o saber;
3. Sentido da experiência e do trabalho escolar.
Quando da utilização de projetos, os alunos estarão sendo amplamente
estimulados, o que não ocorre nas atividades longas e cansativas, nas aulas
expositivas e baseadas em livros textos, auxiliando pouco no compartilhamento
de recursos e na cooperação entre esses.
Diz Perrenoud (2000, p. 128):
“Se fosse preciso iniciar seriamente os alunos na informática, o caminho
mais interessante seria inseri-la completamente nas diversas atividades
intelectuais cujo domínio é visado, particularmente cada vez que as TIC
liberam das tarefas longas e fastidiosas que desestimulam os alunos,
tornando mais visíveis os procedimentos de tratamento ou as estruturas
conceituais, ou permitindo que os alunos cooperem e compartilhem os
recursos”.
Os alunos deixam de ser meros receptores do conteúdo, participando
ativamente da experiência educativa de construção de seu conhecimento, o
que os levará a apropriação e desenvolvimento de suas potencialidades.
Abrantes (1995, p. 62), citado por Vieira (2001), aponta características
fundamentais do trabalho com projetos:
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33
− Um projeto é uma atividade intencional: o envolvimento dos alunos é
uma característica chave do trabalho de projetos, o que pressupõe
um objetivo que dá unidade e sentido às várias atividades, bem
como um produto final que pode assumir formas muito variadas, mas
procura responder ao objetivo inicial e reflete o trabalho realizado;
− No projeto a responsabilidade e autonomia dos alunos são
essenciais: os alunos são co-responsáveis pelo trabalho e pelas
escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto. Em geral
desenvolvido em equipes, motivo pelo qual a cooperação está
também quase sempre associada ao trabalho de projetos;
− Autenticidade: característica fundamental do projeto, buscando um
problema relevante aos alunos, não sendo apenas reprodução de
conteúdos, nem dissociado da realidade;
− O projeto envolve complexidade e resolução de problemas: o
objetivo central do projeto constitui um problema ou uma fonte
geradora de problemas, que exige uma atividade para sua
realização;
− Tem caráter faseado: percorre várias fases - escolha do objetivo
central, formulação dos problemas, planejamento, execução,
avaliação e divulgação dos trabalhos.
“Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes
diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados
objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente
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34
pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação
desencadeada” Vieira (2001, p. 2).
Para o desenvolvimento do trabalho com projetos Vieira (2001, p. 3) diz
que são necessários três momentos, sem a necessidade de serem etapas
estanques, a saber:
− Problematização: ponto de partida, onde os alunos expressarão
suas idéias, crenças e conhecimentos sobre o tema em questão. Ao
professor cabe detectar o que o aluno já sabe, e o que ainda não
sabe;
− Desenvolvimento: criam-se as estratégias para buscar soluções às
questões e hipóteses levantadas;
− Síntese: às convicções iniciais são superadas e outras são
substituídas, a aprendizagem passa a fazer parte dos esquemas de
conhecimentos dos alunos e vão servir de base de conhecimento
para os novos em outras situações de aprendizagem.
Os projetos são processos contínuos que não podem ser reduzidos a
uma lista de objetivos e etapas estanques. É uma postura que reflete uma
concepção de conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida
e a produção cultural sistematizada se entrelaçam dando significado às
aprendizagens construídas e reconstruídas a cada momento.
Dá-se um sentido novo ao ato de aprender, onde cada necessidade de
aprendizagem busque a solução de problemas que se nos apresentam no dia a
dia, gerando situações de aprendizagens diversificadas e voltadas para a
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35
realidade vivida, possibilitando aos educadores o fazer pedagógico direcionado
a construção da autonomia do indivíduo e do coletivo do grupo.
Ao observar a escola “atual” vê-se a necessidade urgente de buscar
autonomia e metodologias que de fato contribuam para o desenvolvimento de
políticas educacionais relevantes, que viabilizem as mudanças urgentes e
necessárias na comunidade, na escola e conseqüentemente nos professores e
alunos.
A busca constante de novas metodologias nos leva a
transdisciplinaridade, forma possível de reunir este emaranhado de disciplinas,
conteúdos e métodos, com objetivos claros de unir o homem e a sua natureza,
a escola e seu conteúdo, através de projetos voltados para os interesses dos
alunos envolvidos, utilizando estas novas tecnologias que hoje chamam
atenção de todos, assunto abordado no capítulo seguinte.
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36
CAPÍTULO III
3. NOVAS TECNOLOGIAS
As novas tecnologias, e em especial, a informática na educação, trazem
mudanças significativas na forma de refletir, ordenar, organizar e de trabalhar
do homem e da mulher, este capítulo busca justificar, observar os modos de
utilização, a relação do professor e a utilização da informática, fundamento
importante para esse trabalho.
3.1. INTRODUÇÃO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO -
JUSTIFICATIVAS
As novas tecnologias da informação e comunicação transformaram a
maneira de comunicar, trabalhar, decidir e pensar.
Difícil é distinguir as propostas claras, lúcidas e objetivas de utilização
das novas tecnologias, das apenas comerciais. Perrenoud (2000, p. 126) cita
os possíveis atropelos que se pode ter contato:
− Vendedores de máquinas, de “softwares” ou de comunicação em
busca de mercados, mas principalmente de influências;
− Políticos preocupados em não perder a virada informática e
telemática, prontos para medidas espetaculares, por menos
fundamento que tenham;
− Especialistas dos usos escolares das novas tecnologias, autores de
“softwares” educativos, formadores em informática e outros “gurus
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37
da internet”, que procuram obter a adesão de todos à informática,
nos moldes da fé e da conversão.
Estas situações levam a um caminho que não interessa aos verdadeiros
propósitos da educação, nem justificam um investimento de tal monta, muito
menos irão atingir os propósitos de construção da aprendizagem.
Moraes (1998, p. 9) expõe as razões que para ela justificam a
dinamização do processo de informatização, através dos aspectos que
seguem:
1. Democratizar o acesso à informação, como condição “sinequanon” a
necessidade de sobrevivência, a sociedade está ligada aos
indivíduos e a sua relação com as tecnologias da informação para
resolução de problemas, como ferramenta na produção do
conhecimento, investigação, construção, análise e divulgação do
conhecimento, construindo um indivíduo mais capaz e criativo.
2. Reposicionamento da educação diante dos novos padrões
decorrentes dos avanços tecnológicos e científicos, de produtividade
e competitividade, construindo uma formação básica sólida,
preparando o indivíduo para um novo conhecimento requerido pelo
cenário cibernético, informático e informacional.
3. Possibilidades de educação à distância e de educação continuada,
influenciando profundamente nas escolas, no processo de utilização
do tempo, produzindo uma aprendizagem colaborativa para um
trabalho em equipe.
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38
4. Utilizar as novas tecnologias para canalizar os processos de
desenvolvimento humano, a educação deverá colaborar para
acelerar e promover a evolução humana, pois o poder está na
informação e na capacidade de produzir conhecimento, buscando
uma relação inter, intra e transpessoal, desenvolvendo a
compreensão, a integração da humanidade e da responsabilidade
social e planetária.
5. Utilizar a potencialidade das novas tecnologias para construção de
uma nova ética, criando um desenvolvimento sustentável,
dependente direto da evolução do ser humano, do nível educacional,
das expressões culturais, da capacidade de acessar informações e
de produzir conhecimentos.
6. Formar o indivíduo para uma nova cidadania, dando a condição de
participar efetivamente da vida social e política, assumindo tarefas e
responsabilidades. Deverá esse estar capacitado para assumir o
comando de sua própria vida, consumidor consciente capaz da paz
de apropriar-se das informações que afetam sua vida de cidadão.
7. Preparar o indivíduo para viver e conviver na Era das Relações,
onde as relações e conexões expliquem a totalidade indivisível do
ser, em que a capacidade de viver em uma sociedade pluralista em
constante transformação com diferentes interfaces possibilitem
uma nova relação com a cognição humana.
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39
Esta dinamização terá com certeza um avanço significativo dentro das
estruturas escolares se identificado às possibilidades de utilização desta nova
forma de aprender a aprender.
Greenfield (1987), citado por Niquini (1996), identifica as características
positivas do uso do computador e as suas potencialidades no campo educativo,
oferecendo uma tarefa ativa muito importante para a aprendizagem:
− A dinamicidade que permite a representação do movimento e da
troca dos fenômenos;
− A programabilidade que permite ao aluno ordenar, inventar, dirigir
o comportamento do computador, adequando-o às suas próprias
necessidades e finalidades;
− A interatividade que coloca o aluno em condições de experimentar
as próprias hipóteses de soluções para o exercício ou problema
proposto pelo computador e de verificar os resultados das
escolhas realizadas e se necessário, submeter novas hipóteses
de soluções.
A dinamicidade, a programabilidade e a interatividade são fatores que
têm forte influência nas possibilidades de uso dos computadores, em que são
necessárias a preparação e presença efetiva do professor.
Os professores por mais tradicionais que possam ser, hoje e em um
futuro próximo terão em suas mãos textos gravados digitalmente (“CD” ou na
rede) em substituição às formas tradicionais (livros didáticos, textos), tendo
recursos como os de impressão, ampliação na tela, busca rápida de outros
temas correlacionados (hipertextualidade).
