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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE J ANEIRO MATERNIDADE-ESCOLA DA UFRJ Divisão de Enfermagem Rua das Laranjeiras, 180 Laranjeiras – Rio de Janeiro – RJ CEP 22240-001 Tel. (21) 2285 7935 ramaL: 241 Tel/Fax: (21)25569368 1. Definição A aspiração endotraqueal é um procedimento asséptico que consiste na remoção de secreções do trato respiratório inferior através de uma sonda adaptada ao sistema de vácuo. 2. Finalidade Manter a permeabilidade das vias aéreas. Eliminar muco/secreção quando o RN não consegue liberar de forma natural como na tosse. Propiciar ventilação e melhora da troca gasosa e dos valores gasométricos ou saturação de O 2 . Diminuir a pressão inspiratória máxima e a resistência das vias aéreas ou aumento da complacência dinâmica. Remover secreção brônquica para exames. 3. Indicações e Contra Indicações INDICAÇÕES: Quando há ausculta de sons pulmonares adventícios (roncos, estertores) ou aumento do pico da pressão inspiratória no ventilador mecânico. Quando a movimentação de secreções é audível/visível durante a respiração. Quando há diminuição no volume corrente durante a ventilação com pressão ou a deterioração da oxigenação demonstrada pela queda na saturação de O2. CONTRA INDICAÇÕES: Nas primeiras 6 horas após administração do surfactante. Broncoespasmos. RNs com tendências a sangramentos (relativa). Hipertensão pulmonar grave e descompensada. Outras instabilidades clínicas que inviabilizem o procedimento. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO POP N° 05 Área de Aplicação: Neonatologia Título: Aspiração de Tubo Orotraqueal (TOT) ou Traqueostomia (TQT) em Recém- Nascidos (RN) Setor: UTI Neonatal Responsável pela prescrição do POP Médico Neonatologista Responsável pela execução do POP Médico Neonatologista, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Técnico de Enfermagem
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PROCEDIMENTO OPERACIONAL POP N° 05 PADRÃO · Quando há ausculta de sons pulmonares adventícios (roncos, estertores) ou aumento do pico da pressão inspiratória no ventilador

Nov 22, 2018

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MATERNIDADE-ESCOLA DA UFRJ Divisão de Enfermagem

Rua das Laranjeiras, 180 Laranjeiras – Rio de Janeiro – RJ

CEP 22240-001 Tel. (21) 2285 7935 ramaL: 241 Tel/Fax: (21)25569368

1. Definição

A aspiração endotraqueal é um procedimento asséptico que consiste na remoção de

secreções do trato respiratório inferior através de uma sonda adaptada ao sistema de vácuo.

2. Finalidade

Manter a permeabilidade das vias aéreas. Eliminar muco/secreção quando o RN não consegue liberar de forma natural como na tosse. Propiciar ventilação e melhora da troca gasosa e dos valores gasométricos ou saturação de

O2 . Diminuir a pressão inspiratória máxima e a resistência das vias aéreas ou aumento da

complacência dinâmica. Remover secreção brônquica para exames.

3. Indicações e Contra Indicações INDICAÇÕES:

Quando há ausculta de sons pulmonares adventícios (roncos, estertores) ou aumento do pico da pressão inspiratória no ventilador mecânico.

Quando a movimentação de secreções é audível/visível durante a respiração. Quando há diminuição no volume corrente durante a ventilação com pressão ou a

deterioração da oxigenação demonstrada pela queda na saturação de O2. CONTRA INDICAÇÕES:

Nas primeiras 6 horas após administração do surfactante. Broncoespasmos. RNs com tendências a sangramentos (relativa). Hipertensão pulmonar grave e descompensada. Outras instabilidades clínicas que inviabilizem o procedimento.

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

POP N° 05

Área de Aplicação: Neonatologia Título: Aspiração de Tubo Orotraqueal (TOT) ou Traqueostomia (TQT) em Recém-

Nascidos (RN) Setor: UTI Neonatal

Responsável pela prescrição do POP Médico Neonatologista Responsável pela execução do POP Médico Neonatologista, Enfermeiro,

Fisioterapeuta, Técnico de Enfermagem

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4. Materiais e Equipamentos Necessários Luvas estéreis. Máscara cirúrgica descartável. Óculos protetores. Sonda de aspiração com calibre compatível ao TOT / TQT. Ampola de 10 ml de soro fisiológico 0,9 %. Ampola de 10 ml de água destilada. Frasco de aspiração. Frasco coletor descartável conectado a uma rede de vácuo.

5. Descrição do Procedimento

Escalar 2 profissionais para o procedimento Separar o material, selecionar a sonda de aspiração de acordo com o TOT ou cânula de

TQT (QUADRO 1). Realizar a higienização das mãos (ver POP de Higienização das Mãos). Colocar máscara e óculos de proteção, caso o RN esteja em uma Unidade de Calor

Irradiante (UCR). Abrir a embalagem da luva estéril e a embalagem da sonda de aspiração de forma que se

possa colocar a sonda na porção estéril da embalagem da luva. Avaliar a necessidade de aumentar a oferta de O2 temporariamente durante o procedimento. Ligar a fonte de sucção (vácuo). Ajustar a pressão entre 50 – 100 mmHg ou 5-10 cmH2O. Calçar a luva estéril (ver POP de Colocação e Retirada de Luvas Estéreis). Acoplar a extremidade da sonda ao tubo de aspiração (procedimento executado pelo

primeiro profissional). Segurar a sonda de aspiração com a mão dominante, que permanecerá estéril durante todo o

procedimento (primeiro profissional). Realizar a mensuração da sonda de aspiração (segundo profissional):

o Visualizar o tamanho do TOT/TQT observando o número que se encontra na extremidade do tubo que está acoplado ao ventilador mecânico.

o Com o auxílio de um outro TOT/TQT, com a mesma numeração, ainda na embalagem, mensurar o tamanho da sonda que deve ser introduzida, de modo que não ultrapasse a porção final do TOT/TQT.

o Realizar marcação desse limite previamente a aspiração com o objetivo de evitar que a ponta do cateter ultrapasse os limites da cânula e traumatize a mucosa.