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40
“Pode-se associar os instrumentos tecnológicos aos métodos ativos,
uma vez que eles favorecem a exploração, a simulação, a pesquisa, o debate,
a construção de estratégias e de micromundos”. (Perrenoud, 2000, p. 136).
É necessário e urgente repensar a educação como um todo, o que de
forma tímida já acontece, e em meio a esta discussão, buscando para cada
momento novas formas de utilizar o computador na educação, tema abordado
a seguir.
3.2. MODOS DE UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR NA
EDUCAÇÃO
Hoje há uma necessidade premente, a mudança do paradigma de
utilização do computador em que se estabeleça a possibilidade de aprender a
aprender. Citamos abaixo as inferências de Blackwell (1993:691), dados de
Delmar C. de Souza em que o computador pode ser usado na escola nas
seguintes funções:
1. Instrução Assistida por Computador (CAI):
Nestes programas o computador é um tutor (dirige a instrução), o
professor apenas supervisiona, necessitando de pouca preparação. O aluno
atua de forma passiva.
Como exemplos de programas CAI, pode-se citar:
− Programas de informação: transmitem apenas informações sobre o
tema. Ex: Enciclopédias.
− Programas tutoriais: apresenta procedimentos para a realização de
algumas tarefas. Ex: Introdução ao micro (senai).
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41
− Programas de exercícios-prática: utiliza exercício de instrução
programada ou exercício para o desenvolvimento de habilidades
específicas, através da repetição, associação simples, múltipla
escolha, etc. Ex: “eclipse”, “hangman” e muitos dos “softwares
educativos” do mercado.
2. Desempenho assistido pelo Computador (CAP):
Os alunos já possuem um certo nível de interatividade e participação,
aumentando a necessidade de preparação do professor. O computador
funciona como uma ferramenta.
Como exemplos pode-se citar:
− Jogos educacionais: jogos que envolvem conteúdos pedagógicos.
Ex: “carmen san diego en the world”; jasão e o velocínio de ouro.
− Simulação: são programas que apresentam situações semelhantes à
vida real, com a participação e decisão do aluno. Ex.: Série sim
(“simcity”, “simlife”, “simant”, “simspace”), “dig it”.
− Solução de problemas: são programas que propõe problemas para
serem solucionados pelos alunos. Não há uma resposta correta. O
aluno descobre um processo para encontrar a solução. Ex:
“decisions”.
− Utilitários simples: são programas que executam tarefas simples e
limitam-se a fazer o que foi destinado a fazer. Ex: Programa de folha
de pagamento, controle de estoque.
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42
− Programas de autoria I: são programas que codificam o que o
usuário quer realizar. O usuário não precisa conhecer a linguagem
de programação. Ex: “Hyperstudio”, “Superlink”, “Everest”.
− Programas de autoria II: são programas que codificam o que o
usuário quer realizar. O usuário precisa conhecer a linguagem de
programação usada pelo software. Ex.” Linkway”, ”Toolbook”.
− Linguagem de programação: o usuário precisa conhecer os
comandos e a sintaxe da linguagem. Ex: “C”, “C++”, “Visual Basic”.
− Aplicativos: são a programas que realizam uma tarefa determinada,
mas que não é limitada a uma operação. Ex: Processador de texto,
planilha eletrônica.
− Utilitário complexo: são programas que executam tarefas complexas
para o usuário. Ex: Editoração eletrônica, “CAD/CAM”, “MIDI”,
“ACCESS”.
3. Comunicação Assistida pelo Computador (CAC):
Aluno é ativo, necessitando de muita preparação do professor, e o
computador é um meio de comunicação.
As ferramentas citadas acima podem servir para que o aluno se
comunique com o seu próprio ambiente ou através da rede de computadores
local ou remota. Toda vez que um processador de texto ou um programa de
apresentação é utilizado para que o aluno se expresse, comunicando-se com o
mundo que o rodeia, passamos a ter o CAC.
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43
Programas de Comunicação: são programas que permitem que um
computador se comunique com outros computadores, através de protocolos
próprios. Ex: “Bitcom”, “Quicklink”.
Programas de Correio Eletrônico: são programas que permitem troca de
mensagens eletrônicas entre usuários conectados a uma rede de
computadores. Ex: “MSMail”, “Eudora”, “Pegasus”.
Navegadores WWW: São programas que permitem a navegação
hipertextual através dos sítios da WWW. Ex: “Cello”, “Mosaic”, “Netscape
Navigator”, “Netscape Communicator”, “Microsoft Internet Explorer”.
Perrenoud (2000, p. 126) cita quatro, dentre outras formas de utilizar as
tecnologias:
− Utilizando editores de texto;
− Explorando as potencialidades didáticas dos programas em relação
aos objetivos de ensino;
− Comunicar-se à distância por meio da telemática;
− Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.
O quadro abaixo descreve as possíveis funções do computador no
ensino levantadas por Sancho Gil (1999, p. 14), corroborando e informando de
forma diferenciada o exposto acima.
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Quadro 3 - Possíveis funções do computador no ensino
Atividade do aluno
Tipo de programa Função Perspectiva de aprendizagem
Revisa Recorda Pratica
− Exercício − Reforço − Controle − Teste
− Condutismo: estímulo-resposta, repetição, realimentação.
− Sistemas tutoriais − Professor − Tutor − Guia
− Significativo verbal: indivíduo/dedutivo
Aplica Intui Compreende
− Simulação − Demonstrações − Jogos heurísticos e de estratégia − Programação pedagógica
− Verificação de hipóteses − Tomada de decisões − Conceituação e resolução de problemas
− Aprendizagem por descobrimento − Resolução de problemas
− Editores de texto − Gestores de bancos de dados − Planilhas de cálculos − Programas de desenho − Programas estatísticos − Programas de apresentação
− Ajudam a organizar, representar, armazenar, recuperar e apresentar informação.
− Processamento significativo da informação − Tomada de decisões
Atua Realiza tarefas Comunica-se Coopera
− Redes de comunicação
− Facilita a transmissão, o acesso à informação e à comunicação.
− Aprendizagem em colaboração
Fonte: Sancho Gil (1999, p. 14)
O progresso evolutivo dos “softwares” permite hoje a associação de
textos, tabelas, desenhos, fotos, sons e animações entre outros e desta forma
para que haja facilidade ao acesso a esta tecnologia a indústria precisa
continuar seu desenvolvimento e atingir as pessoas nitidamente menos
instruídas, isto requer da escola, o desenvolvimento urgente das competências
e da formação de seus professores.
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45
3.3. O PROFESSOR E A UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA
Moraes (1996), citado por Bolzan (1998, p. 16) referindo-se a formação
do docente, analisa afirmando que,
"Pensar na formação do professor para exercitar uma pedagogia
adequada dos meios, uma pedagogia para a modernidade, é pensar no
amanhã, numa perspectiva moderna e própria de desenvolvimento,
numa educação capaz de manejar e produzir conhecimento, fator
principal das mudanças que se impõem nesta antevéspera do século
XXI. E desta forma, seremos contemporâneos do futuro, construtores da
ciência e participantes da reconstrução do mundo".
Ao professor cabe também a avaliação do software que irá utilizar, pois
requer a análise do contexto do ensino e que aprendizagem será utilizada, pois
em alguns aspectos pode ser bom para uns e ruim para outros, sempre
levando em consideração alguns aspectos:
− Os objetivos a que o “software” se propõe (suporte ao tema,
exercício de fixação, verificação de aprendizagem, simulação...);
− Os conteúdos corretos e completos, no nível de ensino dos alunos,
sua organização lógica, adaptável às idades, com graus de
dificuldades diferenciadas;
− A didática de fácil utilização, sem necessidade de estudo
aprofundada para conhecê-lo, autocontrole, aquisição de
informações, possibilidade de ilustração, tipo de discussão-
interação;
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46
− Capacidade interativa, oferecer sempre “menus” com informações
das possibilidades, de uso simples, permitindo o erro e retorno, a
não seqüência, memorização do ponto parado, retomada em outros
pontos do programa, diagnóstico do erro e análise das respostas;
− Apresentação dos conteúdos, o programa didático deve ser
dinâmico capaz de manipular grande quantidade de dados e com
adequada velocidade de execução.
Outra forma de escolha pode ser pelo conteúdo, cada enfoque com seu
critério apropriado:
− “Drill & Pratice” (exercitação e prática);
− Tutorial;
− Simulação;
− Jogo;
− Informativos.
Faz-se necessário ter sempre em mente que quanto mais atraentes
forem, maior a possibilidade de aprendizagem, quanto mais inteligente maior
será a interação entre professor-máquina e ou aluno-máquina.
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47
CAPÍTULO IV
4. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO
TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O LABORATÓRIO DE
INFORMÁTICA
Para perfeita realização de um projeto, há que se levantar todos os
dados pertinentes. Neste capítulo delineia-se através de um fluxograma a
forma estrutural do projeto, caracterizando a unidade de ensino (U. E.), a
metodologia os procedimentos para viabilizar o projeto, período de realização,
planejamento das atividades a serem realizadas e as avaliações necessárias
para posterior implantação e retomada do projeto para possíveis melhorias.
4.1. FLUXOGRAMA
O fluxograma de procedimentos, abaixo apresentado define os passos
pelos quais este projeto transdisciplinar se sustenta, visando traçar momentos
de atuação, sem os quais dificuldades serão encontradas, em virtude da falta
de organização.
Esse fluxograma passa por seis pontos específicos, sendo eles,
caracterização da unidade escolar, definições, metodologia, procedimentos,
período de execução até chegar ao planejamento de atividades, outra etapa
especificada é a avaliação, passo que deve permear cada momento dos
citados anteriormente, mediante esse feedback teremos a necessidade ou não
de retrocessos em virtude desta análise ou prosseguimento se o objetivo
estiver sendo alcançado.
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Figura 3 – Fluxograma de procedimentos
4.2. CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR
Esta caracterização se faz necessária para melhor delineamento do
projeto e conseqüente aplicação.
A busca por informações pertinentes diz respeito à definição de que
Unidade de Ensino (U. E.) tem-se para efetivação do projeto, bem como as
informações referentes aos aspectos:
- Sociais;
- Técnicos;
- Econômicos;
- Físicos;
Caracterização da U. E. Caracterização da U. E.
Definições Definições
Metodologia Metodologia
Procedimentos Procedimentos
Períodos de execuçãoPeríodos de execução
Atividades
Avaliação
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- Organizacionais, que orientam a direção a ser tomada e analisam a
escola mediante tal aspecto.
Figura 4 – Fluxograma da caracterização da Unidade Escolar
4.3. DEFINIÇÕES
As definições a serem abordadas dizem respeito às necessidades do
projeto, sendo essas levantadas de acordo com cada realidade. Desta forma é
necessário que se observe:
- Definições iniciais (justificativa e objetivos);
- Os recursos materiais;
- Recursos financeiros;
- Laboratório de informática;
- Forma de utilização do laboratório;
Aspectos sociais
Aspectos técnicos
Aspectos econômicos
Aspectos físicos
Aspectos organizacionais Cara
cter
izaç
ão d
a U.
E.
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- Configuração técnica;
- Layout;
- Envolvidos no projeto;
- Professores participantes;
- Turmas participantes;
- Alunos participantes.
Figura 5 – Fluxograma das definições
4.4. METODOLOGIA
A metodologia para desenvolvimento do projeto deve ser definida, tendo
sempre a vista os objetivos e finalidades a serem alcançadas, essa
metodologia a ser empregada busca levantar a:
− Revisão bibliográfica;
Justificativa e objetivos
Recursos materiais
Recursos financeiros
Laboratório de Informática
Envolvidos no projeto
Defin
ições
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− Fundamentação teórica;
− Escolha da metodologia pedagógica;
− Revisão de bibliografia;
− Pesquisas;
− Desenvolvimento das atividades;
− Apresentação das criações e conclusões.
Figura 6 – Fluxograma da metodologia
4.5. PROCEDIMENTOS PARA VIABILIZAÇÃO DO PROJETO
Os procedimentos utilizados para possibilitar o projeto devem antever os
passos pelos quais são necessárias definições de atuação.
Os passos que devem nortear o trabalho são:
Revisão bibliográfica
Fundamentação teórica
Escolha da metodologia
Desenvolvimento das ativ.
Met
odol
ogia
Apresentação
Pesquisas
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52
− Elaboração do projeto;
− Apresentação do projeto;
− Solicitações;
− Definição das atividades;
− Escolhas;
− Execução;
− Apresentação dos trabalhos efetivados.
Figura 7 – Fluxograma dos procedimentos
Elaboração do projeto
Apresentação do projeto
Solicitações
Escolhas
Pro
cedi
men
tos
Execução
Definição das atividades
Apresentação
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53
4.6. PERÍODO DE EXECUÇÃO
O período de execução do projeto deve ser levantado mediante
possibilidades dos segmentos envolvidos quer sejam professores, alunos,
escola, entidades envolvidas e ou outros fatores relacionados.
Figura 8 – Fluxograma do período de execução
4.7. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES
Os diversos segmentos envolvidos, professores e alunos, e as
atividades de pesquisa devem ser delineadas com vistas ao fazer do projeto.
Tempo
Período
Número de aulas
Perío
do d
e ex
ecuç
ão
Locais
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Figura 9 – Fluxograma das atividades
4.7.1. dos PROFESSORES
As atividades a serem desenvolvidas pelos professores, dizem respeito
àquelas em que este auxilia o aluno na construção de seu projeto, definindo,
escolhendo, auxiliando, colaborando e acompanhando o desenvolvimento de
cada etapa do projeto.
4.7.2. dos ALUNOS
As atividades a serem desenvolvidas pelos alunos dizem respeito ao que
farão para desenvolver o projeto e devem estar estruturadas para possibilitar a
transdisciplinaridade e a motivação destes.
dos Professores
dos Alunos
de Pesquisa
Ativ
idad
es
Estrut uração/ P lanej am ento
R ealização/ execução
Aval iação
Apresent ação
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4.7.3. de PESQUISA
Os requisitos de pesquisa visam nortear o projeto e seus envolvidos haja
vista todo acompanhamento necessário para o desenvolvimento das
atividades. Os requisitos são:
− ESTRUTURAÇÃO /PLANEJAMENTO
Todo planejamento exige uma estrutura, desta forma planejar significa
estruturar e produzir, mais tempo gasto, mas com recompensas posteriores.
O planejamento não pode ser rígido a ponto de não permitir mudanças,
este deverá orientar as etapas durante todo período de elaboração ou
realização do projeto.
- Que?
- Por quê?
- Como?
- Quem?
- Quando?
- Para quem?
- Aonde? (locais a serem visitados/pesquisados)
− REALIZAÇÃO/EXECUÇÃO
Colocar em prática o que foi planejado é o objetivo final desta etapa.
Deverá haver a participação efetiva de todos e em especial do professor no
auxilio, apoio, na disponibilidade de tudo que for necessário para a realização
do projeto.
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Aspectos importantes a serem observados nesta etapa são a motivação,
participação, busca e seleção dos recursos de qualidade para a viabilidade
desse.
− AVALIAÇÃO
A fase da avaliação deve ser entendida como um momento de
depuração da estrutura, planejamento e da realização/execução, levando em
conta o que ocorreu e verificando as melhorias a serem executadas e os
ajustes necessários a serem feitos. Será objeto de avaliação sempre:
- As atividades;
- Os alunos e Professores;
- Projeto;
- Os resultados.
− APRESENTAÇÃO
Momento de oportunizar expondo a outros grupos as produções,
conclusões e novas descobertas. Para a apresentação se faz necessário, boa
preparação e conhecimento.
Deverá haver uma análise comparativa com projetos anteriores
verificando a evolução que cada um teve, o que facilitará novos desafios.
4.8. AVALIAÇÕES
A avaliação, necessária em todos seus aspectos não pode ser rígida a
ponto de ser realizada em um momento apenas, mas deve buscar avaliar o
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57
Projeto Transdisciplinar em cada instante, pois ela é parte integrante e
necessária para modificações, retornos e ou implementações das ações.
Figura 10 – Fluxograma das avaliações
Verificada a necessidade de retornos e ou recondução dos trabalhos,
observa-se em que ponto ou momento isso se faz necessário, devendo haver
reorientação dos caminhos a serem traçados e modificados das ações a serem
implementadas, o que tornará o feedback muito mais eficaz.
Resultados positivos obtidos
Resultados a serem alcançados
Possibilidades a serem conquistadas A
valia
ções
Problemas encontrados
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58
CAPÍTULO V
5. ESTUDO DE CASO UTILIZANDO PROCEDIMENTOS PARA
ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR
UTILIZANDO O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
Este capítulo aborda a implantação do Projeto de Utilização
Transdisciplinar do Laboratório de Informática, enfocando o projeto
transdisciplinar através do desenvolvimento das etapas do fluxograma
apresentado no capítulo anterior, relacionando os resultados, as possibilidades
alcançadas em vinte oito (28) encontros com os alunos, nos oito (8) meses de
atividades do projeto e enfocando alguns problemas encontrados durante a
realização deste.
Fluxograma de procedimentos
5.1. CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR
A Escola de Educação Básica Paulo Zimmermann está situada no centro
comercial da cidade de Rio do Sul, tendo como mantenedora o Governo
Caracterização da U. E. Caracterização da U. E.
Definições Definições
Metodologia Metodologia
Procedimentos Procedimentos
Períodos de execuçãoPeríodos de execução
Atividades
Avaliação
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59
Estadual, através da Secretaria de Estado da Educação e Deporto (SED) e
está vinculada à sexta (6ª) Coordenadoria Regional de Educação.
Entrou em funcionamento em 1915 como instituição de ensino privado,
tornando-se dois anos depois pública. Recebeu este nome, em homenagem a
“Paulo Zimmermann” prefeito eleito três vezes em Blumenau.
Em novembro do ano de 1998 recebeu da Secretaria da Educação e
Desporto (SED), através do Ministério da Educação e Cultura (MEC), cujo
projeto deste se chama Programa Nacional de Informática na Educação
(ProInfo), um Laboratório de Informática, objeto deste estudo.
A caracterização em seus aspectos sociais, técnicos, econômicos,
físicos e organizacionais se faz necessária para melhor delineamento do
projeto e conseqüente aplicação do projeto transdisciplinar utilizando o
laboratório de informática.