Desacoplar o sistema de ventilação mecânica do TOT/TQT (segundo profissional). Instilar de 3 a 5 gotas de soro fisiológico a 0,9%, diretamente da ampola , a fim de facilitar

a remoção de secreções muito espessas (segundo profissional). Introduzir a sonda de aspiração no TOT/TQT, mantendo a borracha do vácuo clampeada,

sem sucção, até o ponto previamente marcado (primeiro profissional). Liberar o vácuo (desclampeamento) após a inserção da sonda no TOT/TQT (segundo

profissional). Proceder à aspiração, retirar a sonda com movimentos suaves e em rotação, por no máximo

10 segundos, observando a saturação de oxigênio (SpO2) durante o procedimento (primeiro

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profissional). Acoplar o ventilador ao TOT ou TQT, retornando à ventilação mecânica (segundo

profissional). Realizar a ausculta pulmonar bilateral após a realização do procedimento. Repetir as manobras até que se observe uma diminuição da quantidade de secreção aspirada

com efetiva melhora e estabilidade do RN. Desconectar a sonda de aspiração da fonte de vácuo, descartá-la no lixo. Lavar o sistema de aspiração com água destilada. Desligar o sistema de vácuo canalizado. Proteger a extremidade da borracha de aspiração (fonte de sucção) com a tampa própria. Manter o RN em uma posição confortável e organizado. Retornar a FiO2 anterior ao procedimento, gradativamente com reduções de 10 a 20%,

conforme prescrito, caso seja possível. Avaliar a possibilidade de redução de FiO2, após o procedimento, considerando a

estabilidade do RN. Discutir a ação com a equipe médica e de fisioterapia. Retirar as luvas e máscara. Realizar a higienização das mãos (ver POP de Higienização das Mãos). Retirar os óculos. Registrar o procedimento realizado, as características das secreções e possíveis

intercorrências ou alterações na estabilidade do RN. OBSERVAÇÕES: O procedimento deverá ser realizado em dupla. O primeiro profissional executará todas as

etapas estéreis do procedimento (neonatologista, enfermeiro ou fisioterapeuta). O segundo profissional auxiliará o primeiro profissional, realizando todas as outras etapas não estéreis do procedimento (neonatologista, enfermeiro, fisioterapeuta ou técnico de enfermagem).

A mão não dominante do primeiro profissional poderá auxiliar no procedimento e não tem a obrigatoriedade de permanecer estéril durante todo o procedimento.

A estabilidade do RN deverá ser considerada através da avaliação dos níveis de SpO2, freqüência cardíaca e perfusão periférica (sinais de cianose e palidez cutânea), compatíveis com o seu estado clínico atual.

O número ideal da sonda para aspiração é definido pelo número do TOT. A sonda deve possuir um número que seja o dobro da numeração do TOT. Ex: uma sonda nº 6 é ideal para aspiração de um TOT numero 3, mas não seria indicada para um TOT número 2,5.

Caso seja necessário aumentar a FiO2, elevá-la entre 10 e 20% prevenindo a hipóxia ou hiperóxia.

Atentar para RNs em uso de óxido nítrico, geralmente utilizado em RN graves e dependentes deste gás, já que ocorre interrupção do fluxo de óxido nítrico durante a aspiração. Além disso, pode causar riscos ocupacionais aos profissionais que são expostos frequentemente a este gás.

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6. Documentos de Referência POP de Higienização das Mãos. POP de Colocação e Retirada de Luvas Estéreis.

7. Leitura Sugerida

Figuras e Anexos Quadro 1 – Compatibilidade entre o calibre da sonda e o diâmetro interno do TOT

- AMANTEA, S. L. et al. Acesso Rápido à Via Aérea. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 79,

supl. 2, p. S127-S138, novembro de 2003. Disponível a partir <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572003000800002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 de julho de 2015.

- CARMO, C.M.A; OLIVEIRA,E.M.; PONTES, K.A.E.S; ARAÚJO, M.C. Procedimentos de

enfermagem em neonatologia: rotinas do Instituto Fernandes Figueiras/FIOCRUZ. Rio de Janeiro: Revinter, 2012.

- HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO. Procedimento Operacional Padrão.

Assunto: Aspiração de secreção oral, traqueal e nasal. Disponível em <http://www.huap.uff.br/intranet/Arquivos/39-501-18popaspiracaodesecrecaotraqueal oralenasal.pdf> Acesso em: 25 de Outubro de 2011.

-MARGOTO, P. Ventilação de Alta Freqüência. Disponível em <

www.paulomargotto.com.br/documentos/ventilacaofreq.doc>. Acesso em 29 de novembro de 2014.

- POTTER, P.; PERRY, A. G. Fundamentos de Enfermagem. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,

2009. - TAMEZ, R.N.; SILVA, M.J.P. Enfermagem na UTI neonatal. Assistência ao recém nascido

de alto risco. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2009.

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8. Figuras e Anexos

Tabela de relação entre o Tubo Endotraqual e a Sonda de Aspiração

Fonte: AMANTEA, S. L. et al.. Acesso Rápido à Vida. 2003