5.1.1. ASPECTO SOCIAL
A referida unidade atende um total de 1.166 alunos, dos quais 212 são
de 1ª a 4ª séries, 436 de 5ª a 8ª, 60 da Classe de Aceleração, 50 do Ensino
Especial e 408 do Ensino Médio, sendo que o número de alunos por série varia
de 30 a 40 alunos. Estes alunos estão divididos em 37 séries:
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Tabela 01 – Divisão por séries e nº de alunos da E.E.B. Paulo Zimmermann
Séries Nº de séries Média de idade Total de alunos
1ª séries 02 7 Anos 43
2ª séries 02 9 Anos 34
3ª séries 02 10 Anos 65
4ª séries 02 11 Anos 70
5ª séries 03 12 Anos 80
6ª séries 02 13 Anos 65
7ª séries 03 15 Anos 90
8ª séries 07 17 Anos 201
1ª séries do E. Médio 05 17 Anos 162
2ª séries do E. Médio 04 18 Anos 117
3ª séries do E. Médio 04 20 Anos 129
Aceleração (5ª À 8ª) 02 20 Anos 60
Ensino Especial 04 12 Anos 50
Fonte: dados obtidos no projeto série (2000)
O número de turmas por turno:
− 14 turmas no matutino;
− 13 turmas no vespertino;
− 10 turmas no noturno.
Os alunos são provenientes não apenas da zona1 em que está inserida a
escola, pois estando no centro da cidade, atrai e recebe alunos dos mais
diversos pontos da cidade, bem como dos municípios circunvizinhos.
1 Cada unidade escolar possui um referencial de zoneamento, para efeito de matrícula de alunos.
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61
As classes sociais a que pertencem estes alunos são as mais diversas,
observando-se condições financeiras maiores nos alunos dos períodos
matutino e vespertino do que nos do noturno, já que estes em sua grande
maioria trabalham para seu sustendo ou ainda o de suas famílias.
5.1.2. ASPECTO TÉCNICO
O quadro geral de funcionários está composto da seguinte forma:
− 01 Diretora;
− 01 Diretora adjunta;
− 01 Secretária;
− 01 Administradora;
− 02 Orientadoras
− 28 Professores Efetivos;
− 17 Professores Contratados Temporariamente (ACT);
− 06 Serventes;
− 02 Merendeiras;
− 01 Vigia;
− 7 Bolsistas.
A habilitação dos 45 professores é a que segue:
− 20 Professores com Especialização;
− 18 Professores com Licenciatura Plena;
− 02 Professores com Licenciatura Curta;
− 03 Professores com outras Faculdades.
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5.1.3. ASPECTO ECONÔMICO
A escola em seu aspecto econômico tem enormes dificuldades, pois a
prioridade tão divulgada não é uma realidade efetiva.
No tocante aos recursos financeiros a escola é mantida com recursos
oriundos da:
− Secretaria de Estado da Educação e do Desporto (SED), para
pagamentos de funcionários, manutenção do prédio e de
equipamentos e para materiais de consumo e pedagógico.
− Ministério da Educação e Cultura (MEC), para aquisição,
manutenção e reforma de equipamentos, reformas e manutenção do
prédio, aquisição de materiais pedagógicos e de consumo.
− Associação de Pais e Professores (APP), Para suprimento e
manutenção em todos os setores da escola, mediante organização e
realização de festas, bingos, rifas entre outras atividades.
− Doações da Comunidade, utilizados também para manutenção dos
setores deficitários da escola.
5.1.4. ASPECTO FÍSICO
Quanto ao aspecto físico, a escola possui uma área total de 8.000 m2
sendo que deste total 4.700 m2 são de área construída, composta por cinco (5)
edificações.
As dependências da escola estão distribuídas como elencados, e as
áreas de maior interesse do projeto estão com suas metragens respectivas:
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Tabela 02 – Espaço físico – Levantamento da E.E.B. Paulo Zimmermann
Dependência Número de dependências M 2
Sala de Aula 19 912
Sala do Professor 01 80
Sala do Laboratório de Informática 01 48
Biblioteca 01 72
Auditório 01 45.96
Sala do Diretor 01 30
Secretaria 01 70
Sala dos Especialistas 02 60
Depósitos 01 13
Cozinha 01 6
Cantina 01 15
Banheiros 04 40
Ginásio de Esportes 01 1.175
Sala Laboratório Ciências 01 48
Sala de Jogos 01 66
Fonte: dados obtidos nos projetos arquitetônicos (2000)
Os equipamentos que a escola possui são:
− Microcomputadores;
− Aparelhos de TV;
− Aparelhos de Som;
− Aparelhos de Vídeo;
− Aparelhos de Telefone;
− Duas Linhas Telefônicas;
− Copiadora Xerográfica;
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− Aparelho de Fax;
− Retroprojetor;
− Episcópio;
− Máquinas de datilografia.
5.1.5. ASPECTO ORGANIZACIONAL
A escola a nível organizacional é composta por cargos hierárquicos,
constituídos da seguinte forma:
1. Direção;
2. Direção Adjunta;
3. Conselho Deliberativo;
4. Supervisão;
5. Orientação;
6. Secretaria;
7. Professores;
8. Alunos;
9. Associação de Pais e Professores (APP).
A forma de administrar é centrada na direção, havendo dificuldades no
diálogo com outros segmentos da escola, pouco sendo efetuado com direção a
prática ou melhoria pedagógica, apesar de durante o ano de 2000, a escola ter
que montar seu Projeto Político Pedagógico, abrangendo inclusive este
aspecto organizacional.
As trocas de direção foram constantes [três (3) diretoras], durante o
período de realização do projeto.
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A responsabilidade do cumprimento do currículo e conteúdo está a cargo
do professor, bem como a elaboração de seu Plano de Curso, havendo pouco
acompanhamento e auxílio nas questões pedagógicas e problemas
enfrentados por professores e alunos.
5.2. DEFINIÇÕES
As definições a serem abordadas dizem respeito às necessidades do
projeto, sendo essas levantadas de acordo com cada realidade. Desta forma é
necessário que se observe: justificativa e objetivos, os recursos materiais,
laboratório, configuração técnica, layout, recursos financeiros e envolvidos no
projeto.
5.2.1. DEFINIÇÕES INICIAIS (Justificativa e objetivos)
Na busca constante por novas formas de trabalho, encontra-se na
transdisciplinaridade a possibilidade de tornar viável o ensino aprendizagem
através de projetos, juntando as disciplinas curriculares às tecnologias da
informação e mais precisamente à informática educativa.
Busca-se para sustentar o projeto, a metodologia transdisciplinar, pois
esta, engloba e transcende as necessidades pertinentes às disciplinas, além de
usar os pontos comuns entre essas, para atingir os objetivos com maior
clareza, rapidez e eficiência.
Na necessidade de integração da escola e da sociedade encontra-se nas
formas de pesquisa a oportunidade de aproximarmos os interesses dos alunos
com o currículo, pois as formas de trabalho hoje comportam inúmeros projetos,
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66
o que nos leva a uma construção do conhecimento mais próxima da realidade
vivida pelos alunos.
E em virtude das U. E. da rede Estadual de Educação ter recebido os
Laboratórios de Informática, desejosos de implantar formas de utilização destes
na construção do conhecimento, tem-se a possibilidade desta busca, pois estes
equipamentos são verdadeiros colaboradores.
O objetivo geral é:
− Propor forma de trabalho diferenciada para a utilização dos
laboratórios de informática, através da metodologia transdisciplinar,
buscando a construção do conhecimento através de projetos.
Os objetivos específicos são:
− Utilizar a metodologia transdisciplinar, para ampliar a incorporação
das novas tecnologias da informação;
− Oportunizar a melhoria da qualidade do processo de ensino
aprendizagem através de projetos;
− Propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e
tecnológico;
− Educar para uma cidadania global numa sociedade
tecnologicamente desenvolvida;
− Oportunizar atividades curriculares e extracurriculares aos alunos;
− Possibilitar a prática da informática centrada nos alunos;
− Auxiliar na melhoria do rendimento escolar, buscando a construção
do conhecimento;
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67
− Auxiliar os professores na utilização das tecnologias da
comunicação especialmente à informática;
− Integrar SED, 6ª coordenadoria, E. E. B. Paulo Zimmermann,
professor, orientador do projeto, alunos e outras entidades.
5.2.2. RECURSOS MATERIAIS
Os recursos materiais necessários serão levantados através da escola,
bem como cada grupo deverá buscá-los em outras fontes, se necessário, para
a perfeita realização do projeto:
− Sala de vídeo;
− Salas de aula;
− Laboratório de informática;
− Biblioteca;
− Filmadora;
− “Cd-rom”
− Máquina fotográfica;
− Gravador.
5.2.3. RECURSOS FINANCEIROS
Os recursos financeiros são alocados mediante solicitação a empresas,
através de doações particulares, dos alunos, dos professores participantes do
projeto e da escola.
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5.2.4. LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
O laboratório de informática chegou a U. E. em outubro de 1998, sendo
que em março de 2000 havia ainda dificuldades de utilização, em virtude de
estar pendentes ainda a instalação do servidor e da rede bem como as
configurações pertinentes.
Num jogo de responsabilidades e de competências ao final do mês de
março o laboratório estava apto ao uso.
5.2.4.1. FORMA DE UTILIZAÇÃO DO LABORATÓRIO
A forma de utilização do laboratório foi determinado no início do projeto,
sendo utilizado com um meio entre tantos outros que pudessem ser alocados,
onde o objetivo era a construção do conhecimento através da
transdisciplinaridade.
Trabalhou-se no planejamento e programação das atividades com a
configuração técnica, “layout” e “softwares” disponíveis, não sendo objetivo de
estudos anteriores às ferramentas ou “softwares”, mas sim, a utilização e
aprendizagem conjunta destes com o conteúdo trabalhado, através do tema
escolhido.
Utilizou-se neste projeto até o momento da interrupção: “Paint”, “Word”,
“Excel”, “PowerPoint”, “FrontPage” e “Internet”.
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5.2.4.2. CONFIGURAÇÃO TÉCNICA
As configurações técnicas disponíveis no laboratório de informática são
suficientes para o momento presente, o que não dispensa a necessidade de
“upgrade” e aquisição de equipamentos, em virtude das inovações.
Não sendo efetuado um estudo aprofundado deste, abaixo estão citados
os equipamentos, suas configurações e softwares’s disponíveis:
− 1 computador-servidor com “Windows NT”;
− 10 computadores com “Windows 98”;
− 1 “scanner” de mesa;
− 1 “scanner” de mão;
− 1 impressora a jato de tinta;
− 1 impressora a lazer;
− Software’s disponíveis: “Windows 98”, “Adobe Photoshop”.
5.2.4.3. LAYOUT
Não sendo objeto de estudo aprofundado apenas fazendo referência, o
layout, é inadequado em função do posicionamento dos computadores, pois:
− O professor não possui visibilidade de todos os computadores;
− A circulação entre estes é difícil;
− Alguns alunos não visualizam o professor;
− É difícil a interação entre estes.
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70
5.2.5. ENVOLVIDOS NO PROJETO
Os envolvidos no projeto transdisciplinar utilizando o laboratório de
informática são os professores, as turmas e os alunos comentados abaixo.
5.2.5.1. PROFESSORES PARTICIPANTES
Recebida autorização para utilização do Laboratório de Informática da
Escola de Educação Básica Paulo Zimmermann (E. E. B. P. Z.), foi
apresentado o Projeto de Utilização Transdisciplinar do Laboratório de
Informática aos professores, especialistas, direção e bolsista do laboratório de
informática durante treinamento programado e efetuado pelo NTE.
O objetivo inicial fora o de atingir seis (6) a oito (8) participantes, mais o
coordenador e responsável pela informática no projeto. Apenas quatro (4)
professores se dispuseram a trabalhar junto ao projeto, e com esses, o
coordenador dos trabalhos, que é o responsável pela utilização do laboratório
de Informática.
Os professores participantes do projeto foram:
− 01 Professor de Biologia;
− 01 Professor de Educação Sexual;
− 02 Professores da Língua Inglesa;
− 01 Coordenador, Articulador e Mentor do Projeto, responsável pela
parte da informática e da utilização do laboratório de informática;
− Direção;
− Orientadores pedagógicos;
− Entidades públicas e privadas.
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71
Estes professores planejaram suas atividades conjuntamente, facilitando
os desdobramentos e não permitindo a sobreposição de conteúdos ou
atividades, buscando a integração entre as disciplinas que lecionam.
Os planejamentos iniciais, quatro no total, foram realizados com
sucesso, até que em dado momento (início de novembro de 2000) a estrutura
escolar, calendário e as exigências da escola, interromperam as reuniões
programadas, o que afetou as possibilidades de ampliação do projeto. Apesar
desta impossibilidade, o projeto teve continuidade, finalizando suas atividades
em dezembro de 2000.
A participação dos quatro (4) professores foi efetiva, com grande
entusiasmo, pois viam na transdisciplinaridade a possibilidade de mudança da
prática pedagógica, com aplicabilidade enorme dentro de suas disciplinas, e
que desta forma atingiriam seus objetivos tanto por parte do conteúdo
disciplinar, ultrapassando estes para viabilizar junto aos alunos a alegria de
construir seu próprio aprendizado.
5.2.5.2. TURMAS PARTICIPANTES
As turmas para o desenvolvimento do projeto foram escolhidas dentre as
que os professores, que aceitaram o desafio, trabalhavam. A estas foi
apresentado o projeto e perguntado se aceitariam participar dele.
As séries que participaram do projeto foram:
− 1ª série 1 do Ensino Médio, período matutino com 34 alunos;
− 1ª série 2 do Ensino Médio, período matutino com 34 alunos;
− 1ª série 3 do Ensino Médio, período vespertino com 31 alunos;
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72
− 2ª série 2 do Ensino Médio, período vespertino com 21 alunos.
Cada turma foi dividida em onze (11) grupos conforme afinidade e
interesse dos alunos. O número de grupos foi definido em virtude do
número de computadores disponíveis no laboratório de informática.
5.2.5.3. ALUNOS PARTICIPANTES
Ao iniciar o projeto com os alunos, o primeiro passo efetuado foi o de
apresentar o projeto, haja vista que a participação desses estava condicionada
a aceitação do tema.
Tão logo finalizados a apresentação e os comentários, os alunos,
empolgados, aceitaram.
Suas expectativas eram enormes em função de terem a possibilidade de
utilizarem o laboratório de informática junto às disciplinas oferecidas.
Durante todo desenvolvimento do projeto, houve empenho, participação
e empolgação dos alunos, tanto nos momentos em sala de aula como
biblioteca, laboratório ou na visita às entidades.
Ao findar o ano buscou-se saber desses, sua visão do projeto. Na
análise que fizeram, o projeto deveria continuar, a forma com que o projeto foi
conduzido agradou, com outros temas talvez, com envolvimento dos demais
professores, e que houve aprendizagem significativa do tema e a certeza de
seus compromissos com a sociedade e consigo mesmos nos cuidados com as
Doenças Sexualmente Transmissíveis.
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73
5.3. METODOLOGIA
A metodologia para desenvolvimento deste trabalho passa por:
5.3.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Buscou-se na biblioteca escolar e do município, em encartes produzidos
pelas secretarias de saúde do município e estado, em jornais, revistas, e
entrevistas, vídeos e Internet, material que abordasse o tema e conteúdo das
Doenças Sexualmente Transmissíveis, o que resultou em num farto e
consistente material de trabalho, pesquisa e de fundamentação teórica para
todos os grupos.
5.3.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Depois de feita a revisão bibliográfica, buscou-se ter conhecimento do
conteúdo que se poderia utilizar no decorrer do projeto, este estudo resultou
em textos para corroborar as visitas posteriores a serem feitas nas entidades,
facilitando sobre maneira a apresentação do tema, bem como as possibilidades
de retransmissão do conteúdo a outros indivíduos do seu relacionamento ou da
comunidade.
5.3.3. ESCOLHA DA METODOLOGIA
Ao estudar-se as metodologias possíveis de aplicabilidade num projeto
com esta dimensão, a análise feita, foi a de que poucas se propunham a
integrar de forma definitiva ou mesmo que de forma parcial as disciplinas
escolares, portanto a escolha pela metodologia transdisciplinar, resultou na
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74
possibilidade de reunir em um só momento interesses comuns da escola,
disciplinas, alunos e do proponente deste trabalho;
5.3.4. PESQUISAS
Definiram-se 10 entidades a serem visitadas pelos grupos de pesquisa, e
um grupo deveria elaborar questionário para uma entrevista na rua para
levantar o real conhecimento da sociedade com respeito ao tema DST. A
pesquisa passou por um processo inicial que foi o de elaborar um roteiro no
qual as equipes se baseariam para efetuar as perguntas ou mesmo coletarem
dados sobre a entidade e sua relação com prevenção, contato ou mesmo
tratamento das pessoas envolvidas diretamente com cada local visitado;
5.3.5. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES
O desenvolvimento das atividades de levantamento bibliográfico foi
definido de forma que cada grupo coletaria todos os dados e conteúdos
pertinentes ao tema e no laboratório e os dividiria com os demais grupos.
Após cada grupo ter definido que conteúdos pensavam ser importante
conter, colocariam estes em seu texto digitado no Word, bem como
descreveriam sua entidade e o resultado de sua visita.
As atividades desenvolvidas na sala de aula, biblioteca, no laboratório,
nas visitas e ou no que o grupo entendesse conveniente deveriam ser
comunicadas aos professores colaboradores, para que quando possíveis estas
fossem acompanhadas.
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75
5.3.6. APRESENTAÇÃO
Apresentação das criações e conclusões foi feita a cada conclusão de
etapa. As demonstrações efetuadas foram:
− Dos materiais coletados durante pesquisa bibliográfica;
− Dos textos produzidos;
− Das apresentações em PowerPoint.
5.4. PROCEDIMENTOS PARA VIABILIZAÇÃO DO
PROJETO
Os procedimentos utilizados para possibilitar este estudo de caso foram
os que seguem:
5.4.1. ELABORAÇÃO DO PROJETO
O projeto foi pensado e elaborado inicialmente durante o início do
mestrado do professor idealizador do projeto e aperfeiçoado durante toda
execução deste, onde tiveram fundamental importância as contribuições dos
professores e colegas que tiveram contato com o projeto.
5.4.2. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
A apresentação do projeto aconteceu nos seguintes momentos:
− Contato com a Direção da E. E. B. Paulo Zimmermann, situada no
município de Rio do Sul, para entrega e conhecimento do projeto
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76
transdisciplinar envolvendo o laboratório de informática (dezembro,
1999);
− Apresentação do projeto transdisciplinar de utilização do laboratório
de informática em “PowerPoint” aos professores, especialistas,
direção e bolsista do laboratório (maio, 2000);
− Apresentação do projeto e fita de vídeo aos alunos das turmas
escolhidas de ensino médio, bem como a forma de desenvolvimento
do projeto (maio, 2000);
5.4.3. SOLICITAÇÕES
As solicitações feitas para o projeto aconteceram nos seguintes
momentos:
− Entrega do ofício solicitando autorização a direção da U. E., Para
freqüentar e utilizar as dependências desta (março, 2000);
− Solicitação dos documentos em arquivos na U. E., Sobre o laboratório
de informática e dos dados sobre o aspecto ambiental, social, técnico,
econômico, físico e organizacional da referida (março, 2000);
− Solicitação para divulgação do projeto junto aos professores (março,
2000);
5.4.4. DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES
Ao analisar os documentos e após a visita de reconhecimento ao
laboratório de informática (março, 2000) foram definidas as atividades em que
cada um dos participantes do projeto deveria ter seus escorços intensificados.
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77
5.4.5. ESCOLHAS
As escolhas do projeto passaram pelos seguintes momentos:
− Engajamento dos professores ao projeto (maio, 2000);
− Escolha, junto aos professores do tema e das áreas a serem
utilizadas como referencial inicial do projeto (maio, 2000);
− Escolha das turmas a serem objetos de estudo e trabalho do projeto
(maio, 2000);
5.4.6. EXECUÇÃO
A execução do projeto aconteceu através dos seguintes momentos:
− Reconhecimento, por parte dos alunos do laboratório, seus
equipamentos, ferramentas e “softwares” (maio, 2000);
− Definição de atividades e possibilidades de cada um dos quatro (4)
professores participantes do projeto (maio, 2000);
− Sistematização do trabalho a ser desenvolvido (maio, 2000);
− Início de execução das atividades planejadas em sala de aula,
laboratório, cidade e nas entidades listadas (maio, 2000);
5.4.7. APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS EFETIVADOS
A apresentação dos trabalhos efetivados aconteceu nos seguintes
momentos:
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78
− Delimitação do tema e apresentação das atividades a serem
desenvolvidas (maio, 2000);
− Apresentação dos resultados em “PowerPoint”, murais, “Internet”,
palestras e na rede de TV local (dezembro, 2000).
5.5. PERÍODO DE EXECUÇÃO
O período de execução do projeto foi levantado mediante possibilidades
dos segmentos envolvidos quer sejam professores, alunos, escola, entidades
envolvidas, juntamente com outros fatores relacionados.
5.5.1. TEMPO
− Ano letivo de 2000;
5.5.2. PERÍODO
− Períodos matutino e vespertino;
5.5.3. NÚMERO DE AULAS
− Duas (2) aulas semanais no mínimo no laboratório;
5.5.4. LOCAIS
− Aulas em sala de aula com professores do projeto e locais como
biblioteca entre outros;
− No laboratório de informática;
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79
− Sendo por opção ser em seqüência (faixas), tanto no laboratório de
informática quanto em sala de aula.
5.6. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES
As atividades desenvolvidas foram delineadas com vistas ao fazer do
projeto, levando-se em conta quem deverá faze-las dentro do projeto
específico.
5.6.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS PROFESSORES
As atividades desenvolvidas pelos professores, dizem respeito àquelas
em que este auxilia o aluno na construção de seu projeto:
1) Definir tema de pesquisa;
2) Escolha de conteúdo, da forma de trabalho e a divisão dos grupos;
3) Auxiliar no preenchimento dos requisitos do projeto, descritos no item,
“atividades de pesquisa”;
4) Colaborar na preparação e na visita aos locais de pesquisa;
5) Acompanhar as etapas de execução, avaliação e apresentação do
projeto.
1) TEMA E CONTEÚDO ESCOLHIDO
Após os passos iniciais os professores participantes do projeto reuniram-
se para delinear o tema a ser abordado no projeto, conteúdo a ser trabalhado e
a forma organizacional do grupo formado.
− Tema escolhido: Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
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80
A escola já havia definido temas de trabalhos para o ano, este em
especial (DST) foi o tema escolhido para os professores desenvolverem
durante o ano todo, em todas as turmas, com todos os alunos.
O tema DST, para os professores deste encontro, deveria ser definido
junto aos alunos para obtenção de maior participação desses, mas entendendo
que este sendo o primeiro projeto envolvendo o laboratório de informática seria
aceito, principalmente por se tratar de tema amplamente divulgado na mídia e
com relação direta ao dia a dia dos estudantes.
2) CONTEÚDO ESCOLHIDO
Conteúdo a ser trabalhado inicialmente ficou definido assim:
− Doenças e suas relações;
− Drogas;
− Sexualidade;
− Mídia e suas relações;
− Visita aos locais com relação ao tema;
− Entrevista com a comunidade.
5.6.2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS ALUNOS
As atividades desenvolvidas foram estruturadas para possibilitar a
transdisciplinaridade e a motivação dos alunos ligados ao projeto:
a) Solicitar autorização da direção para a pesquisa, utilização do nome
da escola e saídas da escola;
b) Preencher os requisitos do projeto de pesquisa, descritos no item
seguinte: atividades de pesquisa;
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81
c) Buscar material de apoio (livros, periódicos, outros impressos, fitas de
vídeo, “Internet”..., entre tantas possibilidades) para fundamentação
teórica do tema;
d) Confeccionar ofício à entidade a ser visitada, indicando o tema a ser
abordado durante a visita e solicitar data e horário para essa;
e) Programar a visita:
1. Elaborar perguntas possíveis e necessárias para efetivação da
visita;
2. Verificar dados, índices da entidade visitada;
3. Levantar os projetos executados na e ou pela entidade sobre o
tema escolhido para o projeto;
4. Descrever projetos em execução ou com possibilidades de
efetivação na e ou pela entidade sobre o tema doenças
sexualmente transmissíveis (dst);
5. Outras necessidades.
f) Elaborar relatório da visita no “Word”, “excel” ou outra ferramenta que
o grupo queira;
g) Elaborar apresentação em “PowerPoint”;
h) Elaborar jornal escolar;
i) Criar página da “internet” no “FrontPage” para divulgar os trabalhos;
j) Escrever editoriais, colunas e textos para publicação em jornais e
rádios locais;
k) Realizar debates, palestras com a comunidade escolar e com as
entidades envolvidas com o tema proposto no projeto;
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5.6.3. ATIVIDADES DE PESQUISA
Os requisitos elencados buscam orientar todo trabalho do projeto, não
sendo rígido e determinante em sua forma de realização. Os professores,
alunos e o orientador do projeto participaram ativamente destas definições.
Descreveremos estes requisitos que cada grupo efetivou de forma a
contemplar sua entidade, interesse e percepção em forma de fases:
1. ESTRUTURAÇÃO /PLANEJAMENTO
− Escolha do tema
− Escolha do conteúdo
− Escolha da forma de trabalho
− Escolha dos grupos de trabalho
− Responder aos questionamentos:
− Que?
1. Sobre o que trabalhar?
2. Sobre o que pesquisar?
3. O que tratar neste projeto?
− Por quê?
1. Por quê trabalhar com este tema?
2. Qual a justificativa?
3. Quais os objetivos?
− Como?
1. Como realizar este projeto?
2. Como operacionalizar?
3. Como dividir as atividades entre os membros do grupo?
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4. Como apresentar o projeto?
− Quem?
1. Quem realizará cada uma das atividades?
2. Quem se responsabilizará, pelo quê?
3. Quais serão os recursos materiais, humanos e financeiros
necessários?
− Quando?
1. Quando realizar as etapas planejadas (datas)?
− Para quem?
1. Para quem realizar a pesquisa?
2. Que experiências possuem?
3. Qual o interesse pelo tema?
− Onde?
1. Locais a Serem Visitados e Pesquisados
Os locais a serem visitados foram escolhidos pelos professores e alunos
conforme possibilidades de pesquisa e interesse dos envolvidos:
− Hospital Regional;
− Hospital Samária;
− Secretaria da Saúde do município de Rio do Sul;
− Cadeia Pública;
− Lar das Meninas;
− Asilo de Idosos;
− Batalhão do Corpo de Bombeiros;
− Batalhão da Polícia Militar;
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84
− Serviço Social da Indústria (SESI);
− Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE);
− Entrevista com a comunidade.
2. REALIZAÇÃO/EXECUÇÃO
− Momento de construção, criação e produção;
− Colocar em prática o que foi planejado
3. AVALIAÇÃO
Aconteceu durante todo projeto, e de forma mais específica ao final de
cada etapa observando:
− Tema, conteúdo e atividades;
− Projeto;
− Professores e alunos.
DAS ATIVIDADES
a) As atividades elaboradas são suficientes?
b) Houve excesso de atividades planejadas?
c) As atividades foram executadas conforme planejado?
d) São relevantes para atingir os objetivos propostos?
DO PROJETO
a) O projeto é relevante para a sociedade?
b) Contempla todos os aspectos necessários a sua execução?
c) Houve interesse por parte dos alunos na excussão do projeto;
d) O projeto leva a construção do conhecimento através da
metodologia transdisciplinar?
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85
DOS ALUNOS E PROFESSORES
a) Autocrítica;
b) Auto-avaliação;
c) Houve envolvimento e produção efetiva de todos dentro do
grupo?
d) O relacionamento dos membros do grupo foi produtiva?
e) A construção do conhecimento aconteceu?
f) Houve interesse por parte dos alunos na excussão das
atividades?
3. APRESENTAÇÃO
Na apresentação, foi exposto, para os demais grupos da turma, séries da
escola e grupos externos à escola os:
− Objetivos;
− Justificativas;
− Hipóteses;
− Descobertas;
− Criações;
− Conclusões.
5.7. AVALIAÇÕES
A avaliação é importante e necessária para sugerir ações, avaliar os
resultados com vistas à continuidade desse mesmo processo que deve ser
contínuo e permanente.
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86
O processo de avaliação permite refletir o que foi feito, o que há por
fazer e decidir sobre os caminhos a serem tomados, acontecendo antes,
durante e depois da ação educativa.
As ações previstas precisam ser avaliadas a cada momento, as decisões
revistas, e, se necessário modificado, e essas revelam o compromisso e a
competência na condução do processo de ensino aprendizagem.
5.7.1. RESULTADOS POSITIVOS OBTIDOS:
− Perfeita integração entre os quatros (4) professores e o professor
coordenador, pois nos encontros específicos feitos durante a
implantação do projeto houve troca de experiências e de
conhecimentos, com nítida preocupação de que todos estivessem
informados do que se desejava e do que cada um deveria realizar;
− Aceitação total do tema por parte dos alunos, professores, escola e
entidades visitadas, sendo assunto do dia a dia de cada segmento
da escola, e por se tratar de tema abordado pela mídia, buscando
conscientizar cada habitante de nosso planeta às conseqüências do
não conhecimento, o trabalho foi aceito e implantado totalmente;
− Busca incessante dos professores, no perfeito andamento do
projeto, mediante o envolvimento e proposições aos alunos, das
superações dos obstáculos encontrados e pela dedicação em
momento de aula ou fora desse;
− Viabilidade incontestável da possibilidade de utilização da
transdisciplinaridade neste projeto, pois o tema dst, a utilização do
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87
laboratório de informática e as turmas como o ponto em comum do
trabalho, foram ultrapassados em todos os momentos dos
encontros, encontros esses para definições de trabalhos ou de
avaliações, tendo em vista a busca de uma axiomática comum e a
transposição desta para atingir-se a transdisciplinaridade. Em cada
momento de contextualização, concretização e globalização, metas
de ensino, observa-se fatores relevantes para utilização dessa
metodologia;
− Participação, empenho e dedicação total dos alunos para com o
projeto, através de observações feitas no momento de trabalho dos
alunos no laboratório, sala de aula, biblioteca, nas entidades ou
locais de utilização específica, observou-se que todos participavam,
buscavam, incrementavam e realizavam cada etapa a ser
conquistada;
− Relacionamento apurado entre os alunos dos grupos, por não ter
tido qualquer solicitação ou mudança de grupo nem
desentendimento entre seus membros;
− Solicitação de continuidade do projeto, por parte dos alunos e
professores, feitas em momentos de avaliação, onde esses
solicitavam verbalmente através de conversações feitas;
− Aprendizagem significativa do tema abordado;
− Aprendizagem superior à esperada das ferramentas, programas e
softwares utilizados tendo em vista os trabalhos apresentados por
conclusão dos relatórios, pesquisas, cartazes, das frases...;
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88
− Não necessidade de aprendizagem anterior das ferramentas,
programas e softwares utilizados, haja vista as aprendizagens
efetuadas mediante as trocas de informações e conhecimentos entre
professores – alunos, alunos – alunos e em nenhum momento, ter
sido enfocado essa necessidade, por qualquer participante do
projeto;
− Possibilidade de utilização do laboratório por turmas enormes (34
alunos), mediante formação dos grupos com três ou quatro
participantes e esses se revezarem na utilização do computador,
auxiliando os colegas, dividindo as tarefas necessárias para cada
momento;
− Modificação do estado emocional dos alunos sempre que estes iriam
utilizar o laboratório de informática, tornando prazeroso o momento
do uso dos computadores;
− Possibilidade de aceso às tecnologias de ponta, aos alunos que
fazem parte de uma sociedade com muita tecnologia para poucos;
− Execução dos passos levantados no item atividades a serem
desenvolvidas pelos alunos, listadas nos procedimentos para
viabilização do projeto letras a, b, c, d, e, f, e g do item 5.6.2.;
− Construção de trabalhos textos (relatórios, cartazes, desenhos...),
No Word, de forma brilhante por parte da maioria dos grupos;
− Apresentação de trabalhos no “PowerPoint” com links, desenhos,
guif´s, figuras, tabelas...;
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89
− Organização por parte de uma equipe de palestra em uma entidade,
com participação de dois professores (palestrantes) da escola, do
professor do laboratório e de todos os alunos da turma, com
divulgação em rede de TV local (inicialmente não programado);
− Houve auxílio à comunidade e aos alunos no conhecimento e
prevenção das doenças sexualmente transmissíveis;
− Obteve-se capacitação dos alunos para detecção em tempo hábil
para cura de doenças que porventura possam contrair;
− Chamado de alerta para as entidades visitadas da necessidade de
cuidados com a prevenção e não somente com o tratamento das
doenças, ou por vezes o desconhecimento dessa.
5.7.2. RESULTADOS A SEREM ALCANÇADOS:
− Elaboração de jornal interno;
− Construção da página para internet;
− Maior divulgação do trabalho, para outras escolas, na mídia e
comunidade em geral;
− Realização de debate público;
− Utilização maior da internet para pesquisa, conversação (Chat) com
outras escolas e com pessoas ligadas ao tema.
5.7.3. POSSIBILIDADES A SEREM CONQUISTADAS:
− Maior número de professores envolvidos no projeto;
− Envolvimento de mais turmas e séries da U. E;
Page 102
90
− Layout da sala melhorado, possibilitando maior integração
aluno/professor, aluno/aluno;
− Maior tempo disponível para encontros entre os professores
participantes do projeto;
− Escola e corpo administrativo oportunizar maior liberdade de ação,
para os professores.
5.7.4. PROBLEMAS ENCONTRADOS
Durante a realização do projeto, foram levantados alguns problemas que
merecem atenção e resolução:
− Escola e o Plano Político Pedagógico (PPP) – A escola quando da
confecção do PPP, não aborda qualquer aspecto quanto à
implantação e forma de utilização do laboratório de informática ou a
concepção filosófica e metodológica de utilização que o envolve, o
que é necessário.
− Hierarquia de Comando – Há hierarquia acentuada, dificultando o
trabalho na escola e em especial no desenvolvimento de um projeto
transdisciplinar, pois este necessita prerrogativas e autonomia, como
toda escola deve ter.
− Suporte e Manutenção dos Equipamentos – Num jogo de
empurra/empurra, os responsáveis (PROCOMP/SED/NTE) não
assumem nem resolvem os problemas, sejam eles com respeito aos
programas ou com os equipamentos, restando à escola a
contratação de técnicos habilitados ou reparos necessários.
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91
− Núcleo de Tecnologia (NTE) – Sem proposta clara de treinamento e
com pessoal despreparado, pouco participam na escola no fomento e
desenvolvimento dos projetos.
− Utilização do Laboratório para Outros Fins – Este laboratório em
específico foi utilizado para outros trabalhos, cuja finalidade é
adversa da proposição de uso do Laboratório de informática das
escolas.
O estudo de caso teve como finalidade demonstrar a possibilidade de
uma nova forma de utilização dos laboratórios de informática, bem como suas
reais possibilidades de integração transdisciplinar, buscando sempre a
superação das dificuldades encontradas no cotidiano escolar, deixando para
trás uma “Escola Real” com forte influência da instrução, para uma “Escola
Informatizada” baseada na construção do conhecimento.
A conclusão a que se chegou quanto à metodologia transdisciplinar é
que, esta, leva os professores a integrarem-se com maior facilidade. Integrando
projeto, laboratório de informática e a metodologia transdisciplinar, observa-se
o enorme interesse despertado nos envolvidos com o projeto, ampliando
significativamente a incorporação da informática e a aceitação da nova forma
de trabalho.
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92
CAPÍTULO VI
6. CONCLUSÕES
Da proposição de procedimentos para elaboração de projetos, tem-se
clara noção de que estes possuem eficácia e norteiam o direcionamento das
pesquisas, apesar de se ter entendimento de que cada projeto deverá seguir
suas especificidades e adequar-se ou acrescentar tópicos ao fluxograma se
necessário for, além de trilhar pelos caminhos informatizados.
Uso da informática na escola e a integração do laboratório aos saberes e
conhecimentos, não só é necessário como urgente, haja vista o atraso que já
se encontra a escola. A necessidade de pensar a forma de utilização dessa
tecnologia traz no bojo da discussão, a forma de implementação e de que
metodologia será a de maior eficácia, discussão esta de suma importância.
A forma de utilizar os laboratórios de informática poderá ser efetivada
utilizando-se a metodologia transdisciplinar, integrando várias disciplinas,
professores e alunos, na busca de transcendê-las e da construção do
conhecimento.
Ao utilizar-se da metodologia transdisciplinar observou-se a possibilidade
de trocas, aprendizagens e indagações entre os professores e alunos
envolvidos no processo, bem como a união entre as disciplinas através dos
pontos em comum numa busca incessante na direção da transposição desses.
O laboratório poderá ser um meio como outros tantos (retro, quadro...)
para atingir os objetivos propostos, viabilizando as aprendizagens dos
programas, softwares e conteúdos em conjunto com as atividades
desenvolvidas.
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93
Deverá haver a modificação da postura do professor frente à utilização
dos laboratórios de informática, modificação essa no âmbito conceitual e
prático, haja vista que esses são utilizados apenas para jogos e brincadeiras,
digitação de trabalhos, busca de informações ou utilização de software sem a
busca do conhecimento de forma colaborativa.
A forma de trabalho através de projetos é eficaz à medida que esses
avaliam os interesses dos envolvidos, buscando temas, grupos e formas de
trabalho diversificadas, tendo o aluno como ator, diretor, artista principal e
coadjuvante desse espetáculo, com a participação de orientação dos
professores para o desenvolvimento dos passos acordados inicialmente.
O aluno participou ativamente do processo decisório, das definições,
escolhas e avaliações que permearam o projeto, buscando e redirecionando os
passos do trabalho. Esse envolvimento do aluno deu-se no momento de redigir
os ofícios e solicitações, no desenvolvimento, preenchimento e argumentação
dos requisitos de pesquisa, na visitação às entidades, na formulação dos
relatórios, cartazes e apresentações dos resultados obtidos, entre outras
formas.
As mudanças necessárias em função da forma e das possibilidades de
utilização estão ligadas diretamente a forma de entender a educação e suas
relações com as pessoas e o mundo, não obstante o professor deve ser o
maior conhecedor e incentivador dessa modificação.
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94
6.1. LIMITAÇÕES
O presente trabalho limitou-se a buscar referências sobre a escola e
suas deficiências, a transdisciplinaridade como metodologia inovadora e com
possibilidades de modificação da “ESCOLA REAL”, o estudo através de
projetos e a utilização da informática para permear as disciplinas. Objetivo
maior é o de encontrar caminhos através de um fluxograma, para aplicação do
projeto transdisciplinar utilizando o laboratório de informática.
Não trás estudo aprofundado sobre a avaliação sistemática sobre os
alunos, do trabalho em equipes, da aprendizagem efetiva através de projetos,
da formação dos professores para utilização das novas tecnologias e em
especial o uso dos laboratórios de informática e o layout dos laboratórios
utilizados nas escolas.
Para esses pontos, há que se ter estudos, no sentido de corroborar o
presente trabalho, o que possibilitará a certeza de que este é efetivamente uma
das maneiras de uso dos laboratórios de informática utilizando projetos através
da metodologia transdisciplinar.
6.2. RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se estudo sobre:
- Avaliação dos alunos nesta abordagem de aprendizagem – é
necessário à avaliação sistematizada dos alunos com respeito à
aplicação da metodologia transdisciplinar baseada em projetos,
pois, ter-se-ia uma análise com maior precisão dos dados a serem
melhorados e modificados nessa forma de abordagem;
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95
- O trabalho em equipe - Estudos de pensadores nos revelam que a
oportunização e aplicabilidade de trabalhos em forma colaborativa
tem eficácia, à que se levantar com maior precisão se esta nesse
processo é viável;
- Aprendizagem e os projetos - A aprendizagem mediante o uso de
projetos deve ser também objeto de estudo mais aprofundado,
viabilizando e incrementando outros projetos de mesma ordem;
- Formação do professor para utilização dos laboratórios de
informática - sabe-se através de alguns estudiosos que é
necessário à formação do professor para atuar com tecnologia, é
necessário, portanto estudos direcionados á que forma habilitar
estes nesse processo;
- Reestudo no layout aplicado ao laboratório de informática - haja
vista que este projeto apenas levantou o problema de visibilidade
e contato entre os professores e alunos no laboratório de
informática.
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ANEXO
Carta da Transdisciplinaridade
Preâmbulo
Considerando que a proliferação actual das disciplinas académicas e não-
académicas conduz a um crescimento exponencial do saber, o que torna
impossível uma visão global pelo ser humano,
Considerando que só uma inteligência que dê conta da dimensão planetária
dos conflitos actuais poderá fazer face à complexidade do nosso mundo e ao
desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual da nossa
espécie,
Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência
triunfante, que só obedece à lógica assustadora da eficácia pela eficácia,
Considerando que a rotura contemporânea entre um saber cada vez mais
cumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido conduz à escalada
dum novo obscurantismo, cujas conseqüências no plano individual e social são
incalculáveis,
Considerando que o crescimento dos saberes, sem precedente na história,
Page 117
105
acentua a desigualdade entre os que os possuem e os que deles estão
privados, gerando assim desigualdades crescentes no interior dos povos e
entre as nações do nosso planeta,
Considerando simultaneamente que todos os desafios enunciados têm a sua
contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário do saber pode
conduzir, a longo prazo, a uma mutação comparável á passagem dos
homídeos à espécie humana,
Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial
de Transdisciplinaridade (Convento da Arrábida, Portugal, 2-6 de Novembro de
1994) adoptam a presente carta compreendida como um conjunto de princípios
fundamentais da comunidade dos espíritos transdisciplinares, constituindo um
contrato moral que todo o signatário desta Carta faz consigo próprio, livre de
qualquer constrangimento jurídico e institucional.
Artigo 1: Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma
definição e de o dispersar em estruturas formais, sejam elas quais
forem, é incompatível com a visão transdisciplinar.
Artigo 2: O reconhecimento da existência de diferentes níveis de
realidade, regidos por diferentes lógicas, é inerente á atitude
transdisciplinar. Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um
único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da
Page 118
106
Transdisciplinaridade.
Artigo 3: A Transdisciplinaridade é complementar da aproximação
disciplinar; ela faz emergir da confrontação das disciplinas novos
dados que as articulam entre si e que nos dão uma nova visão da
natureza e da realidade. A Transdisciplinaridade não procura a
dominação de várias disciplinas mas a abertura de todas as
disciplinas ao que as atravessa e as ultrapassa.
Artigo 4: O elemento essencial da Transdisciplinaridade reside na
unificação semântica e operativa das acepções através e para além
das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta, por um
novo olhar sobre a relatividade das noções de «definição» e de
«objectividade». O formalismo excessivo, a rigidez das definições e
a absolutização da objectividade comportando a exclusão do sujeito
conduzem á deterioração.
Artigo 5: A visão transdisciplinar é deliberadamente aberta na
medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exactas pelo
seu diálogo e a sua reconciliação não somente com as ciências
humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a
experiência interior.
Artigo 6: Em relação á interdisciplinaridade e a
multidisciplinaridade, a Transdisciplinaridade é multireferencial e
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107
multidimensional. Tendo em conta a concepção do tempo e da
história, a Transdisciplinaridade não exclui a existência dum
horizonte transhistórico.
Artigo 7: A Transdisciplinaridade não constitui nem uma nova
religião, nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem
uma ciência das ciências.
Artigo 8: A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica
e planetária. O aparecimento do ser humano na Terra é uma das
etapas da história do Universo. O reconhecimento da Terra como
pátria é um dos imperativos da Transdisciplinaridade. Qualquer ser
humano tem direito a uma nacionalidade, mas, sob o titulo de
habitante da Terra, ele é simultaneamente um ser transnacional. O
reconhecimento pelo direito internacional desta dupla pertença - a
uma nação e á Terra - constitui um dos aspectos da investigação
transdisciplinar.
Artigo 9: A Transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta em
relação aos mitos e às religiões, por aqueles que os respeitam num
espírito transdisciplinar.
Artigo 10: Não há um local cultural privilegiado donde seja
possível julgar as outras culturas. A atitude transdisciplinar é ela
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108
própria transcultural.
Artigo 11: Uma educação autêntica não pode privilegiar a
abstracção no conhecimento. Ela deve ensinar a contextualizar,
concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar revaloriza o
papel da intuição, do imaginário, da sensibilidade e do corpo na
transmissão dos conhecimentos.
Artigo 12: A elaboração duma economia transdisciplinar
fundamenta-se no postulado de que a economia deve estar ao
serviço do ser humano e não o inverso.
Artigo 13: A ética transdisciplinar recusa toda a atitude que rejeita
o diálogo e a discussão, de qualquer origem - de ordem ideológica,
científica, religiosa, econômica, política, filosófica. O saber
partilhado deve conduzir a uma compreensão partilhada, fundada
sobre o respeito absoluto das alteridades unidas por uma vida
comum numa única e mesma Terra.
Artigo 14: Rigor, abertura e tolerância são as características
fundamentais da atitude e da visão transdisciplinares. O rigor na
argumentação que entra em conta com todos os dados é o
guardião relativamente aos possíveis desvios. A abertura comporta
a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A
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109
tolerância é o reconhecimento do direito ás idéias, comportamentos
e verdades contrárias às nossas.
Artigo final: A presente Carta da Transdisciplinaridade é adoptada
pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de
Transdisciplinaridade, sem apelo a qualquer outra autoridade que
não seja a da sua própria actividade.
Segundo os procedimentos que serão definidos de acordo com os espíritos
transdisciplinares de todos os países, a Carta está aberta à assinatura de
qualquer ser humano interessado pelas medidas progressivas de ordem
nacional, internacional e transnacional pela aplicação destes artigos na vida.
(Convento da Arrábida, 6 de Novembro de 1994)